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T1 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA FLEXBILIDADE

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13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA
https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 1/100
DESCRIÇÃO
Apresentação de dados epidemiológicos sobre mortalidade e morbidade
relacionados ao sedentarismo, intervenções voltadas à prevenção de
doenças e recomendações de órgãos normativos para prática de
atividades físicas voltadas à saúde.
PROPÓSITO
O domínio das relações entre a prática de atividade física como estratégia
de prevenção primária de doenças crônico-degenerativas é importante para
o profissional prescrever exercícios físicos para diferentes populações.
OBJETIVOS
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MÓDULO 1
Reconhecer os conceitos e os princípios básicos da epidemiologia
relacionados à prática de atividades físicas para a prevenção de doenças
MÓDULO 2
Identificar os indicadores epidemiológicos das condições de saúde e da
qualidade de vida e as fases de instalação de uma doença e seus níveis de
prevenção
MÓDULO 3
Identificar as recomendações de agências normativas para prescrição de
exercícios físicos
INTRODUÇÃO
No primeiro módulo deste conteúdo, serão discutidos conceitos básicos de
epidemiologia e apresentados dados epidemiológicos sobre mortalidade e
morbidade relacionadas à inatividade física ou sedentarismo no mundo e no
Brasil, em especial.
No segundo módulo, serão discutidos aspectos da qualidade de vida
relacionada à saúde, inclusive medidas das condições de saúde. Os
conceitos de medicina preventiva e curativa serão contrapostos, com
destaque para seus potenciais efeitos sociais e econômicos. Além disso,
apresentaremos as fases de instalação de uma doença e seus níveis de
prevenção (primária, secundária, terciária e quaternária).
Por fim, no terceiro módulo, serão resumidas as recomendações de
algumas das principais agências normativas quanto às características da
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prescrição de atividades físicas, visando prevenir doenças e promover a
saúde. Em virtude de suas características, diversidade e alcance, foram
selecionadas para detalhamento as recomendações do Colégio Americano
de Medicina do Esporte (ACSM) e da Organização Mundial da Saúde
(OMS).
MÓDULO 1
 Reconhecer os conceitos e os princípios básicos da
epidemiologia relacionados à prática de atividades físicas para a
prevenção de doenças
A DEFINIÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA
E O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
ETIMOLOGICAMENTE, A PALAVRA
EPIDEMIOLOGIA VEM DO GREGO EPI
(SOBRE) + DEMO (POVO) + LOGOS
(ESTUDO OU CONHECIMENTO). ASSIM,
TERÍAMOS NA EPIDEMIOLOGIA A
CIÊNCIA QUE ESTUDA EVENTOS OU
FATORES QUE AFETAM AS
POPULAÇÕES.
Na área da saúde, o termo designa a ciência que estuda o processo de
desenvolvimento das doenças e as condições de saúde em coletividades
humanas, sua distribuição e determinantes. Com base nisso, estimam-se
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potenciais danos à saúde coletiva, propondo-se medidas de prevenção e
controle a partir de indicadores que subsidiam o planejamento, a condução
e a avaliação das ações de saúde.
Uma vez que a saúde é uma noção multifatorial, a epidemiologia adota
métodos e técnicas de diferentes áreas das Ciências Biológicas, Ciências
Sociais e Estatística com vistas aos seguintes objetivos:
Foto: Shutterstock.com
Descrever as condições de saúde das populações.
Promover o ensino e a pesquisa em saúde.
Investigar os determinantes das condições de saúde das populações.
Avaliar o impacto das estratégias para modificar a situação de saúde
das coletividades.
 Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te
explico.
Objetivos da Epidemiologia
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Um dos princípios básicos da epidemiologia é a noção de que qualquer
evento que seja capaz de modificar a saúde das populações (doenças,
acesso aos serviços de saúde etc.) não ocorre por acaso em larga escala.
Ou seja, tais eventos obedecem a padrões que podem ser determinados e,
em algumas situações, previstos. Assim, é possível estimar a
suscetibilidade de grupos populacionais para desenvolver certas doenças.

Isso acontece porque os fatores predisponentes às enfermidades,
frequentemente, não se apresentam igualmente distribuídos, antes
organizando-se na forma de aglomerados (Default tooltip) , presentes em
alguns grupos mais do que em outros.
Esse padrão sofre a influência de fatores diversos, desde características
biológicas individuais até aspectos de cunho social, cultural e econômico,
passando pelo entorno físico e social.


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Entende-se, portanto, que o processo saúde-doença se desenvolva de
maneira diversa entre grupos populacionais diferentes.
ISSO, ALIÁS, LEVA A OUTRO CONCEITO
IMPORTANTE: O PROCESSO SAÚDE-
DOENÇA. ESSE PROCESSO CONSISTE
NO PRINCIPAL OBJETO DOS ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICOS, BUSCANDO
DESCREVER COM DETALHES COMO
ASPECTOS MÚLTIPLOS E COMPLEXOS
INTERAGEM PARA FAVORECER OU
DESFAVORECER O ESTADO DE SAÚDE
DAS COLETIVIDADES, BEM COMO AS
MANEIRAS DE INFLUENCIÁ-LOS
ATRAVÉS DA INTERVENÇÃO HUMANA.
PERSPECTIVA HISTÓRICA DA
EPIDEMIOLOGIA
Em uma perspectiva histórica, a epidemiologia evoluiu à medida que a
ciência provia novas informações sobre o processo saúde-doença, até
consolidar-se no corpo de conhecimentos de que hoje se dispõe. Essa
evolução deu-se em paralelo àquela do próprio conceito de saúde
(FARINATTI; FERREIRA, 2006).
Desde as sociedades primitivas, predominava uma concepção de saúde,
derivada da ausência de enfermidades, influenciada principalmente por
comportamentos individuais.
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
As noções de saúde e doença, portanto, revestiam-se de uma base
paradigmática comportamental.

O rico ambiente científico na era iluminista levaria ao desenvolvimento de
métodos quantitativos e estratégias estatísticas para comparar as
observações clínicas nas populações.

A observação e a quantificação em grande escala das influências
ambientais sobre os indivíduos contribuiriam, paulatinamente, com a
valorização do que se entendia como história natural da doença para a
compreensão dos casos clínicos.

Começava, então, a desenvolver-se um pensamento sanitário para
subsidiar as estratégias de promoção da saúde
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
Consiste no fluxo no qual o processo de adoecimento está inserido,
desde a exposição ao agente causador até a cura ou morte.
Esse embrião de visão epidemiológica, nascido do desejo de quantificar
estatisticamente as doenças que acometiam os povos, modificou a noção
de contágio, estabelecendo-se a convicção de que isso seria
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potencializado pelas condições mais gerais de vida. Aplicavam-se métodos
epidemiológicos em investigações clínicas e propunham-se as primeiras
sistematizações de informações para o planejamento de ações de saúde,
incluindo a higiene e melhorias ambientais (saneamento básico etc.).
O entendimento do processo saúde-doença tinha como princípio a
observação do ambiente em que as enfermidades se desenvolviam. A visão
epidemiológica predominou entre os séculos XVII e XIX no entendimento
das relações entre saúde e doença. A prevenção das enfermidades e as
iniciativas de saúde pública avançaram com base na quantificaçãodos
eventos mórbidos e medidas epidemiológicas de natureza coletiva
(LEAVELL; CLARKE, 1976).
O final do século XIX foi marcado pelo advento da era bacteriológica, que
viria de certo modo eclipsar a perspectiva epidemiológica: a ênfase em um
amplo conjunto de fatores determinantes da saúde foi substituída pelo poder
de um paradigma que pretendia determinar as causas específicas de
cada doença – a chamada doutrina da etiologia específica.
Esse modelo biomédico fundado na microbiologia seria imposto a todas as
outras perspectivas, dominando o cenário médico e científico até meados
do século XX, com a criação da OMS e o início do desenvolvimento de uma
visão mais positiva de saúde. Um novo paradigma se sobrepunha à visão
epidemiológica, com os esforços da medicina concentrando-se na
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identificação dos agentes etiológicos (germes) envolvidos na transmissão
de doenças infectocontagiosas responsáveis por altas taxas de
morbimortalidade, bem como ao desenvolvimento de medidas para sua
prevenção e tratamento (FARINATTI; FERREIRA, 2006).
 
Imagem: WHO / Wikimedia Commons / Domínio Público
A partir dos anos 1950, com a criação da Organização Mundial da Saúde
(OMS), passou-se a estimular uma visão de saúde como mais do que a
ausência de doenças – sedimentava-se a noção de um estado decorrente
de bem-estar nas esferas física, mental e social. Desde então, reconhece-
se que a saúde dos indivíduos e povos resulta de fatores biológicos,
sociais, ambientais, econômicos e institucionais. Nas últimas décadas, vem
se impondo uma perspectiva biopsicossocial de saúde, que,
evidentemente, influenciou o pensamento epidemiológico.
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Foto: Shutterstock.com
A epidemiologia clínica moderna firmou-se como uma ciência que
reconhece como determinantes da saúde fatores interligados de igual
importância. De certo modo, combinam-se as perspectivas
comportamental e ambiental dos entendimentos de saúde precedentes.
Logo, a avaliação das condições de saúde de uma população deveria
envolver não só a busca de agentes etiológicos das doenças, mas também
a compreensão de como o ambiente físico e social aumenta as chances de
seu aparecimento e molda comportamentos que favorecem as
enfermidades e limitam as possibilidades de realização pessoal (saúde
mental e social).
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
O sucesso na prevenção de doenças infectocontagiosas e a melhoria geral
das condições de vida das populações levou ao fenômeno da transição
epidemiológica, que também influenciou nas ferramentas aplicadas nos
levantamentos epidemiológicos.
Esse conceito proposto por Abdel-Rahmin Omran (OMRAN, 1971) designa
as mudanças que ocorreram ao longo do século XX nos padrões de
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morbimortalidade nas populações, acarretando transformações simultâneas
nas esferas demográfica, social e econômica. De fato, o perfil de
morbimortalidade é um indicador relativamente sensível das condições de
vida de uma população.
O PROCESSO DE TRANSIÇÃO
EPIDEMIOLÓGICA INCLUI TRÊS
MUDANÇAS BÁSICAS:
Migração das taxas de morbidade e mortalidade de uma maior prevalência
de doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas
externas.
Menor mortalidade precoce, com prevalência maior de taxas de
morbimortalidade em grupos mais idosos versus jovens.
Deslocamento de uma situação em que predomina a mortalidade para
outra, na qual predominam as taxas de morbidade.
 Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te
explico.
Modelo de transição epidemiológica
É fácil compreender que, em sociedades nas quais a transição
epidemiológica ocorre, as necessidades em termos de estratégias de
prevenção de doenças e promoção da saúde modificam-se. O foco migra
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da prevenção do contágio de doenças e mortalidade precoce para outro,
centrado no desenvolvimento de condições de vida ao mesmo tempo
capazes de prevenir doenças crônico-degenerativas e favorecer a
realização pessoal, com preenchimento dos anos adicionais de vida
conquistados.
COMPRESSÃO DA MORBIDADE
Isso nos leva a um dos conceitos epidemiológicos mais importantes para
discutir o impacto de intervenções para a promoção da saúde em
sociedades pós-transição epidemiológica – a noção de compressão da
morbidade.
 ATENÇÃO
Esse conceito, originalmente proposto por James F. Fries (1980 e 1989),
trabalha com a hipótese de que, uma vez que a esperança de vida das
populações se aproxima do limite máximo genético, o efeito das
intervenções para melhorar as condições de saúde seria traduzido pelo
retardamento de doenças incapacitantes. Assim, nas últimas décadas
atravessaríamos uma nova transição epidemiológica, na qual a esperança
de vida não se alteraria significativamente, mas sim a forma pela qual os
anos adicionais conquistados pelos avanços da medicina seriam
aproveitados.
Em outras palavras, como a esperança de vida adulta tende a aproximar-se
cada vez mais do limite biológico, estratégias para promover saúde
deveriam investir na redução dos anos de morbidade incapacitante, ou seja,
na compressão da morbidade, conforme ilustrado na figura a seguir.
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Imagem: Paulo de Tarso Veras Farinatti.
Compressão da morbidade, representação esquemática. EV: Esperança
total de vida; MC: Margem de cuidados; MS: Margem de saúde; EVI:
Esperança de vida com incapacidades; EVA: Esperança de vida ativa. A
situação ‘A’ representa a linha de base, evoluindo para a situação ‘B’
(ausência de compressão da morbidade) ou para a situação ‘C’ (presença
de compressão da morbidade).
 Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te
explico.
Compressão da morbidade
As estatísticas demográficas tendem a fortalecer a hipótese da compressão
da morbidade. Observa-se que o declínio funcional associado ao
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envelhecimento tende a ocorrer em idades cada vez mais avançadas. O
período em que as incapacidades decorrentes de doenças se acumulam ao
ponto de gerar dependência vem diminuindo.

Estudos relativamente recentes levantaram evidências de que países com
índices elevados de desenvolvimento humano vivem uma compressão
relativa ou absoluta da morbidade.
Os dados indicam que a prevalência de doenças crônicas e incapacitantes
com diferentes graus de severidade diminui constantemente.


Existe hoje certo consenso de que o padrão ideal para um envelhecimento
bem-sucedido estaria associado a uma vida longa e produtiva, seguida de
um rápido declínio da autonomia e da morte.
ATUAÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA
Em relação à atuação da epidemiologia, em geral propõem-se três grandes
áreas:
Descrição das condições de saúde da população, usualmente com recurso
a indicadores de saúde.
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Investigação dos fatores determinantes das doenças, como no caso da
identificação de agentes etiológicos (vírus, bactérias etc.) ou fatores de
risco (inatividade física, tabagismo, obesidade etc.).
Avaliação da eficácia de ações para melhorar as condições de saúde.
Exemplos comuns são as obras de saneamento básico ou campanhas de
vacinação.A descrição das condições de saúde de uma população depende de um
correto diagnóstico da situação de saúde, primeiro passo para se que
implementem ações para resolver os problemas coletivos de saúde.
Para tanto, empreende-se uma coleta sistemática de dados sobre a saúde
da população, incluindo informações demográficas, econômicas, sociais,
culturais e ambientais. A partir dessas informações, compõem-se os
indicadores de saúde. Os resultados dessa avaliação diagnóstica
subsidiarão hipóteses acerca dos fatores envolvidos em um dado cenário
epidemiológico, assim como planos de ação visando minimizar os
problemas identificados.
Foto: Shutterstock.com
Um aspecto importante do diagnóstico da situação de saúde é o
estabelecimento do risco de desenvolvimento das doenças. Em resumo,
estima-se o risco ou a probabilidade de que uma doença se instale.
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Em epidemiologia, o conceito de risco é definido como o grau de
probabilidade da ocorrência de um determinado evento, revestindo-se de
diversas ramificações, das quais duas podem ser consideradas como
principais:
Risco relativo (razão de risco – RR)
O RR refere-se a quantas vezes os indivíduos expostos a determinados
fatores têm mais risco de desenvolver uma doença, em comparação com
indivíduos não expostos.

Razão de chances (odds ratio – OR)
A OR indica se a chance de se desenvolver uma doença específica no
grupo de indivíduos expostos é maior (ou menor) do que no grupo de não
expostos.
A DIFERENÇA ENTRE RR E OR RESIDE
NO FATO DE O PRIMEIRO ILUSTRAR O
RISCO OU A PROBABILIDADE DE
ADOECER, ENQUANTO O SEGUNDO
DESIGNA A CHANCE DE ADOECER.
Explica-se:
No cálculo da probabilidade, compara-se o número de casos favoráveis
com o de casos possíveis.

No cálculo da chance, compara-se o número de casos favoráveis com o
de casos desfavoráveis.
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
O RR corresponde à divisão da incidência do desfecho em expostos e não
expostos.
Imagine que um estudo encontre que entre vendedores ambulantes a
incidência de câncer de pele tenha sido de 10%, sendo apenas de 2% entre
trabalhadores administrativos. O RR para a ocorrência de câncer de pele,
portanto, foi cinco vezes maior nos trabalhadores ambulantes que nos
trabalhadores administrativos. No cálculo do RR, estima-se a probabilidade
da ocorrência de um evento.
A OR É CALCULADA PELA RAZÃO DE
PRODUTOS CRUZADOS (A.D)/(B.C) , ISTO
É, A MULTIPLICAÇÃO DO ESPERADO
DIVIDIDO PELA MULTIPLICAÇÃO DO
INESPERADO.
Digamos que, em um grupo de indivíduos classificados como fisicamente
inativos, tenha-se observado a ocorrência de 45 (a = Fator esperado)
infartos do miocárdio (15%), enquanto 255 (b = Fator inesperado) indivíduos
não tenham sofrido este evento (85%). Por outro lado, em um grupo
classificado como fisicamente ativo, os infartos do miocárdio aconteceram
em 15 (c = Fator inesperado) indivíduos (5%), enquanto outros 285 (d = fator
esperado) não foram acometidos (95%). A chance de ocorrência de infarto,
portanto, foi aproximadamente 3,4 vezes maior entre os indivíduos
fisicamente inativos versus inativos. Na OR, não se estima a probabilidade
(casos ocorridos entre os possíveis), mas sim a chance da ocorrência de
um evento, visto que se trata da divisão do esperado (a.d) pelo inesperado
(b.c).
 ATENÇÃO
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Com base na determinação de fatores de risco, é possível estabelecer um
prognóstico, ou seja, se o indivíduo acometido por determinada condição
patológica terá maior ou menor probabilidade de desenvolver outras
complicações ou maior/menor tempo de sobrevida.
Esse fator de prognóstico é definido a partir de variáveis quantificadas na
fase de diagnóstico, que podem ser utilizadas em modelos preditores. A
determinação de prognósticos consiste em uma das aplicações principais
da epidemiologia clínica. Fatores de prognóstico são muito utilizados para
estimar sobrevida em pacientes com neoplasias e determinados tipos de
doença cardíaca. Os desfechos possíveis relacionados a um fator de
prognóstico são a determinação de sobrevida, letalidade, mortalidade
associadas a doenças específicas, bem como sua remissão ou recorrência.
Mais recentemente, a identificação de biomarcadores diversos vem
atribuindo uma nova perspectiva aos fatores de prognóstico, permitindo a
intervenção médica antes mesmo de os sintomas da doença aparecerem.
Para além disso, biomarcadores podem fornecer informações preciosas
quanto às possibilidades de resposta a tratamentos específicos.
Imagem: Shutterstock.com
Os indicadores de saúde produzidos pelos dados epidemiológicos
permitirão o planejamento e organização de serviços de saúde compatíveis
com as necessidades de saúde das populações. Portanto, quanto mais
localizada e específica for a avaliação da situação de saúde de uma
população, mais fácil e eficiente será o planejamento das ações de saúde e
a organização dos serviços a ela oferecidos.
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ATIVIDADE FÍSICA, PREVENÇÃO
DE DOENÇAS E IMPACTO NAS
TAXAS DE MORBIMORTALIDADE
A atividade física aparece na literatura como um dos fatores relacionados
aos modos de vida capaz de atenuar o risco de desenvolvimento de
diversas enfermidades. Desse modo, o estímulo a estilos de vida ativos é
considerado central nas políticas públicas de promoção da saúde, seja por
meio de campanhas de informação, apoio a mudanças de comportamento
ou modificações no meio ambiente, tornando-o mais adequado para as
atividades físicas.
Foto: Shutterstock.com
Em geral, pode-se dizer que essa aceitação inicia a partir de estudo que
analisou a incidência de doença coronariana em motoristas de ônibus
ativos e sedentários, que trabalhavam nos transportes coletivos em Londres
(MORRIS et al., 1953). Um menor nível de atividades físicas associou-se à
maior prevalência de doença cardiovascular.
São diversos os estudos posteriores com diferentes populações e
modalidades de atividades físicas, ratificando a premissa de que um
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comportamento sedentário aumenta o risco para doenças crônico-
degenerativas em geral. Em 1980, a ocorrência de doença coronariana foi
acompanhada junto a mais de 17 mil servidores civis britânicos, durante
mais de oito anos. Constatou-se que a incidência, a gravidade e o tempo de
recuperação foram significativamente menores naqueles que se envolviam
usualmente em atividades físicas vigorosas (MORRIS et al., 1980).
Um dos grupos mais produtivos no estudo das relações entre atividade
física e saúde foi o coordenado por Ralph Paffenbarger.

No início da década de 1970, publicaram-se dados de mais de 6,5 mil
trabalhadores da região de São Francisco, acompanhados durante 22
anos.

Os indivíduos cuja atividade correspondia a um gasto calórico de pelo
menos 8.500kcal/semana exibiram menor risco para desenvolver doença
coronariana (PAFFENBARGER et al., 1970; PAFFENBARGER; HALE,
1975).
 SAIBA MAIS
Anos mais tarde, o mesmo grupo publicou dados de quase 17 mil ex-alunos
de Harvard acompanhados por 16 anos. Houve uma clara relação entre a
prática regular de atividades físicas e menores taxas de morbimortalidade
entre aqueles que dispendiam pelo menos 2000kcal/semana com
exercícios moderados a vigorosos.
Outro centro que muito contribuiu para o entendimento do binômio atividade
física e saúde foi o Institute for Aerobic Research, em Dallas (Texas, EUA).
Um dos estudos mais conhecidos foi publicadopor Blair et al. (1989),
apresentando taxas de mortalidade de mais de 13 mil homens e mulheres
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participantes de programa de treinamento naquele instituto, ao longo de oito
anos. As maiores taxas de mortalidade ocorreram entre os indivíduos
menos versus mais ativos: 3,5 vezes mais elevadas nos homens e 4,5 vezes
nas mulheres.
O INDICADOR MAIS PRECISO DE
ESPERANÇA DE VIDA FOI NÃO
PERTENCER À CATEGORIA
SEDENTÁRIA, JÁ QUE DISCRETOS
AUMENTOS NA PRÁTICA DE ATIVIDADES
FÍSICAS IMPACTARAM NAS TAXAS DE
MORBIMORTALIDADE.
Recentemente, foi publicado estudo que investigou o impacto da prática de
atividades físicas em longo prazo sobre as taxas de mortalidade por todas
as causas, doença cardiovascular e câncer em 14.599 homens e mulheres
com idades de 40 a 79 anos no Reino Unido, seguidos por cerca de 12
anos (MOK et al., 2019). A atividade física foi quantificada por questionários
e mensuração direta de movimentos e frequência cardíaca:
Aqueles que, ao longo de cinco anos, aumentaram os níveis de atividade
física até atingir o recomendado pela OMS para promoção da saúde (150
minutos por semana) exibiram riscos menores em todas as taxas: 36%
menor para mortalidade por todas as causas, 39% para causas
cardiovasculares e 11% menor para o câncer.
Em relação ao padrão de atividades físicas, as reduções foram de 24%,
38% e 42% para o nível baixo, médio e alto, respectivamente.
Em termos populacionais, concluiu-se que atender e manter pelo menos as
recomendações mínimas de atividade física para a saúde poderia evitar
46% das mortes associadas à inatividade física.
Adultos de meia-idade e idosos, incluindo aqueles com doenças
cardiovasculares e câncer, obtiveram benefícios substanciais de
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longevidade ao aumentarem seus níveis de atividades físicas,
independentemente de fatores de risco já existentes.
PODE-SE AFIRMAR, ENTÃO, QUE É CADA
VEZ MAIOR O RECONHECIMENTO QUE
INICIATIVAS VISANDO À PROMOÇÃO DA
SAÚDE DEVAM INCORPORAR O APOIO A
MODOS DE VIDA ATIVOS EM QUALQUER
IDADE.
No Brasil, ainda não existem estudos epidemiológicos quanto às relações
entre atividade física e morbimortalidade por todas as causas em grandes
populações. No entanto, há levantamentos acerca do perfil de atividades
físicas em diversas regiões do país. De acordo com dados da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), realizada em 2019 (IBGE, 2020), cerca de 40% da população adulta
pode ser considerada sedentária ou insuficientemente ativa, ou seja, não
praticam atividades físicas ou o fazem por menos do que 150
minutos/semana considerando lazer, trabalho e deslocamento para o
trabalho. Desse total, quase 60% das pessoas de 60 anos ou mais era
insuficientemente ativa, enquanto o menor nível de sedentarismo foi
observado entre 18 e 24 anos de idade (32,8%), seguido de 25 a 39 anos
(32,9%). Apenas 34% dos homens adultos envolviam-se com atividades
físicas em níveis recomendados para a saúde no tempo livre, enquanto para
as mulheres esse percentual foi de 26%. Em domicílio, atividades físicas
vigorosas (faxina etc.) eram realizadas durante 150 minutos/semana por
16% dos adultos, principalmente mulheres (22%) em comparação aos
homens (9%).
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Além das atividades físicas em si, volta-se também para o período de
inatividade física como fator de exposição importante – ou seja, as horas
em que os indivíduos adotam comportamentos sedentários são tão
importantes quanto aquelas em que se envolve com práticas corporais
ativas. A prevalência do comportamento sedentário nas populações é,
portanto, questão epidemiológica fundamental. Outro aspecto que vem
sendo investigado remete à dose-resposta das atividades físicas
realizadas, entendida como o volume e a intensidade ideais para que se
provoquem efeitos favoráveis em outros fatores de risco e na própria
chance de desenvolvimento das doenças.
 ATENÇÃO
Os fatores determinantes de mais ou menos envolvimento com atividades
físicas no tempo livre vêm sendo estudados, uma vez que definem a
propensão de determinado grupo populacional para adotar estilos ativos de
vida. Sobre muitos desses fatores, os indivíduos têm pouco ou nenhum
controle, cabendo às coletividades encontrar solução para atenuá-los
(equipamentos públicos, segurança, transporte etc.).
As informações fornecidas por esses estudos são cruciais para que se
identifiquem obstáculos e proponham-se estratégias para superá-los, no
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sentido de facilitar a opção pela prática continuada de atividades físicas.
Apenas com mais aderência às atividades corporais no tempo livre,
teremos nessa prática uma variável capaz de impactar no risco de doenças,
qualidade de vida e na própria saúde pública.
EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE
FÍSICA
O doutor Paulo de Tarso Veras Farinatti fala sobre o conceito de
epidemiologia e o papel da atividade física como fator de prevenção de
doenças e morbimortalidade.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Objetivos da Epidemiologia
Objetivos da Epidemiologia
Modelo de transição epidemiológica
Modelo de transição epidemiológica
Compressão da morbidade
Compressão da morbidade
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA
OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA:
A) Descrever o estado e as condições de saúde de dada população, assim
como obter respostas sobre os determinantes dessas condições.
B) Avaliar a mortalidade e a morbidade de grupos populacionais
específicos.
C) Identificar agentes etiológicos das doenças e fomentar pesquisas para
fabricação de vacinas.
D) Descrever e identificar comportamentos incompatíveis com a saúde, a
fim de elaborar políticas públicas para a prevenção de doenças.
E) Armazenar dados demográficos populacionais para estabelecer séries
temporais.
2. QUANTO AO IMPACTO DAS ATIVIDADES FÍSICAS NAS
TAXAS DE MORBIMORTALIDADE É CORRETO AFIRMAR
QUE:
A) Um maior nível de atividades físicas nas populações compromete o
fenômeno da compressão da morbidade.
B) Níveis menores de atividades físicas são desejáveis quando a pirâmide
etária revela maior percentual de idosos na população.
C) Pequenos incrementos no tempo livre ocupado com atividades físicas já
acarretam impacto favorável nas taxas de morbimortalidade populacional.
D) As atividades físicas com potencial benéfico à prevenção de doença
cardiovascular são apenas aquelas cuja intensidade é de moderada a
vigorosa.
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E) O tempo ocupado com atividades sedentárias só é importante caso os
indivíduos não realizem atividades físicas em volume compatível com o
recomendado pela OMS.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que apresenta objetivos da epidemiologia:
A alternativa "A " está correta.
 
Epidemiologia é uma ciência que estuda eventos ou fatores que afetam as
populações. Quanto aos aspectos relacionados à saúde, tem o objetivo de
avaliar as condições de saúde em que a população se encontra, assim
como os fatores determinantes dessas condições.
2. Quanto ao impacto das atividades físicas nas taxas de
morbimortalidade é correto afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
 
Os estudos epidemiológicos indicam que, quanto às atividades físicas, o
melhor preditor de esperança de vidaé não pertencer à categoria
sedentária e que discretos aumentos em sua prática impactam
significativamente nas taxas de morbimortalidade.
MÓDULO 2
 Identificar os indicadores epidemiológicos das condições de
saúde e da qualidade de vida e as fases de instalação de uma doença
e seus níveis de prevenção
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INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS
DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
Uma das grandes dificuldades em epidemiologia é medir o padrão de vida
em nível populacional. Por outro lado, isso é necessário para a comparação
de dados entre diferentes regiões, épocas ou grupos populacionais em um
mesmo local e tempo.
Nos anos 1950, a OMS formou um Comitê para definir os métodos mais
satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida. Evidentemente, índices
únicos não poderiam ser utilizados com esse fim.

Desde a sua criação, a OMS reconheceu que indicadores de saúde e
qualidade de vida deveriam assumir um perfil multifatorial, compatível com
a própria forma pela qual se entendem tais construtos.
A COMPLEXIDADE DESSES CONCEITOS
EXIGE QUE SE ADOTEM PERSPECTIVAS
VARIADAS DE AVALIAÇÃO, INCLUINDO
MORTALIDADE, MORBIDADE,
INCAPACIDADE FÍSICA, GRAU DE
AUTONOMIA DAS PESSOAS
(PRINCIPALMENTE OS IDOSOS),
ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO,
QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE SAÚDE ETC.
A escolha dos indicadores depende dos objetivos da avaliação, bem como
de determinantes metodológicos, éticos e operacionais. Por essas razões,
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comitê formado pela OMS sugeriu várias dimensões que poderiam ser
consideradas em separado ou conjunto para avaliar a saúde e a qualidade
de vida das populações:
• Saúde, incluindo condições demográficas (mortalidade, morbidade
etc.)
• Estado nutricional
• Educação, incluindo alfabetização e ensino técnico
• Condições de trabalho e situação de emprego
• Consumo e economia
• Transporte e moradia, incluindo saneamento e qualidade dos
domicílios
• Vestuário
• Recreação
• Segurança social
• Liberdade e direitos humanos.
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 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
 Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que
eu te explico.
Dimensões da OMS para avaliar a saúde e a qualidade de vida
INDICADORES DE SAÚDE
Alguns dos principais indicadores de saúde são de natureza
demográfica. No entanto, uma crítica usual é o foco em variáveis mais
associadas à ausência de saúde (doenças ou morte) do que à saúde
propriamente dita, denotando uma abordagem negativa (por
exclusão). Os críticos defendem a utilização de indicadores positivos
de saúde. No entanto, esses indicadores são mais difíceis de definir,
em virtude de certa subjetividade em sua interpretação.
 EXEMPLO
Uma alta natalidade em um país subdesenvolvido pode ser vista
como um aspecto negativo, ao passo que em regiões onde essa taxa
é baixa historicamente, pode ser interpretada como desejável.
javascript:void(0)
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Indicadores positivos da saúde são sempre carregados de
subjetividade, já que remetem a conceitos dos quais todos temos
uma percepção intuitiva, mas em relação aos quais dificilmente
concordamos em sua definição. Esse é o caso de noções como bem-
estar, qualidade de vida, normalidade etc.
Os principais indicadores epidemiológicos de saúde ainda são
aqueles ligados à prevalência e a causas das doenças, como:
Taxas de mortalidade ou sobrevivência
Taxas de morbidade ou incapacidade
Indicadores de nutrição, crescimento e desenvolvimento
Aspectos demográficos e condições socioeconômicas
Indicadores de saúde ambiental
Acesso aos serviços de saúde
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A seguir, veremos cada um desses indicadores de maneira mais
detalhada.
TAXAS DE MORTALIDADE OU
SOBREVIVÊNCIA
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É o indicador de saúde mais antigo, sendo fácil de operar e
interpretar. A morte é um evento inequívoco e, em princípio, os óbitos
e suas causas devem ser obrigatoriamente registrados. Com isso,
facilita-se o estabelecimento de séries temporais para uma dada
causa de mortalidade, por exemplo.
 ATENÇÃO
A principal limitação reside no fato de que a morte se encontra no
extremo negativo do processo saúde-doença, provendo informações
imprecisas sobre a história natural da doença. Além disso, muitas
doenças não têm como desfecho comum a morte, o que leva a uma
sub-representação de sua incidência. Uma vez que apenas uma
pequena parcela da população falece a cada ano (em geral, 1% do
total), mudanças nas taxas mortalidade são lentas e suas
informações pouco úteis para planejamentos de prazo curto e médio.
TAXAS DE MORBIDADE OU
INCAPACIDADE
Depois da mortalidade, os indicadores mais utilizados são as taxas
de morbidade. O levantamento da prevalência das doenças é tão mais
preciso, quanto maior a capilaridade dos sistemas de saúde.
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No Brasil, em que pesem suas limitações, o Sistema Único de Saúde
alcança todas as cidades do país e as informações obtidas são um
bom espelho da realidade epidemiológica no país.
O conhecimento das taxas de morbidade permite a avaliação dos
riscos de acometimento de doenças específicas, bem como de seus
fatores determinantes. Com isso, pode-se planejar ações adequadas
às diferentes regiões, de acordo com seu perfil epidemiológico,
inclusive o oferecimento de serviços de saúde que melhor atendam
às demandas identificadas. Séries temporais de morbidade permitem
conhecer mudanças relacionadas a certas doenças em prazo
relativamente curto, ajudando na adaptação das políticas públicas.
INDICADORES DE NUTRIÇÃO,
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Os indicadores nutricionais podem ser agrupados naqueles de
avaliação direta e avaliação indireta.
Avaliação direta
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São os índices como a mortalidade infantil, renda per capita ou
disponibilidade de alimentos.

Avaliação indireta
São utilizadas avaliações dietéticas (inquéritos dietéticos e consumo
de nutrientes), avaliações clínicas (peso, estatura, perímetro cefálico,
pregas cutâneas, índice de massa corporal – IMC etc.) ou avaliações
laboratoriais (ferro, vitaminas etc.). É fácil compreender que estas
últimas são mais difíceis de obter, não apenas pelos custos, mas
também pela dificuldade de se estabelecer um “padrão de referência”
de normalidade na população.
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS
Para além da mortalidade, indicadores demográficos comumente
considerados na avaliação da saúde são a natalidade, fecundidade e
as migrações. Entre os índices mais usados internacionalmente,
destacam-se a esperança de vida ao nascer, fecundidade, natalidade,
a estrutura etária e a distribuição por sexo da população. Além da
facilidade para obter essas informações, sua interpretação é simples
e direta.
 EXEMPLO
Quando a população jovem (0-14 anos) predomina sobre a população
idosa (> 65 anos), isso costuma ser indicativo de piores condições de
vida e saúde do que o inverso. As demandas de cada uma dessas
realidades são, igualmente, diversas – enquanto, na primeira, as
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necessidades seriam de serviços de saúde materno-infantil, saúde da
criança e oferecimento de ensino fundamental, na segunda, as
demandas tendem a se concentrar em serviços de atenção
ambulatorial e hospitalar, medicamentos de uso contínuo ou suporte
social ao idoso.
INDICADORES DE SAÚDE AMBIENTAL
Os indicadores ambientais incluem as condições de moradia e são
estreitamente associados com o nível socioeconômico da população.
São informações importantes nessa categoria a extensão da
cobertura e a qualidade do saneamento básico (abastecimento de
água, coleta de esgoto, lixo e destinação das águas pluviais).
INDICADORES DE ACESSO AOS
SERVIÇOS DE SAÚDE
Representam o quanto a população pode contar com assistência no
caso de acometimento de enfermidades, sendo comumente
estratificados em indicadores de insumos, de processo e de impacto.
INDICADORES DE INSUMO
INDICADORES DE PROCESSO
INDICADORES DE IMPACTO
INDICADORES DE INSUMO
Remetem aos recursos humanos e materiais em saúde, como a
quantidade por mil habitantes de profissionais de saúde (médicos,
dentistas, enfermeiros), leitos hospitalares ou gastos e distribuição
dos recursos financeiros com saúde.
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INDICADORES DE PROCESSO
Avaliam o quanto a população participa de ações que conduzem à
prevenção e cura das doenças. Exemplos são a proporção de
gestantes que fazem pré-natal ou homens que realizam exames
preventivos de câncer de próstata.
INDICADORES DE IMPACTO
Quantificam os resultados das ações em saúde, de maneira a se
otimizarem os investimentos. Por exemplo, o impacto do aumento
das redes de saneamento básico nos anos 1980 e 1990 sobre a
mortalidade infantil no Brasil foi evidente, mais que justificando
investimentos adicionais no setor.
INDICADORES DE QUALIDADE DE
VIDA
Tendem a ser mais complexos que os indicadores de saúde
desenvolvidos com base na prevalência e causas das enfermidades.
Isso se deve à natureza intrinsecamente polissêmica dessa noção.
 
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Para a OMS, a qualidade de vida é definida como a percepção do
indivíduo sobre sua posição na vida, segundo o contexto cultural e o
sistema de valores no qual vive e em relação a suas aspirações,
expectativas, referências e interesses. Trata-se de um conceito amplo,
influenciado de maneira complexa pelas relações sociais e pela
interação com o meio ambiente (WHO, 1997). Na busca de sintetizar a
complexidade da noção de qualidade de vida, dando conta de sua
relatividade cultural e social, diversos indicadores têm sido
propostos.
UM DOS INDICADORES MAIS
CONHECIDOS É O ÍNDICE DE
DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH),
ELABORADO PELO PROGRAMA DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA O
DESENVOLVIMENTO.

O IDH foi criado a partir da aceitação de que o conceito de
desenvolvimento não poderia ser discutido a partir de aspectos
puramente econômicos (nível de renda, produto interno bruto - PIB
etc.), mas deveria também incluir fatores sociais e culturais.
Encontram-se integrados nesse indicador elementos relacionados à
renda, à saúde e à educação, considerados fundamentais e de igual
importância para a qualidade de vida de uma população.

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
Logo, o IDH coaduna-se com a aceitação de que incrementos na
qualidade de vida decorrem do aumento da capacidade de realização
pessoal, ou seja, na capacidade de desenvolvimento humano.
Isso resultaria não apenas de maior riqueza, mas também de níveis
de saúde e educação, que permitem a expansão dos horizontes das
pessoas para uma realização mais plena.

Apesar de composto, o IDH é um indicador relativamente simples da
qualidade de vida, que é obtido pela média entre os níveis de renda,
saúde e educação. A renda é avaliada pelo PIB per capita; a saúde,
pela esperança de vida ao nascer, e a educação, pelas taxas de
alfabetização de adultos e matrículas nos ensinos fundamental,
médio e superior. Pela facilidade de obtenção desses índices, o IDH
reveste-se de grande potencial de aplicação e, por isso, foi
amplamente aceito internacionalmente, inclusive no Brasil.
OUTRO BOM EXEMPLO É O
INSTRUMENTO DESENVOLVIDO PELA
OMS ATRAVÉS DE SEU GRUPO DE
QUALIDADE DE VIDA, JÁ COM VERSÕES
VALIDADAS PARA A LÍNGUA
PORTUGUESA. O QUESTIONÁRIO DE
QUALIDADE DE VIDA DA OMS FOI
DESENVOLVIDO EM ESTUDO
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MULTICÊNTRICO E TOMOU POR BASE A
PREMISSA DE QUE A QUALIDADE DE
VIDA SERIA UMA CONSTRUÇÃO
SUBJETIVA (PERCEPÇÃO DO
INDIVÍDUO), MULTIDIMENSIONAL E
COMPOSTA POR ELEMENTOS
POSITIVOS (POR EXEMPLO,
MOBILIDADE E BEM-ESTAR) E
NEGATIVOS (DOR E DOENÇA).
O resultado foi a proposição de versões longa e curta do questionário
World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100 e WHOQOL-
breve, com apenas uma questão de cada faceta do WHOQOL-100).
Ambas podem ser usadas em uma grande variedade de ambientes
culturais, permitindo comparar os resultados de diferentes
populações e países.
Adicionalmente, módulos foram desenvolvidos para permitir
avaliações mais detalhadas de populações específicas (por exemplo,
pacientes com câncer, refugiados, idosos e pessoas com certas
doenças, como HIV/AIDS). Ambas as versões podem ser facilmente
encontradas na internet e em diversos idiomas.
 Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que
eu te explico.
Apresentação do WHOQOL e WHOQOL breve
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MEDICINA PREVENTIVA VERSUS
CURATIVA
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A medicina curativa preocupa-se com a cura dos estados
patológicos. Suas técnicas visam tratar sintomas manifestos para
que não evoluam, buscando evitar o agravamento e as complicações
de um problema de saúde em curso. Isso pode ser feito por meio de
medicamentos, terapias ou intervenções cirúrgicas.

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A medicina preventiva vale-se de outras estratégias para promover a
saúde das pessoas. Seu foco é prevenir o desenvolvimento das
enfermidades, buscando identificar fatores de risco relacionados à
sua história natural. Exemplos de intervenções em medicina
preventiva são as vacinas ou as modificações de hábitos associados
ao aumento do risco de doenças.
Conforme discutido no módulo anterior, ao longo do século XIX, o
pensamento sanitarista predominante valorizava a história natural
das doenças, adotando como ponto central de sua prevenção a
observação dos ambientes em que se desenvolviam. Os médicos
envolvidos com o intenso movimento social que emergiu nesse
período, ao relacionarem a doença com o ambiente, articulavam-no
também às relações sociais que o produziam.
BASICAMENTE, AS ENFERMIDADES
ERAM ASSOCIADAS ÀS CONDIÇÕES DE
VIDA, TRANSFORMANDO-SE
HISTORICAMENTE DE ACORDO COM A
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SUA EVOLUÇÃO. COM O ADVENTO DA
ERA BACTERIOLÓGICA E A AFIRMAÇÃO
DA DOUTRINA DA ETIOLOGIA
ESPECÍFICA, AS PRÁTICAS MÉDICAS
MIGRARAM DA ANÁLISE DA HISTÓRIA
NATURAL DA DOENÇA PARA A BUSCA
DAS SUAS CAUSAS INDIVIDUAIS,
PARTICULARMENTE, OS GERMES.
Essa abordagem foi difundida por todos os setores da medicina, que
passava, então, a atacar as causas com tratamentos cada vez mais
específicos. Passou-se a compreender as doenças como resultantes
das relações entre os agentesetiológicos e as alterações
fisiopatológicas por eles provocadas, traduzidas por sinais e
sintomas mensuráveis.
A teoria do germe como causa das enfermidades possibilitou intervir
no curso das doenças transmissíveis, principalmente, por meio das
vacinas. Afinal, esse tipo de doença era o principal problema de
saúde pública.
Uma vez que a maior parte das doenças infectocontagiosas foi
controlada com vacinação em massa, a ênfase da medicina deslocou-
se para o tratamento de doenças que não podiam ser prevenidas por
essa via, mas sob a mesma perspectiva.
Desenvolveram-se técnicas cada vez mais sofisticadas para tratar
problemas de saúde já estabelecidos. Investia-se no diagnóstico
precoce dos estados mórbidos, possibilitando seu tratamento
imediato.
Por outro lado, abandonava-se a visão sanitarista, negligenciando-se
a sua origem – se doenças poderiam ser prevenidas ou tratadas pela
identificação do germe específico que a causava, por que os grupos
dominantes economicamente deveriam investir em mudanças
ambientais custosas ou em atenuar as diferenças sociais?
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 RESPOSTA
Em suma, o ambiente em que as doenças se desenvolviam não era
mais prioridade, estabelecendo-se uma relação de causa e efeito
entre germe e doença. A preocupação principal era a doença, não o
doente.
A influência da doutrina da etiologia específica na medicina fez com
que grandes investimentos fossem realizados no desenvolvimento
de intervenções específicas, individualizadas, de cunho
predominantemente biológico e com recursos tecnológicos
dispendiosos, eminentemente centradas nos hospitais
(hospitalocentrismo) e com progressiva especialização dos médicos.
O movimento da medicina preventiva afirmou-se entre 1920 e 1950,
principalmente, no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá, a
partir de críticas à medicina curativa por pensadores que
continuavam a discutir saúde sob uma perspectiva coletiva
(LEAVELL; CLARK, 1976).
Estabeleceu-se um conflito entre os estudiosos que defendiam serem
as doenças fruto de causas gerais (como pobreza, fome etc.) e
aqueles que sustentavam a noção de que causas e estratégias
específicas deveriam ser buscadas.
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Uma das consequências disso foi o desenvolvimento de um quadro
teórico independente do quadro da medicina clínica, a partir de
outros postulados e interesses (FARINATTI; FERREIRA, 2006). As
escolas de saúde pública e os departamentos de saúde denunciavam
os desequilíbrios na alocação de recursos para a educação médica e
a adesão estrita ao paradigma biomédico para explicar as doenças e
avaliar os resultados das iniciativas no campo da saúde.
As críticas à ênfase excessiva na medicina curativa incluíam:
Ineficiência do foco na terapia, em vez de prevenção, com
encarecimento da assistência médica.
Especialização crescente da atividade médica, contribuindo com a
redução do paciente a órgãos e estruturas e, com isso, com uma
relação pouco humanista entre médicos e pacientes.
Conhecimento médico centrado em aspectos biológicos, quando
doença e saúde são construtos multifatoriais.
Afastamento entre medicina e interesses de saúde das comunidades,
com abordagem demasiadamente individualista.
Esses problemas eram tão mais graves, quanto maior a carência de
recursos, como no caso dos países subdesenvolvidos. Formavam-se
médicos segundo os padrões dos países desenvolvidos, estranhos à
própria realidade em que viviam.
 SAIBA MAIS
Apenas para ilustrar, nos anos 1970, o Brasil lutava contra doenças
infectocontagiosas há muito debeladas em países desenvolvidos,
como cólera, meningite ou poliomielite, além de quadros endêmicos
de malária, tuberculose ou esquistossomose, mas era considerado
líder em especialidades distantes desses problemas, como cirurgia
plástica ou transplante cardíaco.
O conceito de medicina preventiva viria firmar-se definitivamente a
partir de meados do século XX, com o reconhecimento de que as
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doenças, assim como a saúde, têm natureza multifatorial, sobretudo a
partir da criação da Organização Mundial da Saúde em fins dos anos
1940 (FARINATTI; FERREIRA, 2006).
A CONCEPÇÃO BIOMÉDICA PERDIA
CONSISTÊNCIA, UMA VEZ QUE O
REDUCIONISMO DO PARADIGMA DA
ETIOLOGIA ESPECÍFICA REPRESENTAVA
UMA VISÃO POR DEMAIS SIMPLISTA. É
CADA VEZ MAIS CLARO EM NOSSOS
DIAS QUE OS PERFIS DE SAÚDE E DE
ENFERMIDADE DEPENDEM DAS
CONDIÇÕES MAIS GERAIS DE VIDA.
As taxas elevadas de morbidade e mortalidade dos países em
desenvolvimento, em comparação com as nações industrializadas,
por exemplo, são em muito explicadas pelos níveis acentuados de
pobreza, decorrentes das condições econômicas e sociais vigentes.
A grande incidência de problemas de saúde e doenças crônicas nas
classes mais pobres e grupos minoritários decorre de suas
condições de trabalho e subsistência, induzindo modos de vida
pouco compatíveis com a saúde.

Assim, os aspectos socioculturais, político-econômicos e ecológicos
mostram-se tão importantes para as decisões sobre a saúde quanto
os aspectos de ordem biológica.
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DIVERSOS DOCUMENTOS FORAM
PRODUZIDOS NESSE SENTIDO:

1978
Um dos mais importantes foi a histórica Declaração de Alma-Ata da
OMS (WHO, 1978), na qual foram lançados os princípios do
movimento da promoção da saúde. O texto explicitava os postulados
do programa Saúde para Todos 2000, advogando uma mudança de
investimentos por parte das nações que valorizasse iniciativas de
prevenção primária das doenças, e descrevia as mudanças nas
expectativas relativas à saúde dos povos.
1987
No Brasil, pode-se mencionar a Carta Brasileira de Saúde, editada na
VIII Conferência Nacional de Saúde em 1987. Nela, assume-se que a
saúde depende de um amplo espectro de fatores, como as
“...condições de alimentação, de educação, de habitação, de renda,
do meio ambiente, de trabalho, de transporte, de emprego, de lazer,
de liberdade, de acesso [...] à terra e [...] aos serviços de saúde”
(BRASIL, 1987, p. 382).

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Em suma, afirmava-se o reconhecimento de que a prevenção de
doenças seria uma estratégia mais efetiva para o controle de doenças
do que aguardar a sua evolução para, então, tratá-la. A medicina
preventiva seria uma especialidade dedicada à prevenção de
doenças e lesões. Em vez de tratar enfermidades ou amenizar os
sintomas, busca-se valorizar a adoção de hábitos saudáveis. Em
tese, isso diminuiria os riscos de se desenvolverem problemas
crônicos.
 
Foto: Shutterstock.com
 ATENÇÃO
Em termos operacionais, pode-se entender a medicina preventiva
como um conjunto de técnicas representadas por ações de
promoção da saúde e de prevenção de doenças e suas
complicações. As intervenções são proativas, buscando identificar
fatores atuais que podem representar risco futuro para o surgimento
ou agravamento de enfermidades.
A medicina preventiva é vista por muitos estudiosos como uma
consequência das demandas resultantes do processo de “transição
epidemiológica”, como envelhecimento populacional, compressão da
morbidade e maior prevalência de doenças crônico-degenerativas
(LEAVELL; CLARK, 1976).
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
Os impactos dessa abordagem nos custos de saúde são evidentes. A
medicina preventiva vem se revelando a maneira maiseficaz e barata
de lidar com possíveis problemas de saúde.
Por isso, se há alguns anos as estratégias de medicina preventiva
remetiam diretamente à saúde pública, hoje, muitas de suas práticas
foram incorporadas pela iniciativa privada, particularmente, os planos
de saúde suplementar.

Ainda que isso aconteça por meio de ações educativas e iniciativas
incipientes de “convite” a clientes para participação de programas
que incluem exames preventivos, aconselhamento nutricional e de
atividades físicas, o fato é que as operadoras de saúde começam a
vislumbrar que investir em medicina preventiva pode reduzir
substancialmente seus custos futuros com tratamentos e
internações. Essa diminuição dos custos assistenciais vai par e par
com a melhora das condições de saúde dos beneficiários, o que
apenas valoriza essa abordagem. Há, portanto, uma tendência de que
programas estruturados de medicina preventiva ganhem importância
nos processos decisórios na esfera da saúde pública e privada.
O MUNDO DO TRABALHO TAMBÉM VEM
ABRAÇANDO, PAULATINAMENTE, OS
PRINCÍPIOS DA MEDICINA PREVENTIVA,
NO CONTEXTO DA MEDICINA DO
TRABALHO. PARA ALÉM DAS
ATIVIDADES COSTUMEIRAS DA
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REALIZAÇÃO DE EXAMES
ADMISSIONAIS E DEMISSIONAIS,
MUITAS EMPRESAS VÊM INVESTINDO NA
PREVENÇÃO DE DOENÇAS EM SEUS
FUNCIONÁRIOS, ESPECIALMENTE
AQUELAS DECORRENTES DA PRÓPRIA
ATIVIDADE PROFISSIONAL.
A assistência aos trabalhadores tende a diminuir os gastos com o
absenteísmo, além de, evidentemente, contribuir com a melhor
qualidade de vida dos funcionários. Aliás, isso abre um mercado
interessante a diversos profissionais no campo dos exercícios
compensatórios (ou ginástica laboral), nutrição, psicologia, entre
outros, que passam a ter papel relevante na gestão de recursos
humanos de qualquer empresa.
FASES DE INSTALAÇÃO DAS
DOENÇAS E NÍVEIS DE
PREVENÇÃO
A prevenção das doenças no contexto da medicina preventiva
envolve ações antecipadas, com base nos conhecimentos de que se
dispõe acerca da história natural da doença, de maneira a dificultar
sua instalação ou atenuar sua evolução. A prevenção pode se dar em
três níveis:
Prevenção primária
Prevenção secundária
Prevenção terciária
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PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Envolve estratégias que visam impedir o surgimento de enfermidades
no período de pré-patogênese. Isso vai desde ações educativas até
intervenções invasivas, como as vacinas. De modo geral, trata-se de
iniciativas que visam aumentar a resistência às doenças, mas
também o bem-estar geral dos indivíduos e coletividades. Costuma-
se dividir a prevenção primária em dois níveis, o da promoção da
saúde e da proteção específica.
Foto: Shutterstock.com
PROMOÇÃO DA SAÚDE
Engloba as ações que visam ao bem-estar geral, sem visar à
nenhuma doença em particular. O foco é a qualidade de vida de
indivíduos e comunidades, contribuindo para prevenir o
desenvolvimento de processos patogênicos. Alguns exemplos são a
educação alimentar, incentivo à prática de atividades físicas,
campanhas contra o uso de álcool ou tabaco etc.
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PROTEÇÃO ESPECÍFICA
Também ocorre no período pré-patogênico, mas as ações são
dirigidas ao combate de enfermidades específicas. Nessa categoria,
estão vacinação, exame pré-natal, eliminação de focos de vetores de
doenças, distribuição de preservativos, adoção de medidas
ergonômicas e ginástica laboral no ambiente de trabalho, entre
outras.
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
Diz respeito às ações desenvolvidas junto a pacientes que já se
encontram doentes, mas em um estado inicial da enfermidade. A
intenção é evitar o agravamento da doença. Nesse nível, os
tratamentos visam evitar complicações ulteriores decorrentes da
evolução da doença, como invalidez ou enfermidades secundárias.
Aqui, as intervenções são relevantes por limitar a extensão das
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lesões e retardar o aparecimento de complicações. Isso acontece em
dois níveis:
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
PRECOCE
LIMITAÇÃO DE INCAPACIDADES E
DEFICIÊNCIAS
 EXEMPLO
Exames periódicos de saúde (check-ups), intervenções médicas ou
cirúrgicas precoces. No caso das atividades físicas, programas
delineados para pacientes em estágio inicial de hipertensão ou
síndrome metabólica podem ser classificados como de prevenção
secundária.
PREVENÇÃO TERCIÁRIA
Diz respeito às ações de reabilitação do paciente. Envolve práticas
que são aplicadas quando o paciente apresenta uma evolução
significativa da enfermidade, que passa a se manifestar de forma
crônica ou deixa sequelas. Estratégias de prevenção terciária
buscam atenuar as limitações resultantes das doenças, para que
tragam o menor prejuízo possível à vida cotidiana dos pacientes e
familiares. O propósito é contribuir para que o indivíduo aprenda a
conviver com sua condição de saúde e leve uma vida produtiva e
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com qualidade. Temos como exemplos a terapia ocupacional,
próteses e órteses e programas de reabilitação em geral.
ALGUNS AUTORES AINDA MENCIONAM
A EXISTÊNCIA DE UM QUARTO NÍVEL, A
PREVENÇÃO QUATERNÁRIA. AQUI,
SERIAM INCLUÍDAS AS AÇÕES PARA
PREVENIR UMA MEDICALIZAÇÃO
EXAGERADA, EVITANDO INTERNAÇÕES
OU MEDICAÇÃO DESNECESSÁRIAS.
ADMITE-SE QUE A DOENÇA ESTÁ
CRONICAMENTE ESTABELECIDA E
INTERVÉM-SE PARA REDUZIR OS
DESCONFORTOS MÉDICOS DE SEU
TRATAMENTO AO MÍNIMO POSSÍVEL.
Para resumir:
• Prevenção primária: Busca conscientizar e imunizar,
prevenindo a doença antes que possa se desenvolver.
• Prevenção secundária: Busca detectar precocemente os
problemas, com o objetivo de tratar a doença ainda no estágio
inicial.
• Prevenção terciária: Busca a reabilitação, através de
procedimentos para diminuir os sintomas e complicações da
doença.
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• Prevenção quaternária: Busca evitar intervenções e limitar a
prescrição de medicações, através de ações que minimizem os
efeitos colaterais de procedimentos considerados excessivos e
até mesmo evitar a sua realização.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
 Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que
eu te explico.
Níveis de prevenção da primária a quaternária
Para fechar o presente módulo, passamos a discutir as fases de
instalação das doenças. Quando nos referimos à história natural da
doença, designamos a descrição da sua progressão, desde o
momento da exposição aos agentes causais até seu desfecho (cura
ou morte).
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O conhecimento da forma pela qual evoluem as doenças consiste em
uma das preocupações principais da epidemiologia, tendo papel
central na definição das ações para o seu controle. Como dito, a
epidemiologia pode ser entendida como uma ciência que estuda os
processos saúde-doença e como seus determinantes se distribuem
na sociedade.
Em geral, são esquematizadas três classes de fatores no processo
saúde-doença:
AGENTE
HOSPEDEIRO
AMBIENTE
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A suscetibilidade do hospedeiro ao agente etiológico é influenciadapelas características do ambiente, que pode favorecer a evolução
patológica ou a resistência à doença. Com base nisso, Leavell e Clark
(1976) propuseram quatro estágios para a instalação das doenças:
Interação estímulo-hospedeiro

Patogênese precoce

Doença precoce discernível

Doença avançada
Além disso, identificaram quatro fases da evolução na história natural
das doenças, as quais podem ser associadas aos seus níveis de
prevenção:
Fase inicial ou de suscetibilidade
Fase patológica pré-clínica
Fase clínica
Fase de incapacidade residual
A seguir, veremos cada uma dessas fases de maneira mais detalhada.
FASE SUBCLÍNICA
As duas primeiras fases – suscetibilidade e pré-clínica – são
consideradas pré-patogênicas.
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Na fase de suscetibilidade, temos o período em que a doença ainda
não se manifestou clinicamente, mas fatores de risco podem ser
identificados e, portanto, atenuados para prevenir a enfermidade. A
fase pré-clínica compreende os períodos de interação estímulo-
suscetível e de alterações bioquímicas, fisiológicas e
histopatológicas. Em ambos, ainda não se observam sintomas,
apesar de já ter havido alterações patológicas no organismo.
No período interação estímulo-suscetível, os fatores para o
desenvolvimento da doença estão presentes, apesar de ela não ter
evoluído a maiores proporções.
No período de alterações bioquímicas, fisiológicas e
histopatológicas, a doença já se encontra instalada, mesmo que não
haja sintomatologia clínica. Nesse momento, exames laboratoriais
específicos são capazes de revelar o processo patogênico.
O curso da doença nas fases de suscetibilidade e pré-clínica pode ser
considerado como subclínico (ou seja, abaixo do limiar clínico),
evoluindo para a cura ou para a fase clínica. Iniciativas compatíveis
com a prevenção primária e secundária aplicam-se a essas fases da
evolução das doenças. No caso da atenção primária, temos ações
como vacinação, uso de equipamentos de proteção individual,
adoção de hábitos saudáveis etc. No caso da prevenção secundária,
incluem-se estratégias de diagnóstico precoce, como tecnologias de
rastreio (p. ex., teste do pezinho), exames periódicos ou sistemas de
vigilância epidemiológica – no Brasil, temos o VIGITEL, que faz um
excelente trabalho nesse sentido.
FASE CLÍNICA
Marca o início do período patogênico da doença, caracterizando-se
pela expressão de sinais e sintomas claros e danos a órgãos e
sistemas. A doença pode apresentar diferentes níveis de gravidade e
evoluir para a cura, óbito, ou ainda para uma estabilização crônica.
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 ATENÇÃO
Em termos epidemiológicos, divide-se, então, o período clínico em
uma fase de sinais e sintomas e outra de cronicidade. Medidas
preventivas nesta fase coadunam-se com a prevenção secundária,
buscando intervir adequadamente para evitar o agravamento da
enfermidade e potenciais sequelas.
Em termos epidemiológicos, é fundamental para um correto manejo
da fase clínica das doenças o acesso universalizado das populações
a serviços de saúde.
FASE DE INCAPACIDADE RESIDUAL
Lida-se com as consequências das doenças, seja pelas sequelas por
elas produzidas ou pelo controle de condições patológicas que se
tornaram crônicas. Nesta fase, aplicam-se estratégias de prevenção
terciária, sendo possível intervir por meio de uma grande
multiplicidade de ações nos níveis ambulatorial, hospitalar,
educacional, ambiental, legislativo etc., buscando aumentar a
capacidade dos pacientes em lidar com a doença (cirurgias,
medicamentos, próteses, educação, treinamento, terapia ocupacional
etc.) e modificar o próprio ambiente (asilos, centros de reabilitação,
construções adaptadas etc.).
A figura a seguir resume as fases de instalação das doenças no
curso de sua história natural, associando-as aos níveis de prevenção
comumente aceitos em medicina preventiva.
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Imagem: Pereira, 2005. Adaptado por Paulo de Tarso Veras Farinatti.
Fases de instalação das doenças (história natural) e níveis de
prevenção associados.
Imagem: Pereira, 2005. Adaptado por Paulo de Tarso Veras Farinatti.
Fases de instalação das doenças (história natural) e níveis de
prevenção associados.
O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NA PREVENÇÃO DE
DOENÇAS
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O doutor Paulo de Tarso Veras Farinatti fala sobre os principais
indicadores epidemiológicos, as versões longa e curta do WHOQOL e
sua aplicabilidade e os níveis de prevenção de doenças.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Dimensões da OMS para avaliar a saúde e a qualidade de vida
Dimensões da OMS para avaliar a saúde e a qualidade de vida
Apresentação do WHOQOL e WHOQOL breve
Apresentação do WHOQOL e WHOQOL breve
Níveis de prevenção da primária a quaternária
Níveis de prevenção da primária a quaternária
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANTO AOS PRINCIPAIS INDICADORES
EPIDEMIOLÓGICOS DE SAÚDE, PODE-SE AFIRMAR QUE:
A) Focam exclusivamente variáveis relacionadas à ausência de
doenças e bem-estar físico, mental e social.
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B) Incluem taxas de morbimortalidade, incapacidade, informações
nutricionais, demográficas econômicas, ambientais e de acesso aos
serviços de saúde.
C) São mais completos em relação aos indicadores compostos de
qualidade de vida.
D) Não são tão úteis quanto os indicadores de qualidade de vida para
planejamento em longo prazo.
E) São índices únicos e melhor interpretados separadamente do que
em conjunto.
2. EM RELAÇÃO ÀS FASES DE INSTALAÇÃO DAS
DOENÇAS E NÍVEIS DE PREVENÇÃO, É CORRETO
AFIRMAR QUE:
A) Na fase pré-patogênica, incluem-se as fases pré-clínica e clínica,
cabendo intervenções de prevenção secundária.
B) Na fase clínica, temos preocupação com as sequelas das doenças,
cabendo intervenções de prevenção terciária.
C) A fase de suscetibilidade é o momento mais propício para que se
intervenha com ações de prevenção primária.
D) Ações de prevenção quaternária são típicas da fase de
incapacidade residual.
E) Na fase de interação estímulo sensível, os sintomas das doenças
são claros, intervindo-se sobretudo com ações de prevenção
secundária.
GABARITO
1. Quanto aos principais indicadores epidemiológicos de saúde,
pode-se afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
 
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A complexidade do conceito de saúde exige que se adotem
perspectivas variadas de avaliação, incluindo mortalidade,
morbidade, incapacidade física, grau de autonomia das pessoas,
estrutura etária da população, qualidade da prestação de serviços de
saúde etc.
2. Em relação às fases de instalação das doenças e níveis de
prevenção, é correto afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
 
Na fase de suscetibilidade, a doença ainda não se manifestou
clinicamente, mas fatores de risco podem ser identificados e
atenuados para prevenir a enfermidade.
MÓDULO 3
 Identificar as recomendações de agências normativas para
prescrição de exercícios físicos
RECOMENDAÇÕES DO COLÉGIO
AMERICANO 
DE MEDICINA DO ESPORTE
(ACSM)
O último posicionamento oficial do ACSM relativo à prescrição de
exercícios para manter uma aptidão física adequada foi publicado em
2011 (GARBER et al., 2011).
Seu objetivo foi oferecer orientações adequadas aos profissionais
que prescrevem exercícios individualizados para adultos saudáveis13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA
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de todas as idades.

No entanto, as recomendações também se aplicam a adultos com
doenças crônicas, principalmente as de natureza cardiovascular ou
metabólica.
Cabe ressaltar que esse posicionamento oficial não foi estruturado
para orientações no treinamento de atletas. O foco é o exercício
físico, ou seja, a prática intencional de atividades físicas com um
objetivo preestabelecido. Atividade física, exercício e aptidão física
são termos correlatos, mas não têm o mesmo significado.
Atividade física
Foto: Shutterstock.com
Pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido
pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior
do que os níveis de repouso. Desse modo, todo movimento corporal
que realizamos, como as atividades domésticas, lavar o carro,
passear com o cachorro, brincar, entre outros, constituem atividades
físicas. Logo, todos realizamos atividades físicas em algum nível.
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Exercício físico
Quando as atividades físicas são realizadas com a finalidade de
desenvolver aspectos específicos da capacidade de se realizar
trabalho, precisam ter características relacionadas à natureza desse
trabalho. Essa intencionalidade caracteriza o conceito de exercício
físico.
Foto: Shutterstock.com
Os exercícios físicos consistem em atividades físicas planejadas,
sistematizadas e repetitivas que visam alcançar objetivos específicos.
Em geral, programas de exercícios físicos são delineados para
preservar ou melhorar um ou mais componentes relacionados da
aptidão relacionada à saúde ou ao desempenho.
Logo, atividade física e exercício físico diferenciam-se em virtude da
intencionalidade do movimento. Em linhas gerais, todo exercício
físico pode ser considerado atividade física. No entanto, são
atividades planejadas com estímulos controlados, produzindo
resultados que podem ser acompanhados e previstos.
Aptidão física
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O CONCEITO DE EXERCÍCIO FÍSICO, UMA
VEZ LIGADO À NOÇÃO DE FATORES
TREINÁVEIS, CONDUZ NATURALMENTE
À NOÇÃO DE APTIDÃO FÍSICA.
Em contraste com a atividade física, que concerne aos movimentos
que realizamos, a aptidão física refere-se a um conjunto de atributos
que as pessoas possuem ou desejam alcançar. Melhorar a aptidão
física significa aumentar a capacidade de realizar tarefas diárias, com
menos fadiga e eficiência.
Imagem: Shutterstock.com
A aptidão física relacionada à saúde engloba as qualidades físicas
necessárias para a realização das atividades cotidianas e prevenção
de doenças, principalmente as de natureza crônico-degenerativa.
Uma vez influenciada em larga medida por aspectos fisiológicos,
aceita-se que níveis mínimos em seu desenvolvimento tendem a
oferecer alguma proteção aos distúrbios orgânicos relacionados ao
envelhecimento e estilos inativos de vida.
 ATENÇÃO
Programas de exercícios com ênfase na aptidão física relacionada à
saúde costumam incluir estímulos para a preservação ou incremento
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da capacidade aeróbia (ou cardiorrespiratória), força muscular
(máxima e resistência), flexibilidade e composição corporal
adequada.
APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E
COMPOSIÇÃO CORPORAL
Nas esferas de aptidão cardiorrespiratória e composição corporal
situam-se a maior parte das evidências disponíveis, com efeitos
benéficos tanto na capacidade de trabalho físico quanto na
prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas (hipertensão,
obesidade, diabetes, doença coronariana etc.).
AS RELAÇÕES ENTRE APTIDÃO
CARDIORRESPIRATÓRIA E FATORES DE
RISCO PARA ESSAS DOENÇAS TENDEM
A SER PARALELOS COM AQUELES
ASSOCIADOS AO NÍVEL DE ATIVIDADE
FÍSICA. OS DEMAIS COMPONENTES DA
APTIDÃO FÍSICA TERIAM IMPACTO EM
FUNÇÕES IMPORTANTES PARA A
SAÚDE, PORÉM, MAIS ESPECÍFICAS,
COMO FORÇA E MOBILIDADE
NECESSÁRIAS PARA A INDEPENDÊNCIA
FUNCIONAL, PREVENÇÃO DA
SARCOPENIA, OSTEOPOROSE E
OUTROS COMPROMETIMENTOS DO
APARELHO LOCOMOTOR.
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Volume
O volume de atividades físicas necessário para efeitos benéficos à
saúde é amplamente discutido.
Reconhece-se que comportamentos que envolvam maiores níveis de
atividades são, em princípio, aqueles que acarretam maiores
benefícios.
 
Contudo, a quantidade e qualidade ideais para a obtenção desses
efeitos ainda é contraditória na literatura.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E
PRÁTICAS
A duração recomendada pelo ACSM para sessões de treinamento
aeróbio é de 20 a 60 minutos, com a busca do equilíbrio entre
intensidade e duração à medida que a capacidade cardiorrespiratória
aumenta.
Com base em estudos epidemiológicos, sugere-se um gasto
energético de aproximadamente 1000kcal por semana (ou 150
minutos por semana) com atividades moderadas a vigorosas (3-6
METs para pessoas com cerca de 70-90kg), o que equivaleria a 30-60
minutos por dia.
MET
Equivalente metabólico; 1 MET corresponde à energia suficiente
para um indivíduo permanecer em repouso. De modo prático, o
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MET representa o número de vezes pelo qual o metabolismo de
repouso foi multiplicado durante uma atividade específica.

Em iniciantes fisicamente inativos, um montante de 20 minutos por
dia parece já surtir efeitos positivos sobre a saúde.
Uma recomendação que poderia contribuir com a individualização do
volume de atividades seria equacioná-lo com base na aptidão física.


Assim, a redução do risco tenderia a ser maior em indivíduos com
maior aptidão cardiorrespiratória.
Por outro lado, também necessitariam de menor volume de atividades
para um impacto no risco equivalente ao observado naqueles com
menor capacidade cardiorrespiratória.

Intensidade
Para a melhoria da aptidão cardiorrespiratória, a importância da
intensidade aumenta – de fato, trata-se do principal componente de
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adaptações em longo prazo na aptidão cardiorrespiratória.
O ACSM recomenda:
Indivíduos iniciantes
Exercícios com intensidade leve a moderada (40-70% da capacidade
máxima de consumo de oxigênio ou VO2máx).

Praticantes treinados
Indicam-se intensidades moderadas a vigorosas (até 90% VO2max).
PARA O INDIVÍDUO MÉDIO, A FAIXA DE
INTENSIDADE CONSIDERADA COMO
SENSÍVEL AO TREINAMENTO VARIA
ENTRE 60 E 90% DO VO2MÁX.
Duração
O padrão de realização dos exercícios físicos também foi abordado.
Indica-se que sessões de ao menos 10 minutos poderiam ser feitas
de maneira acumulada, para atingir os 30 minutos diários desejáveis.
Esses efeitos, contudo, seriam mais propensos a ocorrer em fatores
de risco cardiovascular do que na aptidão cardiorrespiratória.
Isso parece não ocorrer quando o padrão se aproxima do que se
denominou “guerreiros de fim de semana”.

Nesses casos, acumular 150 minutos de atividade aos sábados e
domingos, com amplos volumes de atividades concentrados em
poucos dias, teria riscos bem estabelecidos, enquanto os benefícios
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seriam duvidosos, principalmente em indivíduos com fatores de risco
observados.

Ao menos nesses casos, a regularidade parece ser um aspecto
fundamental dos

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