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13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 1/100 DESCRIÇÃO Apresentação de dados epidemiológicos sobre mortalidade e morbidade relacionados ao sedentarismo, intervenções voltadas à prevenção de doenças e recomendações de órgãos normativos para prática de atividades físicas voltadas à saúde. PROPÓSITO O domínio das relações entre a prática de atividade física como estratégia de prevenção primária de doenças crônico-degenerativas é importante para o profissional prescrever exercícios físicos para diferentes populações. OBJETIVOS 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 2/100 MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos e os princípios básicos da epidemiologia relacionados à prática de atividades físicas para a prevenção de doenças MÓDULO 2 Identificar os indicadores epidemiológicos das condições de saúde e da qualidade de vida e as fases de instalação de uma doença e seus níveis de prevenção MÓDULO 3 Identificar as recomendações de agências normativas para prescrição de exercícios físicos INTRODUÇÃO No primeiro módulo deste conteúdo, serão discutidos conceitos básicos de epidemiologia e apresentados dados epidemiológicos sobre mortalidade e morbidade relacionadas à inatividade física ou sedentarismo no mundo e no Brasil, em especial. No segundo módulo, serão discutidos aspectos da qualidade de vida relacionada à saúde, inclusive medidas das condições de saúde. Os conceitos de medicina preventiva e curativa serão contrapostos, com destaque para seus potenciais efeitos sociais e econômicos. Além disso, apresentaremos as fases de instalação de uma doença e seus níveis de prevenção (primária, secundária, terciária e quaternária). Por fim, no terceiro módulo, serão resumidas as recomendações de algumas das principais agências normativas quanto às características da 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 3/100 prescrição de atividades físicas, visando prevenir doenças e promover a saúde. Em virtude de suas características, diversidade e alcance, foram selecionadas para detalhamento as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos e os princípios básicos da epidemiologia relacionados à prática de atividades físicas para a prevenção de doenças A DEFINIÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA E O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA ETIMOLOGICAMENTE, A PALAVRA EPIDEMIOLOGIA VEM DO GREGO EPI (SOBRE) + DEMO (POVO) + LOGOS (ESTUDO OU CONHECIMENTO). ASSIM, TERÍAMOS NA EPIDEMIOLOGIA A CIÊNCIA QUE ESTUDA EVENTOS OU FATORES QUE AFETAM AS POPULAÇÕES. Na área da saúde, o termo designa a ciência que estuda o processo de desenvolvimento das doenças e as condições de saúde em coletividades humanas, sua distribuição e determinantes. Com base nisso, estimam-se 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 4/100 potenciais danos à saúde coletiva, propondo-se medidas de prevenção e controle a partir de indicadores que subsidiam o planejamento, a condução e a avaliação das ações de saúde. Uma vez que a saúde é uma noção multifatorial, a epidemiologia adota métodos e técnicas de diferentes áreas das Ciências Biológicas, Ciências Sociais e Estatística com vistas aos seguintes objetivos: Foto: Shutterstock.com Descrever as condições de saúde das populações. Promover o ensino e a pesquisa em saúde. Investigar os determinantes das condições de saúde das populações. Avaliar o impacto das estratégias para modificar a situação de saúde das coletividades. Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te explico. Objetivos da Epidemiologia javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 5/100 Um dos princípios básicos da epidemiologia é a noção de que qualquer evento que seja capaz de modificar a saúde das populações (doenças, acesso aos serviços de saúde etc.) não ocorre por acaso em larga escala. Ou seja, tais eventos obedecem a padrões que podem ser determinados e, em algumas situações, previstos. Assim, é possível estimar a suscetibilidade de grupos populacionais para desenvolver certas doenças. Isso acontece porque os fatores predisponentes às enfermidades, frequentemente, não se apresentam igualmente distribuídos, antes organizando-se na forma de aglomerados (Default tooltip) , presentes em alguns grupos mais do que em outros. Esse padrão sofre a influência de fatores diversos, desde características biológicas individuais até aspectos de cunho social, cultural e econômico, passando pelo entorno físico e social. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 6/100 Entende-se, portanto, que o processo saúde-doença se desenvolva de maneira diversa entre grupos populacionais diferentes. ISSO, ALIÁS, LEVA A OUTRO CONCEITO IMPORTANTE: O PROCESSO SAÚDE- DOENÇA. ESSE PROCESSO CONSISTE NO PRINCIPAL OBJETO DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS, BUSCANDO DESCREVER COM DETALHES COMO ASPECTOS MÚLTIPLOS E COMPLEXOS INTERAGEM PARA FAVORECER OU DESFAVORECER O ESTADO DE SAÚDE DAS COLETIVIDADES, BEM COMO AS MANEIRAS DE INFLUENCIÁ-LOS ATRAVÉS DA INTERVENÇÃO HUMANA. PERSPECTIVA HISTÓRICA DA EPIDEMIOLOGIA Em uma perspectiva histórica, a epidemiologia evoluiu à medida que a ciência provia novas informações sobre o processo saúde-doença, até consolidar-se no corpo de conhecimentos de que hoje se dispõe. Essa evolução deu-se em paralelo àquela do próprio conceito de saúde (FARINATTI; FERREIRA, 2006). Desde as sociedades primitivas, predominava uma concepção de saúde, derivada da ausência de enfermidades, influenciada principalmente por comportamentos individuais. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 7/100 As noções de saúde e doença, portanto, revestiam-se de uma base paradigmática comportamental. O rico ambiente científico na era iluminista levaria ao desenvolvimento de métodos quantitativos e estratégias estatísticas para comparar as observações clínicas nas populações. A observação e a quantificação em grande escala das influências ambientais sobre os indivíduos contribuiriam, paulatinamente, com a valorização do que se entendia como história natural da doença para a compreensão dos casos clínicos. Começava, então, a desenvolver-se um pensamento sanitário para subsidiar as estratégias de promoção da saúde HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Consiste no fluxo no qual o processo de adoecimento está inserido, desde a exposição ao agente causador até a cura ou morte. Esse embrião de visão epidemiológica, nascido do desejo de quantificar estatisticamente as doenças que acometiam os povos, modificou a noção de contágio, estabelecendo-se a convicção de que isso seria javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 8/100 potencializado pelas condições mais gerais de vida. Aplicavam-se métodos epidemiológicos em investigações clínicas e propunham-se as primeiras sistematizações de informações para o planejamento de ações de saúde, incluindo a higiene e melhorias ambientais (saneamento básico etc.). O entendimento do processo saúde-doença tinha como princípio a observação do ambiente em que as enfermidades se desenvolviam. A visão epidemiológica predominou entre os séculos XVII e XIX no entendimento das relações entre saúde e doença. A prevenção das enfermidades e as iniciativas de saúde pública avançaram com base na quantificaçãodos eventos mórbidos e medidas epidemiológicas de natureza coletiva (LEAVELL; CLARKE, 1976). O final do século XIX foi marcado pelo advento da era bacteriológica, que viria de certo modo eclipsar a perspectiva epidemiológica: a ênfase em um amplo conjunto de fatores determinantes da saúde foi substituída pelo poder de um paradigma que pretendia determinar as causas específicas de cada doença – a chamada doutrina da etiologia específica. Esse modelo biomédico fundado na microbiologia seria imposto a todas as outras perspectivas, dominando o cenário médico e científico até meados do século XX, com a criação da OMS e o início do desenvolvimento de uma visão mais positiva de saúde. Um novo paradigma se sobrepunha à visão epidemiológica, com os esforços da medicina concentrando-se na 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 9/100 identificação dos agentes etiológicos (germes) envolvidos na transmissão de doenças infectocontagiosas responsáveis por altas taxas de morbimortalidade, bem como ao desenvolvimento de medidas para sua prevenção e tratamento (FARINATTI; FERREIRA, 2006). Imagem: WHO / Wikimedia Commons / Domínio Público A partir dos anos 1950, com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), passou-se a estimular uma visão de saúde como mais do que a ausência de doenças – sedimentava-se a noção de um estado decorrente de bem-estar nas esferas física, mental e social. Desde então, reconhece- se que a saúde dos indivíduos e povos resulta de fatores biológicos, sociais, ambientais, econômicos e institucionais. Nas últimas décadas, vem se impondo uma perspectiva biopsicossocial de saúde, que, evidentemente, influenciou o pensamento epidemiológico. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 10/100 Foto: Shutterstock.com A epidemiologia clínica moderna firmou-se como uma ciência que reconhece como determinantes da saúde fatores interligados de igual importância. De certo modo, combinam-se as perspectivas comportamental e ambiental dos entendimentos de saúde precedentes. Logo, a avaliação das condições de saúde de uma população deveria envolver não só a busca de agentes etiológicos das doenças, mas também a compreensão de como o ambiente físico e social aumenta as chances de seu aparecimento e molda comportamentos que favorecem as enfermidades e limitam as possibilidades de realização pessoal (saúde mental e social). TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA O sucesso na prevenção de doenças infectocontagiosas e a melhoria geral das condições de vida das populações levou ao fenômeno da transição epidemiológica, que também influenciou nas ferramentas aplicadas nos levantamentos epidemiológicos. Esse conceito proposto por Abdel-Rahmin Omran (OMRAN, 1971) designa as mudanças que ocorreram ao longo do século XX nos padrões de 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 11/100 morbimortalidade nas populações, acarretando transformações simultâneas nas esferas demográfica, social e econômica. De fato, o perfil de morbimortalidade é um indicador relativamente sensível das condições de vida de uma população. O PROCESSO DE TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA INCLUI TRÊS MUDANÇAS BÁSICAS: Migração das taxas de morbidade e mortalidade de uma maior prevalência de doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas. Menor mortalidade precoce, com prevalência maior de taxas de morbimortalidade em grupos mais idosos versus jovens. Deslocamento de uma situação em que predomina a mortalidade para outra, na qual predominam as taxas de morbidade. Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te explico. Modelo de transição epidemiológica É fácil compreender que, em sociedades nas quais a transição epidemiológica ocorre, as necessidades em termos de estratégias de prevenção de doenças e promoção da saúde modificam-se. O foco migra javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 12/100 da prevenção do contágio de doenças e mortalidade precoce para outro, centrado no desenvolvimento de condições de vida ao mesmo tempo capazes de prevenir doenças crônico-degenerativas e favorecer a realização pessoal, com preenchimento dos anos adicionais de vida conquistados. COMPRESSÃO DA MORBIDADE Isso nos leva a um dos conceitos epidemiológicos mais importantes para discutir o impacto de intervenções para a promoção da saúde em sociedades pós-transição epidemiológica – a noção de compressão da morbidade. ATENÇÃO Esse conceito, originalmente proposto por James F. Fries (1980 e 1989), trabalha com a hipótese de que, uma vez que a esperança de vida das populações se aproxima do limite máximo genético, o efeito das intervenções para melhorar as condições de saúde seria traduzido pelo retardamento de doenças incapacitantes. Assim, nas últimas décadas atravessaríamos uma nova transição epidemiológica, na qual a esperança de vida não se alteraria significativamente, mas sim a forma pela qual os anos adicionais conquistados pelos avanços da medicina seriam aproveitados. Em outras palavras, como a esperança de vida adulta tende a aproximar-se cada vez mais do limite biológico, estratégias para promover saúde deveriam investir na redução dos anos de morbidade incapacitante, ou seja, na compressão da morbidade, conforme ilustrado na figura a seguir. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 13/100 Imagem: Paulo de Tarso Veras Farinatti. Compressão da morbidade, representação esquemática. EV: Esperança total de vida; MC: Margem de cuidados; MS: Margem de saúde; EVI: Esperança de vida com incapacidades; EVA: Esperança de vida ativa. A situação ‘A’ representa a linha de base, evoluindo para a situação ‘B’ (ausência de compressão da morbidade) ou para a situação ‘C’ (presença de compressão da morbidade). Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te explico. Compressão da morbidade As estatísticas demográficas tendem a fortalecer a hipótese da compressão da morbidade. Observa-se que o declínio funcional associado ao javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 14/100 envelhecimento tende a ocorrer em idades cada vez mais avançadas. O período em que as incapacidades decorrentes de doenças se acumulam ao ponto de gerar dependência vem diminuindo. Estudos relativamente recentes levantaram evidências de que países com índices elevados de desenvolvimento humano vivem uma compressão relativa ou absoluta da morbidade. Os dados indicam que a prevalência de doenças crônicas e incapacitantes com diferentes graus de severidade diminui constantemente. Existe hoje certo consenso de que o padrão ideal para um envelhecimento bem-sucedido estaria associado a uma vida longa e produtiva, seguida de um rápido declínio da autonomia e da morte. ATUAÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA Em relação à atuação da epidemiologia, em geral propõem-se três grandes áreas: Descrição das condições de saúde da população, usualmente com recurso a indicadores de saúde. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 15/100 Investigação dos fatores determinantes das doenças, como no caso da identificação de agentes etiológicos (vírus, bactérias etc.) ou fatores de risco (inatividade física, tabagismo, obesidade etc.). Avaliação da eficácia de ações para melhorar as condições de saúde. Exemplos comuns são as obras de saneamento básico ou campanhas de vacinação.A descrição das condições de saúde de uma população depende de um correto diagnóstico da situação de saúde, primeiro passo para se que implementem ações para resolver os problemas coletivos de saúde. Para tanto, empreende-se uma coleta sistemática de dados sobre a saúde da população, incluindo informações demográficas, econômicas, sociais, culturais e ambientais. A partir dessas informações, compõem-se os indicadores de saúde. Os resultados dessa avaliação diagnóstica subsidiarão hipóteses acerca dos fatores envolvidos em um dado cenário epidemiológico, assim como planos de ação visando minimizar os problemas identificados. Foto: Shutterstock.com Um aspecto importante do diagnóstico da situação de saúde é o estabelecimento do risco de desenvolvimento das doenças. Em resumo, estima-se o risco ou a probabilidade de que uma doença se instale. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 16/100 Em epidemiologia, o conceito de risco é definido como o grau de probabilidade da ocorrência de um determinado evento, revestindo-se de diversas ramificações, das quais duas podem ser consideradas como principais: Risco relativo (razão de risco – RR) O RR refere-se a quantas vezes os indivíduos expostos a determinados fatores têm mais risco de desenvolver uma doença, em comparação com indivíduos não expostos. Razão de chances (odds ratio – OR) A OR indica se a chance de se desenvolver uma doença específica no grupo de indivíduos expostos é maior (ou menor) do que no grupo de não expostos. A DIFERENÇA ENTRE RR E OR RESIDE NO FATO DE O PRIMEIRO ILUSTRAR O RISCO OU A PROBABILIDADE DE ADOECER, ENQUANTO O SEGUNDO DESIGNA A CHANCE DE ADOECER. Explica-se: No cálculo da probabilidade, compara-se o número de casos favoráveis com o de casos possíveis. No cálculo da chance, compara-se o número de casos favoráveis com o de casos desfavoráveis. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 17/100 O RR corresponde à divisão da incidência do desfecho em expostos e não expostos. Imagine que um estudo encontre que entre vendedores ambulantes a incidência de câncer de pele tenha sido de 10%, sendo apenas de 2% entre trabalhadores administrativos. O RR para a ocorrência de câncer de pele, portanto, foi cinco vezes maior nos trabalhadores ambulantes que nos trabalhadores administrativos. No cálculo do RR, estima-se a probabilidade da ocorrência de um evento. A OR É CALCULADA PELA RAZÃO DE PRODUTOS CRUZADOS (A.D)/(B.C) , ISTO É, A MULTIPLICAÇÃO DO ESPERADO DIVIDIDO PELA MULTIPLICAÇÃO DO INESPERADO. Digamos que, em um grupo de indivíduos classificados como fisicamente inativos, tenha-se observado a ocorrência de 45 (a = Fator esperado) infartos do miocárdio (15%), enquanto 255 (b = Fator inesperado) indivíduos não tenham sofrido este evento (85%). Por outro lado, em um grupo classificado como fisicamente ativo, os infartos do miocárdio aconteceram em 15 (c = Fator inesperado) indivíduos (5%), enquanto outros 285 (d = fator esperado) não foram acometidos (95%). A chance de ocorrência de infarto, portanto, foi aproximadamente 3,4 vezes maior entre os indivíduos fisicamente inativos versus inativos. Na OR, não se estima a probabilidade (casos ocorridos entre os possíveis), mas sim a chance da ocorrência de um evento, visto que se trata da divisão do esperado (a.d) pelo inesperado (b.c). ATENÇÃO 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 18/100 Com base na determinação de fatores de risco, é possível estabelecer um prognóstico, ou seja, se o indivíduo acometido por determinada condição patológica terá maior ou menor probabilidade de desenvolver outras complicações ou maior/menor tempo de sobrevida. Esse fator de prognóstico é definido a partir de variáveis quantificadas na fase de diagnóstico, que podem ser utilizadas em modelos preditores. A determinação de prognósticos consiste em uma das aplicações principais da epidemiologia clínica. Fatores de prognóstico são muito utilizados para estimar sobrevida em pacientes com neoplasias e determinados tipos de doença cardíaca. Os desfechos possíveis relacionados a um fator de prognóstico são a determinação de sobrevida, letalidade, mortalidade associadas a doenças específicas, bem como sua remissão ou recorrência. Mais recentemente, a identificação de biomarcadores diversos vem atribuindo uma nova perspectiva aos fatores de prognóstico, permitindo a intervenção médica antes mesmo de os sintomas da doença aparecerem. Para além disso, biomarcadores podem fornecer informações preciosas quanto às possibilidades de resposta a tratamentos específicos. Imagem: Shutterstock.com Os indicadores de saúde produzidos pelos dados epidemiológicos permitirão o planejamento e organização de serviços de saúde compatíveis com as necessidades de saúde das populações. Portanto, quanto mais localizada e específica for a avaliação da situação de saúde de uma população, mais fácil e eficiente será o planejamento das ações de saúde e a organização dos serviços a ela oferecidos. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 19/100 ATIVIDADE FÍSICA, PREVENÇÃO DE DOENÇAS E IMPACTO NAS TAXAS DE MORBIMORTALIDADE A atividade física aparece na literatura como um dos fatores relacionados aos modos de vida capaz de atenuar o risco de desenvolvimento de diversas enfermidades. Desse modo, o estímulo a estilos de vida ativos é considerado central nas políticas públicas de promoção da saúde, seja por meio de campanhas de informação, apoio a mudanças de comportamento ou modificações no meio ambiente, tornando-o mais adequado para as atividades físicas. Foto: Shutterstock.com Em geral, pode-se dizer que essa aceitação inicia a partir de estudo que analisou a incidência de doença coronariana em motoristas de ônibus ativos e sedentários, que trabalhavam nos transportes coletivos em Londres (MORRIS et al., 1953). Um menor nível de atividades físicas associou-se à maior prevalência de doença cardiovascular. São diversos os estudos posteriores com diferentes populações e modalidades de atividades físicas, ratificando a premissa de que um 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 20/100 comportamento sedentário aumenta o risco para doenças crônico- degenerativas em geral. Em 1980, a ocorrência de doença coronariana foi acompanhada junto a mais de 17 mil servidores civis britânicos, durante mais de oito anos. Constatou-se que a incidência, a gravidade e o tempo de recuperação foram significativamente menores naqueles que se envolviam usualmente em atividades físicas vigorosas (MORRIS et al., 1980). Um dos grupos mais produtivos no estudo das relações entre atividade física e saúde foi o coordenado por Ralph Paffenbarger. No início da década de 1970, publicaram-se dados de mais de 6,5 mil trabalhadores da região de São Francisco, acompanhados durante 22 anos. Os indivíduos cuja atividade correspondia a um gasto calórico de pelo menos 8.500kcal/semana exibiram menor risco para desenvolver doença coronariana (PAFFENBARGER et al., 1970; PAFFENBARGER; HALE, 1975). SAIBA MAIS Anos mais tarde, o mesmo grupo publicou dados de quase 17 mil ex-alunos de Harvard acompanhados por 16 anos. Houve uma clara relação entre a prática regular de atividades físicas e menores taxas de morbimortalidade entre aqueles que dispendiam pelo menos 2000kcal/semana com exercícios moderados a vigorosos. Outro centro que muito contribuiu para o entendimento do binômio atividade física e saúde foi o Institute for Aerobic Research, em Dallas (Texas, EUA). Um dos estudos mais conhecidos foi publicadopor Blair et al. (1989), apresentando taxas de mortalidade de mais de 13 mil homens e mulheres 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 21/100 participantes de programa de treinamento naquele instituto, ao longo de oito anos. As maiores taxas de mortalidade ocorreram entre os indivíduos menos versus mais ativos: 3,5 vezes mais elevadas nos homens e 4,5 vezes nas mulheres. O INDICADOR MAIS PRECISO DE ESPERANÇA DE VIDA FOI NÃO PERTENCER À CATEGORIA SEDENTÁRIA, JÁ QUE DISCRETOS AUMENTOS NA PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS IMPACTARAM NAS TAXAS DE MORBIMORTALIDADE. Recentemente, foi publicado estudo que investigou o impacto da prática de atividades físicas em longo prazo sobre as taxas de mortalidade por todas as causas, doença cardiovascular e câncer em 14.599 homens e mulheres com idades de 40 a 79 anos no Reino Unido, seguidos por cerca de 12 anos (MOK et al., 2019). A atividade física foi quantificada por questionários e mensuração direta de movimentos e frequência cardíaca: Aqueles que, ao longo de cinco anos, aumentaram os níveis de atividade física até atingir o recomendado pela OMS para promoção da saúde (150 minutos por semana) exibiram riscos menores em todas as taxas: 36% menor para mortalidade por todas as causas, 39% para causas cardiovasculares e 11% menor para o câncer. Em relação ao padrão de atividades físicas, as reduções foram de 24%, 38% e 42% para o nível baixo, médio e alto, respectivamente. Em termos populacionais, concluiu-se que atender e manter pelo menos as recomendações mínimas de atividade física para a saúde poderia evitar 46% das mortes associadas à inatividade física. Adultos de meia-idade e idosos, incluindo aqueles com doenças cardiovasculares e câncer, obtiveram benefícios substanciais de 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 22/100 longevidade ao aumentarem seus níveis de atividades físicas, independentemente de fatores de risco já existentes. PODE-SE AFIRMAR, ENTÃO, QUE É CADA VEZ MAIOR O RECONHECIMENTO QUE INICIATIVAS VISANDO À PROMOÇÃO DA SAÚDE DEVAM INCORPORAR O APOIO A MODOS DE VIDA ATIVOS EM QUALQUER IDADE. No Brasil, ainda não existem estudos epidemiológicos quanto às relações entre atividade física e morbimortalidade por todas as causas em grandes populações. No entanto, há levantamentos acerca do perfil de atividades físicas em diversas regiões do país. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2019 (IBGE, 2020), cerca de 40% da população adulta pode ser considerada sedentária ou insuficientemente ativa, ou seja, não praticam atividades físicas ou o fazem por menos do que 150 minutos/semana considerando lazer, trabalho e deslocamento para o trabalho. Desse total, quase 60% das pessoas de 60 anos ou mais era insuficientemente ativa, enquanto o menor nível de sedentarismo foi observado entre 18 e 24 anos de idade (32,8%), seguido de 25 a 39 anos (32,9%). Apenas 34% dos homens adultos envolviam-se com atividades físicas em níveis recomendados para a saúde no tempo livre, enquanto para as mulheres esse percentual foi de 26%. Em domicílio, atividades físicas vigorosas (faxina etc.) eram realizadas durante 150 minutos/semana por 16% dos adultos, principalmente mulheres (22%) em comparação aos homens (9%). 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 23/100 Foto: Shutterstock.com Além das atividades físicas em si, volta-se também para o período de inatividade física como fator de exposição importante – ou seja, as horas em que os indivíduos adotam comportamentos sedentários são tão importantes quanto aquelas em que se envolve com práticas corporais ativas. A prevalência do comportamento sedentário nas populações é, portanto, questão epidemiológica fundamental. Outro aspecto que vem sendo investigado remete à dose-resposta das atividades físicas realizadas, entendida como o volume e a intensidade ideais para que se provoquem efeitos favoráveis em outros fatores de risco e na própria chance de desenvolvimento das doenças. ATENÇÃO Os fatores determinantes de mais ou menos envolvimento com atividades físicas no tempo livre vêm sendo estudados, uma vez que definem a propensão de determinado grupo populacional para adotar estilos ativos de vida. Sobre muitos desses fatores, os indivíduos têm pouco ou nenhum controle, cabendo às coletividades encontrar solução para atenuá-los (equipamentos públicos, segurança, transporte etc.). As informações fornecidas por esses estudos são cruciais para que se identifiquem obstáculos e proponham-se estratégias para superá-los, no 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 24/100 sentido de facilitar a opção pela prática continuada de atividades físicas. Apenas com mais aderência às atividades corporais no tempo livre, teremos nessa prática uma variável capaz de impactar no risco de doenças, qualidade de vida e na própria saúde pública. EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA O doutor Paulo de Tarso Veras Farinatti fala sobre o conceito de epidemiologia e o papel da atividade física como fator de prevenção de doenças e morbimortalidade. VEM QUE EU TE EXPLICO! Objetivos da Epidemiologia Objetivos da Epidemiologia Modelo de transição epidemiológica Modelo de transição epidemiológica Compressão da morbidade Compressão da morbidade 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 25/100 VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA: A) Descrever o estado e as condições de saúde de dada população, assim como obter respostas sobre os determinantes dessas condições. B) Avaliar a mortalidade e a morbidade de grupos populacionais específicos. C) Identificar agentes etiológicos das doenças e fomentar pesquisas para fabricação de vacinas. D) Descrever e identificar comportamentos incompatíveis com a saúde, a fim de elaborar políticas públicas para a prevenção de doenças. E) Armazenar dados demográficos populacionais para estabelecer séries temporais. 2. QUANTO AO IMPACTO DAS ATIVIDADES FÍSICAS NAS TAXAS DE MORBIMORTALIDADE É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Um maior nível de atividades físicas nas populações compromete o fenômeno da compressão da morbidade. B) Níveis menores de atividades físicas são desejáveis quando a pirâmide etária revela maior percentual de idosos na população. C) Pequenos incrementos no tempo livre ocupado com atividades físicas já acarretam impacto favorável nas taxas de morbimortalidade populacional. D) As atividades físicas com potencial benéfico à prevenção de doença cardiovascular são apenas aquelas cuja intensidade é de moderada a vigorosa. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 26/100 E) O tempo ocupado com atividades sedentárias só é importante caso os indivíduos não realizem atividades físicas em volume compatível com o recomendado pela OMS. GABARITO 1. Assinale a alternativa que apresenta objetivos da epidemiologia: A alternativa "A " está correta. Epidemiologia é uma ciência que estuda eventos ou fatores que afetam as populações. Quanto aos aspectos relacionados à saúde, tem o objetivo de avaliar as condições de saúde em que a população se encontra, assim como os fatores determinantes dessas condições. 2. Quanto ao impacto das atividades físicas nas taxas de morbimortalidade é correto afirmar que: A alternativa "C " está correta. Os estudos epidemiológicos indicam que, quanto às atividades físicas, o melhor preditor de esperança de vidaé não pertencer à categoria sedentária e que discretos aumentos em sua prática impactam significativamente nas taxas de morbimortalidade. MÓDULO 2 Identificar os indicadores epidemiológicos das condições de saúde e da qualidade de vida e as fases de instalação de uma doença e seus níveis de prevenção 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 27/100 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA Uma das grandes dificuldades em epidemiologia é medir o padrão de vida em nível populacional. Por outro lado, isso é necessário para a comparação de dados entre diferentes regiões, épocas ou grupos populacionais em um mesmo local e tempo. Nos anos 1950, a OMS formou um Comitê para definir os métodos mais satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida. Evidentemente, índices únicos não poderiam ser utilizados com esse fim. Desde a sua criação, a OMS reconheceu que indicadores de saúde e qualidade de vida deveriam assumir um perfil multifatorial, compatível com a própria forma pela qual se entendem tais construtos. A COMPLEXIDADE DESSES CONCEITOS EXIGE QUE SE ADOTEM PERSPECTIVAS VARIADAS DE AVALIAÇÃO, INCLUINDO MORTALIDADE, MORBIDADE, INCAPACIDADE FÍSICA, GRAU DE AUTONOMIA DAS PESSOAS (PRINCIPALMENTE OS IDOSOS), ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO, QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE ETC. A escolha dos indicadores depende dos objetivos da avaliação, bem como de determinantes metodológicos, éticos e operacionais. Por essas razões, 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 28/100 comitê formado pela OMS sugeriu várias dimensões que poderiam ser consideradas em separado ou conjunto para avaliar a saúde e a qualidade de vida das populações: • Saúde, incluindo condições demográficas (mortalidade, morbidade etc.) • Estado nutricional • Educação, incluindo alfabetização e ensino técnico • Condições de trabalho e situação de emprego • Consumo e economia • Transporte e moradia, incluindo saneamento e qualidade dos domicílios • Vestuário • Recreação • Segurança social • Liberdade e direitos humanos. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 29/100 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te explico. Dimensões da OMS para avaliar a saúde e a qualidade de vida INDICADORES DE SAÚDE Alguns dos principais indicadores de saúde são de natureza demográfica. No entanto, uma crítica usual é o foco em variáveis mais associadas à ausência de saúde (doenças ou morte) do que à saúde propriamente dita, denotando uma abordagem negativa (por exclusão). Os críticos defendem a utilização de indicadores positivos de saúde. No entanto, esses indicadores são mais difíceis de definir, em virtude de certa subjetividade em sua interpretação. EXEMPLO Uma alta natalidade em um país subdesenvolvido pode ser vista como um aspecto negativo, ao passo que em regiões onde essa taxa é baixa historicamente, pode ser interpretada como desejável. javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 30/100 Indicadores positivos da saúde são sempre carregados de subjetividade, já que remetem a conceitos dos quais todos temos uma percepção intuitiva, mas em relação aos quais dificilmente concordamos em sua definição. Esse é o caso de noções como bem- estar, qualidade de vida, normalidade etc. Os principais indicadores epidemiológicos de saúde ainda são aqueles ligados à prevalência e a causas das doenças, como: Taxas de mortalidade ou sobrevivência Taxas de morbidade ou incapacidade Indicadores de nutrição, crescimento e desenvolvimento Aspectos demográficos e condições socioeconômicas Indicadores de saúde ambiental Acesso aos serviços de saúde Imagem: Shutterstock.com A seguir, veremos cada um desses indicadores de maneira mais detalhada. TAXAS DE MORTALIDADE OU SOBREVIVÊNCIA 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 31/100 É o indicador de saúde mais antigo, sendo fácil de operar e interpretar. A morte é um evento inequívoco e, em princípio, os óbitos e suas causas devem ser obrigatoriamente registrados. Com isso, facilita-se o estabelecimento de séries temporais para uma dada causa de mortalidade, por exemplo. ATENÇÃO A principal limitação reside no fato de que a morte se encontra no extremo negativo do processo saúde-doença, provendo informações imprecisas sobre a história natural da doença. Além disso, muitas doenças não têm como desfecho comum a morte, o que leva a uma sub-representação de sua incidência. Uma vez que apenas uma pequena parcela da população falece a cada ano (em geral, 1% do total), mudanças nas taxas mortalidade são lentas e suas informações pouco úteis para planejamentos de prazo curto e médio. TAXAS DE MORBIDADE OU INCAPACIDADE Depois da mortalidade, os indicadores mais utilizados são as taxas de morbidade. O levantamento da prevalência das doenças é tão mais preciso, quanto maior a capilaridade dos sistemas de saúde. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 32/100 Foto: Shutterstock.com No Brasil, em que pesem suas limitações, o Sistema Único de Saúde alcança todas as cidades do país e as informações obtidas são um bom espelho da realidade epidemiológica no país. O conhecimento das taxas de morbidade permite a avaliação dos riscos de acometimento de doenças específicas, bem como de seus fatores determinantes. Com isso, pode-se planejar ações adequadas às diferentes regiões, de acordo com seu perfil epidemiológico, inclusive o oferecimento de serviços de saúde que melhor atendam às demandas identificadas. Séries temporais de morbidade permitem conhecer mudanças relacionadas a certas doenças em prazo relativamente curto, ajudando na adaptação das políticas públicas. INDICADORES DE NUTRIÇÃO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Os indicadores nutricionais podem ser agrupados naqueles de avaliação direta e avaliação indireta. Avaliação direta 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 33/100 São os índices como a mortalidade infantil, renda per capita ou disponibilidade de alimentos. Avaliação indireta São utilizadas avaliações dietéticas (inquéritos dietéticos e consumo de nutrientes), avaliações clínicas (peso, estatura, perímetro cefálico, pregas cutâneas, índice de massa corporal – IMC etc.) ou avaliações laboratoriais (ferro, vitaminas etc.). É fácil compreender que estas últimas são mais difíceis de obter, não apenas pelos custos, mas também pela dificuldade de se estabelecer um “padrão de referência” de normalidade na população. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS Para além da mortalidade, indicadores demográficos comumente considerados na avaliação da saúde são a natalidade, fecundidade e as migrações. Entre os índices mais usados internacionalmente, destacam-se a esperança de vida ao nascer, fecundidade, natalidade, a estrutura etária e a distribuição por sexo da população. Além da facilidade para obter essas informações, sua interpretação é simples e direta. EXEMPLO Quando a população jovem (0-14 anos) predomina sobre a população idosa (> 65 anos), isso costuma ser indicativo de piores condições de vida e saúde do que o inverso. As demandas de cada uma dessas realidades são, igualmente, diversas – enquanto, na primeira, as 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir34/100 necessidades seriam de serviços de saúde materno-infantil, saúde da criança e oferecimento de ensino fundamental, na segunda, as demandas tendem a se concentrar em serviços de atenção ambulatorial e hospitalar, medicamentos de uso contínuo ou suporte social ao idoso. INDICADORES DE SAÚDE AMBIENTAL Os indicadores ambientais incluem as condições de moradia e são estreitamente associados com o nível socioeconômico da população. São informações importantes nessa categoria a extensão da cobertura e a qualidade do saneamento básico (abastecimento de água, coleta de esgoto, lixo e destinação das águas pluviais). INDICADORES DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE Representam o quanto a população pode contar com assistência no caso de acometimento de enfermidades, sendo comumente estratificados em indicadores de insumos, de processo e de impacto. INDICADORES DE INSUMO INDICADORES DE PROCESSO INDICADORES DE IMPACTO INDICADORES DE INSUMO Remetem aos recursos humanos e materiais em saúde, como a quantidade por mil habitantes de profissionais de saúde (médicos, dentistas, enfermeiros), leitos hospitalares ou gastos e distribuição dos recursos financeiros com saúde. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 35/100 INDICADORES DE PROCESSO Avaliam o quanto a população participa de ações que conduzem à prevenção e cura das doenças. Exemplos são a proporção de gestantes que fazem pré-natal ou homens que realizam exames preventivos de câncer de próstata. INDICADORES DE IMPACTO Quantificam os resultados das ações em saúde, de maneira a se otimizarem os investimentos. Por exemplo, o impacto do aumento das redes de saneamento básico nos anos 1980 e 1990 sobre a mortalidade infantil no Brasil foi evidente, mais que justificando investimentos adicionais no setor. INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA Tendem a ser mais complexos que os indicadores de saúde desenvolvidos com base na prevalência e causas das enfermidades. Isso se deve à natureza intrinsecamente polissêmica dessa noção. Foto: Shutterstock.com 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 36/100 Para a OMS, a qualidade de vida é definida como a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, segundo o contexto cultural e o sistema de valores no qual vive e em relação a suas aspirações, expectativas, referências e interesses. Trata-se de um conceito amplo, influenciado de maneira complexa pelas relações sociais e pela interação com o meio ambiente (WHO, 1997). Na busca de sintetizar a complexidade da noção de qualidade de vida, dando conta de sua relatividade cultural e social, diversos indicadores têm sido propostos. UM DOS INDICADORES MAIS CONHECIDOS É O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH), ELABORADO PELO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. O IDH foi criado a partir da aceitação de que o conceito de desenvolvimento não poderia ser discutido a partir de aspectos puramente econômicos (nível de renda, produto interno bruto - PIB etc.), mas deveria também incluir fatores sociais e culturais. Encontram-se integrados nesse indicador elementos relacionados à renda, à saúde e à educação, considerados fundamentais e de igual importância para a qualidade de vida de uma população. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 37/100 Logo, o IDH coaduna-se com a aceitação de que incrementos na qualidade de vida decorrem do aumento da capacidade de realização pessoal, ou seja, na capacidade de desenvolvimento humano. Isso resultaria não apenas de maior riqueza, mas também de níveis de saúde e educação, que permitem a expansão dos horizontes das pessoas para uma realização mais plena. Apesar de composto, o IDH é um indicador relativamente simples da qualidade de vida, que é obtido pela média entre os níveis de renda, saúde e educação. A renda é avaliada pelo PIB per capita; a saúde, pela esperança de vida ao nascer, e a educação, pelas taxas de alfabetização de adultos e matrículas nos ensinos fundamental, médio e superior. Pela facilidade de obtenção desses índices, o IDH reveste-se de grande potencial de aplicação e, por isso, foi amplamente aceito internacionalmente, inclusive no Brasil. OUTRO BOM EXEMPLO É O INSTRUMENTO DESENVOLVIDO PELA OMS ATRAVÉS DE SEU GRUPO DE QUALIDADE DE VIDA, JÁ COM VERSÕES VALIDADAS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA. O QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA DA OMS FOI DESENVOLVIDO EM ESTUDO 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 38/100 MULTICÊNTRICO E TOMOU POR BASE A PREMISSA DE QUE A QUALIDADE DE VIDA SERIA UMA CONSTRUÇÃO SUBJETIVA (PERCEPÇÃO DO INDIVÍDUO), MULTIDIMENSIONAL E COMPOSTA POR ELEMENTOS POSITIVOS (POR EXEMPLO, MOBILIDADE E BEM-ESTAR) E NEGATIVOS (DOR E DOENÇA). O resultado foi a proposição de versões longa e curta do questionário World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100 e WHOQOL- breve, com apenas uma questão de cada faceta do WHOQOL-100). Ambas podem ser usadas em uma grande variedade de ambientes culturais, permitindo comparar os resultados de diferentes populações e países. Adicionalmente, módulos foram desenvolvidos para permitir avaliações mais detalhadas de populações específicas (por exemplo, pacientes com câncer, refugiados, idosos e pessoas com certas doenças, como HIV/AIDS). Ambas as versões podem ser facilmente encontradas na internet e em diversos idiomas. Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te explico. Apresentação do WHOQOL e WHOQOL breve javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 39/100 MEDICINA PREVENTIVA VERSUS CURATIVA Foto: Shutterstock.com A medicina curativa preocupa-se com a cura dos estados patológicos. Suas técnicas visam tratar sintomas manifestos para que não evoluam, buscando evitar o agravamento e as complicações de um problema de saúde em curso. Isso pode ser feito por meio de medicamentos, terapias ou intervenções cirúrgicas. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 40/100 Foto: Shutterstock.com A medicina preventiva vale-se de outras estratégias para promover a saúde das pessoas. Seu foco é prevenir o desenvolvimento das enfermidades, buscando identificar fatores de risco relacionados à sua história natural. Exemplos de intervenções em medicina preventiva são as vacinas ou as modificações de hábitos associados ao aumento do risco de doenças. Conforme discutido no módulo anterior, ao longo do século XIX, o pensamento sanitarista predominante valorizava a história natural das doenças, adotando como ponto central de sua prevenção a observação dos ambientes em que se desenvolviam. Os médicos envolvidos com o intenso movimento social que emergiu nesse período, ao relacionarem a doença com o ambiente, articulavam-no também às relações sociais que o produziam. BASICAMENTE, AS ENFERMIDADES ERAM ASSOCIADAS ÀS CONDIÇÕES DE VIDA, TRANSFORMANDO-SE HISTORICAMENTE DE ACORDO COM A 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 41/100 SUA EVOLUÇÃO. COM O ADVENTO DA ERA BACTERIOLÓGICA E A AFIRMAÇÃO DA DOUTRINA DA ETIOLOGIA ESPECÍFICA, AS PRÁTICAS MÉDICAS MIGRARAM DA ANÁLISE DA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA PARA A BUSCA DAS SUAS CAUSAS INDIVIDUAIS, PARTICULARMENTE, OS GERMES. Essa abordagem foi difundida por todos os setores da medicina, que passava, então, a atacar as causas com tratamentos cada vez mais específicos. Passou-se a compreender as doenças como resultantes das relações entre os agentesetiológicos e as alterações fisiopatológicas por eles provocadas, traduzidas por sinais e sintomas mensuráveis. A teoria do germe como causa das enfermidades possibilitou intervir no curso das doenças transmissíveis, principalmente, por meio das vacinas. Afinal, esse tipo de doença era o principal problema de saúde pública. Uma vez que a maior parte das doenças infectocontagiosas foi controlada com vacinação em massa, a ênfase da medicina deslocou- se para o tratamento de doenças que não podiam ser prevenidas por essa via, mas sob a mesma perspectiva. Desenvolveram-se técnicas cada vez mais sofisticadas para tratar problemas de saúde já estabelecidos. Investia-se no diagnóstico precoce dos estados mórbidos, possibilitando seu tratamento imediato. Por outro lado, abandonava-se a visão sanitarista, negligenciando-se a sua origem – se doenças poderiam ser prevenidas ou tratadas pela identificação do germe específico que a causava, por que os grupos dominantes economicamente deveriam investir em mudanças ambientais custosas ou em atenuar as diferenças sociais? 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 42/100 RESPOSTA Em suma, o ambiente em que as doenças se desenvolviam não era mais prioridade, estabelecendo-se uma relação de causa e efeito entre germe e doença. A preocupação principal era a doença, não o doente. A influência da doutrina da etiologia específica na medicina fez com que grandes investimentos fossem realizados no desenvolvimento de intervenções específicas, individualizadas, de cunho predominantemente biológico e com recursos tecnológicos dispendiosos, eminentemente centradas nos hospitais (hospitalocentrismo) e com progressiva especialização dos médicos. O movimento da medicina preventiva afirmou-se entre 1920 e 1950, principalmente, no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Canadá, a partir de críticas à medicina curativa por pensadores que continuavam a discutir saúde sob uma perspectiva coletiva (LEAVELL; CLARK, 1976). Estabeleceu-se um conflito entre os estudiosos que defendiam serem as doenças fruto de causas gerais (como pobreza, fome etc.) e aqueles que sustentavam a noção de que causas e estratégias específicas deveriam ser buscadas. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 43/100 Uma das consequências disso foi o desenvolvimento de um quadro teórico independente do quadro da medicina clínica, a partir de outros postulados e interesses (FARINATTI; FERREIRA, 2006). As escolas de saúde pública e os departamentos de saúde denunciavam os desequilíbrios na alocação de recursos para a educação médica e a adesão estrita ao paradigma biomédico para explicar as doenças e avaliar os resultados das iniciativas no campo da saúde. As críticas à ênfase excessiva na medicina curativa incluíam: Ineficiência do foco na terapia, em vez de prevenção, com encarecimento da assistência médica. Especialização crescente da atividade médica, contribuindo com a redução do paciente a órgãos e estruturas e, com isso, com uma relação pouco humanista entre médicos e pacientes. Conhecimento médico centrado em aspectos biológicos, quando doença e saúde são construtos multifatoriais. Afastamento entre medicina e interesses de saúde das comunidades, com abordagem demasiadamente individualista. Esses problemas eram tão mais graves, quanto maior a carência de recursos, como no caso dos países subdesenvolvidos. Formavam-se médicos segundo os padrões dos países desenvolvidos, estranhos à própria realidade em que viviam. SAIBA MAIS Apenas para ilustrar, nos anos 1970, o Brasil lutava contra doenças infectocontagiosas há muito debeladas em países desenvolvidos, como cólera, meningite ou poliomielite, além de quadros endêmicos de malária, tuberculose ou esquistossomose, mas era considerado líder em especialidades distantes desses problemas, como cirurgia plástica ou transplante cardíaco. O conceito de medicina preventiva viria firmar-se definitivamente a partir de meados do século XX, com o reconhecimento de que as 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 44/100 doenças, assim como a saúde, têm natureza multifatorial, sobretudo a partir da criação da Organização Mundial da Saúde em fins dos anos 1940 (FARINATTI; FERREIRA, 2006). A CONCEPÇÃO BIOMÉDICA PERDIA CONSISTÊNCIA, UMA VEZ QUE O REDUCIONISMO DO PARADIGMA DA ETIOLOGIA ESPECÍFICA REPRESENTAVA UMA VISÃO POR DEMAIS SIMPLISTA. É CADA VEZ MAIS CLARO EM NOSSOS DIAS QUE OS PERFIS DE SAÚDE E DE ENFERMIDADE DEPENDEM DAS CONDIÇÕES MAIS GERAIS DE VIDA. As taxas elevadas de morbidade e mortalidade dos países em desenvolvimento, em comparação com as nações industrializadas, por exemplo, são em muito explicadas pelos níveis acentuados de pobreza, decorrentes das condições econômicas e sociais vigentes. A grande incidência de problemas de saúde e doenças crônicas nas classes mais pobres e grupos minoritários decorre de suas condições de trabalho e subsistência, induzindo modos de vida pouco compatíveis com a saúde. Assim, os aspectos socioculturais, político-econômicos e ecológicos mostram-se tão importantes para as decisões sobre a saúde quanto os aspectos de ordem biológica. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 45/100 DIVERSOS DOCUMENTOS FORAM PRODUZIDOS NESSE SENTIDO: 1978 Um dos mais importantes foi a histórica Declaração de Alma-Ata da OMS (WHO, 1978), na qual foram lançados os princípios do movimento da promoção da saúde. O texto explicitava os postulados do programa Saúde para Todos 2000, advogando uma mudança de investimentos por parte das nações que valorizasse iniciativas de prevenção primária das doenças, e descrevia as mudanças nas expectativas relativas à saúde dos povos. 1987 No Brasil, pode-se mencionar a Carta Brasileira de Saúde, editada na VIII Conferência Nacional de Saúde em 1987. Nela, assume-se que a saúde depende de um amplo espectro de fatores, como as “...condições de alimentação, de educação, de habitação, de renda, do meio ambiente, de trabalho, de transporte, de emprego, de lazer, de liberdade, de acesso [...] à terra e [...] aos serviços de saúde” (BRASIL, 1987, p. 382). 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 46/100 Em suma, afirmava-se o reconhecimento de que a prevenção de doenças seria uma estratégia mais efetiva para o controle de doenças do que aguardar a sua evolução para, então, tratá-la. A medicina preventiva seria uma especialidade dedicada à prevenção de doenças e lesões. Em vez de tratar enfermidades ou amenizar os sintomas, busca-se valorizar a adoção de hábitos saudáveis. Em tese, isso diminuiria os riscos de se desenvolverem problemas crônicos. Foto: Shutterstock.com ATENÇÃO Em termos operacionais, pode-se entender a medicina preventiva como um conjunto de técnicas representadas por ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças e suas complicações. As intervenções são proativas, buscando identificar fatores atuais que podem representar risco futuro para o surgimento ou agravamento de enfermidades. A medicina preventiva é vista por muitos estudiosos como uma consequência das demandas resultantes do processo de “transição epidemiológica”, como envelhecimento populacional, compressão da morbidade e maior prevalência de doenças crônico-degenerativas (LEAVELL; CLARK, 1976). 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 47/100 Os impactos dessa abordagem nos custos de saúde são evidentes. A medicina preventiva vem se revelando a maneira maiseficaz e barata de lidar com possíveis problemas de saúde. Por isso, se há alguns anos as estratégias de medicina preventiva remetiam diretamente à saúde pública, hoje, muitas de suas práticas foram incorporadas pela iniciativa privada, particularmente, os planos de saúde suplementar. Ainda que isso aconteça por meio de ações educativas e iniciativas incipientes de “convite” a clientes para participação de programas que incluem exames preventivos, aconselhamento nutricional e de atividades físicas, o fato é que as operadoras de saúde começam a vislumbrar que investir em medicina preventiva pode reduzir substancialmente seus custos futuros com tratamentos e internações. Essa diminuição dos custos assistenciais vai par e par com a melhora das condições de saúde dos beneficiários, o que apenas valoriza essa abordagem. Há, portanto, uma tendência de que programas estruturados de medicina preventiva ganhem importância nos processos decisórios na esfera da saúde pública e privada. O MUNDO DO TRABALHO TAMBÉM VEM ABRAÇANDO, PAULATINAMENTE, OS PRINCÍPIOS DA MEDICINA PREVENTIVA, NO CONTEXTO DA MEDICINA DO TRABALHO. PARA ALÉM DAS ATIVIDADES COSTUMEIRAS DA 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 48/100 REALIZAÇÃO DE EXAMES ADMISSIONAIS E DEMISSIONAIS, MUITAS EMPRESAS VÊM INVESTINDO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS EM SEUS FUNCIONÁRIOS, ESPECIALMENTE AQUELAS DECORRENTES DA PRÓPRIA ATIVIDADE PROFISSIONAL. A assistência aos trabalhadores tende a diminuir os gastos com o absenteísmo, além de, evidentemente, contribuir com a melhor qualidade de vida dos funcionários. Aliás, isso abre um mercado interessante a diversos profissionais no campo dos exercícios compensatórios (ou ginástica laboral), nutrição, psicologia, entre outros, que passam a ter papel relevante na gestão de recursos humanos de qualquer empresa. FASES DE INSTALAÇÃO DAS DOENÇAS E NÍVEIS DE PREVENÇÃO A prevenção das doenças no contexto da medicina preventiva envolve ações antecipadas, com base nos conhecimentos de que se dispõe acerca da história natural da doença, de maneira a dificultar sua instalação ou atenuar sua evolução. A prevenção pode se dar em três níveis: Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção terciária 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 49/100 PREVENÇÃO PRIMÁRIA Envolve estratégias que visam impedir o surgimento de enfermidades no período de pré-patogênese. Isso vai desde ações educativas até intervenções invasivas, como as vacinas. De modo geral, trata-se de iniciativas que visam aumentar a resistência às doenças, mas também o bem-estar geral dos indivíduos e coletividades. Costuma- se dividir a prevenção primária em dois níveis, o da promoção da saúde e da proteção específica. Foto: Shutterstock.com PROMOÇÃO DA SAÚDE Engloba as ações que visam ao bem-estar geral, sem visar à nenhuma doença em particular. O foco é a qualidade de vida de indivíduos e comunidades, contribuindo para prevenir o desenvolvimento de processos patogênicos. Alguns exemplos são a educação alimentar, incentivo à prática de atividades físicas, campanhas contra o uso de álcool ou tabaco etc. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 50/100 Foto: Shutterstock.com PROTEÇÃO ESPECÍFICA Também ocorre no período pré-patogênico, mas as ações são dirigidas ao combate de enfermidades específicas. Nessa categoria, estão vacinação, exame pré-natal, eliminação de focos de vetores de doenças, distribuição de preservativos, adoção de medidas ergonômicas e ginástica laboral no ambiente de trabalho, entre outras. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Diz respeito às ações desenvolvidas junto a pacientes que já se encontram doentes, mas em um estado inicial da enfermidade. A intenção é evitar o agravamento da doença. Nesse nível, os tratamentos visam evitar complicações ulteriores decorrentes da evolução da doença, como invalidez ou enfermidades secundárias. Aqui, as intervenções são relevantes por limitar a extensão das 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 51/100 lesões e retardar o aparecimento de complicações. Isso acontece em dois níveis: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PRECOCE LIMITAÇÃO DE INCAPACIDADES E DEFICIÊNCIAS EXEMPLO Exames periódicos de saúde (check-ups), intervenções médicas ou cirúrgicas precoces. No caso das atividades físicas, programas delineados para pacientes em estágio inicial de hipertensão ou síndrome metabólica podem ser classificados como de prevenção secundária. PREVENÇÃO TERCIÁRIA Diz respeito às ações de reabilitação do paciente. Envolve práticas que são aplicadas quando o paciente apresenta uma evolução significativa da enfermidade, que passa a se manifestar de forma crônica ou deixa sequelas. Estratégias de prevenção terciária buscam atenuar as limitações resultantes das doenças, para que tragam o menor prejuízo possível à vida cotidiana dos pacientes e familiares. O propósito é contribuir para que o indivíduo aprenda a conviver com sua condição de saúde e leve uma vida produtiva e 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 52/100 com qualidade. Temos como exemplos a terapia ocupacional, próteses e órteses e programas de reabilitação em geral. ALGUNS AUTORES AINDA MENCIONAM A EXISTÊNCIA DE UM QUARTO NÍVEL, A PREVENÇÃO QUATERNÁRIA. AQUI, SERIAM INCLUÍDAS AS AÇÕES PARA PREVENIR UMA MEDICALIZAÇÃO EXAGERADA, EVITANDO INTERNAÇÕES OU MEDICAÇÃO DESNECESSÁRIAS. ADMITE-SE QUE A DOENÇA ESTÁ CRONICAMENTE ESTABELECIDA E INTERVÉM-SE PARA REDUZIR OS DESCONFORTOS MÉDICOS DE SEU TRATAMENTO AO MÍNIMO POSSÍVEL. Para resumir: • Prevenção primária: Busca conscientizar e imunizar, prevenindo a doença antes que possa se desenvolver. • Prevenção secundária: Busca detectar precocemente os problemas, com o objetivo de tratar a doença ainda no estágio inicial. • Prevenção terciária: Busca a reabilitação, através de procedimentos para diminuir os sintomas e complicações da doença. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 53/100 • Prevenção quaternária: Busca evitar intervenções e limitar a prescrição de medicações, através de ações que minimizem os efeitos colaterais de procedimentos considerados excessivos e até mesmo evitar a sua realização. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Clique aqui e reforce o conteúdo lido assistindo ao vídeo vem que eu te explico. Níveis de prevenção da primária a quaternária Para fechar o presente módulo, passamos a discutir as fases de instalação das doenças. Quando nos referimos à história natural da doença, designamos a descrição da sua progressão, desde o momento da exposição aos agentes causais até seu desfecho (cura ou morte). javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 54/100 Foto: Shutterstock.com O conhecimento da forma pela qual evoluem as doenças consiste em uma das preocupações principais da epidemiologia, tendo papel central na definição das ações para o seu controle. Como dito, a epidemiologia pode ser entendida como uma ciência que estuda os processos saúde-doença e como seus determinantes se distribuem na sociedade. Em geral, são esquematizadas três classes de fatores no processo saúde-doença: AGENTE HOSPEDEIRO AMBIENTE 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 55/100 A suscetibilidade do hospedeiro ao agente etiológico é influenciadapelas características do ambiente, que pode favorecer a evolução patológica ou a resistência à doença. Com base nisso, Leavell e Clark (1976) propuseram quatro estágios para a instalação das doenças: Interação estímulo-hospedeiro Patogênese precoce Doença precoce discernível Doença avançada Além disso, identificaram quatro fases da evolução na história natural das doenças, as quais podem ser associadas aos seus níveis de prevenção: Fase inicial ou de suscetibilidade Fase patológica pré-clínica Fase clínica Fase de incapacidade residual A seguir, veremos cada uma dessas fases de maneira mais detalhada. FASE SUBCLÍNICA As duas primeiras fases – suscetibilidade e pré-clínica – são consideradas pré-patogênicas. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 56/100 Na fase de suscetibilidade, temos o período em que a doença ainda não se manifestou clinicamente, mas fatores de risco podem ser identificados e, portanto, atenuados para prevenir a enfermidade. A fase pré-clínica compreende os períodos de interação estímulo- suscetível e de alterações bioquímicas, fisiológicas e histopatológicas. Em ambos, ainda não se observam sintomas, apesar de já ter havido alterações patológicas no organismo. No período interação estímulo-suscetível, os fatores para o desenvolvimento da doença estão presentes, apesar de ela não ter evoluído a maiores proporções. No período de alterações bioquímicas, fisiológicas e histopatológicas, a doença já se encontra instalada, mesmo que não haja sintomatologia clínica. Nesse momento, exames laboratoriais específicos são capazes de revelar o processo patogênico. O curso da doença nas fases de suscetibilidade e pré-clínica pode ser considerado como subclínico (ou seja, abaixo do limiar clínico), evoluindo para a cura ou para a fase clínica. Iniciativas compatíveis com a prevenção primária e secundária aplicam-se a essas fases da evolução das doenças. No caso da atenção primária, temos ações como vacinação, uso de equipamentos de proteção individual, adoção de hábitos saudáveis etc. No caso da prevenção secundária, incluem-se estratégias de diagnóstico precoce, como tecnologias de rastreio (p. ex., teste do pezinho), exames periódicos ou sistemas de vigilância epidemiológica – no Brasil, temos o VIGITEL, que faz um excelente trabalho nesse sentido. FASE CLÍNICA Marca o início do período patogênico da doença, caracterizando-se pela expressão de sinais e sintomas claros e danos a órgãos e sistemas. A doença pode apresentar diferentes níveis de gravidade e evoluir para a cura, óbito, ou ainda para uma estabilização crônica. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 57/100 ATENÇÃO Em termos epidemiológicos, divide-se, então, o período clínico em uma fase de sinais e sintomas e outra de cronicidade. Medidas preventivas nesta fase coadunam-se com a prevenção secundária, buscando intervir adequadamente para evitar o agravamento da enfermidade e potenciais sequelas. Em termos epidemiológicos, é fundamental para um correto manejo da fase clínica das doenças o acesso universalizado das populações a serviços de saúde. FASE DE INCAPACIDADE RESIDUAL Lida-se com as consequências das doenças, seja pelas sequelas por elas produzidas ou pelo controle de condições patológicas que se tornaram crônicas. Nesta fase, aplicam-se estratégias de prevenção terciária, sendo possível intervir por meio de uma grande multiplicidade de ações nos níveis ambulatorial, hospitalar, educacional, ambiental, legislativo etc., buscando aumentar a capacidade dos pacientes em lidar com a doença (cirurgias, medicamentos, próteses, educação, treinamento, terapia ocupacional etc.) e modificar o próprio ambiente (asilos, centros de reabilitação, construções adaptadas etc.). A figura a seguir resume as fases de instalação das doenças no curso de sua história natural, associando-as aos níveis de prevenção comumente aceitos em medicina preventiva. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 58/100 Imagem: Pereira, 2005. Adaptado por Paulo de Tarso Veras Farinatti. Fases de instalação das doenças (história natural) e níveis de prevenção associados. Imagem: Pereira, 2005. Adaptado por Paulo de Tarso Veras Farinatti. Fases de instalação das doenças (história natural) e níveis de prevenção associados. O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 59/100 O doutor Paulo de Tarso Veras Farinatti fala sobre os principais indicadores epidemiológicos, as versões longa e curta do WHOQOL e sua aplicabilidade e os níveis de prevenção de doenças. VEM QUE EU TE EXPLICO! Dimensões da OMS para avaliar a saúde e a qualidade de vida Dimensões da OMS para avaliar a saúde e a qualidade de vida Apresentação do WHOQOL e WHOQOL breve Apresentação do WHOQOL e WHOQOL breve Níveis de prevenção da primária a quaternária Níveis de prevenção da primária a quaternária VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANTO AOS PRINCIPAIS INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DE SAÚDE, PODE-SE AFIRMAR QUE: A) Focam exclusivamente variáveis relacionadas à ausência de doenças e bem-estar físico, mental e social. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 60/100 B) Incluem taxas de morbimortalidade, incapacidade, informações nutricionais, demográficas econômicas, ambientais e de acesso aos serviços de saúde. C) São mais completos em relação aos indicadores compostos de qualidade de vida. D) Não são tão úteis quanto os indicadores de qualidade de vida para planejamento em longo prazo. E) São índices únicos e melhor interpretados separadamente do que em conjunto. 2. EM RELAÇÃO ÀS FASES DE INSTALAÇÃO DAS DOENÇAS E NÍVEIS DE PREVENÇÃO, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Na fase pré-patogênica, incluem-se as fases pré-clínica e clínica, cabendo intervenções de prevenção secundária. B) Na fase clínica, temos preocupação com as sequelas das doenças, cabendo intervenções de prevenção terciária. C) A fase de suscetibilidade é o momento mais propício para que se intervenha com ações de prevenção primária. D) Ações de prevenção quaternária são típicas da fase de incapacidade residual. E) Na fase de interação estímulo sensível, os sintomas das doenças são claros, intervindo-se sobretudo com ações de prevenção secundária. GABARITO 1. Quanto aos principais indicadores epidemiológicos de saúde, pode-se afirmar que: A alternativa "B " está correta. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 61/100 A complexidade do conceito de saúde exige que se adotem perspectivas variadas de avaliação, incluindo mortalidade, morbidade, incapacidade física, grau de autonomia das pessoas, estrutura etária da população, qualidade da prestação de serviços de saúde etc. 2. Em relação às fases de instalação das doenças e níveis de prevenção, é correto afirmar que: A alternativa "C " está correta. Na fase de suscetibilidade, a doença ainda não se manifestou clinicamente, mas fatores de risco podem ser identificados e atenuados para prevenir a enfermidade. MÓDULO 3 Identificar as recomendações de agências normativas para prescrição de exercícios físicos RECOMENDAÇÕES DO COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA DO ESPORTE (ACSM) O último posicionamento oficial do ACSM relativo à prescrição de exercícios para manter uma aptidão física adequada foi publicado em 2011 (GARBER et al., 2011). Seu objetivo foi oferecer orientações adequadas aos profissionais que prescrevem exercícios individualizados para adultos saudáveis13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 62/100 de todas as idades. No entanto, as recomendações também se aplicam a adultos com doenças crônicas, principalmente as de natureza cardiovascular ou metabólica. Cabe ressaltar que esse posicionamento oficial não foi estruturado para orientações no treinamento de atletas. O foco é o exercício físico, ou seja, a prática intencional de atividades físicas com um objetivo preestabelecido. Atividade física, exercício e aptidão física são termos correlatos, mas não têm o mesmo significado. Atividade física Foto: Shutterstock.com Pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. Desse modo, todo movimento corporal que realizamos, como as atividades domésticas, lavar o carro, passear com o cachorro, brincar, entre outros, constituem atividades físicas. Logo, todos realizamos atividades físicas em algum nível. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 63/100 Exercício físico Quando as atividades físicas são realizadas com a finalidade de desenvolver aspectos específicos da capacidade de se realizar trabalho, precisam ter características relacionadas à natureza desse trabalho. Essa intencionalidade caracteriza o conceito de exercício físico. Foto: Shutterstock.com Os exercícios físicos consistem em atividades físicas planejadas, sistematizadas e repetitivas que visam alcançar objetivos específicos. Em geral, programas de exercícios físicos são delineados para preservar ou melhorar um ou mais componentes relacionados da aptidão relacionada à saúde ou ao desempenho. Logo, atividade física e exercício físico diferenciam-se em virtude da intencionalidade do movimento. Em linhas gerais, todo exercício físico pode ser considerado atividade física. No entanto, são atividades planejadas com estímulos controlados, produzindo resultados que podem ser acompanhados e previstos. Aptidão física 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 64/100 O CONCEITO DE EXERCÍCIO FÍSICO, UMA VEZ LIGADO À NOÇÃO DE FATORES TREINÁVEIS, CONDUZ NATURALMENTE À NOÇÃO DE APTIDÃO FÍSICA. Em contraste com a atividade física, que concerne aos movimentos que realizamos, a aptidão física refere-se a um conjunto de atributos que as pessoas possuem ou desejam alcançar. Melhorar a aptidão física significa aumentar a capacidade de realizar tarefas diárias, com menos fadiga e eficiência. Imagem: Shutterstock.com A aptidão física relacionada à saúde engloba as qualidades físicas necessárias para a realização das atividades cotidianas e prevenção de doenças, principalmente as de natureza crônico-degenerativa. Uma vez influenciada em larga medida por aspectos fisiológicos, aceita-se que níveis mínimos em seu desenvolvimento tendem a oferecer alguma proteção aos distúrbios orgânicos relacionados ao envelhecimento e estilos inativos de vida. ATENÇÃO Programas de exercícios com ênfase na aptidão física relacionada à saúde costumam incluir estímulos para a preservação ou incremento 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 65/100 da capacidade aeróbia (ou cardiorrespiratória), força muscular (máxima e resistência), flexibilidade e composição corporal adequada. APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL Nas esferas de aptidão cardiorrespiratória e composição corporal situam-se a maior parte das evidências disponíveis, com efeitos benéficos tanto na capacidade de trabalho físico quanto na prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas (hipertensão, obesidade, diabetes, doença coronariana etc.). AS RELAÇÕES ENTRE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E FATORES DE RISCO PARA ESSAS DOENÇAS TENDEM A SER PARALELOS COM AQUELES ASSOCIADOS AO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA. OS DEMAIS COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA TERIAM IMPACTO EM FUNÇÕES IMPORTANTES PARA A SAÚDE, PORÉM, MAIS ESPECÍFICAS, COMO FORÇA E MOBILIDADE NECESSÁRIAS PARA A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL, PREVENÇÃO DA SARCOPENIA, OSTEOPOROSE E OUTROS COMPROMETIMENTOS DO APARELHO LOCOMOTOR. 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 66/100 Volume O volume de atividades físicas necessário para efeitos benéficos à saúde é amplamente discutido. Reconhece-se que comportamentos que envolvam maiores níveis de atividades são, em princípio, aqueles que acarretam maiores benefícios. Contudo, a quantidade e qualidade ideais para a obtenção desses efeitos ainda é contraditória na literatura. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS A duração recomendada pelo ACSM para sessões de treinamento aeróbio é de 20 a 60 minutos, com a busca do equilíbrio entre intensidade e duração à medida que a capacidade cardiorrespiratória aumenta. Com base em estudos epidemiológicos, sugere-se um gasto energético de aproximadamente 1000kcal por semana (ou 150 minutos por semana) com atividades moderadas a vigorosas (3-6 METs para pessoas com cerca de 70-90kg), o que equivaleria a 30-60 minutos por dia. MET Equivalente metabólico; 1 MET corresponde à energia suficiente para um indivíduo permanecer em repouso. De modo prático, o javascript:void(0) 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 67/100 MET representa o número de vezes pelo qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade específica. Em iniciantes fisicamente inativos, um montante de 20 minutos por dia parece já surtir efeitos positivos sobre a saúde. Uma recomendação que poderia contribuir com a individualização do volume de atividades seria equacioná-lo com base na aptidão física. Assim, a redução do risco tenderia a ser maior em indivíduos com maior aptidão cardiorrespiratória. Por outro lado, também necessitariam de menor volume de atividades para um impacto no risco equivalente ao observado naqueles com menor capacidade cardiorrespiratória. Intensidade Para a melhoria da aptidão cardiorrespiratória, a importância da intensidade aumenta – de fato, trata-se do principal componente de 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 68/100 adaptações em longo prazo na aptidão cardiorrespiratória. O ACSM recomenda: Indivíduos iniciantes Exercícios com intensidade leve a moderada (40-70% da capacidade máxima de consumo de oxigênio ou VO2máx). Praticantes treinados Indicam-se intensidades moderadas a vigorosas (até 90% VO2max). PARA O INDIVÍDUO MÉDIO, A FAIXA DE INTENSIDADE CONSIDERADA COMO SENSÍVEL AO TREINAMENTO VARIA ENTRE 60 E 90% DO VO2MÁX. Duração O padrão de realização dos exercícios físicos também foi abordado. Indica-se que sessões de ao menos 10 minutos poderiam ser feitas de maneira acumulada, para atingir os 30 minutos diários desejáveis. Esses efeitos, contudo, seriam mais propensos a ocorrer em fatores de risco cardiovascular do que na aptidão cardiorrespiratória. Isso parece não ocorrer quando o padrão se aproxima do que se denominou “guerreiros de fim de semana”. Nesses casos, acumular 150 minutos de atividade aos sábados e domingos, com amplos volumes de atividades concentrados em poucos dias, teria riscos bem estabelecidos, enquanto os benefícios 13/09/2022 10:51 INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA E ATIVIDADE FÍSICA https://stecine.azureedge.net/repositorio/02533/index.html#imprimir 69/100 seriam duvidosos, principalmente em indivíduos com fatores de risco observados. Ao menos nesses casos, a regularidade parece ser um aspecto fundamental dos
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