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Barragens de rejeitos

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1 
 
 
 
 Engenharia Ambiental Artigo Original 
 
BARRAGENS DE REJEITO: TÉCNICAS CONSTRUTIVAS E DE MONITORAMENTO 
PARA GARANTIA DA ESTABILIDADE 
REJECT DAMS: CONSTRUCTIVE AND MONITORING TECHNIQUES TO GUARANTEE STABILITY 
 
 
 
 
 
 
 
 
Larissa Alves Quirino, Enoque Pereira da Silva² 
1 Aluno do Curso de Engenharia Ambiental 
2 Professor do Curso de Engenharia Ambiental 
 
Resumo 
O rompimento de barragens de rejeito de mineração no Brasil somente nos últimos 5 anos causou 281 mortes. 
Mediante a tais catástrofes ambientais que o Brasil e o mundo vêm enfrentando nos últimos tempos, fez -se 
necessário e importante á rigorosidade nas técnicas de monitoramento tanto geotécnico quanto ambiental, 
nas leis ambientais e nas auditorias externas por órgãos públicos. O presente estudo tem o objetivo de 
dissertar de forma clara e sucinta acerca dos aspectos construtivos e das variáveis envolvidas dos processos 
envolvendo barragens de rejeitos. O artigo tem início com a discussão acerca de temas relacionados ao solo 
e à instabilidade dos locais, analisando de que forma ocorrem a formação de sedimentos e o desprendimento 
dos mesmos, para poder abordar as questões construtivas de contenção das barragens, analisando a sua 
estrutura de formação e verificando as modalidades montante, jusante e de linha de centro, com a 
caracterização e exemplificação de cada modelo. Portanto verifica-se uma grande atenção voltada aos 
barramentos para mineração do país, visando a importância da correta escolha na construção e o 
monitoramento adequado e contínuo de acordo com cada projeto. 
Palavras-chave: Barragens; Construção; Rejeitos. 
 
Abstract 
The rupture of mining tailings dams in Brazil just in the last 5 years has caused 281 deaths. Due to such 
environmental catastrophes that Brazil and the world have been facing recently, it was necessary and 
important to be rigorous in both geotechnical and environmental monitoring techniques, in environmental laws 
and in external auditions by public agencies. The present study aims to give a clear and succinct presentation 
on the construction aspects and variables involved in the tailings dam process. The article begins with a 
discussion about the variables related to the soil and the instability of the sites, analyzing how the formation of 
sediments and their detachment occur, in order to address the constructive issues of containment of dams, 
analyzing their structure, and checking the upstream, downstream and centerline modalities, with the 
characterization and exemplification of each model. Therefore, there is a great deal of attention focused on 
mining buses in the country, aiming at the importance of the correct choice in construction and the adequate 
and continuous monitoring according to each project. 
Keywords: Dams; Construction; Tailings. 
Contato: nip@finom.edu.br 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
O Brasil está entre os principais produtores de minério do mundo, assim como 
Como citar esse artigo: 
QUIRINO, Larissa Alves; SILVA, Enoque Pereira. BARRAGENS DE 
REJEITO: TÉCNICAS CONSTRUTIVAS E DE MONITORAMENTO 
PARA GARANTIA DA ESTABILIDADE: Um artigo original.. Anais do 3° 
Simpo sio de TCC, das faculdades FINOM e Tecsoma. 2020; 631-643 
mailto:nip@finom.edu.br
 632 
 
também detém algumas das principais reservas minerais. Associado a esta condição está 
a grande geração de rejeitos, os quais demandam uma disposição adequada (BEIRIGO, 
2005). A extração mineral sempre foi uma fatia de mercado extremamente forte na 
economia brasileira. Embora caracterize um processo de trabalho rentável e que busca a 
promoção das regiões ricas em minério, é uma prática ostensiva, e que além de gerar 
muitos rejeitos, demanda uma análise e estruturação de segurança muito alta, dada a 
complexidade de possíveis acidentes e ocorrências, como acompanhado nos últimos anos 
nas cidades de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais-MG. 
Atualmente o tema barragens se tornou uma pauta muito comentada, e devido às 
rigorosas legislações que entraram em vigor após os desastres socioambientais, as 
empresas estão se movimentando de forma intensa para se adequarem e evitar problemas 
futuros. A exemplo no Estado de Minas Gerais têm-se segundo a Lei 23.291 (2019), fica 
vedada a concessão de licença ambiental para construção, instalação, ampliação ou 
alteamento de barragem em cujos estudos de cenários de rupturas seja identificada 
comunidade na zona de autossalvamento – zona na qual é atingida pela mancha de rejeitos 
em hipótese de rompimento. Já em todo o país, em relação aos métodos construtivos, cita 
a Resolução 13 (2019), fica proibida a utilização do método de alteamento de barragens de 
mineração denominado "a montante" em todo o território nacional. 
A segurança de barragens depende de múltiplos fatores para ser desenvolvida com 
sucesso, no qual se consegue alcançá-la quando os procedimentos são levados à risca e 
quando há fiscalização atuante, barragens esquecidas ou pouco mencionadas tendem a 
não estar em dia com os processos corretos. O órgão responsável pela fiscalização de 
barragens de rejeito é a ANM (Agência Nacional de Mineração), antigo DNPM 
(Departamento Nacional de Produção Mineral), no qual acompanha quinzenalmente todas 
as estruturas do Brasil consideradas como barragens através do SIGBM (Sistema de 
Gestão de Barragens de Mineração). Nesta plataforma o empreendedor é responsável por 
preencher o extrato de segurança regular, comprovando que a estrutura está sendo 
inspecionada a cada quinzena e o não preenchimento pode acarretar em multa, como 
também a interdição do empreendimento. 
A instrumentação é um dos métodos utilizados para acompanhar o comportamento 
de uma barragem e de sua fundação (CRUZ, 1996). O termo mais utilizado nessa área é 
auscultação que pode ser definida como “conjunto de processos que visam à observação, 
detecção e caracterização de eventuais deteriorações que constituem risco potencial às 
condições de sua segurança global” (FONSECA, 2003). Através desse método obtemos 
 633 
 
uma análise do que ocorre no interior da estrutura, tanto as condições positivas, quanto as 
condições de alerta, levando em consideração fatores de projeto, terraplanagem, 
geotecnia, intemperismo, entre outros. 
 Dessa forma, este estudo consiste em analisar as variáveis de maior importância e 
os métodos construtivos das barragens de rejeitos de minério, tendo como objetivos 
específicos: conhecer as questões relativas ao solo; verificar as características 
relacionadas à formação e desprendimento de sedimentos e os meios de contenção; 
analisar os métodos de monitoramento de barragens e sua importância para a estabilidade 
das estruturas. 
 
Materiais e Métodos 
 
A metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico para a coleta de dados. A 
base para a fundamentação teórica considera fontes secundárias, como livros, artigos 
científicos, teses e dissertações, disponibilizadas em meio impresso e digital, 
considerando os objetivos estabelecidos para o presente estudo. 
De acordo com Fonseca (2002) existem pesquisas científicas que se baseiam 
unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o 
objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito 
do qual se procura a resposta. 
A atividade básica na pesquisa bibliográfica é a investigação em material teórico 
sobre o assunto de interesse (ALYRIO, 2009). O presente estudo se aprofundou em 
pesquisas de grandes nomes relacionados ao tema abordado, como também a legislação 
vigente no país. 
 
Resultados e Discussão 
Processo de escorregamento 
 
 
 De acordo com Alonso (2012), os escorregamentos são movimentações de massa 
em alta velocidade e com volumes definidos, onde ocorre o deslocamento do centro 
gravitacional é direcionado à parte inferior e externa a extremidade, com aumento develocidade que pode variar até 30 centímetros por hora. Para que ocorra o referido 
fenômeno, é necessário que haja uma diferença de coeficientes entre a resistência média 
do solo e o cisalhamento menor que 1, caracterizado por uma tensão na superfície superior 
à resistência ao cisalhamento do solo. Esses escorregamentos são, em sua maioria, 
 634 
 
rotacionais ou translacionais. 
 A formação e posicionamento de superfície ocorridas na ruptura possuem influência 
direta na distribuição de pressões neutras, além das variações de resistência ao 
cisalhamento, que são diferentes em pontos distintos dentro de uma mesma massa, pelo 
seu posicionamento (ROUSELET, 1986). A metodologia de escorregamento em rotação 
possui maior caracterização em forma de arco de circunferência, ocorrendo em materiais 
coesos, cuja análise se dá através da separação de certa massa relativa ao material do 
local observado, cujas delimitações são feitas pela extremidade de um dos lados, e do outro 
uma outra superfície contínua de ruptura. 
 Já os movimentos de translação ocorrem com plano de movimentação condicionado 
às anisotropias, que podem ser relacionados à massa do solo ou as rochas (RAMOS; 
SATO, 2014). Nessa modalidade, as movimentações podem alcançar longos 
comprimentos, atingindo centenas de metros em grandes extensões. Sua ocorrência é 
gerada basicamente na superfície, cuja massa em deslocamento, em suma, possui forma 
tabular. Esses movimentos são caracterizados por altas velocidades e ocorrências num 
espaço de tempo relativamente curto, causando danos expressivos já que ocorre com maior 
frequência em materiais e localidades de baixa coesão de superfície e matéria. Sua 
ocorrência, geralmente observada nos mantos de alteração de regolito, onde a delimitação 
do tipo de terreno é dada pela formação e tipo das rochas, condições do clima na região de 
observação e a inclinação do local. 
 Os escorregamentos podem ocorrer por motivações externas ou internas com 
relação ao talude, ao passo que as motivações internas referem-se à ruptura superficial 
onde não houve qualquer alteração na extremidade, como sua inclinação, por exemplo 
(RAMOS; SATO, 2014). Porém para que ocorra essa movimentação, é necessário que haja 
alteração/diminuição na resistência do material da extremidade, tento com principais 
causas as variações de pressão hidrostática, intempéries ou diminuição da coesão do 
material presente no solo. 
Já as causas externas ocorrem por fenômenos ou interações que tingem da 
extremidade e o seu material, seja de forma pontual ou geral (SANTOS, 2013). Suas 
ocorrências se dão por meio de alterações nas superfícies de ruptura, aumentando assim 
a tensão de cisalhamento ao passo que diminui a resistência do solo, gerando rompimento 
da estrutura. Ações como cortes excessivos na base da extremidade ou sobrecarga no topo 
do mesmo gera aumento de tensões que acaba deixando o sistema desbalanceado, 
gerando assim o escorregamento pela diferença na resistência da extremidade. 
 635 
 
 
 
Solos residuais e não saturados 
 
 Todas as características do solo como a composição, estrutura e outros 
componentes possuem um conjunto de informações que devem ser considerados para a 
análise de erodibilidade de um determinado local (CARVALHO, 2013). Assim, essa 
erodibilidade é analisada por meio de ensaios e verificações de granulometria, estrutura, 
permeabilidade e teor orgânico da matéria encontrada. Com relação a granulometria, é 
possível constatar que solos mais grosseiros e que são menos coesos estão mais 
suscetíveis a erosão quando comparados aos solos mais finos. Essa erosão não é a mesma 
em todos os tipos de solos, uma vez que as propriedades físicas e as características de 
cada um possui diferenças consideráveis, já que as matérias orgânicas apresentam 
retenção de duas a três vezes de água em relação ao seu peso, possibilitando assim a 
infiltração e a redução das perdas por erosão laminar, por exemplo. 
São considerados solos residuais os que possuem heterogeneidade, gerando assim 
dificuldade para a análise e estudo das suas características através de ensaios usuais em 
laboratório (ROUSELET, 1986). Apesar disso, as diferenças entre as amostras não 
possuem relevância nos resultados, havendo igual possibilidade de possuírem 
características idênticas. Estes solos são, geralmente, cimentados, sendo considerados 
não saturados se estiverem acima do nível da água, tendo na sua anisotropia sua principal 
característica de diferença entre os tipos. 
 Já os solos considerados como não saturados possuem comportamento 
diferenciado do ponto de vista da sua ocupação interna por água e ar (RAMOS; SATO, 
2014). A presença desses componentes em espaços vazios do terreno gera uma pressão 
denominada como pressão de sucção, sendo a resultante da diferença entre as duas 
pressões. Por conta da presença de ambas no sistema, não há possibilidade de aplicação 
da equação de Terzaghi para relacionar a avaliação das tensões efetivas totais e parciais 
do sistema, já que existem duas pressões diferentes a serem consideradas, e uma interfere 
o funcionamento e ação da outra. 
 
 
Produção de sedimentos 
 
 Conforme descreve Carvalho (2013), os muitos problemas oriundos da formação de 
 636 
 
sedimentos dependem da quantidade e do tipo de sedimentos gerados, fatores aos quais 
a dependência está ligada a forma de produção, transporte e deposição desses sedimentos 
gerados e desprendidos, podendo assim gerar prejuízos tanto no local onde se originam, 
pela área onde são transportados e onde estes são depositados após o 
transporte/passagem. 
 A presença de uma considerável quantidade de sedimentos em locais onde há curso 
de águas, por exemplo, resulta em problemas que afetam barragens, canais, reservatórios 
e outros pontos do curso das águas (SILVA, 2014). Como consequência desses danos, 
podem haver interrupções ou problemas de fornecimento de energia elétrica, desregulação 
de fornecimento de água, problemas com amortecimento das cheias e diminuição da 
capacidade de armazenamento em reservatórios e açudes, por exemplo. 
 Pereira (2006) cita que o conhecimento da concentração dos sedimentos gerados 
em suspensão é de suma importância para a avaliação das consequências da intervenção 
humana que resultam nesses acontecimentos. Isso está diretamente ligado à exploração e 
a erosão causada por conta do desmatamento, atividades agrícolas ou voltadas à 
mineração. Essas formas de transporte dos sedimentos, conforme Bertol (2010) traz, se 
dão por meio do arraste, quando há deslizamento sob a superfície do leito, com partículas 
em contato com o leito a todo momento; de saltação, com elevação para dentro do 
escoamento e posteriormente retornando à superfície; e a suspensão, onde ocorre 
elevação e suportação do sedimento do fluído envolvido por todo o processo e transporte. 
 
Estabilidade do solo através das extremidades 
 
É possível delimitar como sendo talude qualquer parcela de superfície que possua 
inclinação e limitem uma quantidade maciça de terra, rocha ou uma combinação destes 
(CAPUTO, 2015). Estes taludes podem ser naturais ou artificiais, como as encostas ou 
aterros, respectivamente. 
 A angulação de um talude natural corresponde á maior angulação de inclinação para 
um certo tipo de solo exposto a um determinado período, quando obtido sem a quebra do 
equilíbrio da porção maciça de terra. Essa angulação variará de 0º em solos como a areia, 
onde coincidem o ângulo de inclinação com o ângulo de atrito, e de praticamente 90% em 
solos semelhantes à argila, cuja permeabilidade é baixa. Isso ocorre quando da estabilidade 
desses taludes, pois quando há presença de fissuras, há a entrada de água no corpo de 
terra maciça, o que pode tornar essa porção de terra instável e fazer com que fique na casa 
 637 
 
dos 40º. Sendo assim, a estabilidade nesses taludes é diretamente afetada por agentesde 
condição natural, como as intempéries, pois alteram a sua composição e alteram sua 
capacidade de resistência. 
A análise do processo de estabilidade é realizada por meio do método de equilíbrio -
limite (ALONSO, 2012). Para tal, deve ter a presença de um material para ensaio com 
comportamento rígido-plástico, cujas equações de equilíbrio estático do processo devem 
ter validade até o momento de ruptura, ainda que haja um coeficiente contínuo até a linha 
de ruptura do material. Esse método pode apresentar-se com muitas variações, tal qual o 
círculo de atrito, métodos com cunhas e o método sueco, que possuem outras subdivisões 
de acordo com o tipo de material e do local de ensaio/análise. 
 A principal verificação se dá na necessidade de analisar o fator de segurança, sendo 
este definido como sendo o equilíbrio das forças que atuam na direção horizontal, 
utilizando-se de critério de estabilidade para a massa de forma geral (ESPOSITO, 2014). 
 
Aplicação de barragens de rejeitos 
 
 As barragens de rejeitos são estruturas construídas com a intenção de depositar 
rejeitos que são provenientes da atividade mineradora (SANTOS, 2013). Esse rejeito é o 
principal material que sobra após a separação do minério da rocha, sendo depositado como 
forma de polpa e composto por uma mistura de detritos sólidos e água. 
As barragens atuam como uma espécie de barreiras, tal qual os rejeitos são 
depositados, sendo que, ao passo em que ele é depositado, a parte sólida passa a se alocar 
ao fundo da barragem, enquanto a água, que fica na parte superior, é drenada e tratada, 
podendo ser reutilizada no processo, devolvendo o excedente ao meio ambiente. O 
processo ocorre até que a mesma vá se secando e parando de receber tais rejeitos 
(ESPOSITO, 2014). É possível observar um esquema de barragem na Figura 1. 
 
 
 
Figura 1 – Seção transversal de uma barragem de terra homogênea 
 Fonte: ANA (2016). 
 638 
 
O sistema de barragem é composto normalmente por sete estruturas independentes. 
A primeira delas é o dique principal, construído ao fundo de um valor para a contenção dos 
rejeitos, sendo o ponto mais baixo (SANTOS, 2013). O segundo é a crista, onde os rejeitos 
começam a ser depositados, sendo o mais alto da barragem e seguido do reservatório, que 
é para onde os rejeitos são enviados e depositados. A quarta estrutura são os diques 
auxiliares, que delimitam o espaço característico do depósito que receberá os rejeitos, 
seguido da ombreira, que é parte do terreno natural onde há o encaixe da barragem, do 
vertedouro, que permite que a água saia do reservatório no ponto mais alto, e o ponto de 
drenagem interna, responsável pela canalização da água no fundo da barragem 
(ESPOSITO, 2014). 
 Há algumas possibilidades referentes às técnicas de construção para essas 
barragens. Elas admitem diferentes configurações e características, podendo haver três 
modelos diferentes, sendo eles o método jusante, montante e de linha de centro. A escolha 
do método construtivo adequado passa por uma criteriosa avaliação da localidade e da 
caracterização do local, analisando a variabilidade do solo e a disponibilidade de adição de 
equipamentos. 
 No método jusante, os alteamentos ocorres ao ponto jusante, sendo levantado um 
dique impermeável com o talude interno também impermeabilizado, cujo método faz com 
que os rejeitos sejam ciclonados e lançados à jusante do talude, aplicando os rejeitos 
grossos no alteamento, sendo reconhecido por conferir uma maior eficiência ao controle 
das superfícies freáticas, atuando através do dique inicial em solo compactado. Por conta 
de seu rigor na construção, é o método mais seguro, evitando que haja ruptura por 
liquefação. Por conta de suas características, é o que demanda maior volume de rejeitos 
inicialmente para construção e drenagem, sendo também o que demanda um maior volume 
de investimentos. É observado através da Figura 2. 
 
 
Figura 2 – Barragem no método construtivo de jusante 
 Fonte: Melo (2013) 
 639 
 
 
 O método montante usa como critério a redução do custo do barramento, buscando 
meios de aproveitar os rejeitos como for a da estrutura de contenção como dique inicial, 
onde há a construção/aumento do dique a medida onde há a disposição dos rejeitos 
(SANTOS, 2013). Esse modelo é aplicado normalmente atrelado às questões econômicas, 
iniciando a construção através de uma barragem inicial, denominada como dique de partida, 
sendo aplicado o conceito de aterro hidráulico após o processo de obra inicial, cuja 
fundação deve possuir resistência que suporte os deslizamentos e previna descargas 
excessivas. É possível observar o modelo através da Figura 3. 
 
 
Figura 3 – Barragem no método construtivo de montante 
Fonte: Melo (2013) 
 
 Por fim, o método de linha de centro está inserido numa condição intermediária dos 
dois modelos iniciais, sendo semelhante ao modelo jusante, sendo quase uma variação do 
método, que verifica-se o alteamento da crista de modo vertical, sendo o eixo vertical 
coincidente ao eixo do dique de partida, como ilustrado na Figura 4. 
 
 
Figura 4 – Barragem no método construtivo de linha de centro 
Fonte: Melo (2013) 
 
 
 Deve-se atentar ao alteamento em etapas para definição e realização dos estudos 
de viabilidade de instalação das barragens, analisando qual a metodologia é mais indicada 
 640 
 
para o caso específico. Isso porque, em condições gerais, sua construção ocorre em uma 
determinada altura e o alteamento vai sendo realizado a cada ano, conforme ocorre o 
aumento da produção de rejeitos (ARAÚJO, 2006). 
Entre os modelos supracitados, aquele que apresenta maior vantagem de 
implementação é o modelo jusante, uma vez que não há necessidade de rebaixamento de 
nível de reservatório, permitindo que as operações possam ser realizadas sem qualquer 
tipo de interrupção prévia. Além disso, permite que haja “parcelamento” dos investimentos 
aplicados, dada a extensão e continuidade de obras de implementação, que assim o 
permitem (MACHADO, 2007). 
 
Monitoramento das barragens 
 
 As barragens de rejeitos são estruturas de grande porte e, por conta da 
responsabilidade que essas construções detêm, há a necessidade de monitoramento e 
avaliação de desempenho constantes, para que seja possível verificar problemas e 
percalços ao longo da estrutura, evitando tragédias como as ocorridas nos últimos anos. 
Através da aplicação de instrumentação e equipamentos especializados é possível realizar 
o monitoramento e análise dessas barragens, garantindo sua operação segura por meio da 
auscultação e das inspeções visuais (ARAÚJO, 2006). 
 A auscultação é um processo de monitoramento que visa observar e controlar as 
barragens através dos parâmetros previamente definidos como meio de garantir o 
cumprimento de suas funções operacionais e estruturais (MACHADO, 2007). Esse 
processo pode ser realizado através de instrumentação com diversos dispositivos que 
fazem a leitura de parâmetros e fornecem os dados de comportamento da barragem. 
Enquanto isso, as inspeções visuais, realizadas através de visitas e vistorias periódicas em 
campo, tem a intenção de realizar análise qualitativa, devendo sempre serem encaradas 
como processos complementares, agindo em conjunto. 
 O objetivo principal do processo de auscultação está na necessidade de analisar 
questões relativas à segurança das barragens e das estruturas, prevendo possíveis 
condições em regiões de risco, analisando o desempenho com base nos dados de projeto 
e verificar necessidades de intervenção caso não estejam sendo cumpridos os pontos 
analisados (ARAÚJO, 2006). Através desse processo, analisa-se o comportamento das 
barragens em todas as etapas de produção, desde a implantação até a operação e 
integração ambiental.641 
 
 Apesar da implantação dos instrumentos para leitura dos dados, há a necessidade 
de análise e verificação constantes, para garantir que qualquer mudança abrupta e 
geradora de risco não ocorra. Sendo assim, há a necessidade de atenção junto aos dados 
fornecidos, bem como a execução das verificações de campo, que são indispensáveis, 
sobretudo em casos onde há dúvidas a respeito de valores que apresentam ultrapassagem 
dos parâmetros sem apresentação de anomalias aparentes (MACHADO, 2007). Assim, 
para que seja possível que esses comportamentos não-normais sejam detectados e 
corrigidos, é importante que as inspeções e relatórios realizados obedeçam a certa 
periodicidade previamente definida na portaria 70.389/2017 do DNPM como forma de não 
geração de gaps de tempo, que podem ser cruciais para as atividades em questão. 
 As soluções para a realização do processo de auscultação dependem da análise de 
implementação de cada tipo de barragem. Na metodologia jusante, por exemplo, há a 
necessidade de modificações constantes da instrumentação, tendo em vista que, quanto 
maior o acúmulo dos rejeitos, maior a necessidade de alteamento e, com isso, de migração 
dos equipamentos (MACHADO, 2007). 
Em condições normais, as grandezas analisadas/monitoradas são o deslocamento 
dos rejeitos de camada superficial, as deformações e tensões verificadas, os níveis 
piezométricos das fundações, a pressão da água e a vazão apresentada, podendo os 
instrumentos serem manuais, através de leitura pontual e transformação dos dados em 
gráficos, ou então automatizadas, tal qual realizam leituras ao longo do dia e realizam uma 
parametrização média para evitar que sejam coletados dados não verdadeiros (ARAÚJO, 
2006). A implantação de tal solução promoveu a possibilidade da consulta remota e em 
tempo real dos dados, além do armazenamento desses em um banco com informações 
históricas para análise pela equipe de especialistas geotécnicos (SILVA, 2019). Entre os 
principais modelos de equipamentos aplicados, estão os medidores de nível de água, 
piezômetros (tubo aberto, hidráulico, elétrico e de corda vibrante), atuando na verificação 
dos parâmetros supracitados e confrontando com o projeto para indicação das 
necessidades de intervenções. 
 
Conclusão 
 
Com o presente estudo, foi possível observar que há uma grande preocupação com 
as questões relacionadas às barragens de rejeitos, muito em consideração aos problemas 
e acidentes já visualizados nos últimos anos. Embora haja a preocupação com os aspectos 
 642 
 
construtivos das barragens, a instabilidade de solo e as questões relacionadas à geografia 
do local podem contribuir para tais ocorrências, sendo a construção da barragem um 
processo que visa aumentar a segurança na atividade, ainda que não garanta a isenção de 
acidentes dessa natureza. 
 Seja na delimitação de aplicação do método de alteamento jusante, montante ou de 
linha de centro, a preocupação está voltada ao correto depósito dos rejeitos gerado, bem 
como a capacidade de drenagem da água, que além de um dreno canalizado, pode levar 
sistemas de reflorestamento ou outras ações semelhantes como modo de auxiliar nesse 
processo, evitando sobrecargas e possíveis acidentes. 
 Além disso, há a necessidade de realização do monitoramento dessas barragens, 
que consiste na verificação intervalada dos parâmetros de definição de projetos para que, 
através do confrontamento de dados, seja observadas anomalias que podem ser 
prejudiciais ao sistema como um todo. Através dos dispositivos/instrumentos de 
monitoramento aplicados, é possível aumentar o grau de confiabilidade desses parâmetros 
e, juntamente aos processos de inspeção visual de campo, garantir que possíveis pontos 
prejudiciais ao sistema ocorram sem alertar o processos de monitoramento, para que assim 
sejam tomadas as devidas providências e evitar que ocorram situações como rompimento 
de barragens, ou que a mesma não atue conforme for projetada. 
 
Referências 
 
Alonso, E.R. Dimensionamento de fundações profundas. 2 ed. São Paulo: Edgard 
Blucher, 2012. 
 
Alyrio, Rovigati Danilo. Métodos e técnicas de pesquisa em administração. Rio de 
Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009. 
 
Araújo, C. B. Contribuição ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de 
mineração de ferro. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
COPPE. Rio de Janeiro, 2006. 
 
Bertol, I. Perdas de solo, água e nutrientes reduzidas pela cultura do milho . Pesq. 
Agropec. Brasil, 2010. 
 
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