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- -1
TEORIAS DO DISCURSO
A COERÊNCIA TEXTUAL
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Conhecer os conceitos de coesão textual e de coerência textual;
2. Compreender a relação entre coesão e coerência;
3. Distinguir os tipos de coesão;
4. Conhecerá os fatores de coerência.
1 Introdução
Quando consideramos um texto que utilize a linguagem verbal, ou seja, um texto que utilize palavras, devemos
observar que, além da pontuação que contribui para a “costura” do texto, há outros elementos que podem ser
utilizados para articular elementos e indicar as relações existentes entre eles. Há dois fenômenos fundamentais
na constituição dos sentidos no texto: a coesão e a coerência textuais.
Ao final de nossa aula, perceberemos a importância da coesão e da coerência no processo de produção de
sentido de um texto. Apesar de serem fenômenos relacionados, veremos que é possível que um texto ainda sem
elos coesivos seja coerente, tendo em vista que o leitor/ouvinte faz uso de um conjunto de conhecimento de
natureza diversa.
Vale lembrar que o leitor, nesse processo de produção de sentido, precisará considerar diversos aspectos, a
saber: o vocabulário e situação de uso, os recursos sintáticos, os blocos textuais e a associação a fatos variados, o
gênero textual, a situação comunicativa etc.
O trabalho com os mecanismos de coerência e de coesão é necessário para a atividade de compreensão e
produção de textos e é importante lidar com a coerência e a coesão no processo de produção de seus textos.
2 Entendendo a noção de texto
Quando consideramos nossos usos da língua que falamos, percebemos que a comunicação se dá por meio de
textos - unidades de significação que precisam de um contexto para que se realizem.
Koch e Travaglia (2001) tecem uma interessante consideração acerca da noção de texto.
Segundo os autores, sempre que produzimos um texto, temos a intenção de comunicar uma ideia.
Já sabemos que não nos comunicamos apenas por palavras. Por isso, dizemos que o texto pode ser :
• Verbal•
- -3
• Verbal
• Não Verbal
EXEMPLO
Os sinais de trânsito se constituem em unidades de significação para aqueles que os compreendem. São,
portanto, textos para os indivíduos capazes de interpretá-los. Imagine se as pessoas, principalmente os
motoristas, não soubessem ler seus significados. Nossa vida se tornaria o caos, não?
Como já pudemos entender, o texto é uma forma de nos manifestarmos, quando queremos nos comunicar. É
frequente o uso de linguagem verbal e não verbal, por exemplo, em propagandas, sejam elas veiculadas na
televisão ou em veículos impressos como jornais, revistas, outdoors, nos quais, geralmente, precisamos associar
o texto à imagem para depreender seu real sentido.
Vejamos a propaganda da Hortifruti, uma rede de lojas especializada na venda de frutas e legumes.
Para que essa propaganda se torne coerente, ou seja, para que ela adquira significado precisamos saber:
• o que é a Hortifruti e quais produtos ela comercializa;
• que rúcula é uma hortaliça verde;
• que há um filme chamado ”O Incrível Hulk” e que ”Hulk”, protagonista do filme, é verde.
Agora reflita sobre a propaganda a seguir e depois procure o seu professor online. Quais são os conhecimentos
necessários para compreendê-la?
•
•
•
•
•
- -4
3 Coesão e coerência textuais
Koch e Travaglia (2001), no livro A coerência textual, afirmam que coesão e coerência constituem fenômenos
distintos:
Coerência
Opera no nível macrotextual, ou seja, ela é o resultado da organização dos componentes do texto somada a
processos cognitivos que atuam entre o usuário e o produtor do texto.
Coesão
Opera no nível micrototextual, ou seja, atua na organização da sequência textual.
Segundo os autores, o processo de coesão envolve mecanismos de relação entre os elementos que constituem a
superfície textual: a coesão revela-se através de marcas linguísticas, organizando a sequência do texto. Os
mecanismos coesivos se baseiam numa relação entre os significados de elementos da superfície do texto.
Já a coerência não se encontra no texto, uma vez que é construída pelo leitor com base em seus conhecimentos.
Teremos um texto coerente quando for possível aos interlocutores construir um sentido para o texto.
Apesar da distinção apresentada anteriormente entre coesão e coerência, Koch e Elias (2007:187), em Ler e
compreender sentidos do texto, destacam que “em um segundo momento, todavia, percebeu-se que a distinção
entre coesão e coerência não podia ser estabelecida de maneira radical, considerando-se ambas fenômenos
independentes”. Segundo as autoras, a coesão nem sempre “se estabelece de forma unívoca entre os elementos
presentes na superfície textual, fato esse que exige do leitor, em muitos casos, o recurso ao contexto para a
construção da coerência do texto”.
Segundo Koch e Travaglia (2001:43), os conceitos de coesão e coerência estão relacionados: somente a coesão
não é suficiente nem necessária para que haja um texto porque “(...) há muitas sequências linguísticas com pouco
ou nenhum elemento coesivo, mas que constituem um texto porque são coerentes e por isso têm o que se chama
de textualidade”.
Um bom exemplo da possibilidade de haver texto, porque há coerência, sem elos coesivos explicitados
linguisticamente, é o texto do escritor cearense Mino, citado pelos autores, em que só existem substantivos.
EXEMPLO
Circuito Fechado (Ricardo Ramos)
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel,
espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa,
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abotoaduras, calça, meia, sapatos, gravata, paletó. Carteira, niqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio,
maço de cigarros, caixa de fósforo. Jornal. Mesa, cadeiras, xicara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo.
Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papeia, telefone, agenda, copo com
lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis,
cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales,
cheques [...]
(Koch e Travaglia, 2001:61)
Apesar da ausência de elementos coesivos, conseguimos estabelecer a coerência desse texto.
Por outro lado, a presença de elementos coesivos não é suficiente para garantir a coerência de um texto porque
há sequências linguísticas para as quais não é possível estabelecer um sentido global apesar de haver coesão
entre as frases. É o caso do exemplo a seguir:
EXEMPLO
O livro que eu comprei foi traduzido do francês, no entanto, os empregados estão em férias. Ainda que tenhamos
viajado em nosso carro novo, ele ainda não foi fabricado.
Apesar de os exemplos acima possuírem elementos coesivos, não é possível estabelecer a coerência entre seus
períodos, o que atesta não ser a coesão suficiente para que enunciados se constituam em textos.
4 A coesão textual
Koch (2001), em A coesão textual, afirma que os mecanismos coesivos são os responsáveis pelo modo como as
sequências textuais se integram. Segundo a autora, a coesão textual estabelece uma relação entre um elemento
do texto e algum outro elemento fundamental para a sua interpretação. Podemos perceber alguns tipos de
coesão:
• 1- Coesão lexical ou referencial. 
Segundo Koch (2001), nesse tipo de coesão temos “[...]. um componente da superfície do texto que faz
remissão a outro(s) elemento(s) do universo textual”. (p. 30)
• 2- Coesão sequencial.
Kock (2001) afirma que essa coesão “[...] diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais
se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enuncidados, parágrafos e mesmo
sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o
texto progredir.” (p. 49) Nesse tipo de coesão entram elementos como a ordem dos vocábulos, dos
•
•
- -6
conectores,dos pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos,
demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá,
aí), artigos definidos, de expressões de valor temporal.
• 3- Coesão recorrencial. 
Fávero (1995), em Coesão e coerência textuais, nos apresenta esse conceito afirmando que:
“A coesão recorrencial se dá quando, apesar de haver retoada de estruturas, itens ou sentenças, o fluxo
informacional caminha, progride; tem, então, por função levar adiante o discurso. Constitui um meio de
articular a informação nova (aque-la que o escritor/locutor acredita não ser conhecida) à velha (aquela
que acredita ser conhecida ou porque está fisicamente no contexto ou porque já foi mencionada no no
discurso) (Brown e Yule, 1983, p. 154).”
Quando lemos um texto ou ouvimos alguém dizer “Isso não tem coerência”, do que estamos falando? Geralmente,
algo nesse texto faz com que não o entendamos. O mecanismo de coerência é o responsável por sermos capazes
de relacionar os elementos do texto, construindo um significado para ele. É a coerência que faz com que
percebamos uma sequência linguística como um texto.
Vamos fazer um pequeno teste?
Assista ao vídeo da música Espatódea de Nando Reis
https://www.youtube.com/watch?v=5ixcoTs3t_g
Agora reflita:
A letra da música é coerente para você? Se você respondeu rapidamente que sim, reflita:
1- Você compreendeu por que o nome da música é Espatódea?
2 - Entendeu a relação entre Espatódea e Zoé?
3 -Observou as referência à Zoé e à Espatódea ao longo da música?
Viu quantas coisas estão envolvidas no processo de estabelecimento de sentido de uma simples letra de música?
• Dimensão semântica Caracteriza-se por uma interdependência semântica entre os elementos 
constituintes do texto.
• Dimensão pragmática É fundamental, no estabelecimento da coerência, o nosso conhecimento de 
mundo, e esse conhecimento é acumulado ao longo de nossa existência, de maneira ordenada.
Quando afirmamos a incoerência de uma sequência podemos fazê-lo porque quem o produziu não se preocupou
com a comunicabilidade, não obedeceu ao código linguístico, enfim, não levou em conta o fato de que a coerência
está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto.
Quando falamos sobre ”ser coerente” ao se produzir um texto, falamos de se apresentar um raciocínio lógico, de
se manter ao longo do texto uma unidade de sentido.
•
•
•
- -7
Deve-se ter sempre em mente que ao escrevermos ou falarmos um texto, temos uma intenção comunicativa.
O indivíduo que recebe nosso texto precisa ativar seu conhecimento de mundo e projetar esse conhecimento de
modo a que o texto faça sentido para ele.
Para que um texto seja coerente, pode ser necessário o conhecimento do significado e um substantivo como no
caso da música Espatódea, ou de outro elemento.
Vejamos um exemplo em que é necessário observar o sentido do advérbio para que possamos estabelecer a
coerência.
EXEMPLO
Futebol Em casa, o Palmeiras só empatou.
No exemplo acima, o advérbio ”só” agrega ao texto da manchete a ideia de que o Palmeiras, até a época da
manchete, não conseguiu vencer ao jogar ”em casa”; no máximo, conseguiu empatar. Fato que deve ter
desagradado à torcida. A locução adverbial “em casa” faz com que o leitor recupere a informação de que se trata
do “Palestra Itália”, local do jogo.
Analisemos uma reportagem:
O Globo “Turbulências são comuns em quase todos os voos e, normalmente, podem ser detectados com
antecedência, mas acidente e imprudência sempre caminham juntas.”
Do leitor, sobre a turbulência que deixou 21 feridos.
(O Globo, 29/05/2009. Disponível em http://oglobo.globo.com/
O advérbio “normalmente” reforça a opinião de um leitor sobre a frequência com que determinados problemas
ocorrem com transportes aéreos. Observemos que o uso desse advérbio não pode ser considerado um
mecanismo de coesão, já que ele não atua na organização da sequência textual e sim reforça a ideia de um fato
que acontece de forma rotineira. Ainda assim, compreender seu uso torna a reportagem como um todo mais
coerente.
Portanto, a coerência se estabelece numa situação comunicativa; ela é a responsável pelo sentido que um texto
deve ter quando partilhado por esses usuários, entre os quais existe um acordo preestabelecido, que pressupõe
limites partilhados por eles e um domínio comum da língua.
5 Há o não texto? Existem sequências linguísticas 
incoerentes?
Há diferentes pontos de vista quanto à existência do não texto.
Para Beaugrande e Dressler (apud Koch e Travaglia, 2001:46):
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A coerência é definida em função da continuidade de sentidos e para, esses autores, há textos incoerentes.
“Sequências linguísticas incoerentes seriam aquelas em que o receptor não consegue descobrir qualquer
continuidade de sentido, seja pela discrepância entre os conhecimentos ativados ou pela inadequação entre esse
conhecimento e seu universo cognitivo”.
Para que um texto faça sentido, é muito importante que o conhecimento de mundo seja partilhado pelo produtor
e receptor do texto. Do contrário, se a quantidade de informação for nova em sua maioria, a tendência é que o
leitor o veja como incoerente, porque esse não fará sentido para ele.
Charolles (apud Koch e Travaglia, 2001:47):
Considera que a coerência é algo que se estabelece na interlocução, ou seja, na interação de dois usuários, numa
dada situação comunicativa e que não há textos incoerentes em si. Em função disso, ele afirmou que a coerência
seria a qualidade que têm os textos de serem reconhecidos como bem formados pelos falantes. Assim, a
coerência é colocada como princípio de interpretabilidade e tem a ver com a “boa formação” do texto,
determinando a possibilidade de se estabelecer o sentido do texto. Todavia, ele admite a incoerência local, ou
seja, sequências nas quais não há nenhuma marca de relação entre os enunciados e nas quais a relação entre o
conteúdo dos enunciados não é aparente.
A coerência não é nem característica do texto, nem dos usuários do mesmo, mas insere-se no processo que
coloca texto e usuário em relação numa situação. A coerência está, pois, ligada à:
• Compreensão
• Possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escrever
Assim, a coerência é decorrente do sentido contido no texto, para quem ouve ou lê. Uma simples frase, um texto
de jornal, uma obra literária (romance, novela, poema...), uma conversa animada, o discurso de um político ou do
operário, um livro, uma canção etc., enfim, qualquer comunicação, independentemente de sua extensão, precisa
ter sentido, isto é, precisa ter coerência.
6 Fatores de coerência
A coerência depende de uma série de fatores, entre os quais vale ressaltar:
Conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores;
Domínio das regras que norteiam a língua: isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos linguísticos;
Os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação,
suas crenças, a função comunicativa do texto.
•
•
- -9
Ainda com respeito ao conhecimento partilhado de mundo, deve-se dizer que a ele se acrescentam as
informações novas. Se estas forem muito numerosas, o texto pode se tornar incoerente, devido à não
familiaridade do ouvinte/leitor com essa massa desconhecida de informações.
Além disso, é importante considerarmos o tipo e o gênero do texto. Em um texto descritivo, por exemplo, espera-
se que tenhamos a ordem em que são percebidos os objetos ou os componentes de uma cena; em um texto
dissertativo-argumentativo espera-se a ordenação das ideias de forma lógica etc. Da mesma forma, quando
consideramos os diferentes gêneros textuais, sabemos, por exemplo, que uma reportagem em um jornal que
trate de um crime apresentará diferença no formato e no tratamento dado ao tema se a compararmos com um
livro policial.
EXEMPLO
Quando alguém lêum texto muito técnico, de uma área na qual é leigo.
https://www.youtube.com/watch?v=dXRCCni1jtY
Além disso, é importante considerarmos o tipo e o gênero do texto.
• Texto descritivo Espera-se que tenhamos a ordem em que são percebidos os objetos ou os 
componentes de uma cena.
• Texto dissertativo-argumentativo Espera-se a ordenação das ideias de forma lógica. Da mesma forma, 
quando consideramos os diferentes gêneros textuais, sabemos, por exemplo, que uma reportagem em um 
jornal que trate de um crime apresentará diferença no formato e no tratamento dado ao tema se a 
compararmos com um livro policial.
6.1 Tipos de coerência
Coerência semântica Diz respeito à combinação dos significados da sequência linguística. Quando os sentidos
não combinam, a sequência torna-se contraditória.
Exemplo: Ele comprou um carro novo. Esse é muito veloz. O sintagma “carro novo”veículo de comunicação
pode ser retomado pela palavra “veículo”, mas não pelo sintagma ”veículo de comunicação”.
Coerência sintática Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos,
pronomes etc.
Exemplo: Ele comprou um carro novo, mas continua sem carro novo.
Coerência estilística Um texto deve manter um estilo uniforme, ou seja, deve-se evitar a mistura de registros.
Ainda que ela não prejudique a interpretabilidade de um texto, ela deve ser evitada, a menos que seja usada
propositalmente, como um recurso estilístico. Esse uso proposital ocorre, muitas vezes, quando dizemos “Não
sou contra, nem a favor, muito pelo contrário”.
Coerência pragmática Quando pertencemos a um determinado grupo social, somos capazes de perceber uma
série de “deixas” em termos de usos da língua. Imagine a seguinte situação. Estamos em uma sala com o ar
•
•
- -10
condicionado ligado e dizemos a uma pessoa sentada próxima ao aparelho “Nossa, como a sala está gelada”.
Ainda que não tenhamos feito um pedido de forma direta, provavelmente, esse indivíduo irá nos perguntar algo
como “Quer que eu altere a temperatura?”.
1 - Elementos linguísticos:
Koch e Travaglia (2001) afirmam que somente as palavras não são suficientes para apreender o sentido de um
texto, mas são muito importantes para o estabelecimento da coerência.
2 - Conhecimento de mundo: É determinante no estabelecimento da coerência. Koch e Travaglia (2001)
estabelecem que “[...] a representação do mundo pelo texto nunca coincide exatamente com o “mundo real”,
porque há sempre a mediação dos conhecimentos de mundo [...]” (p. 60). Os autores também afirmam que “o
conhecimento de mundo é visto como uma espécie de dicionário enciclopédico do mundo e da cultura
arquivados na memória”. (p.61)
Koch e Travaglia (2001:62) observam ainda que o conhecimento pode ser de dois tipos:
• conhecimento enciclopédico. Representa tudo o que se conhece e que está arquivado na memória de 
longo termo;
• conhecimento ativado. Trazido à memória presente (operacional e/ou temporária).
O conhecimento de mundo é adquirido à medida que vivemos e vamos armazenando os fatos que
experienciamos. Ele é arquivado na memória em blocos que denominam modelos cognitivos. Os modelos
cognitivos são culturalmente determinados e aprendidos através de nossa vivência em dada sociedade. Há
diversos tipos de modelos cognitivos:
3 - Conhecimento partilhado. Ao produzir um texto, o indivíduo parte do pressuposto de que seu leitor
compartilha informações com ele. Quanto maior for o conhecimento por eles partilhado, ou seja, quanto maior a
quantidade da informação velha, menos explícito precisará ser o texto já que o receptor pode preencher lacunas
através de inferências.
•
•
Saiba mais
A informação é “velha” ou quando os elementos textuais remetem ao conhecimentodada
partilhado pelos interlocutores. Uma informação será quando é introduzida a partir dosnova
elementos textuais.
- -11
4 - Fatores de contextualização ou fatores pragmáticos Koch e Travaglia (2001:67) afirmam que “Os fatores
de contextualização são aqueles que ’ancoram’ o texto em uma situação comunicativa determinada”. Como
fatores de contextualização temos elementos como a situação comunicativa, o grau de informatividade do texto,
a intertextualidade, entre outros.
Assim chegamos ao final de nossa aula sobre coerência. Reflitam sobre a importância da coerência para o
estabelecimento do sentido, avaliem quantos itens entram em jogo quando somos expostos a um texto, que pode
ser uma simples tira dessas publicadas nos jornais, uma charge mais complexa ou uma reportagem sobre um
assunto cotidiano. Considerem a importância do conhecimento de mundo na leitura de um texto e nas diferentes
formas que nós, professores, podemos e devemos utilizar para auxiliar nossos alunos na compreensão textual.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos:
• a pragmática.
• a diferença entre semântica e pragmática.
• as noções de frase e enunciado.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• compreendeu a relação entre coesão e coerência;
• distinguiu os tipos de coesão;
• conheceu os fatores de coerência.
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