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Deficiência visual_ Fundamentos e Metodologias

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Indaial – 2019
Deficiência visual: 
funDamentos e 
metoDologias
Prof.ª Adriana Prado Santana Santos
Prof.ª Janaina Lueders
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Adriana Prado Santana Santos
Prof.ª Janaina Lueders
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
SA237d
 Santos, Adriana Prado Santana
 Deficiência visual: fundamentos e metodologias. / Adriana Prado 
Santana Santos; Janaina Lueders. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 200 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0398-0
1. Deficiência visual. - Brasil. I. Lueders, Janaina. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 371.9044
III
apresentação
Caro acadêmico, é com grande entusiasmo que apresentamos a 
você a disciplina Deficiência Visual: fundamentos e metodologia. Este livro 
didático foi desenvolvido com muito estudo e dedicação para apresentar as 
orientações teóricas e os recursos que servirão como base para conduzi-lo 
ao conhecimento acerca das questões e debates que envolvem a deficiência 
visual e seus contextos.
A inclusão da pessoa com deficiência visual na sociedade e na escola 
é um tema de extrema importância para o educador, pois, toda pessoa tem 
direito de sentir-se acolhido e pertencente ao meio em que vive.
A escola tem papel fundamental em desenvolver no educando a 
possibilidade de aprender e utilizar várias estratégias e possibilidades no 
desenvolvimento integral do seu intelecto. Este livro aborda diferentes 
concepções teóricas, com o intuito de problematizar o tema e possibilitar 
uma visão ampla dos diversos aspectos relacionados à inclusão da pessoa 
com deficiência.
Na Unidade 1, buscaremos conhecer o contexto histórico da 
deficiência visual, iniciando os estudos através de um breve histórico da 
deficiência, o papel da sociedade na inclusão da pessoa com deficiência 
visual e a formação docente para atuar com essa deficiência. Analisando 
como acontece a formação e quais os percalços dessa numa inclusão de fato. 
Entenderemos a classificação e a legislação acerca da Deficiência Visual, o que 
trata a legislação mundial e brasileira sobre o tema. Estudaremos também 
sobre a classificação da deficiência visual, de acordo com a Organização 
Mundial da Saúde e a classificação educacional para essa deficiência.
 
Na Unidade 2, estudaremos os tipos de deficiência visual e os recursos 
necessários para a inclusão escolar. Na primeira parte dessa unidade, 
apresentaremos os tipos de deficiência visual, as causas, os diagnósticos e os 
prognósticos da baixa visão, da cegueira e da surdocegueira. Na sequência, 
veremos alguns recursos didáticos utilizados para a inclusão da pessoa 
com deficiência visual, a fim de auxiliar em sua aprendizagem. Além disso, 
falaremos dos recursos ópticos e não ópticos, a adequação dos espaços 
físicos e mobiliários e como estabelecer uma comunicação e relacionamento 
adequados para proporcionar uma inclusão de qualidade à pessoa com 
deficiência visual.
 
Na Unidade 3, apresentaremos os desafios das pessoas com deficiência 
visual nos espaços sociais, abordaremos um olhar sobre a acessibilidade, 
considerando a importância da inclusão social e escolar do aluno com 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
deficiência visual. Na sequência, estudaremos os caminhos para autonomia, 
o papel da sociedade, da família e da escola nesse processo. Refletiremos 
também acerca da orientação e mobilidade, trazendo conhecimentos básicos 
para a inclusão da pessoa com deficiência. Para concluir nossos estudos, 
apresentamos alguns recursos e adaptações necessários para a inclusão 
do aluno com deficiência visual no seu processo de alfabetização, além de 
trazer exemplos de materiais didáticos multidisciplinares de várias áreas do 
conhecimento.
Bons estudos!
Profª. Adriana Prado Santana Santos
Profª. Janaina Lueders
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE ... 1
TÓPICO 1 – DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO ................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE É DEFICIÊNCIA? UMA BREVE CONCEITUAÇÃO SOBRE O TEMA ..................... 4
3 DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE OLHAR ............................................................................... 6
4 A HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA VISUAL ..................................................................................... 11
4.1 A SOCIEDADE NA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL ..................... 17
4.2 A FORMAÇÃO DOCENTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO DA PESSOA COM 
DEFICIÊNCIA .................................................................................................................................. 20
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 27
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 28
TÓPICO 2 – A DEFICIÊNCIA VISUAL: CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO ........................... 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31
2 LEGISLAÇÃO MUNDIAL SOBRE A DEFICIÊNCIA .................................................................. 31
3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A DEFICIÊNCIA VISUAL .............................................. 34
4 CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL ............................................................................ 40
4.1 CLASSIFICAÇÃO EDUCACIONAL ............................................................................................ 43
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................49
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 53
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 54
UNIDADE 2 – DEFICIÊNCIA VISUAL – TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL .......................... 55
TÓPICO 1 – TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL, DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS .... 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
2 BAIXA VISÃO ...................................................................................................................................... 58
2.1 CAUSAS ............................................................................................................................................ 59
2.2 DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS PARA BAIXA VISÃO .................................................. 69
3 CATARATA INFANTIL ...................................................................................................................... 70
3.1 DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS PARA CATARATA INFANTIL .................................. 72
4 CATARATA EM ADULTOS E CATARATA SENIL ....................................................................... 72
4.1 DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS PARA PESSOAS COM CATARATAS SÊNIOR ...... 73
5 CEGUEIRA ............................................................................................................................................. 74
5.1 CAUSAS DA CEGUEIRA ............................................................................................................... 74
6 GLAUCOMA CONGÊNITO E GLAUCOMA TARDIO ............................................................... 79
7 SURDOCEGO........................................................................................................................................ 80
7.1 CAUSAS MAIS CONHECIDAS .................................................................................................... 81
7.2 DIAGNÓSTICOS E PROGNÓSTICOS PARA SURDOCEGOS ................................................ 83
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 85
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 86
sumário
VIII
TÓPICO 2 – RECURSOS DIDÁTICOS PARA A INCLUSÃO DA PESSOA COM 
 DEFICIÊNCIA VISUAL .................................................................................................. 87
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 A INCLUSÃO DA PESSOA COM BAIXA VISÃO OU CEGUEIRA .......................................... 88
2.1 A APRENDIZAGEM ....................................................................................................................... 88
2.2 RECURSOS DIDÁTICOS PARA O TRABALHO COM A PESSOA COM DEFICIÊNCIA 
VISUAL NA ESCOLA ..................................................................................................................... 90
2.3 RECURSOS ÓPTICOS E NÃO ÓPTICOS .................................................................................... 91
2.4 ESPAÇO FÍSICO E MOBILIÁRIO ................................................................................................. 98
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
TÓPICO 3 – USO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA INCLUSÃO DA PESSOA 
 COM DEFICIÊNCIA VISUAL .....................................................................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS COMO POSSIBLIDADE DE INCLUSÃO DA 
 PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL .......................................................................................104
2.1 SOFTWARES DE COMUNICAÇÃO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ......106
2.2 APLICATIVOS NO AUXÍLIO DA COMUNICAÇÃO PARA O DEFICIENTE VISUAL ....107
2.3 O SISTEMA BRAILE USADO COMO TECNOLOGIA ............................................................110
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................123
UNIDADE 3 – A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO SOCIAL E ESCOLAR PARA O 
 ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL .................................................................125
TÓPICO 1 – OS DESAFIOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ..........................127
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127
2 O CAMINHO PARA AUTONOMIA ..............................................................................................129
2.1 PAPEL DA FAMÍLIA.....................................................................................................................130
2.2 PAPEL DA SOCIEDADE ..............................................................................................................133
2.3 CÃO-GUIA .....................................................................................................................................135
2.4 PAPEL DA ESCOLA ......................................................................................................................137
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................144
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146
TÓPICO 2 – ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE: CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA 
 A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL ................................147
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147
2 FORMAÇÃO DE CONCEITO – UM BREVE OLHAR ..............................................................149
2.1 ESTIMULAÇÃO CORPORAL .....................................................................................................151
2.2 ESTIMULAÇÃO AUDITIVA ....................................................................................................155
2.3 ESTIMULAÇÃO DA PERCEPÇÃO OLFATIVA E DEGUSTATIVA .......................................156
2.4 ESPACIAIS/AMBIENTAIS ...........................................................................................................159
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
IX
TÓPICO 3 – RECURSOS E ADAPTAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS 
 MULTIDISCIPLINARES PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM 
 DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................................................................1651 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 ALFABETIZAÇÃO E APRENDIZAGEM .......................................................................................166
2.1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – SALA DE RECURSO 
MULTIFUNCIONAL (SRM) .........................................................................................................168
3 MATERIAIS DIDÁTICOS MULTIDISCIPLINARES .................................................................175
3.1 PORTUGUÊS ..................................................................................................................................177
3.2 MATEMÁTICA ..............................................................................................................................180
3.3 HISTÓRIA/GEOGRAFIA .............................................................................................................182
3.4 CIÊNCIAS .......................................................................................................................................183
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................188
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................191
X
1
UNIDADE 1
DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO 
HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conceituar deficiência;
 
• proporcionar ao educando compreender os diferentes conceitos do termo 
deficiência ao longo da história;
• apresentar ao acadêmico um breve histórico da deficiência visual no Brasil;
• analisar a importância da sociedade na inclusão da pessoa com deficiência;
• reconhecer a importância da formação do professor para o trabalho com a 
pessoa com deficiência;
• compreender a legislação acerca da classificação e legislação da deficiência 
visual;
• relacionar a classificação da deficiência visual de acordo com a Organização 
Mundial da Saúde e educacional.
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
TÓPICO 2 – A DEFICIÊNCIA VISUAL: CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, você já parou para pensar que o mundo é interpretado a partir 
de muitos olhares? E que cada pessoa interpreta a partir daquilo que vê? Ora, e 
quais são as diversas formas de “olhar e enxergar” as coisas? Todos olhamos 
apenas com nossos olhos? Quais outras possibilidades de interpretar o mundo 
podem ser desenvolvidas pelo ser humano?
A forma com que o ser humano enxerga o mundo é individual e cheia 
de possibilidades. Compreende-se aqui que a palavra “enxergar” não se limita 
a olhar com os olhos, mas está carregada de sentimentos, de sensibilidades, de 
cheiros, gostos e sensações, e estes são extremamente individuais e mutáveis, 
ou seja, nem sempre enxergamos as coisas da mesma forma e com a mesma 
intensidade. Assim, como este conceito de enxergar o mundo pode ser diverso, 
devemos considerar que vivemos num mundo de diversidades e diferenças, 
sendo necessário o respeito com o outro. 
No subtópico a seguir você será apresentado ao conceito de deficiência. 
É importante conhecer, à luz da legislação, como o termo é definido e como 
ao longo do tempo ele sofreu alterações, como excepcional, portador de 
necessidades especiais, portador de deficiência e, atualmente, “pessoa com 
deficiência”, onde a palavra “pessoa” tem o objetivo de diminuir o peso da 
palavra “deficiência”, afinal, todos somos diferentes, não é? Após essa breve 
conceituação, você será levado a refletir sobre a história da deficiência visual, 
trazendo uma linha do tempo desde a época mais remota, como em algumas 
culturas em que os cegos eram idolatrados e em outras eram tratados como 
espíritos do mal. Na sequência, você estudará sobre a importância da sociedade 
na inclusão da pessoa com deficiência e a formação de professores para atuar 
com alunos com deficiência visual.
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
4
2 O QUE É DEFICIÊNCIA? UMA BREVE CONCEITUAÇÃO 
SOBRE O TEMA
 Antes de iniciar os estudos sobre a deficiência visual é importante que 
você, estudante, amplie seu conhecimento sobre o significado do termo deficiência 
à luz da legislação, para que compreenda como a lei trata as questões relacionadas 
às pessoas com deficiência e seus direitos.
Aqui, teremos acesso a uma breve conceituação médica sobre o tema e a 
legislação brasileira que conceitua o termo “deficiência”. O período histórico com 
as determinações legais você encontrará mais adiante, ao tratarmos da história e 
legislação da deficiência visual.
Para compreender a construção do conceito de deficiência, convido você 
a conhecer um pouco sobre como se constituiu a classificação das doenças. De 
acordo com Amiralian (2000), esta vem sendo uma preocupação dos profissionais 
da saúde desde o século XVIII, mas apenas na VI Revisão Internacional 
de Doenças (CID-6), em 1948, é que foram feitas referências às doenças que 
poderiam se tornar crônicas e que passaram a exigir outros atendimentos além 
dos cuidados médicos.
Ainda segundo Amiralian (2000), em 1976 surgiu uma nova conceituação, 
que se apresentou como a Classificação Internacional de Deficiências, 
Incapacidades e Desvantagens (Quadro 1), sendo esse manual publicado em 1989.
Entende-se a partir dessa publicação os seguintes conceitos:
QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DEFICIÊNCIAS
TERMO CONCEITO
DEFICIÊNCIA
Perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, 
fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. 
Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito 
ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer 
outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. 
Representa a exteriorização de um estado patológico, 
refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no 
órgão.
INCAPACIDADE
Restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade 
para desempenhar uma atividade considerada normal 
para o ser humano. Surge como consequência direta ou é 
resposta do indivíduo a uma deficiência psicológica, física, 
sensorial ou outra. Representa a objetivação da deficiência 
e reflete os distúrbios da própria pessoa, nas atividades e 
comportamentos essenciais à vida diária.
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
5
DESVANTAGEM
Prejuízo para o indivíduo, resultante de uma deficiência 
ou uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho 
de papéis de acordo com a idade, sexo, fatores sociais e 
culturais. Caracteriza-se por uma discordância entre a 
capacidade individual de realização e as expectativas do 
indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização 
da deficiência e relaciona-se às dificuldades nas habilidades 
de sobrevivência. 
FONTE: Adaptado de Amiralian (2000) 
Lembrando que a conceituação apresentada se refere ao conceito médico 
da palavra “deficiência” e, apesar de ter se tornado parte de um manual, esse 
conceito não é unânime e você pode encontrar bibliografias com outros conceitos.
Foi a partir do modelo médico de conceituação de deficiência que se 
iniciou a prática de integração destas pessoas, pois havia o entendimento de que 
era necessário preparar a pessoa com deficiência para integrar-se à sociedade, 
ou seja, torná-la apta a satisfazer os padrões da sociedade (MENEZES, 2013 apud 
GUIMARÃES; FERREIRA, 2003).
Menezes (2013) afirma que neste período iniciou-se a integração das 
pessoas comdeficiência na escola e o termo integração foi utilizado para minimizar 
a situação excludente de educação das pessoas com deficiência, ainda que esta 
integração, apesar de se mostrar como um avanço, apenas “as pessoas que 
possuíam condições de se adequar na sociedade de forma geral e em instituições 
como a escola teriam oportunidades de integração” (MENEZES, 2013, p. 16).
Quando se refere ao processo educacional da integração da pessoa com 
deficiência, remete-se a Januzzi (2004, p. 29), o qual afirma que: “[...] a história 
da educação dos deficientes vem se manifestando através de tentativas práticas, 
muitas vezes criações deles próprios para vencer os desafios com que se confrontam 
nos diversos tempos e lugares”. Observa-se que o processo de inclusão foi lento e 
gradativo, e, conforme Menezes (2013), num primeiro momento foram integrados 
deficientes visuais e auditivos, seguidos dos físicos e, por último, dos mentais, 
processo esse que iniciou na Europa, vindo a acontecer mais tarde no Brasil.
De acordo com Castro et al. (2015, p. 65), a educação dos indivíduos com 
deficiência ao longo do tempo foi caracterizada basicamente em quatro fases: 
I- Fase da negligência, durante a época pré-cristã, na qual era quase 
nulo o atendimento aos indivíduos, sendo estes, muitas vezes, 
excluídos do convívio com a sociedade.
II- Fase da institucionalização, com a reclusão e atendimento em casas 
de abrigo (o que aconteceu também com os hansenianos). 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
6
III- Fase da criação das escolas especiais que forneciam aos deficientes 
uma educação exclusiva, com atendimento assistencialista médico-
pedagógico e psicopedagógico, substitutivo ao ensino regular; e 
por último. 
IV- Fase do movimento de integração social, o qual tentava incorporar 
os alunos “excepcionais” em ambientes escolares, mas somente 
até onde se achava que a capacidade dos mesmos podia alcançar.
 
Neste livro didático o objetivo não é aprofundar-se em conceitos sobre 
deficiência de forma genérica, tampouco em conceitos médicos, mas é importante 
que você, estudante, compreenda que o ser humano deve ser entendido em sua 
integralidade, desta forma, Amiralian (2009, p. 27) afirma que saúde e educação 
“se entrelaçam e precisam conviver sempre juntas ao se trabalhar com seres 
humanos e se reveste de uma necessidade especial quando as intervenções são 
dirigidas às pessoas com deficiência”. 
3 DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE OLHAR
A deficiência visual, mais especificamente a cegueira, sempre foi tratada 
pela humanidade com preocupação. Conforme Silva (2013), os povos bárbaros 
tratavam as doenças dos olhos com uso de drogas ou exorcismo, eram atribuídos 
aos cegos sentimentos ambíguos, pois, ao mesmo tempo em que eram considerados 
frágeis e indefesos, também se acreditava que possuíam poderes místicos.
O sentido da visão é primordial na interação com outras pessoas e 
com o mundo dos objetos e é revestido de importantes significados, Amiralian 
(2009) defende que as concepções populares e literárias sobre cegueira abordam 
os conceitos metafóricos e simbólicos relacionados à incompreensão e às 
visões superiores, às energias positivas e negativas transmitidas pelo olhar, e 
principalmente, o sentimento de perda e castração das capacidades como uma 
punição merecida por algum pecado inconsciente.
A construção da identidade destas pessoas não acontece pautada na 
deficiência, para elas, conforme defende Winnicott (1975), elas se sentem normais 
como são e só se percebem deficientes no contato com outro.
Neste sentido, segundo Nuernberg (2008), Vygotsky traz importantes 
contribuições ao afirmar que em contraposição à deficiência há um fortalecimento 
do potencial humano, privilegiando as características da pessoa, ao dizer que:
A cegueira, ao criar uma formação peculiar de personalidade, reanima 
novas fontes, muda as direções normais do funcionamento e, de 
uma forma criativa e orgânica, refaz e forma o psiquismo da pessoa. 
Portanto, a cegueira não é somente um defeito, uma debilidade, senão 
também em certo sentido, uma fonte de manifestação das capacidades, 
uma força. (Por estranho que seja, semelhante a um paradoxo) 
(NUERNBERG, 2008, p. 33 apud VYGOTSKY, 1997, p. 99).
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
7
Dessa forma, o ser humano se constitui e se constrói ao longo da vida, 
e quando entra em contato com o outro é que se percebe “deficiente” e há um 
fortalecimento da deficiência, pois fogem da normalidade aceita pela sociedade. 
E de acordo com Nuernberg (2008), é preciso considerar a diversidade, é preciso 
se preocupar com o ser humano, levando em consideração sua situação de sujeito 
complexo, e é necessário “ensinar a condição humana” e saber conviver com ela.
“Nas pessoas que nascem ou venham a adquirir uma deficiência visual, 
a constituição do seu ser e sua identidade perpassa por sentimentos ambíguos 
e muitos conflitos compreensíveis” (AMIRALIAN, 2009, p. 35). Afinal, é na 
interação com o outro que acontece a percepção da deficiência e o ser humano se 
constrói a partir disso.
Na cultura em que vivemos, de acordo com Amiralian (2009), as pessoas 
com quem convivemos são o substrato sobre o qual os indivíduos se constituem, 
conforme a autora supracitada, e para que possamos entender as pessoas com 
deficiência visual, buscando a inclusão delas na sociedade, é de fundamental 
importância refletirmos sobre a nossa cultura, pois na nossa sociedade essas 
pessoas tendem a suscitar nos outros sentimentos de medo, de dúvida, repulsa, 
piedade, caridade e uma outra gama de sentimentos confusos.
Esse olhar culturalmente instituído tem origem na questão do conceito 
de deficiência construído, conforme mencionado acima, pautado no modelo 
médico, onde a proposta de atendimento era centrada na restauração das funções 
para que a pessoa se tornasse o mais possível semelhante aos videntes, conforme 
Amiralian (2009).
Para Silva (2013), a deficiência visual pode ser conceituada a partir de 
duas perspectivas, a médica e a pedagógica. Na perspectiva médica, de acordo 
com o autor, a cegueira se define como a capacidade visual das pessoas que são 
portadoras de deficiência no órgão da visão, e a medida que é utilizada para 
determinar a cegueira é a acuidade visual. 
 Silva (2013) traz alguns exemplos de doenças que podem causar cegueira, 
como a Retnose Pigmentar, que é um distúrbio degenerativo dos bastonetes, com 
atrofia secundária da retina e do epitélio pigmentar. As alterações se iniciam 
na periferia da retina, manifestando-se através de cegueira noturna durante a 
puberdade, e na sua evolução ocorre a diminuição gradativa do campo visual. A 
visão macular se perde em torno da quarta ou quinta década. A doença é bilateral, 
podendo ter evolução simétrica, caracteriza-se sobre o globo ocular causando 
degeneração dos fotorreceptores retinianos, conforme figuras a seguir:
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
8
FIGURA 1 - DEGENERAÇÃO DOS FOTORRECEPTORES RETINIANOS
FONTE: Silva (2013, s.p.)
FIGURA 2 - SIMULAÇÃO COMPARATIVA ENTRE A VISÃO NORMAL E A VISÃO COMPROMETIDA
FONTE: Silva (2013, s.p.) 
Nos casos de baixa visão, conforme Silva (2013), apresentam-se doenças 
como o glaucoma, que é uma enfermidade que atinge o nervo óptico causando a 
perda do campo visual, na maioria das vezes, por aumento da pressão intraocular. 
Na maioria dos casos, o paciente não sente dor, diminuição da acuidade visual, 
ardor ou qualquer outro sintoma.
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
9
FIGURA 3 – GLAUCOMA
Nervo ótico
Mácula
Corpo Vítreo
Coróide
Cristalino
Esclera Corpo Ciliar
e Músculo
Íris
Córnea
Olho Normal
Dano ao 
Nervo ótico
Aumento do Humor AquosoGlaucoma
FONTE: Silva (2013, s.p.)
Outra doença bastante comum é a catarata, que pode ser definida como 
a opacificação do cristalino, que é uma lente transparente localizada dentro do 
olho. Essa opacificação causadiminuição da entrada de luz para dentro do olho 
e, como consequência, a visão torna-se menos nítida, borrada e escura. Essa 
mudança geralmente é gradativa e as causas mais comuns que contribuem para o 
surgimento desta doença são: a senilidade, a congênita, traumática e inflamatória.
FIGURA 4 – VISÃO COM CATARATA
Visão com Catarata
O cristalino opaco bloqueia a chegada
dos raios de luz à retina, produzindo 
imagens escuras e desfocadas.
FONTE: Silva (2013, s.p.)
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
10
Há que se considerar também o Diabetes Melitus, que é um distúrbio 
causado pela falta absoluta ou relativa de insulina no organismo. Quando a 
insulina produzida pelo pâncreas se torna insuficiente, a glicose é impedida de 
ser absorvida pelas células, acarretando na elevação dos níveis sanguíneos de 
glicose, cuja taxa normal, em jejum, é de 70 a 110 mg por 100 ml de sangue. 
O Diabetes é um dos mais graves problemas de saúde, sendo a terceira maior 
causa de morte no mundo, superada apenas pelas doenças cardiocirculatórias e 
câncer. No Brasil acomete 7,6% da população (SILVA, 2013).
FIGURA 5 – RETINOSE DIABÉTICA
FONTE: Silva (2013, s.p.)
As doenças apresentadas são apenas exemplos de doenças que podem 
causar cegueira ou baixa visão, sendo que no Brasil há um dado estatístico 
considerável de pessoas que perdem a visão durante a vida, seja com casos de 
prematuridade, acidentes ou outras doenças provenientes de condições de vida 
e saúde.
Na visão pedagógica (SILVA, 2013 apud AMIRALIAN, 1992), até meados 
da década de 1970, eram considerados cegos e deviam desenvolver o aprendizado 
pelo método braile os indivíduos cujos exames oftalmológicos revelassem tal 
necessidade nos diagnósticos clínicos.
Após esse período passaram a ser considerados cegos os indivíduos para os 
quais o tato, o olfato e a sinestesia eram sentidos fundamentais para a apreensão do 
mundo externo, trazendo uma mudança significativa na concepção da cegueira, que 
era embasada em processos médicos e clínicos e posteriormente passou a considerar 
cegas aquelas pessoas que, pelo seu próprio comportamento visual, indicavam 
ausência de uma percepção eficaz (SILVA, 2013 apud AMIRALIAN, 1992).
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
11
Miranda (2008) traz como conceito de deficiência visual “incapacidade ou 
limitação no ato de ver”, ou seja, uma incapacidade total ou parcial da capacidade 
visual, consequência de alteração no globo ocular ou no sistema visual, assim, 
estão incluídos neste grupo os cegos e os de visão subnormal ou visão reduzida.
Castro et al. (2015), corroborando com Miranda (2008), apresentam a 
definição da Secretaria de Educação Especial para os termos: cegueira, que 
corresponde à perda ou redução total da capacidade de ver com o melhor olho 
e após a melhor correção óptica, ou seja, constitui a incapacidade total ou a 
diminuição da capacidade de enxergar, oriundas das imperfeições do sistema 
visual ou do próprio órgão; e baixa visão, que é o indivíduo que tem uma perda 
visual severa, no entanto, é capaz de manter um resíduo visual que é único de 
cada pessoa e não depende apenas da acuidade ou da patologia. 
Em um leque de possibilidades, esse resíduo pode diversificar entre 
as pessoas, e seu uso pode estar relacionado somente com algumas atividades 
do cotidiano, inclusive a utilização da leitura e escrita em tinta, com recursos 
especializados (ópticos, não ópticos e eletrônicos) (BRASIL, 2005).
Percebe-se, na literatura, que não há consenso na utilização do termo cego 
ou pessoa com deficiência visual, dessa forma, neste livro de estudos utilizar-se-á 
o termo pessoa com deficiência visual. Conforme você estudará mais à frente, 
a legislação trata da mudança de nomenclatura, onde a inclusão da palavra 
“pessoa” tem como objetivo o olhar para o ser humano como um ser social e 
completo e não para a deficiência como constituinte de sua identidade.
4 A HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA VISUAL
De acordo com Miranda (2008), ao olhar para a história, percebe-se que 
a cegueira sempre preocupou a humanidade. Segundo Hugonnier e Clayette 
(1989), são diferentes os sentimentos que movem os homens no tratamento da 
pessoa cega. Compaixão, temor ou admiração misturam-se através dos tempos. 
O próprio Homero, que era cego, na antiguidade, ainda hoje é celebrizado por 
seus poemas sobre a História do Mundo, como a Ilíada e a Odisseia.
Ainda segundo Miranda (2008), a Síria, Jerusalém e a França, nos séculos 
V, VII, X, XI e XII, foram precursores em providenciar assistência e alojamento 
aos cegos, com a fundação de asilos e lares. A ideia de ensinar-lhes um ofício e 
reintegrá-los à sociedade foi desenvolvida por Valentin Hauy, em 1784, com a 
fundação do Instituto Nacional dos Jovens Cegos, em Paris.
Neste Instituto, no ano de 1825, estudou o jovem Louis Braille, que ficou cego 
na infância durante uma atividade na ferraria do pai, e se encarregou de elaborar 
um sistema de escrita com as 26 letras do alfabeto, os numerais, a pontuação e 
os sinais matemáticos (cabe aqui ressaltar que anterior ao desenvolvimento da 
escrita braile, como é denominada). 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
12
Antes de criar o Sistema Braile, um capitão da Artilharia de Louis XIII 
inventara um meio de se comunicar com seus subordinados sem a presença 
de luz, Charles Barbier de la Serre denominava esse meio de comunicação de 
“escrita noturna” ou sonografia, composta de pontos e traços em relevo. Este 
capitão visitou em 1823 o Instituto Nacional dos Jovens Cegos em Paris, onde 
conheceu Braille, na época aluno do local, e que ficou imediatamente interessado 
no sistema (SILVA, 2013).
Ao conversar com o inventor, percebeu a limitação do sistema, pois não 
conseguiria desenvolver sinais matemáticos e de notação musical, este sistema 
foi a inspiração para Louis Braille criar o Sistema Braile, que hoje é amplamente 
utilizado pelos cegos e tornou-se a mais importante forma de comunicação das 
pessoas com deficiência, conforme Silva (2013).
O Sistema Braile, de acordo com Silva (2013), é conhecido universalmente 
como código ou meio de leitura e escrita de pessoas cegas e baseia-se na 
combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto, os números e 
outros símbolos gráficos.
A criação do Sistema Braile facilitou a escolarização das pessoas cegas e 
desta forma, aos poucos pôde se expandir (MIRANDA, 2008). Na figura a seguir 
você pode observar a composição do Sistema Braile, que será aprofundado na 
Unidade 2, neste momento apenas conhecerá sua história e importância para as 
pessoas com deficiência visual.
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
13
FIGURA 6 – SISTEMA BRAILE
1ª série - série superior - 
utiliza os pontos superiores
1245
2ª série é resultante da adição
do ponto 3 a cada um dos 
sinais da 1ª série
3ª série é resultante da adição
do ponto 3 e 6 aos sinais da
1ª série
4ª série é resultante da adição
do ponto 6 aos sinais da 1ª 
série
5ª série é formada pelos sinais
da 1ª série posicionados na 
parte inferior da cela
6ª série é formada com a 
combinação dos 3456
7ª série é formada por sinais 
que utilizam os pontos da
coluna direita da cela (456)
FONTE: Brasil (2007, s.p.)
Outros importantes avanços com relação ao atendimento de pessoas com 
deficiência visual aconteceram, de acordo com Miranda (2008), na Alemanha, 
em 1911, quando foi criada a primeira sala de recursos para amblíopes, 
e posteriormente a França também criou uma sala com o objetivo de dar 
escolarização e formação profissional aos deficientes visuais, diferentemente do 
atendimento ofertado aos cegos.
No Brasil, de acordo com Rosado (2009), as primeiras iniciativas com 
relação à inclusão de pessoas com deficiência ocorreram na segunda metade do 
século XIX com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, e o 
Instituto dos Meninos Surdos-Mudos em 1856, criados por decretos imperiais, por 
D. Pedro II, noRio de Janeiro, e ofereciam educação elementar e profissionalizante.
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
14
Conforme Jannuzzi (2004), ambos institutos receberam muitos privilégios, 
pois estiveram ligados ao poder central até 1973, quando foram ligados ao Centro 
Nacional de Educação Especial (CENESP), primeiro órgão de política educacional 
do Brasil.
A fundação do Instituto dos Meninos Cegos, hoje denominado Instituto 
Benjamin Constant (IBIC), segundo Pires e Plácido (2018), foi considerada o 
marco inicial da educação especial no Brasil.
Seguindo uma tendência vivenciada na Europa nos séculos XVIII e XIX, 
ainda conforme Rosado (2009) apud Kassar (2004), houve uma incorporação 
dos conhecimentos científicos e da ideia de modernidade racional no interior 
das instituições, sendo que tais conceitos de modernização e racionalização do 
conhecimento estarão presentes na organização da educação brasileira por meio 
da prática da separação das crianças normais e anormais nas salas de aula.
Essa separação tem como objetivo, de acordo com Rosado (2009), tornar as 
turmas homogêneas, seguindo as características dos princípios de modernização 
e racionalização presentes nas sociedades industriais e capitalistas, conforme 
acima mencionado pela autora, sendo que é dentro deste contexto que surgem 
as instituições especializadas no atendimento dos deficientes e das chamadas 
classes especiais.
Durante o século XIX houve pouco investimento do governo na educação 
especial, fato este, segundo Jannuzzi (2004), relacionado à ruralização do país, 
sendo que apenas no século XX aconteceram as implantações das primeiras 
instituições filantrópicas e privadas especializadas, em sua maioria com convênios 
com a iniciativa pública.
Em 1926, conforme Rosado (2009), fundou-se em Porto Alegre, no 
Rio Grande do Sul, o Instituto Pestalozzi, especializado em atendimento aos 
deficientes mentais, sendo que a partir da criação deste instituto acontecem 
criações de outros, com a finalidade de atendimento a deficientes em estados 
como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. 
Outra importante fase no processo educacional das pessoas cegas no 
Brasil foi, de acordo com Pires e Plácido (2018), a oficialização, em 1946, do Curso 
Ginasial do IBIC, possibilitando o acesso dos alunos à educação, equiparada ao 
ginásio do ensino comum.
Ainda no ano de 1946, no Estado de São Paulo, Dorina de Gouvêa, que 
ficou cega aos 17 anos sem causa aparente, iniciou com um grupo de amigas “as 
atividades da fundação para o Livro do Cego no Brasil” (PIRES; PLÁCIDO, 2018, 
p. 260), que tinha como finalidade, de acordo com Mazzotta (2003), integrar o 
deficiente visual na comunidade como pessoa produtiva e autossuficiente.
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
15
Em 1954, foi criada a primeira Associação de Pais e Amigos dos 
Excepcionais – APAE, em Minas Gerais. A APAE vai se desenvolvendo ocupando 
“o espaço vazio da educação especial como rede nacional” (ROSADO, 2009 apud 
KASSAR, 2004, p. 27). 
Quando observamos a história da educação de pessoas com deficiência 
visual, percebe-se que, na década de 1950, houve um avanço considerável em 
relação às propostas para a educação de cegos ou pessoas com baixa visão. De 
acordo com Masini (2013, p. 50), em 1950 foi implantada a “primeira sala de 
recursos para deficientes visuais estudarem em classes comuns”, com aporte 
da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, instituição esta que também foi a 
primeira a capacitar professores para trabalharem com este público em escolas 
públicas, conforme assinalam Pires e Plácido (2018).
Em 1° de agosto de 1958 foi criada a Campanha Nacional de Educação 
e Reabilitação de Deficientes da Visão, posteriormente chamada de Campanha 
Nacional de Educação de Cegos (CNEC) e que estava vinculada ao Gabinete do 
Ministro da Educação.
Conforme Pires e Plácido (2018), a partir dos desdobramentos da campanha 
surgiram os cursos de formação para professores no Estado de São Paulo e que 
buscavam expandir o ideal do ensino integrado, buscando proporcionar às 
pessoas com deficiência visual uma vida cotidiana semelhante às pessoas que 
não tinham deficiência.
O conceito de integrado aqui defendido fundamenta-se no modelo 
médico de deficiência, “cujo objetivo era a adaptação da pessoa com deficiência 
às exigências ou necessidades da sociedade como um todo” (MASINI, 2013, 
p. 51).
As escolas que atendiam pessoas com deficiência visual não eram 
suficientes no país, desta forma, mesmo após as campanhas realizadas, o 
governo, conforme Rosado (2009), sofreu pressões de pessoas engajadas na luta 
pela educação especial de qualidade, e desta forma, empenhou-se em enquadrar 
a Educação Especial na Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1960, além 
de criar um órgão central que é responsável pelo atendimento educacional dos 
deficientes do país.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4.024, aprovada em 1961, 
constata no Título X, artigos 88 e 89:
A educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se 
no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade. 
Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos 
estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá 
dos poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo, 
empréstimos e subvenções (BRASIL, 1961).
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
16
Observa-se, no artigo 88, que o poder público não torna obrigatório o 
atendimento da educação de excepcionais (termo utilizado na lei), considerando 
seu atendimento quando possível a fim de integrá-lo à sociedade, deste modo 
pode-se interpretar como uma negação da integração em sua totalidade.
De acordo com o artigo 89, mesmo que a lei não seja clara neste sentido, 
observa-se que “o Estado não se compromete em assumir a educação da 
população de crianças com deficiências mais severas” (KASSAR, 2004, p. 29), 
transferindo para a inciativa privada, através de parcerias com estas instituições, 
o atendimento necessário.
Conforme Pires e Plácido (2018), o Movimento Diretas Já, em 1983, e a 
nova ordem instaurada com o processo de redemocratização e a proclamação 
da Constituição de 1988, trazem um novo olhar para a Educação Especial, que a 
partir da década de 1990 intensifica-se com o crescente movimento pela inclusão. 
E isso traz desdobramentos importantes para a educação brasileira, com algumas 
medidas oficiais tomadas por órgãos governamentais, no intuito de oferecer 
suporte para professores, por exemplo, as políticas de formação de professores 
após a abertura política, especificamente a partir da década de 1990, com a 
promulgação da Política Nacional de Educação Especial (1994).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394/96, traz 
pela primeira vez um capítulo inteiro dedicado à Educação Especial, além de 
outras legislações que serão abordadas adiante e que em muito qualificaram o 
processo de inclusão da pessoa com deficiência. Após a LDB n° 9.394/96, outras 
legislações vieram para qualificar e aprimorar o processo de inclusão da pessoa 
com deficiência, assunto este que será tratado no Tópico 2 com mais profundidade.
É preciso compreender, conforme Amiralian (2009, p. 22), que “a inclusão é 
uma organização social em que todos são considerados iguais”, vale salientar que 
na realidade todos somos diferentes, embora alguns tenham uma diferença mais 
significativa que os outros, e estas diferenças é que enriquecem nossa convivência 
em sociedade. Para Pires e Plácido (2018, p. 35): 
A aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, 
a convivência dentro da diversidade humana e a aprendizagem por 
meio da cooperação são princípios defendidos pela nova ordem 
da Educação Especial sob o enfoque da Educação Inclusiva. Saber 
conviver com a diversidade humana representa aceitar as diferenças, 
em qualquer lugar, e a escola, na nossa sociedade, é um dosespaços 
mais importantes para o acesso ao conhecimento e aos bens culturais.
Processo em constante construção, pois somos seres diferentes em 
cultura, concepções e entendimentos, carregamos conosco conceitos e princípios 
enraizados e que precisam ser desconstruídos para alcançarmos uma sociedade 
mais justa, com igualdade de oportunidades, pois, “hoje essa paradoxal sociedade 
tem também como valor uma sociedade inclusiva cujo princípio é a aceitação de 
todos como cidadão com os mesmos direitos e deveres” (AMIRALIAN, 2009, p. 
36, grifo nosso).
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
17
Dessa forma, é preciso compreender o papel da sociedade na inclusão 
da pessoa com deficiência, como família, escola e demais pessoas que compõem 
essa rede, que podem atuar como facilitador ou barreira na inclusão da pessoa 
com deficiência visual, sempre buscando uma visão holística do ser humano e 
suas necessidades, o que, segundo Amiralian (2009, p. 36), “nos leva a pensar na 
inclusão como uma árdua e longa conquista de todos os indivíduos que vivem 
em uma determinada sociedade”.
4.1 A SOCIEDADE NA INCLUSÃO DA PESSOA COM 
DEFICIÊNCIA VISUAL
De acordo com o Relatório Mundial sobre deficiência, há uma transição 
de uma perspectiva individual e médica para uma perspectiva estrutural e social, 
que foi descrita como a mudança de um “modelo médico” para um “modelo 
social” no qual as pessoas são vistas como deficientes pela sociedade e não devido 
a seus corpos (OMS, 2011).
O modelo médico e o modelo social costumam ser apresentados como 
separados, mas a deficiência não deve ser vista como algo puramente médico, 
nem como algo puramente social: pessoas com deficiência frequentemente podem 
apresentar problemas decorrentes de seu estado físico, dessa forma é necessário 
fazer uma abordagem mais equilibrada, que dê o devido peso aos diferentes 
aspectos da deficiência (OMS, 2011). 
A deficiência, nas últimas décadas, tem sido colocada como uma 
realidade pela qual toda a sociedade é responsável e o Estado passa a ser o 
promotor e garantidor desta premissa. Deste modo, a inclusão social da pessoa 
com deficiência assume um lema ético e moral, e um dever social, no sentido de 
sanar as disparidades de assistência às suas demandas cotidianas, outrora pouco 
atendidas (AMORIM; MEDEIROS NETA; GUIMARÃES, 2016).
Ao falar sobre o papel da sociedade na inclusão da pessoa com 
deficiência, é importante compreender, conforme Mazzotta e D’Antino (2011), 
que historicamente as pessoas que apresentam diferenças muito acentuadas em 
relação à maioria das pessoas constituem-se alvo das mais diversas estratégias de 
violência simbólica. Um dos segmentos populacionais reiteradamente colocados 
nessa posição tem sido o composto de pessoas com deficiências físicas, mentais, 
sensoriais ou múltiplas, além daquelas que apresentam outros transtornos de 
desenvolvimento.
Ao nos reportamos a nossa história é perceptível que a sociedade não se 
constitui justa com todos, conforme a Declaração de Joimtien (1990), que proclama 
igualdade a todas as pessoas, com isso, é preciso pensarmos na sociedade em que 
vivemos, pois é feita de pessoas diferentes, e é preciso torná-la mais humana para 
avançarmos com a inclusão social de qualidade.
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
18
“A inclusão social é a adequação da sociedade às necessidades de seus 
membros para que eles possam exercer plenamente seu direito à cidadania” 
(LEITE, 2004, p. 26). E para ser considerada inclusiva, de acordo com Almeida, 
Mazzafera e Rolim (2017), a sociedade deve atender todas as necessidades 
especiais da pessoa com deficiência; a democracia se materializa no atendimento 
a todas estas diversidades.
A inclusão social, na prática, apresenta alguns princípios que até então 
eram tidos como incomuns, “tais como: aceitação das diferenças individuais, 
a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a 
aprendizagem através da cooperação” (SASSAKI, 1997, p. 41-42).
Verifica-se que é responsabilidade da sociedade dizimar as barreiras 
existentes, tornando acessível às pessoas com deficiência tudo o que é necessário 
para o desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional (ALMEIDA; 
MAZZAFERA; ROLIM, 2017 apud SASSAKI, 1997).
Para Amiralian (2009, p. 34), “as questões da deficiência visual não dizem 
respeito apenas a quem a possui, é uma questão ampla que afeta a todos aqueles 
que interagem com as pessoas com perdas ou limitações visuais e também com 
aqueles que ouvem falar sobre perdas de visão”. A Lei de Diretrizes e Bases 
confirma em seu art. 2º que a educação:
abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, 
na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e 
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e 
nas manifestações culturais, a Educação, em seu art. 2º [...] é dever da 
família e do Estado (BRASIL, 1996, p. 7).
Para Chacon (2009), a lei é clara ao afirmar que família e Estado devem 
agir em conjunto na promoção da educação, ou seja, a educação não é somente 
obrigação da família, nem somente do Estado, mas de ambos, em um processo 
conjunto.
A família, conforme Coutinho (2011), tem um papel crucial no sucesso da 
inclusão e colabora significativamente em todo o processo inclusivo educacional 
e social, que acontece desde o nascimento até a graduação na educação superior 
e mantém-se como um dos principais pilares nesse processo até a inclusão da 
pessoa com deficiência ao mundo do trabalho.
Vygotsky (1989, p. 61) defende com ênfase e vigor a educação da pessoa 
com deficiência como meio de superação e emancipação da pessoa humana, como 
ilustra a passagem a seguir:
É provável que mais cedo ou mais tarde a humanidade triunfe sobre a 
cegueira, sobre a surdez e sobre a deficiência mental. Mas as vencerá 
no plano social e pedagógico muito antes que no plano biológico e 
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
19
medicinal. É possível que não esteja longe o tempo em que a pedagogia 
se envergonhe do próprio conceito que tem sobre a criança deficiente, 
ou seja, considera como um defeito não eliminável de sua natureza. O 
surdo falante, o trabalhador cego participantes da vida em toda a sua 
plenitude, não sentirão sua deficiência e não darão motivos para que 
outros a sintam. Em nossas mãos está tratar de que o surdo, o cego e 
o deficiente mental não sejam pessoas com defeito [...] o número de 
cegos e de surdos se reduzirá de um modo incrível. Pode ser que a 
cegueira e a surdez desapareçam definitivamente. Porém, muito antes, 
elas serão vencidas socialmente.
As contribuições dos pressupostos da teoria vygotskyana, conforme 
Miranda (2008), apontam para a possibilidade de a pessoa com deficiência superar 
suas dificuldades pelo processo de compensação social. Este processo consiste 
em criar condições e estabelecer interações sociais de trocas que possibilitem aos 
sujeitos com deficiência se apropriarem da cultura, terem acesso ao conhecimento 
científico e se tornarem emancipados. 
Apesar de Vygotsky já em 1989 defender a inclusão das pessoas com 
deficiência na sociedade e ter a esperança de que num futuro todas as barreiras 
possam ser vencidas, o que se observa ainda é um longo caminho pela frente 
quando se fala em inclusão, e isso pode ser observado em dados trazidos pelo 
IBGE.
De acordo com o Censo do IBGE, de 2010, as crianças com alguma 
deficiência estão menos presentes na escola quando comparadas às crianças sem 
deficiência, percentualmente. Além disso, entre deficientes com mais de 15 anos, 
a taxa de analfabetismo é de 18%, uma diferença de 8,9 pontos percentuais em 
relação ao total de 9,4% (IBGE, 2010).
Tais fatos, conforme Amorim, Medeiros Neta e Guimarães (2016), 
denotam uma realidade social vulnerável que expõe a pessoa com deficiência a 
um ciclo retroalimentador de desigualdade, segregação e desamparo, desde as 
fases escolares hipoassistidas à faltade qualificação profissional para o mercado 
competitivo, na idade adulta.
Desta feita, pode-se observar também que, da mesma forma em que há 
dados preocupantes com relação à inclusão das crianças com deficiência visual 
nas escolas, ainda há muito o que se fazer acerca da formação do professor para 
uma educação inclusiva. Amorim, Medeiros Neta e Guimarães (2016) afirmam 
que apenas 77,8% dos professores que trabalham na educação especial possuem 
algum curso de capacitação específico nessa área de conhecimento, e apenas 
75,2% possuem nível superior.
Entretanto, a formação mínima exigida para atuação do professor nos 
anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, inclusive na educação 
especial equivalente, é a licenciatura, em universidades e institutos superiores de 
educação (BRASIL, 2013).
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
20
A formação de professores para a Educação Especial tomou proporções 
de nível nacional a partir da criação, em 1973, do Centro Nacional de Educação 
Especial (CENESP), órgão vinculado ao Ministério da Educação que instaurou o 
Plano Nacional de Educação Especial, tendo como uma das frentes prioritárias 
a capacitação de recursos humanos para atuar junto aos alunos com deficiência, 
conforme Pires e Plácido (2018).
4.2 A FORMAÇÃO DOCENTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO 
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Inicia-se a reflexão acerca da formação docente a partir de Lima e Castro 
(2012), que defendem que todos têm o direito de participar ativamente da 
construção do próprio conhecimento, uma vez que é através dele que é possível 
encontrar caminhos para saborear o mundo que nos rodeia. Não proporcionar 
o conhecimento para qualquer pessoa que o busque é impedir seu crescimento 
e sua formação, e desta forma, deixando-o à margem do desenvolvimento de 
competências que o tornem pleno e participativo. 
O ser humano é um ser inacabado, inconcluso, e com uma realidade que, 
conforme Freire (2003, p. 72): “sendo histórica também, é igualmente inacabada 
[...] os homens se sabem inacabados, têm a consciência de sua inconclusão”.
É neste processo, de acordo com Freire (2005), que a educação se faz e 
refaz constantemente, ou seja, é um fazer permanente, é na práxis, na concepção 
problematizadora, onde há reforço na mudança, que o ser humano tem a 
possibilidade de olhar para frente, de trabalhar com o diferente, de considerar o 
ser humano enquanto ser histórico e com uma história que há de ser considerada.
Ao refletir sobre o aluno como ser carregado de históricas, conforme afirma 
Bulgraen (2010), é necessário considerar as experiências sociais acumuladas de 
cada aluno e seu contexto social, de modo a construir a partir daí um ambiente 
escolar acolhedor em que o aluno se sinta parte do todo e esteja totalmente aberto 
a novas aprendizagens.
Assim como os alunos, os professores também têm sua história de vida, 
não são um corpo vazio em busca de formação, trazem em sua prática as vivências 
e experiências que adquiriram ao longo da vida.
É preciso compreender que a formação acontece ao longo da vida. 
Reconhecendo-se como um ser inacabado, o professor tem a possibilidade de 
entender que a prática de hoje ou de ontem só pode melhorar a próxima prática 
se houver uma reflexão crítica sobre ela (FREIRE, 2005).
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
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Essa reflexão crítica só é possível, segundo Freire (2005), se o discurso 
teórico, que é necessário à reflexão crítica, for de tal modo concreto que quase se 
confunde com a prática, sendo o professor preparado para conseguir lidar em seu 
caminho com toda diversidade que a escola tem.
Não há uma fórmula para a formação docente, uma receita divina que 
determine os caminhos a serem tomados em sala de aula. O que deve existir 
é uma preparação para que o professor consiga lidar com as adversidades e 
que compreenda que cada aluno, assim como ele, traz consigo conhecimentos 
adquiridos na sua vida, na convivência com o outro, com a família e com o meio 
em que vive, e que esta diversidade é que enriquece o processo pedagógico.
A formação de professores deve estar ligada à capacidade desse 
profissional de lidar com a diversidade que a escola abriga. Para Drago e Manga 
(2017), a formação inicial e continuada precisa ter relevância não apenas no 
contexto dos alunos sem deficiência, mas também aos aspectos que envolvem a 
aprendizagem dos alunos que compõem a educação especial, pois estes sujeitos 
estão inseridos no contexto social-histórico-cultural, afetando e sendo afetados 
pelos atravessamentos culturais humanos.
De acordo com Marinelli e Cerchiari (2011), para que a diversidade seja 
acolhida na escola, é preciso que os professores disponham de conhecimentos 
para trabalhar com todo e qualquer aluno inserido em um grupo diversificado, o 
que é expresso, no trecho de Motta (2004), pelo termo “em salas de aula regulares”, 
ou seja, em salas em que estudem alunos com e sem deficiência.
A garantia de frequentar classes comuns, num processo de inclusão da 
pessoa com deficiência, qualifica a interação social dessa pessoa, porém, é preciso 
que aluno, demais profissionais da educação e professores estejam preparados 
para interagir com o aluno com deficiência.
De acordo com Bulgraen (2010), o professor tem nas mãos a responsabilidade 
de agir como sujeito em meio ao mundo e de ensinar para seus educandos o 
conhecimento acumulado historicamente, dando-lhes a oportunidade de 
também atuarem como protagonistas na sociedade. E para que isso seja possível, 
o professor precisa assumir seu verdadeiro compromisso e encarar o caminho do 
aprender a ensinar.
Para Fleuri (2009), a formação docente inicial e continuada não é o único 
aspecto a ser considerado em relação aos professores que atuam na Educação 
Especial e que trabalhem para a inclusão. Suas histórias de vida e suas experiências 
socioeducacionais, assim como todo o conjunto de saberes adquiridos a partir 
dessas vivências, também formam e dão sentido à formação instrucional adquirida 
academicamente. E segundo Drago e Manga (2017, p. 2):
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
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A construção da identidade profissional como docente está, portanto, 
intimamente ligada à compreensão do professor de seu real valor e 
lugar no mundo, como ser que pode produzir e transmitir cultura, 
atravessando momentos de construção-desconstrução-reconstrução 
de saberes e fazeres sociais com posicionamento histórico. 
Dessa feita, ao pensar na formação de professores é preciso levar em 
consideração o que traz a Declaração de Salamanca (1994, p. 11) sobre princípios, 
políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais:
Treinamento especializado em educação especial que leve às 
qualificações profissionais deveria normalmente ser integrado com 
ou precedido de treinamento e experiência como uma forma regular 
de educação de professores para que a complementaridade e a 
mobilidade sejam asseguradas.
Ainda sobre formação docente para pessoas com deficiência, a LDB 
9.394/96, em seu artigo 59, inciso III, afirma que os sistemas de ensino assegurarão 
aos educandos com necessidades especiais professores com especialização 
adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como 
professores no ensino regular capacitados para a integração desses educandos 
nas classes comuns.
A partir da exigência de formação adequada para atendimento 
especializado pode-se pensar na formação do professor como primordial para 
a oferta, com qualidade, de uma educação igualitária a todos que frequentam a 
escola. Para Araújo (2012, p. 53):
Os professores devem desenvolver habilidades próprias para permitir 
a inclusão desse grupo de pessoas. O trabalho inclusivo refletirá a 
tarefa de agregar democraticamente todos os agentes neste processo. 
A inclusão na rede regular de ensino, com o desenvolvimento de 
tarefas específicas – e mesmo com tarefas de apoio, para permitir a 
sua melhoradaptação – mostrará o grau de cumprimento do princípio 
da igualdade. Igualdade, direito à educação, ensino inclusivo são 
expressões que devem estar juntas, exigindo do professor e da escola 
o desenvolvimento de habilidades próprias para propiciar, dentro da 
sala de aula e no convívio escolar, oportunidades para todos, pessoas 
com deficiência ou não. 
Corroborando com Araújo, Amorim, Medeiros Neta e Guimarães 
(2016) afirmam que no percurso pela educação inclusiva, a cooperação e o bom 
relacionamento entre professores e alunos favorecem uma prática docente efetiva 
e uma superação de eventuais limitações profissionais.
Ao pensar em práticas inclusivas, Lima e Castro (2012, p. 83) afirmam que 
estas “precisam estar embasadas em abordagens mais diversificadas, flexíveis 
e colaborativas, a fim de que todos possam participar do processo de ensino-
aprendizagem”.
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
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Ainda nesse sentido, Anjos, Andrade e Pereira (2009, p. 117) trazem 
que “em vez de serem envidados esforços para fornecer à pessoa condições de 
adaptar-se à escola, procurar-se-ia construir uma escola para atender às pessoas 
concretas que fazem parte dela”. Além disso, apontam que:
[...] a atuação conjunta de pessoas que vivem diferentemente o 
acesso ao conhecimento deveria contagiar o coletivo, abrindo novas 
experiências curriculares, flexibilizando a grade de disciplinas e a 
estrutura de séries; enfim, criando novas lógicas no interior da escola 
e nas relações educativas como um todo (LIMA; CASTRO, 2012 apud 
ANJOS; ANDRADE; PEREIRA, 2009, p. 117).
Diante da afirmação acima pode-se compreender que a função da escola é 
proporcionar atividades que incluam todos, independentemente de possuir ou não 
uma deficiência com atividades diferenciadas que signifiquem a aprendizagem 
dos alunos e a participação ativa de todos na construção do conhecimento.
Para Pires e Plácido (2018), o desafio para uma escola inclusiva é o de 
desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, uma pedagogia capaz de educar 
com sucesso todos os alunos, incluindo aqueles com deficiências. 
“O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças 
devem aprender juntas, sempre que possível, não importam quais dificuldades 
ou diferenças elas possam ter” (MACHADO, 2005, p. 133).
Ao falar de formação de professores para crianças com deficiência 
visual, compreende-se que estes devem, além de desenvolver competências de 
alfabetização e mediação para a apropriação de conteúdos curriculares por parte 
desses educandos, ter uma formação com caráter socializador, que dê enfoque ao 
projeto de inserção integral desses sujeitos em sociedade, e mais ainda: preparar 
esses docentes para criar novos meios/métodos/possibilidades a partir das 
especificidades de cada aluno, com vistas à busca por uma educação que valorize 
as características de cada ser humano (DRAGO; MANGA, 2017). Os autores (p. 
296) ainda afirmam que:
O processo de escolarização, assim como o sucesso escolar da criança 
cega estão ligados, fundamentalmente, ao funcionamento dinâmico do 
tripé: mediação docente (apoio escolar) - acompanhamento da família/
responsáveis legais - socialização/interatividade (BRASIL, 2001b). 
Nesse contexto, acerca da ação docente para a escolarização da criança 
cega, compreende-se que cabe ao professor a análise, organização e 
sistematização de atividades pedagógicas específicas, necessárias ao 
desenvolvimento integral do aluno, como também propor e adaptar 
atividades lúdicas, prazerosas e situações de interação, socialização e 
participação coletiva com os demais alunos da escola.
Ao citar a responsabilidade da família na educação da criança com 
deficiência visual, e concordando com Drago e Manga, Amiralian (2009, p. 29) 
reforça que [...] “os profissionais jamais devem esquecer que, fundamentalmente, 
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
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o responsável pela formação e educação de seus filhos é a família”, os demais 
profissionais, incluindo os professores ou qualquer outro profissional da 
educação, têm a função apenas de ajudá-los.
É importante salientar essa questão para que o professor não se sinta 
responsável em seu processo formativo em abraçar toda a educação da criança, 
sendo que a família e o Estado, conforme previsto em lei, têm sua responsabilidade 
nesse processo também e todos devem trabalhar juntos nas suas responsabilidades.
Para uma formação continuada de qualidade e que possibilite avanços no 
processo educativo da criança com deficiência visual, deve-se proporcionar aos 
professores o desenvolvimento da criatividade e boa qualidade de autogestão dos 
processos educacionais. Conforme Drago e Manga (2017), a atuação docente deve 
fomentar ações pedagógicas que permitam ao aluno cego conhecer e reconhecer 
o mundo que o cerca, construindo e reconstruindo cotidianamente seus saberes 
e suas ações.
Ainda conforme aponta Vygotsky (1997), o aluno constitui-se como 
sujeito histórico que produz cultura e que se apropria da cultura produzida 
por outros sujeitos, com ou sem deficiências, ressignificando-se conforme suas 
internalizações próprias.
O trabalho com crianças com deficiência visual exige do professor uma 
nova postura, novas atitudes no trato com este aluno, dentre elas pode-se destacar:
Os educadores devem estabelecer um relacionamento aberto e cordial 
com a família dos alunos para conhecer melhor suas necessidades, 
hábitos e comportamentos. Devem conversar naturalmente e 
esclarecer dúvidas ou responder perguntas dos colegas na sala de 
aula. Todos precisam criar o hábito de evitar a comunicação gestual e 
visual na interação com esses alunos. É recomendável também evitar 
a fragilização ou a superproteção e combater atitudes discriminatórias 
(BRASIL, 2007, p. 22).
Dessa forma é preciso avaliar como o professor em seu processo de 
formação pode desenvolver competências no sentido de atender a todos, com a 
criatividade sugerida e onde o principal objetivo deve ser a aprendizagem dessa 
criança, tendo em vista que historicamente a pessoa com deficiência vem sendo 
tratada com “coitadismos” e sendo, muitas vezes, segregada em sala de aula. E 
o professor, por sua vez, vem de uma formação tradicional e que nem sempre 
auxilia nesse processo de inclusão.
Acerca desse processo de intervenção pedagógica do atendimento ao 
aluno com deficiência visual, seguem algumas orientações em consonância ao 
mundo circundante deste público da Educação Especial:
TÓPICO 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: UM BREVE HISTÓRICO
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Na comunicação, em nossa cultura, há predominância do visual 
e do verbal. Se o educador não estiver atento a isso, fará uso de 
conhecimentos não acessíveis ao deficiente visual, fazendo com que 
ele desenvolva uma linguagem e uma aprendizagem conduzidas pelo 
visual. Como os dados não provêm de sua experiência, não podem 
ser organizados por ele, verificando-se verbalismo e aprendizagem 
mecânica; 
- Para que o deficiente visual organize o mundo ao seu redor, é 
necessário que use o mais possível todas as suas possibilidades (táteis, 
térmicas, olfativas, auditivas, cinestésicas), e fale sobre sua experiência 
perceptiva. 
- A maneira de o deficiente visual relacionar-se com a professora é 
importante para que utilize e amplie suas possibilidades. 
A atitude da professora pode ser a de tutelar ou proteger (solicitude 
protetora), dando-lhe informações diretivas sobre o que fazer, 
impedindo-o de explorar/conhecer e conhecer-se, ou ao contrário, a de 
estar junto a ele (solicitude emancipatória), contribuindo para que a 
pessoa deficiente visual encontre seus próprios meios de agir (PIRES; 
PLÁCIDO, 2018 apud MASINI, 1997, p. 81 e 82).
Masini, em outro texto (2007), pontua outros aspectos que merecem a 
atenção da escola e do educador nas relações de educabilidade, quais sejam:
- Fazer contato por meio dos sentidos de que seu educando dispõe, 
manifestando consideração e evitando o sentimento de isolamento;- 
mostrarexpectativas que considerem suas possibilidades e limites 
ante a deficiência, em vez de expectativas cujos padrões de referência 
são os do desenvolvimento da criança vidente; 
- Estabelecer e esclarecer padrões apropriados de execução de 
atividades que a motivem a ajustar-se a suas possibilidades e seus 
limites; 
- Estar atento(a) à reação emocional de aceitação à deficiência visual 
e aos limites impostos por ela, atribuindo à pessoa com deficiência 
responsabilidades, de acordo com sua idade e desenvolvimento; 
- Propiciar oportunidades para falar de suas descobertas sobre 
as pessoas e objetos e de suas experiências perceptivas (PIRES; 
PLÁCIDO, 2018 apud MASINI, 2007, p. 32-33).
O educador pode ser criativo, buscando vários caminhos, conforme os 
autores supracitados, pois é necessário que tenha paciência e energia ao trabalhar 
com a criança com deficiência visual, pois a criança com deficiência visual “tem 
mais semelhanças do que diferenças com a criança que não tem deficiência visual. 
Elas têm as mesmas necessidades básicas físicas, emocionais e intelectuais” 
(MASINI, 2013, p. 36).
O olhar atento para aquilo que é próprio do mundo da pessoa com 
deficiência visual, enquanto ação educativa dos educadores em geral, solicita de 
quem o faça capacidade para: “Organizar e transmitir com clareza seu pensamento 
e transformar condições insatisfatórias, contribuindo para que o aluno desenvolva 
confiança em si mesmo: na sua própria capacidade de realizar uma aprendizagem 
significativa, elaborando informações e apontando” (MASINI, 2013, p. 37).
UNIDADE 1 | DEFICIÊNCIA VISUAL: CONTEXTO HISTÓRICO ATÉ A ATUALIDADE
26
Dessa forma, conforme Amiralian (2009), é importante incentivar os 
professores a descobrir o melhor caminho para interagirem com crianças cegas 
ou com baixa visão, de modo que elas possam alcançar seus objetivos, usar sua 
criatividade e desta forma sentirem-se satisfeitas com o sucesso alcançado.
Esse olhar de inclusão e qualificação deve ser desenvolvido no professor 
ao longo do seu processo formativo, desenvolvê-lo muito além da sua capacidade 
técnica, mas buscar desenvolver também a afetividade, o olhar para o outro e a 
empatia para com seu aluno.
A educação deve ser leve, deve ser, como defende Freire (2005, p. 145), “um 
exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia 
dos educadores e educandos”.
27
Neste tópico, você aprendeu que:
• O termo deficiência pode ser compreendido a partir de duas vertentes, a 
médica e a educacional, e que o manual com a Classificação Internacional 
de Deficiências, publicado em 1989, trouxe termos como “deficiência”, 
“incapacidades” e “desvantagens”.
• Foi a partir dos termos médicos que iniciou a integração da pessoa na sociedade, 
pois tinha-se o objetivo de preparar a pessoa com deficiência para adaptar-se o 
melhor possível à vida cotidiana.
• Na educação esse processo de integração precisou de mais tempo para 
acontecer, passando por diversas fases, como a total negligência com a pessoa 
com deficiência, a fase de internação em asilos e abrigos, a fase da criação 
das escolas especiais com educação exclusiva para pessoas com deficiência, a 
fase da integração das pessoas em escolas regulares, mas somente até onde se 
achava possível, e o atual processo de inclusão em classes regulares nas escolas.
• É importante conhecer a história das pessoas com deficiência visual e seu 
tratamento na sociedade. Neste tópico, aprendeu-se desde os tempos bárbaros, 
as primeiras escolas na França, onde estudou Louis Braille, e também local 
de criação do Sistema Braile, hoje o meio de comunicação mais eficaz para a 
pessoa com deficiência visual.
• A história da deficiência visual no Brasil, a criação dos institutos, do IBC que 
hoje se mantém como referência no Brasil; conheceu um pouco da história de 
Dorina Gouvêa, uma cega que juntamente com amigas criou um instituto com 
o intuito de produzir e distribuir livros em braile para pessoas com deficiência 
visual; compreendeu como as legislações tratam sobre a deficiência visual, 
especialmente na educação, e como, ao longo do tempo, o olhar para estas 
pessoas se qualificou.
• O papel da sociedade na inclusão da pessoa com deficiência, como a cultura 
das pessoas interfere na inclusão e o papel preponderante da família nesse 
processo.
• Você pode estudar sobre a importância da formação docente para trabalhar 
com a inclusão de pessoas com deficiência.
• É importante refletir de forma crítica sobre a prática e como isso pode qualificar 
o processo de ensino-aprendizagem, como é importante observar trejeitos e 
formas de atender o aluno com deficiência visual e, finalmente, compreender 
que o ser humano é um ser inacabado e que vive em constante processo de 
mudança e qualificação.
RESUMO DO TÓPICO 1
28
1 Relacione os itens com as afirmações a seguir:
I- Deficiência
II- Incapacidade
III- Desvantagem
IV- Cegueira (perspectiva médica)
V- Cegueira (perspectiva educacional)
( ) Eram considerados cegos os indivíduos para os quais o tato, o olfato e 
a sinestesia eram sentidos fundamentais para a apreensão do mundo 
externo, trazendo uma mudança significativa na concepção da cegueira, 
que era embasada em processos médicos e clínicos e posteriormente passou 
a considerar cegas aquelas pessoas que, pelo seu próprio comportamento 
visual, indicavam ausência de uma percepção eficaz.
( ) Restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade para desempenhar 
uma atividade considerada normal para o ser humano. Surge como 
consequência direta ou é resposta do indivíduo a uma deficiência 
psicológica, física, sensorial ou outra. Representa a objetivação da 
deficiência e reflete os distúrbios da própria pessoa, nas atividades e 
comportamentos essenciais à vida diária.
( ) Se define como a capacidade visual das pessoas que são portadoras de 
deficiência no órgão da visão, e a medida que é utilizada para determinar 
a cegueira é a acuidade visual.
( ) Perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou 
anatômica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a ocorrência de 
uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer 
outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a 
exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, 
uma perturbação no órgão.
( ) Prejuízo para o indivíduo, resultante de uma deficiência ou uma 
incapacidade, que limita ou impede o desempenho de papéis de acordo 
com a idade, sexo, fatores sociais e culturais. Caracteriza-se por uma 
discordância entre a capacidade individual de realização e as expectativas 
do indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização da 
deficiência e relaciona-se às dificuldades nas habilidades de sobrevivência.
2 Diante do que foi apresentado no Tópico 1, como você explicaria a afirmação 
de Amiralian (2009): “a inclusão é uma organização social em que todos são 
considerados iguais”?
AUTOATIVIDADE
29
3 Com relação à formação de professores para o trabalho com as pessoas com 
deficiência, assinale a afirmativa CORRETA:
( ) O trabalho desenvolvido deve ser de forma tradicional, seguindo com o 
conteúdo que é abordado com toda turma da mesma forma, afinal, incluir 
significa trabalhar com todos da mesma forma, independentemente dos 
níveis de aprendizagem e dificuldades dos alunos.
( ) Devemos realizar sempre atividades mais fáceis e ajudar nosso aluno com 
deficiência, afinal ele não consegue realizar nenhuma atividade sozinho e 
devemos tratá-lo de modo diferente, pois, coitado, ele não dá conta.
( ) As práticas educativas inclusivas devem estar embasadas em abordagens 
mais diversificadas, flexíveis e colaborativas, a fim de que todos possam 
participar do processo de ensino-aprendizagem.
( ) Como professores, não temos preparo para trabalhar com pessoas com 
deficiência, desta forma, devemos aguardar para que a Secretaria de 
Educação nos encaminhe material adaptado

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