Prévia do material em texto
ENFERMAGEM EM OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DOCENTE: SABRINA LIMA ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ A gravidez induz o organismo materno a uma série de transformações fisiológicas e emocionais. As alterações são necessárias para que inicialmente o embrião e, depois o feto, tenham um desenvolvimento dentro dos parâmetros de normalidade e para que a mulher se adapte as fases da gravidez. Assim, todas essas mudanças são com a finalidade de adaptação, manutenção e desenvolvimento harmônico da gestação; As alterações fisiológicas são reconhecidas como sinais e sintomas da gravidez. Geralmente tais sinais e sintomas são classificados em três categorias: - sinais e sintomas presuntivos, cujas mudanças são sentidas pela mulher (amenorréia, fadiga, náusea e vômito, mudanças nas mamas); - sinais e sintomas prováveis cujas mudanças são observáveis pelo examinador (testes de gravidez); - sinais e sintomas positivos que são atribuídos somente à presença do feto, como ausculta dos batimentos cardíacos fetais, visualização fetal e movimentos fetais perceptíveis à palpação ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ As principais modificações do sistema reprodutor ocorrem no aparelho genital, especialmente útero e mamas. Os altos níveis de hormônio como estrógeno e progesterona fazem com que haja o crescimento uterino no primeiro trimestre, isso porque o útero dá início às suas modificações juntamente com a concepção, estas relacionadas à consistência, volume, peso, forma, posição e coloração. As alterações fisiológicas da gravidez produzem manifestações sobre o organismo da mulher que, muitas vezes, são percebidas como doenças. Cabe ao profissional de saúde a correta interpretação e a devida orientação a mulher, sem a banalização de suas queixas ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ DOR NAS MAMAS As modificações da mama e o crescimento começam no início do primeiro trimestre. As mamas tornam-se doloridas e podem formigar em resposta aos níveis altos de estrogênio e progesterona. Essas mudanças são consideradas sinais de presunção de gestação; Orientações de enfermagem: . Recomendar o uso constante de sutiã com boa sustentação, após descartar qualquer alteração no exame das mamas; . Não perder a oportunidade de orientar para o preparo das mamas para a amamentação. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ SIALORRÉIA (SALIVAÇÃO EXCESSIVA) Fenômeno precoce da gravidez, que se dissipa nos primeiros meses que pode ocorrer de duas a três semanas de ausência de menstruação, mas pode prolongar-se até o parto e o puerpério. A saliva é produzida em quantidade normal. O que ocorre, acredita-se, é a sua rejeição pela paciente que, por motivos psíquicos ou químicos – ainda incertos – não consegue degluti-la. Orientações de enfermagem: .Explicar que esse é um sintoma comum no início da gestação; .Orientar alimentação semelhante à indicada para náuseas e vômitos; .Orientar a gestante para deglutir a saliva e tomar líquidos em abundância (especialmente em épocas de calor). ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ DOR LOMBAR Na gestação, acontece uma sequência de mudanças no corpo da mulher, seu útero está em constante crescimento, formando um abdômen protruso. Há o deslocamento de seu centro de gravidade, além da liberação de hormônios, como estrógeno e relaxina, que ocasionam um crescente afrouxamento dos ligamentos. O objetivo dessas alterações consiste em aumentar o tamanho da cavidade pélvica e tornar o possível. Todas essas modificações causam uma lordose exagerada, fazendo com que ela sobrecarregue os músculos lombares e posteriores da coxa, gerando um processo doloroso, denominados de lombalgia Orientações de enfermagem: ◦ Correção de postura ao sentar-se e ao andar; ◦ .Uso de sapatos com saltos baixos e confortáveis; ◦ Eventualmente, usar analgésico com orientação médica (se não for contra- indicado), por tempo limitado; ◦ Dormir pelo menos 8 horas por dia, em colchão confortável; ◦ Adequação dos ambientes de trabalho, com orientação ergonômica; ◦ Assegurar as mulheres que o problema geralmente se resolve espontaneamente logo após o nascimento. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ CONSTIPAÇÃO E HEMORRÓIDAS A constipação na gestação é causada pelo relaxamento da musculatura lisa, diminuição do peristaltismo devido à influência da progesterona e crescimento do útero que comprime o intestino dificultando a passagem das fezes. O trânsito do trato gastrintestinal torna-se mais lento e a água é mais absorvida que o normal o que leva a constipação intestinal. Esta pode ter causa multifatorial tais como, diminuição do consumo de líquidos, uso de suplementos de ferro, dieta pobre em fibras, sedentarismo e deslocamentos das alças intestinais secundário ao crescimento uterino. A constipação intestinal caracterizada por fezes endurecidas e diminuição dos padrões de evacuação contribui para a formação de hemorróidas, este endurecimento das fezes gera uma grande dificuldade para evacuar e, ao fazer força para defecar, aumenta-se a pressão nas veias da região do ânus (KAWAGUH,2008). Em algumas pessoas, devidos a fatores citados anteriormente, as veias localizadas no ânus e no reto se inflamam, se dilatam e incham, causando dores e diversos desconfortos levando ao aparecimento das hemorróidas. CONSTIPAÇÃO E HEMORRÓIDAS Orientações de enfermagem: ◦ Alimentação rica em fibras, a fim de evitar a obstipação intestinal. Se necessário, prescrever supositórios de glicerina; ◦ Não usar papel higiênico colorido ou áspero (molhá-lo) e fazer higiene perianal com água e sabão neutro, após evacuação; ◦ Fazer banhos de vapor ou compressas mornas; . Agendar consulta médica, caso haja dor ou sangramento anal persistente. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ EDEMA E VARIZES As gestantes podem apresentar um acentuado inchaço nas pernas e o surgimento de varizes. Em decorrência da dificuldade do retorno venoso ao coração, pela devido à compressão da veia cava pelo útero gravídico; O edema generalizado na ausência de hipertensão e proteinúria representam um simples exagero do processo fisiológico de retenção de sódio; As varizes decorem da fraqueza congênita das paredes musculares das veias, aumento da pressão venosa nos membros inferiores, inatividade e mau tônus muscular. Orientações de enfermagem: ◦ Não permanecer muito tempo em pé ou sentada; ◦ Repousar (20 minutos), várias vezes ao dia, com as pernas elevadas; ◦ Não usar roupas muito justas e, se possível, utilizar meia-calça elástica. ◦ Orientar a paciente que ao deitar prefira o decúbito lateral esquerdo, descomprimindo temporariamente a veia cava inferior proporcionando um melhor retorno venoso ao coração. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ CÃIMBRAS As cãibras são contrações espasmódicas dos músculos, incidem principalmente nos últimos meses da gestação e acredita-se que sua etiologia esteja relacionada a níveis reduzidos de cálcio e elevados de fósforo (o que provoca alterações no potencial de ação das células musculares que precisa desses íons para manter seu funcionamento normal). Orientações de enfermagem: ◦ Aumentar o consumo de alimentos ricos em potássio e cálcio; ◦ Alongar os músculos; ◦ Elevar as pernas ao nível do coração com frequência ao longo do dia; ◦ Evitar exercícios físicos em excesso. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ NÁUSEAS E VÔMITOS Esse distúrbio representa um dos grandes incômodos na gravidez, repercutindo na diminuição do bem-estar e qualidade de vida da mãe, feto e restante da família. A intercorrência é geralmente leve e limitada no início da gravidez e vai se acentuando à medida que a gravidez progride, particularmente comum entre as mulheres grávidas pela primeira vez. Costumam começar entre a quarta e a sexta semana e desaparecer depois dos três primeiros meses. São mais intensas pela manhã, ao acordar, ou após período de prolongado jejum. Pode decorrer de fatores fisiológicos baseados na alteração hormonal, acredita-se que alguns fatores podem contribuir: crescentes deHCG, redução de motilidade gástrica, alterações metabólicas, baixo nível de açúcar no sangue, pressão baixa. NÁUSEAS E VÔMITOS Orientações de enfermagem: ◦ Explicar que esses são sintomas comuns no início da gestação; ◦ Orientar a mulher para: alimentação fracionada (seis refeições leves ao dia) evitar frituras, gorduras e alimentos muito condimentados; ◦ Evitar líquidos durante as refeições, dando preferência à ingestão nos intervalos; ◦ Agendar consulta médica para avaliar a necessidade de usar medicamentos ou referir ao pré-natal de alto risco, em caso de vômitos frequentes; ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ FALTA DE AR, DIFICULDADE DE RESPIRAR O crescimento do útero comprime o diafragma, aumentando a sua atividade. Há também um aumento de cinco a sete e meio centímetros (cm) da cavidade torácica, sendo que todas estas alterações tornam a respiração da grávida mais diafragmática que abdominal. Orientações de enfermagem: ◦ Explicar a mulher que a dificuldade de respirar é normal na gravidez, principalmente no último trimestre; ◦ Orientar para: elevar a cabeceira do leito ao deitar; ◦ Deitar-se em decúbito lateral esquerdo, o que deslocará o útero da veia cava inferior e melhorará a respiração. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ QUEIXAS URINÁRIAS Esses sintomas acontecem no primeiro trimestre porque o útero em crescimento comprime a bexiga. Pelo mesmo motivo, também é queixa comum no terceiro trimestre principalmente quando a cabeça do feto se encaixa na pelve. Esta alteração provocada durante o período gestacional afeta parcialmente a qualidade de vida da mulher, podendo causar constrangimento e restrição das atividades rotineiras. Orientações de enfermagem: ◦ Explicar a paciente que geralmente, o aumento da freqüência de micções é comum; ◦ no início e no fim da gestação; Orientar a paciente para que ela urine assim que estiver a sensação de que a bexiga está cheia; ◦ Evitar bebidas cafeinadas, que estimulam a micção e reduzir a ingestão de líquidos após o jantar para diminuir a micção noturna. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ CLOASMA GRAVÍDICO Durante a gestação a pele da mulher sofre alterações pigmentares, decorrentes da elevação dos níveis de hormônios: estrogênio, progesterona e o hormônio estimulador de melanócitos (MSH). Essas mudanças provocam nas gestantes “manchas” de coloração castanha que tendem a desaparecer após o parto, devido à diminuição hormonal. Orientações de enfermagem: ◦ Orientar a paciente a usar filtro solar durante a exposição ao sol (visto que a exposição aos raios ultravioletas intensifica está pigmentação); ◦ Evitar exposição solar exagerada; ◦ Orientar quanto ao uso de fórmulas com corticóides, hidroquinona e tretinoina que podem ser utilizadas no pós-parto (conforme prescrição médica); ◦ Orientar a paciente que se ela tomar as medidas cabíveis durante a gestação terá mais chance de sucesso para o desaparecimento desta máscara facial. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ PIROSE É uma manifestação comum no terceiro trimestre e decorre dos elevados níveis de progesterona que ocasiona o relaxamento da porção inicial do estômago (cárdia), permitindo assim o refluxo gastroesofágico A pirose é um sintoma causado pelo refluxo do conteúdo gástrico para a porção inferior do esôfago, provocado pelo aumento da pressão intra-abdominal, esvaziamento gástrico retardado e pela diminuição do tônus da cárdia. Esse pequeno distúrbio provoca grandes desconfortos, afetando o bem estar da mulher. Além disso, pode provocar implicações sérias uma vez que, muitas gestantes, devido a estes sintomas apresentam aversão a ingestão alimentar, restringindo a dieta drasticamente. Orientações de enfermagem: ◦ Orientar a gestante a diminuir e fracionar as refeições; ◦ Evitar café, chá preto, mates, doces, alimentos gordurosos, picantes e irritantes da mucosa gástrica, álcool e fumo; ◦ Dormir com vários travesseiros, de modo que a cabeça fique elevada; ◦ Não se deitar durante pelo menos duas horas após as refeições; ◦ .Orientar quanto ao uso de antiácidos no caso de sintomas persistentes. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA GRAVIDEZ LEUCORREIA Uma das causas do aumento da secreção vaginal é o aumento acentuado dos bacilos de Doderlin, participes da flora e da defesa da vagina a infecções. E também ao aumento da secreção das glândulas vaginais e endocervicais, consequente à ação da progesterona. Durante a gestação, o pH das secreções vaginais eleva-se de quatro para aproximadamente seis e meio. A produção resulta do aumento do ácido láctico no epitélio vaginal, provavelmente causado pelos níveis mais altos de estrogênio. É comum na gestação o aparecimento da Cândida Albicans, fungo que possui afinidade por meio úmido propicio para seu desenvolvimento e multiplicação. Ao contrário da leucorréia este fungo provoca irritação e um corrimento intensamente pruriginosos. Orientações de enfermagem: ◦ Explicar que aumento de fluxo vaginal é comum na gestação; ◦ Aconselhar a mulher a manter a área perineal limpa e seca, lavando-a com sabão neutro e água; ◦ Orientar a mulher a usar calcinhas de algodão, com o objetivo de permitir o maior fluxo de ar ◦ Instruir a mulher a evitar o uso de ducha e absorventes íntimos; ◦ Realizar o exame citológico e investigar indícios infecciosos. EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO FETAL O desenvolvimento da vida intra-uterina é um período fantástico e único. Inicia-se numa única célula que posteriormente se divide em várias células que acabam por formar os vários tecidos e órgãos. A vida in útero divide-se em dois grandes períodos: Período embrionário – O período embrionário é também denominado de “organogénese” que vai até à 12ª semana de gestação. É um período extremamente importante, pois é durante este tempo que se formam todos os órgãos. É o período de maior sensibilidade às agressões e o de maior vulnerabilidade para o aparecimento das malformações fetais. Período fetal - às 12 semanas de gravidez temos um feto já completamente formado e aqui começa a fase fetal que vai até ao nascimento. Este é um “período de amadurecimento” o longo do qual os órgãos já formados acabam por adquirir a sua estrutura definitiva, essencial para a vida autónoma fora do organismo materno. EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO FETAL EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO FETAL PRÉ-NATAL O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. O início precoce do pré-natal é essencial para a adequada assistência, o número ideal de consultas permanece controverso. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número adequado seria igual ou superior a 6 (seis). Pode ser que, mesmo com um número mais reduzido de consultas (porém, com maior ênfase para o conteúdo de cada uma delas) em casos de pacientes de baixo risco, não haja aumento de resultados perinatais adversos (grau de recomendação A). Atenção especial deverá ser dispensada às grávidas com maiores riscos (grau de recomendação A). As consultas deverão ser mensais até a 28ª semana, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais no termo (grau de recomendação D). Não existe alta do pré-natal. PRÉ-NATAL 10 Passos para o Pré-Natal de Qualidade no SUS 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce) 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes". 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuitoda gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)". 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto". 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da vacinação; Verificar/realizar o cadastramento das gestantes no SisPreNatal; Conferir as informações preenchidas no Cartão da Gestante; Verificar o peso e a pressão arterial e anotar os dados no Cartão da Gestante; Fornecer medicação mediante receita, assim como os medicamentos padronizados para o programa de pré-natal (sulfato ferroso e ácido fólico); Aplicar vacinas antitetânica e contra hepatite B; Realizar atividades educativas, individuais e em grupos; Informar o(a) enfermeiro(a) ou o(a) médico(a) de sua equipe, caso a gestante apresente algum sinal de alarme; Identificar situações de risco e vulnerabilidade e encaminhar a gestante para consulta de enfermagem ou médica, quando necessário; Orientar a gestante sobre a periodicidade das consultas e realizar busca ativa das gestantes faltosas; Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal, acompanhar o processo de aleitamento, orientar a mulher e seu companheiro sobre o planejamento familiar (deve-se utilizar a sala de espera); FATORES DE RISCO PARA UM PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO Fatores relacionados às condições prévias: Cardiopatias; Pneumopatias graves (incluindo asma brônquica); Nefropatias graves (como insuficiência renal crônica e em casos de transplantados); Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipertireoidismo); Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e talassemia); Hipertensão arterial crônica e/ou caso de paciente que faça uso de anti-hipertensivo (PA>140/90mmHg antes de 20 semanas de idade gestacional – IG); Doenças neurológicas (como epilepsia); Doenças psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses, depressão grave etc.); Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses); FATORES DE RISCO PARA UM PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO Alterações genéticas maternas; Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar; Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras); Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; FATORES DE RISCO PARA UM PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO Fatores relacionados à gravidez atual Restrição do crescimento intrauterino; Polidrâmnio ou oligoidrâmnio; Gemelaridade; Malformações fetais ou arritmia fetal; Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou transitória); Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser inicialmente encaminhada ao hospital de referência, para avaliação); Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso; FATORES DE RISCO PARA UM PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO Infecções como a rubéola e a citomegalovirose adquiridas na gestação atual; Evidência laboratorial de proteinúria; Diabetes mellitus gestacional; o� Desnutrição materna severa; Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante para avaliação nutricional); NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); CONSULTAS PRÉ-NATAL O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 6 (seis), com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro. Sempre que possível, as consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma: Até 28ª semana – mensalmente; Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. Não existe “alta” do pré-natal antes do parto. Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. EXAME FÍSICO DA GESTANTE DURANTE O PRÉ-NATAL São indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC), medida da pressão arterial, palpação abdominal e percepção dinâmica, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos movimentos fetais, realização do teste de estímulo sonoro simplificado, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de acordo com as necessidades de cada mulher e com a idade gestacional. No exame físico, os mais importantes componentes que precisam ser incluídos na primeira visita pré-natal são os seguintes: peso, altura, pressão arterial, avaliação de mucosas, da tireoide, das mamas, dos pulmões, do coração, do abdome e das extremidades. No exame ginecológico/obstétrico, deve-se avaliar a genitália externa, a vagina, o colo uterino e, no toque bidigital, o útero e os anexos. Após a 12ª semana, deve-se medir a altura do fundo uterino no abdome. A ausculta fetal será possível após a 10ª-12ª semana, com o sonar-doppler EXAMES COMPLEMENTARES DURANTE O PRÉ-NATAL Devem ser solicitados na primeira consulta os seguintes exames complementares: Hemograma; Tipagem sanguínea e fator Rh; Coombs indireto (se for Rh negativo); Glicemia de jejum; Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; Teste rápido diagnóstico anti-HIV; Anti-HIV; Toxoplasmose IgM e IgG; Sorologia para hepatite B (HbsAg); Exame de urina e urocultura; Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; MANOBRAS DE PALPAÇÃO – MANOBRAS DE LEOPOD As manobras de Leopold são um método comum e sistemático de se determinar a posição de um feto dentro do útero de uma mulher. As manobras consistem em quatro ações distintas, cada uma ajudando a determinar a posição do feto. As manobras são importantes porque ajudam a determinar a posição e apresentação do feto VACINAÇÃO NA GESTANTE COMPLICAÇÕES DO PRIMEIRO TRIMESTRE GESTACIONAL ABORTAMENTO É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500g. Pode ser espontâneo ou provocado. O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 12ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e a 22ª semanas. O abortamento tem como fatores etiológicos os seguintes: alterações cromossomiais, anomalias do ovo e da implantação, placentopatias, mecanismos imunológicos, ginecopatias (malformações uterinas, miomatose uterina, alterações endometriais devido à curetagem uterina, infecções, cicatrizes cirúrgicas, incompetência istmo-cervical), endocrinopatias (diabetes, tireoidopatias, insuficiência do corpo lúteo), anemias graves, sífilis na gestação, além de doenças cardiorrespiratórias. O diagnóstico é clínico e ultrassonográfico.COMPLICAÇÕES DO PRIMEIRO TRIMESTRE GESTACIONAL GRAVIDEZ ECTÓPICA Corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina, sendo mais frequente a prenhez tubária na sua porção ampular. A mulher, frequentemente, apresenta história de atraso menstrual, teste positivo para gravidez, perda sanguínea uterina e dor pélvica intermitente, na fase inicial, evoluindo para dor contínua e intensa, com sinais de irritação peritoneal. As repercussões hemodinâmicas podem ser discretas, apenas com lipotímia, até quadros graves com choque hipovolêmico, na dependência do volume de sangramento intracavitário. COMPLICAÇÕES DO PRIMEIRO TRIMESTRE GESTACIONAL DESLOCAMENTO PREMATURO DE PLACENTA: É a separação intempestiva da placenta do seu sítio de implantação no corpo uterino antes do nascimento do feto; Os principais fatores predisponentes incluem: estados hipertensivos, fatores mecânicos, como traumas, retração uterina após o esvaziamento rápido do polidrâmnio e alterações placentárias (placenta circunvalada, infartos placentários decorrentes do tabagismo, má nutrição, alcoolismo, diabetes com vasculopatia). Apesar de todos estes fatores, em grande número de casos, a causa primária do descolamento é desconhecida. O DPP inicia-se com um sangramento no interior da decídua, acarretando a formação de um hematoma e o descolamento abrupto da placenta do seu sítio normal de implantação. O sangue fica represado e se coagula atrás da placenta, caracterizando o hematoma retroplacentário. PARTO VAGINAL A OMS define parto normal como “aquele cujo início é espontâneo e sem risco identificado no início do trabalho, assim permanecendo até o parto. A criança nasce espontaneamente, em posição de vértice, entre 37 e 42 semanas completas de gestação. Após o parto, mãe e filho estão em boas condições”. SINAIS E SINTOMAS DE TRABALHO DE PARTO Perda do tampão mucoso Perda de líquido “Queda do ventre” e melhora da respiração Dor em baixo ventre LÍQUIDO AMNIÓTICO Esse líquido fica dentro das membranas (bolsa) A bolsa pode se romper (rotura ou amniorexe) de duas maneiras: o Espontaneamente (perda de líquido amniótico) o Artificialmente (por meio da amniotomia) Rotura artificial das membranas amnióticas Aspecto do líquido amniótico o Líquido claro com grumos oLíquido meconial (fluido ou espesso) material estéril, proveniente de conteúdo intestinal, muco, lanugo, vernix, líquido amniótico e secreção gástrica AVALIAÇÃO DA DINÂMICA UTERINA Avaliação manual Realizada em 20 minutos Presença ou ausência de contração Quantidade (n°) de contrações em 10 minutos Intensidade (fraca, moderada, forte) Percepção dos movimentos fetais (presentes ou ausentes) PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO DILATAÇÃO: O trabalho de parto começa quando as contrações da mãe se tornam regulares, com intervalo de 5 minutos entre uma e outra e persistentes durante pelo menos uma hora, podendo chegar a 18 horas. No início da dilatação, esse processo ocorre de forma mais lenta, demorando de seis a oito horas, em média, para chegar a quatro ou cinco centímetros. Depois, no período mais ativo, o colo do útero dilata cerca de um centímetro por hora até que ele atinja a dilatação total de 10 centímetros. É geralmente no final dessa fase que a bolsa se rompe, porém, em algumas mulheres, a bolsa pode se romper antes mesmo do trabalho de parto começar. PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO EXPULSÃO As contrações se tornam mais intensas e o canal do colo do útero já está totalmente dilatado. Assim, o bebê começa a encaixar para nascer. Nesse momento, surge uma vontade irresistível de fazer força e é importante fazer força na mesma hora que as contrações vierem. Quando a cabeça do bebê estiver próxima da vagina, a mãe sentirá um ardor e o médico poderá pedir para que ela diminua a força. Dessa forma, o bebê nasce mais lentamente e, assim, diminui o risco de lesões no períneo. PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO DEQUITAÇÃO 3° período do parto Inicia-se imediatamente após o nascimento do RN e termina com a liberação da placenta e membranas Contrações Tempo médio de 30 minutos PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO PERÍODO DE GREENBERG Essa última fase é definida como a primeira hora após a saída da placenta. Trata-se de um momento de observação da mãe pela equipe médica com o objetivo de evitar hemorragias. Depois desse período, o útero já está bem contraído. Algumas mães podem se sentir nas “nuvens”, pois o organismo libera ocitocina, conhecido como “o hormônio do amor” e responsável por influenciar no vínculo entre a mãe e o bebê. ANORMALIDADES DO PERÍODO EXPULSIVO Anormalidade de freqüência cardíaca fetal; Período expulsivo prolongado( acima de 2 horas); Traumatismo obstétrico; Distorcia de ombro; PARTO CESARIANO Cesariana ou parto cesárea é uma forma de nascimento de bebês por via cirúrgica, normalmente indicada quando há risco para realização de um parto normal. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cesariana é uma intervenção efetiva para salvar a vida de mães e bebês quando indicada por motivos médicos.A OMS considera normal uma taxa de nascimento por cesariana entre 10% e 15%. PARTO CESARIANO Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) cesariana é recomendada ao invés de parto normal nas seguintes situações, por diminuir a morbi-mortalidade materna e fetal: Desproporção céfalo-pélvica intraparto (desproporção observada intraparto entre tamanho da cabeça fetal e da pelve materna) Duas ou mais cesáreas anteriores Posição fetal não usual (não cefálico – “cabeça para baixo”): sentado ou atravessado Placenta prévia: placenta se encontra na frente do bebê e ela não pode nascer antes dele Prolapso de cordão umbilical ( situação rara, ocorre em < 1% das gestações, onde após o rompimento da bolsa, o cordão umbilical é expelido para fora do colo do útero, antes do nascimento do bebê) Herpes genital com lesão ativa