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ANCORAGEM CELSO DE CAMARGO BARROS ANDRÉIA COTRIM- FERREIRA ANCORAGEM 401 INTRODUÇÃO Podemos definir ancoragem em ortodontia, como a resistência ao movimento oferecida por diferentes dispositivos ou pelos próprios dentes. De acordo com o local de sua origem pode- mos dividí-la em: I - Ancoragem extrabucal. II - Ancoragem intrabucal. I- ANCORAGEM EXTRABUCAL I - DEFINiÇÃO A ancoragem extrabucal é o método atra- vés do qual são geradas forças fora da cavidade bucal, nas regiões cervical, occipital e parietal, e que são aplicadas para estabilizar, movimentar elementos dentais ou direcionar o crescimento dos ossos do complexo maxilofacial. O sistema mecânico gerador das forças destinadas à movimentação ortodôntica ou ortopédica denomina-se aparelho extrabucal. 2 - HISTÓRICO O uso dos aparelhos de tração extrabucal para tratamento das más oclusões dentais ou esqueletais remonta há quase dois séculos, quan- do Cellier, em 1802, utilizou um apoio fora da boca, localizado na parte posterior e superior da cabeça, para imobilizar a mandíbula. A ele sucederam-se outros pesquisadores tais como: Gunnel, em 1822, construiu uma mentonei- ra visando guiar o crescimento mandibular. Kingsley (1866) foi considerado o precursor da ancoragem extrabucal ao reduzir uma pro- trusão maxilar com este tipo de aparelho. Angle, por volta de 1907, após alguns anos de aplicação clínica do extrabucal, substituiu-o pelos elásticos intermaxilares no tratamento das más oclusões de Classe II. Oppenhein (1930) reintroduziu na clínica ortodôntica a ancoragem extrabucal, valendo- se de forças leves e intermitentes. Kloehn, em 1961, usando a região cervical como ponto de apoio, preconizou a utiliza- ção desse aparelho como excelente meio de controle para direcionar o crescimento den- toalveolar. Interlandi, em 1962, obteve um melhor controle das forças extrabucais através da an- coragem cérvico-occipital (IHG), cujo casquete leva seu nome. Graber, na década de 70, relata que o apa- relho extrabucal é de grande valia na correção das más relações basais e nos tratamentos das Classes II e Classe III de Angle. jacobson, 1979, publicou trabalho em que, através de experimentos mecânicos, demons- trou como as forças extrabucais atuam sobre os dentes e ossos basais, principalmente quando essas forças são assimétricas. Mais recentemente Ricketts e outros orto- dontistas pesquisaram a atuação dessas forças, principalmente levando em consideração seus fatores determinantes: duração, direção e in- tensidade. 3 - COMPONENTES DO APARELHO EXTRABUCAL A) Aparelho extrabucal com arco facial t composto de um arco facial, um apoio na região inferior, posterior ou superior da cabeça e elásticos ou molas para tracionamento. a - Arco Facial: simples ou composto. Arco Facial Simples - é o arco ligado dire- tamente ao aparelho fixo, por exemplo, o arco em 'jota", para distalizar caninos ou outros dentes (Fig. 19.1). Fig. 19.1 -Arco facial simples (arco em "n. Arco Facial composto - é o arco facial tradi- cional, constituído de um arco externo (facial) e um arco interno (bucal), unidos entre si na região mediana anterior. Comercialmente são encontrados nas seguintes medidas: Arco interno medindo 0.045 polegadas ou 0.051 polegadas. Arco externo medindo 0.062 polegadas ou 0.072 polegadas. Os arcos internos e externos são soldados entre si na região mediana, de forma rígida (sol- da), ou unidos de forma articulada (Fig. 19.2). 402 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO Fig. 19.2 -Arco facial composto mostrando seus componentes interno e externo, soldados na parte mediana. Quando corretamente posicionado no paciente, o arco interno deve estar afastado aproximadamente 5 a 8 milímetros das faces vestibulares dos incisivos superiores. O extremo do arco interno será inserido no tubo do primeiro molar superior (face vestibular da banda ortodôn- rica). Faz-seuma dobra em baioneta ou um "stop", impedindo que o arco interno deslize totalmen- te para dentro do tubo. A dobra em baioneta é a melhor opção, pois permite que o arco in- terno funcione como um escudo à musculatura (bochecha), que atua sobre a face vestibular dos dentes, além de afastá-lo dos braquetes do aparelho fixo. O braço externo também deverá ter uma dobra ou gancho, para que ali seja inse- rido o elástico ou mola para tração (Fig. 19.3). Fig. 19.3 -Arco interno afastado de 5 a 8 mm dos Incisivos. b - Apoio extrabucal: Constitui-se de tiras flexíveis plásticas, de couro ou de tecido, ajustadas à cabeça na re- gião cervical, occipital ou parietal. c - Elástico ou mola: A direção da força do aparelho extrabucal, bem como a intensidade da mesma, são propor- cionadas pelos elásticos (anéis ou tiras elásticas) ou molas de tração. Esses materiais fazem a ligação do arco externo ou braço externo ao apoio da cabeça. O dinamômetro ou tensiôme- tro quantifica essa força. A unidade é o grama. B) Aparelho extrabucal sem arco facial A mentoneira é o aparelho extrabucal da mandíbula, já que o ponto de aplicação da for- ça é neste osso, mais especificamente no men- to. A mentoneiraé constituída de um casquete colocado na parte superior ou posterior da cabeça, o apoio no mento (tecido, acrílico ou plástico) e uma mola ou elástico que provocará o tracionamento e regulará a força aplicada. 4 -INDICAÇÕES EOBJETIVOS DO APARELHO EXTRABUCAL (AEB) <, Quadro I Indicações e Objetivos - Como agente de ancoragem - Correção de má oclusão - Classe II dental - Correção de má oclusão - Classe II esqueletal - Correção de má oclusão - Classe IIIesqueletal - Correção de sobremordida - Correção de mordida aberta - Movimentação dental individual ou em grupo A - Como agente de ancoragem: a mecânica ortodôntica da má oclusào de Classe I, utiliza-se o AEB quando há necessida- de de proceder-se à exodontia de elementos dentais (por exemplo, premolares), e existe o risco de perda de espaço pela mesialização do segmento posterior (perda de ancoragem). O AEB imobiliza o molar, enquanto o alinhamento e retração dos segmentos anteriores se processam (Fig. 19.4). B - Correção de má oclusão - Classe II dental Apesar do bom relacionamento e equilíbrio existentes entre maxila e mandíbula, instalou-se ANCORAGEM 403 Fig. 19.4 -AEB -Agente de ancoragem. uma relação molar de Classe II devido à mesia- lização do molar superior, talvez conseqüente à perda precoce do segundo molar decíduo, ou perda de tecido dental. Usa-se aqui uma força A Fig. 19-5A - AEB - Correção de má oc/usão C/asse li - Dental. B extrabucal sobre O molar superior para recupe- rar o espaço através da distalização do mesmo, até se restabelecer a relação de Classe I. A força empregada é ortodôntica (Fig. 19.5A e B). B 404 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO c - Correção de má oclusão - Classe II esqueletal: Aproximadamente 70% das más relações basais se devem à deficiência de crescimento mandibular; outros 30% devidos à protrusão maxilar. O uso intermitente do AEB visa atu- ar no sentido de redirecionar o crescimento do complexo maxilomandibular, propiciando um equilíbrio e harmonia entre ossos da face. Uma força de ação ortopédica, intermitente e pesada sobre a maxila, poderá restringir o des- locamento da mesma para a frente, reduzindo Fig. 19.6 -AEB - Correção de má oc1usão de Classe /1- Esque/eta/. Fig. /9.58-- AEB - Dista/ização por movimentação ortodôntico. pe/oAEB. a protrusão, inclinando o plano palatino para baixo, aumentando a altura anterior da face e o ângulo nasolabial. Uma força com . inclinação parietal aplicada sobre a maxila poderá. neutralizar a movimentação da mes- ma no sentido vertical e conseqüentemente os efeitos sobre a mandíbula serão benéficos. Portanto, as forças incidentes sobre a maxila deverão ser direcionadascorretamente para que a mandíbula não sofra rotações indesejá- veis (Fig. 19.6). ANCORAGEM 405 D - Correção de má oclusão - Classem esqueletal: Na dentadura decídua ou mista, usa-se força ortopédica sobre a mandíbula, na tentativa de mudar a direção de crescimento de horizontal para vertical. Quando a classe III é acompa- nhada de atresia maxilar, atua-se também no sentido de tracionar a maxila para anterior. E - Correção de sobremordida: O AEB atua corrigindo a mordida profunda através da extrusão dos molares nos indivíduos braquifaciais, ou intruindo os incisivos nos padrões dolicofaciais. Nestes, a extrusão dos dentes posteriores corrigirá a sobremordida, porém com aumento exagerado da altura ante- rior da face, piorando muito o perfil e retrain- do o mento em demasia. F - Correção de mordida aberta: Uma força de tração parietal, o mais ver- ticalizada possível, terá uma ação de intrusão dos molares, que somada à extrusão dos den- tes anteriores, vai provocar o fechamento da mordida. Ao imprimir-se uma força ortopédica à maxila, tão alta que passe além do centro de resistência deste osso, ocorrerá uma inclinação do plano palatino, a mandíbula girará no sen- tido anti-horário, favorecendo a correção da mordida aberta. G - Movimentação dental individual ou em grupo: Emprega-se o AEB na retração de caninos ou grupo de dentes. 5 - AÇÃO ORTODÔNTICA E ORTOPÉDICA DO APARELHO EXTRABUCAL A) Ação Ortodôntica: Sempre que se pretende movimentar um dente ou grupo de dentes com o AEB, usa-se uma força mais leve, de intensidade menor. As respostas fisiológicas do osso suporte, tecidos periodontais e do próprio dente são mais fa- voráveis: a hialinização do tecido ósseo se dará num período curto, existindo bom suprimento sangüíneo, com trocas tissulares mais intensas, com grande formação de células reparadoras e formadoras de tecido ósseo. O movimento dental acontece mais facilmente se o dente estiver implantado no osso esponjoso e não na cortical óssea. O dente a ser movimentado tem que ficar isolado dos demais, para que seja distalizado com mais facilidade. B) Ação ortopédica: Para que se consigam alterações ortopédicas no complexo maxilomandibular, lança-se mão de forças pesadas e intermitentes. Elas abrem suturas, comprimem, expandem, guiam ou mudam a direção do crescimento dos ossos maxilares e da face. Uma avaliação das discrepâncias ósseas deve ser elaborada, com criteriosa consideração acerca do padrão facial, estágio de crescimento e planejamento da direção e intensidade das forças a serem aplicadas. O uso correto das forças ortopédicas extra- bucais determinará o resultado clínico final. A força deverá ter uma direção pré-estabelecida de acordo com o tipo facial esquelético e pa- drão muscular. Forças de 500 a 1500 gramas, dependendo de cada caso, são indicadas para provocar essas mudanças estruturais. Nos dolicofaciais severos, cujo crescimento é predominantemente vertical e padrão muscu- lar extremamente pobre, contraindica-se extru- são molar maxilar, porque os reflexos na man- díbula serão perversos; ela girará para baixo e para trás (sentido horário), aumentando ainda mais a altura facial anterior e empobrecendo o perfil facial. Aqui a força aplicada no molar superior deve ser alta, ao nível da fissura pte- rigomaxilar, comprimindo a parte posterior da maxila contra os ossos adjacentes, impedindo que ela se desloque para baixo, neutralizando portanto a rotação mandibular. Nos indivíduos mesofaciais ou braquifaciais, principalmente nestes últimos cujo padrão muscular é muito forte, a extrusão dos molares superiores ou inclinação do plano pala tino são em parte anuladas pela ação muscular. Nos braquifaciais, a extrusão, ainda que difícil, será benéfica porque a abertura do plano mandibu- lar (giro no sentido horário) aumenta a altura anterior da face e o ângulo nasolabial. Nos casos de sobremordida a extrusão melhora o perfil facial. Ricketts relata que em alguns casos, nos braquifaciais severos, não houve a usual rota- ção mandibular no sentido horário. Chamou esse acontecimento de "reação inversa". Aqui a musculatUlza extremamente forte vence e impe- de as transformações ósseas. A maxila tem seu centro de resistência locali- zado na parte superior da fissura pterigomaxilar. Desta maneira, por mais sofisticado que seja o AEB, é quase impossível obter-se uma força que passe acima da fissura pterigomaxilar e portanto acima do centro de resistência da mesma. as forças incidentes sobre ele serão dissipadas sobre os outros dentes, com reflexo em todo maxilar, havendo portanto alterações ortopédi- cas na maxila e na mandíbula. 406 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO Por esta razão é difícil evitar a inclinação do plano palatino para baixo, porque as forças passam quase sempre inferiormente ao centro de resistência da maxila. Se, porém, todos os dentes da maxila estiverem unidos entre si por um aparelho fixo ortodôntico, o centro de resistência da maxila é deslocado ao nível das raízes dos premolares, entre os mesmos. Nos dolicofaciais, portanto, as forças devem preferencialmente ter inclinação para cima, para minimizar a inclinação maxilar, extrusão e os efeitos indesejáveis na mandíbula. Quando se quer a extrusão molar ou des- locamento da maxila para baixo, as forças extrabucais devem passar abaixo do centro de resistência da maxila. As alterações ortopédicas se processam na maxila com reflexos na mandíbula. Quando a força pesada é aplicada sobre o molar superior, este deve ser ancorado no osso cortical, onde é mais difícil a movimentação ortodôntica, devido à densidade do osso. Some-se a isto o fato de que as forças pesadas incidentes sobre o molar provocarão hialinização do tecido ósseo cir- cunvizinho, onde a movimentação dental não acontece. Essas forças porém são direcionadas ao osso maxilar, que sofrerá transformações na forma, direção de crescimento, etc. Se o molar estiver conjugado aos demais dentes com um aparelho fixo e um arco rígido, 6 - PRINCíPIOS BIOMECÂNICOS DA FORÇA EXTRABUCAL Força: é o fator que altera a posição de um corpo em repouso, muda a direção de seu movimento ou ainda provoca compressão ou distensão do corpo. Aqui consideramos o ele- mento dental como o corpo. Ponto de aplicação da força: nos aparelhos extrabucais o ponto de aplicação da força cor- responde ao gancho do braço externo, onde se fixa o elástico. Linha de ação da força: o elástico, mola ou similar, que une o gancho do braço externo do arco facial ao casquete ou outro apoio extrabucal, d'etermina a linha de ação ou direção da força. Ela poderá ser horizontal ou oblíqua, dependendo da localização do apoio extrabucal e do braço externo do AEB. Centro de resistência: é um ponto localiza- do próximo à trifurcação das raízes do molar superior. É inalterável. Na maxila o centro de resistência está localizado na fissura pterigoma- xilar (Fig. 19.7 - A e B). 19.7A - T•• •• T T •• '--../ Flg. /9.7A - No esquema A, linha de ação da força T,passando pelo centro de resistência (c). A2 - Unha de ação da força T,passando acima do centro de resistência (c). A. - Unha de ação da força T,passando abaixo do centro de resistência (c). B 1 19.7B Flg. /9.7-B - B, - Linha de ação da força (t) passando pelo centro de resistên~a do dente (c) mostrando que o vetor de distalização (d) é maior que o vetor de intrusão (i). B2 - Linha de ação da força (t) passando abaixo do centro de resistência do dente (c) mostrando que o vetor de distalização (d) é igual ao vetor de intrusão (i). B3 - Linha de ação da força (t) passando acima do centro de resistência do dente (c) mostrando que o vetor de distalização (d) é maior que o vetor de extrusão (E). ANCORAGEM 407 Toda força que passar pelo centro de resis- tência do dente promoverá um movimento detranslação do mesmo e não haverá inclinação. Baseado neste princípio, quando usamos a tração cervical, angulamos o braço externo do arco facial acima do plano oclusal, para que a resultante da força aplicada sobre o molar superior passe pelo seu centro de resistên- cia, anulando desta maneira o efeito de inclinação do mesmo. Portanto, se o molar está sofrendo inclinação pelo uso do AEB, é necessário proceder-se à correção da po- sição do braço externo, angulando-o e não fazer a correção no braço interno do arco facial. Fulcro: É o centro de rotação do movimen- to dental e sua localização varia, dependendo da linha de ação da força. Quanto mais próxi- ma do centro de resistência passar a força, mais afastado estará o fulcro; o raciocínio inverso é aplicado quando a força passar longe do centro de resistência. Intensidade ou magnitude da força: é a quantidade de força aplicada através dos apa- relhos ortodônticos. É mensurada pela unida- de grama-força ou quilograma-força. A tração exercida pelos elásticos ou molas é que ditará o nível de força. Resultante: é a soma ou confluência de to- dos os vetores componentes da força. Duração da força: a força pode ser intermi- tente ou contínua. Intermitente -quando sua aplicação se dá por determinados períodos, alternando-se com períodos de descanso, momento em que os tecidos se reparam. Contínua - a força é aplicada sem que haja um período de descanso. A duração da força depende das necessidades do tratamento: 19.8A Classe I: O AEB vai atuar como ancoragem do molar. Um período de 8 a 10 horas de uso diário será suficiente, e preferencialmente no período noturno. Classe II dental: se os molares se encontram de topo, são suficientes 12 a 14 horas de uso do AEB. uma Classe II dental, aumentamos o período de uso para 18 a 20 horas diárias. Classe II esqueletal: indica-se uma força intermitente e pesada por um período não inferior a 18 horas diárias. Classe III esqueletal: a mentoneira deverá ser usada no período noturno, preferencialmente. 7 - COMPRIMENTO EANGULAÇÃO DO BRAÇO EXTERNO O braço externo pode ser: curto, médio ou longo (Fig. 19.8A). Curto - o braço externo é mais curto que o braço interno. ' Médio - o braço externo tem o mesmo comprimento do braço interno, terminando na altura do tubo molar. Longo - o braço externo é mais longo que o interno. Para que a força seja otimizada, determina- se o comprimento e angulação do braço exter- no, de modo que a linha de ação da força passe pelo centro de resistência do molar, anulando o efeito de inclinação. Quando se usa a tração horizontal ou occipital, o braço externo tem o mesmo comprimento do braço interno. Na tração cervical incorporamos a angulação de 20 graus ao braço externo, para cima, a fim de se evitar a inclinação molar. Uma inclina- ção do mesmo poderá acentuar a abertura da mordida devido ao contacto prematuro das cúspides. Figs. 19.8B e C. c Fig. 19.8-A - Comprimento do braço externo do AEB: curto (a), médio (b) e longo (c). 19.8B 408 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO 81 •,,,,,,,, C~ v~- c 82 83 Fig. 19.8-B - B, - Tração baixa -A angulação do braço externo varia de acordo com o comprimento do mesmo (a,b,c), quando se deseja que a linha de ação da força passe pelo centro de resistência do dente. B2 - Tração média - A angulação do braço externo não necessita sofrer variação nos diferentes comprimentos do mesmo (a, b, c). B3 - Tração alta - mesmo raciocínio do item B,: a - braço externo curto; b - braço externo médio; c - braço externo longo. ANCORAGEM 409 19.8C c LM !@; -m 78- ~e@;-@ C@I -@ ~ml~m ~ A H B Fig. /9.8-C - C, - Na tração parietal, dependendo da angulação e comprimento do arco externo, tem-se os diversos movimentos sobre o 1°molar superior; C - braço externo curto; M - braço externo médio; L - braço externo longo;A - angulação alta;H - angulação horizontal; B - angulação baixa. ~~~~---~ " ---- C::::'<-.--_-::- Fig. /9.8 - C - C2 - Tração occipital: braço externo com diversos comprimentos e angulações. c M L Cal -m ~mY/ ~BI~alCal ~@I~gt~@ ~ A H B c M L Cãl-~ em! ~~ ~ãl~ã!~/fm I (V) -ãiJ -Q/ A H B ~~ - --~-----:~- - --- Fig. /9.8 - C - C3 - Tração cervical: braço externo com diversos comprimentos e angulações. 410 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO 8 - CLASSIFICAÇÃO E TIPOS PRINCIPAIS DE AEB Quadro 11 Classificação do AEB - AEB - Tração Cervical - AEB - Tração Occipital - AEB - Tração Parietal - Mentoneira - Outros A) AEB - Tração cervical: Também chamada de tração baixa ou KHG (Kloehn). Tem as seguintes características: a) a linha de ação da força passa 25° a 30° abaixo do Plano Oclusal; b) os componentes da força são os vetores de distalização e extrusão; c) o apoio extrabucal é a tala colocada na região cervical ou pescoço, à altura da 3a vértebra cervical. Este tipo de aparelho extrabucal é indicado: nas más oclusões de Classe 11- divisões 1a e 2", nos padrões braquifaciais, cujo crescimento tem tendência predominantemente horizontal 9.9A D~ E D~ E e o padrão muscular é extremamente forte. A correção é favorecida pela distalização e prin- cipalmente extrusão molar (ação ortodôntica), ou abaixamento do plano palatino e conse- qüente rotação mandibular (ação ortopédica). Aqui há melhora do perfil ósseo, aumento da altura anterior da face (devido à extrusão dos molares corrige-se a sobremordida anterior) e redução da protrusão maxilar. Nos padrões musculares muito fortes, às vezes, não se pro- cessam essas alterações, neutralizando a rota- ção mandibular. Angulamos o braço externo do aparelho extrabucal acima do plano oclusal a fim de que o movimento de inclinação do molar seja anulado (Fig. 19.9A a C). Quadro m AEB - Tração Cervical - Tração Baixa - Vetores de Força: Distalização e Extrusão - Indicações: Braquifaciais Classe 11e Classe I (Ancoragem) Correção de Sobremordidas. Fig. 19.9 - A - AEB de tração cervica/ mostrando os vetores de distalização (D) e extrusão (E). ANCORAGEM 41 1 19.9B Fig. 19.9 - B - AEB com tração cervical. 19.9C Fig. /9.9 - C - AEB - Tração cervical. Quondo a força passa abaixo do centro de resistência provoca, além dos movimentos de distalização (D) e extrusão (E), também o movimento indesejável de inclinação. B) AEB - Tração occipita1: A tração occipital pode ser horizontal ou oblí- qua. Entre os vários tipos, utiliza-se como apoio extrabucal, mais freqüentemente, o casquete de Interlandi (IHG). Características principais: - a linha de ação da força está localizada 50 a 100 acima do plano oc1usal, portanto à altura do centro de resistência do molar superior. - o vetor da força é predominantemente de distalização. - o apoio extrabucal se localiza na região posterior da cabeça. O casquete, modelo IHG, permite que a resultante da força possa ser inclinada para 412 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO cima, devido aos encaixes para elásticos apre- sentarem várias graduações. - é indicada a tração occipital nas más oclusões de Classe 11 ou como ancoragem. É utilizado nos padrões mesofaciais ou dolicofa- ciais suaves, com crescimento harmõnico, onde temos uma altura anterior da face normal e não interessa extrusão ou intrusão do molar. Nos dolicofaciais a tração toma-se mais oblí- qua, à medida que a tendência do crescimento se toma mais vertical. Neste caso, com a intrusão do molar superior e a neutralização do deslocamen- to vertical da maxila, não há comprometimento do posicionamento mandibular, impedindo-se a rotação da mesma. A força de intrusão será mais acentuada se o braço externo do AEB estiver do- brado abaixo do plano oclusal (Fig. 19.10A e B). Quadro IV Tração Occipital - Tração Horizontal ou Média - Vetar de Distalização- Indicações: Mesofaciais e Dolicofaciais Suaves Classe II e Classe I (Ancoragem) 19.10A Fig. 19.10 - A - AEB - Tração occipital, evidenciando que o único movimento resultante é o de distalização (D). 19.10B Fig. 19.108 - AEB - Tração occipital (lHG). ANCORAGEM 413 C) AEB de tração parietal: Também chamada tração alta ou superior. Características principais: - a linha de ação da força está acima do plano oclusal 30° a 35°. - a força se decompõe em dois vetores: intru- sivo e distal. Uma força bastante inclinada terá o vetor de intrusão maior que o vetor distal. - o apoio extrabucal está localizado na parte superior da cabeça, mais precisamente na região parietal. - indicado para os padrões dolicofaciais severos (crescimento vertical acentuado). - utilizado para correção de mordida aber- ta quando a força é aplicada no segmento pos- terior, e sobremordida se a força for aplicada no segmento dental anterior. O AEB pode ser utilizado para correção de sobremordida, ligando-se o casquete a um arco externo diretamente ao segmento anterior do aparelho fixo (incisivos superiores), com uma força direcionada para cima, tendo portanto resultante intrusiva. Se o arco estiver ligado a um "splint" de acrílico nessa região anterior, te- remos o mesmo efeito de intrusão do segmen- to anterior; se a força for ortopédica, a maxila sofrerá uma rotação no sentido anti-horário, favorecendo a correção da sobremordida. A so- bremordida não pode ser corrigida à custa de extrusão dos molares, porque o padrão facial vertical fará com que a mandíbula, que está re- truída, fique ainda mais retruída com aumento da altura anterior da face. Quando aplicado como auxiliar de cor- reção de mordida aberta nos dolicofaciais, a atuação do AEB, com tração alta, será no segmento posterior, direcionada acima do centro de resistência do molar (o mais alta possível), com uma resultante intrusiva. Se aplicarmos uma força pesada e intermitente, o resultado será ortopédico, podendo-se girar a maxila no sentido horário com um abaixa- mento do segmento anterior somente (sem extrusão do segmento posterior), favorecendo o fechamento anterior da mordida. Para se ter um resultado bastante eficiente, utiliza-se (na dentadura decídua e mista) uma placa acrílica adaptada no maxilar e com o arco do AEB implantado na região molar. Nestes casos, apesar da musculatura fraca, a mandí- bula estará estabilizada ou até sofrerá ligeira rotação no sentido anti-horário, favorecendo o fechamento da mordida aberta anterior (Fig. 19.11A e B). Quadro V Tração Parietal - Tração Alta - Vetores de Intrusão e Distalização - Indicações: Dolicofaciais Severos Classe II Correção de Mordida Aberta (AEB- Molar) Correção de Sobremordida (AEB- Incisivos) 19.11A Fig. 19.11 - A - AEB - Tração parietaf: quando a força passa acima do centro de resistência, provoca um movimento de intrusão (f) maior que o de dista fiz ação (D). 414 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO 19.11B Fig. 19.11-8 - AEB- Tração parietal. D) Mentoneira É oAEB mais indicado para interceptação da Classe lU incipiente, nas dentaduras decí- dua e mista. Características principais: - a linha de ação da força está dirigida para a parte superior da cabeça, na direção do côndilo mandibular - redireciona o crescimento mandibular - ponto de aplicação da força está localiza- do no mento - a intensidade de força é de 1000a 1500gra- mas de cada lado da cabeça (força ortopédica). Utiliza-sea mentoneira na mandíbula, com a finalidade de rotacionar a mesma no sentido horário. A mentoneira é constituída de um casquete localizado na região occipital ou parietal, e um en- caixe no queixo, construído de plástico, tecido ou até metal, unidos por anéis ou tiras elásticas, que determinam a direção e intensidade da força. A mentoneira também pode ser utilizada para a correção da mordida aberta, quando se coloca o apoio do mento sob a parte anterior da mandíbula, verticalizando-se a força de tal modo que ela passe anteriormente ao côndilo mandibular (Fig. 19.12A e B). Quadro VI Mentoneira - Tração Alta - Redireciona o Crescimento Mandibular - Força Ortopédica - 1000gramas a 1500gramas - Correção de Classe lU - Correção de Mordida Aberta E) Outros tipos de aparelhos extrabucais: a) AEB - Combinado Utilizado na Classe II, padrão meso ou doli- cofacial, onde pretendemos preservar a estabi- lidade mandibular. O casquete de tração alta é combinado à tração cervical. O braço externo do arco facial é mais longo; a extremidade do mesmo é ligada à tala cervical por anéis elás- ticos. Um gancho ou alça circular, localizado no centro do braço externo, é ligado, também, por anéis elásticos ao casquete de tração alta. Deve-se executar alternadamente movimentos ortodônticos de distalização (tração cervical) e ortopédicos (tração parietal), visando promo- ver estabilização da maxila, dando tempo para que haja distalização do molar superior sem os 19.12A ANCORAGEM 415 Fig. 19.12A e B - Utilização correta da mentoneira efeitos nefastos de extrusão. Ricketts preconiza forças alternadas: 900 gramas na tração alta (ortopédica) e 450 gramas na tração cervical (ortodôntica) (Fig. 19.13). 1 Flg. 19.13 - AEB Combinado, cujo tração cervical (I) é associada à tração alta (2). b) AEB em Jota 'J" OS arcos faciais em forma de 'j" são inse- ridos no aparelho fixo, na região de incisivos superiores, com tração alta, corrigindo mor- dida profunda. Com tração média (occipital) e baixa (cervical), distaliza os caninos supe- riores e inferiores, respectivamente, nos casos em que se procedem a extrações dentais. 19.12B Nesses, o gancho se adapta à face mesial dos caninos, no arco do aparelho fixo (Fig. 19- 14A e B). 19.14A 19.14B Fig. /9.14.A e B - Aporelho extrobucal em 'T. 416 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO ..:.. ....•.. ". c) AEB com elásticos Classe Ill: Solda-se um gancho no braço interno do arco facial (região da baioneta), para baixo, a fim de que nele se insira o anel elástico de Classe Ill ligado ao aparelho fixo inferior. Com isto, o elástico proporcionará uma força mais horizontal, eliminando o efeito nefasto de ex- trusão do molar superior. Este tipo de tração é usado ligado a cursores ÕU 'Jigs", placas lábioativas com ganchos, quan- do pretendemos distalizar ou ancorar molares inferiores (Fig. 19.15). d) AEB conjugado ("Splint") Fig. 19.15 - AEB com ganchos para uso de anéis elásticos de classe 111. 19.17A Fig. 19.17 - A e B - Máscara (acial para protração maxilar (Delaire) Um arco facial é inserido numa placa de acn1ico (tipo Thurow), com recobrimento oclu- sal de todos os dentes. A força empregada é or- topédica e direcionada para cima, sendo distri- buída a toda a maxila, reduzindo-se a protrusão da mesma. Usa-se de preferência na dentadura decídua e mista, quando os molares superiores ainda não estão com as raízes totalmente for- madas, e portanto contra-indica-se aplicação de forças pesadas nos mesmos (Fig. 19.16) . e) AEB de ação reversa: Mentoneira de Ação Reversa: redireciona, para distal, o crescimento mandibular e conco- mitantemente promove uma tração da maxila para anterior, nos casos de tendência exagera- da de crescimento mandibular e ausência de crescimento maxilar superior. Máscara Facial: a Máscara Facial de Delaire ou Petit traciona a maxila para anterior através de elás- ticos que ligam a máscara ao tubo molar ou ao arco do aparelho fixosuperior Fig. 19.17 (A, B e C). Fig. 19.16 - AEB conjugado ("Splint") 19.1 ANCORAGEM 417 19.17C f) AEB assimétrico Utilizado na Classe 11de Angle, subdivisão, onde se pretende uma tração unilateral ou força assimétrica. Na tração cervical apenas afasta-seo braço externo da face do paciente, no lado em que se pretende uma forçamaior. Quando o casquete é fixo (lHG), usa-se o mesmo recurso do braço externo afastado, ou simplesmente aplica-se uma força mais pesada deste lado (Fig. 19.18). Fig.19.18 - AEB assimétrico. g) Arco facial basculan te É o arco facial usado para ancoragem ou distalização do molar inferior. Os braços inter- no e externo do arco facial não são soldados entre si e sim unidos por articulação, permitin- do movimentação mandibular. 9 - IDADE IDEAL Os efeitos do AEB são eficazes na fase de crescimento puberal, quando os resultados Fig. 19.17 - C - Máscara facial para protração maxilar (Petit). são mais satisfatórios. No sexo feminino esse período está compreendido entre os 11 e 12 anos; no sexo masculino dos 14 aos 15 anos aproximadamente. Nada impede, porém, que crianças de cinco ou mais anos de idade, portadoras de anomalias esqueletais maxilomandibulares, se submetam ao tratamento precoce, pois a in- tervenção ortopédica 'nessa fase é recomendá- vel, já que se vai atuar essencialmente a nível ósseo e muscular. Em relação à movimentação dental através de forças extrabucais, alguns cuidados devem ser tomados quanto à quantidade de força que o molar ou outro dente receberá. Os dentes deverão ser movimentados quando estiverem com suas raízes totalmente formadas. No mo- lar, especificamente, isto ocorre por volta de 8,5 a 9 anos de idade. 10 - ATUAÇÃO DO AEB a) No sentido anteroposterior: Neste, o AEB movimenta os molares distali- zando ou mesializando-os. b) No sentido cérvico-oclusal: Os molares poderão ser movimentados ver- ticalmente, com intrusão ou extrusão dos mes- mos, na dependência da linha de ação da força 418 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO passar acima ou abaixo do centro de resistência dos mesmos. c) No sentido látero-lateral: As forças incidentes sobre os molares, lateral- mente, podem provocar expansão ou contração; aplicando-se força ortopédica poderá haver con- tração ou expansão do arco, a nível da sutura. Quando se abrem os braços internos do AEB, são introduzidas forças de lateralidade nos molares; ao se fechar esses braços, os mo- lares tenderão a palatinizar-se. a Classe li, normalmente abrem-se os braços internos do AEB, ficando afastados dos tubos mo- lares mais ou menos cinco milímetros, para que os molares, ao serem distalizados, o façam ves- tibularizando-se. Caso essa providência não seja tomada, os mesmos, à medida que distalizam, o fazem cruzando com os molares inferiores. Quando os molares inferiores estão incli- nados para lingual, o AEB terá um papel no desenvolvimento funcional do arco inferior, quando se distaliza e se leva o molar superior para vestibular. A ação dos planos cuspídeos dos molares superiores sobre os molares infe- riores corrigirá a inclinação dos mesmos. Na Classe II com retrusão mandibular, uma expansão maxilar deverá favorecer o desloca- mento da mandíbula para anterior, melhoran- do a relação entre ambas. A correção da rotação mesiolingual do mo- lar superior deverá ser uma medida inicial no tratamento da Classe 11. Girar o molar disto- vestibularmente, em muitos casos, coloca-o em relação de Classe I com o molar inferior. I I - CONSIDERAÇÕES FINAIS o Aparelho Extrabucal, através dos anos, foi alvo das mais desencontradas discussões. Diver- sos ortodontistas fizeram uso do mesmo com ex- celentes resultados clínicos, relatados em artigos e livros científicos. Outros abominaram seu uso, banindo-o de seus planos de tratamentos. Talvez a razão desta repulsa se deva à falta de maiores informações científicas a respeito de seu uso, à inabilidade de manejá-lo corre- tamente ou principalmente à ausência de um correto diagnóstico que permita sua indicação ou contra-indicação. Sabe-se que a maior parte das más oclusões de Classe 11 se originam de uma retrusão mandibular, estando a maxila bem posicionada em relação à base craniana. Nestes casos, a ancoragem extrabucal é contra- indicada, porque poderá provocar retrusão maxilar, empobrecendo o perfil do paciente. Quando o plano de tratamento estabelece ou requer distalização do molar, o AEB é de eficiência ímpar em comparação com outros aparelhos de ancoragem intrabucal. Estes geram forças contrárias e recíprocas dentro da cavidade bucal, com inclinações dentais e alveolares incontroláveis, desestabilizando o equilíbrio funcional entre ossos, dentes e teci- dos moles. Quando a Classe li é de origem óssea, com protrusão da maxila, o AEB, através de forças pesadas ou ortopédicas, age reorientando o cres- cimento maxilar e liberando a mandíbula para sua movimentação anterior. Se a maxila estiver bem posicionada, o AEB atuará ancorando-a em sua posição, dando tempo para que a mandíbula avance. Aqui, a correção da Classe li para Classe I se dá pela mesialização mandibular. Em outros casos, uma má posição dos pri- meiros molares superiores rodados mesiolin- gualmente, os colocam em posição de Classe 11 em relação aos molares inferiores. Uma dobra no final do arco interno do AEB, como um desvio caudal, força os molares superiores a girarem para distal, e com essa manobra os molares superiores distalizam o suficiente para entrar em chave de Classe I. Todos os pesquisadores são unânimes em afirmar a ação distalizadora do AEB. Parte dessa movimentação dos molares superiores para distal se deve à tração exercida pelo AEB e parte pelo crescimento da maxila na região dos molares, levando-os para distal. Quando houver extrusão dos molares supe- riores, parte se deve à componente extrusiva do AEB e parte devido ao crescimento alveolar e maxilar para baixo. Na maioria dos casos tratados com AEB, tan- to a maxila como a mandíbula giram no sentido horário, aumentando a altura anterior da face com sensível melhora do perfil facial, nos casos onde a extrusão dos molares era benéfica. Nos dolicofaciais severos, esta alteração é maléfica, principalmente a nível de mandíbula, cuja movimentação no sentido horário retrai o mento, aumenta a dimensão vertical inferior anterior, empobrecendo o perfil. A tração alta deverá ser eleita neste caso, minimizando ou impedindo a extrusão molar superior ou até mesmo intruindo-o, com reflexos positivos na mandíbula. os braquifaciais, a rotação mandibular é di- minuída devido à ação dos músculos elevadores e retratores da mandíbula, e quando isto não ocorrer, há melhora na posição mandibular. ANCORAGEM 419 Na Classe III incipiente (dentaduras decí- dua e mista) os pesquisadores divergem quanto à eficácia da mentoneira ou outros instrumen- tos de ação ortopédica visando redirecionar o crescimento mandibular. Na maior parte dos casos, porém, os resultados obtidos mostraram a eficiência da mesma. 11 - ANCORAGEM INTRABUCAL I - DEFINiÇÃO Ancoragem intrabucal é o meio pelo qual damos a um determinado dente ou a um grupo de dentes ou ao osso, a capacidade de resistir a movimentos indesejáveis durante a mecânica ortodôntica. 3 - MÉTODOS DE ANCORAGEM INTRABUCAL Muitos foram os métodos utilizados pelos pesquisadores no decorrer do século, com o intuito de ancorar os dentes posteriores, evi- tando as mesializações indesejáveis e perdas de espaço no tratamento ortodôntico. Os ortodontistas, ao final do tratamento, conseguiam um alinhamento dental aceitável, uma oclusão razoável, mas as inclinações dos longos eixos dos dentes anteriores constituíam- se em um fator negativo, que, além de preju- dicarem o perfil facial, eram as responsáveis pela instabilidade e conseqüente recidiva. Houve necessidade de se ancorar os dentes posteriores verticalizando-os no osso basal, ou mesmo distalizando-os, para que fosse possível nivelamento com corretas inclinações axiais e harmonia de perfil. Vários foram os métodos usados para a ancoragem intrabucal: 2 - CLASSIFICAÇÃO A) Ancoragem simples: quando o elemento dental não se movimentade corpo; apenas in- clina a sua coroa. B) Ancoragem Estacionária: os dentes de apoio não devem ser movimentados. C) Ancoragem recíproca: quando dois ou mais dentes, sob ação de uma força, se movi- mentam em direções opostas, isto é, um de encontro ao outro. É o que acontece nas retra- ções dentais (Fig. 19.19). D) Ancoragem passiva: é o estado inerte do próprio dente, que está ancorado ao osso alveolar pelos ligamentos periodontais. E) Ancoragem ativa: é a ancoragem propor- cionada pela mecânica ortodôntica, evitando o deslocamento de um ou mais dentes para mesial, quando os mesmos estão servindo de apoio para a movimentação de outros dentes. F) Ancoragem absoluta ou esquelética: é aquela proporcionada por dispositivos tempo- rários de fixação, representados por implantes ou mini-implantes instalados no osso durante a mecânica ortodôntica e removidos ao final desta. Fig. 19.19 - Retração dental evidenciando a ancoragenm recípoca. A - Preparo de ancoragem inferior de Tweed Tweed, discípulo de Angle e seu segui- dor, utilizando a técnica de "Edgewise", ao corrigir as más oclusões de Classe II com elás- ticos intermaxilares, verificou que os dentes inferiores mesializavam e inclinavam pela re- ciprocidade das forças exercidas pelo elástico de Classe lI. Em 1941 introduziu em sua técnica, que usava arcos retangulares, algumas dobras que chamou de segunda ordem. Eram degraus feitos no segmento posterior do arco que, ao . serem inseridos nos braquetes, provocavam inclinações do longo eixo dental para distal. Para uma efetividade maior, acrescentava elás- ticos intermaxilares de Classe III. Desta forma, os dentes posteriores ficavam ancorados e prontos para suportar os elásticos de Classe 11 (mecânica de Classe 11), sem que sofressem aquelas inclinações indesejáveis para mesial (Fig. 19.20). 420 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLÍNICO B - Preparo de ancoragem inferior de Hol- daway Utilizando os princípios de Tweed, Hol- daway em 1952, ao invés dos degraus distais, angulou os braquetes colocados nos dentes inferiores posteriores em aproximadamente 3 a 5 graus. Desta maneira, já na fase de nive- lamento, os dentes posteriores inferiores são inclinados para distal (Fig. 19.21). c - Preparo de ancoragem inferior com a placa lábio ativa A placa lábio ativa (PLA) ou "bumper" uti- liza um escudo labial inferior para neutralizar o movimento para mesial dos molares infe- riores ou até para distalizá-los, quando acres- cemos à PLA um elástico de classe Il l. Além da ancoragem do molar, o arco inferior terá um ganho de espaço pela ação funcional da língua, que desinclina os incisivos levando-os para vestibular. (Freqüentemente estes dentes estavam anteriormente lingualizados devido à pressão do lábio inferior). O escudo acrílico do "bumper" se interpõe entre o lábio inferior e os incisivos inferiores, anulando a ação do lábio sobre os incisivos. Usa-se, desta maneira, a hipertonicidade desse músculo contra os molares inferiores (Fig. 19.22A e B). Fig. 19.20 - Preparo de ancoragem de Tweed. Fig. 19.21 - Preparo de ancoragem de Holdaway. 19.22A 19.24A ANCORAGEM 421 Fig. /9.22.A e B -«Bumper" corretamente posicionado. D - Arcos linguais Arco lingual de Nance: é um dispositivo mecânico muito útil no sentido de manter os molares inferiores ancorados em sua posição, enquanto se processam as modificações orto- dônticas anteriores. Arco palatino de Nance: no arco superior, utilizamos um arco de Nance com um botão de acn1ico que se apóia na região anterior do palato. Esse arco também é soldado na face palatina das bandas dos molares superiores (geralmente nos primeiros molares). Às vezes poderá ser usado nos premolares ou até nos molares decíduos. 19.22B Um fio de aço de 0,9 mm é soldado lingualmente às bandas dos molares infe- riores, contornando as faces linguais dos demais dentes deste arco na região cervical. Este fio poderá ser removível ou soldado It'..... " ~(Fig. 19.23):.. • _;S.-' r= fli. '::':'I ,t ~.' r· ~, ~~h ~ '0 é-o n, r:-, ;;N 0. "li'"TI 'J ~ S; ... Q--i~~ P r- <:1 Ot.'o c, l." ~- 5" ~_ Fig. /9.23 - Arco lingual de Nance. o botão de Nance é constituído por um fio de aço de 0,9 mm soldado à banda do molar su- perior e apoiado na curvatura anterior do palato, por um botão de acn1ico.A ancoragem do molar, portanto, é conseguida pelo apoio no palato (Fig. 19.24A e B). 19.24B Flg. 19.24.A e B - Arco palatino posicionado em paciente (A) e em modelo de gesso (B). Segundo Cetlin (1984), existe possibilidade de intrusão dos molares quando a barra trans- palatina tem seu "omega loop" voltado para mesial. Esta dobra sofre pressão do dorso da língua, resultando uma força intrusiva sobre os molares superiores (Fig. 19.25A a C). 422 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO E - Arco transpalatino: com o arco transpa- latino ou barra transpalatina os molares são impedidos de extruir, lingualizar ou mesializar, devido à união rígida entre os mesmos pelo fio de aço de 0.036" (0,9 mm) soldado ou adaptado às suas faces palatinas e contornando o palato, afastado do mesmo de 1,5 a 2 milímetros. 19.25A >.._., 't" •• [9.25C F - Mini-implantes: são dispositivosde ancoragem temporária (DAT), representados por parafusos de dimensões reduzidas, confeccionados com liga especial de titânio que, introduzidos no osso - parte na cortical, parte na esponjosa - oferecem estabilidade ao movimento dental. Por não se osseointegrarem, podem ser retirados facilmente após ter sido realizada a mecânica ortodôntica, Embora comercialmente encontremos diferentes tipos de mini-implantes, basicamente 19 Fig. /9.25A a C • Arcos transpalatinos. eles são constituídos por três segmentos: cabeça, perfil transmucoso e corpo (Fig. 19.26). A cabeça, com formatos variados e adaptável a diferentes necessidades clínicas, é a parte do dispositivo que permanece externa na cavidade bucal. O perfil transmucoso, formado pela porção lisa e polida do mini-implante, situa-se entre a cabeça e o corpo e contato diretamente a gen- giva inseri da. Fig. /9.26 - Mini-implante cônico, autoperfurante e seus diferentes componentes: I) cabeça, 2) perfil transmucoso e 3) corpo. ANCORAGEM 423 o corpo é o segmento cônico, estriado em hélice, que perfura o osso nele se implantado, pelo efeito combinado de pressão e rotação. Estas diferentes partes dos mini-implantes variam consideravelmente de acordo com as necessidades biomecânicas, espessura da gen- giva inserida, densidade óssea, espaço entre raízes dentais e topografia óssea (Fig. 19.27). Fig. /9.27 - Kit para instalação de mini-implante constituído por chave de mão,fresos,chave manual e chave para contra-ângulo. Após sua colocação, que obedece a um rígi- do protocolo cirúrgico, esses dispositivos de an- coragem esquelética podem receber carga ime- diata, sem comprometimento de sua solidez. Contudo, é de fundamental importância, para a estabilidade e preservação do mini-implante que, após sua instalação, a força sobre ele exer- cida inicie-se imediatamente ou no máximo durante as duas primeiras semanas, para que o estímulo biológico promova a formação óssea na interface de titânio z'osso. A força imediata aplicada deve ser contínua, variando entre 150 e 200 gramas, podendo ser aumentada gradualmente, até atingir valores próximos a 300 gramas. Embora a multiplicidade de aplicações clíni- cas dos mini-implantes seja bastante ampla, po- demos enumerar, dentre outras, a mesialização, distalização, verticalização e intrusão de dentes isolados ou grupos dentais, a correção da linha média, do plano oclusal, de mordidas cruzadas, o tracionamento de dentes inclusos, a correção do torque, e tantos outros procedimentos biomecânicos aplicáveis à ciência ortodôntica. A despeito da taxa de sucesso na implanta- çãode miniparafusos seja alta, existem riscos e complicações apontados por vários autores, como Park, Jang e Araújo. Entre essas complicações podemos citar: A) perda de estabilidade do mini-implante; B) lesão de raízes dentais; C) necrose óssea con- seqüente ao calor desenvolvido por brocas; D) fratura do dispositivo de fixação; E) deglutição de alguns de seus componentes; F) lesão causa- da por acessórios acoplados aos mini-implant- es; G) inflamação gengival decorrente da má higiene em torno da cabeça do mini-implante; H) enfisema sub-cutãneo por penetração de ar da seringa, na pele ou sub-mucosa; I) injúrias a estruturas anatômicas importantes. Enfim, para obtermos sucesso na utilização dos mini-implantes como elemento de ancora- gem absoluta em ortodontia, devemos levar em consideração, além da seleção cuidadosa do caso clínico e os procedimentos rigorosos de biossegurança, as condições locais e gerais do paciente bem como o tipo de material e sua forma geométrica adequada (Fig. 19.28). Flg. /9.28 - Mini-implante de cabeça triangular inserido entre o segundo pré-molar e o primeiro molar permanente superior. 424 ORTODONTIA • DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO CLíNICO G - Ancoragem cortical: o torque lingual posterior nas coroas dos molares superiores e inferiores coloca suas raízes para vestibular, em contato com o osso cortical, imobilizando e neutralizando a movimentação molar. Nessa região o osso é denso e compacto, sendo as trocas metabólicas pobres e a vascularização e irrigação sangüíneas diminuídas, não propi- ciando a movimentação dental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A-ANCORAGEMINTRABUCAL 1. Andrews, L. F. ó The Straight were appliance. British] Orthodont., 6:125-43, 1979. 2. Araújo, T.M., ascimento, M.H.A, Bezerra, F., Sobral, M.C. Ancoragem esquelética em ortodon- tia com mini-implantes. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, 11(6):126-156,2006. 3. Bae, S.M., Park, H.S., Kyung, H.M., Kwon, O.W., Sung, J.H. Clinical application of micro-implant anchorage.] Clin. 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