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Conquista 22 •.R.Clín.Ortodon.Dental.Press,.Maringá,.v..1,.n..2,.p..20-22.-.abr./maio.2002 ter a mesma garra que eles tiveram. Muitas vezes pensei em desistir, principalmente quando notava que havia cometido um erro significante e tinha que iniciar tudo de novo, quando da preparação dos casos. Tinha vontade de chorar de raiva. Mas minha esposa sempre me apoiava dizendo, “José, se fosse tão fácil, todos fariam”. O processo para diplomação pelo American Board é constituído de três etapas: I) Os candidatos devem fazer um curso de especiali- zação em Ortodontia em alguma escola reconhecida pela American Dental Association (ADA). Passando por esta fase o candidato passa a ser “Board Applicant”. II) Ao final do curso de Ortodontia, ou no máximo quatro meses antes de terminar, os candidatos fazem uma prova, com duração de um dia inteiro, sobre todos os assuntos estudados durante o curso de especialização. Se aprovado, o candidato passa a ser “Board Elegible”. III) O candidato tem então no máximo 10 anos para apresentar 10 casos tratados, de diferentes categorias determinadas pelo Board. Durante a fase III, o candidato é avaliado por meio de uma prova prática: diagnóstico e plano de tratamento de casos fornecidos pelo Board e apresentação dos seus próprios casos. A decisão de permanecer no Brasil foi por reconhecer que, apesar de todas as dificuldades que nossa profissão enfrenta, moramos no melhor país do mundo e não existiria dinheiro que me faria mudar daqui. Não descarto, porém, a hipótese de talvez num futuro distante vir a ensinar em alguma escola no exterior, talvez para poder dar às minhas filhas as mesmas oportunidades que minha esposa e eu tivemos. Apesar de diversos trabalhos científicos publicados, o senhor é um profissional eminentemente clínico, inclusive responsável por duas clínicas particulares. O Board é um caminho para profissionais como o senhor terem um reconhecimento extra? O senhor considera importante a atualização, mesmo para quem já está consagrado no mercado? O Board é sem dúvida, um reconhecimento clínico. Talvez a mais alta conquista que um ortodontista clínico possa obter. Entretanto, isto não quer dizer que o diploma- do seja melhor que os outros, mas sim, que o trabalho dele tem qualidade. Como tem qualidade o trabalho de muitos outros profissionais que ainda não fizeram o Board, mas que em pouco tempo, como nosso exemplo e de alguns outros, também poderão fazê-lo. Gosto de trabalhar com o público e gosto do contato direto paciente-profissional. Embora não esteja vinculado a nenhuma escola de Orto- dontia, não quer dizer que não podemos produzir artigos científicos. Todos os artigos que temos escritos ultima- mente estão relacionados a problemas que enfrentamos em nossa clínica. E se temos estas dúvidas, talvez alguém mais as tenham e assim dividirmos experiências. O aprendizado contínuo é fundamental para nos manter informado das novas tecnologias. Se não estamos presentes em congressos, deixamos de aprender coisas que algum colega está aprendendo. Perdemos terreno. Isto pode fazer falta no dia-a-dia. Programas como os da Dental Press, “Excelência em Ortodontia”, são muito importantes para profissionais que não têm oportunidade de sair do Brasil. Os professores estão entre os melhores do país e tem informações atualizadas que certamente são apresentadas neste curso. Com a titulação do Board garantida, o senhor ainda buscará novas formas de aprimoramento profissional? O que tem a dizer para aqueles que se encontram desen- cantados com a proliferação de cursos de Ortodontia e com o aumento da concorrência na profissão? Não existe espaço para a estagnação. O aprimoramento contínuo e a percepção de que podemos aprender algo novo nos dá a certeza de que continuaremos a ter desafios todos os dias. Existem centenas de projetos que pretendemos realizar. E podem ter certeza que ainda publicarei muitos artigos científicos. Penso que eles são a melhor fonte de aprendizado. Em relação aos colegas que estão desencan- tados com a profissão, saibam apenas que não deveriam estar. Faço minha as palavras de um professor da OSU: “Nós escolhemos a melhor profissão do mundo”. Existe uma luta constante em favor da nossa classe, encabeçada pela Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR), entidade criada com muita dificuldade e que teve como primeiro presidente o Dr. Eros Petrelli. Acre- dito ter sido difícil colocar todas as diferentes correntes numa mesma mesa e chegar a um consenso. A semente foi lançada. Dr. Kurt Faltin, atual presidente, juntamente com outras autoridades da nossa profissão, estão traba- lhando arduamente para que novas escolas de Ortodontia não sejam abertas. Mas nós ortodontistas também somos responsáveis pela proliferação de cursos de Ortodontia. Estamos ensinando mais e mais clínicos gerais a fazer o que nós especialistas pagamos para aprender. Acredito que ainda temos um longo caminho a percorrer, e que talvez devêssemos usar o exemplo da Associação Americana de Ortodontistas. A AAO recebe recursos financeiros dos próprios ortodontistas para defendê-los dentro da Asso- ciação Americana de Odontologia e dentro do congresso nacional americano. Esta luta não depende apenas dos presidentes de en- tidades constituintes da ABOR, mas sim de cada um de nós ortodontistas. Não podemos produzir bons sorrisos se nós mesmos não sorrimos para a profissão. Pergunte a um Expert Quais Seriam as Atuais Considerações Sobre a Performance da Prescrição Capelozza na Clínica Ortodôntica? pós mais de dois anos da introdução da minha prescrição para braquetes “Straight- Wire” é pertinente a pergunta e possível a resposta. A experiência de muitos anos e muitos casos tratados com a prescrição padrão de Andrews tinha permitido a identificação de seus excessos e suas deficiências, com certeza relaciona- dos a falta de individualização, ou da escolha dos acessórios de acordo com a estratégia mecânica e a pretensão de finalização. Reconhecendo estas limitações nós já fazíamos adaptações, alterando a posição do braquete para individualizar angulação e usando fio redondo para não ler torques indesejáveis. Deste modo, quando nós tivemos a chance de fazer um conjunto de braquetes, planejamos acessórios que continham estas informações evidenciadas e já testadas na prática clínica. A primeira dúvida era se o novo braquete seria bom na sua essência. A atenção da ABZIL-LANCER as nossas considerações e sua capacitação tecnoló- gica criaram um produto de altíssima qualidade e a resposta do mercado é a maior prova disto. As- sim, com relação aos braquetes padrão uma única mudança já esta sendo adotada, com aumento da espessura do braquete dos incisivos laterais supe- riores em 0,15 mm, para melhorar o “in-set” destes dentes que deixava a desejar na maioria dos casos. Esta deficiência, detectada em nossa prática e por nossos colegas pioneiros no uso da prescrição, já esta, portanto sanada. De qualquer forma estamos abertos a críticas e sugestões que possam corrigir ou melhorar o material. A segunda dúvida era a magnitude das altera- ções introduzidas para permitir a individualização. Como já disse, tínhamos a noção exata do que mu- dar, mas a grandeza dos valores a serem adotados era de certa forma especulativa. Em relação a este tópico, hoje temos uma visão mais exata. O sistema de braquetes para Classe III funciona muito bem. No arco inferior, no meu entender, não há objeções. No arco superior eu faria as recomendações que seguem. Só utilize o braquete de canino (angulação de 11º) quando não houver problemas com espaço para nivelamento e alinhamento dos dentes. Esta angulação é boa por criar espaço posterior que per- mite ao molar superior migrar mesialmente, mas com este movimento o canino passa a ocupar mais espaço e pode complicar o alinhamento dos incisivos superiores. Adote os braquetes recomendados para os incisivos centrais superiores quando estes dentes já estiveremcom forte inclinação vestibular ou quando isto for absolutamente necessário para permitir o tratamento compensatório do seu paciente. Em ou- tras palavras, repetindo o que a natureza sabiamente faz, sempre que possível concentre a compensação da má oclusão de Classe III do seu paciente no arco inferior. Isto não traz limitação estética, ao contrário da compensação criada com a superinclinação ves- tibular dos incisivos superiores, que eleva a porção anterior do plano oclusal podendo prejudicar a leitura do sorriso do paciente. Estas limitações são inerentes a manipulação que se pretende introduzir e não podem ser evitadas. O sistema de braquetes padrão II também mos- Leopoldino Capelozza Filho responde A R.Clín.Ortodon.Dental.Press,.Maringá,.v..1,.n..2,.p..23-24.-.abr./maio.2002.•.23 24 •.R.Clín.Ortodon.Dental.Press,.Maringá,.v..1,.n..2,.p..23-24.-.abr./maio.2002 Quais Seriam as Atuais Considerações Sobre a Performance da Prescrição Capelozza na Clínica Ortodôntica? tra uma limitação inerente a compensação adotada. Quando a inclinação dos braquetes dos incisivos inferiores é alterada de -1º para + 4º, sem que se altere a inclinação dos caninos, cria-se uma diferença de passagem de canino para incisivo inferior de 15º ao invés da original de 10º. Estes 5º de diferença, expressos através da vestibularização dos incisivos criam um desalinhamento entre eles e os caninos, que ao meu ver não é problema, porque é suportável estéticamente e preserva a inserção radicular dos caninos enquanto mantemos ou introduzimos a compensação típica da má oclusão de Classe II nos incisivos inferiores. A consideração final diz respeito a relação entre o fio retangular e a canaleta dos braquetes. Pouco se tem escrito sobre isto apesar do longo tempo de existência do “Straight-Wire” e da importância que se atribui a esta relação. Faz parte dos nossos obje- tivos de pesquisa estudar estas relações e já temos um artigo sobre este assunto que será publicado em um dos próximos volumes desta prestigiosa revista. Com a brevidade que o escopo deste tópico exige, gostaria apenas de confirmar que no estágio atual de possibilidades de individualização dos braquetes, o fio 019”x 025” é o ideal para ser utilizado em cana- leta 022”x 028”. Enquanto aprendemos mais para ter a perspectiva correta para a individualização, que com certeza um dia será absoluta, melhor usar um fio que tem limitações para expressar o conteúdo absoluto da prescrição contida no braquete. Você.tem.uma.pergunta.que.gostaria.de.ver.publicada.nesta.coluna?. Envie.para:.Dental.Press.International Av..Euclides.da.Cunha,.1718.Zona.05.-.Maringá.-.PR CEP.87015-180.-.Fone:.(44).262-2425 e-mail:.revclinica@dentalpress.com.br Prof. Dr. Leopoldino Capelozza Filho Professor.Doutor.da.Faculdade.de.Odontologia.de.Bauru.da. Universidade.de.São.Paulo.(FOB-USP).e.responsável.pelo.setor.de. Ortodontia.do.Hospital.de.Reabilitação.de.Anomalias.Craniofaciais.da. Universidade.de.São.Paulo.(HRAC-USP),.Bauru-SP Acontecimentos Lançamento da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press Lançada no último dia 5 de abril, a Revista Clínica de Ortodontia chegou, gratuitamente, às mãos de 33.000 profissionais. Patrocinada pela empresa Align Technology, produtora do Invisalign, sistema de alinhadores dentários. Os editores da Revista Clínica de Ortodontia e os diretores da Dental Press, Laurindo e Teresa Furquim recepcionaram convidados da odontologia paranaense, representantes do Executivo local e professores de várias instituições brasileiras. O evento também foi marcado pela entrega de certifica- dos aos participantes da 3ª Turma do Programa Excelência na Ortodontia. Da.esquerda.para.a.direita:.Danilo.Furquim.Siqueira,.Laurindo.Furquim,.Marinho.Del. Santo.Jr,.Bento.Bravo.e.Adriano.Lia.Mondelli. Os.editores.Danilo.Furquim.e.Adriano.Lia.Mondelli. juntos.com.o.diretor.da.Dental. Press.Laurindo.Furquim. Deputado.Federal.Ricardo.Barros,.sua.esposa.Cida.Borghetti.e.o.casal.Furquim. Teresa.Furquim,.Ana.Maria.da.Silva. (MG),. Jussara.Araújo. (DF),.Louise.Reis. (MG).e. Flávia.Scattolin.(organização). Participantes.do.Programa.Excelência.na.Ortodontia. 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