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Rev Clin Ortodon Dental Press, Maringa, v 1, n 2, p 23-24, abr-maio, 2002

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Conquista
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ter a mesma garra que eles tiveram. Muitas vezes pensei 
em desistir, principalmente quando notava que havia 
cometido um erro significante e tinha que iniciar tudo 
de novo, quando da preparação dos casos. Tinha vontade 
de chorar de raiva. Mas minha esposa sempre me apoiava 
dizendo, “José, se fosse tão fácil, todos fariam”. 
O processo para diplomação pelo American Board é 
constituído de três etapas:
I) Os candidatos devem fazer um curso de especiali-
zação em Ortodontia em alguma escola reconhecida pela 
American Dental Association (ADA). Passando por esta 
fase o candidato passa a ser “Board Applicant”. 
II) Ao final do curso de Ortodontia, ou no máximo 
quatro meses antes de terminar, os candidatos fazem uma 
prova, com duração de um dia inteiro, sobre todos os 
assuntos estudados durante o curso de especialização. Se 
aprovado, o candidato passa a ser “Board Elegible”.
III) O candidato tem então no máximo 10 anos para 
apresentar 10 casos tratados, de diferentes categorias 
determinadas pelo Board. Durante a fase III, o candidato 
é avaliado por meio de uma prova prática: diagnóstico 
e plano de tratamento de casos fornecidos pelo Board e 
apresentação dos seus próprios casos. 
A decisão de permanecer no Brasil foi por reconhecer que, 
apesar de todas as dificuldades que nossa profissão enfrenta, 
moramos no melhor país do mundo e não existiria dinheiro 
que me faria mudar daqui. Não descarto, porém, a hipótese 
de talvez num futuro distante vir a ensinar em alguma escola 
no exterior, talvez para poder dar às minhas filhas as mesmas 
oportunidades que minha esposa e eu tivemos.
Apesar de diversos trabalhos científicos publicados, 
o senhor é um profissional eminentemente clínico, 
inclusive responsável por duas clínicas particulares. O 
Board é um caminho para profissionais como o senhor 
terem um reconhecimento extra? O senhor considera 
importante a atualização, mesmo para quem já está 
consagrado no mercado?
O Board é sem dúvida, um reconhecimento clínico. 
Talvez a mais alta conquista que um ortodontista clínico 
possa obter. Entretanto, isto não quer dizer que o diploma-
do seja melhor que os outros, mas sim, que o trabalho dele 
tem qualidade. Como tem qualidade o trabalho de muitos 
outros profissionais que ainda não fizeram o Board, mas 
que em pouco tempo, como nosso exemplo e de alguns 
outros, também poderão fazê-lo. Gosto de trabalhar com 
o público e gosto do contato direto paciente-profissional. 
Embora não esteja vinculado a nenhuma escola de Orto-
dontia, não quer dizer que não podemos produzir artigos 
científicos. Todos os artigos que temos escritos ultima-
mente estão relacionados a problemas que enfrentamos 
em nossa clínica. E se temos estas dúvidas, talvez alguém 
mais as tenham e assim dividirmos experiências.
O aprendizado contínuo é fundamental para nos 
manter informado das novas tecnologias. Se não estamos 
presentes em congressos, deixamos de aprender coisas 
que algum colega está aprendendo. Perdemos terreno. 
Isto pode fazer falta no dia-a-dia. Programas como os 
da Dental Press, “Excelência em Ortodontia”, são muito 
importantes para profissionais que não têm oportunidade 
de sair do Brasil. Os professores estão entre os melhores 
do país e tem informações atualizadas que certamente são 
apresentadas neste curso.
Com a titulação do Board garantida, o senhor ainda 
buscará novas formas de aprimoramento profissional? 
O que tem a dizer para aqueles que se encontram desen-
cantados com a proliferação de cursos de Ortodontia e 
com o aumento da concorrência na profissão? 
Não existe espaço para a estagnação. O aprimoramento 
contínuo e a percepção de que podemos aprender algo novo 
nos dá a certeza de que continuaremos a ter desafios todos 
os dias. Existem centenas de projetos que pretendemos 
realizar. E podem ter certeza que ainda publicarei muitos 
artigos científicos. Penso que eles são a melhor fonte de 
aprendizado. Em relação aos colegas que estão desencan-
tados com a profissão, saibam apenas que não deveriam 
estar. Faço minha as palavras de um professor da OSU: 
“Nós escolhemos a melhor profissão do mundo”. 
Existe uma luta constante em favor da nossa classe, 
encabeçada pela Associação Brasileira de Ortodontia 
(ABOR), entidade criada com muita dificuldade e que 
teve como primeiro presidente o Dr. Eros Petrelli. Acre-
dito ter sido difícil colocar todas as diferentes correntes 
numa mesma mesa e chegar a um consenso. A semente 
foi lançada. Dr. Kurt Faltin, atual presidente, juntamente 
com outras autoridades da nossa profissão, estão traba-
lhando arduamente para que novas escolas de Ortodontia 
não sejam abertas. Mas nós ortodontistas também somos 
responsáveis pela proliferação de cursos de Ortodontia. 
Estamos ensinando mais e mais clínicos gerais a fazer o 
que nós especialistas pagamos para aprender. Acredito que 
ainda temos um longo caminho a percorrer, e que talvez 
devêssemos usar o exemplo da Associação Americana de 
Ortodontistas. A AAO recebe recursos financeiros dos 
próprios ortodontistas para defendê-los dentro da Asso-
ciação Americana de Odontologia e dentro do congresso 
nacional americano.
Esta luta não depende apenas dos presidentes de en-
tidades constituintes da ABOR, mas sim de cada um de 
nós ortodontistas. Não podemos produzir bons sorrisos 
se nós mesmos não sorrimos para a profissão.
Pergunte a um Expert
Quais Seriam as Atuais Considerações 
Sobre a Performance da Prescrição 
Capelozza na Clínica Ortodôntica?
pós mais de dois anos da introdução da 
minha prescrição para braquetes “Straight-
Wire” é pertinente a pergunta e possível a 
resposta. A experiência de muitos anos e 
muitos casos tratados com a prescrição padrão de 
Andrews tinha permitido a identificação de seus 
excessos e suas deficiências, com certeza relaciona-
dos a falta de individualização, ou da escolha dos 
acessórios de acordo com a estratégia mecânica 
e a pretensão de finalização. Reconhecendo estas 
limitações nós já fazíamos adaptações, alterando a 
posição do braquete para individualizar angulação e 
usando fio redondo para não ler torques indesejáveis. 
Deste modo, quando nós tivemos a chance de fazer 
um conjunto de braquetes, planejamos acessórios 
que continham estas informações evidenciadas e já 
testadas na prática clínica.
A primeira dúvida era se o novo braquete seria 
bom na sua essência. A atenção da ABZIL-LANCER 
as nossas considerações e sua capacitação tecnoló-
gica criaram um produto de altíssima qualidade e 
a resposta do mercado é a maior prova disto. As-
sim, com relação aos braquetes padrão uma única 
mudança já esta sendo adotada, com aumento da 
espessura do braquete dos incisivos laterais supe-
riores em 0,15 mm, para melhorar o “in-set” destes 
dentes que deixava a desejar na maioria dos casos. 
Esta deficiência, detectada em nossa prática e por 
nossos colegas pioneiros no uso da prescrição, já 
esta, portanto sanada. De qualquer forma estamos 
abertos a críticas e sugestões que possam corrigir ou 
melhorar o material.
A segunda dúvida era a magnitude das altera-
ções introduzidas para permitir a individualização. 
Como já disse, tínhamos a noção exata do que mu-
dar, mas a grandeza dos valores a serem adotados 
era de certa forma especulativa. Em relação a este 
tópico, hoje temos uma visão mais exata. O sistema 
de braquetes para Classe III funciona muito bem. 
No arco inferior, no meu entender, não há objeções. 
No arco superior eu faria as recomendações que 
seguem. Só utilize o braquete de canino (angulação 
de 11º) quando não houver problemas com espaço 
para nivelamento e alinhamento dos dentes. Esta 
angulação é boa por criar espaço posterior que per-
mite ao molar superior migrar mesialmente, mas 
com este movimento o canino passa a ocupar mais 
espaço e pode complicar o alinhamento dos incisivos 
superiores. Adote os braquetes recomendados para os 
incisivos centrais superiores quando estes dentes já 
estiveremcom forte inclinação vestibular ou quando 
isto for absolutamente necessário para permitir o 
tratamento compensatório do seu paciente. Em ou-
tras palavras, repetindo o que a natureza sabiamente 
faz, sempre que possível concentre a compensação 
da má oclusão de Classe III do seu paciente no arco 
inferior. Isto não traz limitação estética, ao contrário 
da compensação criada com a superinclinação ves-
tibular dos incisivos superiores, que eleva a porção 
anterior do plano oclusal podendo prejudicar a 
leitura do sorriso do paciente. Estas limitações são 
inerentes a manipulação que se pretende introduzir 
e não podem ser evitadas.
O sistema de braquetes padrão II também mos-
Leopoldino Capelozza Filho responde
A
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Quais Seriam as Atuais Considerações Sobre a Performance da Prescrição Capelozza na Clínica Ortodôntica?
tra uma limitação inerente a compensação adotada. 
Quando a inclinação dos braquetes dos incisivos 
inferiores é alterada de -1º para + 4º, sem que se 
altere a inclinação dos caninos, cria-se uma diferença 
de passagem de canino para incisivo inferior de 15º 
ao invés da original de 10º. Estes 5º de diferença, 
expressos através da vestibularização dos incisivos 
criam um desalinhamento entre eles e os caninos, 
que ao meu ver não é problema, porque é suportável 
estéticamente e preserva a inserção radicular dos 
caninos enquanto mantemos ou introduzimos a 
compensação típica da má oclusão de Classe II nos 
incisivos inferiores. 
A consideração final diz respeito a relação entre 
o fio retangular e a canaleta dos braquetes. Pouco 
se tem escrito sobre isto apesar do longo tempo de 
existência do “Straight-Wire” e da importância que 
se atribui a esta relação. Faz parte dos nossos obje-
tivos de pesquisa estudar estas relações e já temos 
um artigo sobre este assunto que será publicado em 
um dos próximos volumes desta prestigiosa revista. 
Com a brevidade que o escopo deste tópico exige, 
gostaria apenas de confirmar que no estágio atual de 
possibilidades de individualização dos braquetes, o 
fio 019”x 025” é o ideal para ser utilizado em cana-
leta 022”x 028”. Enquanto aprendemos mais para 
ter a perspectiva correta para a individualização, que 
com certeza um dia será absoluta, melhor usar um 
fio que tem limitações para expressar o conteúdo 
absoluto da prescrição contida no braquete. 
Você.tem.uma.pergunta.que.gostaria.de.ver.publicada.nesta.coluna?.
Envie.para:.Dental.Press.International
Av..Euclides.da.Cunha,.1718.Zona.05.-.Maringá.-.PR
CEP.87015-180.-.Fone:.(44).262-2425
e-mail:.revclinica@dentalpress.com.br
Prof. Dr. Leopoldino Capelozza Filho
Professor.Doutor.da.Faculdade.de.Odontologia.de.Bauru.da.
Universidade.de.São.Paulo.(FOB-USP).e.responsável.pelo.setor.de.
Ortodontia.do.Hospital.de.Reabilitação.de.Anomalias.Craniofaciais.da.
Universidade.de.São.Paulo.(HRAC-USP),.Bauru-SP
Acontecimentos
Lançamento da Revista Clínica de 
Ortodontia Dental Press
Lançada no último dia 5 de abril, a Revista Clínica 
de Ortodontia chegou, gratuitamente, às mãos de 33.000 
profissionais. Patrocinada pela empresa Align Technology, 
produtora do Invisalign, sistema de alinhadores dentários. 
Os editores da Revista Clínica de Ortodontia e os 
diretores da Dental Press, Laurindo e Teresa Furquim 
recepcionaram convidados da odontologia paranaense, 
representantes do Executivo local e professores de várias 
instituições brasileiras.
O evento também foi marcado pela entrega de certifica-
dos aos participantes da 3ª Turma do Programa Excelência 
na Ortodontia.
Da.esquerda.para.a.direita:.Danilo.Furquim.Siqueira,.Laurindo.Furquim,.Marinho.Del.
Santo.Jr,.Bento.Bravo.e.Adriano.Lia.Mondelli.
Os.editores.Danilo.Furquim.e.Adriano.Lia.Mondelli. juntos.com.o.diretor.da.Dental.
Press.Laurindo.Furquim.
Deputado.Federal.Ricardo.Barros,.sua.esposa.Cida.Borghetti.e.o.casal.Furquim.
Teresa.Furquim,.Ana.Maria.da.Silva. (MG),. Jussara.Araújo. (DF),.Louise.Reis. (MG).e.
Flávia.Scattolin.(organização).
Participantes.do.Programa.Excelência.na.Ortodontia.
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