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3-Políticas Públicas Nacionais Para Educação Infantil

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CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA 
DE ENSINO DE CRECHES E EDUCAÇÃO 
INFANTIL
POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS PARA 
EDUCAÇÃO INFANTIL
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Olá!
Ao fim desta aula, você será capaz de:
1- conhecer a história do surgimento das primeiras creches no Brasil e as formas como foram dados os primeiros
passos da educação infantil em nosso pais;
2- estudar algumas leis que mudaram gradativamente a forma como a educação infantil foi e é construída em
nosso país;
3- analisar criticamente a situação atual da educação infantil no Brasil.
Aqui você conhecerá de forma resumida a história das políticas públicas voltadas à infância brasileira, desde o
surgimento das primeiras creches até o parecer de 2009, que obriga toda criança a partir de quatro anos a
frequentar espaços de educação infantil.
Apesar de ainda ser necessário estar fortemente implicado na luta sobre o direito da criança brasileira, é preciso
reconhecer que nas últimas décadas do século XX houve um grande avanço na garantia dos direitos da criança.
Vale ressaltar, que as conquistas nessa área são reflexos em sua maioria da organização de setores da sociedade
civil que lutaram pela garantia das crianças no Brasil para que fossem vistas como cidadãs de direitos.
Vamos conhecer um pouco sobre como as creches foram sendo instaladas em nosso país.
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1 O surgimento das creches no Brasil
As primeiras creches no Brasil surgiram em 1870. Eram designadas às mulheres que precisavam trabalhar para
ajudar no sustento da família.
Assim, como as creches surgiram como um depósito normatizador do comportamento das crianças pobres,
liberando a mão de obra feminina, como afirma .Pardal
Pardal (2005 - p. 64) ressalta que:
para as crianças bem nascidas valia a regra de ouro: serem amamentadas e cuidadas por sua própria
mãe, a quem a sociedade fechava as possibilidades de estudo e trabalho. A imprescindibilidade da
função materna era um dos argumentos usados para justificar o afastamento feminino do mundo do
trabalho. A questão do conflito, portanto, fruto da possibilidade de opção, inexistia. As regras
estavam socialmente bem definidas: às mulheres das classes abastadas, destinava-se a maternidade;
às pobres, o trabalho.
É possível imaginar a dor e a culpa que estavam associadas às que precisavam trabalhar e semães pobres
afastar de seus filhos.
Vale ressaltar, que entre o Brasil Colônia e o Brasil República houve uma mudança na forma como a maternidade
era concebida e a maneira como as crianças eram tratadas como mostra Pardal em (2005 – p. 69-70):
No Brasil Colônia, a criança e a maternidade tinham pouca importância. A mulher branca entregava
sem maiores conflitos, seus filhos às amas. A escrava incorporava o filho ao trabalho cotidiano ou
colocava-o na Roda, por opção ou coação.
Em qualquer desses casos, a mortalidade infantil, apesar de numerosa, não era vivida pelas mães
com muito sofrimento. Tampouco a função materna possuía destaque especial. A partir da
independência, mas, sobretudo, no Segundo Império, essa situação começa a modificar-se.
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Além desse aspecto, havia o estigma associado às crianças que frequentavam como creches, que eram vistas
como coitadas e dependentes da assistência de pessoas caridosas, uma vez que a manutenção desses espaços
não era ainda responsabilidade exclusiva do Estado.
Você já fala no Código de 1927?
O código de 1927, primeiro conjunto de leis voltado especificamente para crianças, na verdade foi o marco da
infância brasileira desigual, em que o foco verdadeiro era defensor de uma sociedade do “menor infrator” ou da
“criança abandonada”.
Esse código refletiu um período especificado marcado por instituições como a Funabem, que durante muito
tempo representou o confinamento e a violência como marca do tratamento destinado à infância brasileira.
É no contexto social e político da emergência do projeto industrial brasileiro, nos anos 1930, que a
criança se torna um campo de intervenção social, a partir da articulação de um conjunto de práticas
que tanto ofereciam assistência social quando propunham medidas de controle jurídico sobre a
infância dos mais pobres. Este conjunto de práticas foi ordenado no código de menores de 1927,
quando a criança pobre começa a ser identificada como menor.
Esse período foi marcado pelo autoritarismo de uma política centralizadora caracterizada pela exclusão total ou
parcial e a inexistência da cidadania infantil.
Na conjuntura política autoritária dos anos 1960, a questão do “menor” ficou identificada como
sendo uma questão de segurança nacional e passa a ser tratada, diretamente, a partir da forte
presença do Estado no enfrentamento das questões sociais. Numa tendência centralizadora, o
atendimento à infância passou a ser articulado em torno da política nacional de bem estar do menor,
executada pela Funabem (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor), que coordenava as Febem
(Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor), num novo arcabouço institucional.
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A partir dos a entrada da pesquisa e análise científica na área da infância, principalmente voltadas paraanos 70
o abandono e a pobreza das crianças, permite trazer novos significados à .infância brasileira
• A partir desseperíodo várias iniciativas surgem mudando o panorama da criança 
pobre noBrasil:
• 1976 – criação da Comissão Parlamentar de inquérito para um diagnóstico sobre a realidade do menor;
• 1978 – criação da Pastoral do Menor ampliando e modernizando a presença da igreja católica;
• 1979 – em São Paulo a criação do movimento em defesa do menor se concentra nas denuncias de maus
tratos praticados na Febem.
O atendimento oferecido principalmente às crianças pobres de nosso país começou a mudar a partir da década
de 70, que ofereceu as bases para uma reformulação política. São elas:
• Constituição federal de 1988;
• ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – 1990;
• Política Nacional de Educação Infantil – 1994;
• LDB - Lei de diretrizes e bases da educação nacional aprovada em 1996;
• Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil – 1998;
• As diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – 1998.
Vamos saber mais sobre as bases da reformulação política do atendimento oferecido às crianças pobres de nosso
país.
A constituição Federal de 1988
A CF de 1988 destaca que a educação é direito de todos e coloca a educação infantil como um dever do Estado.
Sendo assim, a ela passa pela primeira vez no Brasil a ser um direito da criança e uma opção da família.
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Essa Constituição representou um grande avanço na luta pelos direitos do cidadão brasileiro e,
consequentemente, na luta pelo direito da criança, possibilitando avanços posteriores que vieram em outras leis
(como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por exemplo).
Veja alguns artigos da Constituição Federal de 1988 a respeito desse assunto.
Art. 208 - O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: IV atendimento em creches e
pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade. Art. 227 - É dever da família, da sociedade, do Estado assegurar à
criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
O é um grande divisor de águas na luta pelo , pois, apesar daECA direito da criança e do jovem brasileiro
grande dificuldade que o conselheiro tutelar tem tido ao realizar o seu trabalho, o Estatuto representa um
grande avanço, já que propõe no lugar das tradicionais medidas de repressão.medidas protetoras 
Todas as instancias devem ser controladas pela , tanto quanto através do Conselho Municipal desociedade civil
Direitos da Criança e Adolescente quanto pelos Conselhos Tutelares.
O ECA nascenuma perspectiva de reordenamento do atendimento à criança e ao adolescente assentada em uma
ampla política de garantias de direitos, fundada numa articulação entre políticas setoriais da saúde, educação,
moradia e trabalho. Seus principais avanços estão no esforço da atividade da atividade jurídica, tanto em termos
da aplicação das medidas judiciais quanto em termos de controle sobre as instituições que hoje prestam
assistência e / ou atuam no âmbito da aplicação das medidas definidas aos que estão em conflito com um lei.
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Vamos registrar o título VII, do Estatuto que se dedica aos crimes e infrações administrativas e que diz respeito
mais especificamente aos educadores da infância de nosso país:
Submeter a criança sob sua autoridade a vexame ou constrangimentos (detenção de seis meses a
dois anos); submeter a criança à tortura (aqui são previstos os casos de lesão corporal leve, grave ou
gravíssima que podem levar à morte, com diferentes penalidades); deixar o educador ou o dirigente
de ensino pré-escolar de comunicar à autoridade competente os casos que tenha conhecimento de
suspeita ou confirmação de maus tratos (multa de 3 a 20 salários de referencia aplicando-se o dobro
nos casos de reincidência).
O ECA propõe que o confinamento e a punição sejam substituídos pela prestação de serviço à comunidade, sendo
para toda e qualquer criança e jovem, não só marcado pela pobreza de nosso país.
Em último caso, deve haver internação em instituição educacional, pois a liberdade assistida e a semiliberdade
são prioritárias.
É preciso que recursos sociais e políticas públicas disponíveis para que como podem cumprir tais
medidas, e nelas aparecem a inclusão em programas específicos ou oficiais de auxilio a família, à
criança e ao adolescente, entre os quais podemos destacar o atendimento em creches e pré-escolas.
Pela primeira vez na história do Brasil as proposições desse documento não foram oferecidas exclusivamente
por juristas e advogados, mas tiveram a participação importante de setores civis da sociedade. Pais e
profissionais especializados na área da educação e dos direitos humanos colaboraram e brigaram ativamente
pela efetivação do Estatuto.
Política Nacional de Educação Infantil
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Como resultado da Constituição Federal e da elaboração do ECA, o Ministério da Educação e Desporto (MEC)
propõem uma política Nacional de Educação Infantil, assumindo finalmente a importância de seu papel na
garantia dos direitos das crianças a uma educação de qualidade.
O MEC institui na primeira metade da década de 1990, uma (CNEI),Comissão Nacional de Educação Infantil
que participa da elaboração dessa política em todo o país.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Em 20 de dezembro de 1996 é aprovada a (9.394/96), a LDB,Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
apresentando que tratam da educação infantil. Apesar de não parecer muito, ainda assim é possíveltrês artigos
considerar o avanço que ela representa, principalmente por reafirmar que a educação para as crianças com
menos de 6 anos é a primeira etapa da educação básica.
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil
O não tem valor legal, constitui-se apenas de um conjunto de sugestões para os professores de creches eRCNEI 
pré-escolas. Este documento representou um retrocesso no processo que vinha se dando no Brasil de o governo
com a participação da sociedade civil, construir uma política de educação para as crianças pequenas.
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Conforme esclarece FILHO, em 1998, estranhamente sem articulação com os documentos que haviam sido
produzidos pelo COEDI/MEC, nos últimos cinco anos, o MEC publica o Referencial Nacional para a Educação
Infantil (RCNEI). Trata-se de três volumes que de certa forma, dão continuidade a uma política do governo
brasileiro – traçar parâmetros curriculares nacionais para os diferentes níveis de ensino no Brasil.
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil
Em 17 de dezembro de 1998, a conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE – Câmara de Educação
Básica), relata e aprova o parecer 022/98 sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
.
As referidas diretrizes constituem-se na doutrina sobre princípios, fundamentos e procedimentos da educação
básica, definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientará as
instituições de educação infantil dos Sistemas Brasileiros de Ensino, na organização, articulação,
desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas.
• Alguns pontos importantes contidosnesse documento:
• as políticas de educação infantil ainda não estão totalmente definidas;
• as crianças são consideradas sujeitos de direitos e alvo de preferência de políticas públicas;
• é indispensável que os educadores ao elaborarem suas propostas pedagógicas para a educação infantil,
se norteiem por este documento.
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Parecer CNE/CEB n20/2009 (homologado por despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação)
Em 11 de novembro de 2009, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aprova as novas
.Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil
Duas mudanças significativas surgem em função das medidas estabelecidas nas diretrizes curriculares. A
primeira é a ampliação do Ensino Fundamental com a integração do CA como primeiro ano, para nove anos e não
oito como anteriormente. A segunda medida diz respeito a da família em matricular a obrigatoriedade criança
de 4 anos na pré-escola.
O artigo a seguir muda o início da obrigatoriedade da criança nas creches, veja.
Art.5 - A educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se
caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais
públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada
integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a
controle social. § 2° É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até o
dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula.
Vale ressaltar que a atividade principal da infância é brincar e que a criança de 4 a 6 anos precisa de tempo e
liberdade para escolher fazer o que quiser, mesmo que seja não fazer nada. A infância não pode ser percebida
como treino para o futuro. E por esse motivo a criança precisa de uma proposta curricular que atenda a suas
características, potencialidades e necessidades específicas.
Este breve histórico tentou apresentar uma realidade de conquistas e lutas de crianças oprimidas por uma
sociedade adultizada.
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As leis principais que favorecem às crianças e jovens brasileiros foram resultados da organização de setores
 que lutaram por um olhar mais humano e pela efetivação das leis.civis da sociedade
A informação e a mobilização parecem critérios fundamentais na construção de uma educação infantil de
.qualidade
É impossível conceber uma educação infantil de qualidade sem relacioná-la a fatores políticos, históricos,
econômicos e culturais. temos que nos considerar da construção desse processo.Todos representantes 
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	1 O surgimento das creches no Brasil
	A partir desseperíodo várias iniciativas surgem mudando o panorama da criança pobre noBrasil:
	Alguns pontos importantes contidosnesse documento:

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