Buscar

disjunção palatina

Prévia do material em texto

Faculdade Sete Lagoas - FACSETE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marilu Domingos Moraes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISJUNÇÃO PALATINA EM PACIENTE JOVEM ADULTO COM 
APARELHO HYRAX: RELATO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sete Lagoas 
2011 
 
 
Marilu Domingos Moraes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISJUNÇÃO PALATINA EM PACIENTE JOVEM ADULTO COM 
APARELHO HYRAX: RELATO DE CASO 
 
 
 
Artigo Cientifico apresentado ao Programa de pós-
graduação em Odontologia da Faculdade Sete 
Lagoas - FACSETE, como requisito parcial a 
obtenção do título de especialista em Ortodontia. 
 
Orientadora: Prof.ª Drª Maria Eugênia Pincke 
Coutinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sete Lagoas 
2011 
 
 
 
 
Artigo Cientifico intitulado “Disjunção palatina em paciente jovem adulto com 
aparelho Hyrax: Relato de Caso” de autoria da aluna Marilu Domingos Moraes. 
 
 
Aprovada em ___/___/___ pela banca constituída dos seguintes professores: 
 
 
 ______________________________________________________ 
Prof. Dr. César B. Vieira 
 
_____________________________________________________ 
Prof.ª Drª Maria Eugênia Pincke Coutinho 
 
 
 
 
Sete Lagoas, 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade Sete Lagoas - FACSETE 
Rua Ítalo Pontelo 50 – 35.700-170 _ Sete Lagoas, MG 
Telefone (31) 3773 3268 - www.facsete.edu.br 
http://www.facsete.edu.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho, primeiramente, a Deus, pois tudo o que somos ou 
possamos vir a ser, depende, exclusivamente, da sua bondade divina. 
À minha mãe, sempre presente e, ao meu pai, pela paciência e 
perseverança em me guiar pelo caminho correto. 
Aos meus irmãos, pela amizade durante a nossa vida. 
4 
 
DISJUNÇÃO PALATINA EM PACIENTE JOVEM ADULTO COM APARELHO 
HYRAX: RELATO DE CASO 
Palatine disjunction in young adult patient with Hyrax appliance: Case Report 
 
Profº Dr. César B. Vieira1 
Prof.ª Drª Maria Eugênia Pincke Coutinho2 
Marilu Domingos Moraes3 
RESUMO 
 
Introdução: A disjunção palatina ou expansão rápida da maxila (ERM) é uma 
técnica ortopédica indicada em casos de insuficiência transversal maxilar grave, com 
o objetivo de obter a rápida separação de sutura palatina mediana. Em pacientes 
adultos, a sua aplicação é complicada em virtude da rigidez crescente das estruturas 
ósseas com o avanço da idade e pelo pouco espaço de crescimento devido à 
ossificação da sutura palatina mediana. Objetivo: Demonstrar a viabilidade do 
tratamento de atresias transversais em adultos, através de exame clínico, 
radiografias panorâmicas e telerradiografias, fotografias e modelo em gesso. O 
tratamento foi realizado com aparelho disjuntor ertod dentossuportado Hyrax 
(abertura da sutura palatina mediana) e, posteriormente, aparelhos fixos. 
Conclusão: O aparelho permaneceu por 5 meses como contenção e, apesar da 
perda de contato com a paciente pra verificação dos resultados posteriores, a 
disjunção da sutura palatina mediana foi considerado um sucesso. 
 
Descritores: Tratamento ortodôntico; Disjunção palatina mediana; Mordida Cruzada. 
 
ABSTRACT 
 
Introduction: Palatal disjunction or rapid maxillary expansion (RME) is an orthopedic 
technique indicated in cases of severe maxillary transverse insufficiency, aiming at 
the rapid separation of midpalatal suture. In adult patients, its application is 
complicated due to the increasing rigidity of bone structures with advancing age and 
 
1 Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. 
2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. 
3 Aluna do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. 
5 
 
the small growth space due to ossification of the midpalatal suture. Objective: To 
demonstrate the feasibility of the treatment of transverse atresias in adults through 
clinical examination, panoramic radiographs and teleradiographs, photographs and 
plaster cast. The treatment was performed with a hyrax tooth-supported ertod 
breaker appliance (midpalatal suture opening) and, subsequently, fixed appliances. 
Conclusion: The device remained for 5 months as a restraint and, despite the loss 
of contact with the patient to verify subsequent results, the disjunction of the 
midpalatal suture was considered a success. 
 
Keywords: Orthodontic treatment; Median palatal disjunction; Crossbite. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O reequilíbrio da oclusão normal é o objetivo da Ortodontia, a partir do 
momento em que o profissional determina o diagnóstico da má oclusão. Os fatores 
que definem este equilíbrio oclusal encontram-se descritos detalhadamente na 
literatura e, consistem na relação harmônica entre as bases apicais, maxila e 
mandíbula no sentido sagital, vertical e transversal, além do alinhar e nivelar dos 
dentes superiores e inferiores, mantendo os pontos de contato fechados. No 
entanto, a partir do conhecimento anatômico do sistema estomagnático, é possível 
estabelece-la aproximando-se ao máximo possível do padrão morfológico natural¹. 
A disjunção palatina é uma técnica terapêutica bastante difundida na 
Ortodontia que consiste no rompimento da sutura palatina mediana e na 
desorganização das demais suturas do complexo craniofacial, possibilitando o 
descruzamento da mordida posterior e aumentando perímetro do arco maxilar, entre 
outras alterações. Contudo, em alguns casos, nem sempre é possível conseguir o 
rompimento destas suturas². 
As mordidas cruzadas são classificadas como atresias oclusais, 
caracterizadas pela inversão da oclusão do dentes no sentido vestíbulo-lingual. 
Normalmente, são prevalentes na dentição decídua, mas, se diagnosticadas e 
tratadas, precocemente, o sucesso do tratamento apresenta elevado índice de 
sucesso, caso contrário, pode me levar a graves prejuízos ao processo normal de 
desenvolvimento facial e dos arcos dentários³. 
6 
 
A disjunção da sustentação palatina mediana pode ser obtida através da 
utilização de aparelhos fixos dentomucossuportados ou dentossuportados, aparelhos 
removíveis, disjuntores ou, ainda, cirurgicamente. É um procedimento ortopédico 
que visa adequar a maxila no sentido transversal através de recursos específicos4. 
O conceito da abertura da sutura palatina mediana foi descrito pela 
primeira vez por Angell em 1860. A expansão rápida da maxila (ERM) foi, por mais 
de quarenta anos, um método popular para eliminar a discrepância transversal entre 
os arcos dentários devido à constrição maxilar. O alargamento da maxila através da 
ERM promove a correção da mordida cruzada posterior, além do aumento do 
perímetro do arco em pacientes com discrepâncias no tamanho do dente e tamanho 
do arco. A abertura da sutura palatina mediana pode ser realizada em crianças e em 
adultos, mas a maturidade avançada e a rigidez óssea limitam a extensão e a 
estabilidade da disjunção, pode envolver fraturas das interdigitações ósseas5. 
A mordida cruzada posterior ocorre por meio do estreitamento da maxila 
em relação à mandíbula. Sua prevalência é da ordem de 8% 23% nas dentições 
decíduas e mistas, com menos de 16% de autocorreção. Mais de 90% das crianças 
com mordida cruzada posterior possuem oclusão unilateral e cêntrica. A maxila, 
geralmente, é simétrica, apresentando-se bilateral em relação à cêntrica. Na oclusão 
normal, a criança desloca a mandíbula para um lado, chamado deslocamento 
funcional, resultando em mordida cruzada posterior unilateral em oclusão cêntrica. 
As crianças com mordida cruzada posterior unilateral exibem oclusão assimétrica a 
posição condilar e, após o tratamento, a simetria é melhorada. Por comparação, os 
adultos com mordida cruzada posterior não tratada, apresentam assimetria 
esquelética, indicando que esta atresia não tratada na infância poderá levar ao 
desenvolvimento mandibular assimétrico na fase adulta6. 
A classificação específica da mordida cruzada posterior é a seguinte7: 
-Quanto ao plano transversal: 
• Unilateral -> quando envolve apenas um dos lados da arcada, podendo ser 
dividida em direita e esquerda. 
• Bilateral -> quando envolve o dois lados da arcada. 
- Quanto à orientação anatômica: 
• Mordida cruzada palatina -> quando a cúspide vestibular do dente superior 
ocluí no sulco central do dente inferior. 
7 
 
• Mordida cruzada lingual completa -> quando o dente superior se encontra 
totalmente por lingual do dente inferior. 
• Mordida cruzada vestibular -> quando a cúspide palatina do dente superior 
ocluí na face vestibular da cúspide vestibular do dente inferior. 
- Quanto ao envolvimento: 
• Dentária -> quando ocorre alteração na inclinação axial normal de um ou mais 
dentes durante o seu processo de erupção, levando a uma relação cruzada 
com seu antagonista, entretanto, sem anomalias do osso basal. 
• Funcional ou neuromuscular -> quando a mandíbula se desvia lateralmente, 
por meio de mecanismos funcionais, ocorrendo mordida cruzada por 
acomodação. 
• Óssea ou esquelética -> caracteriza-se por atresia do arco superior 
envolvendo dentes, alvéolos e bases ósseas. 
Os disjuntores são os aparelhos indicados para o descruzamento das 
mordidas cruzadas. Estes tipos de aparelho propiciam a disjunção da sutura palatina 
mediana, visando o ajuste da maxila no sentido transversal através de recursos 
específicos. O aparelho do tipo Hyrux é um exemplo de disjuntor dentossuportado, 
sem apoio acrílico, onde a estrutura metálica soldada a bandar dos dentes de 
ancoragem. É considerado um aparelho que causa menor irritação à mucosa do 
palato, com a vantagem da facilidade de sua higienização. É indicado no período de 
contenção e em casos cirúrgicos8. 
O mecanismo de ação do Hyrax envolve um parafuso de expansão 
transversal, aplicado na banda dos primeiros pré-molares e molares na dentição 
permanentes. O rápido procedimento envolve o ajuste do parafuso duas ou três 
vezes por dia, isto é, as duas metades da maxila são separadas de 0.22 mm a 0.44 
mm por dia. Esse procedimento supera o potencial compensatório dos tecidos 
periodontais e o osso cortical alveolar e induz à abertura da sutura palatina mediana. 
São raros na literatura casos clínicos de disjunção da sutura palatina em adultos, 
sem assistência cirúrgica, além da indefinição de qual a idade exata que este tipo de 
tratamento não surte os efeitos que deveria, causando apenas complicações e 
sequelas de ordem física e psicológica ao paciente. No entanto, o consenso que 
existe entre os autores é o de que quanto mais precoce o tratamento, melhores os 
prognósticos de sucesso9. 
8 
 
 
Figura 1 – Aparelho tipo Hyrax 
Fonte: Lemos9 
 
O conceito pessimista da disjunção palatal mediana em adultos é 
baseado, em parte, pelos estudos anatômicos de maturação da face que mostram a 
sutura do palato médio e as articulações adjacentes mais rígidas e começando a se 
fundir a partir da segunda década de vida. Com objetivo de superar a fusão e a 
resistência das suturas do adulto à expansão, a disjunção palatal com auxilio 
cirúrgico (ERMAC) passou a ser defendida11. 
Quando perguntado ao Prof. Haas12 até quando seria possível expandir a 
maxila, o mestre respondeu: “enquanto houver outra sutura”. Esta resposta 
evidencia a experiência do autor que apesar das inúmeras exceções, a ERM 
realizada após 20 anos, apresenta alta probabilidade de fracassos e falhas. 
Recomenda-se a disjunção da sutura palatina mediana em pacientes com 
maturação óssea avançada até 30 anos de idade, desde que apresentem boa saúde 
periodontal, com necessidade, ao máximo, de expansão moderada da maxila nível 
ósseo, e, que concordem a se submeter a um previsível desconforto próprio deste 
tipo de procedimento dentário ou assistência cirúrgica, com resultados clínicos 
satisfatórios. 
Cinco adultos com deficiência transversal do arco foram selecionados 
para ilustrar a praticabilidade da expansão não cirúrgica usando o dispositivo de 
Haas. A expansão transmolar de 3.9 mm a 7.5 mm, suficiente para corrigir as más 
oclusões, foi alcançada. A taxa da ativação do dispositivo foi limitada para evitar a 
dor, inchaço e ulceração. As medidas de angulação axial molar, da divergência facial 
e das alturas clínicas da coroa demonstraram pequena inclinação molar, divergência 
9 
 
mandibular estável e apenas o mínimo de recessão gengival. As radiografias 
revelaram leve reabsorção, observada na raiz do molar e dos pré-molares maxilares. 
O traçado do contorno do palato indicou que a maioria da correção da deficiência 
maxilar dos arcos ocorreu no nível das paredes laterais do palato (processo 
alveolar), sendo melhor que na base óssea da maxila. Foi relatado que esta técnica 
é definida como expansão rápida alveolar da maxila (ERAM), sendo recomendada 
como alternativa aceitável em substituição à ERM auxiliada por cirurgia em adultos, 
para a maioria de casos da deficiência maxilar dos arcos13. 
Foi apresentado estudo com o objetivo de avaliar os efeitos esqueletais 
da expansão rápida da maxila não cirúrgica (ERM) em estruturas craniofaciais com 
cintilografia4 do osso em jovens adultos do gênero feminino. O material consistiu nos 
registros cintilográficos em 17 jovens do gênero feminino tratadas com o ERM. 
Todas as pacientes apresentava no início do tratamento mordida cruzada posterior 
bilateral e atresia maxilar transversal, abóboda palatal profunda, e apinhamento 
dental. A escala de idades dos pacientes era 16.1 a 18.8, e a idade média era + 17.3 
0.86 anos. Os registros cintilográficos do osso foram obtidos antes da ERM (T1), 
durante a abertura da sutura palatina mediana (T2), e entre os períodos e após o fim 
do período de alargamento (T3). A análise da medida de variação repetida foi usada 
para avaliar as diferenças entre os períodos. Além disso, os testes múltiplos de 
comparação de Bonferroni foram aplicados às medidas em que os valores F foram 
encontradas em todas as regiões estudadas. A atividade metabólica em todas as 
regiões mostrou aumentos significativos até a separação da sutura palatina mediana 
(T1-T2), apesar de a atividade metabólica exibir uma diminuição notável (T2-T3) 
após a abertura da sutura médiopalatal. Concluiu-se que os registros cintilográficos 
revelaram um aumento nas regiões de interesse pontuadas durante a ERM em todas 
as regiões e em todas as fatias. Consequentemente, pode-se argumentar que a 
ERM apresentou não somente efeitos dentais, mas, também, efeitos esqueletais em 
pacientes jovens adultos14. 
Estudo retrospectivo foi realizado com o objetivo de acompanhar a 
evolução da mudança dentoesqueletal após a expansão da maxila em adultos. Para 
tanto, três tipos de expansores maxilares (Haas – Dyna Flex Laboratory St. Louis 
 
4 Procedimento diagnóstico que emprega injeção intravenosa de um radionuclídeo com afinidade pelo 
órgão ou tecido de interesse, seguido por determinação da distribuição da radioatividade por um 
detector de cintilação externo. 
10 
 
Mo.; MAX-2000 – Dyna Flex e DMAX-2000 – Dyna Flex) foram usados 
aleatoriamente em 3 grupos de 65 adultos tratados sem cirurgia com expansão lenta 
da maxila (ELM), seguida pela terapia de contenção com aparelho fixo de arame. 
Um grupo de controle com 22 adultos, reunindo o mesmo critério de inclusão, foi 
tratado somente com o aparelho fixo de arame, sem expansão. Registros 
cefalométricos pósteroanterior e lateral foram realizados após o início do tratamento 
(T1) e após o tratamento ortodôntico fixo (T2). Os dados foram analisados 
estatisticamente usando teste duplo T e Kruskal-Wallis. Os resultados dos grupos T1 
e T2 não foram significantes em relação às mudanças na largura nasal, largura 
maxilar e largura maxilar nos 3 grupos. O anglo do plano sela-nasal-mandibular 
cresceu 0,97º (P<0.05) e a raiz distal do primeiro molar-nasal perpendicular reduziu 
2,50 mm (P<0.05) no grupo que usou o MAX-2000. O espaço angular dosincisos 
mandibulares nos grupos Haas, MAX-2000, DMAX-2000 e o grupo de controle 
tiveram um aumento médio de 4.90º, 4.42º, 4.55º e 5.20º (P<0.05) por cada, 
respectivamente. O ponto A do ângulo do inciso maxilar cresceu 3.04º (P=0.05) e a 
raiz distal. Com estes resultados concluiu-se que, após o tratamento, não se 
observou qualquer mudança significativa transversal ou do esqueleto maxilar sagital 
e vertical evidente nos 3 grupos15. 
Um caso clínico de paciente, do gênero feminino, leucoderma, 17 anos de 
idade, com atresia maxilar mordida cruzada posterior unilateral verdadeira foi tratada 
com a técnica de disjunção palatina sem assistência cirúrgica. Foi utilizado como 
aparelho expansor o disjuntor de Haas modificado, com bandas, além dos primeiros 
molares e primeiros pré-molares, também nos segundos pré-molares, para se obter 
mais ancoragem. Após a instalação do disjuntor e ativação de ½ volta no primeiro 
dia, foi recomendado à paciente que realizasse duas ativações de ¼ de volta por dia, 
sendo uma no período matutino e outra no período noturno. Tal procedimento foi 
realizado até que as cúspides platinas dos dentes posteriores superiores ocluíssem 
com as cúspides vestibulares dos dentes posteriores inferiores, o que ocorreu após 
21 dias de ativação. No início do tratamento, a sutura palatina mediana encontrava-
se obliterada, porém a expansão maxilar rápida promoveu sua abertura, que teve 
completa calcificação após a fase de controle. A paciente foi monitorada 
semanalmente durante as 3 semanas do período de ativação e, mensamente 
durante a fase de controle. Após esse período, foi iniciado o tratamento ortodôntico 
corretivo. O ganho em expansão entre os primeiros molares foi de 6,5mm, 
11 
 
conferindo a maxila morfologia mais apropriada. Para estabilização do resultado 
obtido foram necessários 6 meses de controle. Não foi constatado nenhum efeito 
colateral, como dor ou edema. A oclusão da paciente apresentou-se estável, ou seja, 
não houve recidiva da mordida cruzada, também não foi constatado surgimento de 
mordida aberta ou recessão gengival. Os efeitos transversais dento-esqueléticos 
suscitados pela terapia da expansão maxilar rápida ficam evidentes nos traçados 
cefalométricos sobre as telerradiografias póstero – anteriores inicial, imediatamente 
após a estabilização do parafuso expansor e após remoção do disjuntos de Haas 
modificado, resultando no aumento da dimensão transversa da maxila. Além disso, 
com o tratamento da mordida cruzada posterior pela técnica da EMR conseguiu-se 
melhorar a harmonia facial da paciente10. 
 
2 CASO CLÍNICO 
 
A paciente G.M.A., gênero feminino, 21 anos de idade, leucoderma, 
apresentou-se ao consultório para avaliação ortodôntica. Após a análise clínica, foi 
solicitado à paciente: radiografias panorâmicas (Fig. 5), telerradiografias (Fig. 2), 
análises cefalométricas USP (Fig. 3) e Ricketts (Fig. 4), fotos extra e intrabucais 
(frente e perfil) e modelo de estudo, com o objetivo de oferecer melhor diagnóstico 
do caso. A documentação solicitada foi encaminhada à clínica de Pós-Graduação 
CIODONTO, Clínica Integrada Odontologia S/C LTDA. Através das análises 
radiográficas e cefalométricas e do modelo de estudo foram observadas as 
seguintes características da paciente: apresentava padrão facial I, tendência 
dólicofacial, olheiras, perfil convexo, vedamento labial passivo, boa proporção entre 
os terços da face, palato ogival (Fig. 6), apinhamento dentário superior e inferior (Fig. 
7), o dente treze (13) em lábio versão e o dente doze (12) em infra vestíbulo versão, 
dentes extraídos: dezesseis (16), vinte e cinco (25), vinte e seis (26), quarente e seis 
(46), trinta e seis (36), trinte e sete (37), tratamento ortodôntico dente vinte e um 
(21), mordida cruzada: esquelética, bilateral, na região de pré-molares superiores 
direito, esquerdo e anterior, desvio da linha média superior para direita e desvio da 
linha média inferior para esquerda, incisivo inferior central vestibularizado, ângulo 
interincisal de 120,81º (norma 130º ± 6º) e protrusão do inciso central superior. Após 
avaliação clínica e análises cefalométricas, o diagnóstico de classe I dentária 
12 
 
esquelética do lado direito relação canina, perfil convexo, com falta de espaço para o 
alinhamento dentário e corrigir a mordida cruzada. A paciente estava ciente que 
seria uma tentativa de tratamento. 
Deve-se ressaltar que a disjunção palatina mediana, neste caso 
especifico, seria uma tentativa, uma vez que esta técnica terapêutica não é 
recomendada a pacientes que não apresentam potencial de crescimento. 
Foi planejado para o caso o aparelho disjuntor dentossuportado do tipo 
Hyrax. As bandas ortodônticas foram adaptadas, nos primeiros pré-molares 
superiores lado direito e esquerdo (dentes quatorze (14) e vinte e quatro (24)) e 
primeiros molares (dentes dezessete (17) e vinte e sete (27)) e fixadas com cimento 
de ionômero de vidro. 
A paciente necessitou de um período de 24 horas para se adaptar ao 
aparelho. Após este período foi realizada a primeira ativação, com 1 volta completa 
do parafuso pela manhã. A chave ativadora não ficou sob responsabilidade da 
paciente e todas as ativações foram realizadas pela profissional responsável, 2 
vezes ao dia, sendo 2/4 de volta pela manhã e 2/4 de volta na parte da tarde. 
Passados 4 dias da inserção do aparelho e as primeiras ativações, a 
paciente não se queixou de dor, apenas desconforto nasal. No quinto dia pela 
manhã os espaços entre os incisivos centrais superiores já se encontravam abertos. 
O aparelho foi, novamente, ativado quando se escutou um estalo: a sutura palatina 
havia se rompido (Fig. 8). O parafuso do aparelho ficou imobilizado com o fio 
ortodôntico de aço 0.14. A seguir, foram tomadas as radiografias oclusal (Fig.11) e 
panorâmica (Fig. 10), além de fotografias intrabucais para controle (Fig.9). A 
contenção do aparelho em posição permaneceu durante 5 meses, com avaliações 
mensais. Durante este período a paciente recebeu orientações quanto à escovação 
e higienização do aparelho. Não houve qualquer reclamação por parte da paciente 
que colaborou de forma decisiva para o êxito do tratamento. A continuidade do 
tratamento foi seguida com a montagem do aparato ortodôntico fixo nos dentes 
superiores, como procedimento auxiliar na correção da linha média superior para o 
lado esquerdo. Após 2 meses, foi realizada a montagem do aparelho inferior. 
A profissional perdeu o contato com a paciente, e não pode mais 
acompanhar a evolução do tratamento, pelo fato da paciente ter se mudado de 
cidade. Apesar das adversidades relatadas, a terapêutica com disjunção palatina 
mediana em jovem adulto, neste caso, pode ser considerada um sucesso. 
13 
 
 
Figura 2 - Telerradiografia 
 
Figura 3 – Traçado Cefalométrico 
 
 
Figura 4 – Análise de Ricketts 
14 
 
 
Figura 5 – Radiografia Panorâmica 
 
 
Figura 6 – Palato Ogival 
 
Figura 7 – Oclusão 
 
Sequência de figuras a partir do tratamento com disfunção palatina. 
 
Figura 8 – Abertura da sutura maxilar 
 
Figura 9 – Palato e o aparelho Hirax, selado 
com o parafuso com fio de aço. 
15 
 
 
Figura 10 – Radiografia panorâmica após inserção do Aparelho. 
 
 
 
Figura 11 – Radiografia de abertura da sutura maxilar 
 
16 
 
3 DISCUSSÃO 
 
Apesar da disjunção palatina mediana não se tratar de uma terapêutica 
recente no tratamento das mordidas cruzadas e outras deficiências transversais, 
divulgada amplamente através da literatura concernente, ainda é um tema muito 
polêmico em relação à sua aplicação em adultos e indivíduos com maturação 
esquelética avançada2,5. 
Por este motivo, as publicações em relação ao tema, apresentando casos 
clínicos concretos, ainda são bastantes raras e as que existem se apresentam, 
muitas vezes, inconsistentes10. Sabe-se, por exemplo, que esta falta de estudos 
sobre o assunto, deve-se ao fatodo conceito restrito e cauteloso do tratamento por 
meio da disjunção palatina que se baseia em estudos anatômicos de maturação da 
face, que mostram a sutura palatina mediana, bem como, as suturas adjacentes, 
tornando-se mais rígidas e iniciando a sua fusão no início da fase adulta11. O que 
levou à opção de se realizar o tratamento através do auxílio cirúrgico. 
Capelozza e Silva12, são complacentes em relação à idade e aconselham 
o tratamento até, aproximadamente, aos 30 anos de idade, contudo, apenas nos 
casos de moderada expansão óssea, desde que o paciente se apresente com um 
periodonto saudável e se submeta aos prováveis desconfortos que acompanham o 
tratamento nesta fase. No entanto, apesar destas limitações é o tratamento de 
escolha em relação ao assistido cirurgicamente. 
Exames mais avançados, como a cintilografia óssea, estão sendo 
utilizados para definir com maior precisão os reais efeitos da disjunção palatina não 
cirúrgica em adultos14. E, os resultados tem demonstrado que de fato este 
procedimento causa consideráveis alterações, tanto de ordem dental, como 
esqueléticas nos pacientes. Entretanto, em estudos cefalométricos, tais alterações 
não parecem tão evidentes15. 
Casos clínicos de sucesso no tratamento das alterações transversais em 
adultos com a utilização da disjunção palatina não cirúrgica tem sido relatados10,13. 
No entanto, as controvérsias persistem. 
O caso clínico apresentado no presente trabalho, além dos relatados pela 
literatura, demonstram que, mesmo com a sutura palatina mediana fechada, é 
possível realizar sua abertura por procedimentos ortopédicos como o realizado com 
17 
 
o disjuntos dentossuportado Hyrax, que proporciona aumento considerável da 
dimensão transversal, permitindo o tratamento ortodôntico corretivo. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Apesar das controvérsias que circulam em torno da utilização da 
disjunção da sutura do palato mediano, como tratamento de escolha para a mordida 
cruzada posterior em adultos, o caso clínico apresentado demonstrou essa 
possibilidade. O fato de não ser possível continuar o acompanhamento da paciente 
após a instalação dos aparelhos fixos, não reduz o mérito do sucesso do tratamento. 
No entanto, é necessário que o profissional utilize com maior frequência este tipo de 
mecanismo ortodôntico, mas, para isso, é necessário avaliação detalhada do caso, 
anamnese cuidadosa, planejamento e prognóstico seguro. 
 
REFERÊNCIAS 
 
1. Capelozza Filho L., Silva Filho OG. Expansão rápida da maxila: considerações 
gerais e aplicação clínica. Parte I. Rev Dent Press Ortodon Ortoped Maxilar. 
1997;2(3):88-102. 
 
 
2. Albuquerque RR., Eto LF. Previsibilidade de sucesso na disjunção palatina 
avaliada pelo estado de maturação esquelética. Estudo piloto. Ver Dent Press 
Ortodon Ortoped Facial. 2006;11(2):74-83. 
 
 
3. Silva Filho OG, Capelozza Filho L, Formazari RF, Cavassan AO. Expansão rápida 
da maxila: um ensaio sobre a sua instabilidade. Ver Dent Press Ortodon Ortoped 
Facial. 2003;8(1):17-36. 
 
4. Scanavini MA, Reis SAB, Simões MM, Gonçalves RAR. Avaliação comparativa 
dos efeitos maxilares da expansão rápida da maxila com os aparelhos Haas e 
Hyrax. Ver Dent Press Ortodon Ortoped Facial. 2006; 11 (1):60-71. 
 
 
5. Gurel HG, Memili B, Erkan M, Sukurica Y, Long-term effects of rapid maxillary 
expansion followed by fixed appliances. Angle Orthodontist. 2010;80(1):5-9. 
 
 
6. Huynh T, Kennedy DB, Joondeph DR, Bollen AM. Treatment response and 
stability of slow maxillary expansion using Haas, Hyrax, and quad-helix 
18 
 
appliances: a retrospective study. Am J Orthod Dentof Orthop. 2009;136(3):331-
339. 
 
 
7. Mucha J N. Problemas transversais: sua resolução. In: Sakai E et al. (coords.). 
Nova visão em ortodontia: ortopedia funcional dos maxilares. São Paulo: Editora 
Santos; 2003. P.169-201. 
 
 
8. Lemos M. Recursos de descruzamento e expansão dentária. Disponível em: 
<http://ortoml.com/frameset.html> Acesso em Dezembro de 2010. 
 
 
9. Harzer W, Schneider M, Redrange T. Rapid maxillary expansion with palatal 
Anchorage of the Hyrax expansion screw – pilot study with case presentation. J 
Orofac Orthop. 2004;65:419-24. 
 
 
10. Ribeiro GLU, Vieira GL, Ritter D, Tanaka OM, Weissheimer A. Expansão rápida 
não cirúrgica em paciente adulto. Uma alternativa possível. Rev Dent Press 
Ortodon Ortoped Facial. 2006;5(2):70-77. 
 
 
11. Handelman CS, Wang n CS, Wang L, Begole EA, Haas L, Begole EA, Haas AJ. 
Nonsurgical rapid maxillary expansion in adults: report on 47 cases using the 
Haas rapid maxillary expansion in adults: report on 47 cases using the Haas 
expander. Angle Orthodontist. 2000;70(2):129-144. 
 
 
12. Capelozza Filho L, Silva Filho OG. Expansão rápida da maxila: considerações 
gerais e aplicação clínica. Parte II. Rev Dent Press Ortodon Ortoped Maxilar, 
1997;2(4):86-108. 
 
 
13. Handelman CS. Nonsurgical rapid maxillary alveolar expansion in adults: a clinical 
evaluation. Angle Orthodontist. 1997;67(4):291-308. 
 
14. Baydas B, Yavuz I, Huslu H, Dagsuyu IM, Ceylan I. Nonsurgical rapid maxillary 
expansion effects on craniofacial structures in young adult females: a bone 
scintigraphy study. Angle Orthod. 2006;76(5):759-767. 
 
 
15. Cao Y, Zhou Y, Song Y, Vanarsdall Jr RL. Cephalometric study of slow maxillary 
in adults. Am J Orthodon Dentofac Orthoped. 2009;136(3):348 -354.

Continue navegando