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Faculdade Sete Lagoas - FACSETE Marilu Domingos Moraes DISJUNÇÃO PALATINA EM PACIENTE JOVEM ADULTO COM APARELHO HYRAX: RELATO DE CASO Sete Lagoas 2011 Marilu Domingos Moraes DISJUNÇÃO PALATINA EM PACIENTE JOVEM ADULTO COM APARELHO HYRAX: RELATO DE CASO Artigo Cientifico apresentado ao Programa de pós- graduação em Odontologia da Faculdade Sete Lagoas - FACSETE, como requisito parcial a obtenção do título de especialista em Ortodontia. Orientadora: Prof.ª Drª Maria Eugênia Pincke Coutinho. Sete Lagoas 2011 Artigo Cientifico intitulado “Disjunção palatina em paciente jovem adulto com aparelho Hyrax: Relato de Caso” de autoria da aluna Marilu Domingos Moraes. Aprovada em ___/___/___ pela banca constituída dos seguintes professores: ______________________________________________________ Prof. Dr. César B. Vieira _____________________________________________________ Prof.ª Drª Maria Eugênia Pincke Coutinho Sete Lagoas, 2011. Faculdade Sete Lagoas - FACSETE Rua Ítalo Pontelo 50 – 35.700-170 _ Sete Lagoas, MG Telefone (31) 3773 3268 - www.facsete.edu.br http://www.facsete.edu.br/ Dedico este trabalho, primeiramente, a Deus, pois tudo o que somos ou possamos vir a ser, depende, exclusivamente, da sua bondade divina. À minha mãe, sempre presente e, ao meu pai, pela paciência e perseverança em me guiar pelo caminho correto. Aos meus irmãos, pela amizade durante a nossa vida. 4 DISJUNÇÃO PALATINA EM PACIENTE JOVEM ADULTO COM APARELHO HYRAX: RELATO DE CASO Palatine disjunction in young adult patient with Hyrax appliance: Case Report Profº Dr. César B. Vieira1 Prof.ª Drª Maria Eugênia Pincke Coutinho2 Marilu Domingos Moraes3 RESUMO Introdução: A disjunção palatina ou expansão rápida da maxila (ERM) é uma técnica ortopédica indicada em casos de insuficiência transversal maxilar grave, com o objetivo de obter a rápida separação de sutura palatina mediana. Em pacientes adultos, a sua aplicação é complicada em virtude da rigidez crescente das estruturas ósseas com o avanço da idade e pelo pouco espaço de crescimento devido à ossificação da sutura palatina mediana. Objetivo: Demonstrar a viabilidade do tratamento de atresias transversais em adultos, através de exame clínico, radiografias panorâmicas e telerradiografias, fotografias e modelo em gesso. O tratamento foi realizado com aparelho disjuntor ertod dentossuportado Hyrax (abertura da sutura palatina mediana) e, posteriormente, aparelhos fixos. Conclusão: O aparelho permaneceu por 5 meses como contenção e, apesar da perda de contato com a paciente pra verificação dos resultados posteriores, a disjunção da sutura palatina mediana foi considerado um sucesso. Descritores: Tratamento ortodôntico; Disjunção palatina mediana; Mordida Cruzada. ABSTRACT Introduction: Palatal disjunction or rapid maxillary expansion (RME) is an orthopedic technique indicated in cases of severe maxillary transverse insufficiency, aiming at the rapid separation of midpalatal suture. In adult patients, its application is complicated due to the increasing rigidity of bone structures with advancing age and 1 Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. 3 Aluna do Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. 5 the small growth space due to ossification of the midpalatal suture. Objective: To demonstrate the feasibility of the treatment of transverse atresias in adults through clinical examination, panoramic radiographs and teleradiographs, photographs and plaster cast. The treatment was performed with a hyrax tooth-supported ertod breaker appliance (midpalatal suture opening) and, subsequently, fixed appliances. Conclusion: The device remained for 5 months as a restraint and, despite the loss of contact with the patient to verify subsequent results, the disjunction of the midpalatal suture was considered a success. Keywords: Orthodontic treatment; Median palatal disjunction; Crossbite. 1 INTRODUÇÃO O reequilíbrio da oclusão normal é o objetivo da Ortodontia, a partir do momento em que o profissional determina o diagnóstico da má oclusão. Os fatores que definem este equilíbrio oclusal encontram-se descritos detalhadamente na literatura e, consistem na relação harmônica entre as bases apicais, maxila e mandíbula no sentido sagital, vertical e transversal, além do alinhar e nivelar dos dentes superiores e inferiores, mantendo os pontos de contato fechados. No entanto, a partir do conhecimento anatômico do sistema estomagnático, é possível estabelece-la aproximando-se ao máximo possível do padrão morfológico natural¹. A disjunção palatina é uma técnica terapêutica bastante difundida na Ortodontia que consiste no rompimento da sutura palatina mediana e na desorganização das demais suturas do complexo craniofacial, possibilitando o descruzamento da mordida posterior e aumentando perímetro do arco maxilar, entre outras alterações. Contudo, em alguns casos, nem sempre é possível conseguir o rompimento destas suturas². As mordidas cruzadas são classificadas como atresias oclusais, caracterizadas pela inversão da oclusão do dentes no sentido vestíbulo-lingual. Normalmente, são prevalentes na dentição decídua, mas, se diagnosticadas e tratadas, precocemente, o sucesso do tratamento apresenta elevado índice de sucesso, caso contrário, pode me levar a graves prejuízos ao processo normal de desenvolvimento facial e dos arcos dentários³. 6 A disjunção da sustentação palatina mediana pode ser obtida através da utilização de aparelhos fixos dentomucossuportados ou dentossuportados, aparelhos removíveis, disjuntores ou, ainda, cirurgicamente. É um procedimento ortopédico que visa adequar a maxila no sentido transversal através de recursos específicos4. O conceito da abertura da sutura palatina mediana foi descrito pela primeira vez por Angell em 1860. A expansão rápida da maxila (ERM) foi, por mais de quarenta anos, um método popular para eliminar a discrepância transversal entre os arcos dentários devido à constrição maxilar. O alargamento da maxila através da ERM promove a correção da mordida cruzada posterior, além do aumento do perímetro do arco em pacientes com discrepâncias no tamanho do dente e tamanho do arco. A abertura da sutura palatina mediana pode ser realizada em crianças e em adultos, mas a maturidade avançada e a rigidez óssea limitam a extensão e a estabilidade da disjunção, pode envolver fraturas das interdigitações ósseas5. A mordida cruzada posterior ocorre por meio do estreitamento da maxila em relação à mandíbula. Sua prevalência é da ordem de 8% 23% nas dentições decíduas e mistas, com menos de 16% de autocorreção. Mais de 90% das crianças com mordida cruzada posterior possuem oclusão unilateral e cêntrica. A maxila, geralmente, é simétrica, apresentando-se bilateral em relação à cêntrica. Na oclusão normal, a criança desloca a mandíbula para um lado, chamado deslocamento funcional, resultando em mordida cruzada posterior unilateral em oclusão cêntrica. As crianças com mordida cruzada posterior unilateral exibem oclusão assimétrica a posição condilar e, após o tratamento, a simetria é melhorada. Por comparação, os adultos com mordida cruzada posterior não tratada, apresentam assimetria esquelética, indicando que esta atresia não tratada na infância poderá levar ao desenvolvimento mandibular assimétrico na fase adulta6. A classificação específica da mordida cruzada posterior é a seguinte7: -Quanto ao plano transversal: • Unilateral -> quando envolve apenas um dos lados da arcada, podendo ser dividida em direita e esquerda. • Bilateral -> quando envolve o dois lados da arcada. - Quanto à orientação anatômica: • Mordida cruzada palatina -> quando a cúspide vestibular do dente superior ocluí no sulco central do dente inferior. 7 • Mordida cruzada lingual completa -> quando o dente superior se encontra totalmente por lingual do dente inferior. • Mordida cruzada vestibular -> quando a cúspide palatina do dente superior ocluí na face vestibular da cúspide vestibular do dente inferior. - Quanto ao envolvimento: • Dentária -> quando ocorre alteração na inclinação axial normal de um ou mais dentes durante o seu processo de erupção, levando a uma relação cruzada com seu antagonista, entretanto, sem anomalias do osso basal. • Funcional ou neuromuscular -> quando a mandíbula se desvia lateralmente, por meio de mecanismos funcionais, ocorrendo mordida cruzada por acomodação. • Óssea ou esquelética -> caracteriza-se por atresia do arco superior envolvendo dentes, alvéolos e bases ósseas. Os disjuntores são os aparelhos indicados para o descruzamento das mordidas cruzadas. Estes tipos de aparelho propiciam a disjunção da sutura palatina mediana, visando o ajuste da maxila no sentido transversal através de recursos específicos. O aparelho do tipo Hyrux é um exemplo de disjuntor dentossuportado, sem apoio acrílico, onde a estrutura metálica soldada a bandar dos dentes de ancoragem. É considerado um aparelho que causa menor irritação à mucosa do palato, com a vantagem da facilidade de sua higienização. É indicado no período de contenção e em casos cirúrgicos8. O mecanismo de ação do Hyrax envolve um parafuso de expansão transversal, aplicado na banda dos primeiros pré-molares e molares na dentição permanentes. O rápido procedimento envolve o ajuste do parafuso duas ou três vezes por dia, isto é, as duas metades da maxila são separadas de 0.22 mm a 0.44 mm por dia. Esse procedimento supera o potencial compensatório dos tecidos periodontais e o osso cortical alveolar e induz à abertura da sutura palatina mediana. São raros na literatura casos clínicos de disjunção da sutura palatina em adultos, sem assistência cirúrgica, além da indefinição de qual a idade exata que este tipo de tratamento não surte os efeitos que deveria, causando apenas complicações e sequelas de ordem física e psicológica ao paciente. No entanto, o consenso que existe entre os autores é o de que quanto mais precoce o tratamento, melhores os prognósticos de sucesso9. 8 Figura 1 – Aparelho tipo Hyrax Fonte: Lemos9 O conceito pessimista da disjunção palatal mediana em adultos é baseado, em parte, pelos estudos anatômicos de maturação da face que mostram a sutura do palato médio e as articulações adjacentes mais rígidas e começando a se fundir a partir da segunda década de vida. Com objetivo de superar a fusão e a resistência das suturas do adulto à expansão, a disjunção palatal com auxilio cirúrgico (ERMAC) passou a ser defendida11. Quando perguntado ao Prof. Haas12 até quando seria possível expandir a maxila, o mestre respondeu: “enquanto houver outra sutura”. Esta resposta evidencia a experiência do autor que apesar das inúmeras exceções, a ERM realizada após 20 anos, apresenta alta probabilidade de fracassos e falhas. Recomenda-se a disjunção da sutura palatina mediana em pacientes com maturação óssea avançada até 30 anos de idade, desde que apresentem boa saúde periodontal, com necessidade, ao máximo, de expansão moderada da maxila nível ósseo, e, que concordem a se submeter a um previsível desconforto próprio deste tipo de procedimento dentário ou assistência cirúrgica, com resultados clínicos satisfatórios. Cinco adultos com deficiência transversal do arco foram selecionados para ilustrar a praticabilidade da expansão não cirúrgica usando o dispositivo de Haas. A expansão transmolar de 3.9 mm a 7.5 mm, suficiente para corrigir as más oclusões, foi alcançada. A taxa da ativação do dispositivo foi limitada para evitar a dor, inchaço e ulceração. As medidas de angulação axial molar, da divergência facial e das alturas clínicas da coroa demonstraram pequena inclinação molar, divergência 9 mandibular estável e apenas o mínimo de recessão gengival. As radiografias revelaram leve reabsorção, observada na raiz do molar e dos pré-molares maxilares. O traçado do contorno do palato indicou que a maioria da correção da deficiência maxilar dos arcos ocorreu no nível das paredes laterais do palato (processo alveolar), sendo melhor que na base óssea da maxila. Foi relatado que esta técnica é definida como expansão rápida alveolar da maxila (ERAM), sendo recomendada como alternativa aceitável em substituição à ERM auxiliada por cirurgia em adultos, para a maioria de casos da deficiência maxilar dos arcos13. Foi apresentado estudo com o objetivo de avaliar os efeitos esqueletais da expansão rápida da maxila não cirúrgica (ERM) em estruturas craniofaciais com cintilografia4 do osso em jovens adultos do gênero feminino. O material consistiu nos registros cintilográficos em 17 jovens do gênero feminino tratadas com o ERM. Todas as pacientes apresentava no início do tratamento mordida cruzada posterior bilateral e atresia maxilar transversal, abóboda palatal profunda, e apinhamento dental. A escala de idades dos pacientes era 16.1 a 18.8, e a idade média era + 17.3 0.86 anos. Os registros cintilográficos do osso foram obtidos antes da ERM (T1), durante a abertura da sutura palatina mediana (T2), e entre os períodos e após o fim do período de alargamento (T3). A análise da medida de variação repetida foi usada para avaliar as diferenças entre os períodos. Além disso, os testes múltiplos de comparação de Bonferroni foram aplicados às medidas em que os valores F foram encontradas em todas as regiões estudadas. A atividade metabólica em todas as regiões mostrou aumentos significativos até a separação da sutura palatina mediana (T1-T2), apesar de a atividade metabólica exibir uma diminuição notável (T2-T3) após a abertura da sutura médiopalatal. Concluiu-se que os registros cintilográficos revelaram um aumento nas regiões de interesse pontuadas durante a ERM em todas as regiões e em todas as fatias. Consequentemente, pode-se argumentar que a ERM apresentou não somente efeitos dentais, mas, também, efeitos esqueletais em pacientes jovens adultos14. Estudo retrospectivo foi realizado com o objetivo de acompanhar a evolução da mudança dentoesqueletal após a expansão da maxila em adultos. Para tanto, três tipos de expansores maxilares (Haas – Dyna Flex Laboratory St. Louis 4 Procedimento diagnóstico que emprega injeção intravenosa de um radionuclídeo com afinidade pelo órgão ou tecido de interesse, seguido por determinação da distribuição da radioatividade por um detector de cintilação externo. 10 Mo.; MAX-2000 – Dyna Flex e DMAX-2000 – Dyna Flex) foram usados aleatoriamente em 3 grupos de 65 adultos tratados sem cirurgia com expansão lenta da maxila (ELM), seguida pela terapia de contenção com aparelho fixo de arame. Um grupo de controle com 22 adultos, reunindo o mesmo critério de inclusão, foi tratado somente com o aparelho fixo de arame, sem expansão. Registros cefalométricos pósteroanterior e lateral foram realizados após o início do tratamento (T1) e após o tratamento ortodôntico fixo (T2). Os dados foram analisados estatisticamente usando teste duplo T e Kruskal-Wallis. Os resultados dos grupos T1 e T2 não foram significantes em relação às mudanças na largura nasal, largura maxilar e largura maxilar nos 3 grupos. O anglo do plano sela-nasal-mandibular cresceu 0,97º (P<0.05) e a raiz distal do primeiro molar-nasal perpendicular reduziu 2,50 mm (P<0.05) no grupo que usou o MAX-2000. O espaço angular dosincisos mandibulares nos grupos Haas, MAX-2000, DMAX-2000 e o grupo de controle tiveram um aumento médio de 4.90º, 4.42º, 4.55º e 5.20º (P<0.05) por cada, respectivamente. O ponto A do ângulo do inciso maxilar cresceu 3.04º (P=0.05) e a raiz distal. Com estes resultados concluiu-se que, após o tratamento, não se observou qualquer mudança significativa transversal ou do esqueleto maxilar sagital e vertical evidente nos 3 grupos15. Um caso clínico de paciente, do gênero feminino, leucoderma, 17 anos de idade, com atresia maxilar mordida cruzada posterior unilateral verdadeira foi tratada com a técnica de disjunção palatina sem assistência cirúrgica. Foi utilizado como aparelho expansor o disjuntor de Haas modificado, com bandas, além dos primeiros molares e primeiros pré-molares, também nos segundos pré-molares, para se obter mais ancoragem. Após a instalação do disjuntor e ativação de ½ volta no primeiro dia, foi recomendado à paciente que realizasse duas ativações de ¼ de volta por dia, sendo uma no período matutino e outra no período noturno. Tal procedimento foi realizado até que as cúspides platinas dos dentes posteriores superiores ocluíssem com as cúspides vestibulares dos dentes posteriores inferiores, o que ocorreu após 21 dias de ativação. No início do tratamento, a sutura palatina mediana encontrava- se obliterada, porém a expansão maxilar rápida promoveu sua abertura, que teve completa calcificação após a fase de controle. A paciente foi monitorada semanalmente durante as 3 semanas do período de ativação e, mensamente durante a fase de controle. Após esse período, foi iniciado o tratamento ortodôntico corretivo. O ganho em expansão entre os primeiros molares foi de 6,5mm, 11 conferindo a maxila morfologia mais apropriada. Para estabilização do resultado obtido foram necessários 6 meses de controle. Não foi constatado nenhum efeito colateral, como dor ou edema. A oclusão da paciente apresentou-se estável, ou seja, não houve recidiva da mordida cruzada, também não foi constatado surgimento de mordida aberta ou recessão gengival. Os efeitos transversais dento-esqueléticos suscitados pela terapia da expansão maxilar rápida ficam evidentes nos traçados cefalométricos sobre as telerradiografias póstero – anteriores inicial, imediatamente após a estabilização do parafuso expansor e após remoção do disjuntos de Haas modificado, resultando no aumento da dimensão transversa da maxila. Além disso, com o tratamento da mordida cruzada posterior pela técnica da EMR conseguiu-se melhorar a harmonia facial da paciente10. 2 CASO CLÍNICO A paciente G.M.A., gênero feminino, 21 anos de idade, leucoderma, apresentou-se ao consultório para avaliação ortodôntica. Após a análise clínica, foi solicitado à paciente: radiografias panorâmicas (Fig. 5), telerradiografias (Fig. 2), análises cefalométricas USP (Fig. 3) e Ricketts (Fig. 4), fotos extra e intrabucais (frente e perfil) e modelo de estudo, com o objetivo de oferecer melhor diagnóstico do caso. A documentação solicitada foi encaminhada à clínica de Pós-Graduação CIODONTO, Clínica Integrada Odontologia S/C LTDA. Através das análises radiográficas e cefalométricas e do modelo de estudo foram observadas as seguintes características da paciente: apresentava padrão facial I, tendência dólicofacial, olheiras, perfil convexo, vedamento labial passivo, boa proporção entre os terços da face, palato ogival (Fig. 6), apinhamento dentário superior e inferior (Fig. 7), o dente treze (13) em lábio versão e o dente doze (12) em infra vestíbulo versão, dentes extraídos: dezesseis (16), vinte e cinco (25), vinte e seis (26), quarente e seis (46), trinta e seis (36), trinte e sete (37), tratamento ortodôntico dente vinte e um (21), mordida cruzada: esquelética, bilateral, na região de pré-molares superiores direito, esquerdo e anterior, desvio da linha média superior para direita e desvio da linha média inferior para esquerda, incisivo inferior central vestibularizado, ângulo interincisal de 120,81º (norma 130º ± 6º) e protrusão do inciso central superior. Após avaliação clínica e análises cefalométricas, o diagnóstico de classe I dentária 12 esquelética do lado direito relação canina, perfil convexo, com falta de espaço para o alinhamento dentário e corrigir a mordida cruzada. A paciente estava ciente que seria uma tentativa de tratamento. Deve-se ressaltar que a disjunção palatina mediana, neste caso especifico, seria uma tentativa, uma vez que esta técnica terapêutica não é recomendada a pacientes que não apresentam potencial de crescimento. Foi planejado para o caso o aparelho disjuntor dentossuportado do tipo Hyrax. As bandas ortodônticas foram adaptadas, nos primeiros pré-molares superiores lado direito e esquerdo (dentes quatorze (14) e vinte e quatro (24)) e primeiros molares (dentes dezessete (17) e vinte e sete (27)) e fixadas com cimento de ionômero de vidro. A paciente necessitou de um período de 24 horas para se adaptar ao aparelho. Após este período foi realizada a primeira ativação, com 1 volta completa do parafuso pela manhã. A chave ativadora não ficou sob responsabilidade da paciente e todas as ativações foram realizadas pela profissional responsável, 2 vezes ao dia, sendo 2/4 de volta pela manhã e 2/4 de volta na parte da tarde. Passados 4 dias da inserção do aparelho e as primeiras ativações, a paciente não se queixou de dor, apenas desconforto nasal. No quinto dia pela manhã os espaços entre os incisivos centrais superiores já se encontravam abertos. O aparelho foi, novamente, ativado quando se escutou um estalo: a sutura palatina havia se rompido (Fig. 8). O parafuso do aparelho ficou imobilizado com o fio ortodôntico de aço 0.14. A seguir, foram tomadas as radiografias oclusal (Fig.11) e panorâmica (Fig. 10), além de fotografias intrabucais para controle (Fig.9). A contenção do aparelho em posição permaneceu durante 5 meses, com avaliações mensais. Durante este período a paciente recebeu orientações quanto à escovação e higienização do aparelho. Não houve qualquer reclamação por parte da paciente que colaborou de forma decisiva para o êxito do tratamento. A continuidade do tratamento foi seguida com a montagem do aparato ortodôntico fixo nos dentes superiores, como procedimento auxiliar na correção da linha média superior para o lado esquerdo. Após 2 meses, foi realizada a montagem do aparelho inferior. A profissional perdeu o contato com a paciente, e não pode mais acompanhar a evolução do tratamento, pelo fato da paciente ter se mudado de cidade. Apesar das adversidades relatadas, a terapêutica com disjunção palatina mediana em jovem adulto, neste caso, pode ser considerada um sucesso. 13 Figura 2 - Telerradiografia Figura 3 – Traçado Cefalométrico Figura 4 – Análise de Ricketts 14 Figura 5 – Radiografia Panorâmica Figura 6 – Palato Ogival Figura 7 – Oclusão Sequência de figuras a partir do tratamento com disfunção palatina. Figura 8 – Abertura da sutura maxilar Figura 9 – Palato e o aparelho Hirax, selado com o parafuso com fio de aço. 15 Figura 10 – Radiografia panorâmica após inserção do Aparelho. Figura 11 – Radiografia de abertura da sutura maxilar 16 3 DISCUSSÃO Apesar da disjunção palatina mediana não se tratar de uma terapêutica recente no tratamento das mordidas cruzadas e outras deficiências transversais, divulgada amplamente através da literatura concernente, ainda é um tema muito polêmico em relação à sua aplicação em adultos e indivíduos com maturação esquelética avançada2,5. Por este motivo, as publicações em relação ao tema, apresentando casos clínicos concretos, ainda são bastantes raras e as que existem se apresentam, muitas vezes, inconsistentes10. Sabe-se, por exemplo, que esta falta de estudos sobre o assunto, deve-se ao fatodo conceito restrito e cauteloso do tratamento por meio da disjunção palatina que se baseia em estudos anatômicos de maturação da face, que mostram a sutura palatina mediana, bem como, as suturas adjacentes, tornando-se mais rígidas e iniciando a sua fusão no início da fase adulta11. O que levou à opção de se realizar o tratamento através do auxílio cirúrgico. Capelozza e Silva12, são complacentes em relação à idade e aconselham o tratamento até, aproximadamente, aos 30 anos de idade, contudo, apenas nos casos de moderada expansão óssea, desde que o paciente se apresente com um periodonto saudável e se submeta aos prováveis desconfortos que acompanham o tratamento nesta fase. No entanto, apesar destas limitações é o tratamento de escolha em relação ao assistido cirurgicamente. Exames mais avançados, como a cintilografia óssea, estão sendo utilizados para definir com maior precisão os reais efeitos da disjunção palatina não cirúrgica em adultos14. E, os resultados tem demonstrado que de fato este procedimento causa consideráveis alterações, tanto de ordem dental, como esqueléticas nos pacientes. Entretanto, em estudos cefalométricos, tais alterações não parecem tão evidentes15. Casos clínicos de sucesso no tratamento das alterações transversais em adultos com a utilização da disjunção palatina não cirúrgica tem sido relatados10,13. No entanto, as controvérsias persistem. O caso clínico apresentado no presente trabalho, além dos relatados pela literatura, demonstram que, mesmo com a sutura palatina mediana fechada, é possível realizar sua abertura por procedimentos ortopédicos como o realizado com 17 o disjuntos dentossuportado Hyrax, que proporciona aumento considerável da dimensão transversal, permitindo o tratamento ortodôntico corretivo. 4 CONCLUSÃO Apesar das controvérsias que circulam em torno da utilização da disjunção da sutura do palato mediano, como tratamento de escolha para a mordida cruzada posterior em adultos, o caso clínico apresentado demonstrou essa possibilidade. O fato de não ser possível continuar o acompanhamento da paciente após a instalação dos aparelhos fixos, não reduz o mérito do sucesso do tratamento. No entanto, é necessário que o profissional utilize com maior frequência este tipo de mecanismo ortodôntico, mas, para isso, é necessário avaliação detalhada do caso, anamnese cuidadosa, planejamento e prognóstico seguro. 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