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GRADUAÇÃO PROCESSO PENAL PROFA. RAFAELA ALBAN PRISÕES – PARTE I: CONCEITO, FORMALIDADES, PRINCÍPIOS E ESPÉCIES 1. CONCEITO: • Caracteriza-se pela privação da liberdade de locomoção por motivo ilícito ou ordem judicial. Ou seja, privação da liberdade determinada por ordem escrita da autoridade competente ou em caso de flagrante delito. 2. FORMALIDADES: • Em regra, a prisão somente pode ser efetuada por ordem escrita da autoridade competente (judiciária). Exceções legais: flagrante delito; prisão decorrente de transgressão militar ou de crime propriamente militar; prisão efetivada no curso do estado de defesa ou de estado de sítio; prisão na recaptura do foragido. • A decretação da prisão é formalizada por meio de Mandado de Prisão. Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. 2.1. Mandado de Prisão: • Conceito: é o instrumento emanado da autoridade competente para a execução da prisão. • Requisitos (artigo 285, parágrafo único, do Código de Processo Penal): Artigo 285, parágrafo único: "O mandado de prisão: a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; b) designará a pessoa, que tiver de ser preso, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; e) será dirigida a quem tiver qualidade para dar-lhe execução". • Assinatura de Juiz Incompetente: em virtude dos requisitos, percebe-se que haverá ilegalidade quando o instrumento da prisão for assinado por juiz impedido. Será nulo e inexequível o mandado expedido por autoridade incompetente ou que não esteja assinado pelo juiz. GRADUAÇÃO PROCESSO PENAL PROFA. RAFAELA ALBAN • Cumprimento: o mandado será expedido em duas vias e, após a prisão, o executor entregará ao preso um dos exemplares. Na via que ficar com o executor, exige-se um visto do preso no verso. Se ele se recusar, não souber ou não poder escrever, referido fato será mencionado em declaração e assinado por duas testemunhas. • A ordem poderá ser cumprida em qualquer dia e horário desde que respeite a inviolabilidade do domicílio. • Após ser detido, o preso será informado de seus direitos, podendo, inclusive, ficar calado sem que isso importe em prejuízo a defesa. • Será assegurada a assistência da família e de um advogado, tendo direito a identificação dos responsáveis pela sua prisão. Caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria Pública. 3. ESPÉCIES: 3.1. Prisão-pena ou prisão definitiva: aquela que é precedida pelo trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória. Representa a satisfação da pretensão executória do Estado. 3.2. Prisão sem pena: aquela que não tem natureza penal ou que ainda não é precedida do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória. Nesse sentido, pode ser: a) Prisão processual penal ou prisão provisória: é a prisão cautelar decorrente de crime. Tem natureza processual e assegura o bom andamento da investigação e do processo penal. Deve satisfazer os requisitos do "fumus bonis juris" e "periculum in mora". Pode ser: CPP - prisão em flagrante, prisão preventiva, prisão domiciliar; e Lei nº 7960/89 – prisão temporária. b) Prisão civil: aquela que se refere ao não cumprimento de uma obrigação civil. Na prática, é destinada exclusivamente ao devedor de alimentos (revogação da possibilidade de prisão civil de depositário infiel); c) Prisão administrativa: destina-se a forçar o devedor a cumprir sua obrigação. Nos termos da Súmula 280, do STJ, "o art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que GRADUAÇÃO PROCESSO PENAL PROFA. RAFAELA ALBAN estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988". d) Prisão disciplinar: permitida, com base na CF, para transgressões militares e crimes propriamente militares (crime militar próprio x crime militar impróprio). Art. 5º, LXI, 2ª parte, da CF: "ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei". 4. PRINCÍPIOS DA PRISAO PROVISÓRIA: a) Principio da excepcionalidade da prisão preventiva: a prisão preventiva é cautelar e deve ser usada, apenas, em ultima ratio, ou seja, existindo alternativas de menor gravidade, cabível ao indiciado, não poderá o juiz estabelecer detenção cautelar. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando se a:[...] § 6° A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). b) Princípio da provisoriedade ou precariedade: define que as cautelares devem ter tempo programado para sua duração, principalmente quando a cautelar aplicada for a prisão, já que afeta o direito de liberdade do ser humano. Por isso, deverão ser substituídas ou revogadas, quando houver modificação na situação fática. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando se a:[...] § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). § 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
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