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Execução e Controle do Orçamento Público

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AULA 5 
ORÇAMENTO E FINANÇAS 
PÚBLICAS E 
RESPONSABILIDADE FISCAL 
Prof. Luiz Antonio Bronislawski 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
A execução orçamentária ocorre juntamente com a Execução Financeira, 
pois para que o Estado possa realizar gastos é preciso dispor dos recursos 
arrecadados. Nesse sentido, executar o orçamento significa realizar todas as 
atividades aprovadas pelo Congresso Nacional, por meio da Lei Orçamentária 
Anual, utilizando o dinheiro que ingressa no caixa único do Tesouro Nacional. 
O Brasil desenvolveu um dos sistemas mais avançados do mundo para 
execução e controle do orçamento, chamado de Sistema Integrado de 
Administração Financeira – SIAFI. Nesse processo, o país recebeu delegações 
estrangeiras, que foram a Brasília para conhecer o sistema, buscando 
implementá-lo em seus países. A programação financeira é necessária para 
adequar o desembolso dos recursos, de acordo com as entradas de dinheiro no 
caixa do Tesouro. 
TEMA 1 – EXECUÇÃO E CONTROLE DO ORÇAMENTO 
Depois que o Projeto de Lei do Orçamento Anual foi aprovado pelo Poder 
Legislativo e assinado pelo chefe do poder Executivo, tornando-se lei, os gastos 
começam a acontecer. O setor público continua em funcionamento e têm início as 
obras e os investimentos previstos nos programas de governo, garantindo a 
continuidade do que estava em andamento, por meio do financiamento com os 
novos recursos. A execução integra o ciclo orçamentário, conforme explicaremos 
a seguir. 
O ciclo orçamentário é composto de etapas necessárias para o 
planejamento das ações e dos programas de governo, buscando otimizar o gasto 
público em benefício do país e da sociedade. Pode ser dividido em quatro etapas: 
elaboração do orçamento, aprovação pelo Legislativo, execução e avaliação dos 
resultados. 
1.1 Elaboração do orçamento 
É a fase inicial, com o planejamento das ações que as diferentes esferas 
de governo (federal, estadual e municipal) vão desenvolver. É feita uma análise 
das as demandas do país, com a escolha das mais importantes, em sintonia com 
as leis orçamentárias. 
 
 
3 
1.2 Aprovação pelo legislativo 
Período em que os projetos de lei são analisados e discutidos pelo Poder 
Legislativo, na comissão mista de orçamento. Os parlamentares incluem as 
emendas para atender as suas bases regionais. O processo segue para a votação 
e a aprovação pelo plenário. 
1.3 Execução 
É o governo em ação, que executa os programas aprovados na Lei 
Orçamentária Anual, conforme as diretrizes estabelecidas no Plano Plurianual, 
com orientação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, considerando ainda, 
rigorosamente, os três estágios de execução das despesas, conforme determina 
a Lei n. 4.320, de 1964: empenho, liquidação e pagamento. 
É uma fase de importante dinamicidade, de modo que exige coordenação 
e sintonia fina para a realização dos gastos, de acordo com o ingresso dos 
recursos arrecadados, respeitando o princípio do equilíbrio fiscal. 
Vejamos (Brasil, 2020a): 
Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução 
orçamentária e de programação financeira da União estabelecidas para 
o exercício e lançadas as informações orçamentárias, fornecidas pela 
Secretaria de Orçamento Federal, no SIAFI, por intermédio da geração 
automática do documento Nota de Dotação – ND, cria-se o crédito 
orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da execução orçamentária 
propriamente dita. 
É importante esclarecer que o crédito orçamentário refere-se à dotação de 
recursos disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional às Unidades 
Gestoras. É a autorização para o gasto. 
Recursos representam a parte financeira, o dinheiro disponível na Conta 
Única do Tesouro Nacional. A movimentação é determinada pelo Poder 
Executivo, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional, que estabelece, 
mensalmente, uma programação financeira com o cronograma dos valores a 
serem disponibilizados, de acordo com a arrecadação. 
1.4 Avaliação 
A avaliação é feita com base em instrumentos já estudados nesta disciplina, 
considerando eficiência, eficácia, efetividade e economicidade, pois as ações 
públicas têm de contribuir para o crescimento econômico e para a melhoria das 
 
 
4 
condições de vida da população, a partir dos investimentos considerados mais 
importantes, primando por garantir serviços públicos de qualidade. 
TEMA 2 – CONTA ÚNICA DO TESOURO NACIONAL 
A Lei n. 4.320/64, em seu art. 56, estabelece que “O recolhimento de todas 
as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, 
vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais” (Brasil, 1964). 
2.1 Criação da Conta Única 
O Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967, estabeleceu uma nova 
organização para a Administração Pública Federal, determinando que o Ministério 
da Fazenda procedesse à unificação de todos os recursos financeiros do Tesouro 
Nacional, para que fossem creditados em uma conta única, eliminando milhares 
de contas que irrigavam o caixa do governo, sem o controle necessário do fluxo 
de dinheiro. A medida traria maior economia operacional, além de racionalização 
e transparência aos procedimentos relativos à execução da programação 
financeira de desembolso. 
No entanto, o cumprimento do Decreto-Lei n. 200 data de 1988, com a nova 
Constituição Federal, quando todos os recursos do Tesouro Nacional foram 
transferidos para o Banco Central do Brasil, em Conta Única centralizada. 
Figura 1 – Distribuição dos recursos públicos 
 
Fonte: Brasil, [S.d.]. 
2.2 Mecanismo de operacionalização da Conta Única 
A Conta Única é mantida no Banco Central do Brasil e administrada pela 
Secretaria do Tesouro Nacional, vinculada ao Ministério da Economia, sendo 
 
 
5 
operacionalizada pelo Banco do Brasil, pela Caixa Econômica Federal e por 
outros agentes financeiros, desde que autorizados pelo Ministério da Economia. 
Todos as unidades e órgãos que compõem a Administração Pública 
Federal e que fazem parte do orçamento fiscal e da seguridade social 
movimentam as suas dotações por meio dessa conta. Para isso, todos precisam 
estar integrados ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo 
Federal – SIAFI, que administra a Conta Única. 
No sistema Conta Única, cada unidade gestora terá uma subconta, com 
codificação específica, para movimentar as dotações orçamentárias de forma 
individualizada, por meio do ordenador de despesas, servidor público encarregado 
pelos lançamentos, mediante a utilização de senha, com o devido registro do 
nome e da função do responsável pelas movimentações. 
O Poder Executivo estabelece o cronograma de desembolso dos órgãos e 
a programação financeira a ser cumprida no decorrer do exercício financeiro, 
buscando garantir o cumprimento de metas fiscais estabelecidas na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias. Assim, cada órgão recebe uma dotação mensal de 
créditos autorizados para efetuar os pagamentos, conforme previstos na LOA. 
De acordo com o art. 9 do Decreto n. 93.872 (Brasil, 1986): 
As diretrizes gerais da programação financeira da despesa autorizada 
na Lei de Orçamento anual serão fixadas em decreto, cabendo à 
Secretaria do Tesouro Nacional, em ato próprio, aprovar o limite global 
de saques de cada Ministério ou Órgão, tendo em vista o montante das 
dotações e a previsão do fluxo de caixa do Tesouro Nacional. 
Vejamos um exemplo, extraído do Decreto n. 11.086, de 30 de maio de 
2022, referente à dotação mensal atribuída à Presidência da República, para o 
período de maio até dezembro de 2022: 
Quadro 1 – Dotação mensal: Presidência da República Valores em R$ mil) 
 
Presidência 
 
da 
 
República 
Até maio 
145.155 
Até junho 
176.674 
Até julho 
208.193 
Até agosto 
239.712 
Até setembro 
271.231 
Até outubro 
302.750 
Até novembro 
334.269 
Até dezembro 
365.788 
 Fonte: Elaborado com base em Brasil, 2022. 
 
 
 
 
6 
Observa-se que, para cada mês, há um limitepara os gastos, determinado 
pela Lei do Orçamento e de acordo com a previsão de ingresso de receitas, o que 
possibilita o controle rigoroso do fluxo de caixa e o gerenciamento de todas as 
movimentações, com registro de onde o dinheiro foi gasto. 
TEMA 3 – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO 
GOVERNO FEDERAL (SIAFI) 
Aliado à criação da Conta Única, o SIAFI foi o avanço mais importante para 
a administração das finanças do Setor Público, eliminando sérios problemas, 
como falta de informações gerenciais, defasagem nos registros contábeis e 
ineficiência nos mecanismos de trabalho, o que facilitava o desvio de dinheiro 
público. 
3.1 SIAFI 
Trata-se de um sistema de teleinformática implantado em 1987 para 
acompanhar e controlar a execução orçamentária, financeira, contábil e 
patrimonial do Governo Federal. É considerado um dos mais abrangentes 
instrumentos de gestão das finanças públicas no mundo, tendo recebido elogios 
e recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI). 
Promoveu a modernização e a integração dos sistemas de programação 
financeira, de execução orçamentária e de contabilidade dos órgãos e entidades 
públicas do Governo Federal. 
Todos os dados inseridos no sistema são disponibilizados, por 
teleprocessamento, aos órgãos e entidades do Governo Federal no Brasil e no 
Exterior. 
3.2 Fluxo de movimentação dos recursos 
Para terem acesso aos seus recursos, todas as entidades da federação 
precisam estar registradas no Sistema Integrado de Administração Financeira do 
Governo Federal – SIAFI. A movimentação de recursos da Conta Única é efetuada 
por meio desse sistema, que registra os documentos que possibilitam a sua 
utilização. 
Existem duas modalidades de documentos. Primeiramente, temos os 
documentos que registram o ingresso de recursos: 
 
 
7 
• DARF: documento de arrecadação de recursos administrados pela Receita 
Federal e pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, como Imposto de 
Renda e Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. O DARF Eletrônico 
permite a transferência de recursos INTRA-SIAFI, entre uma Unidade 
Gestora e a Conta Única, sem trânsito pela rede bancária. 
• GPS: Guia da Previdência Social. 
• GSE: Guia do Salário-educação. 
• GFIP: Recolhimento para o Fundo de Garantia Tempo de Serviço. 
• GRU: Guia de Recolhimento da União. 
Temos ainda todos os demais recolhimentos não enquadrados nos itens 
anteriores. Exemplo: Recolhimento de taxa para emissão de passaporte, multas 
aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal, entre outros. Essa modalidade de 
arrecadação é centralizada no Banco do Brasil, que firmou convênio com o 
Tesouro Nacional para executar as operações sem cobrança de tarifa, reduzindo 
os custos para o Estado. “Esse documento aperfeiçoou o processo de depósito 
direto na Conta Única, permitindo melhor controle dos valores ingressados e maior 
transparência na classificação das receitas” (Brasil, 2020b). 
Temos ainda os documentos que registram a saída de recursos: 
• OB: Ordem Bancária, o mais utilizado para o pagamento de uma unidade 
gestora. É um documento emitido pelo SIAFI, a fim de pagar um credor ou 
prestador de serviços. Além do pagamento de compromissos, registra a 
transferência de recursos entre Unidades Gestoras. 
• NS: Nota de lançamento de Sistema, que registra eventos contáveis de 
forma automática, sem a movimentação financeira. Por exemplo: registro 
de apropriação de uma despesa, de assinatura de um contrato. 
• NL: Nota de Lançamento por evento, que registra eventos contábeis não 
vinculados a um documento específico. 
Com os recursos disponibilizados nas diversas subcontas dos órgãos, tem 
início a fase dos pagamentos realizados pelas Unidades Gestoras e a saída 
desses recursos para os gastos previstos. Quando um pagamento ocorre entre 
Unidades Gestoras, o processamento é feito por meio da transferência de limite 
de saque, considerando a disponibilidade financeira da UG on-line, existente na 
Conta Única. Para o pagamento de algum credor sem registro no SIAFI, a Unidade 
Gestora registra os dados para a emissão de Ordem Bancária, que é 
 
 
8 
encaminhada ao Banco do Brasil para processamento, mediante comunicação ao 
Banco Central do valor que deve ser disponibilizado. Em seguida, a Unidade 
Gestora envia ao Banco do Brasil a relação das OBs para os pagamentos, que 
podem ser efetuados no próprio banco ou em qualquer outra instituição 
credenciada. 
Figura 2 – SIAFI em números: 2017 
 
 
Fonte: Serpro, 2022. 
3.3 Exemplo de movimentação 
Quando uma entidade precisa adquirir um produto, o ordenador de despesa 
faz o registro da operação do SIAFI, que emite uma nota de empenho – NE, com 
uma cópia destinada ao credor. É a primeira fase. 
Após a entrega do produto, ocorre a segunda fase, que é o registro da 
informação no sistema, para emissão de nota de lançamento e liquidação, com 
emissão da ordem bancária – OB, debitando os recursos da Conta Única, 
subconta do órgão específico, com o pagamento ao fornecedor. 
Esse fluxo é efetuado em tempo real. Todos os dados ficam registrados 
para o controle da Secretaria do Tesouro Nacional, sendo disponibilizados para 
as demais entidades encarregadas da auditoria e fiscalização de todos os 
procedimentos que envolvem o dinheiro público. 
3.4 Avanços na Administração Pública propiciadas pelo sistema 
Vejamos alguns avanços significativos propiciados pelo SIAFI (Neto, 2022): 
• Sistema disponível online e em tempo integral 
 
 
9 
• Padronização das rotinas e métodos de trabalho 
• Interligação em todo o território nacional e com todos os órgãos da 
administração direta dos três poderes da União 
• Agilização da programação financeira, otimizando a utilização dos recursos 
do Tesouro Nacional, por meio da unificação dos recursos de caixa do 
Governo Federal na Conta Única no Banco Central 
• Acompanhamento e avaliação do uso dos recursos públicos 
• Transferência dos gastos do governo Federal 
• Atualmente, 98% dos pagamentos são identificados de modo instantâneo 
na conta única e 2% deles apresentam uma defasagem de, no máximo, 
cinco dias 
Algumas siglas de Entidades Públicas registradas no Sistema: 
• UFPR – Universidade Federal do Paraná 
• SOF – Secretaria de Orçamento Federal 
• ST – Secretaria do Tesouro Nacional 
• BB – Banco do Brasil 
Pode ser utilizado por entidades públicas estaduais e municipais apenas 
para receberem, pela Conta Única do Governo Federal, as suas receitas (taxas 
de água, energia elétrica, telefone etc.). 
Encontra-se em tramitação, no Congresso Nacional, o projeto de Lei n. 
4.171/2020, que busca tornar obrigatório o registro dos dados sobre a execução 
orçamentária e a movimentação dos repasses feitos pela União a estados, 
municípios e ao Distrito Federal por meio do SIAFI, referentes ao fundo de 
participação, em uma parte dos recursos arrecadados pela União, como imposto 
de renda e imposto sobre produtos industrializados. Esse procedimento permitirá 
rastrear o fluxo do dinheiro, conferindo maior transparência à sua utilização. 
TEMA 4 – REGIME DE CONTABILIDADE DA RECEITA E DA DESPESA 
4.1 Regime de caixa 
Aplicado para todas as receitas arrecadadas pelo setor público, estabelece 
que todos os recursos financeiros devem ser reconhecidos quando ingressarem 
efetivamente na conta única do Tesouro. 
 
 
10 
4.2 Regime de competência 
As despesas referentes à aquisição de um produto ou serviço são 
reconhecidas quando do registro do empenho no sistema, gerando um direito, 
para o credor, de receber determinado valor, mesmo que a importância devida 
não tenha sido paga. 
O art. 35 da Lei n. 4.320/64 estabelece que pertencem ao exercício 
financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas empenhadas. Nesse 
sentido, no estágio de arrecadação, temos o ingresso de dinheiro na conta do 
governo. Portanto, é um regime contábil de caixa. 
Quando uma despesa é empenhada, não hásaída imediata de dinheiro. A 
saída ocorre apenas na última fase, quando o pagamento é realizado. Portanto, a 
despesa ocorre no regime de competência. 
4.3 Lei de Responsabilidade Fiscal 
Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, art. 50, Inciso II, “A despesa e 
a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, 
apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo 
regime de caixa” (Brasil, 2000). 
As despesas e os compromissos são reconhecidos por competência. Já os 
fluxos financeiros são reconhecidos pelo regime de caixa, lembrando que fluxo 
financeiro significa ingresso ou saída de dinheiro do caixa. Trata-se da mesma 
determinação da Lei n. 4.320/1964. Ambas seguem o enfoque orçamentário, que 
estabelece regime de caixa para a receita e de competência para a despesa. 
TEMA 5 – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL 
A Lei Complementar n. 101, de 04 de maio de 2000, representa um marco 
nas finanças públicas, com o objetivo de estabelecer normas, técnicas e boas 
práticas no uso do dinheiro arrecadado da sociedade, impondo limites e 
exercendo um controle sobre os gastos da União e dos órgãos a ela vinculados, 
abrangendo os poderes da União e das entidades vinculadas, como Ministério 
Público, Tribunais de Contas, Defensoria Pública e Empresas Estatais 
Dependentes. Os normativos aplicam-se igualmente a estados, municípios e 
Distrito Federal. 
 
 
11 
Vejamos o que estabelece o art. 11 da LRF (Brasil, 2000): “Constituem 
requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão 
e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente 
da Federação.” 
5.1 O que é uma lei complementar? 
Tem por finalidade regulamentar ou complementar algum dispositivo da 
Constituição. Neste caso, vejamos alguns itens da Constituição de 1988, cujo 
conteúdo foi regulamentado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Primeiramente, segundo o art. 163, a lei complementar dispõe sobre 
(Brasil, 1988): 
I - Finanças públicas 
II - Dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, 
fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público 
III - Concessão de garantias pelas entidades públicas 
IV - Emissão e resgate de títulos da dívida pública 
V - Fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) 
VI - Operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
VII - Compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito 
da União, resguardadas as características e condições operacionais 
plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. 
VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 109, de 2021) 
 Destaque, ainda, para o art. 169 da Constituição. Fica estabelecido que a 
despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios não pode exceder os limites estabelecidos em 
lei complementar. 
Cumprindo o que determina esse artigo, a Lei de Responsabilidade Fiscal, 
nos Art. 19 e 20, estabelece limites para despesas com pessoal. As despesas com 
pagamento de pessoal da União, em sua totalidade, não poderão ultrapassar 50% 
da sua receita corrente líquida, da seguinte forma: 
• Poder Executivo, limite de 37,9% 
• Poder Judiciário, limite de 6% 
• Poder Legislativo e TCU, limite de 2,5% 
• Ministério Público da União, limite de 0,6% 
• Manutenção do Distrito Federal e territórios, limite de 3% 
 
 
12 
Os estados deverão limitar os seus gastos com pagamento de pessoal até 
no máximo 60% da receita corrente líquida. O mesmo teto deve ser aplicado a 
todos os municípios do Brasil. 
Esfera estadual: 
• Poder Executivo, limite de 49% 
• Poder Judiciário, limite de 6% 
• Poder Legislativo e Tribunal de Contas do Estado, limite de 3% 
• Para o Ministério Público dos Estados, limite de 2% 
Esfera municipal: 
• Poder Executivo, limite de 54% 
• Poder Legislativo e Tribunal de Contas do Município, quando houver, limite 
de 6% 
Utilizando dados da receita corrente líquida, estudada em etapas 
anteriores, observamos que a despesa máxima com pagamento de pessoal do 
Governo Federal é de R$ 1.062.519.048 X 50% = R$ 531.259.529 (quinhentos e 
trinta e um bilhões, duzentos e cinquenta e nove milhões e quinhentos e vinte e 
nove mil), referentes ao ano de 2021. 
5.2 Proibições 
• As esferas de governo não podem realizar qualquer despesa que não 
esteja prevista na LOA ou autorizada por meio de créditos adicionais. 
• Concessão de créditos ilimitados ou sem a especificação da finalidade. Ou 
seja, a despesa precisa apresentar um valor determinado, conforme 
aprovação da Lei Orçamentária, com detalhamento quanto ao destino, 
como pagamento do funcionalismo e juros da dívida pública. 
• Dotar recursos para investimentos com duração superior a um exercício 
financeiro, sem a previsão no Plano Plurianual ou em lei que autorize a 
inclusão. Todo investimento que ultrapassar um exercício financeiro tem 
que constar no PPA. 
• Novas operações de crédito para socorrer instituições financeiras ou 
quando verifica-se afetado o equilíbrio entre receitas e despesas. 
• Criar ou alterar benefícios de seguridade sem indicação da fonte de custeio. 
 
 
13 
• Em ano eleitoral, é proibida qualquer ação que provoque aumento da 
despesa de pessoal nos Poderes Legislativo e Executivo nos 180 dias 
anteriores ao final da legislatura ou do mandato dos chefes do Poder 
Executivo. 
5.3 Penalidades previstas 
“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. 
Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na 
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (Pires, 2012). 
Figura 3 – Aplicação de penalidades 
 
Crédito: Nuthawut/Adobe Stock. 
O servidor público que não cumprir as determinações sofrerá punições, 
como enquadramento em crime de responsabilidade fiscal, aplicação de sanções 
administrativas e até sanções penais. 
Vejamos: 
• Os art. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal estabelecem pena de 
cassação do mandato do gestor que ultrapassar o limite total dos gastos 
com pessoal, em cada período de apuração. 
 
 
14 
• Se aplicar as disponibilidades de caixa em desacordo com a lei, o gestor é 
punido com perda do mandato. 
• Em caso de assunção de obrigação no último ano do mandato ou 
legislatura, a pena é de reclusão de um a quatro anos. 
• Em caso de ordenação de despesa não autorizada, a pena é de reclusão 
de um a quatro anos. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
BRASIL. Decreto n. 10.961, de 30 de maio de 2022. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 30 maio 2022. 
BRASIL. Decreto n. 93.872, de 23 de dezembro de 1986. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 dez. 1986. 
BRASIL. Execução Orçamentária. Gov.br, 20 abr. 2020a. Disponível em: 
<https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/siafi/conheca/principais-
atribuicoes/execucao-orcamentaria>. Acesso em: 26 jul. 2022. 
BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Diário Oficial da 
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 maio 2000. 
BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 23 mar. 1964. 
BRASIL. O que é GRU. Gov.br, 17 fev. 2020b. Disponível em: 
<https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/gru-e-pag-tesouro/sobre-a-gru/o-que-
e-gru>. Acesso em: 26 jul. 2022. 
NETO, N. C. (Org.) SIAFI: o que é? Disponível em: 
<https://www.lrf.com.br/mp_cp_siafi.html>. Acesso em: 26 jul. 2022. 
PIRES, V. C. F. de C. Administração Pública: princípio da legalidade. DireitoNet, 
25 out. 2012. Disponível em: 
<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7643/Administracao-Publica-principio-da-legalidade>. Acesso em: 26 jul. 2022. 
SERPRO – Serviço Federal de Processamento de Dados. História de sucesso: 
o tesouro nacional. Disponível em: <https://www.serpro.gov.br/clientes/secretaria-
do-tesouro-nacional-1>. Acesso em: 26 jul. 2022.

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