Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A psicólogo hospitalar tem como local de atuação um ambiente que envolve doença e a morte, fator que trouxe um novo escoramento na busca da compreensão da existência humana, mostrando que tais fatores devem ser estudados por toda a psicologia e não somente pela hospitalar. Despersonalização do paciente Quando internado, o paciente deixa de ter o próprio nome e passa a ser representado somente por sua patologia, o que traz a necessidade de uma reformulação de conceitos. A ideia de prever comportamentos com base nos históricos do indivíduo perde força no ambiente hospitalar, por ser uma vivência única, sem possibilidade de previsão. O fato de se estar hospitalizado implica novos estigmas sobre a pessoa, trazendo uma mudança de hábitos e existência. Quando a doença é temporária, existe a possibilidade de retomada ao estágio anterior, mas as doenças crônicas implicam uma total reestruturação vital. Os diagnósticos cada vez mais específicos contribuem para a despersonalização do paciente, limitando sua amplitude existencial. Apesar disso, é notável o surgimento de especialidades que apontam e levam em consideração a necessidade de cuidados complementares para além da patologia, trazendo como consequência uma diminuição dos estigmas. A situação hospitalar traz diversas situações invasivas e até mesmo abusivas na medida em que não respeitam o espaço e tempo dos indivíduos, incluindo também a atuação do psicólogo. Para amenizar o processo de despersonalização no âmbito hospitalar, o psicólogo deve ajudar a humanizar o hospital, preservando a dignidade existencial dos indivíduos hospitalizados. Tal processo envolve toda a equipe de saúde, para que o hospital deixe de ter um papel somente curativo para transformar-se em um ambiente de reabilitação orgânica e da dignidade humana. Psicoterapia e Psicologia Hospitalar Assim como a psicoterapia, a psicologia hospitalar tem seu instrumental teórico na área clínica. Entretanto, existem diversas divergências entre tais práticas. Objetivos da psicoterapia: tem como principais objetivos levar o paciente ao autoconhecimento, à libertação existencial. Tal processo, idealmente, inicia-se com o reconhecimento, por parte do paciente, da sua necessidade de um auxílio terapêutico e sua busca voluntária pelo mesmo, tendo em mente seus problemas que deseja alcançar uma solução. Tal processo falha quando não há um reconhecimento entre o que o paciente busca e o que o terapeuta pode oferecer, também necessitando de definições precisas dos objetivos desse processo. O setting terapêutico: abrange características como horário e duração das sessões, reposições, avisos prévios e etc. O início do processo só ocorre quando o paciente desprende-se de suas amarras emocionais, que é iniciado ao procurar a terapia. Impõe uma privacidade ao relacionamento, tratando de forma diferente os acontecimentos externos ao relacionamento entre cliente-terapeuta. Também inclui a peculiaridade das sessões quase nunca serem interrompidas, para haver uma melhor catalisação do processo. A realidade institucional: a adaptação à realidade institucional e suas peculiaridades é um dos maiores desafios ao psicólogo. O psicólogo, no contexto hospitalar, enfrenta o fato de que direitos básicos estão sendo negados à maioria da população, trazendo por muitas vezes uma revisão dos conceitos acadêmicos e sociopolíticos. Vê-se coisas inaceitáveis sendo tratadas como normais, como grandes demoras para acesso à saúde, tornando utópicas outras formas de atendimento. O psicólogo percebe no contexto hospitalar que os ensinamentos teóricos e sua prática acadêmica não serão suficientes para embasar sua atuação. Objetivos e parâmetros da Psicologia Hospitalar O objetivo principal de tal área é minimizar o sofrimento provocado pela hospitalização, tendo como acréscimos quaisquer outros objetivos alcançados durante a atuação. A atuação hospitalar não se dá através do setting terapêutico, sendo necessária uma adaptação às particularidades previamente expostas. É necessário lidar, além dos termos específicos da patologia, com as sequelas emocionais decorrentes da hospitalização. A minimização do sofrimento implicará diversas opções de atuações, cujas variáveis devem ser analisadas em prol do êxito do processo, sendo visto como um processo que trará implicações à vida do paciente na posterioridade. Por tal motivo, diversas vezes é necessário um encaminhamento para um acompanhamento terapêutico posterior ao período de hospitalização. No hospital, o início do processo terapêutico não se dá na busca do indivíduo por ajuda, tendo em vista que o paciente será abordado pelo profissional, que muitas vezes nem sequer entende o papel do psicólogo. Dessa forma, é necessário o cuidado do psicólogo para não tornar-se mais um fator abusivo do ambiente hospitalar, que já desrespeita diversas nuances dos pacientes. Dentro de um hospital, a atuação do psicólogo é delimitada pelos princípios institucionais, mais uma característica a ser manejada e humanizada pelo profissional. Tendo em vista que o adoecer é deixar de produzir e, portanto, de ser, a hospitalização traz uma desmoralização do indivíduo, e o papel do psicólogo também tem a reversão dessa ideia como um de seus papéis de atuação. A psicologia hospitalar deve agir em conjunto com todos os indivíduos da saúde, trazendo a humanização e transformação da instituição e consequentemente uma transformação social. É evidente que diversas patologias têm seu quadro agravado pelas complicações emocionais dos pacientes. Intervir nesse ponteamento é outra atribuição da psicologia até mesmo no diagnóstico e compreensão das patologias para as quais a medicina não tem uma explicação absoluta. Mesmo com seu avanço tecnológico, a medicina não consegue prescindir do psicólogo por sua condição de escuta e interpretação imperceptíveis à tecnologia moderna.
Compartilhar