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Laboratório de Ciências 5o aula CALIBRAÇÃO DE UM TERMISTOR MATERIAL A SER UTILIZADO 1 laptop 1 termistor 2 resistores de 1 kΩ 2 pilhas 1 cilindro metálico 1 isqueiro 1 vela 1 voltímetro 1 interface computador/experimento 1 termômetro 1 base para montagem de circuitos um copo com água fria 1 1. Introdução Vimos nas aulas anteriores que certos objetos, tais como pedaços de grafite, podem obstruir parcialmente a passagem da corrente elétrica e nomeamos essa obstrução de resistência elétrica. Embora alguns dispositivos, como os resistores comerciais, possam ter resistência constante, isto não é uma regra geral. A resistência dos LEDs, por exemplo, diminui à medida que os submetemos a tensões mais elevadas. Nesta aula veremos outro exemplo de dispositivo cuja resistência não é constante: o termistor NTC (negative temperature coefficient). A resistência deste dispositivo depende da temperatura e diminui quando submetido a temperaturas mais altas. Medindo a resistência do NTC podemos determinar a temperatura a qual o dispositivo está submetido, ou seja, podemos usá-lo como termômetro. A relação entre a resistência RT de um termistor e sua temperatura T é: RT=B e A/T , (1) onde e é o número de Euler, que vale aproximadamente 2,718 e A e B são constantes reais positivas. Se soubermos os valores destas constantes, podemos converter qualquer medida de resistência em temperatura e vice-versa. O objetivo desta aula é determinar essas constantes experimentalmente para um dado termistor a fim de que ele possa ser usado como termômetro. O gráfico de RT × T é semelhante àquele mostrado na figura 1. Quando duas grandezas estão linearmente relacionadas, ou seja, quando o gráfico é uma reta, a inclinação desta reta é a constante de proporcionalidade entre as duas grandezas. Por exemplo, vimos que para um circuito contendo apenas resistores Ôhmicos, a inclinação da reta no gráfico de corrente versus tensão nos dá a resistência. No entanto, o gráfico apresentado na figura 1 não é uma reta, e nestes casos é muito comum usarmos o método da linearização a fim de determinarmos os valores das constantes A e B. Este método será explicado mais adiante. 2 Figura 1: Medida num termistor 2. Construção de um Ohmímetro A fim de determinar as constantes A e B, será necessário medir a temperatura e a resistência do termistor. Os dispositivos usados para tais fins são termômetro e Ohmímetro, respectivamente. Ambos são comercialmente disponíveis. No entanto, não usaremos um Ohmímetro comercial neste experimento. Ao invés disso, construiremos nosso próprio dispositivo de medir resistência utilizando o circuito estudado na aula 5. Para isso, siga os seguintes passos: 2.1. Monte o circuito mostrado na figura 2, usando um resistor R com resistência de 1 kΩ, duas pilhas de 1,5V em série, resultando numa fonte de 3V. Lembre-se de conferir Vbat, como na aula 5, medindo a tensão com as pilhas montadas no circuito! Rx é o resistor cuja resistência desconhecida queremos medir; 2.2. Utilize inicialmente Rx = 1 kΩ para teste. Mais tarde colocaremos o NTC no lugar de Rx; Figura 2: Circuito de um Ohmímetro 3 R RX Vbat ii VR 2.3. Ligue o sensor de tensão no lugar do voltímetro VR. Ligue o sensor de tensão na entrada CH1 da interface e a interface na porta USB do Laptop; Na dúvida, pergunte ao monitor como deve ser feita a ligação! 2.4. Abra o programa LogerPro. Você verá uma tela semelhante à figura 3, com uma janela mostrando o valor de tensão medido pelos terminais do sensor, ou seja, a tesão VR nos terminais de R; Figura 3: Interface do programa de aquisição de dados 2.5. Agora, calcule o valor de Rx. Sabemos que a corrente no circuito é dada por: i= V R R = V bat R+Rx . Logo, o valor da resistência Rx é: V R R+Rx = V bat R Rx = R V bat V R − R . (2) Isso quer dizer que, se soubermos a tensão das pilhas (Vbat), a resistência do resistor auxiliar R e a tensão no resistor auxiliar VR, podemos determinar a resistência Rx usando a relação 2. 3. Aquisição automática de dados com a interface O sensor de tensão, a interface e o laptop com o programa LogerPro instalado permitem que realizemos os cálculos da equação 2 automaticamente e também que façamos medidas da tensão VR ao longo do tempo. Vamos então inserir a equação 2 no programa LogerPro, para que o programa calcule automaticamente o valor da resistência Rx através da medida de VR. Para isso, siga os seguintes passos: 4 3.1 Ajuste o programa de aquisição de dados para que realize a medida durante 15 minutos, com aquisição de 2 amostras por segundo. Para isso, Clique no símbolo de “relógio” do programa LoggerPro (botão ao lado do COLLECT). Na caixa de seleção para “Lenght”, marque 15 minutos. Na caixa “samples/minute”, marque 120 sampes/minutes. Clique em DONE. Figura 4: Ajuste de tempo de coleta de dados. 3.2. Acrescente, no computador, uma coluna contendo os valores de Rx. Para isso, clique em DATA, depois em NEW CALCULATED COLUMN; 3.3. O programa abrirá uma janela onde colocaremos a equação 2. No campo NAME desta janela, digite um nome sugestivo como Rx, no campo SHORT NAME digite Rx. No campo EQUATION digite a equação (2). Use 3V para Vbat e 1 para o valor de R, pois R = 1kΩ . Desta forma, o valor final de Rx será dado em k Ω . No lugar de VR, use “potential”, que é o nome da coluna com os dados das medidas de VR. Veja o exemplo da figura 5; 5 minute/samples minutes samples/minute 15 120 0,0083 Figura 5: Interface para criar nova coluna de dados 3.4. Quando você clicar em DONE, o programa criará uma nova coluna que terá o valor de Rx calculado para cada valor de VR em KΩ; 3.5. Insira uma nova janela para mostrar o valor instantâneo de Rx. Para isso, clique em INSERT → METER → DIGITAL METER. Aparecerá uma nova janela com o valor convertido de VR para Rx pela equação inserida no item anterior. A medida dará, em kΩ o valor da resistência do resistor de teste; 3.6. Para organizar as janelas, clique em PAGE → AUTO RANGE; 3.7. Para realizar a coleta de dados em função do tempo, siga os seguintes passos: 3.7.1. Clique em COLLECT. Você verá alguns números aparecerem nas colunas Potential, tempo e Rx. Essas são as medidas feitas com a passagem do tempo. Aperte STOP; 3.6.2. No lado direito do programa, você verá um gráfico de potencial em função do tempo. Crie um gráfico para resistência em função do tempo. Para isso, clique em INSERT, depois em GRAPH, então aparecerá um gráfico na tela de Rx em função do tempo; 3.7.3. Para organizar as janelas, clique em PAGE → AUTO RANGE; 3.7.4.Como o resistor utilizado em Rx possui resistência constante, os dois gráficos devem apresentar uma reta paralela ao eixo x. 6 1*3.0/”Potencial” - 1 4. Calibração de um termistor Chamamos de calibração do termistor a determinação das constantes A e B já mencionadas. Para isso, siga a seguinte lista de procedimentos: 4.1. Ligue o sensor de temperatura no conector CH2 da interface. Uma nova coluna e um novo medidor para temperatura deverão aparecer no programa. 4.2. Mude a unidade da temperatura de oC para Kelvin. Para isso, clique em EXPERIMENT → CHANGE UNITS → LABPRO:1 CH2:StainlessSteelTemperature → K. 4.3. Troque o resistor Rx do circuito da figura 1 montado nos passos anteriores pelo NTC. 4.4. Insira o NTC em um dos furos do cilindro metálico e o sensor de temperatura do outro, conforme o esquema experimental mostrado na figura 6. Mantenha inicialmente a chave S das pilhas desligada e a vela apagada. O cilindro será aquecido pela vela e a temperatura T do termistore a tensão VR no resistor de referência são simultaneamente medidas e enviadas ao computador em tempo real via interface eletrônica; Observe que o circuito da figura acima é semelhante àquele montado na aula 5. Aqui, o termistor é o dispositivo cuja resistência queremos medir. Entretanto, a sua resistência sua resistência irá variar continuamente como aumento da temperatura. Figura 6: Esquema do circuito para medida de tempretatura do termistor Observe também que o circuito da figura 6 pode ser simplificadamente representado pelo circuito da figura 7 e a resistência variável do termistor RT pode ser obtida usando a equação 2. 7 Figura 7: esquema simplificado do circuito da figura 5. 4.5. Mude o tempo de aquisição de dados para 1200s. Para isso, clique no botão com um relógio do lado esquerdo do botão verde “COLLECT”. Aparecerá uma janela, onde você definirá lenght = 1200. Clique em SAMPLE TIME AT ZERO e em CONTINUOUS DATA COLLECTION. Para definir a quantidade de aquisições por segundo, escreva, nesta mesma janela, “2” no espaço SAMPLES PER SECOND; 4.6. Acenda a vela mantendo a chama bem próxima do cilindro metálico. Cuidado para não queimar o encapamento plástico do termistor; 4.7. Ligue a chave S das pilhas; 4.8. Observe o aumento da temperatura na tela do computador. Quando esta estiver em torno de 360K, desligue a chama clique em COLLECT; 4.9. Espere até a temperatura do termistor voltar à temperatura ambiente (aproximadamente 300K). Quando isso ocorrer, mergulhe o conjunto cilindro-termistor-termômetro em um copo contendo água e continue observando a diminuição de temperatura até que o programa pare a medição automaticamente (em 1200s, como foi definido no passo 4.5). 4.10. Agora determine as constantes A e B mencionadas na introdução usando o método da linearização descrito a seguir: Tomando o logaritmo natural de ambos os lados da equação (1) obtemos: ln RT =ln BA 1 T y = b a x , (3) 8 onde o símbolo ln signigica o logaritimo na base e ≈ 2,71. Renomeie os termos da equação (3) a fim de obter uma equação linear do tipo y = a x + b. Para isso, considere: - y = ln(Rx); - b = ln(B) - termo constante, ou seja, coeficiente linear; - a = A e x = 1/T. O termo a é o coeficiente angular e 1/T é a variável. Agora, siga os seguintes passos: 4.10.1 Acrescente uma nova coluna no computador contendo os valores de ln(Rx). Para isso, clique em DATA, depois em NEW CALCULATED COLUMN. No campo NAME digite um nome sugestivo como lnRx, no campo SHORT NAME digite lnRx e no campo EQUATION digite ln(“Rx”); 4.10.2. Acrescente uma nova coluna contendo os valores de 1/T. Para isso, clique em DATA, depois em NEW CALCULATED COLUMN. No campo NAME, digite um nome sugestivo como 1/T, no campo SHORT NAME digite 1/T e no campo EQUATION digite 1/(“Temperature”); 4.10.3. Construa o gráfico de ln(Rx) × 1/T. Para isso, clique em INSERT, depois em GRAPH. Aparecerá um gráfico na tela. Em seguida, clique no nome que aparece no eixo horizontal do gráfico e escolha a opção 1/T. Faça o mesmo no eixo vertical escolhendo a opção lnRx. Este gráfico será uma reta, cuja equação é do tipo y = a x + b, como indicado na equação 3. 4.10.4. Determine as constantes a e b. A constante b é o valor da ordenada (y) no ponto onde a reta intercepta o eixo vertical. A constante a é a inclinação da reta. O programa calcula automaticamente essas duas constantes. Para isso, clique em ANALYSE e depois em LINEAR FIT. Então aparecerá um caixa de texto parecida com esta mostrada logo abaixo. O programa nomeia a inclinação de reta por m (ao invés de a, como fizemos) e o ponto de interseção com o eixo das ordenadas de b. 9 4.10.5. Determine as constantes A e B da equação 1, que relaciona a temperatura T e a resistência RT de um termistor. Uma vez que a e b tenham sido determinadas, podemos facilmente encontrar A e B usando as relações: A = a b = ln(B) → B = eb 4.10.6. Escreva as equações 1 e 3 com os valores numéricos encontrados. 10 EXERCÍCIO PARA CASA: Papel Monolog Uma outra possibilidade para a linearização da equação (3) é utilizar um papel onde um dos eixos tem escala logarítmica e o outro possui escala linear: o chamado papel monolog. Numa escala logarítmica, as distâncias entre marcas sucessivas não são constantes como numa escala linear, mas são proporcionais às diferenças entre os logaritmos das variáveis, isto é, a escala logarítmica é feita de tal maneira que a distância entre 1 e 2 é proporcional a (ln2 - ln1), a distância entre 2 e 3 é proporcional a (ln3 - ln2) e assim por diante. Sendo assim, fica evidente que, no papel com escala monolog, o aspecto do gráfico será diferente de quando você usa escalas lineares. Nessa escala, ao colocarmos diretamente os valores de R(t) no eixo de escala logarítimica (eixo vertical) e 1/T na escala linear, nós estamos fazendo com que as distâncias entre sucessivos valores do eixo vertical y sejam proporcionais a ln(R(t)), e o gráfico será uma reta. A tabela seguinte representa valores de inverso de temperatura e resistência de um termistor NTC, tomados por um aluno. Desenhe os pontos correspondentes no papel mono-log da próxima página. O gráfico já tem uma escala vertical sugerida. 1/T(K-1) R(kΩ) 0.00280 2,00 0.00283 2.20 0.00290 2.74 0.00293 3,00 0.00298 3.60 0.00300 3.85 0.00305 4.54 0.00310 5.29 0.00314 6.01 0.00320 7.20 0.00325 8.52 0.00330 9.98 0.00335 11.8 0.00340 13.8 0.00345 16.6 11 12 1,0 0,1 10 100 1000 1. Introdução 2. Construção de um Ohmímetro 3. Aquisição automática de dados com a interface 4. Calibração de um termistor EXERCÍCIO PARA CASA: Papel Monolog
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