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Prévia do material em texto

Maria Inez Matoso Silveira
Silvio Nunes da Silva Júnior
Organizadores
MULTIFACES DO TEXTO
TUTÓIA-MA, 2021
EDITOR-CHEFE
Geison Araujo Silva
CONSELHO EDITORIAL
Ana Carla Barros Sobreira (Unicamp)
Bárbara Olímpia Ramos de Melo (UESPI)
Diógenes Cândido de Lima (UESB)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
José Roberto Alves Barbosa (UFERSA)
Joseane dos Santos do Espirito Santo (UFAL)
Julio Neves Pereira (UFBA)
Juscelino Nascimento (UFPI)
Lauro Gomes (UPF)
Letícia Carolina Pereira do Nascimento (UFPI)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Maria Luisa Ortiz Alvarez (UnB)
Marcel Álvaro de Amorim (UFRJ)
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE)
Rita de Cássia Souto Maior (UFAL)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Rosivaldo Gomes (UNIFAP/UFMS)
Silvio Nunes da Silva Júnior (UFAL)
Socorro Cláudia Tavares de Sousa (UFPB) 
2021 - Editora Diálogos
Copyrights do texto - Autores e Autoras
Todos os direitos reservados e protegidos pela lei no 9.610, de 19/02/1998. Esta obra pode 
ser baixada, compartilhada e reproduzida desde que sejam atribuídos os devidos créditos de 
autoria. É proibida qualquer modificação ou distribuição com fins comerciais. O conteúdo do 
livro é de total responsabilidade de seus autores e autoras.
Capa: Geison Araujo Silva / Rawpixel
Diagramação: Geison Araujo Silva.
Revisão: Autores e Autoras.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
M961
Multifaces do texto / Organizadores: Maria Inez Matoso Silveira, Silvio Nunes 
da Silva Júnior – Tutóia, MA: Diálogos, 2021.
 
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-994639-7-6
 
1. Linguística. 2. Linguagem 3. Texto. I. Silveira, Maria Inez Matoso. II. Silva 
Júnior, Silvio Nunes da. III. Título.
 CDD 410
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
 https://doi.org/10.52788/9786599463976
Editora Diálogos
contato@editoradialogos.com
www.editoradialogos.com
 https://doi.org/10.52788/9786599463983
https://doi.org/10.52788/9786599463976
Sumário
Apresentação ...........................................................................................................6
Modalidade e modalização ................................................................................. 7
Geison Araujo Silva
Silvio Nunes da Silva Júnior
Gêneros, suportes e tipos textuais ................................................................ 18
Humberto Soares da Silva Lima 
Rosana Taciana Portela Nicácio dos Santos
Retextualização .....................................................................................................26
Maria Silma Lima de Brito
Dayane Rocha de Oliveira 
Paráfrase, repetição e paralelismo ...............................................................35
Janyellen Martins Santos
Romildo Barros da Silva
Referenciação ........................................................................................................ 45
Marcos Suel dos Santos
Cristiane Santos da Silva
Intertextualidade, Interdiscursividade e Polifonia ...............................53
Sandra Araujo Lima Cavalcante
Vanessa de Oliveira Silva Ferraz Cabral
A Dêixes ................................................................................................................... 61
Maryana Josina Tavares da Rocha
Shania Jéssika Cavalcante Rodrigues Gomes
Sobre os organizadores ................................................................................... 69
Sobre as autoras e autores ............................................................................... 71
6MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Apresentação
Mesmo tendo sido proveniente de seminários de uma disciplina do 
Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura da Universidade 
Federal de Alagoas (PPGLL/UFAL) – Linguística Textual – este material tem 
a simples pretensão de iniciar os interessados nos estudos de alguns tópicos 
relacionados à textualidade. Consideramos esses tópicos interessantes na 
medida em que o conhecimento e a reflexão sobre eles podem desenvolver 
e aprimorar a consciência metatextual de alunos do ensino médio e dos 
primeiros anos de cursos universitários e assim contribuir para o seu 
desempenho nas atividades de lectoescritura, componente fundamental do 
letramento social e acadêmico. 
Nessa perspectiva, o presente ebook se configura como um material 
didático para tentar “desmistificar” alguns aspectos da textualização, 
divulgando-os e abordando os conceitos e definições básicas. De fato, 
a observância de aspectos da textualidade tais como a modalização, as 
noções de gêneros versus tipos textuais, a paráfrase e a repetição, a dêixis, 
a retextualização, a referenciação, a intertextualidade contribuem para a 
já referida consciência metatextual, que é a habilidade de refletir sobre as 
propriedades dos textos tanto no macro como micronível.
Maria Inez Matoso Silveira
Silvio Nunes da Silva Júnior
Capítulo 1
Modalidade e modalização
Geison Araujo Silva
Silvio Nunes da Silva Júnior
 
https://doi.org/10.52788/9786599463976.1-1
https://doi.org/10.52788/9786599463976
8MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Dentre os debates que vêm sendo efetuados nos estudos da linguagem, o 
tema “Modalidade e Modalização” poucas vezes é mencionado, o que deixa de 
lado, naturalmente, as suas contribuições para as investigações sobre o texto, 
o qual tem profícua relação com o discurso. Os estudos sobre modalidade e 
modalização, mesmo que não sejam numerosos, apresentam uma infinidade 
de enlaces que merecem destaque numa discussão como a que se propõe neste 
capítulo. Assim, não objetivando dar conta de todo um amplo panorama de 
estudos sobre modalidade e modalização na Linguística de Texto e na Teoria 
da Gramática, intentamos estabelecer um diálogo teórico-prático entre as 
discussões sobre modalidade e modalização de diferentes linhas de pesquisa 
com materialidades textuais diversas.
 Partindo da noção de que o termo modalização expressa um julgamento 
do falante perante uma proposição (CASTILHO; CASTILHO, 2002), os 
estudos da linguagem acabam gerando uma relação de sinonímia entre a 
modalização e a modalidade, isso porque, com a conceituação apresentada, 
a carga semântica dos dois meandros parece idêntica. Entretanto, Castilho 
e Castilho (2002), em reflexões sobre a gramática da língua portuguesa, 
acreditam que é necessário conceituar os dois termos para que cada um seja 
direcionado a um foco, o que é determinado pelo conteúdo proposicional da 
oração.
 As discussões sobre modalização surgiram no âmbito da Retórica 
aristotélica, através da qual o filósofo buscou sistematizar as regras da 
argumentação, na tentativa de distinguir os argumentos válidos e inválidos. 
O ponto central dessa sistematização concentrava-se nos silogismos. De 
acordo com Sautter (2010, p. 317), 
um silogismo é uma relação de relações entre termos: nele, uma relação 
entre dois termos é esclarecida recorrendo-se a um terceiro termo cujas 
relações com aqueles são conhecidas; o silogismo é uma ‘triangulação’ 
de termos. 
Nesse sentido, o silogismo representa a arena em que Aristóteles, numa 
perspectiva instrumental, definiu as regras da argumentação. O exemplo 
ilustrativo mais famoso de silogismo é: “Todo homem é mortal. Sócrates é 
um homem. Logo, Sócrates é mortal”.
 Desse modo, observamos que a lógica trazida pelos estudos 
aristotélicos determina dois modos de conceber a validade de uma informação 
9MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
dada por uma prática linguística1. Noutros termos, não seria possível, numa 
simples prática de leitura ou escrita, pensar numa diversidade de opiniões 
a respeito do discurso. Seria necessário, assim, pensar numa única verdade, 
uma verdade absoluta que tanto poderia ser predominantemente verdadeira 
como totalmente falsa.
 Numa perspectivalinguístico-gramatical, Castilho e Castilho (2002, p. 
217) afirmam que
A Gramática Tradicional reconhece dois grandes componentes na 
sentença: o componente proposicional, constituído de sujeito + predicado 
(=dictum), e o componente modal, que é uma qualificação do conteúdo 
da forma de P, de acordo com o julgamento do falante (=modus). 
Esse julgamento se expressa de dois modos: 1) o falante apresenta o 
conteúdo proposicional numa forma assertiva (afirmativa ou negativa), 
interrogativa (polar ou não-polar) e jussiva (imperativa ou optativa); (2) 
o falante expressa seu relacionamento com o conteúdo proposicional, 
avaliando seu teor de verdade ou expressando seu julgamento sobre a 
forma escolhida para a verbalização desse conteúdo.
Os dois componentes que circundam a sentença são, justamente, 
modalidade e modalização. A modalidade, assim, é observada sob o viés da 
estrutura da língua e não se detém numa observação acerca de como a prática 
linguística é verbalizada. A esse respeito, Vilela e Koch (2001) lembram que a 
modalidade apresenta-se mediante lexicalizações de acordo com funções que 
exerce. Percebemos, com isso, que a modalidade está presente nas sentenças 
independentemente da posição de seus elementos e se manifesta basicamente 
por meio de três categorias.
Modalidade Assertiva: apresenta o tom positivo ou negativo da 
proposição.
Ex: Certamente o governo irá lançar alguma medida.
Nunca haverá política sem corrupção.
Convém salientar que os advérbios certamente e nunca demonstram 
como no início da sentença a modalidade assertiva anuncia o efeito procedente. 
1 Estaremos utilizando a denominação “prática linguística” para nos referirmos às atividades de linguagem que 
servem como base para o estudo da modalidade e da modalização.
10MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Modalidade Interrogativa: possui duas categorias que delimitam a 
colocação do tom de verdade da produção discursiva, a saber: a modalidade 
interrogativa polar e a modalidade interrogativa não-polar.
Modalidade interrogativa polar: nessa categoria o valor de verdade da 
frase não fica evidenciado para o interlocutor.
Ex:. Então vocês ahn:: têm irmãos?
Modalidade interrogativa não-polar: quando a verdade é exposta para o 
interlocutor e a expressão solicita um complemento da reflexão pré-existente.
Ex: Como ela desenha?
A polarização ou não das sentenças ocorre no ato da produção e 
são mais recorrentes, para fins de exemplificações, nas práticas orais 
dos falantes. Não podemos afirmar, com isso, que o falante planeja a 
polarização da sua atividade de linguagem, porém a interação entre 
locutor e interlocutor determina todo o enredo.
Modalidade Jussiva: expressa a ideia de ordem do locutor do discurso e 
pode ser imperativa ou optativa.
Modalidade jussiva imperativa: quando o interlocutor tem a obrigação 
de agir sob o comando do locutor.
Ex: Faça o relatório imediatamente!
Modalidade jussiva optativa: quando a ordem não precisa ser cumprida 
de imediato pelo interlocutor.
Ex: Limpe a cozinha assim que puder!
A modalidade jussiva, por integrar variadas práticas linguísticas, 
pode ser observada em diferentes suportes verbais. Para Corbari (2013), a 
modalidade, num contexto mais abrangente, é obrigatória a toda interação 
verbal, uma vez que considera que o enunciador “Ainda que possa fazer 
11MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
escolha entre as formas de dizer, não pode fugir das possibilidades dadas 
pelo sistema reconhecido pela comunidade linguística e não pode deixar de 
escolher uma ou outra forma de fazê-lo” (CORBARI, 2013, p. 36). Nesse sentido, 
após a produção da sentença, o falante tem a possibilidade de reformular os 
seus dizeres e o estudo da modalidade pode contribuir para tanto.
Retomando Castilho e Castilho (2002), assim como existe a categoria 
de análise que se intenta na percepção da prática linguística estruturada 
sem contextualização, tem-se a categoria que considera o relacionamento do 
falante com o conteúdo proposicional: a modalização. Os mesmos autores 
definem modalização como o termo que expressa um julgamento do falante 
perante uma proposição. Dando continuidade a esse pensamento, Koch (2008, 
p. 60) entende que
A argumentatividade permeia todo o uso da linguagem humana, 
fazendo-se presente em qualquer tipo de texto e não apenas naqueles 
tradicionalmente classificados como argumentativos. Não há texto 
neutro, objetivo, imparcial: os índices de subjetividade se introjetam no 
discurso, permitindo que se capte a sua orientação argumentativa. 
Com base nas considerações da autora, entendemos que toda prática 
linguística, inserida em qualquer que seja o gênero ou tipologia textual (a 
depender da orientação teórica), possui uma orientação argumentativa. Nessa 
perspectiva, considera-se que no ato de produção de um texto, na oralidade 
ou na escrita, o sujeito imprime nele características de sua subjetividade, 
tornando-o naturalmente argumentativo. É nesse jogo da construção textual 
com orientação discursivo-argumentativa que entra em ação a modalização. 
Segundo Castilho e Castilho (2002):
A modalização movimenta diferentes recursos linguísticos, a saber: a 
prosódia, como nos alongamentos vocálicos e na mudança de tessitura. 
Ex:. Trabalhei MUIIITO, mas muito MESmo; os modos verbais; os verbos 
auxiliares, como: dever, poder, querer, e os verbos que constituem 
orações parentéticas e matrizes, como: achar, crer, acreditar; adjetivos, 
sós ou em expressões como ‘é possível’, ‘é claro’, ‘é desejável’; advérbios, 
como: possivelmente, exatamente, obviamente etc.; e sintagmas 
preposicionados em função adverbial, como: ‘na verdade’, ‘em realidade’, 
‘porcerto’ etc.(CASTILHO; CASTILHO, 1992, p. 278)
12MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Assim como a modalidade, a modalização também apresenta categorias 
nas quais os textos analisados devem estar inseridos, conforme mostra o 
esquema a seguir, baseado nas definições dos autores supracitados:
Figura 1 - Tipos de modalização
Fonte: adaptado de Castilho e Castilho (2002).
 De acordo com Koch (2006, p. 136), os modalizadores epistêmicos 
“assinalam o grau de comprometimento/engajamento do locutor em relação 
ao seu enunciado, o grau de certeza com relação aos fatos enunciados.” A partir 
disso, a autora expõe que o engajamento exercido pelos sujeitos relaciona-se 
diretamente com as intenções do enunciador e, por reflexo, com o contexto 
da enunciação de modo geral. Dentro da modalização epistêmica existem 
os modalizadores asseverativos, os modalizadores quase-asseverativos e os 
modalizadores delimitadores.
 Os modalizadores asseverativos indicam que o falante entende como 
verdadeiro o conteúdo do dito. Usando esse tipo de modalização, o enunciador 
demonstra absoluta certeza e compromentimento em relação ao conteúdo 
do enunciado, como por exemplo,
Não há duvidas de que a UFAL e demais universidades sofrerão 
perdas daqui pra frente, pois certamente o governo manterá os 
ataques à educação. Entretanto, não sucumbiremos de forma 
alguma.
Através dos modalizadores quase-asseverativos, por sua vez, conforme 
Castilho e Castilho (2002, p. 207), o enunciador assume uma posição de 
menor adesão em relação ao caráter verdadeiro (ou não) do conteúdo do 
enunciado. Por consequência, produz efeitos de incerteza, possibilidade e/
ou probabilidade. Como expresso nos exemplos a seguir:
13MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Provavelmente, a UFAL e demais universidades sofrerão perdas daqui 
pra frente, pois é possível que o governo mantenha os ataques à educação.
Já os modalizadores delimitadores estabelecem limites que impõem o 
tom verídico do enunciado, assim como aparece em:
Socialmente falando, as ações do atual governo impactam 
diretamente sobre as classes mais pobres e quase todosos direitos 
conquistados estão sendo ameaçados.
Diante disso, depreendemos que a modalização epistêmica está 
direcionada à validade (em maior ou menor grau) das informações passadas 
pelos enunciados produzidos na fala e/ou na escrita cotidiana.
Sob outro ângulo, a modalização deôntica direciona-se às práticas 
linguísticas que buscam produzir efeito direto sobre o outro através da 
ênfase na demonstração de um determinado caráter de autoridade, que 
deve ser reconhecido e respondido. Conforme assinala Lyons (1977, p. 823)o
O termo deôntico (do grego ‘déon’: o que é obrigado) é amplamente usado 
por filósofos para se referir a um ramo particular ou extensão da lógica 
modal: a lógica da obrigação e da permissão (cf. Von Wright, 1951). (...) 
modalidade deôntica diz respeito à necessidade ou possibilidade de atos 
serem executados por agentes moralmente responsáveis.
De modo mais específico, o referido autor compreende que
Se X reconhece que ele é obrigado a realizar uma ação, logo há usualmente 
alguém ou alguma coisa que ele reconhecerá como responsável por 
ele estar sob a obrigação dessa ação. Esta pode ser alguma pessoa ou 
instituição à qual ele se submete. Isso pode ser algo mais ou menos 
explícito, formulado por princípios morais ou legais, isso pode ser não 
mais que uma coerção interna, que ele possa rigidamente identificar e 
obedecer (LYONS, 1977, p. 824).
As modalizações deônticas estão situadas no campo da conduta, isto 
é, a linguagem das normas, ou, nas palavras de Koch (2008), aquilo que se 
deve fazer ou que se deseja que seja feito. Para Castilho e Castilho (2002), 
o uso da modalização deôntica “indica que o falante considera o conteúdo 
14MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
de P (proposição) como um estado de coisas que deve, que precisa ocorrer 
obrigatoriamente” (CASTILHO; CASTILHO, 2002, p. 207). Os principais 
modalizadores que se enquadram nessa categoria são: você pode, você tem 
que, eu preciso, você deveria, você deve, eu te aconselho, eu sugiro que, é 
preciso que etc.
 Segundo Cervoni (1989), é possível distinguir 4 tipos específicos de 
modalizadores deônticos: de obrigatoriedade, de proibição, de permissão e 
de facultação. Dada a dificuldade de distinguir cada um deles, o autor sugere 
que se leve em consideração o efeito de sentido instaurado na produção de 
sentidos. 
Assim, é possível distinguir aqueles em que se expressa diretamente 
ao interlocutor uma obrigação, uma proibição ou uma permissão, como nos 
exemplos abaixo:
Você deve tomar banho.
Você não pode jogar videogame.
Você pode passear.
Por outro lado, há enunciados em que o modalizador assume um teor 
impessoal, não estabelecendo diretamente ordem, permissão ou proibição ao 
interlocutor, adquirindo, assim, um efeito generalizante, como em:
É necessário tomar banho.
É proibido jogar videogame.
É permitido passear.
Finalmente, há também os modalizadores em cujo uso se abrangem 
ambos os sujeitos da enunciação, isto é, tanto o locutor quanto o interlocutor.
É necessário que tomemos banho.
Não podemos jogar videogame.
Não devemos passear.
15MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
[...] Todo mundo sabe que a Prefeitura tem que deixar a cidade 
organizada, pelo menos limpa, mas com esse prefeito aí, fica muito 
difícil, é muito roubo, nosso dinheiro vai todo para o bolso dele e as 
ruas ficam sujas. Certamente, se esse prefeito fosse sério, estaria 
comprometido com o bem-estar da população, mas, possivelmente, 
ele nem sabe o que é isso. Eu venho aqui exercer o meu papel de 
cidadão, o meu direito e o direito de todos os moradores da Ilha, 
a ter uma cidade limpa e organizada, afinal, todo mundo trabalha, 
paga esses impostos caros e a prefeitura tem que dar à população 
uma cidade organizada, limpa. É preciso colocar esse povo todo da 
secretaria de obras, gari, varredor de rua para trabalhar. [...]2
Nesse sentido, a modalização deôntica não se insere numa perspectiva 
estrutural, nem carrega somente uma conceituação generalizante. As 
categorias apresentadas, acompanhadas de suas definições e exemplos, trazem 
a reflexão de que não é somente pensar em práticas linguísticas determinadas 
por falantes moralmente responsáveis. É necessário, sobretudo, destacar por 
quais caminhos o enunciado é estabelecido e, consequentemente, em quais 
categorias eles se manifestam.
Já a modalização avaliativa (ou afetiva) é a que “verbaliza as reações 
emotivas do falante em face do conteúdo proposicional, deixando de lado 
quaisquer considerações de caráter epistêmico ou deôntico” (CASTILHO; 
CASTILHO, 2002, p. 223). No entanto, como destaca Nascimento (2005, p. 
64), em uma outra perspectiva teórica, a modalização avaliativa pode revelar 
mais que um sentimento ou emoção do locutor em função da proposição ou 
enunciado. 
Ela mostra, também, uma avaliação da proposição por parte do falante, 
“emitindo um juízo de valor e indicando, ao mesmo tempo, como o falante 
quer que essa proposição seja lida”, (NASCIMENTO, 2005, p. 64) como fica 
evidenciado no exemplo a seguir:
Infelizmente, a UFAL e demais universidades sofrerão severas 
perdas daqui pra frente, pois lamentavelmente o governo manterá os 
ataques inescrupulosos à educação. Ainda bem que permanecemos 
unidos e devemos nos esforçar para assim permanecer e resistir. 
2 Disponível: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/
PfEexeXT5TzSXTxZHAyPgYUAMwfMprYpjWh8HnMXStpQEZ37ZA2h/texto-1-para-impressao-sem-polidez-
lp06-03sqa07.pdf
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/PY3z9rNnPfEexeXT5TzSXTxZHAyPgYUAMwfMprYpjWh8HnMXStpQEZ37ZA2h/texto-1-para-impressao-sem-polidez-lp06-03sqa07.pdf
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/PY3z9rNnPfEexeXT5TzSXTxZHAyPgYUAMwfMprYpjWh8HnMXStpQEZ37ZA2h/texto-1-para-impressao-sem-polidez-lp06-03sqa07.pdf
16MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Outros modalizadores afetivos/avaliativos que podem ser encontrados 
em interações cotidianas são: felizmente, pena que, lamentavelmente, ainda 
bem que, estranhamente, fielmente, curiosamente e tristemente. Percebemos, 
com isso, que mediante às modalizações epistêmica e deôntica, a afetiva/
avaliativa traz para o enunciado um direcionamento mais efetivo, ou seja, 
apresenta mais explicitamente as marcas argumentativas do enunciador.
Diante do que foi trazido neste capítulo, compreendemos que os estudos 
da linguagem carecem de discussões mais recorrentes a respeito dos temas 
modalidade e modalização. Tanto nos estudos sobre texto e discurso, como nas 
discussões voltadas à gramática da língua portuguesa, pensar nos aspectos 
de modalidade e nos modalizadores é pertinente para que pesquisadores 
e professores em atuação possam ter mais subsídios para análises que se 
amplificam desde a estrutura da língua até as suas respectivas relações de 
sentido.
17MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Referências
CASTILHO, A. T.; CASTILHO, C. M. M. de. Advérbios Modalizadores. In: ILARI, Rodolfo 
(Org.) Gramática do Português Falado. 2. ed. revista. Campinas: Editora da UNICAMP, 
2002. 
CERVONI, J. A enunciação. São Paulo: Ática, 1989. 
CORBARI, C. C. Atitudes linguísticas: um estudo das localidades paranaenses de Irati e 
Santo Antonio do Sudoeste. Tese (Doutorado em Letras), Universidade Federal da Bahia, 
2013.
KOCH, I. G. V. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2008. 
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006.
LYONS, J. Linguistic semantics: an introduction. Cambridge: Cambridge University 
Press, 1977. 
NASCIMENTO, E. P. A modalização como estratégia argumentativa: da proposição ao 
texto. In: Congresso Internacional da ABRALIN, 4, 2009, João Pessoa: Editora Idéia, 2010. 
p. 1369-1376. 
NASCIMENTO, E. P. Jogando com as vozes do outro: A polifonia – recurso modalizador na 
notícia jornalística.Tese (Doutorado em Letras), Universidade Federal da Paraíba, 2005. 
SAUTTER, F. T. A Essência do Silogismo: Uma Abordagem Visual. Cognitio, São Paulo, v. 11, 
n. 2, p. 316-332, jul./dez. 2010.
VILELA, M; KOCH, I. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001. 
Capítulo 2
Gêneros, suportes 
e tipos textuais
Humberto Soares da Silva Lima 
Rosana Taciana Portela Nicácio dos Santos
https://doi.org/10.52788/9786599463976.1-2
https://doi.org/10.52788/9786599463976
19MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Introdução
Este texto é proveniente de um seminário apresentado na disciplina 
Linguística Textual, no semestre 2019.1, sob orientação da Profa. Dra. Inez 
Matoso, no Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura – PPGLL, 
da Faculdade de Letras – FALE. Na ocasião, após a discussão e apresentação 
do seminário, a professora solicitou um texto que culminasse com a temática 
que apresentamos aqui. Vamos à temática!
Os estudos sobre os gêneros textuais ganharam notoriedade há muito 
tempo, relacionando as diversas formas de propagação do discurso com as 
possibilidades dos textos. Se pensarmos no Ocidente, através da observação 
iniciada por Platão, já se passaram 25 séculos que os estudos sobre os gêneros 
textuais começaram (MARCUSCHI, 2008).
Diante disso, há vários profissionais de diversas áreas que se interessam 
pelos gêneros textuais, tais como: Teóricos da Literatura, Retóricos, Sociólogos, 
cientistas da Cognição, Tradutores, Linguistas da Computação, Analistas do 
Discurso e outros. 
A expressão “gênero” esteve, na tradição ocidental, ligada aos estudos 
dos gêneros literários (lírico, épico e dramático), buscava-se compreender 
as particularidades de cada gênero, na tentativa de propor uma relação 
sistemática entre eles. Platão, por sua vez, buscou compreender os três 
elementos do discurso que compõem os gêneros:
1. Aquele que fala
2. Aquilo sobre o que se fala
3. Aquele a quem se fala
A partir da compreensão dos elementos constitutivos dos gêneros 
literários, a abordagem realizada por Platão estava voltada para o 
entendimento dos textos líricos, épicos e dramáticos, de modo que houvesse 
uma análise sobre os discursos imbricados nos gêneros.
Associados aos gêneros da retórica, Aristóteles, na Grécia Antiga, em 
se tratando da estratégia e da estrutura, postula três gêneros do discurso 
retórico:
20MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
1. Discurso deliberativo – aconselhar e desaconselhar. 
2. Discurso judiciário – acusar ou defender. 
3. Discurso demonstrativo (epidítico) – elogiar ou censurar. 
De acordo com Marcuschi (2002; 2008), um dos principais teóricos/
estudiosos que pesquisaram a respeito dos gêneros textuais, quanto ao 
suporte em que os gêneros circulam, podemos defini-lo como uma superfície 
física, em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto. Portanto, 
podemos apresentar vários exemplos de suporte, como se vê abaixo.
Figura - Exemplos de suporte em que os gêneros circulam:
Em contrapartida, o suporte, segundo Marcuschi (2002; 2008), não deve 
ser confundido com o contexto nem com a situação, nem tão pouco com o 
canal e a natureza do serviço prestado, pois são instâncias cujas realidades 
provocadas ao texto promovem a divulgação da ideia e do argumento. 
Todavia, o suporte não deixa de operar como um tipo de contexto pelo papel 
de seletividade. 
21MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Assim, faz-se importante que não se confundam os propósitos 
comunicativos, os serviços com os suportes de gêneros .
Os serviços, portanto, implicam a construção de novos textos, utilizando 
várias linguagens, configurando os chamados textos/gêneros multimodais. 
Logo, a tecnologia promove ou reconfigura a ideia de novos gêneros, pois 
a intensidade dos seus usos em relação às interferências comunicativas 
estão constantemente em interação. Os grandes suportes tecnológicos, 
por conseguinte, estão propiciando e abrigando novas características aos 
gêneros, que já são amplamente conhecidos como textos/gêneros virtuais/
digitais.
A partir da concepção seminal de gêneros para Bakhtin (1997), esses 
construtos são consensualmente considerados como “textos relativamente 
estáveis” elaborados e consolidados pelos usuários nas diversas esferas da 
atividade humana. Noutras palavras, os gêneros textuais/discursivos tratam 
de uma multiplicidade de ações mediadas pelos textos e são encontrados a 
partir das interações humanas em contexto social. 
Em se tratando da interação humana, associada ao entendimento dos 
diversos gêneros que circulam na esfera social, temos que considerar os 
gêneros como construtos que têm materialidade linguística (são antes de 
tudo, textos) e têm funcionalidade discursiva que realizam ações sociais. Do 
ponto de vista da materialidade linguística, os textos/gêneros se realizam por 
meio de formas composicionais que constituem os chamados tipos textuais1, 
também chamadas de sequências textuais, a saber: a narração, a descrição, a 
exposição, a argumentação, a injunção e o diálogo. Vejam-se, abaixo, algumas 
características formais presentes nesses tipos textuais.
1 Convém não confundir gêneros com textuais com tipos textuais. O primeiro construto refere-se aos usos 
discursivos da linguagem; o segundo refere-se aos aspectos formais e os recursos linguísticos.
22MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
DESCRIÇÃO – Apresenta verbos de natureza estática (verbos de ligação) no 
presente ou no imperfeito; adjetivação e indicação de lugar. 
NARRAÇÃO - Caracteriza-se pela sequência temporal e lógica dos fatos no 
passado. Apresenta verbos no tempo passado e marcadores de temporalidade. 
É muito frequente nas nossas produções linguageiras orais e escritas através de 
uma infinidade de gêneros textuais. 
EXPOSIÇÃO - A exposição caracteriza-se também pelo ato de explicar, de 
apresentar conceitos, definições, teorias; por isso a exposição aparece nos textos 
didáticos, acadêmicos, ou seja, em textos de divulgação científica. Trata-se de 
uma exposição sintética ou analítica. 
ARGUMENTAÇÃO - A argumentação aparece na defesa de pontos de vista, de 
uma tese, de opiniões, buscando-se adesão. É uma ação persuasiva, de tentativa 
de convencimento. No texto, a argumentação é reconhecida pelos marcadores 
argumentativos pelas modalizações e pela linguagem figurada.
INJUNÇÃO - As injunções são marcadas pelo verbo no imperativo, ou no infinitivo. 
Do ponto de vista retórico-pragmático, dependendo do tipo de interação, as 
injunções são acompanhadas de fórmulas sociais, atenuadores, modalizadores, 
etc. Os gêneros em que aparecem seqüências injuntivas são as receitas, as 
instruções em geral, as bulas de remédio, as preces, os livros de auto-ajuda, os 
provérbios, etc. 
DIÁLOGO- A sequência dialogal é, evidentemente, a mais freqüente nas interações 
da nossa vida cotidiana, pois as conversas de todo tipo estão presentes na nossa 
comunicação oral em todas as esferas da atividade humana. Na língua escrita, 
as seqüências dialogais aparecem de forma direta, marcadas por travessão, 
indicando os turnos; ou com as falas entre aspas, geralmente acompanhadas dos 
verbos discendi (dizer, afirmar, declarar, responder, etc.).
23MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
EXEMPLOS DE TIPOS TEXTUAIS
Descrição
Narração
24MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Argumentação
Exposição
INJUNÇÃO
A importância de se trabalhar com os gêneros textuais em sala de aula, 
nas práticas de língua(gem), encontra-se justamente na multiplicidade de 
possibilidades tanto em relação à produção de texto, quanto à construção 
do senso crítico dos estudantes, pois, só através do conhecimentoe do 
contato com a diversidade dos gêneros textuais que se tem repertório para 
(re)construir novas ideias e argumentos. Além disso, quanto mais gêneros o 
aluno conhece, maior será seu nível de letramento. 
Marcuschi (2002; 2008), quanto à discussão da produção de texto e 
análise linguística, defende um posicionamento do professor de língua(gem) 
que esteja voltado para a construção e a identificação dos diversos gêneros, 
25MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
atrelando o reconhecimento dos gêneros com o conhecimento gramatical. 
Caso não seja essa finalidade, o processo de ensino e aprendizagem da língua 
fica apenas centrado na norma, ou seja, no ensino infrutífero da gramática. 
Referências 
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola Editorial, 2008. 
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; 
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: 
Lucerna, p. 19-36, 2002.
Capítulo 3
Retextualização
Maria Silma Lima de Brito
Dayane Rocha de Oliveira 
https://doi.org/10.52788/9786599463976.1-3
https://doi.org/10.52788/9786599463976
27MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a 
retextualização proposta por Marcuschi (2010), apresentando sua importância 
e possíveis contribuições para o ensino de Língua Portuguesa. Será exposto 
um breve percurso dos paradigmas que envolvem a fala e a escrita para que 
haja uma compreensão a respeito de suas aproximações nos mais variados 
contextos, sejam os de produção textual escrita ou simplesmente interacional/
discursiva. A partir deste estudo, propõem-se atividades de retextualização 
da fala para a escrita, colocando em ação o que foi apresentado por Silveira 
(2006).
Marcuschi (2010), em seu livro Da fala para escrita: atividades de 
retextualização, analisa as operações mais relevantes presentes nesse 
processo singular e de grande importância que é a retextualização, vista pelo 
autor como recurso metodológico que não pode faltar nas aulas de Língua 
Portuguesa, como também em vários eventos comunicativos. No referido 
texto, o pesquisador inicia falando sobre o avanço nos estudos entre língua 
falada e língua escrita, sobre os quais faz algumas considerações importantes. 
Deixando claro que a escrita não é simplesmente uma representação da fala, 
o autor afirma que as duas modalidades são diferentes, mas que as diferenças 
são “graduais e contínuas”. Assim, a retextualização é um recurso para 
entender às especificidades da fala e da escrita, como afirma Marcuschi:
A retextualização não é um processo mecânico, já que a passagem da 
fala para a escrita não se dá naturalmente no plano dos processos de 
textualização. Trata-se de um processo que envolve operações complexas 
que interferem tanto no código como no sentido e evidenciam uma série 
de aspectos nem sempre bem-compreendidos da relação oralidade-
escrita. (2010, p. 46).
O estudioso esclarece, ainda, que o processo de retextualização não 
implica uma espécie de ajuste da fala para o texto escrito, pois “o texto oral 
está em ordem na sua formulação e no geral não apresenta problemas para a 
compreensão [...]. Portanto, a passagem da fala para a escrita não é a passagem 
do caos para a ordem: é a passagem de uma ordem para outra ordem” (op. 
cit. p. 47). Para que haja essa passagem do oral para o escrito é preciso que, 
antes, ocorra uma atividade cognitiva chamada compreensão, visto que, para 
se dizer de outro modo o que foi dito por alguém, é preciso compreender o 
que esse alguém disse. Vejam-se as várias possibilidades de retextualização:
28MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Quadro1. Possibilidades da retextualização 
1. Fala Escrita (entrevista oral entrevista impressa) 
2. Fala Fala (conferência tradução 
simultânea) 
3.Escrita Fala (Texto escrito exposição oral) 
4.EscritaEscrita(Texto escrito resumo estrito) 
 
Quadro 1 - Possibilidades da Retextualização
São diversos os casos em que o ato de retextualizar está presente em 
nossas vidas e não nos damos conta de que esse processo é diariamente 
produzido por nós, dos contextos mais simples aos mais complexos, como 
mostra o quadro acima, em concordância com Marcuschi:
É fácil imaginar vários eventos linguísticos quase corriqueiros em que 
atividades de retextualização, reformulação, reescrita e transformação de 
textos são envolvidos. Por exemplo: (1) a secretária que anota informações 
orais do (a) chefe e com elas redige uma carta; (2) o (a) secretário(a) de uma 
reunião de condomínio (ou qualquer outra) encarregado(a) de elaborar 
a ata da reunião, passando para a escrita um resumo do que foi dito; 
(3) uma pessoa contando à outra o que acabou de ler no jornal ou na 
revista; (4) uma pessoa contando à outra o que acabou de ouvir na TV ou 
no rádio; (5) uma pessoa contando à outra o filme que viu no dia anterior 
ou o último capítulo da novela, ou as fofocas da vizinhança; (6) alguém 
escrevendo uma carta relatando o que ouviu no dia anterior; (7) o(a) aluno 
que faz anotações escritas da exposição do(a) professor(a); (8) o juiz ou o 
delegado que dita para o escrevente a forma final do depoimento, e assim 
por diante (2010, p. 49).
Ademais, o pesquisador expõe que “a oralidade traz certas características 
peculiares que a escrita poderia imitar sem deixar de ser escrita” (p. 53), 
entretanto, aborda que as línguas faladas e escritas possuem processos de 
usos diversos. Outrossim, o autor conceitua quatro variáveis e explica cada 
um delas (MARCUSCHI, 2010)
• O propósito ou objetivo da retextualização;
• A relação entre o produtor do texto original e o 
transformador;
• A relação tipológica entre o gênero textual original e o 
gênero da retextualização;
• Os processos de formulação típicos de cada modalidade.
29MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
No ato de retextualizar, existem propósitos e intenções que necessitam 
ser pré-estabelecidas, observando-se, assim, que não é apenas resumir um 
texto; vai muito além disso. Vejamos os aspectos envolvidos no processo de 
retextualização, sintetizados nos quadros propostos por Marcuschi (2010, p. 
69).
 
 Aspectos-linguísticos-textuais-discursivos cognitivos
 (A) (B) (C) (D)
idealização reformulação adaptação compreensão
eliminação acréscimo tratamento da 
inferência
completude substituição da sequência 
inversão
regularização reordenação dos turnos 
generalização 
Quadro 2 - Aspectos envolvidos nos processos de retextualização
Marcuschi define que o texto base designa a produção original; o texto 
transcodificado seria uma simples transcrição e o texto final é versão final com 
as operações realizadas ao longo do percurso. Acima, a transcrição é definida 
por ele como algo fiel e indefinido quanto ao padrão; sobre a retextualização, é 
representada neste ponto como uma transformação com base em operações 
mais complexas.
Abaixo, citamos as operações textuais-discursivas na passagem do texto 
oral para o escrito. Marcuschi (2010, p. 75):
1ª operação: eliminação de marcas estritamente interacionais 
(hesitações, porexemplo).
2ª operação: Introdução de pontuação.
3.ª operação: Retirada de repetições, reduplicações, redundâncias.
4ª operação: Introdução de parágrafos e pontuação detalhada.
5ª operação: Introdução de marcas metalingüísticas, dêitico.
6ª operação: reconstrução de estruturas frasais truncadas, 
concordância, reordenação sintática.
7ª operação: tratamento estilístico.
8ª operação: reordenação tópica do texto e reorganização da 
seqüência argumentativa.
9ª operação: agrupamento de argumentos condensando as idéias.
30MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Evidentemente, esse modelo operacional, alerta o citado autor, não 
pode, às vezes, ser aplicado na sua totalidade, de forma mecânica, em todos 
os textos; mas, pelo menos alguns elementos e operações podem ser usados 
na tarefa de retextualização. 
Para uma retextualização ser bem sucedida, não é necessário que se 
efetivem todas as operações e, sobretudo, não necessariamente na ordem 
proposta” (p.76). Exemplo das nove operações de retextualização propostas 
por Marcuschi (2010) e exemplificadas por Pantaleoni (2013).
Estratégia 
de eliminação 
baseada na 
idealização 
linguística
1ª operação: 
eliminação 
de marcas 
estritamente 
interacionais, 
hesitações 
e partes de 
palavras.
L2 — e ela mora lá… mas 
ela é…  bem velhinha… 
maluca né? ela até hoje 
não sabe das coisas ela 
esquece os nome ela:: a 
mim ela sabe… mas eu 
invento história pra ela… 
e ela acredita em todas as 
história que eu invento… 
perturba mui:to a vida 
de minha irmã porque 
não tem… os conceitos de 
higiene dela já sumiram… 
só gosta de andar 
mulamba…
L1 — ((riu))
L2 — e ela mora lá 
mas ela é bem velhinha 
maluca ela até hoje 
não sabe das coisas ela 
esquece os nome ela a 
mim ela sabe mas eu 
invento história pra ela e 
ela acredita em todas as 
história que eu invento 
perturba muito a vida 
de minha irmã porque 
não tem os conceitos de 
higiene dela já sumiram 
só gosta de andar 
mulamba
 
Estratégia 
de inserção em 
que a primeira 
tentativa segue 
a sugestão da 
prosódia
2ª operação: 
introdução da 
pontuação com 
base na intuição 
fornecida pela 
entoação das 
falas.
L2 — e ela mora lá mas 
ela é bem velhinha maluca 
ela até hoje não sabe das 
coisas ela esquece os 
nome ela a mim ela sabe 
mas eu invento história 
pra ela e ela acredita 
em todas as história 
que eu invento perturba 
muito a vida de minha 
irmã porque não tem os 
conceitos de higiene dela 
já sumiram só gosta de 
andar mulamba
L2 — e ela mora 
lá, mas ela é bem 
velhinha,maluca, ela 
até hoje não sabe das 
coisas, ela esquece os 
nome, ela a mim, ela 
sabe, mas eu invento 
história pra ela e ela 
acredita em todas 
as história que eu 
invento,perturba 
muito a vida de 
minha irmã porque 
não tem os conceitos 
de higiene, dela, já 
sumiram, só gosta de 
andar mulamba.
https://nilviapantaleoni.wordpress.com/author/nilviapantaleoni/
31MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Estratégia 
de eliminação para 
uma condensação 
linguística
3ª operação: 
retirada de 
repetições, 
reduplicações, 
redundâncias, 
paráfrases 
e pronomes 
egóticos.
L2 — e ela mora 
lá, mas ela é bem 
velhinha,maluca, ela 
até hoje não sabe das 
coisas, ela esquece os 
nome, ela a mim, ela 
sabe, mas eu invento 
história pra ela e ela 
acredita em todas 
as história que eu 
invento,perturba muito a 
vida de minha irmã porque 
não tem os conceitos 
de higiene, dela, já 
sumiram, só gosta de 
andar mulamba.
L2 — ela mora 
lá, mas ela é bem 
velhinha,maluca, ela 
esquece os nome, eu 
invento história pra 
ela e ela acredita em 
todas,perturba muito 
a vida de minha irmã 
porque os conceitos 
de higiene,dela, já 
sumiram, só gosta de 
andar mulamba.
Estratégia 
de inserção
4ª operação: 
introdução da 
paragrafação 
e pontuação 
detalhada sem 
modificação da 
ordem dos tópicos 
discursivos.
L2 — ela mora lá, mas ela 
é bem velhinha,maluca, ela 
esquece os nome, eu 
invento história pra 
ela e ela acredita em 
todas,perturba muito 
a vida de minha irmã 
porque os conceitos 
de higiene,dela, já 
sumiram, só gosta de 
andar mulamba.
Ela mora lá, mas ela é 
bem velhinha, maluca.
Ela esquece os nome. Eu 
invento história pra 
ela e ela acredita em 
todas.Perturba muito 
a vida de minha irmã 
porque os conceitos 
de higiene,dela, já 
sumiram. Só gosta de 
andar mulamba.
Operações de transformação
Estratégia 
de reformulação
objetivando 
explicitude
5ª operação: 
introdução 
de marcas 
metalinguísticas 
para referenciação 
de ações e 
verbalização 
de contextos 
expressos por 
dêiticos.
Ela mora lá, mas 
ela é bem 
velhinha, maluca.
Ela esquece os nome.
Eu invento história 
pra ela e ela acredita 
em todas. Perturba 
muito a vida de 
minha irmã porque 
os conceitos de 
higiene, dela, já 
sumiram. Só gosta de 
andar mulamba.
Ela mora na casa de 
minha irmã, mas ela é 
bem velhinha,maluca. Ela 
esquece os nome. Eu 
invento história pra 
ela e ela acredita em 
todas.Perturba muito 
a vida de minha irmã 
porque os conceitos 
de higiene,dela, já 
sumiram. Ela só gosta de 
andar mulamba.
32MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Estratégia 
de reconstrução
em função da norma 
escrita
6ª operação: 
reconstrução 
de estruturas 
truncadas, 
concordâncias, 
reordenação 
sintática, 
encadeamentos.
Ela mora na casa de 
minha irmã, mas 
ela é bem velhinha, 
maluca. Ela esquece 
os nome. Eu invento 
história pra ela e ela 
acredita em todas. 
Perturba muito a 
vida de minha irmã 
porque os conceitos 
de higiene, dela, 
já sumiram. Ela 
só gosta de andar 
mulamba.
Ela é uma velhinha 
maluca que mora na 
casa de minha irmã. 
Ela esquece os nomes. 
Eu invento histórias e 
ela acredita em todas. 
Perturba muito a vida de 
minha irmã porque os 
conceitos de higiene, dela, 
já sumiram. Ela só gosta 
de andar mulamba.
Estratégia 
de substituição
visando a uma maior 
formalidade
7ª operação: 
tratamento 
estilístico com 
seleção de novas 
estruturas 
sintáticas e novas 
opções léxicas.
Ela é uma velhinha 
maluca que mora 
na casa de minha 
irmã. Ela esquece os 
nomes. Eu invento 
histórias e ela 
acredita em todas. 
Perturba muito a 
vida de minha irmã 
porque os conceitos 
de higiene, dela, 
já sumiram. Ela 
só gosta de andar 
mulamba.
Maria é uma velhinha 
maluca que mora na 
casa de minha irmã. Ela 
esquece os nomes das 
coisas e das pessoas. Eu 
invento histórias absurdas 
e ela acredita em 
todas. Perturba muito 
a vida de minha irmã 
porque seus conceitos 
de higiene já sumiram. 
Ela só gosta de 
andar maltrapilha.
Estratégia 
de estruturação 
argumentativa
8ª operação: 
reordenação 
tópica do texto 
e reorganização 
da sequência 
argumentativa.
Maria é uma velhinha 
maluca que mora na 
casa de minha irmã. 
Ela esquece os nomes 
das coisas e das 
pessoas. Eu invento 
histórias absurdas 
e ela acredita em 
todas. Perturba 
muito a vida de 
minha irmã porque 
seus conceitos de 
higiene já sumiram. 
Ela só gosta de andar 
maltrapilha.
Maria é uma velhinha 
maluca que mora na casa 
de minha irmã. Ela só 
gosta de andar maltrapi-
lha. Perturba muito a vida 
de minha irmã porque 
seus conceitos de higiene 
já sumiram. Ela esquece 
os nomes das coisas e 
das pessoas. Eu invento 
histórias absurdas e ela 
acredita em todas.
33MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Estratégia 
de condensação
9ª operação: 
agrupamento 
de argumentos 
condensando as 
ideias.
Maria é uma velhinha 
maluca que mora na 
casa de minha irmã. 
Ela só gosta de andar 
maltrapilha. Perturba 
muito a vida de 
minha irmã porque 
seus conceitos de 
higiene já sumiram. 
Ela esquece os nomes 
das coisas e das 
pessoas. Eu invento 
histórias e ela 
acreditaem todas.
Maria mora na casa de 
minha irmã e perturba 
muito sua vida porque 
anda suja e maltrapilha. A 
velhinha parece maluca, 
pois esquece os nomes 
das coisas e das pessoas 
e acredita nas histórias 
absurdas que eu invento.
Quadro 3 - Operações de regularização e idealização.
Conclusões
A conscientização sobre o fenômeno da retextualização é de grande 
valia para o ensino e a prática da leitura e da escrita na escola. Com certeza, 
pode-se dizer que, junto com a noção de gêneros textuais, a idéia e a 
prática da retextualização são estratégias de ensino e de aprendizagem que 
podem colaborar no incentivo ao exercício da escrituta na escola. De fato, o 
professor, ao proporcionar a prática da retextualização na sala de aula, leva 
o aluno-aprendiz a perceber não só os aspectos formais da língua ao utilizar 
os inúmeros recursos estilísticos e de textualização, como também pode 
colaborar para o letramento desse aluno. Afinal, o contato com os diferentes 
tipos de textos e de gêneros textuais, obviamente com diferentes propósitos 
comunicativos, ajuda o aluno a desenvolver e diversificar suas estratégias de 
leitura e, com a mediação do professor, pode desenvolver uma consciência 
metalingüística em relação à pratica das atividades da escrita.
Com base em Silveira (2006), propomos uma atividade prática1, cujo 
propósito é retextualizar um aviso escrito numa placa tosca de madeira 
(Fig. 1) colocada na entrada do banheiro de um camping, que passou a ser 
administrado por uma organização não-governamental. A proposta é 1) a 
elaboração de um pequeno cartaz sucinto, feito com material resistente, com 
1 Trata-se de uma contribuição da Profa. Nílvia Pantaleoni da PUC-SP, disponível no sítio: http://www.paratexto.
com.br/filles/0003/ALO doc.
http://www.paratexto.com.br/filles/0003/ALO
http://www.paratexto.com.br/filles/0003/ALO
34MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
letras grandes, a ser impresso e afixado na porta do banheiro; 2) um aviso 
mais detalhado a ser colocado no quadro de aviso da cabana da administração 
do camping e 3) um folder para a divulgação e propaganda do camping entre 
turistas.
“ALO - ATENÇÃO QUANDO VOÇE
SAIR DO BANHEIRO APAGAR A LUZ POR FAVOR
OBRIGADO| - - - - OUTRAS COIZAS VOÇEIS QUE
FUMÃN POR FAVOR NÃO JOGUE BITUCA DE CIGARROS
EN QUAU QUER LUGAR - - NÃO É PERMITIDO
VOÇE ANDAR FUMANDO MACONHA
DENTRO DO CAMPIMG. RESPEITE
A REGRA DO CAMPIMG. OBRIGADO
NÃO ANDAR - GRITANDO NEIN DE DIA
NEIN DINOITE. OKEI TODOS – VÃO GOSTAR
DE VOÇE PRINCIPALMENTE O CAMPIMG
VOÇE É UMA PESSOA BEM EDUCADA
ENTÃO FAÇA ISTO QUE VOÇE
VAI EN QUAL QUER LUGAR VOÇE CERA
BEM VINDO OU BEM – INDO. NOEL AGRADECE
A TODOS _ A COMPRIENÇÃO E QUE – DEUS
NOSSO CRIADOR A BEMSSOIE A TODOS
AMÉM OBRIGADO< < < < < < 2005”
Fig. 1 – Texto escrito numa Placa encontrada na porta do banheiro de um camping.
Referências
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita : atividades de retextualização. São 
Paulo: Cortez Editora, 2010.
PANTALEONI, Nílvia. Aplicação das nove operações de retextualização propostas 
por marcuschi. Disponível em <https://nilviapantaleoni.wordpress.com/2013/04/01/
aplicacao-das-nove-operacoes-de-retextualizacao propostas-por-marcuschi/.> 01/04/2013. 
Acesso em:julho de 2019
SILVEIRA, M. Inez Matoso. Análise de gênero textual: concepção sócio-retórica.
Maceió: Edufal, 2005.
SILVEIRA, M. Inez Matoso. Retextualização – aspectos teóricos e práticos. Artigo 
apresentado em mesa-redonda durante o V ELFE – Encontro Nacional de Língua Falada e 
Escrita –Maceió, novembro de 2006. 
https://nilviapantaleoni.wordpress.com/author/nilviapantaleoni/
https://nilviapantaleoni.wordpress.com/2013/04/01/aplicacao-das-nove-operacoes-de-retextualizacao-propostas-por-marcuschi/
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Capítulo 4
Paráfrase, repetição 
e paralelismo
Janyellen Martins Santos
Romildo Barros da Silva
https://doi.org/10.52788/9786599463976.1-4
https://doi.org/10.52788/9786599463976
36MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Paráfrase: uma definição
De origem grega, o termo paraphrasis significa repetição ou continuidade 
de uma sentença (SANT’ANNA, 2003). Dessa forma, o uso da paráfrase permite 
dizer o mesmo de outra forma, mantendo o sentido original, pois se trata 
de uma reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra 
escrita. “Uma paráfrase pode ser uma afirmação geral da ideia de uma obra 
como esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral ela se aproxima do 
original em extensão (BECKSON; GANZ, 1965 apud SANT’ANNA, 2003, p. 17).
Em relação ao seu uso, pode-se dizer que a paráfrase é um fenômeno que 
pode ser trabalhado tanto na linguagem verbal (no nível do texto e no nível da 
frase), quanto na linguagem não verbal (PINTO, 2016). Sant’anna (2003, p. 26) 
salienta que, para que a paráfrase seja compreendida pelo leitor, é necessário 
que este tenha “um repertório ou memória cultural e literária para decodificar 
os textos superpostos.”.
Recursos da paráfrase
A paráfrase pode ser realizada a partir de alguns recursos, como 
os sinônimos: Ex.: Américo mudou a decoração de seu quarto/Américo 
transformou a decoração de seu quarto. (PINTO, 2016); por meio de 
nominalizações:1 Ex.: O time exigiu a suspensão do jogador./O time exigiu 
que o jogador fosse suspenso; a alteração da voz verbal (ativa para passiva ou 
vice-versa):2 Ex.: A secretária escreve relatórios claros e sucintos. / Relatórios 
claros e sucintos são escritos pela secretária. Antunes (2005) também destaca 
o uso de expressões parafrásicas, como: noutras palavras, em outros termos, 
isto é, ou seja, quer dizer, em resumo, em suma, em síntese.
A paráfrase na linguagem não verbal
Como já foi dito anteriormente, a paráfrase pode ser usada na linguagem 
verbal e na linguagem não verbal. Observe o exemplo3 abaixo:
1 Exemplos retirados da monografia de Oliveira (2012).
2 Exemplos retirados de Gedrat e Silva (2008).
3 Exemplos retirados de Pinto (2016)
37MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Ex.: Obra original Paráfrase
4
As meninas, de Diego Velázquez (1656). As meninas, de Pablo Picasso (1957).
Nesse exemplo, Picasso fez uma releitura da obra de Diego Velázquez, na 
qual introduziu elementos geométricos e um tom mais monocromático nas 
cores, porém é possível relacioná-la com a obra original.
A paráfrase no nível da frase
No enunciado a seguir, o autor utilizou expressões parafrásicas para 
esclarecer algo que havia dito antes, parafraseando seu texto.4 Ex. “Para uma 
pessoa obter o título de doutor [...], ela tem de trazer uma grande pesquisa na 
sua área de conhecimento [...]. E essa pesquisa tem de ser inédita, isto é, ela 
precisa trazer alguma contribuição nova àquele campo de estudos (BAGNO, 
1989, p.20).
A paráfrase no nível do texto
Veja os fragmentos de textos a seguir:
Canção do exílio
(Gonçalves Dias)
[...]
Nosso céu tem mais estrelas,
4 Exemplo retirado de Antunes (2005).
38MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Pode-se dizer que o hino nacional é uma paráfrase do poema de Gonçalves 
Dias, pois há diversas expressões que remetem à exaltação da fauna e da flora 
do Brasil, como no poema.
Paráfrase x paródia
Paráfrasee paródia apresentam características diferentes e, sendo assim, 
é importante destacá-las a fim de evitar problemas na sua identificação nos 
textos. Pinto (2016, p. 165) afirma que “as paródias são recriações de textos 
[...] cujas mensagens são alteradas para produzir efeito irônico ou cômico.”. 
Seu uso é bastante frequente em textos humorísticos e publicitários para 
“fazer críticas ou divulgar produtos, aproveitando a popularidade de músicas, 
poemas etc.” (PINTO, 2016, p. 165). 
A paráfrase, por seu turno, consiste na refomulação de um texto ou suas 
partes. É um recurso que possibilita a expressão de um conteúdo de maneiras 
diferentes. (GEDRAT; SILVA, 2008). Em suma, a paródia apresenta a mesma 
forma, mas conteúdo diferente; a paráfrase mostra o mesmo conteúdo, porém 
de forma diferente (PINTO, 2016).
Nesse sentido, Sant’anna (2003) afirma que a paráfrase é um discurso 
em repouso, apresentando um efeito de condensação; a paródia é o discurso 
em progresso, apresentando um efeito de deslocamento. “Numa há o reforço, 
na outra a deformação. Com a condensação, temos dois elementos que se 
equivalem a um. Com o deslocamento, temos um elemento com a memória 
de dois” (SANT’ANNA, 2003, p. 28). Assim, o autor destaca que é por isso
que se pode falar do caráter ocioso da paráfrase e do caráter contestador 
da paródia. Na paráfrase alguém está abrindo mão de sua voz para deixar 
falar a voz do outro. Na verdade, essas duas vozes, por identificação, 
situam-se na área do mesmo. Na paródia busca-se a fala recalcada do 
outro. (SANT’ANNA, 2003, p. 29, grifo do autor).
Diante disso, o leitor “deve estar sempre atento ao fato de que, ao 
estabelecer as relações intertextuais, o autor pode ter alterado o sentido do 
texto original no texto que produziu.” (PINTO, 2016, p. 180).
39MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Repetição: definição
A “repetição é a produção de segmentos textuais idênticos ou 
semelhantes, duas ou mais vezes no âmbito de mesmo evento comunicativo” 
(MARCUSCHI, 2015, p.209). O autor salienta que existe uma diferença entre 
repetir um mesmo item e dizer a mesma coisa.
Repetição na fala e na escrita
Marcuschi (2015, p. 208), em relação à paráfrase destaca, também, 
a diferença do uso da repetição na fala e na escrita. Na fala, “as repetições 
apresentam características de um planejamento linguístico on-line com 
traços de um texto relativamente não planejado.” O autor ressalta a grande 
presença desse recurso na fala, já que a cada cinco palavras, uma é repetida.
Na escrita, por sua vez, como há a revisão e a editoração dos textos, a versão 
final de um texto escrito não apresenta muitas repetições. (MARCUSCHI, 
2015). O que evidencia sua frequente presença nos textos orais.
Aspectos funcionais
De acordo com Marcuschi (2015), as repetições na fala podem atuar 
na coesividade, compreensão, continuação tópica, argumentatividade e 
interatividade. Na coesividade, segundo Marcuschi (2015), a repetição é 
um recurso utilizado tanto na sequenciação quanto na referenciação. 
Podem-se observar os seguintes recursos: Listagem, amálgamas sintáticos e 
enquadramento sintático-semântico.
No que diz respeito à compreensão, a repetição pode facilitá-la e 
promovê-la por meio das seguintes funções: intensificação, transformação de 
rema em tema e esclarecimento. Na organização tópica, por sua vez, a repetição 
pode introduzir, reintroduzir, manter ou delimitar tópicos. As repetições também 
demarcam posicionamento e argumentatividade, podendo reafirmar, 
contrastar ou contestar argumentos.
A interatividade na repetição se manifesta por diversos aspectos, 
como na expressão de opinião, no monitoramento da tomada de turno, na 
ratificaçãodo papel do ouvinte e na incorporação de sugestões.
40MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Aspectos da repetição na escrita
Reiteração
Além dos aspectos mencionados, Antunes (2005), descreve que a 
repetição é um dos constituintes do fenômeno da reinteração. “A reiteração é a 
relação pela qual os elementos do texto vão de algum modo sendo retomados, 
criando-se um movimento constante de volta aos segmentos prévios – o que 
assegura ao texto a necessária continuidade de seu fluxo” (ANTUNES, 2005, 
p.52, grifos da autora).
Repetição
Para Antunes (2005), a repetição é um recurso da coesão que inclui a 
paráfrase, o paralelismo e a repetição propriamente dita. Além disso, “pelo 
procedimento da repetição, recorremos à estratégia de voltar a um segmento 
anterior do texto, mantendo algum elemento da forma ou do conteúdo.” 
(ANTUNES, 2005, p. 60).
Repetição propriamente dita
É a “ação de voltar ao que foi dito antes pelo recurso de fazer reaparecer 
uma unidade que já ocorreu previamente.” (ANTUNES, 2005, p. 70).
Paralelismo: conceitos
“O paralelismo é um recurso muito ligado à coordenação de segmentos 
que apresentam valores sintáticos idênticos, o que nos leva a prever que os 
elementos coordenados entre si apresentem a mesma estrutura gramatical.” 
(ANTUNES, 2005, pp. 63-64). É, dessa maneira, “uma diretriz de ordem 
estilística – que dá ao enunciado uma certa harmonia – e constitui ainda um 
41MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
recurso de coesão – que deixa o enunciado numa simetria sintática que é por 
si só articuladora.” (ANTUNES, 2005, p. 64).
Por essa razão, o paralelismo se dá de maneira sintática e semântica: o 
sintático acontece utilizando “as mesmas estruturas sintáticas, preenchidas 
com itens lexicais diferentes” (KOCH, 2014, p. 56); o semântico ocorre quando 
as ideias se associam “numa correlação lógica ou argumentativa, guardando-
se o princípio de simetria de planos, de níveis ou de domínios para os quais 
essa ideia remetem” (ANTUNES, 2005, p. 68).
Exemplo de paralelismo sintático
1 Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o 
SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: 
Não comereis de toda árvore do jardim?
2 Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos 
comer, 3 mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse 
Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. 4 
Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 
(BÍBLIA, Gênesis, 3, 1-4).
Nesse exemplo, os verbos assumem a mesma forma, no que concerne 
à variação verbal, seguindo uma simetria sintática, ou seja, seguem o 
paralelismo sintático.
Exemplo de paralelismo semântico
D - Olha... eu queria perguntar... candidato... sobre::... a educação... 
A educação é prioriDAde no meu governo... eh.. se considerar eu 
e o presidente Lula nós triplicamos o:: valor gasto na educação... 
da creche a pós graduação... gostaria de saber... candidato... 
o que o senhor acha de um programa como o PRONATEC?... 
um programa... que foi baseAdo nas escolas técnicas que nós... 
acabamos com a proibição feita durante o seu governo... por isso... 
durante o governo Fernando Henrique Cardoso vocês construíram 
Onze escolas técnicas... no meu governo... eu construí.. e:: está 
funcionando... candidato... duzentos e oito escolas técnicas... isto... 
ésim:plesMENte mil e seiscentos por cento mais... foi por causa 
dessas escolas técnicas... que nós puDEmos dar oportunidades para 
42MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
os JOvens de fazer um curso TÉCnico... pros/ adultos também... o 
PRONATEC é isso... é baseado nessas escolas EM:: parceria com o 
sistema S... ((sorriso)) (24min.26seg. ) Debate político televisionado 
do segundo turno. 2014)
Os termos em destaque são provenientes do mesmo campo semântico 
(educação). Ao utilizar tais termos, o debatedor mantém a unidade temática e 
faz, intuitivamente, o paralelismo semântico.
Isso comprova duas afirmações de Antunes (2005, p. 54): a primeira 
sobre a existência permanente “por mais tênue que seja, de alguma ligaçãosemântica entre as palavras de um texto.”; e a segunda a respeito da constatação 
de que “todo texto é necessariamente marcado por uma unidade temática, 
isto é, pela concentração em um único tema, embora desenvolvido, às vezes, 
em subtemas diversos”. 
A partir do exposto, notou-se que o paralelismo está presente em muitos 
textos para organizar sua estrutura interna e promover seus sentidos. Assim, 
independente do gênero textual, o paralelismo se estabelece pela simetria 
entre estruturas e ideias e, portanto, “constitui um recurso bastante relevante 
para o estabelecimento da coesão e da coerência.” (ANTUNES, 2005, p.69-70).
Referências
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola Editorial, 
2005.
BEAUGRANDE, R. A.; DRESSLER, W. U. Introduction to text linguistics. London: 
Longman, 1983.
BÍBLIA, A. T. Gênesis. In BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Trad. João Ferreira de 
Almeida. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008. p. 5.
GEDRAT, Dóris Cristina; SILVA, Mozana Rossetto. A paráfrase. In: Comunicação e 
expressão. Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)(org.). Curitiba: Ibpex, 2008.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. Trad. Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. 
São Paulo: Cultrix. 1973.
KOCH, Ingedore G. V. A coesão textual. 22. ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2014.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. A Repetição. In: In: JUBRAN, Clélia Spinardi. A construção do 
texto falado. São Paulo: Contexto, 2015.
OLIVEIRA, Sara de. Mecanismos de Paráfrase. Departamento de Linguística, Português e 
Línguas Clássicas, da Universidade de Brasília, 2012.
43MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
PINTO, Deise Cristina de Morae. Paráfrase e paródia. In: PINTO, Deise Cristina de 
Moraes; COELHO, Fábio André Cardoso; RIBEIRO, Roza Maria Palomanes. Introdução à 
semântica. V. único. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & cia. 7ª ed. 5ª impressão. São Paulo: 
Editora ática, 2003.
SANTOS, Maria F. Oliveira. Os saberes construídos no processo da pesquisa. Maceió: 
Edufal, 2013. 
44MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Anexo
Capítulo 5
Referenciação
Marcos Suel dos Santos
Cristiane Santos da Silva
https://doi.org/10.52788/9786599463976.1-5
https://doi.org/10.52788/9786599463976
46MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Este texto sintetiza alguns aspectos sobre a referenciação, temática 
exposta em seminário para a disciplina Estudos em Linguística Textual, 
do Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura (PPGLL), da 
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no período 2019.1. A discussão 
teórica em tela objetiva apresentar, por meio de exemplificações, algumas 
estratégias de que o leitor lança mão no momento da leitura, baseando-se nas 
pistas fornecidas pelo texto que levam à construção de sentidos no modelo 
textual.
A referenciação tem se destacado enquanto objeto de estudo entre 
os estudiosos (Apothéloz, Kleiber, Charolles, Reicher-Béguelin, Mondada e 
Dubois, Koch, Marcuschi, dentre outros) da Linguística Textual desde meados 
da década de 1990, cujo foco de investigação consiste em discutir como se 
dá o processo de construção de sentidos numa perspectiva sociocognitiva e 
interacionista da linguagem (CAVALCANTE, 2017).
A referenciação é um fenômeno textual-discursivo relevante para a 
produção e compreensão de sentidos do texto, sendo, portanto, um processo 
que consiste na construção e na reconstrução de objetos de discurso ou 
referentes. Estes são de ordem cognitiva e discursiva, percebidos na 
intersubjetividade dos sujeitos, ou seja, na relação compartilhada de 
negociações, conforme sinalizam Mondada e Dubois (2014). À medida que 
esses objetos são dinâmicos, operam no texto em modulações, sendo ativados 
ou reativados, categorizados e/ou recategorizados de modo que a progressão 
textual se estabeleça.
No exemplo (1) a seguir, vejamos como ocorre a referenciação.
 Everton diz ter oferta, mas Grêmio nega. 
Everton Cebolinha diz ter oferta concreta para deixar o Grêmio e a saída pode ocorrer 
nas próximas horas. Hoje (13), depois do jogo contra o Vasco, o camisa 11 afirmou que 
a presença em partida diante do Bahia, na quarta-feira, é uma incógnita. Minutos depois, 
a diretoria do clube gaúcho afirmou não ter propostas, contudo manteve brecha para 
transferência. A lista de interessados no atleta é grande e o Arsenal é dos times que 
fizeram sondagem. 
Disponível em: <https://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2019/07/13/everton-diz-ter-
oferta-mas-gremio-nega-arsenal-e-um-dos-interessados.htm>. Acesso em: 14 jul.2019. 
 
No texto, o principal objeto de discurso Everton Cebolinha, depois de 
introduzido, é retomado em dois momentos: o camisa 11 e o atleta. Pode-se 
concluir que a escolha dos referentes reativados não ocorreu por acaso, mas 
47MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
de forma a enaltecer o jogador, como um dos melhores atualmente. A escolha 
da expressão o camisa 11 não se deu de forma aleatória, mas com a intenção 
comparativa de que os jogadores que usam esse número se destacam como os 
melhores, a propósito de Romário, ex-jogador da seleção brasileira de futebol 
e duas vezes bicampeão mundial. Nesse caso, a reconstrução do objeto de 
discurso demanda do interlocutor o acionamento dos conhecimentos prévios, 
ou seja, há uma negociação para a construção de sentido desses referentes.
Estratégias de referenciação
A construção de referentes pressupõe o envolvimento de estratégias, 
as quais, segundo Koch e Elias (2011), são: introdução, retomada e 
desfocalização. Tais estratégias configuram--se imprescindíveis à 
plurilinearidade textual.
•	 Introdução – estratégia que introduz no texto um “objeto” ainda não 
mencionado, sendo que a expressão linguística que o representa é posta 
em foco, ou seja, o referente fica saliente no modelo textual.
•	 Retomada – essa estratégia retoma, reativa um referente já 
introduzido no texto, permitindo que o objeto de discurso permaneça 
em foco. Além disso, essa operação é responsável pelas cadeias coesivas 
do texto e, consequentemente, pela progressão referencial.
•	 Desfocalização – essa estratégia tem como objetivo desfocalizar 
o objeto de discurso principal já introduzido no texto, deixando-o 
permanecer em estado de ativação parcial (stand by), podendo ser 
retomado a qualquer momento. O novo referente (o desfocalizador) 
passa, então, a ocupar a posição focal no modelo textual.
No exemplo (2) a seguir, verificaremos como essas estratégias são 
construídas.
 Torloni critica ação do governo Bolsonaro na Amazônia: "Não me representa" 
Christiane Torloni está estarrecida com as queimadas na floresta amazônica. A atriz 
conheceu a fundo os problemas enfrentados na região Norte do país durante a produção 
do documentário Amazônia - O Despertar da Florestania. O longa, de 108 minutos, da 
Globo Filmes, marca a estreia da artista como diretora ao lado de Miguel Przewodowski. 
 
48MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
No texto, a introdução do objeto de discurso posto em foco é Christiane 
Torloni, uma vez retomado de forma categorizada em a atriz e recategorizado 
como a artista e diretora. No entanto, esse objeto é desfocalizado, ou seja, é 
posto à margem, ficando em stand by e pode ser acionado quando necessário. 
No texto, a desfocalização ocorre quando surge o objeto de discurso ainda 
não mencionado o longa, de 108 minutos, da Globo Filmes, marca a estreia. 
Formas de introdução de referentes
Na esteira dessa discussão, Koch e Elias (2011) admitem haver dois tipos 
de introdução de referentes no texto: a ativação ancorada e ativação não-
ancorada. 
A ativação ancorada ocorre quando um novo objeto de discurso é 
introduzidono texto, com base em elementos associativos em algum cotexto 
ou contexto sociocognitivo. Além disso, os objetos de discurso desse tipo de 
introdução podem ser chamados de anáforas indiretas – quando no cotexto 
não há indícios de um antecedente claramente explicitado, mas pela relação 
de ancoragem, ou seja, é altamente inferível.
No exemplo (3) a seguir, verificaremos como ocorre esse tipo de 
introdução.
Disponível em: <https://www.fabiocampana.com.br/2012/05/charge-do-erasmo/>. 
Acesso em: 15 set. 20119.
Na charge, a anáfora indireta ocorre por meio do novo referente a 
cachoeira, pois esse termo relaciona-se ao termo barco. Este funciona como 
um suporte para que o leitor interprete corretamente o sentido do objeto de 
discurso a cachoeira, colocando-o em uma nova posição focal.
https://www.fabiocampana.com.br/2012/05/charge-do-erasmo/
49MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Para Koch e Elias (2011), as anáforas associativas consistem da 
introdução de um novo objeto de discurso no texto, considerando as relações 
meronímicas, isto é, quando algum elemento é ingrediente de outro.
No exemplo (4) a seguir, verificaremos como ocorre esse tipo de 
introdução.
 1) Entrei no restaurante, e o garçom veio me atender. 
2) Comprei três livros ontem. Os autores estarão fazendo uma sessão de autógrafos 
amanhã. 
No exemplo 1, o novo objeto de discurso o garçom é introduzido no texto 
a partir do termo no restaurante, pois depreende-se que em um restaurante 
a figura do garçom é essencial. Em 2, os autores está associado a três livros, 
porque livros são escritos por alguém, os autores. Nos dois exemplos, fica 
clara a presença da anáfora associativa, uma vez que os referentes estão de 
algum modo associado a outros já mencionados no texto por meio de relações 
meronímicas.
A ativação não-ancorada ocorre quando um novo objeto de discurso é 
introduzido no texto. Quando esse objeto é uma expressão nominal, tem-se 
uma categorização do referente.
No exemplo (5) a seguir, verificaremos como ocorre esse tipo de introdução.
 A grande maioria das espécies de sapos não morde. Esses animais se defendem de 
várias formas: se fingem de mortos, usam veneno ou tentam fugir. Mas alguns sapos 
podem morder, sim. Principalmente os sapos de chifre, de um gênero denominado 
Ceratophrys popularmente chamados de sapos-pacman. 
 
No exemplo, o novo objeto de discurso a grande maioria das espécies de 
sapos é introduzido no texto por meio de uma expressão nominal. Quando 
isso ocorre, tem-se um referente categorizado e recategorizados por meio de 
outras expressões nominais.
Além das formas de introdução de referentes no texto, há também 
as retomadas ou as manutenções que ocorrem ao longo do texto. Assim, 
corroboramos com Koch e Elias (2011) quando reafirmam que a retomada 
é um mecanismo responsável pela manutenção do objeto de discurso já 
mencionado; além disso, agem na progressão referencial, constituindo-se 
como essencial às cadeias coesivas. 
50MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
As autoras também afirmam que a realização dessas retomadas está de 
alguma forma presente no texto por meio de recursos de ordem gramatical 
(pronomes, elipses, numerais, advérbios locativos) e lexical (reiteração de itens 
lexicais, sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, expressões nominais). 
Assim, no texto, as retomadas podem ocorrer por meio de:
•	 uso de pronomes ou formas de valor pronominal – recurso conhecido 
como pronominalização de elementos contextuais, isto é, realiza-se no 
texto por meio de pronomes.
•	 uso de expressões nominais definidas – ocorre quando um artigo 
definido ou pronome demonstrativo precede um substantivo. Para 
Koch (2011, p. 68) “as expressões ou descrições nominais definidas [...] 
caracterizam-se por operar uma seleção, dentre as diversas propriedades 
caracterizadoras de um referente, daquelas que são relevantes para os 
propósitos do locutor”.
•	 uso de expressões nominais indefinidas – esse tipo de expressão atua 
como função anafórica, de modo que a introdução de novos referentes não 
é um elemento característico e necessário, pois a retomada, geralmente, 
ocorre por meio da repetição do referente anteriormente introduzido.
No exemplo (6) a seguir, verificaremos como ocorre a retomada das 
expressões.
 A velha contrabandista 
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela 
fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da 
alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha. 
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou 
ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: 
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que 
diabo a senhora leva nesse saco? 
 
Inicialmente, observa-se o uso da expressão nominal indefinida uma 
velhinha que retoma a expressão do título. Em seguida, o pronome pessoa 
ela reporta-se a velha contrabandista e a uma velhinha, ou seja, ao fazer uso 
do pronome tem-se uma pronominalização. No final do primeiro parágrafo, 
o referente da velhinha exemplifica um caso de uso de expressões nominais 
definidas, já que o artigo definido antecede o nome velhinha. A categorização 
e recategorização (vovozinha e senhora) também são exemplo de retomadas 
de referentes no modelo textual.
51MULTIFACES DO TEXTO | SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR E MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA (ORGS.)
Ativação e reativação de referentes
Essas expressões nominais desempenham funções fundamentais 
na progressão referencial dos textos, sinalizando elementos de ativação e 
reativação de novos referentes na memória do leitor ou do ouvinte, de modo 
que as remissões contribuam para a construção de sentido do texto. Assim, 
operam para isso as recategorizações e os encapsulamentos.
Para Lima (2009, p. 40), “o processo de recategorização não 
necessariamente é homologado por uma relação explícita entre um item lexical 
e uma expressão recategorizadora na superfície textual, estando a sua (re)
construção, em maior ou menor grau, sempre condicionada pela ativação de 
elementos inferidos do plano contextual”. Nesse sentido, as recategorizações 
mantêm as mesmas características e propriedades do referente retomado.
Segundo Koch (2011), o encapsulamento funciona no texto como 
um mecanismo particular das nominalizações, tendo ainda como função 
sumarizar as informações em determinados segmentos do texto.
No exemplo (7) a seguir, verificaremos como ocorrem a recategorização 
e o encapsulamento.
 
 O maior transatlântico do mundo atracou no Rio de Janeiro com ameaça de motim a 
bordo. O problema começou quando foi anunciado o cancelamento de três escalas, do 
trajeto entre Nova York e Rio de Janeiro, devido à quebra de um dos motores. 
O Estado de São Paulo, 29 de janeiro de 2006. 
 
O referente o problema funciona no texto como uma recategorização e 
como um encapsulamento. Ao encapsular, o referente sintetiza a expressão 
anterior e a interpretação é possível porque o leitor é capaz de inferir da 
expressão o novo referente que, por sua vez, é recategorizado, pois retoma 
toda a informação expressa em o maior transatlântico do mundo atracou no Rio 
de Janeiro com ameaça de motim a bordo. 
De modo geral, essa discussão teórica refletiu acerca de alguns aspectos 
da referenciação e da progressão referencial, enfatizando a importância da 
construção e da reconstrução de sentido dos referentes ou dos objetos de 
discurso no modelo textual. Faz-se necessário reportar que alguns exemplos 
presentes nesse texto foram retirados das obras mencionadas nas referências.
52MULTIFACES DO TEXTO | MARIA INEZ MATOSO SILVEIRA E SILVIO NUNES DA SILVA JÚNIOR (ORGS.)
Considerações finais
 A referenciação é um elemento muito importante para a qualidade do 
texto escrito, pois proporciona maior fluidez na leitura,

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