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AULA_11_-_PROCESSO_PENAL_APLICADO

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AULA 11 – PROCESSO PENAL APLICADO
Apelação (arts. 593/606, CPP)
A apelação permite combater questões de fato e questões de direito, podendo impugnar error in iudicando (reforma da decisão) ou error in procedendo (anulação da decisão).
Espécies de apelação
Apelação sui generis é a do art. 593, III, "d", e § 3°, do CPP, em que a Instância Superior, se lhe der provimento, em respeito à soberania dos veredictos (mandamento constitucional, art. 5º, XXXVIII, “c”), tão só cassará a sentença, a fim de submeter o réu a novo julgamento por seu juiz natural, que é o Tribunal do Júri, vale dizer, a apelação não substitui a previsão constitucional de exclusividade do Tribunal do Júri na análise de mérito dos crimes dolosos contra a vida, pois, ao afastar a primeira decisão do Conselho de Sentença, simplesmente, determina novo e definitivo julgamento de mérito pelo próprio Júri.
INFORMATIVO nº 1.007, STF, SEGUNDA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL – COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI
 
Tribunal do júri e controle judicial de decisões absolutórias - RHC 192431 Segundo AgR/SP e RHC 192432 Segundo AgR/SP
 
Em face da reforma introduzida no procedimento do Tribunal do Júri (Lei 11.689/2008), é incongruente o controle judicial, em sede recursal [Código de Processo Penal (CPP), art. 593, III, “d”] (1), das decisões absolutórias proferidas com fundamento no art. 483, III e § 2º, do CPP (2).
 
Em razão da superveniência da Lei 11.689/2008, que alterou o CPP no ponto em que incluiu no questionário do procedimento do Tribunal do Júri o quesito genérico de absolvição, “os jurados passaram a gozar de ampla e irrestrita autonomia na formulação de juízos absolutórios, não se achando adstritos nem vinculados, em seu processo decisório, seja às teses suscitadas em plenário pela defesa, seja a quaisquer outros fundamentos de índole estritamente jurídica, seja, ainda, a razões fundadas em juízo de equidade ou de clemência” (3).
Nesse contexto, o controle judicial em sede recursal não é possível, “quer pelo fato de que os fundamentos efetivamente acolhidos pelo Conselho de Sentença para absolver o réu (CPP, art. 483, III) permanecem desconhecidos (em razão da cláusula constitucional do sigilo das votações prevista no art. 5º, XXXVIII, b, da Constituição Federal (CF)) (4), quer pelo fato de que a motivação adotada pelos jurados pode extrapolar os próprios limites da razão jurídica” (3).
Com base nesse entendimento, a Segunda Turma, por maioria, negou provimento ao agravo regimental. Vencidos os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia.
RHC 192431 Segundo AgR/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23.2.2021
Apelação supletiva ou subsidiária está prevista no art. 598 do CPP e permite ao ofendido (vítima), habilitado ou não como assistente de acusação (art. 268, CPP), recorrer no caso de inércia do Ministério Público. 
Súmula nº 448 do STF: O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público.
Apelação residual está prevista no art. 593, II, do CPP e somente tem cabimento para impugnar decisão definitiva ou com força de definitiva que não conste do rol previsto no art. 581, que trata das hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito. 
Apelação rotatória é a prevista no art. 82 da Lei n° 9.099/95, assim denominada porque a Turma Recursal competente para o seu julgamento é integrada por juízes de primeiro grau, ou seja, magistrados do mesmo grau de jurisdição do prolator da decisão recorrida.
ATENÇÃO: o Código de Processo Penal brasileiro não prevê o instituto do recurso adesivo, não cabendo, ao intérprete, ampliar as modalidades recursais além daquelas previstas em lei, em respeito ao princípio da taxatividade (RECURSO ESPECIAL nº 1.595.636/RN, STJ, SEXTA TURMA).
Hipóteses de cabimento
As hipóteses de cabimento estão previstas no art. 593 do CPP e no art. 82 da Lei nº 9.099/95, sendo certo que o art. 416 do CPP prevê a hipótese de apelação da decisão de impronúncia e absolvição sumária. O recurso de apelação com base nos incisos I e II do art. 593 é de fundamentação livre, já o recurso com base no inciso III é de fundamentação vinculada.
Art. 593, I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular       
A sentença de absolvição (art. 386, CPP) julga improcedente a pretensão acusatória, ao passo que a sentença condenatória (art. 387, CPP) julga procedente a pretensão acusatória.
É cabível apelação da sentença de absolvição sumária (art. 397, CPP), porém entende parte da doutrina que na específica hipótese do art. 397, IV, do CPP, cabe o recurso em sentido estrito, uma vez que é decisão que extingue a punibilidade (art. 581, VIII, CPP).
Na hipótese de absolvição sumária no Tribunal do Júri (primeira fase do Tribunal do Júri) cabe apelação, conforme art. 416 do CPP.
INFORMATIVO nº 579, STJ, SEXTA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL. SENTENÇA DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA E VEDAÇÃO DE ANÁLISE DO MÉRITO DA AÇÃO PENAL EM APELAÇÃO.
No julgamento de apelação interposta pelo Ministério Público contra sentença de absolvição sumária, o Tribunal não poderá analisar o mérito da ação penal para condenar o réu, podendo, entretanto, prover o recurso para determinar o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de viabilizar o prosseguimento do processo. O enfrentamento antecipado do mérito da ação penal pela segunda instância afronta a competência do Juízo de primeiro grau, com clara supressão de instância, em violação ao princípio do juiz natural - pois ninguém poderá ser processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII, CF) -, violando, ainda, os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição. Mutatis mutandis, o STJ já entendeu que "Viola os princípios do juiz natural, devido processo legal, ampla defesa e duplo grau de jurisdição, a decisão do tribunal a quo que condena, analisando o mérito da ação penal em apelação ministerial interposta ante mera rejeição da denúncia" (HC 299.605-ES, Sexta Turma, DJe 1º/7/2015). HC 260.188-AC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 8/3/2016, DJe 15/3/2016.
Art. 593, II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior
A expressão decisão definitiva (em sentido amplo) significa decisão que analisa o mérito, mas não condena nem absolve o acusado, como por exemplo decisão que julga o pedido de sequestro (art. 127, CPP) ou decide sobre o pedido de restituição de coisa apreendida (art. 120, § 1º, parte final, CPP). O recurso adequado contra a decisão que julga o pedido de restituição de bens é apelação (RECURSO ESPECIAL nº 1.787.449/SP, STJ, SEXTA TURMA).
 
Decisão com força de definitiva é aquela de natureza terminativa (ex: decisão que reconhece, de ofício, a litispendência) ou não terminativa (ex: decisão que remete as partes para o juízo cível na restituição de coisa apreendida, art. 120, § 4º, CPP). 
ATENÇÃO: somente é cabível (residual) apelação com fundamento no inciso II se a decisão não puder ser impugnada pelo recurso em sentido estrito.
 
RECURSO ESPECIAL nº 1.787.449/SP, STJ, SEXTA TURMA
RECURSO ESPECIAL. DEFERIDO O DESBLOQUEIO DOS BENS PELO JUÍZO SINGULAR. IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. INADMISSIBILIDADE. DECISÃO PASSÍVEL DE RECURSO DE APELAÇÃO. ART. 593, II, DO CPP. SÚMULA 267/STF. RECURSO PROVIDO. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO. INGRESSO COMO TERCEIROS INTERESSADOS. INDEFERIMENTO.
2. Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional que defere o desbloqueio de bens e valores, por se tratar de decisão definitiva que, apesar de não julgar o mérito da ação, coloca fim ao procedimento incidente. 3. O recurso adequado contra a decisão que julga o pedido de restituição de bens é apelação, sendo incabível a utilização de mandado de segurança como sucedâneo do recurso legalmente previsto.
Art. 593, III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
O recurso de apelação com base no incisoIII é de fundamentação vinculada. A Súmula nº 713 do Supremo Tribunal Federal tem o seguinte teor: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”.
Os recursos interpostos contra decisão do Tribunal do Júri têm devolutividade restrita, o que significa dizer que apenas são devolvidas para exame as questões expressamente constantes das razões da apelação. Esse é o teor do enunciado sumular n. 713 do Supremo Tribunal Federal (AgRg no RECURSO ESPECIAL nº 1.411.733/MG, STJ, QUINTA TURMA).
ATENÇÃO: o Tribunal de Justiça (ou TRF) no julgamento do recurso de apelação das sentenças do Tribunal do Júri pode realizar juízo rescindente (de cassação da sentença) ou juízo rescisório (de substituição da decisão). Haverá juízo rescindente quando a matéria julgada for de atribuição do conselho de sentença, como por exemplo a condenação ou absolvição do acusado. Ocorrerá juízo rescisório quando a decisão impugnada for de competência do juiz-presidente, ou seja, não tiver relação com o conselho de sentença, como por exemplo a fixação da pena.
Art. 593, III, a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia
A nulidade ocorrida após a decisão de pronúncia a parte deve arguir em preliminar de apelação da sentença do júri, como por exemplo nulidade sobre a quesitação aos jurados. Sendo a nulidade absoluta, mesmo que tenha ocorrido antes da decisão de pronúncia, cabe impugnação através da apelação, uma vez que essa nulidade não preclui e pode ser reconhecida (ou alegada) a qualquer momento. Reconhecida a nulidade pelo Tribunal de Justiça este órgão determinará a realização de novo julgamento.
Art. 593, III, b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados
Sentença contrária à lei expressa é ferir o texto da lei, como por exemplo o júri condena e o juiz impõe regime integralmente fechado, violando, portanto, o art. 33, § 2º, do CP.
Sentença contrária à decisão dos jurados pode ocorrer quando o júri reconhece o homicídio privilegiado e o juiz ignora esse reconhecimento na sentença. 
Neste caso como o erro foi do juiz-presidente pode o Tribunal de Justiça modificar a decisão, vez que determina o art. 593, § 1º, do CPP, que se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. 
Art. 593, III, c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança
Erro na aplicação da pena ocorre quando o juiz fixa a pena abaixo ou acima do limite da lei. Ocorre a injustiça da aplicação da pena quando o juiz, após fixar a pena-base no mínimo legal, eleva a pena ao máximo previsto em lei por força de uma única agravante.
Nos termos do art. 593, § 2º, do CPP, interposta a apelação com fundamento no nº III, “c”, o Tribunal ad quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança, ou seja,  como o erro foi do juiz-presidente o Tribunal de Justiça está autorizado a modificar a pena.   
Art. 593, III, d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos    
Consoante a jurisprudência do STJ a melhor exegese dos comandos normativos vertidos nos arts. 483, III, § 2°, e 593, III, “d”, § 3°, do CPP é a de que ser possível a absolvição do acusado, mesmo que haja o reconhecimento da materialidade e da autoria delitiva, ainda que única tese defensiva seja a de negativa de autoria. Entretanto, o referido juízo absolutório é passível de ser questionado pela acusação, que poderá manejar apelo fundado no art. 593, III, “d”, do CPP, sem que o referido recurso signifique desrespeito ou afronta à soberania dos veredictos do Tribunal do Júri. 
Nesse sentido, a Terceira Seção do STJ, ao apreciar o HC nº 323.409/RJ, em julgamento realizado em 28/2/2018, acolhendo, por maioria, voto do Ministro FELIX FISCHER, firmou entendimento no sentido de que a anulação da decisão absolutória do Conselho de Sentença (ainda que por clemência - motivos profissionais, familiares e religiosos), manifestamente contrária à prova dos autos, segundo o Tribunal de Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público (art. 593, inciso III, alínea "d", do Código de Processo Penal), não viola a soberania dos veredictos, ou seja, a decisão de clemência será passível de revisão pelo Tribunal de origem quando não houver respaldo fático mínimo nos autos que dê suporte à benesse (AgRg no REsp nº 1.984.726/MT, Quinta Turma).
De acordo com o STF o acórdão que provê apelação interposta com fundamento no art. 593, III, alínea “d”, do CPP, para anular sentença absolutória contrária à prova dos autos, traduz mero juízo de cassação, e não de reforma, por isso que não cabe falar em afronta à competência do Tribunal do Júri e da soberania de seus veredictos (HC nº 111.867, STF, Primeira Turma). O provimento do recurso de apelação com fundamento no inciso III, alínea “d”, remete o acusado a novo julgamento pelo Tribunal do Júri.
Quando o recurso de apelação é interposto contra a sentença proferida pelo Tribunal do Júri, sob o fundamento desta ter sido manifestamente contrária à prova dos autos, ao órgão julgador é possível apenas a realização da análise acerca da existência ou não de suporte probatório para a decisão tomada pelos jurados integrantes do Conselho de Sentença, somente se admitindo a cassação do veredicto caso este seja manifestamente contrário à prova dos autos. Decisão manifestamente contrária às provas dos autos, é aquela que não encontra amparo nas provas produzidas, destoando, desse modo, inquestionavelmente, de todo o acervo probatório (AgRg no RECURSO ESPECIAL nº 1.660.745/RO, STJ, QUINTA TURMA). 
INFORMATIVO nº 993, STF, PRIMEIRA TURMA
DIREITO CONSTITUCIONAL – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Tribunal do Júri: autoria e materialidade e absolvição genérica - 
A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º, do Código de Processo Penal, independe de elementos probatórios ou de teses veiculadas pela defesa, considerada a livre convicção dos jurados. Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a sentença absolutória de Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica nulidade da decisão a ensejar apelação da acusação. Os jurados podem absolver o réu com base na livre convicção e independentemente das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais. No caso, o paciente foi pronunciado ante a prática de crime previsto no art. 121, § 2º, II, IV e VI, combinado com o art. 14, II (tentativa de homicídio qualificado), do Código Penal (CP). Submetido a julgamento, o Conselho de Sentença respondeu afirmativamente aos quesitos alusivos à materialidade e autoria. Na sequência, indagados os jurados se absolviam o acusado, a resposta foi positiva, encerrando-se a votação. Após, o tribunal de justiça proveu apelação interposta pelo Parquet para determinar a realização de novo Júri, por considerar que a decisão absolutória foi contrária às provas do processo. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deferiu a ordem de habeas corpus, para reestabelecer decisão absolutória. HC 178777/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 29.9.2020. (HC-178777)
Nos termos do art. 593, § 3º, do CPP, se a apelação se fundar no nº III, d, e o tribunal  se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento, não se admitindo, porém, pelo mesmo motivo segunda apelação (mesmo motivo = mesmo fundamento, ou seja, decisão manifestamente contrária à prova dos autos - AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL nº 317.372/PR, STJ, QUINTA TURMA). A proibição prevista no referido dispositivo é absoluta e representa verdadeiro pressuposto recursal negativo objetivo. Essa parte final do dispositivo legal se refere ao processo e não a cada parte. Assim, se a defesa utilizouessa alínea “d” e o Tribunal determinou novo julgamento não pode o Ministério Público utilizar a alínea “d” no segundo julgamento (RECURSO ESPECIAL nº 1.558.124/MT, STJ, SEXTA TURMA). Ainda, de acordo com o STJ, a parte final do art. 593, § 3º, do Código de Processo Penal, veda a interposição de novo apelo sob a alegação de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, quando a primeira apelação tiver sido interposta sob o mesmo fundamento. Tal restrição não admite exceções e tem por objetivo impedir que a lide se eternize por mera insatisfação das partes (HABEAS CORPUS nº 558.860/SP, Quinta Turma).
O STJ já firmou o entendimento de que não se pode admitir a desconstituição parcial da sentença proferida pelo Tribunal Popular quanto às qualificadoras ou às privilegiadoras, sob pena de ofensa ao princípio da soberania dos vereditos (art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal de 1988) e ao disposto no art. 593, § 3º, do Código de Processo Penal, que determina a submissão do réu a novo julgamento quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos. Na hipótese, uma vez que o Tribunal a quo reconheceu que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária a prova dos autos, não caberia a reforma da sentença penal condenatória, mas sim a determinação de realização de novo júri, conforme dispõe a regra prevista no § 3º do art. 593 do Código de Processo Penal (HABEAS CORPUS nº 344.183/RS, STJ, SEXTA TURMA).
Quando o recurso de apelação é interposto contra a sentença proferida pelo Tribunal do Júri, sob o fundamento desta ter sido manifestamente contrária à prova dos autos, ao órgão julgador é possível apenas a realização da análise acerca da existência ou não de suporte probatório para a decisão tomada pelos jurados integrantes do Conselho de Sentença, somente se admitindo a cassação do veredicto caso este seja manifestamente contrário à prova dos autos (AgRg no RECURSO ESPECIAL nº 1.660.745/RO, STJ, QUINTA TURMA).
Não há constrangimento ilegal quando o Tribunal, acolhendo o reclamo do órgão de acusação, elevou a reprimenda dos pacientes por força do previsto no art. 121, § 4º, parte final, do CP, uma vez que não fere o princípio da soberania dos veredictos ... (HABEAS CORPUS nº 139.577/RJ, STJ, QUINTA TURMA).
ATENÇÃO: de acordo com o STJ como decorrência do mandamento constitucional (art. 93, IX, da Constituição da República) de fundamentação das decisões judiciais, o órgão julgador da apelação prevista no art. 593, III, "d", do CPP, deverá examinar as provas existentes e, caso rejeite a tese defensiva, demonstrar quais elementos probatórios dos autos embasam (I) a materialidade e (II) autoria delitiva, bem como (III) a exclusão de alguma causa descriminante suscitada pela defesa. Portanto, o Tribunal ao julgar a apelação fundada no art. 593, III, "d", do CPP, precisa indicar as provas de cada elemento essencial do crime que dão suporte à versão aceita pelos jurados. Faltando, no acórdão, a demonstração de que algum elemento tem respaldo probatório mínimo, hás duas possibilidades distintas: (I) ou o aresto é nulo, por deficiência de fundamentação, já que se omitiu sobre alguma prova existente e importante; (II) ou o veredito deve ser anulado, porque a Corte de origem não foi capaz de localizar prova de determinado elemento essencial do delito (AREsp nº 1.803.562/CE, Quinta Turma, Informativo nº 707).
Prazo para interposição
O prazo para interpor a apelação é de 5 dias (com exceção no procedimento sumaríssimo), conforme o art. 593, caput, do CPP. 
ATENÇÃO: na hipótese de apelação interposta pelo assistente de acusação o prazo é de 15 dias, conforme art. 598, PU, CPP. Existe controvérsia se esse prazo é aplicado ao assistente habilitado e assistente não habilitado nos autos do processo. Entende uma primeira corrente que esse prazo de 15 dias é somente aplicado ao assistente não habilitado, pois ao assistente já habilitado nos autos o prazo é de 5 dias (HC nº 237.574/SP, STJ, QUINTA TURMA e HC nº 50.417, STF, PLENÁRIO). Para uma segunda corrente a lei não diferencia assistente habilitado de assistente não habilitado nos autos e, nesse sentido, o prazo de 15 dias se aplica a ambos (REsp. nº 22.809, STJ, QUINTA TURMA).
ATENÇÃO: nos termos da súmula nº 448 do STF o prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público.
INFORMATIVO nº 509, STJ, QUINTA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRAZO PARA APELAÇÃO DE ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO HABILITADO NOS AUTOS.
Após intimado da sentença, o prazo para o assistente da acusação já habilitado nos autos apelar é de 5 dias, contado a partir do término do prazo conferido ao Ministério Público para recorrer. Dispõe a Súm. n. 448/STF que "o prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público." Conforme a jurisprudência do STF e do STJ, se o ofendido já estiver habilitado no processo o prazo para apelar é de 5 dias, não se aplicando o prazo de 15 dias previsto no art. 598, parágrafo único, do CPP. Precedente citado do STF: HC 59.668-RJ, DJ 4/6/1982; do STJ: REsp 708.169-RJ, DJ 23/5/2005. HC 237.574-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012.
HC nº 59.668, STF, SEGUNDA TURMA
ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. PRAZO PARA APELAR. O S.T.F., AO JULGAR, POR SEU PLENÁRIO, O HC 50.417, FIXOU O ENTENDIMENTO DE QUE, SE O OFENDIDO JA ESTIVER HABILITADO NO PROCESSO, DEVERA SER INTIMADO DA SENTENÇA, PARA SÓ ENTÃO FLUIR O PRAZO DA APELAÇÃO. NESSE CASO, O PRAZO PARA APELAR E DE CINCO DIAS, POIS NÃO SE APLICA A HIPÓTESE O PARAGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 598 DO C.P.P.; ATÉ PORQUE NÃO HÁ RAZÃO ALGUMA PARA O ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO TER O TRIPLO DO PRAZO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NA ESPÉCIE SOB JULGAMENTO, O ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO SÓ TOMOU CONHECIMENTO DA SENTENÇA APÓS HAVER ELA TRANSITADO EM JULGADO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO, MOTIVO POR QUE, A PARTIR DESSE CONHECIMENTO, COMECOU A FLUIR PARA AQUELE O PRAZO DE CINCO DIAS PARA APELAR, PRAZO ESSE, POREM, QUE SE EXAURIU ANTES DE A APELAÇÃO HAVER SIDO INTERPOSTA. OCORRENCIA, PORTANTO, DA INTEMPESTIVIDADE DESSA APELAÇÃO. HABEAS CORPUS DEFERIDO PARA O RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA ABSOLUTORIA QUE TRANSITARA EM JULGADO.
Legitimidade
A legitimidade para interposição do recurso de apelação está prevista no art. 577, caput, do CPP, como também no art. 598 do CPP.
Súmula nº 705 do STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Efeitos da apelação
Efeito devolutivo, pois o Tribunal vai rediscutir a matéria impugnada.
Efeito suspensivo, na decisão condenatória, uma vez que impede a execução da sentença condenatória (art. 597, primeira parte, do CPP). Na hipótese de sentença absolutória própria a interposição da apelação não tem efeito suspensivo, conforme art. 596 do CPP. A sentença absolutória imprópria (art. 386, PU, III, CPP) terá efeito suspensivo com a interposição da apelação, pois somente pode ser executada após o trânsito em julgado, nos termos do art. 171 da Lei nº 7.210/84.
ATENÇÃO: de acordo com o art. 492, § 4º, do CPP a apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo, podendo, excepcionalmente, o Tribunal atribuir efeito suspensivo nas hipóteses dos incisos I e II do § 5º, art. 494, CPP. 
HABEAS CORPUS nº 226.014/SP, STJ, QUINTA TURMA
A medida de segurança se insere no gênero sanção penal, do qual figura como espécie, ao lado da pena. Se assim o é, não é cabível no ordenamento jurídico a execução provisória da medida de segurança, à semelhança do que ocorre com a pena aplicada aos imputáveis, conforme definiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do HC n.º 84.078/MG, Rel. Min. EROS GRAU.
É possível o efeito extensivo, nos termos do art. 580 do CPP.
ATENÇÃO: aplica-se analogicamente o art. 494 do CPC,ou seja, publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo ou por meio de embargos de declaração.
Aspectos procedimentais
A competência para julgar a apelação é do Tribunal de Justiça ou do Tribunal Regional Federal.
A apelação poderá ser interposta por termos nos autos ou por petição (art. 600, § 4º, CPP).
No recurso de apelação é possível a interposição em determinado momento com posterior oferecimento das razões recursais, conforme o art. 600, caput, do CPP, ou seja, interposição no prazo de 5 dias e oferecimento das razões recursais, no prazo de 8 dias. Na parte final do art. 600, caput, do CPP, o prazo de 3 dias para oferecimento das razões recursais será possível na hipótese em que o processo (contravenção penal) não seja da competência do Juizado Especial Criminal (art. 66, PU e art. 77, § 3º, da Lei nº 9.099/95 c/c art. 538 do CPP), sendo certo que o prazo que gera a intempestividade é o prazo da interposição do recurso. 
ATENÇÃO: O Código de Processo Penal admite, em algumas hipóteses, a interposição do recurso, com pedido de vista dos autos, para o posterior oferecimento das razões recursais, tal como ocorre com o recurso de Apelação, que será interposto, no prazo de 5 dias, cabendo ao apelante, após assinado o termo de Apelação, oferecer as razões recursais, no prazo de 8 dias (CPP, arts. 593 e 600), devendo a tempestividade do recurso ser aferida pela data da sua interposição, e não da apresentação das razões recursais (HABEAS CORPUS nº 160.021/RS, STJ, SEXTA TURMA), sendo certo que “O fato de as razões recursais terem sido apresentadas fora do prazo de 8 dias previsto no art. 600, caput do CPP, sob o argumento de excesso de atribuições, configura mera irregularidade, o que não impede o conhecimento do recurso de apelação” (HABEAS CORPUS nº 160.531/PR, STJ, QUINTA TURMA).
ATENÇÃO: a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, "interposta apelação, a prática de novo ato processual com intuito de aditar às razões recursais fica obstada pela preclusão consumativa" (HC nº 469.281/SP, Sexta Turma).
A apelação, no CPP, tem a peculiaridade de oferecimento das razões recursais diretamente no Tribunal de Justiça, desde que o recorrente informe na peça de interposição, conforme o art. 600, § 4º, do CPP. Prevalece o entendimento doutrinário que peculiaridade de oferecimento das razões recursais diretamente no órgão “ad quem” não se aplica ao Ministério Público, uma vez que a atuação do Parquet em segundo grau é de órgão interveniente, ou seja, fiscal da correta aplicação da lei.
ATENÇÃO: de acordo com o STJ “Se o art. 600, § 4º, do CPP prevê expressamente a possibilidade de o apelante apresentar as razões recursais em segundo grau, sem qualquer ressalva, é legítima a atuação do Ministério Público que, ao interpor recurso de apelação, requer a apresentação de suas razões em segunda instância, em consonância com o princípio da isonomia e da paridade de armas (REsp. nº 649.665/BA, QUINTA TURMA). 
ATENÇÃO: o STJ possuiu entendimento firmado no sentido de que "Ao apelante é facultado apresentar as razões do recurso na instância revisora”. Nestes casos, "serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial (§ 4º do art. 600 do Código de Processo Penal)" - (HC nº 335.403/CE, Quinta Turma).
Nos termos do art. 600, § 4º, do CPP, que determina ao tribunal a abertura de vista às partes, valendo-se o apelante do direito de apresentar as razões de apelação em superior instância, a produção de contrarrazões, do mesmo modo, deve ocorrer no tribunal em que será processado e julgado o recurso, sendo desnecessária a baixa dos autos à 1ª instância para que o Ministério Público, atuante em 1º grau, ofereça o contra-arrazoado, (...), uma vez que o membro oficiante em 2º grau detém as mesmas funções (HC nº 135.516/RJ, QUINTA TURMA). 
Após o oferecimento das razões de apelação o juiz abre vista para o recorrido oferecer contrarrazões, no prazo de 8 dias ou 3 dias (art. 600, caput, CPP). O recorrido não oferecendo as contrarrazões não ocorre nulidade, conforme já decidiu o STF no RE nº 594.209. 
RE nº 594.209, STF, SEGUNDA TURMA
RECURSO Extraordinário. Apelação criminal. Juntada de documentos, pela acusação, após o oferecimento de contra-razões de apelação pela defesa. Oportunizado o contraditório, não houve manifestação. Não há formalidade a ser observada, bastando a intimação da parte interessada. Omissão propositada do defensor, que, intimado, não ofereceu resposta. Inteligência do art. 565 do CPP. Nulidade não caracterizada, porque provocada pela defesa. Recurso não provido. A parte não pode beneficiar-se de nulidade que provoque. A propositada omissão do defensor, que, devidamente intimado, não se desincumbiu do ônus de responder, descaracteriza eventual nulidade. Ademais, não há formalidade por obedecer em tais situações, bastando, para efeito de observância das garantias processuais da defesa, intimação para manifestação oportuna da parte interessada. Não há, pois, nulidade por pronunciar.
Com ou sem contrarrazões o procedimento é enviado para o órgão ad quem julgar.
ATENÇÃO: sobre apelação existe a Edição nº 66 do Jurisprudência em Teses do STJ.
Recurso de apelação no Juizado Especial Criminal
No Procedimento Sumaríssimo da decisão que rejeita a denúncia ou a queixa, da sentença (art. 82, Lei nº 9.099/95) e da decisão que homologa a transação penal (art. 76, § 5º, Lei nº 9.099/95), caberá apelação no prazo de 10 dias, conforme art. 82, caput e § 1º, da Lei nº 9.099/95, sendo certo que, juntamente com a peça de interposição, deve o recorrente oferecer também as razões recursais.
É cabível das decisões de Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais Recurso Extraordinário, conforme súmula nº 640 do STF, ao passo que não cabe Recurso Especial nos termos da súmula nº 203 do STJ, pois somente é cabível Recurso Especial de decisões proferidas por Tribunal Regional Federal ou Tribunais dos Estados, Distrito Federal ou Territórios.
Súmula nº 640 do STF: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Súmula nº 203 do STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida, por órgão de 2º grau dos Juizados Especiais.
Embargos Infringentes e Embargos de Nulidade (art. 609, Parágrafo Único, CPP)
Embargos infringentes e embargos de nulidade objetivam reformar decisão não unânime, proferida pelo Tribunal de Justiça (ou TRF), desde que essa decisão impugnada seja desfavorável ao acusado no julgamento da apelação, recurso em sentido estrito ou agravo em execução.
São chamados de embargos infringentes e de nulidade, mas são duas hipóteses de cabimento distintas e autônomas.
ATENÇÃO: embargos infringentes e de nulidade são dois recursos distintos (segundo o professor Aury Lopes Jr.), ou seja, nos embargos infringentes discute-se questão de mérito com a pretensão de modificação da decisão e, nos embargos de nulidade, a divergência é de natureza processual que resulta na anulação do processo. Porém, a corrente majoritária entende tratar-se de somente um único recurso, com duas hipóteses de cabimento diferentes e autônomas (Guilherme de Souza Nucci, Guilherme Madeira Dezem).
Hipóteses de cabimento
Nos termos do art. 609, PU, do CPP, quando não for unânime a decisão de segunda instância desfavorável ao acusado é cabível embargos infringentes e/ou embargos de nulidade. Portanto, é necessário um voto divergente no julgamento que beneficia o acusado.
Os embargos infringentes objetivam reformar a decisão proferida em relação ao mérito, como por exemplo impugnar o acórdão condenatório não unânime.
Os embargos de nulidade buscam anular acórdão não unânime desfavorável ao acusado, ou seja, impugna questão de natureza processual, como por exemplo a nulidade da citação.ATENÇÃO: o voto divergente favorável ao acusado deve ser proferido dentro da competência recursal do Tribunal de Justiça (ou TRF), ou seja, do voto divergente na competência originária (julgamento de acusado com foro de prerrogativa de função) não cabe interposição de embargos infringentes ou embargos de nulidade.
RECURSO ESPECIAL nº 351.383/SC, STJ, QUINTA TURMA
PROCESSO PENAL. EMBARGOS INFRINGENTES. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. NÃO-CABIMENTO. RECURSOS NÃO CONHECIDOS. 1. Já é pacífica a jurisprudência desta Corte, bem como a do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que os embargos infringentes, em matéria penal, são cabíveis de decisão não-unânime de Tribunal de segundo grau, no julgamento de apelação ou recurso em sentido estrito, sendo, portanto, inadmissíveis contra decisões proferidas em ação penal de competência originária de Tribunal.
ATENÇÃO: existe divergência doutrinária quanto a hipótese de embargos infringentes em sede de turma recursal. Uma primeira corrente entende que não é possível, pois embargos infringentes somente são cabíveis da decisão de Tribunais e turma recursal não constitui Tribunal, faltando, portanto, previsão legal para a interposição desse recurso, assim como haveria violação aos princípios do Juizado Especial Criminal, qual seja, celeridade e simplicidade (art. 2º, Lei nº 9.099/95). A segunda corrente entende possível embargos infringentes da decisão de turma recursal, uma vez que o art. 609, PU, do CPP, dispõe que cabem embargos infringentes contra decisão não unânime de segunda instância, não existindo distinção. Ademais, o não cabimento de embargos infringentes da decisão de turma recursal violaria a garantia constitucional da ampla defesa.
Prazo para interposição
Os embargos infringentes e de nulidade devem ser opostos no prazo de 10 dias (art. 609, PU, CPP), contados da publicação do acórdão.
Legitimidade
A legitimidade para interposição do recurso é exclusivamente da defesa, ou seja, o recurso somente pode ser interposto em benefício do acusado.
ATENÇÃO: existe na doutrina entendimento no sentido de que o Ministério Público teria legitimidade para interpor recurso de embargos infringentes, desde que para favorecer o acusado, tendo em vista a missão constitucional de defesa da ordem jurídica, na forma do art. 127, caput, CF (Paulo Rangel), sendo certo que, como o Ministério Público atua em segunda instância como órgão interveniente (custos legis – fiscal da correta aplicação da lei), não haveria nenhum empecilho para interpor o recurso.
ATENÇÃO: no Código de Processo Penal Militar os embargos infringentes e de nulidade poderão ser interpostos tanto pela defesa como pelo Ministério Público (art. 538, CPPM).
Efeitos dos embargos infringentes e de nulidade
Como todo e qualquer recurso terá efeito devolutivo, ou seja, a matéria impugnada será entregue (devolvida) ao órgão julgador. A devolução estará restrita ao objeto da divergência.
O CPP não menciona a existência de efeito suspensivo. Porém, como o recurso é exclusivo da defesa prevalece o entendimento que existe efeito suspensivo, pois a pena somente poderá ser executada quando ocorrer o trânsito em julgado da decisão.
É possível o efeito extensivo, na forma do art. 580 do CPP.
No que concerne ao efeito regressivo existe controvérsia. Uma primeira corrente doutrinária entende que existe o efeito, pois como os três julgadores que participaram do julgamento anterior vão participar do novo julgamento seria possível o juízo de retratação, isto é, mudança do voto proferido (André Nicolitt). A segunda corrente entende que não existe efeito regressivo, uma vez que a característica desse efeito é a retratação antes do procedimento seguir para o órgão julgador, sendo certo que no caso de embargos infringentes e de nulidade a mudança do voto somente ocorre no momento do julgamento desses recursos e não anteriormente (Norberto Avena).
Aspectos procedimentais
A competência para o julgamento dos embargos infringentes e de nulidade é determinada pelo Código de Organização Judiciária de cada Estado. No Estado do Rio de Janeiro, conforme Regimento Interno do Tribunal de Justiça, a competência para o processo e julgamento dos embargos infringentes e de nulidade é da Câmara Criminal (art. 8º, I, “g”).
O procedimento do recurso de embargos infringentes e de nulidade está previsto nos arts. 126 a 129 do Regimento Interno do TJRJ. Conforme art. 126 os embargos infringentes e de nulidade serão dirigidos ao relator do acórdão embargado e protocolados no prazo legal (prazo de 10 dias previsto no CPP). 
Com a interposição do recurso de embargos infringente e de nulidade o recorrente deve oferecer as razões recursais. O fundamento do recurso é o voto vencido (recurso de fundamentação vinculada).
AgRg no RECURSO ESPECIAL nº 1.738.951/MG, STJ, QUINTA TURMA
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE. LIMITES DO JULGADO. ABSOLVIÇÃO. CONCESSÃO DE ORDEM DE OFÍCIO. AGRAVO DESPROVIDO. 
1. No julgamento dos embargos infringentes, as matérias a serem examinadas devem limitar-se àquelas que foram apontadas no voto vencido, sob pena de incorrer em inovação da lide e violar o art. 609 do Código de Processo Penal – CPP. 
ATENÇÃO: a importância da interposição dos embargos infringentes e de nulidade está nas súmulas nº 207, do STJ e nº 281, do STF, pois, se da decisão não unânime, no tribunal de origem, for interposto diretamente recurso especial para o STJ ou recurso extraordinário para o STF, esses recursos não serão conhecidos pelo não esgotamento da instância ordinária.
Súmula nº 207 do STJ: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.
Súmula nº 281 do STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.
Acórdão com divergência parcial
Na hipótese de acórdão com divergência parcial, como por exemplo acusado respondendo por dois crimes, sendo o acórdão condenatório no primeiro crime unânime e no segundo crime o acordão mantém a condenação, porém com voto vencido, ou seja, voto divergente que absolvia o acusado. Neste caso é possível (ou não) interposição simultânea dos embargos infringentes no capítulo do acórdão com voto vencido favorável ao acusado e recurso especial (ou recurso extraordinário) no capítulo do acórdão com decisão unânime? O CPP é silente sobre o assunto.
A questão é controvertida. 
O STJ aplicava a regra do CPC revogado (por força do art. 3º do CPP), o qual determinava a interposição apenas dos embargos e, com o resultado desse recurso e intimação da decisão, era o momento processual para interpor o recurso especial. Assim, não seria possível interposição simultânea.
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 1.386.935/SP, STJ, QUINTA TURMA
De acordo com o art. 498 do Código de Processo Civil, o prazo para a interposição do recurso especial, referente ao julgamento da parte unânime, fica sobrestado até a intimação da decisão dos embargos infringentes.
O STF entendia de forma contrária, uma vez que sempre aplicou o enunciado nº 355, ou seja, em caso de embargos infringentes parciais, é tardio o recurso extraordinário interposto após o julgamento dos embargos, quanto à parte da decisão embargada que não fora por eles abrangida, pois de acordo com a súmula nº 354 do mesmo STF em caso de embargos infringentes parciais, é definitiva a parte da decisão embargada em que não houve divergência na votação. Portanto, era inaplicável o art. 498 do CPC/73. Assim, deveria ocorrer interposição simultânea dos embargos infringentes e o recurso extraordinário.
No atual CPC não há mais o recurso de embargos infringentes, mas sim a técnica de ampliação do colegiado (art. 942) e, nesse sentido, não existindo mais norma a ser aplicada por analogia no processo penal, a tendência é adotar o entendimento do STF. 
Porém, o STJ já decidiu após a vigência do CPC/15 que “Não há que se falar em coisa julgada da matéria unânimejulgada pela Corte de origem. O art. 498 do antigo CPC dispõe que, quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos. Assim, quando a decisão tiver parte unânime e não unânime e forem interpostos embargos infringentes, como no presente caso, o prazo para a interposição do recurso especial, sobre toda matéria, inicia-se após o julgamento dos referidos embargos” (AgRg na PET no RECURSO ESPECIAL nº 1.583.484/MG, STJ, QUINTA TURMA).
A outro giro, não é possível fazer confusão entre os embargos infringentes previstos no art. 609, parágrafo único, do CPP, com os embargos infringentes previstos no art. 333 do Regimento Interno do STF.
INFORMATIVO nº 720, STF, PLENÁRIO
AP 470/MG: embargos infringentes e admissibilidade - 16
Em conclusão de julgamento de agravos regimentais, o Plenário, por maioria, admitiu a interposição de embargos infringentes em face de decisão que condenara diversas pessoas pela prática de esquema a abranger, dentre outros crimes, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e gestão fraudulenta — v. Informativos 718 e 719. Preliminarmente, por decisão majoritária, o Tribunal rejeitou questão suscitada pelo Ministro Marco Aurélio, que assentava a preclusão consumativa, tendo em vista a oposição simultânea de embargos declaratórios e embargos infringentes, pelas mesmas partes. A Corte reputou que os recursos interpostos cumulativamente teriam âmbito de cognição e objetos diferentes um do outro, e que incidiria o princípio da eventualidade, aplicado subsidiariamente ao CPP. Vencido o suscitante. No mérito, o Ministro Celso de Mello proferiu voto de desempate no sentido de admitir a possibilidade de utilização, na espécie, dos embargos infringentes (RISTF, art. 333, I), desde que existentes, pelo menos, quatro votos vencidos, acompanhando a divergência iniciada pelo Ministro Roberto Barroso. Considerou, em sua manifestação, que o art. 333, I, do RISTF não sofrera, no ponto, derrogação tácita ou indireta em decorrência da superveniente edição da Lei 8.038/90, que se limitara a dispor sobre normas meramente procedimentais concernentes a causas penais originárias, indicando-lhes a ordem ritual e regendo-as até o encerramento da instrução probatória. Afirmou que o tema deveria ser examinado à luz de dois critérios: o da reserva constitucional de lei, de um lado, e o da reserva constitucional do regimento, de outro. Explicou que a Constituição delimitaria o campo de incidência da atividade legislativa, e vedaria ao Congresso a edição de normas que disciplinassem matérias reservadas, com exclusividade, à competência normativa dos tribunais. Aduziu que, por essa razão, o STF teria julgado inconstitucionais normas que transgrediriam a cláusula de reserva constitucional de regimento. Esta qualidade, segundo o Ministro Celso de Mello, transformaria o texto regimental em sedes materiae no que concerne aos temas sujeitos ao exclusivo poder de regulação normativa dos tribunais. Afirmou, portanto, que o art. 333, I, do RISTF, embora de natureza formalmente regimental, teria caráter material de lei, e fora recebido pela nova ordem constitucional com essa característica. Assinalou, entretanto, que, atualmente, faleceria ao STF o poder de derrogar normas regimentais veiculadoras de conteúdo processual, que somente poderiam ser alteradas mediante lei em sentido formal, nos termos da Constituição.

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