Buscar

Ebook_O_cerebro_com_bruxismo_em_vigilia_II_estresse_neuroUP

Prévia do material em texto

O cérebro com 
Bruxismo em vigília
https://neuroup.com.br
 Guia
 Sumário
1. Introdução …………….……………………………….….…….03
2. O cérebro durante a mastigação…..…………,…..04
3. O cérebro com estresse crônico…..…...…………. 05
4. O cérebro com bruxismo em vigília …………….10
5. Solução? ………………………………………………………... 14
 Informações importantes
 Link para páginas externas
2
Elaborado por Ubirakitan Maciel
Mestre em Neurociências pela UFPE
Diretor científico da neuroUP
contato@neuroup.com.br
 
https://neuroup.com.br
1. INTRODUÇÃO
O bruxismo em vigília é um comportamento dos 
músculos mastigatórios ¹ que pode ser um fator de 
risco para dores musculares, fraturas dentais e lesões 
periodontais. Esse hábito também pode desencadear 
falhas repetitivas nos trabalhos de restaurações dentais 
e próteses. 
Porém, ainda se sabe pouco sobre as bases 
neurofisiológicas que levam a essa condição. Esse 
artigo tem o objetivo de analisar a gênese dos 
movimentos mastigatórios parafuncionais, tomando 
como base os circuitos cerebrais relacionados com a 
motricidade e o estresse. 
 A pergunta principal é:
Por que a pessoas apertam os 
dentes quando não precisam?
3
https://neuroup.com.br
2. O CÉREBRO DURANTE A MASTIGAÇÃO
Mas antes, precisamos relembrar como funciona o 
controle dos músculos mastigatórios. O nervo trigêmeo 
é controlado por diferentes mecanismos cerebrais, de 
acordo o tipo de movimento solicitado. O seu controle é 
diferente quando realizamos movimento funcionais, 
como o de mastigar alimentos, ou quando realizamos 
contrações involuntárias em resposta ao estresse. 
O sistema motor somático é responsável pelos 
MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS, ou seja, as contrações 
que ocorrem quando tomamos decisões conscientes. 
Nesse caso, diversas áreas do córtex cerebral são 
ativadas para dar suporte às ações de planejamento e 
execução dos movimentos. Esse processamento ocorre 
em circuitos com a participação dos núcleos da base, 
tálamo, cerebelo e córtex cerebral (Figura 1). 
Figura 1. Circuito 
córtico-estriado-talâmico. Os 
núcleos da base e o córtex 
cerebral atuam de forma 
integrada e em sistema de 
retroalimentação. Fonte: 
Neupskey
4
https://neuroup.com.br
5
De forma diferente, o SISTEMA MOTOR EMOCIONAL é um 
complexo ainda pouco conhecido e responsável pelas 
reações automáticas de proteção. 
Essas respostas motoras podem acontecer diante 
situações de medo, notadamente com atitudes de 
“congelamento” (aumento de tensão muscular), ou com 
comportamentos de fuga em resposta a estímulos 
nocivos. 
Entraremos em mais detalhes sobre esse circuito durante 
o texto. 
3. O CÉREBRO COM ESTRESSE CRÔNICO
 Mas, como é que o nosso cérebro reage ao estresse?
A vida moderna nos trouxe um aumento repentino da 
necessidade de tomar decisões complexas. O estresse é 
uma resposta adaptativa a esses eventos que nos 
desafiam ou que nos colocam em perigo. 
https://neuroup.com.br/sejaumcertificado/
https://neuroup.com.br
E, até certo ponto, o estresse é uma reação benéfica 
para o nosso desempenho social. 
6
O estresse pode ser caracterizado como um conjunto de 
reações do nosso organismo a estímulos que ameaçam 
a nossa homeostase.
No estresse, a causa externa dessas reações podem ser 
facilmente identificáveis e a cadeia de respostas tende a 
cessar com o desaparecimento da sua fonte estressora.
Entretanto, é importante notarmos que o Estresse e a 
Ansiedade são condições clínicas distintas. 
No segundo caso, o nosso corpo desencadeia as 
mesmas reações fisiológicas, porém na ausência de uma 
causa estressora aparente. Essas reações ocorrem 
através da ativação de um circuito envolvendo o córtex e 
o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal². 
https://neuroup.com.br
A primeira resposta do nosso corpo é a liberação de 
Adrenalina, hormônio de ação rápida e que leva a um 
aumento abrupto da nossa disposição, agilidade e 
liberação de energia para enfrentar esses desafios 
(Figura 3). 
As suas principais consequências são o aumento da 
tensão dos músculos, dos batimentos cardíacos, da 
frequência respiratória, da produção de suor, da 
dilatação pupilar e da liberação de açúcar (energia). 
7
Figura 3. Fisiologia do estresse. Os eventos estressores ativam 
ações rápidas (Adrenalina) e lentas (Cortisol). Imagem: 
Hopestreetcentre
https://neuroup.com.br
https://neuroup.com.br
Em seguida, ocorre a liberação do Cortisol, hormônio que 
passa mais tempo na corrente sanguínea e que regula a 
manutenção desse estado de alerta até o final do evento 
estressor. 
O esperado é que ocorra uma diminuição desses 
hormônios após o desaparecimento do evento estressor. 
De forma, a pessoa pode retornar ao seu estado natural 
de repouso (Figura 4A).
8
O problema começa quando ocorre uma sobreposição 
desses eventos. Se um novo agente estresse vir a tona, 
antes mesmo do nível de Cortisol reduzir, então esse 
novo pico de Adrenalina irá desencadear uma nova 
subida desse segundo hormônio (Figura 4B). 
Além disso, muitos desses eventos acontecem de forma 
contínua ou por longos períodos de tempo.
Figura 4. Relação estresse Adrenalina e cortisol. Imagem: 
hopestreetcentre
https://neuroup.com.br
Esses estímulos podem estar relacionados com trabalho, 
relacionamentos, condições de moradia ou violência 
urbana. Então, e essa cadeia de reações passa a 
acontecer de forma prolongada, passando a ser 
considerado como Estresse crônico. 
Diversos estudos com animais demonstraram que essa 
condição está relacionada com a redução do volume e 
da densidade de conexões sinápticas no córtex 
pré-frontal e no sistema límbico ³. 
9
Em humanos, um estudo 
demonstrou que pessoas 
com estresse ocupacional 
crônico apresentaram 
atrofia nos núcleos da 
base e redução da massa 
cinzenta no córtex pré-frontal, evidenciados por análise de 
Imagem por ressonância magnética ⁴. 
Mas o que o estresse tem haver com os músculos 
mastigatórios?
https://neuroup.com.br/sejaumcertificado/
https://neuroup.com.br
4. O CÉREBRO COM BRUXISMO EM VIGÍLIA
Como vimos anteriormente, uma das principais respostas 
ao estresse é a elevação do tônus dos músculos. 
Um estudo demonstrou que a aplicação de um teste 
neuropsicológico com elevada demanda de concentração 
(Teste Stroop modificado) foi capaz de elevar os níveis 
salivares de cortisol e de elevar a atividade dos músculos 
masseter e da porção anterior do temporal ⁵. 
A mastigação é uma das principais reações de 
enfrentamento ao estresse, tanto em animais com em 
seres humanos ⁶. Um estudo demonstrou que pessoas 
saudáveis apresentaram redução nas dosagens de 
cortisol e na geração de emoções negativas ao consumir 
goma de mascar em um experimento de estresse agudo ⁷ 
. 
10
https://neuroup.com.br
Talvez, por esse motivo, muitos pacientes com Bruxismo 
em vigília relatam uma breve sensação de bem-estar ao 
apertar os dentes ou morder objetos. 
Uma possível explicação é o fato de que a mastigação é 
capaz de aumentar os níveis séricos da Serotonina ⁸, 
substância capaz de suprimir a atividade nociceptiva .
Um estudo demonstrou que a atividade mastigatória ativou 
significativamente o córtex prefrontal medial (ventromedial 
e ventrolateral) ⁹. Essas regiões desempenham um papel 
importante na regulação da atividade motora do nervo 
trigêmio em resposta a estados emocionais. 
11
https://neuroup.com.br/sejaumcertificado/
https://neuroup.com.br
https://neuroup.com.br
Essa modulação acontece através de vias entre o córtex 
prefrontal, o sistema límbico (cingulado anterior, insula e 
a amígdala) e vias descendentes para a medula, através 
da substância cinzenta periaquedutal (Figura 5).
12
Figura 5: Sistema motor emocional. A substância cinzenta 
periaquedutal é um núcleo na medula que regula as respostas 
motoras em resposta ao estresse, em ação conjunta com o córtex 
e com regiões límbicas.
O problema é que esse comportamento pode ser 
inofensivo, no curtoprazo, mas também tem o potencial 
para promover efeitos deletérios, no longo-prazo. 
A principal consequência negativa do Bruxismo em 
vigília é a dor muscular. Em muitos casos, o paciente 
poderá desenvolver uma Disfunção temporomandibular 
do tipo muscular, caso a função dessa articulação seja 
comprometida. 
https://neuroup.com.br
Além disso, a dor passa a ser um gatilho para a 
co-contração protetora dos músculos, gerando um ciclo 
vicioso. 
.
13
Figura 4. Loop do hábito do bruxismo em vigília. A dificuldade no 
gerenciamento do estresse faz com que a pessoa contraia os 
músculos mastigatórios. Esse ato desencadeia os circuitos 
serotoninérgicos descendentes, porém essa sensação dura poucos 
segundos e a necessidade de movimentar-se volta a aparecer. 
É importante notar que, de acordo com o último 
consenso internacional, publicado em 2018, o Bruxismo 
em vigília também pode ocorrer durante contrações sem 
contato dental ¹⁰. O bracing é um padrão de contração na 
qual a mandíbula encontra-se rígida devido ao excesso 
de ativação dos músculos mastigatórios, mesmo com os 
dentes desencostados).
https://neuroup.com.br
https://neuroup.com.br
5. SOLUÇÃO?
.
14
A forma mais efetiva de reduzir esses hábitos é através 
do condicionamento do cérebro. Com o treinamento 
correto, a pessoa torna-se capaz de perceber os gatilhos 
e relaxar os músculos mastigatórios, sempre que 
necessário.
A técnica mais efetiva para esse fim é o Biofeedback. 
Esse treinamento é baseado no fornecimento de 
reforços positivos e negativos, de forma sequencial. Ou 
seja, promover reforços positivos quando a pessoa 
atingir o relaxamentos dos músculos e, dessa forma, 
ensinar as melhores estratégias ao paciente. E por outro 
lado, promover reforços negativos sempre que o nível de 
contração muscular estiver aumentado.
https://neuroup.com.br/sejaumcertificado/
https://neuroup.com.br
A técnica mais efetiva para esse fim é o Biofeedback. Esse 
treinamento é baseado no fornecimento de reforços 
positivos e negativos de forma sequencial. Ou seja, quando 
a pessoa relaxa os músculos, ela recebe feedbacks 
positivos para saber que esse é o caminho certo.
E por outro lado, a pessoa recebe reforços quando a 
pessoa ativa esses movimentos.
O Biofeedback muscular é 
realizado com sensores que 
captam as contrações dos 
músculos em tempo real. O 
paciente recebe informações 
precisas da própria tensão 
dos 
músculos através de estímulos audiovisuais. Desta forma, 
o paciente aprende ao mesmo tempo a:
● Reduzir o tônus dos músculos
● Reduzir a quantidade de movimentos parafuncionais
15
https://neuroup.com.br/sejaumcertificado/
https://neuroup.com.br
Material elaborado por:
Ubirakitan Maciel
Diretor científico da neuroUP
contato@neuroup.com.br
Compartilhe com os seus colegas:
Facebook
Linkedin
Acesse mais materiais:
 ACESSE O BLOG
https://neuroup.com.br
https://www.facebook.com/sharer/sharer.php?u=https%3A//neuroup.com.br/o-cerebro-com-bruxismo-em-vigilia/
https://www.linkedin.com/shareArticle?mini=true&url=https%3A//neuroup.com.br/o-cerebro-com-bruxismo-em-vigilia/&title=O%20c%C3%A9rebro%20com%20bruxismo%20em%20vig%C3%ADlia&summary=&source=www.neuroup.com.br
https://neuroup.com.br/blog/

Continue navegando