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U N O PA R C IRC U ITO S ELÉTRICO S E IN STRU M EN TA Ç Ã O ELETRÔ N IC A Circuitos elétricos e instrumentação eletrônica Fernando Alves Negrão Daniele Aparecida Maia Cleto Charles William Polizelli Pereira Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Circuitos elétricos e instrumentação eletrônica Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Negrão, Fernando Alves ISBN 978-85-8482-971-2 1. Aparelhos e materiais eletrônicos. 2. Circuitos elétricos. I. Cleto, Daniele Aparecida Maia. II. Pereira, Charles William Polizelli. III. Lopes, Giancarlo Michelino Gaeta. IV. Título. CDD 621.3815 Fernando Alves Negrão, Daniele Aparecida Maia Cleto, Charles William Polizelli Pereira, Giancarlo Michelino Gaeta Lopes. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 240 p. N385c Circuitos elétricos e instrumentação eletrônica / © 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Alberto S. Santana Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Emanuel Santana Grasiele Aparecida Lourenço Lidiane Cristina Vivaldini Olo Paulo Heraldo Costa do Valle Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Hugo Tanzarella Teixeira Editorial Adilson Braga Fontes André Augusto de Andrade Ramos Cristiane Lisandra Danna Diogo Ribeiro Garcia Emanuel Santana Erick Silva Griep Lidiane Cristina Vivaldini Olo 2017 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 1 | Circuitos elétricos Seção 1 - Capacitores e indutores 1.1 | Unidades de medida 1.2 | Corrente e carga elétricas 1.2.1 | Sentido da corrente 1.2.2 | Corrente contínua e corrente alternada 1.3 | Tensão (diferença de potencial V) 1.4 | Potência 1.5 | Energia elétrica 1.6 | Resistência elétrica 1.6.1 | Primeira Lei de Ohm 1.6.2 | Segunda Lei de Ohm 1.7 | Primeira Lei de Kirchhoff (Lei dos nós) 1.7.1 | Segunda Lei de Kirchhoff (Lei das malhas) 1.8 | Método da análise de malhas (Leis de Kirchhoff) 1.9 | Método de Maxwell 1.10 | Teorema da superposição 1.11 | Teoremas de Thévenin 1.12 | Teoremas de Norton Unidade 2 | Circuitos armazenadores de energia Seção 1 - Capacitores e indutores 1.1 | Capacitor 1.1.1 | Capacitância 1.2 | Indutores 1.2.1 | Indutância Seção 2 - Circuitos de primeira ordem 2.1 | Circuito RC de primeira ordem sem fonte 2.2 | Circuito RL de primeira ordem sem fonte Seção 3 - Circuitos magnéticos e eletromagnetismo 3.1 | Circuitos magnéticos e eletromagnetismo Unidade 3 | Circuitos eletrônicos Seção 1 - Circuitos com diodos 1.1 | Semicondutores 1.2 | Dopagem 1.2.1 | Material Tipo n 1.2.2 | Material Tipo p 1.3 | Diodo semicondutor 1.3.1 | Polarização direta (VD>0) 1.3.2 | Polarização reversa (VD<0) 1.3.3 | Gráfico do diodo 1.3.4 | Circuito equivalente do diodo 1.3.5 | Diodos em tensão contínua 1.3.6 | Diodo em corrente alternada (C.A.) 1.4 | Retificadores Sumário 9 12 12 14 15 16 16 17 18 18 21 22 24 25 26 28 29 32 36 45 48 48 50 56 59 65 65 69 82 82 99 103 103 105 105 105 106 107 108 109 110 112 113 115 U1 - Circuitos elétricos4 1.4.1 | Retificador de meia onda 1.4.2 | Retificador de onda completa 1.4.3 | Retificador de Onda Completa em Ponte 1.5 | Filtragem 1.5.1 | Corrente de surto 1.6 | Diodo zener 1.6.1 | Funcionamento do diodo zener 1.6.2 | Regulador de tensão utilizando diodo zener 1.7 | Circuitos limitadores ou ceifadores 1.8 | Circuitos grampeadores 1.8.1 | Circuitos detectores de pico Seção 2 - Transistores bipolares de junção 2.1 | Polarizando o transistor 2.2 | Variáveis importantes 2.2.1 | Alfa CC 2.2.2 | Beta CC 2.2.3 | Tensões de ruptura 2.3 | Configurações básicas 2.3.1 | Configuração emissor comum 2.3.2 | Gráficos de entrada e de saída 2.3.3 | Ponto quiescente ou ponto de operação 2.3.4 | Transistor como chave 2.3.5 | Transistor como fonte de corrente Seção 3 - Circuitos de polarização de transistores 3.1 | Polarização da base 3.2 | Polarização com realimentação do emissor 3.3 | Polarização com realimentação do coletor 3.4 | Polarização por divisão de tensão 3.5 | Polarização do emissor Seção 4 - Amplificadores de pequenos sinais 4.1 | Capacitor de acoplamento 4.2 | Capacitor de derivação 4.2 | Análise CA da polarização do transistor 4.2.1 | Ganho de corrente e de tensão CA 4.2.2 | Amplificador com emissor aterrado 4.2.3 | Modelo CA de um emissor comum 4.2.4 | Amplificador com realimentação parcial da resistência do emissor Unidade 4 | Aplicação de circuitos eletrônicos Seção 1 - Amplificadores operacionais 1.1 | Amplificadores operacionais 1.1.1 | Amplificador inversor 1.1.2 | Amplificador não inversor 1.1.3 | Amplificador somador não inversor 1.1.4 | Amplificador somador inversor 1.1.5 | Amplificador subtrator 1.1.6 | Amplificador integrador 1.1.7 | Amplificador diferenciador Seção 2 - Osciladores 2.1 | Oscilador com ponte de Wien 2.2 | Osciladores Colpitts 2.1 | Oscilador a cristal 2.4 | Temporizador 555 2.4.1 | Operação monoestável 2.5 | Operação astável 116 117 119 121 123 126 127 129 132 137 139 142 143 145 145 146 146 147 147 149 151 151 153 156 156 157 159 160 161 165 165 166 167 171 171 173 175 185 188 188 189 191 193 194 195 196 198 200 200 202 204 206 206 207 U1 - Circuitos elétricos 5 Seção 3 - Sensores de tensão e corrente 3.1 | Transformadores de instrumentação 3.2 | Sensores de corrente por efeito Hall 3.3 | Sensor de corrente por resistor série Seção 4 - Circuitos condicionadores de sinais de tensão e corrente 4.1 | Amplificador de instrumentação 4.2 | Fonte de corrente constante 4.3 | Fontes de tensão regulada 211 212 214 216 220 221 224 228 U1 - Circuitos elétricos6 Apresentação Este material didático possui a função de apresentar conceitos relacionados a circuitos elétricos e instrumentação eletrônica. Assim, é possível dizer que este material condensa fundamentos que permitirão a análise e a elaboração de circuitos elétricos e eletrônicos básicos. Para isso, serão abordados temas que são fundamentais a qualquer engenheiro, seja ele da área elétrica ou não, aumentando a abrangência da formação em engenharia. É esperado que ao final do estudo deste material você seja capaz de identificar, compreender e analisar circuitos elétricos e conhecer os princípios magnéticos e eletromagnéticos que são utilizados em diversas aplicações. Espera-se também que conheça os circuitos eletrônicos básicos, bem como os componentes eletrônicos que fazem parte destes circuitos e como eles funcionam. Assim, você será capaz de entender o funcionamento de diversos tipos de sensores e transdutores, e também projetar circuitos de condicionamento que venham a ser necessários para o funcionamento devido de tais circuitos. Um diferencial deste material é o fato dele condensar os principais conceitos da área eletrônica, apresentando somente os temas pertinentes e que serão utilizados na prática da engenharia. Com isso, é possível dizer que o material tem o objetivo de desenvolver conceitos que são utilizados de fato durante a carreira de um engenheiro. Para tanto, apresenta exemplos e exercícios que transcrevem situações práticas que podem ser encontradas no dia a dia do profissional de engenharia.Na Unidade 1, você está convidado a estudar conceitos de circuitos elétricos, conhecendo os componentes básicos, leis e métodos de análise. Aprenderá também conceitos relacionados aos teoremas de Thevenin e Norton, que permitem a análise dos mais diversos tipos de circuitos elétricos. A Unidade 2 apresenta assuntos relacionados a circuitos com componentes armazenadores de energia, tornando-o capaz de trabalhar na análise de capacitores e indutores. Assim, será possível o aprendizado das equações que regem o funcionamento de tais componentes dentro de um circuito e também suas características de carregamento e descarregamento. Os conceitos base que dizem respeito aos circuitos eletrônicos estão apresentados na Unidade 3. Nesta unidade, você estudará os dois componentes eletrônicos mais básicos que existem, o diodo e o transistor. Também estudará os circuitos que são utilizados para a polarização destes componentes e como eles podem ser utilizados. Por fim, na Unidade 4, você é convidado a trabalhar em uma área dentro da engenharia que é chamada de instrumentação eletrônica. Para isso, são apresentados conceitos básicos de amplificadores operacionais, seguido das aplicações destes circuitos. Com isso, o aluno será capaz de projetar e analisar circuitos de condicionamento de sinais e também conhecer diversos tipos de sensores e como utilizá-los em diversas aplicações. Desta forma, vamos estudar estes assuntos que são de grande importância para sua formação, aprofundando seus conhecimentos em circuitos elétricos e eletrônicos. Bons estudos! Unidade 1 Circuitos elétricos Olá aluno, bem-vindo! Nesta unidade curricular, você será apresentado aos principais tópicos de circuitos elétricos, tais como: circuitos elétricos, circuitos armazenadores de energia, circuitos eletrônicos e aplicação de circuitos eletrônicos. O seu material é composto pelo livro didático, que apresenta os principais temas que deverão ser estudados; além deste, você também pode contar com a orientação das atividades apresentadas nas webaulas e ainda, os momentos de orientação, mediação, explicação e interação que ocorrem no decorrer das aulas. Participe ativamente das atividades! A estrutura de seu livro didático contempla 4 (quatro) unidades de ensino. São elas: Circuitos elétricos: apresentam o estudo de introdução e conceitos básicos, leis básicas, métodos de análise e teoremas de circuitos. Nesta seção serão apresentadas as unidades de medidas, as duas quantidades que acompanham em circuitos elétricos e eletrônicos: voltagem e corrente, os modelos que descrevem os principais componentes dos circuitos elétricos e os conceitos a eles associados, bem como as leis fundamentais que governam tais circuitos. Na parte final, estudos de casos são apresentados a fim de ilustrar a aplicação dos conceitos e leis. Circuitos Armazenadores de energia: apresenta o estudo de capacitores e indutores, circuitos de primeira ordem, circuitos de segunda ordem, circuitos magnéticos e eletromagnetismo. Nesta seção serão estudados elementos armazenadores de Objetivos de aprendizagem Daniele Aparecida Maia Cleto energia conhecidos como indutor e capacitor. O primeiro consiste em um elemento que armazena energia em campo magnético e o segundo armazena energia em campo elétrico. Será visto equações e conceitos que envolvem o funcionamento desses elementos que são utilizados com freqüência em rádios, televisões, radares, transformadores, microondas e uma porção de outros equipamentos eletroeletrônicos. Porém, antes de apresentar esses elementos, faz-se uma sucinta explicação de alguns conceitos físicos relevantes como lei de Coulomb, campo elétrico e magnético, efeito Oersted e lei de Faraday. Circuitos Eletrônicos: apresenta o estudo de circuitos com diodo, fontes de tensão reguladas, transistores de junção bipolar e circuitos de polarização de transistores. Aplicação de circuitos eletrônicos: apresenta o estudo de amplificadores de pequenos sinais, osciladores, amplificadores operacionais, sensores de tensão e corrente e circuitos condicionadores de sinais de tensão e corrente. Prezado Estudante, mantenha uma rotina de estudos que o possibilite dedicar-se aos processos de leitura, participação e realização das atividades propostas. E de extrema importância para que você obtenha sucesso tanto em construção e desenvolvimento de aprendizagem, quanto em sua aplicação. Desde já desejo a você bons estudos! Introdução à unidade Esta unidade serve como livro-texto para o curso inicial de análise de circuitos elétricos. Nesta unidade há uma ênfase especial às unidades de medidas, conceitos básicos, leis básicas, métodos de análise e teoremas de circuitos. Nesta seção, o aluno aprenderá a resolver circuitos elétricos por três métodos: Método da análise de malhas e nós (Leis de Kirchhoff) e Método da análise de malhas por Maxwell. A melhor técnica de análise e uso para resolver um circuito vai depender de sua complexidade, dessa forma, iremos aperfeiçoar o estudo com algumas ferramentas apropriadas para facilitar o trabalho algébrico. Nesse item, vamos aprender sobre os seguintes teoremas: Teorema da superposição, de Thevenin e Norton. U1 - Circuitos elétricos12 Seção 1 Capacitores e indutores 1.1 Unidades de medida Introdução à seção Esta unidade serve como livro-texto para o curso inicial de análise de circuitos elétricos. Nesta unidade há uma ênfase especial às unidades de medidas, conceitos básicos, leis básicas, métodos de análise e teoremas de circuitos. Nesta seção, o aluno aprenderá a resolver circuitos elétricos por três métodos: método da análise de malhas e nós (Leis de Kirchhoff) e método da análise de malhas por Maxwell. A melhor técnica de análise e uso para resolver um circuito dependerá de sua complexidade, dessa forma, aperfeiçoaremos o estudo com algumas ferramentas apropriadas para facilitar o trabalho algébrico. Nesse item, vamos aprender sobre os seguintes teoremas: Teorema da superposição, de Thevenin e Norton. A conversão de medidas é importante para resolver questões que envolvem cálculos matemáticos, assim como de física e química. Quando um problema apresenta diferentes unidades de medida, a conversão é necessária para que seja possível compreendê-la e solucioná-la. O Sistema Internacional de Unidades (SI) será adotado em todo o livro e está formado por sete unidades básicas e dezesseis unidades derivadas, como apresentam as Tabelas 1.1 e 1.2. Para saber mais Para saber mais sobre o Teorema de superposição de Thevenin e Norton, consulte a obra a seguir: BOYLESTAD, Robert L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. U1 - Circuitos elétricos 13 Fonte: Inmetro (2012, p. 30). Fonte: Inmetro (2012, p. 30). Tabela 1.1 | Unidades básicas Tabela 1.2 | Unidades derivadas Grandeza Unidades Básicas Nome Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Corrente elétrica ampère A Temperatura termodinâmica kelvin K Quantidade de matéria mole mol Intensidade luminosa candela cd Grandeza Unidades SI Derivadas Nome Símbolo Unidades Capacitância farad F m kg s A− −⋅ ⋅ ⋅2 1 4 2 Carga elétrica coulomb S A s⋅ Condutância siemens C m Kg s A− −⋅ ⋅ ⋅2 1 3 2 Energia joule J m Kg s2 2⋅ ⋅ − Fluxo luminoso lúmen Im cd Fluxo magnético weber Wb m Kg s A2 2 1⋅ ⋅ ⋅− − Força newton N kg m s⋅ ⋅ −2 Frequência hertz Hz s−1 Indutância henry H m Kg s A2 2 2⋅ ⋅ ⋅− − Intensidade de campo magnético tesla T Kg s A⋅ ⋅− −2 1 Luminosidade lux Ix cd m⋅ −2 Potência watt W m Kg s2 3⋅ ⋅ − Pressão pascal Pa m Kg s− −⋅ ⋅1 2 Resistência elétrica ohm Ω m Kg s A2 3 2⋅ ⋅ ⋅− − Tensão elétrica volt V m Kg s A2 3 1⋅ ⋅ ⋅− − U1 - Circuitos elétricos14 Fonte: Inmetro (2012, p. 34) Tabela 1.3 | Prefixos oficiais do SI Prefixo Símbolo Fator yotta Y 1024 zetta Z 1021 exa E 1018 peta P 1015 tera T 1012 giga G 109 mega M 106 quilo k 103 hecto h 102 deca da 101 PrefixoSímbolo Fator nenhum 100 centi d 10−1 centi c 10−2 miali m 10−3 micro µ 10−6 nano n 10−9 pico p 10−12 femto f 10−15 atto a 10−18 zepto z 10−21 yocto y 10-24 Múltiplos e submúltiplos decimais são frequentemente encontrados na prática científica. Para facilitar a manipulação dos números, utilizam-se potências de dez. Os símbolos e os prefixos dados na Tabela 1.3 permitem que se reconheça facilmente as potências de dez envolvidas nas representações simplificadas de um número em notação científica. 1.2 Corrente e carga elétricas A corrente elétrica é o fluxo ordenado de partículas portadoras de carga elétrica, sendo a taxa de variação da carga elétrica que passa em um determinado ponto de um circuito. A intensidade da corrente elétrica é definida como a quantidade de carga elétrica que atravessa a seção transversal de um condutor em um intervalo de tempo. A carga elétrica é uma propriedade que está relacionada com as partículas elementares que formam os átomos, sendo os prótons positivos, os elétrons negativos e os nêutrons neutros. “A forma derivada de carga, o coulomb (C) é equivalente a um ampère por segundo: 1 1 1A C s= ⋅ − ou 1 1C A s= ⋅ ” (EDMINISTER, 1985, p. 3). A corrente elétrica é dada em C/s que é o ampère (A), mas é comum expressar em miliampères (mA) ou microampères ( ∝A). A carga elétrica é proporcional ao número de elétrons: U1 - Circuitos elétricos 15 (1.1) (1.3) (1.2) Q N e= ⋅ Carga Celétron = = × = × −Qe 1 6 242 10 1 6 1018 19 , , i Q t = i Q t = = = corrente elétrica em ampère (A) carga em coulomb (C) , tempo em segundos (s) Para calcular a intensidade da corrente elétrica i na seção reta circular de um condutor, considera-se a carga que passa por ele em um intervalo de tempo, ou seja: Um coulomb equivale à aproximadamente a carga de elétrons. A carga associada a um elétron pode, então, ser determinada a partir da equação 1.1: Em que: 1.2.1 Sentido da corrente A corrente elétrica é tradicionalmente representada como o movimento de cargas positivas. Essa convenção foi criada por Benjamin Franklin, o primeiro grande cientista americano a estudar a eletricidade. Naturalmente, hoje sabemos que o movimento de carga nos condutores metálicos é o resultado do movimento de elétrons que possuem carga negativa. Mesmo assim, descrevemos a corrente como um movimento de cargas positivas, de acordo com a convenção adotada no passado. A Figura 1.1 ilustra o esquema do sentido das correntes: real e convencional. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.1 | Esquema do sentido das correntes U1 - Circuitos elétricos16 V V V E QA B AB AB− = = V E AB AB = = diferençaa de potencial em (V) energia em joule (J) QQ = carga em coulomb (C) 1.2.2 Corrente contínua e corrente alternada Corrente contínua (CC) é aquela que não altera seu sentido, ou seja, é sempre negativa ou positiva, esse tipo de corrente é gerado por pilhas, baterias de automóveis ou motos, entre outros. Corrente Alternada (CA) ocorre quando o fluxo de elétrons dentro do condutor realiza movimentos de vai e vem em seu interior, ou seja, o sentido da corrente varia com o tempo. 1.3 Tensão (diferença de potencial V) Tensão elétrica (V), também conhecida como diferença de potencial (ddp), é uma grandeza física que está relacionada ao conceito de corrente elétrica. Falamos sobre corrente elétrica anteriormente, porém para existir corrente elétrica entre dois terminais é necessário que haja uma diferença de potencial entre eles. A unidade de medida é o volt, em homenagem ao físico italiano Alessandro Volta. A ddp entre dois terminais é medida pelo trabalho (energia) realizado por unidade de carga de um terminal para o outro. O volt é a diferença de potencial (ddp) entre dois terminais, quando é necessário o trabalho de 1 joule para transferência de uma carga de 1 coulomb de um terminal ao outro: 1 volt = 1 joule/coulomb (EDMINISTER, 1991). A tensão elétrica entre dois terminais é dada pela equação 1.4. Em que: Em circuitos elétricos, a diferença de potencial é fornecida por fontes de tensão que podem ser divididas em duas categorias: alternada e contínua. A Figura 1.2 apresenta os símbolos de fontes de tensão contínua e alternada. O traço maior do símbolo, terminal positivo (+), indica o ponto de maior potencial. (1.4) U1 - Circuitos elétricos 17 Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.2 | Símbolo para fonte de tensão contínua e tensão alternada 1.4 Potência Potência elétrica ( )P é a taxa com a qual o trabalho ou energia ( )E é realizado em um intervalo de tempo ( )∆t ,como apresenta a equação 1.5, ou a potência também pode ser calculada pelo produto da tensão aplicada ( )V pela corrente ( )i , como apresenta a equação 1.6. Em que: Ou, em termos de grandezas elétricas: Através da Lei de Ohm, a equação para o cálculo de potência pode ser reescrita como mostram as equações: ou P E t = ∆ P E t = = = potÍ ncia em watt (W) energia em joule (J) intervalo d∆ ee tempo em segundos (s) P V i= ⋅ P R i i P R i = ⋅ ⋅ = ⋅ 2 P V i V V R P V R = ⋅ = ⋅ = 2 (1.6) (1.7) (1.8) (1.5) U1 - Circuitos elétricos18 1.5 Energia elétrica A energia elétrica é a capacidade de uma corrente elétrica realizar trabalho, devido a isso, podemos rearranjar a equação 1.5 e obter a energia elétrica, conforme a equação 1.9, ou seja: A unidade da energia elétrica pode ser dada por watt-segundo (W s)⋅ ou por joule ( )J , porém a unidade mais utilizada para a energia elétrica é o quilowatt-hora (kWh) , que corresponde a 3 6 106, × J . E P t= ⋅ ∆ 1 3 6 106 kWh J= ×, P V i i i A = ⋅ = ⋅ = = 2400 110 2400 110 21 8, E P t E = ⋅ = ⋅ ⋅ = = ∆ 2400 0 33 30 23760 23 76( , ) , Wh kWh V i V i ∝ = constante Exemplo 1 Um chuveiro tem as especificações 2400W/110V, calcule: a) A corrente consumida pelo chuveiro: b) A energia consumida (em KWh) durante 1 mês (30 dias), se todos os dias o chuveiro é ligado por 20 minutos: Se em 1 hora temos 60 minutos, então, em 20 minutos teremos 0,33 horas. 1.6 Resistência elétrica Resistência é a propriedade física de um componente ou dispositivo que se opõe à passagem de corrente elétrica, é representada pelo símbolo R. Um componente que possui uma resistência R é chamado de resistor. Quando a Lei de Ohm, Eq. 1.10, é obedecida, a relação entre i e V é linear (DORF; SVOBODA, 2012). (1.09) U1 - Circuitos elétricos 19 R V i = R V i = = = Resistência elétrica em Ohm(©) tensão em volts (V) corrrente elétrica em ampères (A) Ou seja, Em que: O resistor é utilizado na elétrica e eletrônica com a finalidade de transformar energia elétrica em energia térmica por meio do efeito joule, ou com a finalidade de limitar a corrente elétrica em um circuito, a Figura 1.3(b) mostra um resistor. Trata-se de um componente físico cuja característica principal é oferecer uma oposição à passagem de corrente elétrica, através de seu material. Comercialmente, esses componentes são chamados de resistência elétrica, mas lembre-se, resistência elétrica é uma propriedade e não um componente. Em um circuito, o resistor é representado por um dos símbolos mostrados na Figura 1.3(a). Alguns resistores indicam os valores de resistência e potência impresso no próprio componente, outros utilizam apenas um código de cor para indicar seus valores, como mostra a Figura 1.4. Para resistores de quatro faixas é utilizada a Figura 1.4, conforme as seguintes orientações: • 1ª Faixa: mostra o primeiro algarismo do valor da resistência. • 2ª Faixa: mostra o segundo algarismo da resistência. • 3ª Faixa: mostra quantos zeros devem ser adicionados à resistência. • 4ª Faixa: mostra a tolerância que o componente terá. Fonte: (a) elaborada pela autora. (b) < http://www.arduino-tutorials.com/ee101-resistors>. Acesso em: 20 abr. 2017. Figura 1.3 | Representação gráfica de um resistor (a) e resistor comercial com código de cores (b). (1.10) U1 - Circuitos elétricos20 Fonte: <https://goo.gl/2CMOYu>.Acesso em: 17 abr. 2017. Figura 1.4 | Códigos de cores dos resistores Para resistores de cinco faixas é utilizada a Figura 1.4, de acordo com as seguintes orientações: • 1ª Faixa: mostra o primeiro algarismo do valor da resistência. • 2ª Faixa: mostra o segundo algarismo da resistência. • 3ª Faixa: mostra o terceiro algarismo da resistência. • 4ª Faixa: mostra quantos zeros devem ser adicionados à resistência. • 5ª Faixa: mostra a tolerância que o componente terá. U1 - Circuitos elétricos 21 1.6.1 Primeira Lei de Ohm O físico alemão Georg Simon Ohm, em 1826, verificou experimentalmente a relação entre tensão, corrente e resistência elétrica em resistores. Das inúmeras experiências realizadas com diversos tipos de condutores, Ohm verificou que a tensão aplicada nos terminais de um condutor é proporcional à corrente elétrica que o percorre, ou seja, rearranjando a equação 1.10, temos: A equação 1.11 é válida somente para resistores ôhmicos. Em resistores não ôhmicos R não é uma constante. Ao plotar um gráfico que envolve V i× para resistores ôhmicos, podemos verificar que a inclinação da reta no gráfico fornece o valor constante da resistência, como apresenta a Figura 1.5. Para condutores não ôhmicos, verificamos que o gráfico de V i× não é linear, conforme os dois exemplos de possíveis formas de curvas para condutores não ôhmicos representados na Figura 1.6. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.5 | Gráfico referente à diferença de potencial (V) versus a intensidade de corrente (i), para condutores ôhmicos V R i= ⋅ (1.11) U1 - Circuitos elétricos22 1.6.2 Segunda Lei de Ohm Ohm também verificou que a resistência elétrica de um condutor depende do comprimento do objeto, das características do material de que ele é composto e de sua espessura. Segundo Ohm, a resistência elétrica ( )R é diretamente proporcional ao seu comprimento ( )L e a resistividade ( )ρ é inversamente proporcional à área da seção transversal ( )A do condutor homogêneo, ou seja: Em que: A resistividade é uma característica de cada material que define o quanto ele se opõe à passagem do fluxo de uma corrente elétrica. Quanto maior a resistividade do material, maior a resistência do condutor. A Tabela 1.4 apresenta a resistividade e coeficiente térmico de alguns materiais. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.6 | Gráfico referente à diferença de potencial (V) versus a intensidade de corrente (i), para condutores não ôhmicos R L A = ρ R = = resistência em Ohm (Ω) resitividade em Ohm por metro (Ωρ x ) comprimento em metro (m) Área da seção transversal L A = = eem metro quadrado (m )2 m (1.12) U1 - Circuitos elétricos 23 Quando há um aumento de temperatura, a resistência elétrica também é elevada, isso ocorre devido à agitação térmica das partículas, ocasionando colisões no interior do condutor. Tal fato, obedece à relação da equação 1.13. Em que: Fonte: Boylestad (2004, p. 7). Tabela 1.4 | Tabela referente a valores de resistividade e coeficiente térmico de alguns materiais Material Resistividade (Ω.m) Coeficiente Térmico α = −C 1 Temperatura ºC Alumínio 2 9 10 8, × − 0,0038 0 Bronze 6 7 10 8, × − 0,00200 20 Borracha 1013 - Cobre , 10 8 × −1 7 0,00430 0 Estanho 1 2 10 7, × − 0,00420 20 Grafite 1 3 10 5, × − 0,00050 20 Latão 6 7 10 8, × − 0,00200 20 Mercúrio 9 6 10 7, x − 0,00089 20 Níquel 8 7 10 8, x − 0,00600 20 Ouro 2 4 10 8, x − 0,00340 20 Platina 11 10 7, x − 0,00250 20 Prata 1 6, 10 8 × − 0,00380 20 Silício 2 5 102, x -0,07000 20 Tungstênio 5 5 10 8, x − 0,00450 20 Vidro 1010 a 1014 - Zinco 5 6 10 8, x − 0,00380 20 ρ ρ α θ= +0 1( )∆ ( ) ( )ρ É a resistividade do material na temperatura final em Cell C θ É a resistividade do material na temperat f ρ0 uura inicial em Celsius ºC θ É a variação da temperat 0 ∆θ uura sius º (1.13) U1 - Circuitos elétricos24 1.7 Primeira Lei de Kirchhoff (Lei dos nós) Para analisar um circuito elétrico, podemos escrever e resolver um sistema de equações que relaciona as correntes e as tensões em todos os componentes do circuito aos valores desses componentes. Algumas dessas equações são obtidas aplicando ao circuito as Leis de Kirchhoff para tensões e para correntes, outras são obtidas aplicando equações constitutivas, como a Lei de Ohm, a componentes isolados. Os valores das tensões e correntes nos componentes, que são as incógnitas, são obtidos resolvendo o sistema de equações. Um nó é identificado através de um ponto de ligação no circuito elétrico em que são ligados três ou mais condutores, a Figura 1.7 apresenta um esquema dos nós. Em qualquer nó, a soma algébrica das correntes é sempre igual a zero, ou seja, em qualquer nó a soma das correntes que entram é igual a soma das correntes que saem. Ramo ou braço é um trecho do circuito elétrico compreendido entre dois nós principais consecutivos, ou seja: Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.7 | Esquema representativo da Lei dos nós ouii i n = = ∑ 0 1 i ii i n j j m chega saem = = = ∑ ∑ 1 1 U1 - Circuitos elétricos 25 • Nós: B e E. • Ramo ou braço: BADE, BCFE e BE. 1.7.1 Segunda Lei de Kirchhoff (Lei das malhas) A segunda Lei de Kirchhoff (Lei das malhas ou tensões) relata que a soma algébrica das forças eletromotrizes (f.e.m) que têm o mesmo sentido do percurso é igual à soma das (f.e.m) que têm sentido contrário. Isso quer dizer que a soma das tensões em uma malha ou laço é nula. Laço é qualquer caminho fechado no circuito que não repete os nós (exceto o nó inicial e final). Malha é o caminho fechado pelo qual uma corrente elétrica pode percorrer, ou seja, laço que não contém outro laço dentro. Analisando a Figura 1.9, nota-se que há três malhas: ABEDA, BCFEB e ABCFEDA. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.8 | Circuito elétrico com dois nós Figura 1.9 | Circuito elétrico com dois nós e três malhas U1 - Circuitos elétricos26 1.8 Método da análise de malhas (Leis de Kirchhoff) Para resolver um circuito elétrico, é necessário determinar as correntes de todos os seus ramos. Para tal finalidade, a aplicação dos métodos das malhas baseia-se em alguns passos principais, como apresenta o exemplo 2. • Identificar os nós, ramos, malhas ou laços do circuito elétrico. • Para cada ramo do circuito atribuir um sentido para a corrente elétrica. • Orientar as tensões do circuito, tomando como referência essas correntes. • Havendo nós, montar equações utilizando as Leis de Kirchhoff, em número igual ao de correntes de ramo (incógnitas) existentes. Obtendo-se: = nnú = nnúnúmero mero meroequações de malhas malhas nós • Resolução dos sistemas de equações. Exemplo 2 Determine as correntes do circuito da Figura 1.10, utilizando o Método de Kirchhoff. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.10 | Circuito elétrico U1 - Circuitos elétricos 27 Seguindo os passos do Método de Kirchhoff, temos: 1° Identificar 2 nós B e E, 3 ramos BADE, BCFE e BE, 2 malhas internas ABEDA e BCFEB e 1 malha externa ABCFEDA. 2° Orientar as correntes. 3° Orientar as tensões. 4° Montar as equações através da Lei dos nós. i i i1 2 3 0+ + = Vamos aplicar a segunda Lei de Kirchhoff para as malhas internas. Malha M1 Malha M2 10 15 25 2 3 5 2 3 5 1 2 1 2 1 2 i i i i i i = + = + − = 10 15 45 2 3 9 2 3 9 3 2 3 2 3 2 i i i i i i = + = + − = O próximo passo é resolver o sistema de 3 equações e 3 incógnitas. i i i i i i i 1 2 3 1 2 3 2 0 2 3 5 2 3 9 + + = − = − = Isolando i1 e i3 da segunda e terceira equações. i i i i 1 2 3 2 3 5 2 3 10 2 = + = + Substituindo na primeira equação, temos i1 , i2 e i3 : Podemos concluir que a corrente negativa i i2 1 e significa que o sentido da corrente proposta no esquema da figura está invertido. Analisando os resultados obtidos, conclui-se que o gerador de 45 V prevalece sobre o de 25 V, por causa da orientação de ambos. A parcela de i1 devida ao gerador de 45V é maior que a do gerador 3 5 2 3 9 2 0 4 7 7 4 1 75 2 2 2 2 2 2 i i i i i i A + + + + = = − = − = − , i i i i A 1 2 1 1 3 5 2 3 1 75 5 2 0 125 = + = ⋅ − + = − ( , ) , i i i i A 3 2 3 3 3 10 3 1 75 9 2 1 875 = + = ⋅ − + = ( , ) , U1 - Circuitos elétricos28 de 25 V (o que pode ser analisado pelo Método da superposição de efeitos, que será estudado no item 1.10). 1.9 Método de Maxwell Para utilizar o Método de Maxwell, é necessário que tenha compreendido o Método de Kirchhoff. O Método de Maxwell é utilizado quando há um número muito grande de malhas, pois ele diminui a quantidade de incógnitas. Verifique os passos para resolução com o Método de Maxwell: • Adota-se um sentido para cada corrente fictícia de malha interna existente no circuito. Para diferenciar as correntes de ramo das correntes de malha, representam-se estas últimas por letras gregas (a, b etc.). Então, deixam-se de lado as correntes de ramo, que serão utilizadas apenas na análise final da solução. • Montam-se, com base na segunda Lei de Kirchhoff, equações de tensões para as malhas internas do circuito. O sentido dessas tensões segue a orientação das correntes de malha adotadas (fictícias). • Oriente as tensões em cada malha e escreva suas equações. Utilize a equação: V R i R= ⋅ −∑∑∑ malha ramo Exemplo 3 Determine as correntes do circuito a seguir, utilizando o Método de Maxwell. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.11 | Circuito elétrico com duas malhas M1 e M2 U1 - Circuitos elétricos 29 1º Oriente a corrente das duas malhas, veja figura. 2° Oriente as tensões e escreva as equações. Malha M1 Malha M2 25 15 10 15 25 25 15 = + − = − α α β α β − = + − − = − 45 15 10 15 45 25 15 β β α β α Dividindo ambos os valores das malhas por 5, temos: Malha M1 Malha M2 5 5 3= −α β − = −9 5 3β α Com essas duas equações têm um sistema. 5 5 3 9 3 5 = − − = − + α β α β ← ⋅ ← ⋅ 3 5 15 15 9 45 15 25 = − − = − + α β α β Agora, somaremos as equações e descobrir os valores de α β e − = = − = − 30 16 30 16 1 875 β β , A 15 15 9 1 875 15 15 16 875 15 15 16 875 15 1 875 0 12 = − ⋅ − = + = − = − = − α α α α α , , , , , 55 Substituindo os valores nas equações de ramo, temos: i A i A i A 1 2 3 0 125 1 75 1 875 = = − = − + = − = − = α α β β , , , Conclui-se que a corrente negativa para α β e mostra que o sentido da corrente proposta no esquema da figura está invertido ao adotado. Os resultados obtidos são os mesmos da solução pelo Método de Kirchhoff, porém com trabalho matemático menor. 1.10 Teorema da superposição O Teorema da superposição para circuitos elétricos consiste em afirmar que a corrente elétrica total em qualquer ramo de um circuito bilateral linear é igual à soma algébrica das correntes produzidas por cada fonte atuando separadamente no circuito. Este teorema deve ser utilizado quando um circuito obtiver várias fontes de corrente ou tensão independentes que não estejam em série ou paralelo. U1 - Circuitos elétricos30 Exemplo 4 Determine as correntes do circuito da figura a seguir, utilizando o Método da superposição. Escolhendo para análise o gerador 1 de 25 V, o gerador 2 nesse caso, passa a ser representado como um curto-circuito, como mostra a figura: No circuito novo, com um único gerador, orientam-se as correntes de ramo existentes, lembrando que a corrente “sai” do polo positivo do gerador. Fonte: elaborada pela autora Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.12 | Circuito elétrico Figura 1.13 | Circuito com gerador retirado U1 - Circuitos elétricos 31 Utilizando qualquer método para solução de circuito conhecido (Kirchhoff, Maxwell etc.), determinam-se as correntes de ramo para o gerador escolhido. Repetindo os passos anteriores para o gerador de 45 V, temos o seguinte circuito. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.14 | Circuito simplificado Figura 1.15 | Circuito simplificado R i A V R i V i a a a ' ' ' , , , = ⋅ + = = + = = ⋅ = ⋅ = = 15 10 15 10 6 25 10 6 1 56 1 56 6 9 36 1 1 2 Ω VV A i V Aa ' ' , , , , 15 9 36 15 0 624 10 9 36 10 0 9363 = = = = = U1 - Circuitos elétricos32 Agora, vamos encontrar as correntes i 1 , i 2 e i 3 . O valor encontrado das correntes foi igual aos métodos anteriores. 1.11 Teoremas de Thévenin O Teorema de Thévenin é usado para simplificar e resolver um circuito, este teorema afirma que podemos substituir todo o circuito, com exceção ao bipolo em questão, por um circuito equivalente, contendo uma fonte de tensão em série com um resistor, como apresenta a Figura 1.16. Exemplo 5 Determine a corrente que percorre a resistência de 8 Ω no circuito da Figura 1.17, utilizando o Teorema de Thévenin. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.16 | Esquema representativo do circuito equivalente de Thévenin R i A V V i V b b '' , '' , , '' = ⋅ + = = + = = ⋅ = = 10 15 10 15 6 45 10 6 2 81 2 81 6 16 86 1 3 2 Ω 55 16 86 15 112 10 16 86 10 1 681 = = = = = , , '' , , A i V Ab i i i i i i i a b a b 1 1 1 2 2 2 3 1 56 1 68 0 125 0 624 112 1 75 = − = − = − = − − = − − = − , , , , , , == − + = − + =i ia b3 3 0 936 2 81 1 875, , , U1 - Circuitos elétricos 33 Retirando a resistência de 8 Ω, obtém-se o circuito da Figura 1.18. Substitua os geradores de tensão por curto-circuito, como na Figura 1.19. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.17 | Circuito elétrico Figura 1.18 | Circuito simplificado aberto U1 - Circuitos elétricos34 A partir da Figura 1.19, podemos encontrar RTh R Th = ⋅ + + = 15 10 15 10 2 8 Ω Como o circuito está aberto entre os pontos A e B, não circula corrente pela resistência de 2 Ω, logo, não há tensão sobre ela. Portanto, para efeitos de tensão, pode-se eliminar a resistência de 2 Ω, Figura 1.20. Para facilitar a solução, deixa-se de lado, temporariamente, o gerador de 45 V e determina-se a tensão entre os pontos C e B, como mostra a Figura 1.21. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.19 | Circuito com geradores substituídos por curto-circuito Figura 1.20 | Circuito com resistência em aberto eliminada U U VCB R= = ⋅ + = 15 25 15 15 10 15 U1 - Circuitos elétricos 35 A Figura 1.22 mostra o circuito representado apenas pelas tensões. Como o gerador de 45 V, prevalece o de 15 V E U VTh BA= = − =45 15 30 Portanto, o gerador de Thévenin entre os pontos A e B será o da Figura 1.23: Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.21 | Circuito parcial, sem o gerador de 45 V Figura 1.22 | Simplificação do circuito U1 - Circuitos elétricos36 Recolocando no circuito a resistência de 10 Ω (ver Figura 1.24), pode-se calcular a corrente que a atravessa. i = + = 30 8 8 1 875, A O valor da corrente foi de 1,875 A. 1.12 Teoremas de Norton O Teorema de Norton é mais uma dentre as inúmeras opções que temos para cálculos de grandezas pertinentes a circuitos elétricos. Ele se assemelha ao Teorema de Thèvenin e tem a mesma aplicabilidade. A diferença fundamental é que o circuito equivalente consta de uma fonte de corrente em paralelo com uma resistência, como apresenta a Figura 1.25. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.23 | Gerador equivalente de Thévenin Figura 1.24 | Gerador de Thévenin conectado à resistência U1 - Circuitos elétricos 37 Exemplo 6 Determine a corrente que percorre a resistência de 8 Ω no circuito da Figura 1.26, utilizando o Teorema de Norton. Este circuito foi resolvido pelo Teorema de Thévenin, para resolver pelo Teorema de Norton, teremos que determinar a corrente de ramo do circuito. Escolhidos dois pontos do circuito elétrico, os efeitos do circuito sobre esses dois pontos (em vazio, sem carga) podem ser representados por um gerador de corrente, com uma resistência em paralelo, chamado gerador equivalente de Norton(Figura 1.27). Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.25 | Esquema representativo do circuito equivalente de Norton Figura 1.26 | Circuito elétrico Figura 1.27 | Gerador equivalente de Norton U1 - Circuitos elétricos38 Da mesma forma que no gerador de Thévenin, escolhem-se dois pontos A e B entre os quais se pretende determinar a corrente. Nesse caso, é como se ambos os pontos fossem colocados em curto-circuito por um amperímetro, ver Figura 1.28. A resistência do gerador de Norton é a mesma do gerador de Thévenin. Logo, pela dualidade entre os geradores de tensão e corrente, temos: R R E R Th N Th N N = = ⋅ i O uso de geradores de corrente não é muito comum. Sugere- se a utilização da dualidade entre os geradores e consequente solução por Thévenin e depois nova conversão por dualidade para o gerador de corrente de Norton. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.28 | Gerador de Norton, os pontos A e B estão em curto-circuito Questão para reflexão Quais são as relações entre os componentes de um circuito? U1 - Circuitos elétricos 39 Atividades de aprendizagem 1. Qual é o número de elétrons retirado de um corpo cuja carga elétrica é Q C= 34µ . 2. Um fio condutor foi ligado a um gerador ideal, que mantém entre seus terminais uma tensão V = 14 volts. Determine o valor da resistência desse fio. 3. A potência elétrica de um chuveiro elétrico de uma residência é de 5500 W. a) Qual é a energia elétrica consumida durante um banho de 10 minutos? Dê a resposta em kWh. b) Considerando-se que 1 kWh custa R$ 0,30, qual é o custo da energia elétrica consumida pelo chuveiro, durante um mês (30 dias), sabendo-se que a residência tem 3 moradores que tomam um banho diário, cada um de 10 minutos? 4. Um resistor de forma cilíndrica tem resistência elétrica de 20 W. Determine a resistência elétrica de outro resistor de forma cilíndrica, de mesmo material, com o dobro do comprimento e com o dobro do raio de seção reta. U1 - Circuitos elétricos40 Para concluir o estudo da unidade Fique ligado Caro aluno, nesta unidade, vimos os principais conceitos sobre introdução a circuitos e métodos de análises de circuitos elétricos. A unidade está estruturada de forma que seus tópicos e exercícios propostos correlatos facilitem o planejamento do processo ensino-aprendizagem. O estudo dessa unidade não esgotou todo o conteúdo a respeito dos tópicos abordados, esse estudo deve servir como base para o seu aprofundamento, pois ele não termina com o fim da unidade. Nunca deixe de estudar, é o segredo para o crescimento e a evolução constante. Bons estudos! Nessa unidade foram estudados vários elementos importantes sobre elétrica e eletrônica, entre eles: - Introdução a circuitos. - Conceitos básicos. - Leis básicas. - Métodos de análise. - Teoremas de circuitos. Todos esses itens são importantes para a formação do engenheiro, pois estão presentes na composição das máquinas e de produtos eletrônicos e serão necessários em outras disciplinas e durante a vida profissional. U1 - Circuitos elétricos 41 Atividades de aprendizagem da unidade 1. Expresse os números a seguir como potência de dez: a) 10.000 b) 100 c) 0,00001 d) 0,0001 e) 10 / 1000 f) 100 / 0,001 g) (50.000)(0,002) h) 0,003 / 30,0000 i) 2000 / 0,0004 2. Preencha as lacunas nas seguintes conversões: a) 4 · 103 = · 106 b) 6 · 10-4 = · 10-6 c) 50 · 105 = · 103 = · 106 = · 109 3. Em um dia chuvoso, um trovão descarrega um total de n elétrons durante apenas 0,0000001 segundo, com intensidade de corrente elétrica igual a 7 52 1026, ⋅ A. Qual a quantidade de elétrons medido no ponto onde o raio caiu? 4. Em uma lâmpada está escrito 500W/220V. Calcule a corrente consumida pela lâmpada. 5. Determine a corrente elétrica resultante quando conectamos uma bateria de 9 V aos terminais de um circuito cuja a resistência é de 2,2Ω. U1 - Circuitos elétricos42 6. Observe a Figura 1.29 e verifique o valor correspondente de sua resistência. 7. No circuito dado a seguir, calcule suas correntes de ramo existentes, utilizando a Lei de Kirchhoff. 8. No circuito a seguir, indique a quantidade de nós, ramos e calcule suas correntes de ramos existentes, utilizando a Lei de Maxwell. Fonte: <http://www.arduino-tutorials.com/ee101-resistors>. Acesso em: 20 abr. 2017. Fonte: elaborada pela autora. Fonte: elaborada pela autora. Figura 1.29 | Resistor Figura 1.30 | Circuito elétrico utilizando a Lei de Kirchhoff Figura 1.31 | Circuito elétrico utilizando a Lei de Maxwell U1 - Circuitos elétricos 43 Referências ALEXANDER, Charles K.; SADIKU, Matthew N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. Porto Alegre: Bookman, 2003. BOYLESTAD, Robert L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004. DORF, Richard C.; SVOBODA, James A. Introdução aos circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2012. EDMINISTER, Joseph A. Circuitos elétricos. Reedição da edição clássica. São Paulo: McGraw-Hill Ltda., 1991. . Circuitos elétricos. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill Ltda., 1985. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA (INMETRO). Sistema Internacional de Unidades: SI. 1. ed. Duque de Caxias - RJ: INMETRO, 2012. 94 p. Traduzido de: Le Système international d’unités - The International System of Units 8. ed. 2006. Disponível em: <http://www.inmetro. gov.br/inovacao/publicacoes/si_versao_final.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2017. JOHNSON, David E.; HILBURN, John L.; JOHNSON, Johnny R. Fundamentos de análise de circuitos elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. SVOBODA, James A., Richard C. Dorf. Introdução aos circuitos elétricos. Tradução Ronaldo Sérgio de Biasi. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. DORF, Richard C.; SVOBODA, James A. Introdução aos circuitos elétricos. Tradução Ronaldo Sérgio de Biasi. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. WALKER, Halliday R. Fundamentos de física. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. U1 - Circuitos elétricos44 Unidade 2 Circuitos armazenadores de energia Nesta unidade, você conhecerá os elementos armazenadores de energia mais comumente usados em circuitos elétricos e eletrônicos, os capacitores e os indutores, e suas aplicações. Além disso, você aprenderá sobre a construção básica e os fatores que determinam a capacidade de armazenamento de cada elemento, como também a aplicação desses elementos em circuitos elétricos e eletrônicos. Ao final da unidade, você será introduzido aos conceitos de circuitos magnéticos e de transformadores. Objetivos de aprendizagem Nesta seção, você aprenderá sobre os conceitos de capacitores e indutores, características construtivas e a associação série e paralelo. Seção 1 | Capacitores e indutores Nesta seção, você estudará o comportamento de dois tipos de circuitos, primeiramente, formados por resistores e capacitores e outro formado por resistores e indutores, conhecidos como os circuitos RC e RL, respectivamente. Aprenderá sobre o comportamento no tempo desses circuitos, quando apesentam condições de carga inicial e também quando excitados por fontes de tensão independente. Seção 2 | Circuitos de primeira ordem Nesta seção, você tomará conhecimento da similaridade entre circuitos magnéticos e circuitos elétricos. Desenvolverá uma compreensão dos Seção 3 | Circuitos magnéticos e eletromagnetismo Fernando Alves Negrão parâmetros importantes do circuito magnético e aprenderá os conceitos do transformador elétrico. Introdução à unidade Nesta unidade, serão abordados os elementos armazenadores de energia, como o capacitor e o indutor. Serão tratadas as equações e as características desses elementos, assim como a análise do comportamento de circuitos compostos por esses elementos. Os circuitos estudados serão os de primeira ordem, RC e RL, como também os de segunda ordem, RLC. Para cada circuito serão estudadas duas situações, primeiro considerando os elementos com valores iniciais e o segundoconsiderando a utilização de fontes independentes. Após a análise dos elementos armazenadores de energia e seus circuitos, será estudado o circuito magnético, considerando a sua similaridade com a análise de circuitos elétricos. U2 - Circuitos armazenadores de energia48 Seção 1 Capacitores e indutores 1.1 Capacitor Introdução à seção Nesta seção, abordaremos as características de dois importantes elementos de circuitos elétricos, o capacitor e o indutor. Será apresentada uma breve revisão sobre os conceitos e as teorias que descrevem o comportamento desses elementos. Inicialmente, estudaremos o capacitor e veremos como associá-lo em série e paralelo, na sequência, faremos o mesmo com os indutores. Por esses elementos terem a capacidade de armazenar energia, são largamente utilizados em circuitos elétricos e eletrônicos, como veremos ao final desta seção. O capacitor é um componente elétrico constituído por dois elementos condutores, normalmente representados por placas, dispostas em paralelo e separadas por um material isolante (dielétrico). Em algumas aplicações práticas, as placas são normalmente folhas de alumínio e o dielétrico pode ser ar, cerâmica, papel ou mica (NILSON; RIEDEL, 2009); (ALEXANDER; SADIKU, 2013). A Figura 2.1 mostra um exemplo de capacitor comum. Fonte: Alexandre e Sadiku (2013). Figura 2.1 | Capacitor comum U2 - Circuitos armazenadores de energia 49 Na Figura 2.1, pode-se ver as duas placas, o dielétrico com permissividade ε 1 , e a separação entre as placas, distância d. Existe uma grande variedade de modelos de capacitores disponíveis no mercado, entre eles os cerâmicos, o poliéster, os eletrolíticos, o tântalo etc. A Figura 2.2 mostra essa variedade de modelos. Figura 2.2 | Tipos de capacitores Fonte: adaptada de: <http://marinenotes.blogspot.com.br/2012/09/identify-various-capacitors-and.html>. Acesso em: 14 fev. 2017. U2 - Circuitos armazenadores de energia50 A Figura 2.2 mostra apenas uma parte da variedade de capacitores existentes no mercado. Utilizando-se de uma ferramenta de busca na internet, pode-se encontrar uma infinidade de outros modelos e aplicações dos capacitores, não só como elementos armazenadores de energia, mas também utilizados para supressão de ruídos, correção de fator de potência, redução da interferência eletromagnética, filtros de fontes CC, filtros para sistema de áudio, partida de motores, osciladores, controles de sistemas eletrônicos, temporizadores, entre outras aplicações. 1.1.1 Capacitância Quando se aplica uma fonte de tensão entre as placas do capacitor, forma-se um campo elétrico entre as placas, acumulando carga positiva sobre uma placa e carga negativa sobre a outra, conforme mostra a Figura 2.3. Para saber mais Devido à grande variedade de capacitores disponíveis no mercado, os fabricantes disponibilizam tabelas de seleção de componentes para ajudar os projetistas a encontrarem o modelo adequado à aplicação. Para conhecer sobre capacitores comerciais, acesse os sites: Disponível em: • <https://www.mundodaeletrica.com.br/tipos-de-capacitores/>. Acesso em: 12 abr. 2017. • <http://www.sabereletrica.com.br/entenda-o-funcionamento- dos-capacitores/>. Acesso em: 12 abr. 2017. Para um material mais completo, acesse o guia do fabricante TDK®, em inglês, para ajudar na escolha de capacitores cerâmicos multicamadas (MLCC – Multilayer Ceramic Chip Capacitor). Disponível em: <https://product.tdk.com/info/en/products/capacitor/ ceramic/mlcc/productguide/index.html>. Acesso em: 12 abr. 2017. Além de capacitores MLCC, a TDK® também fornece outros modelos de capacitores, como pode ser conferido no link: <https://product.tdk. com/info/en/products/capacitor/index.html>. Acesso em: 12 abr. 2017. U2 - Circuitos armazenadores de energia 51 A Figura 2.3 mostra uma tensão v aplicada ao capacitor e as cargas q+ e q- acumuladas nas respectivas placas. Dessa forma, o capacitor armazena energia em forma de carga elétrica, e a quantidade de carga armazenada é representada pela equação (2.1) Em que q é a carga armazenada no capacitor em coulombs (C), v é tensão aplicada aos terminais do capacitor em volts (V) e é uma constante de proporcionalidade, chamada de capacitância, em farad (F). Essa unidade é uma homenagem ao químico e físico inglês Michel Faraday (1791 - 1867) (ALEXANDER; SADIKU, 2013). q = C · v Para saber mais O cientista experimental Michel Faraday nunca recebeu uma educação formal e, ainda assim, fez importantes descobertas e contribuições para a ciência nas áreas de física, química e engenharia. Entre suas contribuições estão a interação entre campos elétricos e magnéticos, as correntes autoinduzidas e introduziu os conceitos de linhas de campo de força magnética (BOYLESTAD, 2012). Acesse o texto sobre Michael Faraday. Disponível em: <www.famousscientists. org/michael-faraday/>. Acesso em: 15 fev. 2017. Figura 2.3 | Capacitor com tensão aplicada Fonte: Alexander e Sadiku (2013). U2 - Circuitos armazenadores de energia52 A capacitância C de um capacitor é devido às suas características físicas, ou seja, é proporcional ao tamanho das placas (área), à distância de separação entre elas e ao tipo de dielétrico utilizado entre as placas. A equação de cálculo de capacitância do capacitor é dada pela equação (2.2). Em que C é a capacitância em farad (F), A é a área em m2, d é a distância em metros e ε é a permissividade dielétrica do material entre as placas. Um fator importante para a determinação do valor da capacitância é o material utilizado como dielétrico (ε). No entanto, todos os materiais utilizados como dielétricos para a construção de capacitores devem ser materiais isolantes e ter a capacidade de estabelecer um campo elétrico em seu interior (BOYLESTAD, 2012). A Tabela 2.1 apresenta uma lista de materiais comuns, utilizados como isolantes elétricos. O termo permissividade é aplicado como medida de quão facilmente se forma o campo elétrico no interior Questão para reflexão No mercado, encontram-se capacitores de diversos modelos e matérias de fabricação. Os valores desses capacitores variam de unidades de pF (pico farad) a milhares de µF (micro farad). Segundo a equação 2.2, quanto maior a área do capacitor e menor a distância entre as placas, maior será o valor da capacitância. Assim, em capacitores comerciais, os componentes de maiores capacitâncias são geralmente para aplicações de tensões mais baixas, assim como os componentes de tensões mais altas são de valores de capacitância mais baixa. Por exemplo, os capacitores de poliéster, que podem ser utilizados em tensões de 220 V, estão na faixa de nF, enquanto capacitores eletrolíticos para utilização em 50 V podem chegar a 4700µF. Quando é necessário que capacitores para aplicações em altas tensões tenham valores de capacitância elevados, estes se tornam de volume elevado. Reflita as causas dessa relação entre a tensão x capacitância x volume nos capacitores comerciais. C A d = ε U2 - Circuitos armazenadores de energia 53 do material (BOYLESTAD, 2012). Assim, a permissividade relativa é a comparação da permissividade do material com a permissividade do vácuo (ε0), e é dada pela equação (2.3). Na equação (2.3), ε0 é a permissividade do vácuo e vale 8,85x10-12 F/m, ε r é a permissividade relativa do material e ε é a permissividade do material. Substituindo a equação 2.3, na equação 2.2, obtém-se a equação do cálculo de capacitância (equação 2.4), utilizando a permissividade relativa da Tabela 2.1. Tabela 2.1 | Permissividade relativa de várias substâncias Fonte: Boylestad (2012). ε ε εr = 0 C A dr = ε ε0 U2 - Circuitos armazenadores de energia54 Capacitores, assim como resistores, podem ser associados em série ou em paralelo, e obter valores de capacitâncias diferentes. A Figura 2.5 mostra a associação em série de capacitores. Quando há capacitores conectados em série, a carga q é a mesma em todos os capacitores, ou seja,q=q 1 =q 2 =q 3 =q n . Aplicando a Lei de Kirchhoff das tensões ao longo da malha mostrada na Figura 2.5, obtém-se a equação (2.5). Considerando v=q/C, e substituindo em (2.5), tem-se: Para a utilização do capacitor em circuitos elétricos, deve-se utilizar o símbolo mostrado na Figura 2.4. Figura 2.4 | Símbolo do capacitor Figura 2.5 | Associação de capacitores em série Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. v v v v vn= + + +1 2 3 q C q C q C q C q Ct n n = + + +1 1 2 2 3 3 U2 - Circuitos armazenadores de energia 55 Dividindo os dois lados da equação (2.6) pela carga q, obtém-se a equação (2.7). A equação (2.7) fornece o cálculo da capacitância equivalente para associação em série de capacitores, ou seja, o inverso do valor de capacitância equivalente será a soma dos inversos dos valores de capacitância dos capacitores associados em série (BOYLESTAD, 2012). A Figura 2.6 mostra um circuito com associação de capacitores em paralelo. Quando se tem capacitores associados em paralelo, a carga total é a soma das cargas individuais dos capacitores do circuito, q=q 1 +q 2 +q 3 +q n . Se Q=C.V, pode-se, então, escrever a equação (2.8). Sabendo que no circuito da Figura 2.6 as tensões em todos os capacitores têm o mesmo valor, que é igual ao valor da tensão da fonte (v), divide-se os dois lados da equação (2.8) por v e obtém-se a equação (2.9): A equação (2.9) fornece o cálculo da capacitância total para associação de capacitores em paralelo, ou seja, o valor da capacitância total é o valor da soma dos capacitores individuais. Assim, quando for necessário aumentar o valor da capacitância do circuito, deve-se associar capacitores em paralelo, conforme a equação (2.9). Já quando é necessário trabalhar valores de tensão no circuito superiores ao valor de tensão nominal do capacitor, Figura 2.6 | Associação em paralelo de capacitores Fonte: elaborada pelo autor. 1 1 1 1 1 1 2 3C C C C Ct n = + + + C v C v C v C v C vt n n= + + +1 1 2 2 3 3 C C C C Ct n= + + +1 2 3 U2 - Circuitos armazenadores de energia56 deve-se associar capacitores em série, lembrando que o valor da capacitância total será sempre menor que a capacitância do capacitor de menor valor associado, conforme a equação (2.7). 1.2 Indutores O indutor é um dos três componentes básicos (os outros dois são os resistores e os capacitores) mais encontrados em circuitos eletroeletrônicos (BOYLESTAD, 2012) e é projetado para armazenar energia em seu campo magnético (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Um indutor é formado por uma bobina cilíndrica, com várias espiras de fio condutor e um núcleo, que pode ser magnético ou não. Resumidamente, qualquer bobina de fio pode se comportar como um indutor. A Figura 2.7 mostra um indutor típico. A Figura 2.7 mostra a construção de um indutor típico, que está montado sobre um núcleo cilíndrico de área transversal A, comprimento l e um número de espiras N. Indutores podem ser construídos utilizando-se uma grande variedade de núcleos. Além do núcleo cilíndrico mostrado na Figura 2.7, pode-se usar também núcleos toroidais, núcleos EE, núcleos EI, de materiais como ferrites, chapas de aço-silício de grãos orientados (GO) ou não (GNO), ou mesmo o ar. A Figura 2.8 mostra uma variedade de núcleos e peças de ferrites, enquanto a Figura 2.9, mostra chapas de aço-silício GO para utilização em núcleos de indutores e transformadores. Figura 2.7 | Indutor Fonte: Alexander e Sadiku (2013). U2 - Circuitos armazenadores de energia 57 Figura 2.8 | Núcleos e peças de ferrites Figura 2.9 | Núcleos de chapas de aço-silício (GO) Fonte: <http://www.thornton.com.br/produtos.htm>. Acesso em: 16 fev. 2017. Fonte: <https://goo.gl/91dTdQ>. Acesso em: 16 fev. 2017. U2 - Circuitos armazenadores de energia58 Núcleos de ferrites são utilizados em aplicações em que é necessário a utilização em altas frequências, por exemplo, fontes chaveadas como as de computadores e adaptadores CA/CC usados em notebooks. Já as chapas de aço-silício são utilizadas em aplicações de baixa frequência, como a frequência da rede elétrica (60Hz), exemplos de utilização dessas chapas em indutores são os reatores utilizados em iluminação pública. Os indutores, por serem de construção relativamente fácil, comparados com a construção do capacitor, podem ser adquiridos prontos de algum fabricante, ou montados, adquirindo os núcleos, como os mostrados nas Figuras 2.8 e 2.9. A Figura 2.10 mostra uma variedade de indutores comerciais utilizados em circuitos eletrônicos de baixa tensão. Figura 2.10 | Exemplo de indutores comerciais Fonte: <http://www.hicoelectronics.in/electronicscomponents.php>. Acesso em: 16 fev. 2017. Indutores comerciais, assim com os capacitores, podem ser encontrados para diversas aplicações, em diferentes formatos, valores e capacidade de correntes. O fabricante de origem japonesa Murata® <www.murata.com> é um exemplo de fabricante que fornece indutores encapsulados para circuitos de montagem de Para saber mais U2 - Circuitos armazenadores de energia 59 1.2.1 Indutância Quando uma corrente flui através dos terminais do indutor, gera-se um campo magnético no interior da bobina, proporcional ao valor da indutância. A indutância de um indutor depende de suas dimensões físicas e do material da bobina (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Para o indutor da Figura 2.7, o cálculo da indutância é dado pela equação (2.10). Em que L é a indutância em henries (H), N é o número de espiras, A é a área da seção transversal (m2) do núcleo e l é o comprimento do núcleo em m e µ é a permeabilidade do material do núcleo em Wb/A.m. Assim como na permissividade (ε) utilizada para o cálculo do capacitor, a permeabilidade (µ) pode ser expressa em relação à permeabilidade absoluta. O valor da permeabilidade no vácuo é de 4π x 10-7 Wb/A.m (BOYLESTAD, 2012) e a permeabilidade relativa µr é dada pela equação (2.11). Para saber mais superfície (SMD). Mais informações sobre os indutores fornecidos por esse fabricante podem ser encontradas no seguinte link. Disponível em:<http://www.murata-ps.com/en/products/magnetics/inductors. html>. Acesso em: 12 abr. 2017. Outro fabricante importante, que vale a pena conhecer, é a Ferroxcube, com sede em Taiwan. Disponível em: <http://www. ferroxcube.com/>. Acesso em: 12 abr. 2017. No Brasil, encontram-se fabricantes como a Toroide do Brasil® <http://toroid.com.br/site/produtos/id/1/categoria/26>, a Magmattec <http://magmattec.com/>, Multitrafos <http://www.multitrafos.com. br/indutores.html>, MGS Eletrônica Ltda. <http://www.mgsel.com. br/>, entre outras. Acessos em: 12 abr. 2017. L N A= µ 2 l µ µ µr = 0 U2 - Circuitos armazenadores de energia60 Substituindo µ da equação (2.11) na equação (2.10), obtém-se a equação de cálculo de indutância em função da permeabilidade relativa µ r . A Tabela 2.2 traz alguns valores de permeabilidade relativa (µr) para alguns materiais conhecidos e a Tabela 2.3 traz alguns valores comerciais para núcleos de ferrites da fabricante nacional Thornton. Material Composição (%p) Permeabilidade Relativa inicial (µ r ) Lingote de ferro comercial 99,95 Fe 150 Ferro-silício (orientado) 97 Fe, 3 Si 1.400 Permalói 45 55 Fe, 45 Ni 2.500 Supermalói 79 Ni, 15 Fe, 5 Mo, 0,5 Mn 75.000 Ferroxcube A 48 MnFe2O4, 52 ZnFe2O4 1.400 Ferroxcube B 36 NiFe2O4, 64 ZnFe2O4 650 Tabela 2.2 | Permeabilidade de vários materiais magnéticos Tabela 2.3 | Permeabilidade de núcleos de ferrite do fabricante Thornton® Fonte: Callister e Rethwisch (2016). Fonte: Thornton Eletrônica Ltda. (2015). L N Ar= µ µ0 2 l U2 - Circuitos armazenadores de energia 61 O símbolo elétrico mostrado na Figura 2.11 é a representação do indutor para utilização em circuitos elétricos. Assim como nos resistores e capacitores, os indutores podem ser associados em série ou paralelo, e obter valores diferentes dos disponíveis. A Figura 2.12 mostra a associação de indutores em série.Assim como para os resistores, para os indutores em série da Figura 2.12, a indutância total é a soma das indutâncias individuais, conforme mostra a equação (2.13). Já a Figura 2.13 mostra uma associação de indutores em paralelos. Figura 2.11 | Símbolo de indutor Fonte: elaborada pelo autor. Figura 2.12 | Associação de indutores em série Figura 2.13 | Associação de indutores em paralelo Fonte: Alexander e Sadiku (2013). Fonte: Alexandere e Sadiku (2013). L L L L Lt N= + + +1 2 3 U2 - Circuitos armazenadores de energia62 No caso da Figura 2.13, associação de indutores em paralelo, a forma de se encontrar a indutância total é a mesma utilizada para associação de resistores em paralelo, ou seja, o inverso da indutância equivalente é a soma dos inversos das indutâncias conectadas em paralelo, conforme mostrado na equação (2.14). Segundo as equações (2.13) e (2.14), quando se deseja um valor maior da indutância, deve-se associar indutores em série, já quando a necessidade for a redução do valor da indutância total, deve-se conectar os indutores disponíveis em paralelo. Vale lembrar que no caso de associação em paralelo de indutores, assim como na associação de resistores, o valor equivalente será sempre menor que o valor da menor indutância conectada em paralelo. Questão para reflexão Você já reparou que a maioria dos circuitos eletrônicos utiliza indutores de núcleos de ferrites? Reflita sobre por que esses indutores são feitos com núcleos de ferrites, que possuem um custo relativamente alto, e não com núcleos de ar ou ferro, que os deixariam muito mais baratos, se comparados com os indutores de núcleo de ferrite. Atividades de aprendizagem 1. (ALEXANDER; SADIKU, 2013) Qual a carga em um capacitor de 5 F quando ele é conectado a uma fonte de 120 V? a) 600 C. b) 300 C. c) 24 C. d) 12 C. 1 1 1 1 1 1 2 3L L L L Lt N = + + + U2 - Circuitos armazenadores de energia 63 2. (BOYLESTAD, 2012) Determine a capacitância de um capacitor de placas paralelas se 1.200µC de carga se acumulam em suas placas quando a tensão aplicada é de 24 V. 3. (BOYLESTAD, 2012) A capacitância de um capacitor cujo dielétrico é o ar, é 1360pF. Quando inserimos um novo dielétrico entre as placas, a capacitância aumenta para 6,8nF. De que material é feito o dielétrico? 4. (ALEXANDER; SADIKU, 2013) Capacitores de 20 pF e 60 pF conectados em série são associados em paralelo com capacitores de 30pF e 70pF conectados em série. Determine a capacitância equivalente. 5. (ALEXANDER; SADIKU, 2013) A capacitância equivalente nos terminais a-b no circuito da Figura 2.14 é 30µF. Calcule o valor de C. Figura 2.14 | Exercício 5 Fonte: Alexander e Sadiku (2013). U2 - Circuitos armazenadores de energia64 6. (BOYLESTAD, 2012) Para um indutor cilíndrico, igual ao da Figura 2.7, com 200 espiras, 2,5cm de comprimento, diâmetro do núcleo de ar de 0,5 cm, calcule a indutância L. 7. Se for utilizado um núcleo cilíndrico de material IP6 da Thornton, qual será o valor da nova indutância? 8. (ALEXANDER; SADIKU, 2013) Determina a indutância total do circuito da Figura 2.15. Considere que todos os indutores são de 10mH. 9. (ALEXANDER; SADIKU, 2013) Um circuito armazenador de energia é formado por indutores conectados em série de 16 mH e 14 mH associados em paralelo com indutores conectados em série de 24 mH e 36 mH. Calcule a indutância equivalente. Figura 2.15 | Exercício 8 Fonte: Alexander e Sadiku (2013). U2 - Circuitos armazenadores de energia 65 Seção 2 Circuitos de primeira ordem 2.1 Circuito RC de primeira ordem sem fonte Introdução à seção Nesta seção, abordaremos as características de resposta de circuitos de primeira ordem, que são os circuitos nos quais suas respostas são representadas por uma equação diferencial de primeira ordem. Serão vistos dois tipos de circuitos simples, um formado por um resistor e um capacitor (RC) e o outro por um resistor e um indutor (RL). Esses circuitos podem ser utilizados com fontes independentes ou sem fontes, nesse último caso, utilizando apenas a energia armazenada nos elementos armazenadores de energia (capacitor e indutor). Circuitos RC de primeira ordem sem fonte são os que têm a energia armazenada no capacitor no início da análise. Essa condição pode ser obtida quando, após carregado o circuito utilizando-se de uma fonte, essa fonte é retirada e a energia no capacitor começa a se dissipar no resistor, gerando uma resposta transitória (ALEXANDER; SADIKU, 2013). A relação de corrente e tensão em um capacitor, é dada pela equação (2.15). A equação (2.15) mostra que a corrente no capacitor só existe quando se tem variação da tensão sobre o capacitor. Em caso de não ocorrer variação da tensão, após o período transitório, a corrente tende a ser zero, com isso o capacitor passa a ser um circuito aberto. Integrando dois lados da equação (2.15), pode-se obter a relação de tensão-corrente no capacitor, expressa pela equação (2.16). i t C dv dt ( ) = v t C i d v t t t ( ) ( ) ( )= +∫ 1 0 0τ τ U2 - Circuitos armazenadores de energia66 A equação (2.16) mostra que o valor da tensão no capacitor depende do histórico da corrente. Considere o circuito RC da Figura 2.16. O capacitor da Figura 2.16 está carregado e no instante t = 0 possui tensão igual a V0, ou seja, v(0) = V 0 . Então, é conectada a resistência R ao capacitor e a corrente i(t) começa a existir para t>0. Considerando que a corrente no capacitor é igual à corrente do resistor, aplicando a Lei de Kirchhoff das correntes no circuito, pode-se escrever a equação (2.17). Em que i c é a corrente no capacitor e i R é a corrente no resistor (i R =V/R). Sabendo que a corrente no capacitor é dada em (2.15), pode-se reescrever a equação (2.17) na equação (2.18): Dividindo-se os dois lados da equação por C, obtém-se (2.19): A equação (2.19) é uma equação diferencial de primeira ordem, uma vez que somente a primeira derivada de v está envolvida. Resolvendo a equação (2.19), pode-se encontrar a resposta natural do circuito, já que a equação (2.20) representa a resposta do Figura 2.16 | Circuito RC sem fonte Fonte: elaborada pelo autor. i iC R+ = 0 C dv dt v R + = 0 dv dt v RC + = 0 U2 - Circuitos armazenadores de energia 67 circuito, devida unicamente às suas características sem influência de fontes de tensão ou corrente externa (JOHNSON; HILBURN; JOHNSON, 1994). Em que V 0 é a condição de tensão inicial do capacitor, e a resposta para t>0 será uma queda exponencial desse valor. A Figura 2.17 mostra a resposta de tensão do circuito RC sem fonte. Na Figura 2.17, pode-se ver que em t=0, a tensão no circuito é igual a V 0 e para t>0, a tensão sobre o circuito começa a decair exponencialmente até ser muito próximo de zero. A constante τ = RC é chamada constante de tempo do circuito, é medida em unidade de tempo e equivale ao tempo em que a tensão decaiu 36,8% do valor de V 0 (BOYLESTAD, 2012), ou seja, para cada tempo igual a τ, a tensão reduz em 36,8%. Na prática, a partir de cinco vezes o valor de τ, a tensão no circuito pode ser considerada nula, ou seja, esse é o tempo considerado como fase transitória do circuito, tanto para a carga como para a descarga do capacitor. Exemplo 1: (ALEXANDER; SADIKU, 2013) Considere o circuito da Figura 2.18, se v c (0)=15V, determine vc, v x e i x para t>0; Figura 2.17 | Resposta do circuito RC Fonte: Alexander e Sadiku (2013). v t V e t RC( ) = −0 U2 - Circuitos armazenadores de energia68 Inicialmente, é necessário encontrar o circuito equivalente, para que fique conforme o circuito da Figura 2.16, ou seja, com apenas uma resistência e uma capacitância. Nele, tem-se os resistores de 8Ω e de 12Ω em série, que são equivalentes a 20Ω. O resistor de 5Ω está em paralelo com o capacitor e com o resistor equivalente de 20Ω, então, calcula-se o equivalente como segue: Do circuito da Figura 2.19, pode-se encontrar a constante de tempo τ: Então, se a tensãoinicial do capacitor for 15 V, tem-se: Redefinindo o circuito da Figura 2.18, tem-se: Figura 2.18 | Circuito RC do exemplo 1 Figura 2.19 | Circuito RC equivalente Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. R xt = + = 20 5 20 5 4Ω τ = = =R C x seq 4 0 1 0 4, , v t e e Vc t t( ) , ,= = − −15 150 4 2 5 U2 - Circuitos armazenadores de energia 69 Para encontrar v x que é a tensão sobre o resistor de 12Ω, deve- se fazer uso do cálculo do divisor resistivo, portanto: Por último, o cálculo de i x : 2.2 Circuito RL de primeira ordem sem fonte Assim como no circuito RC de primeira ordem sem fonte, o circuito RL de primeira ordem sem filtro armazena no indutor a energia inicial do circuito. A energia no indutor é armazenada em forma de campo magnético e é proporcional à corrente que passa pelo indutor. A Figura 2.20 mostra um circuito RL sem fonte. Para a análise do circuito com indutor, adota-se como variável a corrente no indutor. A relação entre a tensão e a corrente no indutor é dada pela equação (2.25). Figura 2.20 | Circuito RL sem fonte Fonte: elaborada pelo autor. A equação mostra que para existir tensão sobre o indutor, deve-se variar a corrente que passa sobre ele. Caso a correte seja contínua e sem variação sobre o indutor, não haverá tensão, e o indutor se comportará como um curto-circuito. Integrando ambos v v e V e Vx c t t= + = =− − 12 12 8 0 6 15 92 5 2 5, ( ), , i v R e e Ax x t t= = = − − 12 2 5 2 59 12 0 75 Ω , ,, v t L di dt ( ) = U2 - Circuitos armazenadores de energia70 os lados da equação (2.25), obtém-se a relação de corrente-tensão no indutor, mostrada na equação (2.26). A equação (2.26) mostra que a corrente no indutor depende do histórico da tensão. Aplicando a Lei de Kirchhoff da tensão no circuito da Figura 2.20, encontra-se: Em que v L é a corrente no capacitor e v R é a corrente no resistor (v r =R.i). Como a tensão no indutor é dada em (2.25), pode-se reescrever a equação (2.27) na equação (2.28): Assim como ocorreu com o circuito RC, a equação (2.29) também é uma equação diferencial de primeira ordem, uma vez que somente a primeira derivada de i está envolvida. Resolvendo a equação (2.29), encontra-se a resposta natural do circuito, dado em (2.30): A resposta natural do circuito RL é uma queda exponencial da corrente inicial do indutor, conforme pode-se ver na Figura 2.21 Simplificando, tem-se (2.29): i t L v d i t t t ( ) ( ) ( )= +∫ 1 0 0τ τ v vL R+ = 0 L di dt R i+ =. 0 di dt R L i+ = 0 i t i e tR L( ) = −0 U2 - Circuitos armazenadores de energia 71 Para o circuito RL de primeira ordem, a constante de tempo é dada por: Em que a constante do circuito τ é dada em segundos. Exemplo 2: (JOHNSON; HILBURN; JOHNSON, 1994) Determinar i e v no circuito da Figura 2.22, assumir que antes da chave se abrir, o circuito está em regime permanente. Inicialmente, deve-se determinar a corrente inicial, i(t=0) do indutor, para t<0. Como em regime permanente, o indutor comporta-se como um curto-circuito, a corrente antes da abertura da chave do circuito é limitada apenas pelo resistor de 50Ω. Figura 2.21 | Resposta do circuito RL Figura 2.22 | Circuito do exemplo 2 Fonte: Alexander e Sadiku (2013). Fonte: Johnson, Hilburn e Johnson (1994). τ = L R U2 - Circuitos armazenadores de energia72 Então, em t=0 a corrente do indutor será 2A. Para o cálculo da corrente e da tensão, é necessário encontrar o circuito equivalente com apenas um resistor e um indutor. Analisando o circuito da Figura 2.22, encontra-se que o resistor de 50Ω está em série com o indutor e os outros dois (150Ω e 75Ω) estão em paralelo. Assim, o cálculo da resistência equivalente é: Com a resistência determinada em 2.33, pode-se calcular a constante de tempo do circuito: Assim, através da equação 2.35 encontra-se a corrente em função do tempo. A tensão v é a soma da tensão sobre o indutor e o resistor de 50Ω, mas também é a tensão sobre o equivalente paralelo entre os resistores de 150Ω e 75Ω. Conforme mostra a Figura 2.22, a corrente que sai do indutor entra no resistor de 50Ω pelo terminal marcado como negativo (-), assim, deve-se considerar o sinal de negativo para o cálculo da tensão, conforme (2.36). 2.5 Resposta ao degrau de circuito RC e RL de primeira ordem Quando se liga uma chave de alimentação, conecta-se uma fonte a um circuito, ou até mesmo quando um circuito comuta uma linha, energizando-a, esses circuitos estão recebendo um degrau de tensão ou corrente. Pode-se dizer também que é quando se aplica repentinamente uma tensão CC em um circuito RC ou RL. A resposta a um degrau é a do circuito decorrente de uma aplicação súbita de uma fonte de tensão ou de corrente (ALEXANDER; SADIKU, 2013). i V A( )0 100 50 2= = Ω Req = + + =50 75 150 75 150 100( )( ) Ω τ = = = L R s10 100 0 1, i t i e e A tR L t( ) = =− −0 102 v t i t R e e Vt t( ) ( ) ( ) ( )( )/ /= − = − + = −− −150 75 10 102 75 150 75 150 100 U2 - Circuitos armazenadores de energia 73 Para estudo do comportamento de uma chave fechando sobre um circuito RC (resposta ao degrau de tensão), considere os circuitos da Figura 2.23 (a) e (b). Para análise do circuito, adota-se a tensão sobre o capacitor. Antes do fechamento (t<0), ou seja, antes da aplicação do degrau de tensão, a tensão no capacitor será considerada como V 0 , Figura 2.23(a). Pode se representar o circuito pela Figura 2.23(b) na qual a função u(t) representa o degrau unitário. A partir dessa nova condição, pode-se encontra a tensão sobre o capacitor aplicando a Lei de Kirchhoff da corrente, para t>0: Em que v é a tensão no capacitor, Vs é a tensão da fonte, R é a resistência e C é a capacitância. Manipulando a equação, tem-se: Resolvendo a equação (2.37), obtém-se a resposta ao degrau de um circuito RC. Ou pode-se reescrever a resposta completa ao degrau de um circuito RC: Figura 2.23 | Circuito RC com degrau de tensão Fonte: Alexander e Sadiku (2013). C dv dt v Vs R + − = 0 dv dt v Vs RC = − − v t V V V e ts s t ( ) ( ) ,= + − >−0 0τ v t V t V V V e ts s t( ) , ( ) , = < + − > − 0 0 0 0τ U2 - Circuitos armazenadores de energia74 A Figura 2.24 mostra a resposta ao degrau, considerando a tensão inicial no capacitor igual a V 0 . Exemplo 3: Calcule a tensão no capacitor para a resposta ao degrau causado pelo fechamento da chave em t=0. Considere que a chave está na posição A tempo suficiente para atingir a estabilidade. Encontre o valor da tensão no capacitor para t=1s e t=4s. Figura 2.24 | Resposta ao degrau de um Circuito RC Figura 2.25 | Circuito do exemplo 3 Fonte: Alexander e Sadiku (2013). Fonte: Alexander e Sadiku (2013). U2 - Circuitos armazenadores de energia 75 Agora, é só substituir os valores encontrados na equação (2.40). Primeiro, deve-se encontrar a tensão V 0 no capacitor. Como a chave está na posição já há bastante tempo, pode-se considerar que nessa condição o capacitor está totalmente carregado e comporta-se como circuito aberto, assim, a tensão V 0 é resultado do divisor resistivo, produzido pelos resistores de 3kΩ e 5kΩ. Dessa forma, a condição inicial de tensão é 15 V. Ao fechar a chave, apenas o resistor de 4kΩ está presente entre a fonte e o capacitor, afinal todos os outros resistores foram desconectados do capacitor. Assim, pode-se calcular a constante de tempo do circuito para t>0: Para encontrar o valor da tensão no capacitor para os instantes t=1s e t=4s, basta substituir na equação encontrada, mostrada em (2.43). Assim, tem-se as respostas do exemplo: v k k k V( )0 24 5 5 3 15= + = τ = = =RC k m s( )( , )4 0 5 2 v t V t e tt ( ) , ( ),, = < − > − 15 0 30 15 00 5 v e V v e V ( ) ( ) , ( ) ( ) , , ( ) , ( ) 1 30 15 20 9 4 30 15 27 97 0 5 1 0 5 4 = − = = − = − − A Figura 2.26 mostra um circuito RL com uma chave que se fecha no instante t=0, provocando o degrau de corrente no indutor. U2 -
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