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Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 4 DOUTRINA BÁSICA CONCEITO DE DIREITO PENAL Aspecto formal ou estático: conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais (crime ou contravenção), define os seus agentes e fixa as sanções (pena ou medida de segurança) a serem-lhes aplicadas. Aspecto material o Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à sua própria conservação e progresso. Aspecto sociológico ou dinâmico: é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados Fonte: Manual de Direito Penal - Parte Geral. Rogério Sanches. Editora JusPodivm. Ano 2015. CIÊNCIAS PENAIS (gênero) Direito Penal: conjunto de normas. Trata o crime como norma. Criminologia: ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da vítima e o comportamento da sociedade. Trata o crime como fato. Política criminal: estuda os meios de controle social da criminalidade. Trata o crime como valor. MISSÃO DO DIREITO PENAL MEDIATA (INDIRETA): Controle social (intimidação coletiva pela imposição de penas às infrações penais). Limitar o poder de punir do Estado (mediante princípios constitucionais, penais e processuais em favor do infrator). IMEDIATA (DIRETA) Teoria Teleológica (Funcionalismo Moderado - Roxin): proteger bens jurídicos indispensáveis ao homem para uma convivência social harmônica. Adotada no Brasil. Teoria Sistêmica (Funcionalismo Radical - Jakobs): resguardar o sistema (o império da norma). Aqui surge o Direito Penal do Inimigo. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 5 TIPOS INCRIMINADORES OU LEGAIS TIPOS PERMISSIVOS OU JUSTIFICADORES São os tipos penais propriamente ditos, consistentes na síntese legal da definição da conduta criminosa. São os que contêm a descrição legal da conduta permitida, isto é, as situações em que a lei considera lícito o cometimento de um fato típico. São as causas de exclusão da ilicitude, também denominadas eximentes ou justificativas. Estrutura do tipo penal legal = Núcleo (verbo) + Elementos ou elementares + Circunstâncias (para as figuras qualificadas ou privilegiadas) Fonte: Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019 TIPO PENAL E L E M E N T O S Objetivos ou descritivos (fato) Descrevem os aspectos materiais da conduta, como objetos, tempo, lugar, forma de execução. Não dependem de valoração para entender o seu significado. Exprimem um juízo de certeza. Normativos (lei) Elementos que precisam passar por um juízo de valor para serem compreendidos. Precisam de uma interpretação valorativa. Exemplo: "funcionário público", "documento", "coisa alheia”, “honesto”, “indevidamente”, “sem justa causa”, “cruel”, “insidioso”. Elemento normativo jurídico ou elemento normativo impróprio: traduzem conceitos próprios do Direito. Elemento normativo culturais, morais ou extrajurídicos: envolvem conceitos próprios de outras disciplinas. Exemplos: ato obsceno”, “ato libidinoso”, “arte”. Subjetivos (agente) Dolo + finalidade Positivos Finalidade específica que deve incentivar o agente para que o fato seja típico. Negativos Finalidade que não deve incentivar o agente para gerar a tipicidade. Modal Não aceito por unanimidade pela doutrina. Seriam os que expressam no tipo penal condições específicas de tempo, local ou modo de execução, indispensáveis para a caracterização do crime. Exemplo: No infanticídio, seria “durante o parto ou logo após”. Circunstância É todo o fato ou dado que se encontra ao redor do delito - dado eventual, que pode existir ou não, sem que o crime seja excluído. Distinguir elementar de circunstância Critério da exclusão: exclua a elementar ou circunstância Se houver atipicidade ou mudar para outro crime será elementar. Fonte: Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019 Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 6 FONTES DO DIREITO PENAL Fonte material Órgão encarregado da criação do Direito Penal. É a União. Segundo a CF: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - (...)direito penal. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Fonte formal Instrumento de exteriorização do Direito Penal. FONTE FORMAL IMEDIATA: Sentido estrito: lei (única que pode criar pena e cominar sanção) Sentido amplo: Constituição Federal (não é comum e nem recomendável que crie infração penal, mas contém mandamentos de criminalização); tratados, convenções e regras de direito internacional incorporados (mas não pode criar infração penal, nem cominar penas); jurisprudência (fonte imediata reveladora de direito); princípios FONTE FORMAL MEDIATA: Costumes, doutrina, jurisprudência e os princípios gerais de direito. Atenção: DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA Considera os costumes como fonte formal mediata. Considera os costumes como fonte informal. Não trata a jurisprudência nem como fonte formal imediata e nem como fonte formal mediata Jurisprudência é tida como fonte formal imediata de direito penal. Sanches Doutrina: única fonte formal mediata. Costume: fonte informal OBSERVAÇÕES O que é mais seguro sobre o tema é decorar o conceito de fonte material e formal. Decorar que a fonte formal é dividida em imediata e mediata. E decorar que lei é imediata e a única que pode criar pena e cominar sanção. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 7 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Quanto à origem Autêntica (ou legislativa): fornecida pela própria lei Doutrinária (ou científica): feita pelos estudiosos, pelos jurisconsultos, doutrinadores do direito. Jurisprudencial: realizada pelos tribunais. O entendimento reiterado sobre o assunto é transformado em súmulas. Quanto ao modo Gramatical: considera o sentido literal das palavras. Teleológica: considera a vontade ou intenção objetivada na lei. Histórica: considera a origem da lei para buscar os fundamentos para a qual foi criada. Sistemática: é interpretada em conjunto com toda a legislação que integra o sistema. Progressiva: busca o conceito legal de acordo com o avanço da ciência. Lógica: utiliza métodos dedutivos, indutivos e da dialética para encontrar o sentido da lei. Quanto ao resultado Declarativa ou declaratória: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer. Restritiva: a letra da lei alcança mais do que o legislador quis dizer. Para isso é preciso reduzir sua interpretação. Extensiva: a letra da lei alcança menos do que o legislador quis dizer. Para isso é preciso ampliar sua interpretação. ATENÇÃO: interpretação extensiva pode beneficiar ou prejudicar o réu. Interpretação extensiva é gênero. Interpretação extensiva em sentido estrito e interpretação analógica são espécies. Interpretação analógica: A lei fornece vários exemplos sobre o que quer regular (fórmula casuística), depois utiliza termos genéricos para designar outras situações que também poderão ser consideradas (fórmula genérica). Exemplo: Art. 121, § 2°, do Código Penal - Homicídio qualificado I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; III - com emprego deveneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; ANALOGIA Analogia não é forma de interpretação da lei penal. Analogia é forma de integração da lei penal. Na analogia não existe uma lei para regular um caso concreto, para isso é necessário utilizar uma previsão legal empregada em uma situação parecida. A analogia pode ser utilizada no Direito Penal para favorecer o réu (nunca para prejudicar). Analogia legal (legis): quando o caso não previsto é regulado por um preceito legal que rege caso semelhante. Analogia jurídica (juris): quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico considerado em seu conjunto. Analogia in bonam partem: quando o sujeito é beneficiado por sua aplicação. Analogia in malam partem: quando o sujeito é prejudicado pela sua aplicação, sendo incabível no Direito Penal, em virtude do princípio da legalidade. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 8 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Legalidade Só lei pode criar infração penal e cominar penas. Vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a Direito Penal. Direito Penal não tolera a analogia in malam partem. Costume não pode criar infração penal ou cominar pena. Anterioridade Criação de tipos e a cominação de sanções exige lei anterior, proibindo-se a retroatividade maléfica. Taxatividade Decorre da legalidade. É preciso clareza para criação do tipo penal, não devendo deixar margens de dívida sobre o que está sendo criminalizado. Intranscendência da pena ou pessoalidade Artigo 5°, inciso XLV, da Constituição Federa: nenhuma pena passará da pessoa do condenado podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Desdobramento lógico dos princípios da responsabilidade penal individual, da responsabilidade subjetiva e da culpabilidade. Ofensividade ou lesividade É necessário que o fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Delitos de perigo abstrato são constitucionais. O princípio da lesividade ou ofensividade visa impedir 4 proibições: a. Proibição de incriminação de atos não exteriorizados; b. Proibição de incriminação de conduta autolesiva; c. Proibição de incriminação de meros estados de existência; d. proibição de incriminação de conduta que não viole bem jurídico. Alteridade Ninguém poderá ser responsabilizado pela conduta que não excede a sua esfera individual. A lei não pune a tentativa de suicídio e somente haverá crime no induzimento, instigação ou auxílio para a prática dele (art. 1 22, CP). Insignificância ou bagatela própria Desdobramento lógico do princípio da fragmentariedade. Exclui a tipicidade material do fato. É a ausência de subsunção do fato à norma penal, ou seja, o fato não é tão grave ao ponto de merecer a reprimenda penal, pois não há efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Segundo o STF são requisitos para aplicação desse princípio (MARI): (A) Mínima ofensividade da conduta do agente (B) Ausência de periculosidade social da ação (C) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento (D) Inexpressividade da lesão jurídica causada. ATENÇÃO: Bagatela própria: não se aplica o direito penal em razão da insignificância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Exclui a tipicidade material. Bagatela imprópria: o fato é típico, ilícito e culpável, mas a aplicação da pena torna-se desnecessária. Adequação social Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal (preencher o requisito da tipicidade formal e material), não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 9 Individualização das penas Artigo 5 °, XLVI, CF/ 88: a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos Presunção de inocência (o u da não culpa) Artigo 5°, inciso LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Possibilidade de início da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. STF: As exigências decorrentes da previsão constitucional do princípio da presunção de inocência não são desrespeitadas mediante a possibilidade de execução provisória da pena privativa de liberdade, quando a decisão condenatória observar todos os demais princípios constitucionais interligados; ou seja, quando o juízo de culpabilidade do acusado tiver sido firmado com absoluta independência pelo juízo natural, a partir da valoração de provas obtidas mediante o devido processo legal, contraditório e ampla defesa em dupla instância, e a condenação criminal tiver sido imposta, em decisão colegiada, devidamente motivada, de Tribunal de 2º grau. Vedação do "bis in idem " Ninguém pode ser processado, condenado ou executado (cumprir pena) duas vezes pelo mesmo crime. Não está previsto expressamente na Constituição. Previsão no Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. Princípio da intervenção mínima Princípio da fragmentariedade Princípio da Subsidiariedade ou ultima ratio De acordo com princípio da intervenção mínima o Direito penal é subsidiário e fragmentário. Defende que a criminalização Estatal deve recair sobre os bens jurídicos mais preciosos para a sociedade. Uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal. A atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. O Direito Penal só deve agir quando for verdadeiramente necessário. Apenas os ilícitos mais graves devem ser tutelados pelo Direito Penal. Existem vários ilícitos na sociedade, porém apenas os mais graves devem ser criminalizados. Direito penal é o último recurso de controle social, atuando somente quando os outros meios falharem. Se o conflito pode ser resolvido por outro ramo do direito, não se deve usar o direito penal. A intervenção deve ser mínima para ser efetiva. Exige-se que o estado puna aquilo que for efetivamente necessário. A maior parte das condutas humanas devem ser consideradas lícitas. Sendo minoritário o conjunto de comportamentos ilícitos e ainda menor os ilícitos penais. O direito penal é a ULTIMA RATIO no controle social, atuando apenas quando as demais formas de controle não funcionarem. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 10 Responsabilidade pessoal Responsabilidade penal subjetiva Culpabilidade ou imputação pessoal Proíbe-se a imposição de pena pelo fato de outrem. No Direito Penal, não existe responsabilização coletiva. Na dúvida, absolve o réu. O agente só pode ser responsabilizado se agiu com dolo ou culpa. O agente deve ter culpabilidade para sofrer a sanção penal (penalmente capaz; potencial consciência da ilicitude; exigibilidade de conduta diversa). SistematizaçãoConcursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 11 NORMA PENAL EM BRANCO O princípio da legalidade exige a edição de lei certa, precisa e determinada. No entanto, admite-se a norma penal em branco, recurso utilizado por uma norma penal em que há necessidade de um complemento normativo ao preceito primário, ou seja, a lei fala sobre determinado termo que deverá ser explicado por outro diploma legislativo (lei, portaria...). Norma penal em branco ao revés ou invertida: o complemento normativo é necessário no preceito secundário da norma penal. Exemplo: as penas dos crimes de genocídio (Lei n° 2.889/56) fazem referência a outros crimes previstos no Código Penal. Preceito primário: é a descrição da conduta que está sendo incriminada (conteúdo proibitivo). Exemplo: Código Penal - Art. 121. Matar alguém: Preceito secundário: é a pena cominada à descrição da conduta incriminada. Exemplo: Código Penal - Pena - reclusão, de 6 a 20 anos. Norma penal em branco já foi declarada constitucional. Não ofende o princípio da legalidade. Exemplo: conceito de Drogas na lei 11.343/06 é dado pela Portaria 344/2008 do Ministério da Saúde. Norma penal em branco própria (ou em sentido estrito ou heterogênea) O complemento normativo é dado por outra fonte normativa, diversa do legislador. Lei sendo complementada por portaria, resolução, atos administrativos... Exemplo do conceito de Drogas. Norma penal em branco imprópria (ou em sentido amplo ou homogênea) O complemento normativo é dado pela mesma fonte normativa, ou seja, pelo próprio legislador. Lei sendo complementada por lei. Norma penal em branco imprópria homovitelina: o complemento normativo é feito pelo próprio diploma em que é citado. Exemplo: conceito de funcionário público nos crimes funcionais do Código Penal é dado pelo próprio Código Penal em seu artigo 327. Norma penal em branco heterovitelina: o complemento normativo é feito por outra lei, diversa da que é citado. Exemplo: conceito de impedimento do artigo 236 do Código Penal deve ser buscado no Código Civil. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 12 CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS Podem existir situações no Direito Penal em que poderá haver um conflito aparente de normas penais, ou seja, várias normas, em tese, poder-se-iam ser aplicadas ao fato. Para resolver esse conflito APARENTE são utilizados 4 princípios fundamentais (CASE). C on su n çã o Princípio da absorção. O crime previsto por uma norma não passa de uma fase de realização do crime previsto por outra norma penal ou é uma forma normal de transição para outro crime. Não importa a gravidade da pena. Olhe para a realização do fato, ou seja, se as condutas anteriores forem ou não necessárias para chegar na conclusão do fato desejado pelo autor. Exemplo: Crime progressivo: agente para alcançar um resultado mais grave passa, necessariamente, por um crime menos grave. O agente desde o início tem a intenção de cometer o crime mais grave. Para cometer homicídio (art. 121) é necessário lesionar (lesão corporal - art. 129) a pessoa. Ou seja, lesão corporal é consumida pelo homicídio. Progressão criminosa: o agente substitui o seu dolo, dando causa a resultado mais grave. O agente muda sua intenção, ou seja, no começo era um resultado menos grave, depois decide cometer outro resultado mais grave. Agente decide lesionar uma pessoa, depois decide matá-la. ''Antefactum" impunível: são fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave, mas não necessariamente, ou seja, pode praticar por outros meios. "Postfactum" impunível: exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, por ele não pode ser punido. A lt er n at iv id ad e Não é bem um conflito aparente de normas, é um conflito aparente dentro da própria norma de conteúdo múltiplo (ou variado), isto é, tipos penais que contam com vários verbos nucleares (Art. 33 da Lei de Drogas). A quantidade de ações nucleares realizadas não interessa para a subsunção do fato (adequação do fato à norma penal incriminadora), mas pode influenciar na dosimetria da pena. Exemplo: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: S u b si d ia ri ed ad e Afasta uma lei se o fato já é criminalizado por outra lei e esta contém crime mais grave. A relação entre uma norma e outra é de menor ou maior gravidade. Importa a gravidade da pena. Não se aplica a pena menor, se existe norma que regula o mesmo fato com pena maior. Exemplo: Lesão corporal grave e perigo para a vida ou saúde de outrem. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. E sp ec ia li d ad e Afaste a lei geral para aplicação da lei especial. A relação entre a norma geral e especial está relacionada ao número de especializantes (tipo especial contém tudo do tipo geral, mas acrescido de elementos particulares). Não importa a gravidade da pena. Olhe para os especializantes. Exemplo: 1 - Art. 334 do CP (crime de contrabando ou descaminho) e o art. 33 da Lei n° 11.343/06 (crime de tráfico de drogas). Apesar da droga também ser produto proibido de entrada no Brasil, aplica-se a Lei 11.343/06, por ser especial, por regular o fato com maior precisão. 2 - Infanticídio em relação ao homicídio. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 13 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES Crime material Descreve o resultado naturalístico (modificação do mundo exterior) e exige a sua ocorrência para a consumação. Exemplo: homicídio. Crime formal (ou de consumação antecipada) Resultado naturalístico é previsto, mas é dispensável, pois a consumação ocorre com a conduta. Exemplo: ameaça e extorsão. Crime de mera conduta É aquele que apenas descreve a conduta delituosa, sem mencionar qualquer resultado naturalístico, que, obviamente, é dispensável. Exemplo: porte ilegal de arma e violação de domicílio. Crime comum Pode ser praticado por qualquer pessoa, isto é, em que a lei não exige qualidade especial do sujeito ativo. Exemplo: homicídio Crime próprio Exige que o agente ostente certas características. Exemplo: crimes funcionais, como peculato e corrupção passiva. Crime de mão própria Somente pode ser cometido por determinado agente designado no tipo penal. Exemplo: falso testemunho ou falsa perícia Crime doloso Sempre que o agente quiser o resultado (dolo direto) ou assumir o risco de produzi- lo (dolo eventual). Crime culposo Resultado não for querido ou aceito pelo agente, mas que, previsível, seja proveniente de inobservância dos deveres de cuidado (imprudência, negligência ou imperícia). Crime preterdoloso Dolo em relação ao fato antecedente e culpa no que tange ao resultado agravante, como ocorre na lesão corporal seguida de morte. Crime instantâneo Aquele que se consuma em momento determinado (consumação imediata) , sem qualquer prolongação. Crime permanente Aquele em que a execução se protrai no tempo por determinação do sujeito ativo. Crime instantâneo de efeitos permanentes Consumação também ocorre em momento determinado, mas os efeitos dela decorrentes são indeléveis, como no homicídio consumado. Crime consumado Crime em que se reúnam todos os seus requisitos de ordem legal (artigo 14, inciso I, do Código Penal) Crime tentado por circunstâncias alheias à vontade do agente,o resultado não ocorre (artigo 14, inciso II, do Código Penal). Crime de dano Há efetiva lesão ao bem jurídico penalmente tutelado. Exemplo: homicídio, o furto, o dano. Crime de perigo Dispensa a efetiva lesão, configurando-se com a simples exposição do bem jurídico a perigo. Crime de perigo abstrato: a própria lei presume perigosa a ação , dispensando-se a comprovação de que houve efetivo perigo ao bem jurídico tutelado . Crime de perigo concreto: exige-se efetiva comprovação de risco para o bem jurídico. Crime comissivo É a realização (ação) de uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo penal incriminador. Crime omissivo É a não realização (não fazer) de determinada conduta valiosa a que o agente estava juridicamente obrigado e que lhe era possível concretizar. Crime unissubsistente É aquele em que não se admite o fracionamento da conduta, isto é, perfaz-se com apenas um ato. Não admite tentativa. Crime plurissubsistente A conduta é fracionada em diversos atos que, somados, provocam a consumação. Admite tentativa. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 14 Crime habitual É aquele que se configura mediante a reiteração de atos. Crime plurissubjetivo Concurso de agentes seja imprescindível para sua configuração (crime de concurso necessário). Crime unissubjetivo É aquele que pode ser praticado por apenas uma ou várias pessoas (concurso eventual de agentes). Crime simples Crime basilar, formado objetivamente por apenas um tipo penal e subjetivamente sem nenhuma circunstância que aumente ou diminua sua gravidade. Crime complexo Crime formado por meio da reunião entre dois ou mais tipos penais. Exemplo: roubo (furto + constrangimento ilegal). Crime qualificado O crime que deriva do tipo penal básico ou do complexo, com a mesma natureza, cuja reprimenda sofre um agravamento, em novos patamares mínimo e máximo, em virtude da maior gravidade da conduta. Atenção: os patamares da pena mudam (aumentam). Diferente do crime majorado, em que contém uma causa de aumento, normalmente, em fração. Crime privilegiado É aquele em que a lei considera determinadas circunstâncias que diminuem a gravidade da ação e, consequentemente, a reprimenda imposta. Fonte: Manual de Direito Penal - Parte Geral. Rogério Sanches. Editora JusPodivm. Ano 2015. CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES - QUANTO AO POTENCIAL OFENSIVO Crimes de bagatela Condutas que atingem o bem jurídico protegido de modo tão desprezível que a lesão é considerada insignificante. É a aplicação do princípio da insignificância. Infrações penais de menor potencial ofensivo Contravenções - todas Crimes - pena máxima não ultrapasse 2 anos Infrações penais de médio potencial ofensivo São aquelas que admitem suspensão condicional do processo, pois têm pena mínima igual ou inferior a um ano. São julgados pela Justiça Comum, já que sua pena máxima é superior a dois anos Infrações penais de alto potencial ofensivo São aquelas cuja pena mínima é superior a um ano, não sendo cabível a suspensão condicional do processo. Crimes hediondos São aqueles considerados de altíssimo potencial ofensivo, merecendo uma maior reprimenda processual e material do Estado. Só lei pode definir um crime como hediondo.
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