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00 - Doutrina básica - Copia - Copia

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DOUTRINA BÁSICA 
 
CONCEITO 
DE 
DIREITO 
PENAL 
Aspecto formal ou estático: conjunto de normas que qualifica certos comportamentos 
humanos como infrações penais (crime ou contravenção), define os seus agentes e fixa 
as sanções (pena ou medida de segurança) a serem-lhes aplicadas. 
Aspecto material o Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente 
reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à 
sua própria conservação e progresso. 
Aspecto sociológico ou dinâmico: é mais um instrumento de controle social de 
comportamentos desviados 
Fonte: Manual de Direito Penal - Parte Geral. Rogério Sanches. Editora JusPodivm. Ano 2015. 
 
 
CIÊNCIAS 
PENAIS 
(gênero) 
Direito Penal: conjunto de normas. Trata o crime como norma. 
Criminologia: ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da vítima 
e o comportamento da sociedade. Trata o crime como fato. 
Política criminal: estuda os meios de controle social da criminalidade. Trata o crime 
como valor. 
 
 
MISSÃO DO 
DIREITO 
PENAL 
MEDIATA (INDIRETA): 
 
 Controle social (intimidação coletiva pela imposição de penas às infrações 
penais). 
 
 Limitar o poder de punir do Estado (mediante princípios constitucionais, 
penais e processuais em favor do infrator). 
 
IMEDIATA (DIRETA) 
 
 Teoria Teleológica (Funcionalismo Moderado - Roxin): proteger bens 
jurídicos indispensáveis ao homem para uma convivência social harmônica. 
Adotada no Brasil. 
 
 Teoria Sistêmica (Funcionalismo Radical - Jakobs): resguardar o sistema 
(o império da norma). Aqui surge o Direito Penal do Inimigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TIPOS INCRIMINADORES 
OU LEGAIS 
TIPOS PERMISSIVOS 
 OU JUSTIFICADORES 
São os tipos penais propriamente ditos, consistentes na 
síntese legal da definição da conduta criminosa. 
São os que contêm a descrição legal da conduta 
permitida, isto é, as situações em que a lei 
considera lícito o cometimento de um fato típico. 
São as causas de exclusão da ilicitude, também 
denominadas eximentes ou justificativas. 
Estrutura do tipo penal legal = Núcleo (verbo) + 
Elementos ou elementares + Circunstâncias (para as 
figuras qualificadas ou privilegiadas) 
 
Fonte: Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: MÉTODO, 2019 
 
TIPO PENAL 
E
L
E
M
E
N
T
O
S 
Objetivos ou 
descritivos 
(fato) 
 Descrevem os aspectos materiais da conduta, como objetos, tempo, lugar, 
forma de execução. 
 Não dependem de valoração para entender o seu significado. 
 Exprimem um juízo de certeza. 
Normativos 
(lei) 
 Elementos que precisam passar por um juízo de valor para serem 
compreendidos. 
 Precisam de uma interpretação valorativa. 
 Exemplo: "funcionário público", "documento", "coisa alheia”, “honesto”, 
“indevidamente”, “sem justa causa”, “cruel”, “insidioso”. 
 
 Elemento normativo jurídico ou elemento normativo impróprio: traduzem 
conceitos próprios do Direito. 
 Elemento normativo culturais, morais ou extrajurídicos: envolvem 
conceitos próprios de outras disciplinas. Exemplos: ato obsceno”, “ato 
libidinoso”, “arte”. 
Subjetivos 
(agente) 
 
Dolo + finalidade 
 
Positivos 
 Finalidade específica que deve incentivar o agente para 
que o fato seja típico. 
Negativos 
 Finalidade que não deve incentivar o agente para gerar a 
tipicidade. 
Modal 
 Não aceito por unanimidade pela doutrina. 
 Seriam os que expressam no tipo penal condições específicas de tempo, local 
ou modo de execução, indispensáveis para a caracterização do crime. 
Exemplo: No infanticídio, seria “durante o parto ou logo após”. 
Circunstância 
É todo o fato ou dado que se encontra ao redor do delito - dado eventual, que pode 
existir ou não, sem que o crime seja excluído. 
Distinguir 
elementar de 
circunstância 
Critério da exclusão: 
 exclua a elementar ou circunstância 
 Se houver atipicidade ou mudar para outro crime  será elementar. 
Fonte: Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: MÉTODO, 2019 
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FONTES DO DIREITO PENAL 
Fonte 
material 
Órgão encarregado da criação do Direito Penal. É a União. Segundo a CF: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
I - (...)direito penal. 
 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
Fonte 
formal 
Instrumento de exteriorização do Direito Penal. 
 
FONTE FORMAL IMEDIATA: 
 Sentido estrito: lei (única que pode criar pena e cominar sanção) 
 Sentido amplo: Constituição Federal (não é comum e nem recomendável que crie 
infração penal, mas contém mandamentos de criminalização); tratados, convenções e 
regras de direito internacional incorporados (mas não pode criar infração penal, nem 
cominar penas); jurisprudência (fonte imediata reveladora de direito); princípios 
 
FONTE FORMAL MEDIATA: 
 Costumes, doutrina, jurisprudência e os princípios gerais de direito. 
Atenção: 
 
DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA 
 Considera os costumes como fonte 
formal mediata. 
 Considera os costumes como fonte 
informal. 
 Não trata a jurisprudência nem como 
fonte formal imediata e nem como fonte 
formal mediata 
 Jurisprudência é tida como fonte formal 
imediata de direito penal. 
  Sanches 
 Doutrina: única fonte formal 
mediata. 
 Costume: fonte informal 
 
OBSERVAÇÕES 
 O que é mais seguro sobre o tema é decorar o conceito de fonte material e formal. 
 Decorar que a fonte formal é dividida em imediata e mediata. 
 E decorar que lei é imediata e a única que pode criar pena e cominar sanção. 
 
 
 
 
 
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INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
Quanto à 
origem 
Autêntica (ou legislativa): fornecida pela própria lei 
Doutrinária (ou científica): feita pelos estudiosos, pelos jurisconsultos, doutrinadores do 
direito. 
Jurisprudencial: realizada pelos tribunais. O entendimento reiterado sobre o assunto é 
transformado em súmulas. 
Quanto ao 
modo 
Gramatical: considera o sentido literal das palavras. 
Teleológica: considera a vontade ou intenção objetivada na lei. 
Histórica: considera a origem da lei para buscar os fundamentos para a qual foi criada. 
Sistemática: é interpretada em conjunto com toda a legislação que integra o sistema. 
Progressiva: busca o conceito legal de acordo com o avanço da ciência. 
Lógica: utiliza métodos dedutivos, indutivos e da dialética para encontrar o sentido da lei. 
Quanto ao 
resultado 
Declarativa ou declaratória: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador 
quis dizer. 
Restritiva: a letra da lei alcança mais do que o legislador quis dizer. Para isso é preciso 
reduzir sua interpretação. 
Extensiva: a letra da lei alcança menos do que o legislador quis dizer. Para isso é preciso 
ampliar sua interpretação. 
 
ATENÇÃO: interpretação extensiva pode beneficiar ou prejudicar o réu. 
 
Interpretação extensiva é gênero. Interpretação extensiva em sentido estrito e interpretação 
analógica são espécies. 
 
Interpretação analógica: A lei fornece vários exemplos sobre o que quer regular 
(fórmula casuística), depois utiliza termos genéricos para designar outras situações 
que também poderão ser consideradas (fórmula genérica). 
 
Exemplo: 
Art. 121, § 2°, do Código Penal - Homicídio qualificado 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
III - com emprego deveneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 
ANALOGIA 
 Analogia não é forma de interpretação da lei penal. 
 Analogia é forma de integração da lei penal. 
 Na analogia não existe uma lei para regular um caso concreto, para isso é necessário utilizar uma 
previsão legal empregada em uma situação parecida. 
 A analogia pode ser utilizada no Direito Penal para favorecer o réu (nunca para prejudicar). 
 Analogia legal (legis): quando o caso não previsto é regulado por um preceito legal que rege caso 
semelhante. 
 Analogia jurídica (juris): quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema 
do ordenamento jurídico considerado em seu conjunto. 
 Analogia in bonam partem: quando o sujeito é beneficiado por sua aplicação. 
 Analogia in malam partem: quando o sujeito é prejudicado pela sua aplicação, sendo incabível no 
Direito Penal, em virtude do princípio da legalidade. 
 
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PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
Legalidade 
 Só lei pode criar infração penal e cominar penas. 
 Vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a Direito Penal. 
 Direito Penal não tolera a analogia in malam partem. 
 Costume não pode criar infração penal ou cominar pena. 
Anterioridade 
 Criação de tipos e a cominação de sanções exige lei anterior, proibindo-se a 
retroatividade maléfica. 
Taxatividade 
 Decorre da legalidade. 
 É preciso clareza para criação do tipo penal, não devendo deixar margens de 
dívida sobre o que está sendo criminalizado. 
Intranscendência 
da pena ou 
pessoalidade 
 Artigo 5°, inciso XLV, da Constituição Federa: nenhuma pena passará da pessoa 
do condenado podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. 
 Desdobramento lógico dos princípios da responsabilidade penal individual, da 
responsabilidade subjetiva e da culpabilidade. 
Ofensividade 
 ou 
 lesividade 
 É necessário que o fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico 
tutelado. 
 Delitos de perigo abstrato são constitucionais. 
 O princípio da lesividade ou ofensividade visa impedir 4 proibições: 
 a. Proibição de incriminação de atos não exteriorizados; 
 b. Proibição de incriminação de conduta autolesiva; 
 c. Proibição de incriminação de meros estados de existência; 
 d. proibição de incriminação de conduta que não viole bem jurídico. 
Alteridade 
 Ninguém poderá ser responsabilizado pela conduta que não excede a sua esfera 
individual. 
 A lei não pune a tentativa de suicídio e somente haverá crime no induzimento, 
instigação ou auxílio para a prática dele (art. 1 22, CP). 
Insignificância 
ou bagatela 
própria 
 Desdobramento lógico do princípio da fragmentariedade. 
 Exclui a tipicidade material do fato. 
 É a ausência de subsunção do fato à norma penal, ou seja, o fato não é tão grave 
ao ponto de merecer a reprimenda penal, pois não há efetiva lesividade ao bem 
jurídico tutelado pela norma penal. 
 Segundo o STF são requisitos para aplicação desse princípio (MARI): 
(A) Mínima ofensividade da conduta do agente 
(B) Ausência de periculosidade social da ação 
(C) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
(D) Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
ATENÇÃO: 
 Bagatela própria: não se aplica o direito penal em razão da insignificância 
da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Exclui a tipicidade 
material. 
 Bagatela imprópria: o fato é típico, ilícito e culpável, mas a aplicação da 
pena torna-se desnecessária. 
Adequação social 
Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal (preencher o requisito da 
tipicidade formal e material), não será considerada típica se for socialmente 
adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida 
historicamente condicionada. 
 
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Individualização 
das penas 
Artigo 5 °, XLVI, CF/ 88: a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre 
outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos 
Presunção de 
inocência (o u da 
não culpa) 
 Artigo 5°, inciso LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória. 
 Possibilidade de início da execução da pena condenatória após a confirmação da 
sentença em segundo grau não ofende o princípio constitucional da presunção da 
inocência. 
 STF: As exigências decorrentes da previsão constitucional do princípio da 
presunção de inocência não são desrespeitadas mediante a possibilidade de 
execução provisória da pena privativa de liberdade, quando a decisão 
condenatória observar todos os demais princípios constitucionais interligados; ou 
seja, quando o juízo de culpabilidade do acusado tiver sido firmado com absoluta 
independência pelo juízo natural, a partir da valoração de provas obtidas 
mediante o devido processo legal, contraditório e ampla defesa em dupla 
instância, e a condenação criminal tiver sido imposta, em decisão colegiada, 
devidamente motivada, de Tribunal de 2º grau. 
 
Vedação do 
"bis in idem " 
 Ninguém pode ser processado, condenado ou executado (cumprir pena) duas 
vezes pelo mesmo crime. 
 Não está previsto expressamente na Constituição. 
 Previsão no Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. 
 
 
 
Princípio da 
intervenção mínima 
Princípio da 
fragmentariedade 
Princípio da 
Subsidiariedade ou 
 ultima ratio 
 De acordo com princípio da 
intervenção mínima o Direito 
penal é subsidiário e 
fragmentário. 
 Defende que a criminalização 
Estatal deve recair sobre os 
bens jurídicos mais preciosos 
para a sociedade. 
 Uma vez escolhidos aqueles 
bens fundamentais, 
comprovada a lesividade e a 
inadequação das condutas que 
os ofendem, esses bens 
passarão a fazer parte de uma 
pequena parcela que é 
protegida pelo Direito Penal. 
 A atuação do Direito Penal é 
cabível unicamente quando os 
outros ramos do Direito e os 
demais meios estatais de 
controle social tiverem se 
revelado impotentes para o 
controle da ordem pública. 
 O Direito Penal só deve agir 
quando for verdadeiramente 
necessário. 
 Apenas os ilícitos mais graves 
devem ser tutelados pelo 
Direito Penal. 
 Existem vários ilícitos na 
sociedade, porém apenas os 
mais graves devem ser 
criminalizados. 
 Direito penal é o último 
recurso de controle social, 
atuando somente quando os 
outros meios falharem. 
 Se o conflito pode ser 
resolvido por outro ramo do 
direito, não se deve usar o 
direito penal. 
 A intervenção deve ser 
mínima para ser efetiva. 
Exige-se que o estado puna 
aquilo que for efetivamente 
necessário. 
 A maior parte das condutas 
humanas devem ser 
consideradas lícitas. Sendo 
minoritário o conjunto de 
comportamentos ilícitos e 
ainda menor os ilícitos penais. 
 O direito penal é a ULTIMA 
RATIO no controle social, 
atuando apenas quando as 
demais formas de controle 
não funcionarem. 
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Responsabilidade 
 pessoal 
Responsabilidade penal 
subjetiva 
Culpabilidade ou imputação 
pessoal 
 Proíbe-se a imposição de pena 
pelo fato de outrem. 
 No Direito Penal, não existe 
responsabilização coletiva. Na 
dúvida, absolve o réu. 
 O agente só pode ser 
responsabilizado se agiu 
com dolo ou culpa. 
 O agente deve ter culpabilidade 
para sofrer a sanção penal 
(penalmente capaz; potencial 
consciência da ilicitude; 
exigibilidade de conduta 
diversa). 
 
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NORMA PENAL EM BRANCO 
 O princípio da legalidade exige a edição de lei certa, precisa e determinada. 
 No entanto, admite-se a norma penal em branco, recurso utilizado por uma norma penal em que há 
necessidade de um complemento normativo ao preceito primário, ou seja, a lei fala sobre determinado 
termo que deverá ser explicado por outro diploma legislativo (lei, portaria...). 
 Norma penal em branco ao revés ou invertida: o complemento normativo é necessário no preceito 
secundário da norma penal. Exemplo: as penas dos crimes de genocídio (Lei n° 2.889/56) fazem 
referência a outros crimes previstos no Código Penal. 
 Preceito primário: é a descrição da conduta que está sendo incriminada (conteúdo proibitivo). 
Exemplo: Código Penal - Art. 121. Matar alguém: 
 Preceito secundário: é a pena cominada à descrição da conduta incriminada. Exemplo: Código Penal 
- Pena - reclusão, de 6 a 20 anos. 
 Norma penal em branco já foi declarada constitucional. Não ofende o princípio da legalidade. 
 Exemplo: conceito de Drogas na lei 11.343/06 é dado pela Portaria 344/2008 do Ministério da Saúde. 
Norma penal em 
branco própria 
(ou em sentido estrito 
ou heterogênea) 
 O complemento normativo é dado por outra fonte normativa, diversa do 
legislador. 
 Lei sendo complementada por portaria, resolução, atos administrativos... 
 Exemplo do conceito de Drogas. 
Norma penal em 
branco imprópria 
(ou em sentido amplo 
ou homogênea) 
 O complemento normativo é dado pela mesma fonte normativa, ou seja, 
pelo próprio legislador. 
 
 Lei sendo complementada por lei. 
 
 Norma penal em branco imprópria homovitelina: o complemento 
normativo é feito pelo próprio diploma em que é citado. Exemplo: 
conceito de funcionário público nos crimes funcionais do Código Penal 
é dado pelo próprio Código Penal em seu artigo 327. 
 
 Norma penal em branco heterovitelina: o complemento normativo é 
feito por outra lei, diversa da que é citado. Exemplo: conceito de 
impedimento do artigo 236 do Código Penal deve ser buscado no 
Código Civil. 
 
 
 
 
 
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CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS 
 Podem existir situações no Direito Penal em que poderá haver um conflito aparente de normas penais, 
ou seja, várias normas, em tese, poder-se-iam ser aplicadas ao fato. 
 Para resolver esse conflito APARENTE são utilizados 4 princípios fundamentais (CASE). 
C
on
su
n
çã
o 
 Princípio da absorção. 
 O crime previsto por uma norma não passa de uma fase de realização do crime previsto por 
outra norma penal ou é uma forma normal de transição para outro crime. 
 Não importa a gravidade da pena. Olhe para a realização do fato, ou seja, se as condutas 
anteriores forem ou não necessárias para chegar na conclusão do fato desejado pelo autor. 
 
Exemplo: 
Crime progressivo: agente para alcançar um resultado mais grave passa, necessariamente, 
por um crime menos grave. O agente desde o início tem a intenção de cometer o crime mais 
grave. Para cometer homicídio (art. 121) é necessário lesionar (lesão corporal - art. 129) a 
pessoa. Ou seja, lesão corporal é consumida pelo homicídio. 
Progressão criminosa: o agente substitui o seu dolo, dando causa a resultado mais grave. 
O agente muda sua intenção, ou seja, no começo era um resultado menos grave, depois 
decide cometer outro resultado mais grave. Agente decide lesionar uma pessoa, depois 
decide matá-la. 
''Antefactum" impunível: são fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da 
ofensa mais grave, mas não necessariamente, ou seja, pode praticar por outros meios. 
"Postfactum" impunível: exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, 
por ele não pode ser punido. 
A
lt
er
n
at
iv
id
ad
e 
 Não é bem um conflito aparente de normas, é um conflito aparente dentro da própria norma de 
conteúdo múltiplo (ou variado), isto é, tipos penais que contam com vários verbos nucleares 
(Art. 33 da Lei de Drogas). 
 A quantidade de ações nucleares realizadas não interessa para a subsunção do fato (adequação 
do fato à norma penal incriminadora), mas pode influenciar na dosimetria da pena. 
 
Exemplo: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, 
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar: 
S
u
b
si
d
ia
ri
ed
ad
e 
 Afasta uma lei se o fato já é criminalizado por outra lei e esta contém crime mais grave. 
 A relação entre uma norma e outra é de menor ou maior gravidade. 
 Importa a gravidade da pena. Não se aplica a pena menor, se existe norma que regula o mesmo 
fato com pena maior. 
 
Exemplo: Lesão corporal grave e perigo para a vida ou saúde de outrem. 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, 
de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
E
sp
ec
ia
li
d
ad
e 
 Afaste a lei geral para aplicação da lei especial. 
 A relação entre a norma geral e especial está relacionada ao número de especializantes (tipo 
especial contém tudo do tipo geral, mas acrescido de elementos particulares). 
 Não importa a gravidade da pena. Olhe para os especializantes. 
 
Exemplo: 
1 - Art. 334 do CP (crime de contrabando ou descaminho) e o art. 33 da Lei n° 11.343/06 
(crime de tráfico de drogas). Apesar da droga também ser produto proibido de entrada 
no Brasil, aplica-se a Lei 11.343/06, por ser especial, por regular o fato com maior 
precisão. 
2 - Infanticídio em relação ao homicídio. 
 
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CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
Crime material 
Descreve o resultado naturalístico (modificação do mundo exterior) e exige a sua 
ocorrência para a consumação. 
Exemplo: homicídio. 
Crime formal 
(ou de consumação 
antecipada) 
Resultado naturalístico é previsto, mas é dispensável, pois a consumação ocorre 
com a conduta. 
Exemplo: ameaça e extorsão. 
Crime de mera 
conduta 
É aquele que apenas descreve a conduta delituosa, sem mencionar qualquer 
resultado naturalístico, que, obviamente, é dispensável. 
Exemplo: porte ilegal de arma e violação de domicílio. 
Crime comum 
Pode ser praticado por qualquer pessoa, isto é, em que a lei não exige qualidade 
especial do sujeito ativo. 
Exemplo: homicídio 
Crime próprio 
Exige que o agente ostente certas características. 
Exemplo: crimes funcionais, como peculato e corrupção passiva. 
Crime de mão 
própria 
Somente pode ser cometido por determinado agente designado no tipo penal. 
Exemplo: falso testemunho ou falsa perícia 
Crime 
doloso 
Sempre que o agente quiser o resultado (dolo direto) ou assumir o risco de produzi-
lo (dolo eventual). 
Crime 
culposo 
Resultado não for querido ou aceito pelo agente, mas que, previsível, seja 
proveniente de inobservância dos deveres de cuidado (imprudência, negligência ou 
imperícia). 
Crime 
preterdoloso 
Dolo em relação ao fato antecedente e culpa no que tange ao resultado agravante, 
como ocorre na lesão corporal seguida de morte. 
Crime instantâneo 
Aquele que se consuma em momento determinado (consumação imediata) , sem 
qualquer prolongação. 
Crime 
permanente 
Aquele em que a execução se protrai no tempo por determinação do sujeito ativo. 
Crime instantâneo 
de efeitos 
permanentes 
Consumação também ocorre em momento determinado, mas os efeitos dela 
decorrentes são indeléveis, como no homicídio consumado. 
Crime consumado 
Crime em que se reúnam todos os seus requisitos de ordem legal (artigo 14, inciso 
I, do Código Penal) 
Crime tentado 
por circunstâncias alheias à vontade do agente,o resultado não ocorre (artigo 14, 
inciso II, do Código Penal). 
Crime de dano 
Há efetiva lesão ao bem jurídico penalmente tutelado. 
Exemplo: homicídio, o furto, o dano. 
Crime de perigo 
Dispensa a efetiva lesão, configurando-se com a simples exposição do bem jurídico 
a perigo. 
Crime de perigo abstrato: a própria lei presume perigosa a ação , 
dispensando-se a comprovação de que houve efetivo perigo ao bem jurídico 
tutelado . 
Crime de perigo concreto: exige-se efetiva comprovação de risco para o 
bem jurídico. 
Crime comissivo 
É a realização (ação) de uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo penal 
incriminador. 
Crime omissivo 
É a não realização (não fazer) de determinada conduta valiosa a que o agente estava 
juridicamente obrigado e que lhe era possível concretizar. 
Crime 
unissubsistente 
É aquele em que não se admite o fracionamento da conduta, isto é, perfaz-se com 
apenas um ato. Não admite tentativa. 
Crime 
plurissubsistente 
A conduta é fracionada em diversos atos que, somados, provocam a consumação. 
Admite tentativa. 
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Crime habitual 
É aquele que se configura mediante a reiteração de atos. 
Crime 
plurissubjetivo 
Concurso de agentes seja imprescindível para sua configuração (crime de concurso 
necessário). 
Crime 
unissubjetivo 
É aquele que pode ser praticado por apenas uma ou várias pessoas (concurso 
eventual de agentes). 
Crime 
simples 
Crime basilar, formado objetivamente por apenas um tipo penal e subjetivamente 
sem nenhuma circunstância que aumente ou diminua sua gravidade. 
Crime 
complexo 
Crime formado por meio da reunião entre dois ou mais tipos penais. Exemplo: 
roubo (furto + constrangimento ilegal). 
Crime 
qualificado 
O crime que deriva do tipo penal básico ou do complexo, com a mesma natureza, 
cuja reprimenda sofre um agravamento, em novos patamares mínimo e máximo, 
em virtude da maior gravidade da conduta. 
Atenção: os patamares da pena mudam (aumentam). Diferente do crime majorado, 
em que contém uma causa de aumento, normalmente, em fração. 
Crime 
privilegiado 
É aquele em que a lei considera determinadas circunstâncias que diminuem a 
gravidade da ação e, consequentemente, a reprimenda imposta. 
Fonte: Manual de Direito Penal - Parte Geral. Rogério Sanches. Editora JusPodivm. Ano 2015. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES - 
 QUANTO AO POTENCIAL OFENSIVO 
Crimes de 
bagatela 
 Condutas que atingem o bem jurídico protegido de modo tão desprezível que 
a lesão é considerada insignificante. 
 É a aplicação do princípio da insignificância. 
Infrações penais de 
menor potencial 
ofensivo 
 Contravenções - todas 
 Crimes - pena máxima não ultrapasse 2 anos 
 
Infrações penais de 
médio potencial 
ofensivo 
 São aquelas que admitem suspensão condicional do processo, pois têm pena 
mínima igual ou inferior a um ano. 
 São julgados pela Justiça Comum, já que sua pena máxima é superior a dois 
anos 
Infrações penais de 
alto potencial 
ofensivo 
 São aquelas cuja pena mínima é superior a um ano, não sendo cabível a 
suspensão condicional do processo. 
Crimes hediondos 
 São aqueles considerados de altíssimo potencial ofensivo, merecendo uma 
maior reprimenda processual e material do Estado. 
 Só lei pode definir um crime como hediondo.

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