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Nut Clínica e Dieto para o Sistema Digestivo. Terapia nutricional enteral – Parte 2 DOCENTE: CELINA BORGES NUTRICIONISTA MESTRE E DOUTORA EM CIÊNCIAS ESPECIALISTA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA WAITZBERG, 2009 ORAL ENTERAL PARENTERAL Vias de acesso Como escolher uma fórmula de Nutrição Enteral? 1. Tipos de fórmula; 2. Densidade Calórica; 3. Osmolaridade/Osmolalidade; 4. Via e tipo de administração; 5. Fonte e complexidade de nutrientes; 6. Desenho da fórmula x Indicação clínica. Terapia de Nutrição Enteral • Integridade do trato gastrointestinal (avaliar a capacidade digestiva e absortiva); • Estado geral e condição clínica (avaliar a situação metabólica); • Presença de doença específica (conteúdo de minerais e eletrólitos para pacientes com disfunções: renal, hepática e cardíaca); • Necessidade de restrição hídrica e/ou de algum nutriente específico (densidade calórica e oferta proteica). WAITZBERG, 2009 Critérios para seleção de fórmula ASPEN, 2009; RDC, 63/2000 Nutrição Enteral em Sistema Aberto - Nutrição enteral que requer manipulação prévia à sua administração, para uso imediato ou atendendo à orientação do fabricante. Nutrição Enteral em Sistema Fechado - Nutrição enteral industrializada, estéril, acondicionada em recipiente hermeticamente fechado e apropriado para conexão ao equipo de administração. Nutrição Enteral Artesanal - Nutrição enteral preparada a base de módulos de nutrientes e alimentos in natura. Sua composição química é estimada e necessita de sondas mais calibrosas. Fórmulas de Nutrição Enteral Fonte: NESTLÉ Fonte:ABBOTT Fonte: FRESENIUS Fonte: SUPPORT Fórmulas de Nutrição Enteral Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Fórmula padrão - atende aos requisitos de composição para macro e micronutrientes estabelecidos com base nas recomendações para população saudável; Fórmula modificada - alteração em relação aos requisitos de composição (ausência, redução ou aumento dos nutrientes, adição de substâncias não previstas nesta Resolução ou de proteínas hidrolisadas); Módulo - composta por grupos de nutrientes: carboidratos, lipídios, proteínas, fibras alimentares, vitaminas e minerais. Fórmulas de Nutrição Enteral Categorização Densidade Calórica (kcal/mL) Fórmula Muito Baixa <0,6 Muito hipocalórica Baixa <0,9 Hipocalórica Padrão ≥0,9 ≤ 1,2 Normocalórica Alta >1,2 ≤ 1,5 Hipercalórica Muito Alta > 1,5 Muito hipercalórica Densidade Calórica (DC) - Kcal da formulação/volume Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Exemplo: 1000 Kcal/1000ml ; 2000Kcal/2000ml = 1,0 1500 Kcal/1000ml = 1,5 2000 Kcal/1000ml = 2,0 Categorização de fórmulas – Densidade Calórica WAITZBERG, 2009 Densidade Calórica (kcal/mL) Conteúdo deÁgua (mL/L de Solução) Conteúdo deÁgua (%) ≥0,9 ≤ 1,2 800 - 860 80 - 86 >1,2 ≤ 1,5 760 - 780 76 – 78* > 1,5 690 - 710 69 – 71** *Referente a 1,5 kcal/ml **Referente a 2,0 kcal/ml • Recomendação hídrica para adulto sadio: 35 ml/Kg/dia • Recomendação hídrica para idoso sadio: 30 ml/Kg/dia (25 ml/Kg >65 anos) Categorização de fórmulas – Quantidade de água livre Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Polimérica Oligomérica Monomérica Somente com proteínas na forma intacta. Quantidade de proteínas hidrolisadas na forma de peptídeos (cadeias de 2 a 50 aminoácidos) superior a 50% do teor de proteína no produto, não podem conter proteínas na forma intacta. Macronutrientes na forma totalmente hidrolisada. Glicose, aminoácidos (AA) e triglicerídeos de cadeia média (TCM). Atentar para proteína. Lembrar de osmolaridade e osmolalidade. Categorização de fórmulas – Complexidade dos nutrientes Atentar para proteína. Categorização de fórmulas – Complexidade dos nutrientes WAITZBERG, 2009 Osmolaridade - concentração osmótica calculada de um líquido expressa em miliosmoles por litro (mOsm/L) da solução. Osmolalidade - concentração osmótica calculada de um líquido expressa em miliosmoles por Quilo (mOsm/Kg) de água. < Osmolaridade > Osmolaridade Meios com Osmolaridades iguais. Categorização de fórmulas – Osmolaridade/Osmolalidade WAITZBERG, 2009 Classificação Osmolalidade (mOsm) Hipotônica 280 - 300 Isotônica* 300 - 350 Levemente Hipertônica 350 - 550 Hipertônica 550 - 750 Muito Hipertônica > 750 *Melhor tolerância digestiva. Quanto mais componentes hidrolisados > a osmolaridade Osmolaridade de medicações: 450 a 10.950 mOsm Fórmulas em geral Fórmulas com alta DC Fórmulas hidrolisadas Categorização de fórmulas – Osmolaridade/Osmolalidade WAITZBERG, 2009 Fatores que interferem na osmolaridade da fórmula: • HIDRÓLISE DE NUTRIENTES • NUTRIENTES: - Minerais/eletrólitos - Proteínas - Carboidratos (>hidrolisado) - TCM > Tolerância < Tolerância Categorização de fórmulas – Osmolaridade/Osmolalidade Adaptado SOBOTKA, 2008; Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Tipo Subtipo Descrição Indicações Polimérica Padrão Distribuição de nutrientes da dieta normal . Fibra alimentar quantidade não seja superior a 2 g/100 kcal Função gastrointestinal normal Hiperproteica Proteína ≥ 20% do valor energético total Estados catabólicos Hipercalórica Densidade energética superior a 1,2 kcal/mL Restrição de líquidos Rica em fibras Quantidade de fibra superior ou igual a 3g/100 kcal Desordens da função intestinal Oligomérica Parcialmente hidrolisada Composição variada Alteração na digestão ou absorção Monomérica Totalmente hidrolisada Glicose, AA e TCM. Intercorrência em uso de oligomérica Modificada Renal Menos proteína, menor carga eletrolítica Insuficiência renal Hepática Rica em aminoácidos de cadeia ramificada Encefalopatia hepática Pulmonar Rica e lipídios Síndrome da angústia respiratória do adulto Diabetes Pobre em carboidratos Diabetes mellitus Imunomoduladora Arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3, nucleotídeos e antioxidantes Estresse metabólico; imunidade alterada Características das fórmulas Fonte: Support Exemplo de dieta Fonte: Nestlé Exemplo de dieta Fonte: Nestlé Exemplo de dieta Fonte: Nestlé Exemplo de dieta Fonte: Nestlé Exemplo de dieta Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Carboidrato – 40-60% do VET, podendo oferecer entre 30-85% (monossacarídeos – frutose e glicose-, dissacarídeos – sacarose-, oligossacarídeos – amido de milho parcialmente hidrolisado, maltodextrina- e polissacarídeos – amido de milho). Lipídio – 30-35% do VET. Proteína – 14-20% do VET. Fibras – 4-20g/l de dieta (deve-se iniciar com quantidades mínimas e aumentar gradualmente. Não precisa atingir recomendações para indivíduos adultos sadios – 25-30g/dia). Nutrientes das fórmulas Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Classificação Quantidade de Proteína Hipoproteica <10% Normoproteica ≥10%- <20% Hiperproteica ≥20% Nutrientes das fórmulas - Proteínas O resíduo gástrico não deve ser utilizado como parte de uma rotina de cuidados de pacientes na terapia intensiva recebendo nutrição enteral. Razão: • Não correlação com incidência de pneumonia; • Regurgitação; • Aspiração. ASPEN/ SCCM, 2016 Resíduo gástrico “BOLUS” ou Gavage • 100-300 mL de dieta no estômago com uso de seringa a cada 3-4h GRAVITACIONAL • Contínua: até 24h com uso de equipo de macrogotas • Intermitente: 200-300 mL a cada 3-4h BOMBA INFUSORA • Contínua: 24h (mL/h) com uso de equipo para bomba de infusão • Cíclica ou Intermitente: 16-18h (mL/h) com uso de equipo para bomba de infusão com período de descanso* *pausa noturna Posicionamento da sonda Condição clínica Tolerância do paciente AVALIAR WAITZBERG, 2009; EMTN HU/USP, 2014 Métodos de administração “BOLUS” ou Gavage GRAVITACIONAL BOMBA INFUSORA Fonte: ViraliFonte: NestléFonte: Nestlé Métodos de administração • 1º dia- 1/3 do volume • 2º dia- 2/3 do volume • 3º ao 5º dia - Aporte pleno Evolução de acordo com a tolerância gastrointestinal e cálculo das necessidades nutricionais WAITZBERG, 2009 • VELOCIDADE DE INFUSÃO: Densidade de volume (Volume/hora).• Ideal: até 75 ml/h (começar com 25-30 ml/h). Prescrição nutricional – Evolução de dieta EXEMPLO: D10 internação: H.S.F., 27 anos, homem, 175cm, 80Kg, cardiopata, sem fibrilação atrial, traqueostomizado, ventilação mecânica. Indicação: Dieta Enteral. IMC: 26 kg/m². VET: 2000 Kcal. Via: Nasogástrica. Dieta Polimérica, Normocalórica, Normoproteica. (BI = 18h) WAITZBERG, 2009 • 1º dia- 1/3 do volume→ 25-30 ml/h x 18h = 540 ml (uso de pack de 500 ml) DC= 1,0 → 500 Kcal • 2º dia- 2/3 do volume→ 50 ml/h x 18h = 900 ml (uso de pack de 1000 ml) DC= 1,2 → 1080 Kcal • 3º ao 5º dia - Aporte pleno → 75 ml/h x 18h = 1350ml (uso de pack de 1000 ml) DC = 1,5 → 2025 Kcal Prescrição nutricional – Evolução de dieta Quantidade de água livre: WAITZBERG, 2009 • 1º dia- DC= 1,0 → 540 ml → 80% de água → 432ml de água • 2º dia- DC= 1,2 → 900 ml → 76% de água → 684ml de água • 3º ao 5º dia - DC = 1,5 → 1350ml → 78% de água → 1053ml de água (ofertar 1700 ml de água) • Recomendação hídrica para adulto: 35 ml/Kg/dia → 2800ml de água Prescrição nutricional – Evolução de dieta Controle Clínico Frequência Avaliação nutricional 10 em 10 dias Balanço calórico e proteico Diário Exame físico e balanço hidroeletrolítico Diário Volume e aspecto das fezes Diário Observação das complicações Sempre que necessário Monitorização Controle Laboratorial Frequência Hemograma, glicose, ureia, creatinina, sódio, potássio, fósforo, magnésio Semanal Proteínas totais e frações; lipidograma Quinzenal Ureia urinária/24h Quinzenal Monitorização Competência do Enfermeiro • Observar a integridade da embalagem e presença de elementos estranhos ao produto; • Checar o rótulo da dieta com a prescrição; • Proceder à lavagem das mãos; • Confirmar o posicionamento da sonda; • Lavar a sonda com 20mL de água filtrada; • Checar o (mL/h= volume total/ nº de horas); • Programar a bomba de infusão, conectar o equipo à sonda e iniciar a administração da dieta; • Após aberta, a dieta sistema fechado tem validade de 24h, assim como o equipo. Sistema fechado: irrigar a sonda com 30 a 40 mL de água a cada 4h. Recalcular o mL/h caso haja medicação que necessite de jejum. Administração da dieta Assistência domiciliar Atribuições do nutricionista na assistência domiciliar • Formular a prescrição dietética com base nas necessidades nutricionais e via de acesso; • Selecionar e/ou elaborar a formulação enteral de acordo com a condição clínica e financeira do paciente; • Orientar e treinar os familiares e os cuidadores; • Avaliar a tolerância da formulação prescrita e a eficácia da terapianutricional; • Avaliar as possíveis interações fármaconutrientes com base na prescriçãomédica; • Realizar evolução dietoterápica de maneira clara no prontuário. WAITZBERG, 2009 Assistência domiciliar a) Área de armazenamento; b) Sala de recebimento de prescrições e dispensação de nutrição enteral (NE); c) Sala de limpeza e sanitização de insumos; d) Vestiário; e) Sala de preparo de alimentos in natura; f) Sala de manipulação e envase de NE; g) Sanitários de funcionários (masculino e feminino); h) Depósito de material de limpeza. Resolução nº 63 - 6 de julho de 2000 - ANVISA Infraestrutura física CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. 3. ed. São Paulo: Editora Manole, 2009. cap.: 19, págs.:435-437. SOBOTKA, L. Bases da Nutrição Clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008. WAITZBERG, D. L. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. Rio de Janeiro: Editora Atheneu,2009. CARUSO, Lúcia; SOUSA, Altamir Benedito de (org.) Manual da equipe multidisciplinar de terapia nutricional (EMTN) do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. São Paulo: Hospital Universitário da Universidade de São Paulo; São Carlos, Editora Cubo, 2014. Disponível em: http://www.hu.usp.br Acesso em: 17 de abril de 2017. Guidelines. ASPEN/SCCM 2016. PETERSON S. J.; TSAI A. A.; SCALA C. M., SOWA D. C.; SHEEAN, P. M.; BRAUNSCHWEIG C. L. Adequacy of oral intake in critically ill patients 1 week after extubation. J Am Diet Assoc. 2010 Mar;110 (3):427-33. Resolução nº 21- 13 de maio de 2015- ANVISA Resolução 63 de - 6 de julho de 2000 - ANVISA http://www.hu.usp.br/emtn-manual/
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