Buscar

TCC - Sistema Prisional Brasileiro

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL 
 
 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO 
Ressocialização e a Responsabilidade Política Social do Estado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MIQUÉIAS RAFAEL DA SILVA SANTOS 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2022
2 
 
MIQUÉIAS RAFAEL DA SILVA 
SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO 
Ressocialização e a Responsabilidade Política Social do Estado 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel em 
Direito, pelo Curso de Direito da 
Universidade Cruzeiro do Sul, sob a 
orientação da Profº. Tercius Zychan 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2022 
3 
MIQUÉIAS RAFAEL DA SILVA 
SANTOS 
 
 
 
 
 
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO 
Ressocialização e a Responsabilidade Política Social do Estado 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel em 
Direito, pelo Curso de Direito da 
Universidade Cruzeiro do Sul, sob 
orientação da Profº. Tercius Zychan 
 
Aprovado em / / 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
Componente da Banca Examinadora 
 
 
 
 
Componente da Banca Examinadora 
 
 
 
 
Componente da Banca Examinadora 
4 
RESUMO 
 
O presente trabalho visa analisar sucintamente o Sistema Prisional Brasileiro, 
utilizando-se das metodologias históricas da Lei Penal Brasileira e suas punições, bem 
como o sistema progressivo para efetivar os objetivos da pena no Brasil. Veremos 
uma breve caracterização dos sistemas prisionais existentes, bem como as principais 
características de cada um deles, enfatizaremos o sistema adotado no Brasil, sendo 
o progressivo, que buscar a evolução do preso prometendo-lhe benefícios por bom 
comportamento, e visaremos discorrer sobre as duas teorias de finalidade, sendo elas 
a absoluta e relativa. No mais veremos a abordagem da Lei de Execuções Penais, e 
o papel dos Direitos Humanos na aplicação das penas.Compreenderemos o atual 
cenário prisional brasileiro e a finalidade de mostrar a real responsabilidade política 
social do Estado e as consequências de sua inercia. 
 
 
Palavras-Chave: Sistema Prisional, Ressocialização e Sistema progressivo. 
5 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................6 
2. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO ..............................................................................................................8 
2.1 História Dos Sistemas Prisionais ................................................................................................................. 8 
2.2 História Da Legislação Penal Brasileira ....................................................................................................... 9 
3. SISTEMA PROGRESSIVO NO BRASIL ........................................................................................................ 11 
3.1 Regime De Progressão .............................................................................................................................. 11 
3.2 Regime Fechado ....................................................................................................................................... 12 
3.3 Regime Semi Aberto ................................................................................................................................. 13 
3.4 Regime Aberto .......................................................................................................................................... 13 
4. FINALIDADE DO SISTEMA PENITÊNCIARIO BRASILEIRO........................................................................... 15 
4.1 Teoria Absoluta ........................................................................................................................................ 15 
4.2 Teoria Relativa .......................................................................................................................................... 16 
4.3 Teoria Adotada No Brasil .......................................................................................................................... 16 
5. A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ................................................................................................................... 17 
6. REALIDADE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO ................................................................................... 18 
6.1 Custo Do Presso ........................................................................................................................................ 18 
6.2 Direitos Humanos ..................................................................................................................................... 19 
6.3 Reabilitação .............................................................................................................................................. 20 
6.4 A Reincidência No Brasil ........................................................................................................................... 20 
7. REPROVAÇÃO E PREVENÇÃO .................................................................................................................. 22 
7.1 Ressocialização E A Responsabilidade Política Social Do Estado .............................................................. 22 
7.2 O Trabalho Como Possibilidade De Reabilitação E Reincersão Social ...................................................... 23 
CONCLUSÃO.................................................................................................................................................... 26 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................. 28 
 
6 
1. INTRODUÇÃO 
 
Desde a antiguidade, a humanidade utiliza-se de meios de encarceramento 
humano, entretanto, com o passar dos anos houve uma consequente mudança, 
tanto na forma quanto na finalidade com que tais prisões ocorreram e continuam a 
ocorrer. Segundo Cezar Roberto Bitencourt (2009), na antiguidade, a prisão tinha 
como escopo a contestação e custódia dos réus, a fim de possibilitar a coleta de 
provas por meio de tortura e preservar a integridade física até seu julgamento, ou 
no pior dos casos, execução. 
 Esse período foi marcado pelas penas de morte, corporal e infame. 
Segundo o mesmo raciocínio, as penas também eram vistas como instrumento de 
terror, nas diversas formas de tortura física e espiritual dos condenados, bem como 
a pena de morte precedida de rituais de expiação e as mais diversas formas de 
punição. 
Neste interim, verificamos que nos tenros tempos, a população carcerária 
não atingia um grau de superlotação por conta das diversas formas de punição, 
sendo, na maioria das vezes, a pena de morte. Entretanto, verificamos, de acordo 
com alguns sites de pesquisas e informações fornecidas por estudos, que houve 
um aumento significativo da população carcerária brasileira. Depois de adotado o 
código penal brasileiro, onde as penas foram mais intensificados em favor de 
reabilitação e a melhoria do ser humano quanto pessoa, houve também a taxa de 
reicidência, fazendo com que as penitenciaria se tornassem fluxo da criminalização 
organizada. 
Atualmente podemos observar claramente a superlotação da população 
prisional brasileira, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo 
SISDEPEN (Sistema de Informação do Departamento Penintenciário Nacional) 
excluindo os presos que estão sob custódia das Policias Judiciárias, Batalhões de 
Policias e Bombeiros Militares, de Julho a dezembro de 2021, o encarceramento 
humano atingiu o patamar de 670.741 presos, destes, 326.243 estão em regime 
fechado, 124.481 em regime semiaberto, 20.241 em regime aberto, 196.830 
provisórios, 891 emtratamento ambulatorial e 2.028 em medidas de segurança¹. 
7 
Em 2019, um estudo feito pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério 
Publico) desencadeou a capacidade máxima de encarceramento em presidios 
brasileiros. Conforme dados elencados pelo estudo, o Brasil, no ano de 2019 
possuia cerca de 1.397 estabelecimentos penais, sendo cadeias publicas, casa do 
albergado, Centro de observação criminológica/Remanejamento,Colônia Agrícola, 
Industrial ou similar, hospital de custódia e tratamento psiquiátrico e 
penintenciárias.2 
Indiferente de sexo, cor, credo e de acordo com o estudo, o 
encarceramento, no ano de 2019 tinha aproximadamente um total de 448.599, 
porém, no mesmo ano, de acordo com os estudos, a ocupação desses números 
superou a quantidade máxima de carceres, tendo uma porcentagem de 161,39%, 
passando para um total, em números concretos de 723.989 detentos.³ 
A ressocialização é uma questão sociopolítica do Estado, portanto, para 
ofender esses números extremamente ridículos, precisamos conectar um sistema 
complexo, mas eficaz, que condena as ações do indivíduo criminoso e lhe dá a 
chance de se reintegrar à sociedade. Então, se o maior percentual da população 
carcerária atual for composta por reincidentes, e se tentarmos reduzir isso, 
conseguiremos uma melhora significativa no sistema carcerário brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
_________________________________________ 
1SISDEPEN, disponível em: 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkw
NDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9 acessado em 25/10/2022. 
2CNMP, disponível em: < https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros > acessado em 25/10/2022 
3CNPM, disponível em: < https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros > acessado em 25/10/2022. 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros
https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros
8 
 
 
2. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO 
 
2.1 História Dos Sistemas Prisionais 
 
Desde os tempos primórdios a humanidade utiliza-se de meios de 
encarceramento humano, contudo, em virtude do passar dos anos houve uma 
consequente mudança tanto na forma, quanto na finalidade pela qual tais prisões 
ocorreram e continuam ocorrendo. 
De acordo com Cezar Roberto Bitencourt (2009), na antiguidade a prisão 
tinha o escopo de contestação e guarda dos réus, afim de possibilitar a colheita de 
provas mediante tortura e preservar a integridade física até seu julgamento, ou na 
pior das hipóteses execução. Tal período foi marcado pelas penas de morte, 
corporais e infamantes. 
Conforme René Ariel Dotti (1998), a pena servia como instrumento espiritual 
de castigo na Idade Média, onde dominavam as penas corporais, onde as afrontas 
ensejavam “vingança de sangue”4 , que aos poucos foram sendo substituídas pela 
composição das partes de forma voluntária, até se tornarem impostas por lei. 
Explica o autor que: “O cárcere, como instrumento espiritual de castigo, foi 
introduzido pelo Direito Canônico, posto que, pelo sofrimento e na solidão, a alma 
do homem se depura e purga do pecado”5 
Segundo o mesmo raciocínio, as penas também eram vistas como 
instrumento de terror, em diversas formas de tortura física, e espiritual dos 
condenados, bem como a pena de morte precedida por rituais de expiação e as 
mais diversas formas de castigo 
A penitenciaria que tinha por escopo a privação da liberdade só surgiu por 
volta do século XVI, quando a doutrina da igreja previu que posteriormente iria 
subsidiar as “bases da ciência penitenciaria”6 
 
__________________ 
4René Ariel Dotti, 1998, pág. 33 
5René Ariel Dotti, 1998, pág. 33 
6
René Ariel Dotti, 1998, pág. 36 
9 
 
 
Entre os anos de 1757 e 1759 surgiram as prisões celulares, também 
conhecida como sistema pensilvânico. Em meados de 1827, erigiu o 
estabelecimento de Auburn, dando inicio ao sistema auburniano, e por volta do 
século XIX, surgiu o sistema progressivo, o qual conquistou maior espaço entre as 
culturas e povos e prevalece sobre os demais até os dias atuais 
 
2.2 História da Legislação Penal Brasileira 
 
Em meados de 1830 não existia de fato um Código Penal para satisfazer a 
justiça e designar crimes e suas respectivas penas, entretanto, por ser ainda uma 
colônia portuguesa, submetia-se a às Ordenações Filipinas. Para se ter uma idéia, 
as aplicações penais pertinentes ao Brasil encontrava-se no rol dos artigos escritos 
no livro V. Entre as penas previstas neste rol de crimes, existia as penas dignas 
de morte, confisco de bens, multas e determinadas penas publicas, como 
humilhação do Réu. Naquela época longinqua não existia as penas previstas no 
ordenamento jurídico recentes, muito menos as suas diferenciações, como Prissão 
Privativa de Liberdade ou Restrições de Direito.7 
Em 1603 a 1830 a lei em vigor era retratado com uma justiça de 
barbaridades, a qual só veio reformular após 8 anos da indepência do Brasil, em 7 
de setembro de 1822. Somente após a separação de Portugal do Brasil houve a 
abertura de novos caminhos para uma nova legislação penal, incluindo idéias mais 
humanizadas. 
Com a nova constituinte, de 1824, inicia-se uma reforma no sistema de 
punição, extinguindo-se todas as penas concideradas cruéis, determina que as 
cadeias devem ser limpas, seguras, bem arejadas e contendo diversas divisões 
para a separação dos réus, conforme a natureza dos crimes. Interessante 
mencionar que, as abolições das penas cruéis não alcançavam os escravos. 
 
 
 
___________________________________ 
7POLETIZE, disponível em: < https://www.politize.com.br/sistema-carcerario-brasileiro/ > acessado em 27/10/2022 
https://www.politize.com.br/sistema-carcerario-brasileiro/
10 
 
 
Já em 1830 cria-se o Código Penal do Império. Neste novo ordenamento, 
as penas de prissões são introduzidas no Brasil em duas circunstância: Prissão 
Simples e Prissão com trabalho (podendo ser perpetua) 
Com o novo Código Criminal, a pena de prisão passa a ter um papel 
predominante no rol das penas, mas ainda se mantinha a pena de morte. Com a 
instauração do Estado Novo, o Ministro Francisco Campos incubiu o Prof. 
Alcantâra Machado para elaborar um anteprojeto do código penal . Em 1940, foi 
sancionado o atual código penal brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
3. SISTEMA PROGRESSIVO NO BRASIL 
 
Conforme o art. 33, § 2º, do Código Penal, as penas privativas de liberdade 
deverão ocorrer em regime de progressão, para Rógerio Grecco: 
“A progressão é um misto de tempo mínimo de cumprimento de pena 
(critério objetivo) com o mérito do condenado (critério subjetivo). A 
progressão é uma medida politica criminal que serve de estimulo ao 
condenado durante o cumprimento de sua pena [...]”. RÓGERIO GRECCO, 
2012, pág. 494-495. 
 
 
De acordo com Rogério Grecco (2012), no Brasil após um extenso e arrastado 
desenvolvimento: 
“[...] a Constituição Federal, visando proteger os direitos de todos aqueles 
que, temporariamente ou não, estão em território nacional, proibiu a 
cominação de uma série de penas, por entender que todas elas, em sentido 
amplo, ofendiam a dignidade da pessoa humana, além de fugir, em 
algumas hipóteses, à sua função preventiva, como veremos mais adiante. 
O inciso XLVII do art. 5º da Constituição Federal diz, portanto, que não 
haverá penas: 
a) de morte, salvo no caso de guerra declarada, nos termos do seu art. 84, 
XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) 
cruéis.” GRECCO ROGÉRIO,2012, pag. 33. 
 
 
Pautando-se nesse conceito o referido autor ainda afirma que o Estado deve 
estabelecer limites à sua prerrogativa de castigar, devendo preservar os direitos 
daqueles que habitam em seu território. 
 
3.1 REGIME DE PROGRESSÃO 
 
Atualmente no Brasil o sistema prisional adotado é o progressivo, como já 
vimos anteriormente, o sistema progressivo é dividido por etapas de cumprimento 
da pena, iniciando-se do mais rigoroso, em rumo ao mais brando. Inicialmente 
cumpre salientar que existem critérios para o enquadramento do condenado em 
cada fase da execução, podendo ser aplicado três regimes de cumprimento de 
12 
 
 
pena: o regime fechado, o regime semiaberto e o regime aberto. Cabe ao juízo “a 
quo”, julgar em qual regime será iniciada a pena, e ao juízo de execução zelar para 
que se dê a regular progressão dos condenados. Tal método busca estimular o 
sujeito ao bom comportamento, para que ao final da pena esteja preparado para viver 
em sociedade, a ideia é que ao cumprir as normas ele será bem tratado e ao 
descumprir penalizado. 
 
3.2 REGIME FECHADO 
 
Tal método busca estimular o sujeito ao bom comportamento, para que ao 
final da pena esteja preparado para viver em sociedade, a ideia é que ao cumprir as 
normas ele será bem tratado e ao descumprir penalizado. No mais, deverá cumprir 
as regras do regime, quais sejam; 
 
“Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, 
a exame criminológico de classificação para individualização da 
execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a 
isolamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na 
conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde 
que compatíveis com a execução da pena.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em 
serviços ou obras públicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)”8 
 
 
 
 
 
8PLANALTO, disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm > artigo 
33, alínea §1º, alínea “a”, visto em 27/10/2022. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
13 
 
 
3.3 REGIME SEMI ABERTO 
 
Em consonância com o artigo 33 do Código Penal Brasileiro o Regime Semi 
Aberto aplica-se “ao condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) 
anos e não exceda a 8 (oito) anos11”. Devendo a pena ser cumprida em “colônia 
agrícola, industrial ou estabelecimento similar”. Em regras próprias disciplinadas 
pelo artigo 35 e parágrafos do Código Penal Brasileiro: 
 
“Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado 
que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o 
período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência 
a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo 
grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”9 
 
3.4 REGIME ABERTO 
 
Conforme disciplinado pelo artigo 33 do Código Penal Brasileiro, o Regime 
Aberto de cumprimento de pena destina-se ao “o condenado não reincidente, cuja pena 
seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos”. 
 
Devendo ser cumprido “em casa de albergado ou estabelecimento 
adequado15”, contudo, na pratica, na maioria dos casos por falta de 
estabelecimentos adequados é permitido que o indivíduo fique em sua residência. 
 
 
 
____________________________________ 
9PLANALTO, disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm > 
visto em 27/10/2022. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
14 
 
 
Por fim, as regras do regime aberto são: 
 
 
“Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)” 
 
 
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, 
trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, 
permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de 
folga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato 
definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, 
podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”.10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_____________________________________________________________________________ 
10PLANALTO, disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm > visto em 
27/10/2022. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art36
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art36
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art36
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art36
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art36
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art36
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
15 
 
 
4. FINALIDADE DO SISTEMA PENITÊNCIARIO BRASILEIRO 
 
No sistema penitenciário brasileiro a finalidade das sanções penais cumpre 
oportunizar dois objetivos, um deles é a reprovação das condutas criminosas e o 
outro a reabilitação do indivíduo condenado, tal qual, podemos encontrar positivado 
no artigo 59 do Código Penal Brasileiro que a fixação da pena será “conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”. 
Existem, porém, teorias absolutas e relativas, conforme aponta Rogério 
Grecco (2012), “as teorias tidas como absolutas advogam a tese da retribuição, e as 
teorias relativas apregoam a prevenção”.11 
 
4.1 Teoria Absoluta 
 
 
Na teoria absoluta defende-se que a pena deve ser retributiva, com o escopo 
de punir o individuo pelo mal praticado, afim de corresponder com a condenação ao 
mal que a ensejou, aduz Roxin que: 
“[...] a teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva 
de algum fim socialmente útil, senão em que mediante a imposição de um 
mal merecidamente se retribui, equilibra e expia a culpabilidade do autor 
pelo fato cometido. Se fala aqui de uma teoria ‘absoluta’ porque para ela o 
fim da pena é independente, ‘desvinculação’ de seu efeito social. A 
concepção da pena como retribuição compensatória realmente já é 
conhecida desde a antiguidade e permanece vira na consciência dos 
profanos com uma certa naturalidade: a pena deve ser justae isso 
pressupões que se corresponda sua duração e intensidade com a 
gravidade do delito, que compense”.12 
 
Acredita Rogério Grecco (2012), que o corpo social se satisfaz com esse 
propósito, por se tratar de uma modalidade de pagamento para criminoso, desde 
que, a pena seja composta pela privação de liberdade. 
 
___________________________ 
11GRECCO ROGÉRIO, 2012, Pág. 472. 
12ROXIN, Claus. Decreto penal – parte geral, t. l, p.81-82. 
 
 
 
16 
 
 
4.2 Teoria Relativa 
 
No que tange a teoria relativa, podemos dizer que ela se apoia no preceito 
de prevenção, que se biparte em prevenção geral, positiva e negativa, e prevenção 
especial, negativa e positiva, como explica Rogério Grecco: 
 
A prevenção geral pode ser estudada por dois aspectos. Pela prevenção 
geral negativa, conhecida também pela expressão prevenção por 
intimidação, a pena aplicada ao autor da infração penal tende a refletir na 
sociedade, evitando-se, assim que as demais pessoas, que se 
encontram com os olhos voltados na condenação de um de seus pares, 
reflitam antes de praticar qualquer infração penal. [...] A prevenção 
especial, a seu turno, também pode ser concebida em seus dois sentidos. 
Pela prevenção especial negativa, existe uma neutralização que ocorre com 
sua segregação no cárcere. A retirada momentânea do agente do convívio 
social o impede de praticar novas infrações penais, pelo menos na sociedade 
da qual foi retirado.13 
 
 
4.3 Teoria Adotada No Brasil 
 
Dentre as teorias citadas acima, pode-se dizer que o Brasil adotou uma 
“teoria mista ou unificadora da pena”, assim, compreendido por Rogerio Greco, “as 
teorias absoluta e relativa que se pautam, respectivamente pelos critérios da 
retribuição e da prevenção”.14 
Por consequência, resta reafirmar que a finalidade supra do sistema 
penitenciário brasileiro busca inibir novas condutas criminosas e reprovar condutas 
já praticadas. 
Para tanto, foi desenvolvida a Lei de Execuções Penais, que visa, doutrinar 
a forma com que a execução deverá ser aplicada para atingir os objetivos 
estipulados pelo proposito da pena. 
 
 
____________________________________________________ 
13GRECCO, Rogério, Curso de Direito Penal Parte Geral, 2012, p. 473-474 
14
GRECCO, Rogério, Curso de Direito Penal Parte Geral, 2012, p. 475. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210compilado.htm, art. 1º “caput”, visto em 27/10/2022 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210compilado.htm
17 
 
 
5. A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS 
 
 
A Lei de Execuções Penais foi sancionada em 11 de julho de 1984, com o intuito 
de “efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar 
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”.15 
Além de disciplinar a fase executória, a LEP também conta com uma série de 
exigências para o devido cumprimento da pena, bem como impõe por meio de suas 
normas diversas assistências, quais sejam: material, à saúde, jurídica, educacional, 
social e religiosa. 
Muito embora a LEP comtemple inúmeros meios que possibilitem a 
reprovação e a prevenção, muitas de suas medidas ainda são uma utopia para a 
realidade do atual cenário do cárcere brasileiro, pois diante do imposto quadro fático, 
pouco se vê efetivamente aplicado ao caso concreto do condenado, tornando-se um 
valioso instrumento sem uso nas mãos do Estado. 
A LEP nos trouxe uma riqueza de direitos quanto à reinserção do individuo 
na sociedade, contudo, a realidade não nos permite viver uma fase de ascensão 
prisional, onde possamos ver uma expressa queda no numero de presos, 
justamente pela falta de meios de executar com eficiência o que o legislativo já nos 
deu o aval. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________________ 
 
15PLANALTO disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210compilado.htm, visto em 27/10/2022
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210compilado.htm
 18 
6. REALIDADE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO 
 
O quadro fático prisional atual no Brasil é lamentável, de acordo com a 
SISDEPEN (Sistema de informações do sistema penintenciário nacional), órgão 
responsável pelo levantamento nacional de informações penitenciarias, em 2021 a 
população prisional brasileira superou 670 mil presos. Desses 670 mil presos, cerca 
de 320 mil estão em regime fechado, 124 mil estão regime semiaberto, 20 mil estão 
em regime aberto, 196 mil estão presos provisoriamente. Não obsta, cerca de 891 
detentos estão em tratamento ambulatorial, e um pouco mais de 2 mil detentos estão 
em medidas de segurança.16 
Deve-se a ter que os números supramencionados contabilizam apenas 
presos em celas fisicas e em presidios estaduais. De acordo com o SISDEPEN, 
além dos números mencionados acima, cerca de 156 mil detentos enquadram-se 
em prissão domiciliar. Não obsta, em concideração ao número de detentos em 
Presidios Federais contabilizam um total de 510 presos. 
 
6.1 CUSTO DO PRESSO 
 
De acordo com os critérios abordados pelo sistema de informações do 
Departamento Penintenciário Nacional, até meados de junho de 2022, o gasto com 
um presso poderia ultrapassar a faixa de R$2.000,00 (dois mil reais) por mês. 
Verifica-se um montante de R$ 1.295.956.556,83 gastos somento no mês de 
junho. Esses valores englobam toda a parte administrativa penintenciária, 
prestadores de serviços, material de expediente, e estágio remunerado de 
estudante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________________________________________ 
16SISDEPEN disponível em: 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDk
wNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9 visto em 27/10/22 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
 19 
6.2 Direitos Humanos 
 
O individuo na situação de prisioneiro deve perder tão somente sua liberdade, 
não podendo o Estado se quer cogitar a possibilidade de lhe tirar sua dignidade como 
pessoa humana, em consonância com o art. 5º, XLIX da Constituição Federal da 
Republica de 1988. 
De acordo com René Ariel Dotti: 
 
Uma reforma do sistema de penas não poderá se efetivar sem as bases 
que delimitem os seus contornos e fundamentem os seus destinos: desde 
a consagração e a garantia dos direitos humanos até o reconhecimento 
de que a comunidade é o centro de irradiação dos valores que devem 
ser preservadas. Dentro deste horizonte, abrem-se maiores possibilidades 
para aviventar os rumos e as relações entre o Direito Penal e a Criminologia 
e fazer da política um ponto de arranque para a crítica e o exercício de uma 
dogmática realista. As exigências da culpa, da legalidade estrita e da 
retribuição proporcionada ao grau de reprovabilidade são princípios caros a 
um Estado social democrático de Direito que declara e protege os ideais da 
personalidade e da humanização das sanções penais. Sanções que não 
podem ser caracterizadas exclusivamente pelo sentido pragmático de mero 
contragolpe à lesão. Sem a adoção de uma visão euforiante ou expediente 
mirífico a conceber o projeto da metamorfose do delinquente – qual 
esperança de doutrinas totalitárias que recorrem à lavagem do cérebro para 
manipulação da consciência individual – ‘a pena deve ser também, um 
projeto finalístico de melhoria das pessoas em suas interações e não só a 
relação de causalidade mecânica entre a ofensa e a resposta’”. 
Além do mais, conforme afirma René Ariel Dotti, foi introduzida por nossa 
Constituição alguns limites penais e processuais de segurança individual. No art. 5º, 
XLVII e alíneas, da Constituição Federal, “não haverá penas: a) de morte, salvo em 
caso de guerra declarada, nos termos doart. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de 
trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.” 17 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
17http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm, art. 5º, XLVII e alíneas, visto em 27/10/2022 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
 20 
Muito embora seja assegurado aos presos os direitos humanos, e a Lei de 
Execuções Penais dê ao Estado a autorização necessária para implementação de 
medidas que são necessárias para o mantimento da dignidade humana, é 
observando o atual sistema prisional, que vemos que ainda há um longo trabalho 
pela frente para que os objetivos de humanização da pena sejam atingidos. 
 
6.3 Reabilitação 
 
A reabilitação criminal trata-se da possibilidade do indivíduo que já cumpriu a 
pena conservar em segredo os dados da condenação, a mesma está prevista nos 
artigos 93 e 95 do Código Penal Brasileiro, assegurando sua aplicação em 
quaisquer penas aplicadas, podendo atingir inclusive os efeitos da condenação. 
Entretanto, tendo em vista o contexto atual, é diminuta a aplicação prática da 
reabilitação portada nos artigos anteriormente referidos, aduz Jair Leonardo Lopes 
que: 
“A nós parece que nem os efeitos acrescidos a condenação pelo art. 92 
merecem aplausos, nem a reabilitação, que tal como disciplinada no Código 
(arts. 93 a 95), não tem qualquer alcance prático. Quanto a esta, o seu mais 
importante efeito, que seria o de assegurar ao condenado o sigilo dos 
registros sobre seu processo e condenação, é obtido, atualmente, de modo 
imediato e eficaz, por aplicação do art. 202 da Lei nº 7.210/84 (Lei de 
Execução Penal - LEP), desde que tenha sido cumprida ou extinta a pena.”18 
 
 
6.4 A Reincidência No Brasil 
 
A reincidência é disciplinada pelo artigo 63 e 64 do Código Penal Brasileiro, 
para Rogerio Greco, trata-se de “um marco interruptivo da prescrição da pretensão 
executória, tem o poder de gerar tal efeito a partir da data do transito em julgado da 
sentença que condenou o agente pela pratica de novo crime”.19 
 
_________________________________________ 
18LOPES, Jair Leonardo, Curso de Direito Penal – Parte Geral, p. 243. 
19GRECCO, Rogerio, Curso de Direito Penal Parte Geral, 2012, pag. 737. 
 21 
Conforme Aduz Zaffaroni e Pierangeli: 
 
 
“[...] a prescrição da pretensão executória é interrompida na data do transito 
em julgado de nova sentença condenatória, ou seja, como sentença 
condenatória por um segundo crime e não na data do cometimento desse 
crime, muito embora parte da jurisprudência se oriente em sentido 
contrário, ora pela data da prática de novo crime, ora pela data da 
instauração de nova ação penal.”20 
 
Porém, conforme artigo 64, inciso I, para que se caracterize a reincidência, 
é necessário que não haja um lapso temporal maior de 5 anos, para um novo crime, 
após o transito em julgado da sentença ou acordão que condenou o indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20ZAFFARONI, Eugênio Rául; PIERANGELI, José Henrique, Manual de Direito Penal Brasileiro – Parte Geral 
O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE DETENTOS, disponível em < 
https://www.scielo.br/j/ean/a/bJMFCBDQy9c4PwDkqg7tYFx/#:~:text=A%20sociedade%20deveria%20ser%20a,com%20os%20
papel%2C%20v%C3%A3o%20olhar. > visto em 27/10/2022
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf
 22 
7. REPROVAÇÃO E PREVENÇÃO 
 
 
É louvável ao Estado se preocupar com a reprovação e a prevenção como 
meio de atingir uma sociedade mais justa, porém, não basta que belas ideologias 
sejam apregoadas, e nada seja feito a respeito. 
É imprescindível que o Estado em sua posição de soberano adote meios 
eficazes de ressocialização. Medida esta que asseguraria a solução de diversos 
problemas enfrentados nos dias que correm. 
Aduz o coordenador do departamento de monitoramento e fiscalização do 
sistema carcerário e do sistema de execução e medidas sócio educativas do CNJ, 
juiz auxiliar Luis Geraldo 
Assim, podemos dizer que a pena que vai além, ou deixa a desejar seu ensejo 
torna-se o meio de conduta de novos problemas sociais. 
 
7.1 Ressocialização E A Responsabilidade Política Social Do Estado 
A ressocialização consiste em devolver o indivíduo, após sua convivência no 
sistema carcerário, a oportunidade de conviver socialmente novamente, e como 
vimos anteriormente é uma das finalidades do cumprimento de pena, ou deveria ser, 
pois embora haja previsão legal, no artigo 59 do Código Penal Brasileiro, não há 
aplicação pratica efetiva desta medida. 
O Estado, por sua vez, deveria entra como coadjuvante principal para esse 
cenário precário, pois é dever do Estado zelar pelo cumprimento das leis vigentes, 
bem como oportunizar a perfeita aplicação da Lei de Execuções Penais. A sua não 
aplicação gera a sociedade prejuízos irreparáveis. 
De forma clara, efetivamente o que observamos é o inverso do que deveria 
ocorrer. No momento atual o indivíduo, ao recuperar sua liberdade, se depara com 
uma situação pior que a de antes, além de ter que arcar com todos os problemas 
que ele tinha antes, lhe é acrescido a descriminalização da sociedade que o joga as 
margens do convívio, o fazendo recorrer a formas ilícitas de ganhar a vida, e o 
levando a prisão, da qual, se tivesse saído reeducado, ficaria livre. 
 23 
Em virtude disso, com os índices de criminalização elevados a sociedade 
sofre. Sofre por ser vitima da conduta criminosa, sofre pelo déficit no orçamento que 
poderia ser destinado a outros investimentos, sofre tendo que recorrer ao medo de 
andar pelas ruas sem a devida despreocupação com o crime, e sofre por ver o ciclo 
se repetindo e aumentando ano, após ano. 
De acordo com Guaraci Pinto e Alice Hirdes (2006): 
 “A sociedade deveria ser a primeira interessada em providenciar espaço e 
êxito social para o preso, já que o próprio público tem muito a perder com 
a prática de novos delitos, quando da reincidência do preso. [...] A 
sociedade não conhece a realidade das cadeias. Ela possui uma opinião 
negativa formada e influenciada pelos meios de comunicação, que 
fornecem uma visão coletiva e generalista, sem considerar suas 
particularidades. Quando esse retorno à sociedade acontece sem uma 
reciprocidade de aceitação, resta a esses indivíduos, como única opção, o 
retorno à criminalidade como forma de sustento e identificação21 
 
 
7.2 O Trabalho Como Possibilidade De Reabilitação E Reincersão 
Social 
 
Já dizia o filosofo Marx, que “o trabalho dignifica o homem”, não obstante 
dessa realidade o afazer é capaz regenerar o indivíduo, lhe possibilitando novos 
caminhos, e lhe assegurando meios legítimos para sobrevivência em sociedade. 
Afirmam Guaraci Pinto e Alice Hirdes (2006): 
 
 
 
 
 
________________________________________ 
21O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE DETENTOS, disponível em < 
https://www.scielo.br/j/ean/a/bJMFCBDQy9c4PwDkqg7tYFx/#:~:text=A%20sociedade%20deveria%20ser%20a,com%20os%20
papel%2C%20v%C3%A3o%20olhar. > visto em 27/10/2022
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf
24 
 
 
“O trabalho faz a requalificação do ladrão para operário dócil. Para que 
esse processo aconteça, é indispensável a utilização de uma retribuição 
pelo trabalho penal, que impõe ao detento a forma “moral” de salário como 
condição de sua existência. O salário faz com que se adquira “amor e 
hábito” ao trabalho, carregando com esta prática uma forma válida de 
avaliação do detento quanto ao progresso de sua regeneração22.” 
 
Em consonância com os referidos autores, a prisão permite um momento de 
reflexão falho, pois direciona o individuo a volta de novas infrações penais, de forma 
que o trabalho prisional gera uma apropriação do tempo o conduzindo a novas 
perspectivas devida. Portanto: 
“O trabalho na prisão pode não fugir e, certamente, não foge às 
características que assolam o mundo do trabalho no Brasil, de uma 
maneira geral. Mas, o que acaba se descortinando é um quadro que se 
assemelha a uma ética do trabalho, porque ali o trabalho aparece no nível 
das representações coletivas, como um valor universal que distingue todos 
os homens de bem, porque o trabalho é sinônimo de decência, de 
organização e marca da honestidade atemporal, um escudo contra a 
corrupção.”23 
É imprescindível que no Brasil tal medida cresça mais e mais, afim de 
possibilitar um maior numero de reinserção de indivíduos reabilitados ao convívio 
social. Além do mais, o Estado poderia adotar projetos que intermedeiem os ex- 
presidiários as empresas. Tais como parcerias estatais que beneficiem de alguma 
maneira empresas adeptas a estes programas, com redução de impostos, ou auxilio 
socioeconômico para viabilizar a diminuição da marginalização desses individuos, e 
colaborar para a recuperação da dignidade e do respeito social, dos que antes eram 
desprezados e excluídos. 
_________________________________________________________ 
22O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE DETENTOS disponivel 
https://www.scielo.br/j/ean/a/bJMFCBDQy9c4PwDkqg7tYFx/?format=pdf&lang=pt 
23O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE DETENTOS, disponível em http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf 
visto em 04/11/2022 
 
 
https://www.scielo.br/j/ean/a/bJMFCBDQy9c4PwDkqg7tYFx/?format=pdf&lang=pt
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf
25 
 
Destarte, com a efetivação de tal medida, é aceitável dizer que 
oportunamente se compreende uma possível solução para uma observação de 
Guaraci Pinto e Alice Hirdes (2006) que cita um inconveniente do trabalho pós 
liberdade, qual seja: 
“Percebe-se que os detentos identificam os pontos positivos do trabalho e 
todos os benefícios que advêm com ele. Porém, ao mesmo tempo, percebem 
a dificuldade que irão enfrentar no mercado de trabalho extrapresídio, 
devido a valores de julgamento já constituídos em relação aos presos e que 
os levam ao descrédito e à exclusão, contribuindo para o retorno a meios 
ilícitos de ganhar a vida. Assim, o trabalho na prisão é um trabalho 
protegido em razão de os demais detentos estarem na mesma condição, 
ao passo que, em um trabalho fora do contexto do presídio, o ex-preso terá 
que se confrontar com o estigma e o preconceito”24 
 
Portanto, reafirma-se a necessidade de pensar, não somente no trabalho 
durante a prisão, mas também, como defendido acima, em formar de proteger a 
oportunidade de emprego pós liberdade, contribuindo para a efetiva ressocialização 
do sujeito antes marginalizado, e contribuindo para cada vez menos números de 
reincidências. 
O que consequentemente contribuirá para uma sociedade mais segura, e um 
Estado cada vez mais protetor, não somente dos que andam conforme as regras, 
mas acolhedor e transformador dos que por algum motivo as transgrediram. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________________ 
24O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE DETENTOS, disponível em http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf 
visto em 04/11/2022 
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf
26 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Em virtude do que foi estudado neste trabalho, pode-se observar a evolução 
das penas desde a antiguidade até os dias de hoje, bem como a desenvolvimento 
dos sistemas prisionais brasileiros. 
No Brasil o sistema adotado é o Progressivo, e em relação aos demais é o 
que enquadra aos objetivos adotados por nosso código penal, que é de reprovar e 
prevenir novas condutas criminosas, é mister destacar que a progressão incentiva o 
individuo a ter bom comportamento, a medida que conforme bom comportamento 
adquire benéficos durante o cumprimento da pena. 
No tocante ao sistema prisional, cumpre a Lei de Execuções Penais 
disciplinar medidas hábeis para a execução da pena, afim de oportunizar uma efetiva 
reprovação da conduta, culminada com a posterior ressocialização do sujeito 
transgressor. Muito embora o legislativo tenho dado através da LEP, o aval para o 
eficaz cumprimento do artigo 59 do Código Penal Brasileiro, o qual diz que “a pena 
deve ser suficiente para reprovação e prevenção do crime”, a realidade das 
penitenciarias ainda se encontram distante do real objetivo, infelizmente, sendo meio 
unicamente punitivo, sem nada ter de ressocializador. 
No atual cenário do sistema prisional brasileiro é clara a preocupação com os 
índices da população prisional que ultrapassa em cerca da metade de sua 
capacidade, gerando um dos problemas mais evidentes do composto, qual seja, a 
superlotação. 
Numa análise aprofundada, é límpido o entendimento que a superlotação 
ocorre por falhas do próprio sistema, ou seja, do total dos encarcerados, 70% são 
reincidentes, logo, houve primordialmente uma falha na primeira prisão desses 
indivíduos, pois se o Estado cumprisse com o dever de reabilitar o citado, não haveria 
necessidade de se preocupar com uma relação tão alta de reincidência. 
Por sua vez, o lapso continua quando ocorre o entiquetamento social do 
sujeito criminalizado, o jogando a marginalidade, e o submetendo a transgredir 
novamente, como meio de sobrevivência. 
27 
 
 
Lapso este, que poderia ser quebrado com a intervenção estatal, provendo 
trabalho aos ex-presidiários através de programas e parcerias com empresas, 
possibilitando de forma eficaz a ressocialização do cidadão e permitindo-lhe ter uma 
melhor perspectiva de futuro. 
Em contrapartida, os índices de reincidência diminuiriam, e por sua vez seria 
sanada a superlotação, causando a economia dos recursos dispensados ao sistema 
prisional e consequentemente quebrar-se-ia o ciclo vicioso de criminalidade, que 
atualmente encarcera o transgressor, o puni severamente, o liberta impossibilitado 
de conviver em sociedade e o joga novamente para o cárcere. 
Portando, é de inteira responsabilidade do Estado promover por meios de 
políticas sociais a verdadeira ressocialização do indivíduo que fora coadjuvante do 
crime, vislumbrando todos os benefícios efetivos que tal progresso trará ao pais 
como um todo. Pois todos ganhamos, com menos crimes e mais cidadania! 
28 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
✓ BITENCOURT, Cezar Roberto, Falência da Pena de Prisão Causas e Alternativas, 3ª 
Edição, Saraiva; 
 
✓ SISDEPEN, disponível em: 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQt
MmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRi
OGRhNmJmZThlMSJ9 acessado em 25/10/2022. 
 
✓ CNMP, disponível em: < https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-
em-numeros > acessado em 25/10/2022 
 
✓ POLETIZE, disponível em: https://www.politize.com.br/sistema-carcerario-brasileiro/ acessado 
em 27/10/2022 
 
✓ DOTTI, René Ariel, Bases e Alternativas Para o Sistema de Penas, 1998, Revista dos 
Tribunais; 
 
✓ GRECCO, Rogério, Curso de Direito Penal, Parte Geral, 14ª edição, 2012, Impetus; 
 
✓ LOPES, Jair Leonardo, Curso de Direito Penal – Parte Geral, p. 243. 
 
✓ LINS E SILVA, EVANDRO. O Salão de Passos Perdidos. 1998. 
 
✓ NETO, Cândido Furtado Maia Neto, Direitos Humanos do Preso, 1998, Forense; 
 
✓ OLIVEIRA, Edmundo, Política Criminal e Alternativas a Prisão, 1998, Forense; 
 
✓ PLANALTO, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- 
lei/Del2848compilado.htm visto em 27/10/2022 
 
✓ PLANALTO, disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del2848compilado.htm visto em 
27/10/2022 
 
✓ PLANALTO, disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm visto em 
27/10/2022. 
 
✓ PLANALTO, disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del2848compilado.htm visto em 
27/10/2022 
 
✓ ROXIN, Claus. Decreto penal – parte geral, t. l, p.81-82. 
 
✓ ZAFFARONI, Eugênio Rául; PIERANGELI, José Henrique, Manual de Direito 
Penal Brasileiro– Parte Geral, p. 760 
 
✓ O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DE DETENTOS, disponível em 
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiOWYwMDdlNmItMDNkOC00Y2RmLWEyNjQtMmQ0OTUwYTUwNDk5IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros
https://www.cnmp.mp.br/portal/relatoriosbi/sistema-prisional-em-numeros
https://www.politize.com.br/sistema-carcerario-brasileiro/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-%20lei/Del2848compilado.htm
 
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf visto em 04/11/2022 
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a09.pdf

Continue navegando