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Modulo04_interpretacao_de_exames_laboratoriais

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AN02FREV001/REV 4.0 
 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES 
LABORATORIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
INTERPRETAÇÃO DE EXAMES 
LABORATORIAIS 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
185 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
24 IMUNOLOGIA 
 
 
24.1 PRINCÍPIOS 
 
 
A Imunologia é o ramo da biologia que estuda o sistema imunológico, suas 
características físicas, químicas e fisiológicas, funções de seus componentes in vitro 
e in vivo, etc. Estuda o funcionamento fisiopatológico do sistema imune de um 
indivíduo no estado sadio e em casos de doenças, sejam elas imunológicas ou não 
(doenças autoimunes, hipersensibilidade, deficiência imune, rejeição pós-enxerto). 
O conceito de Imunologia foi criado por Elie Metchnikoff, em 1882. As 
células responsáveis pela imunidade são os linfócitos e os fagócitos (monócito e 
macrófagos). Os linfócitos podem apresentar-se como linfócitos T ou linfócitos B 
(estes são responsáveis pela produção de anticorpos, denominados Plasmócitos), 
os Linfócitos T Citotóxicos destroem células infectadas por vírus e os Linfócitos T 
Auxiliares coordenam as respostas imunes. 
Além das defesas internas existem também defesas externas (ex: pele como 
barreira física, ácidos graxos e microrganismos comensais). As defesas externas 
são a primeira barreira contra muitos organismos agressores. No entanto, muitos 
conseguem penetrar, ativando assim as defesas internas do organismo. O sistema 
imune pode sofrer um desequilíbrio que se apresenta como imunodeficiência, 
hipersensibilidade ou doença autoimune. 
As respostas imunes podem ser adaptativas ou inatas: as respostas 
adaptativas reagem melhor cada vez que encontram um determinado patógeno e a 
resposta inata, ao contrário da adaptativa, sempre dá a mesma resposta mesmo 
quando é exposta várias vezes ao patógeno. Os fagócitos coordenam as respostas 
inatas e os linfócitos coordenam as respostas imunes adaptativas. Os principais 
 
 
186 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
componentes do sistema imune são os Linfócitos T, Linfócitos B, Fagócitos 
Mononucleares, Neutrófilos, Eosinófilos, Basófilos, Plaquetas e células teciduais. 
Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune às células do 
sistema mononuclear fagocitário (SMF), também conhecido por sistema retículo-
endotelial e mastócitos. As primeiras são células especializadas em fagocitose e 
apresentação do antígeno ao sistema imune. São elas: macrófagos alveolares (nos 
pulmões), micróglia (no tecido nervoso), células de Kuppfer (no fígado) e 
macrófagos em geral. 
Os mastócitos são células do tecido conjuntivo, originadas a partir de células 
mesenquimatosas (células de grande potência de diferenciação que dão origem 
àquelas do tecido conjuntivo). Possuem citoplasma rico em grânulos basófilos 
(coram-se por corantes básicos). Sua principal função é armazenar potentes 
mediadores químicos da inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator 
quimiotáxico – de atração – dos eosinófilos) e fatores quimiotáxicos (de atração) dos 
neutrófilos. 
Elas participam de reações alérgicas (de hipersensibilidade), atraindo os 
leucócitos até o local e proporcionando uma vasodilatação. O nosso organismo 
possui mecanismos de defesa que podem ser diferenciados quanto à sua 
especificidade, ou seja, existem os específicos contra o antígeno (“corpo estranho”) 
e os inespecíficos, que protegem o corpo de qualquer material ou microrganismo 
estranho, sem que este seja específico. 
 
FIGURA 144 - MASTÓCITOS 
 
FONTE: Disponível em: <www.afh.bio.br>. 
Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
 
187 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
FIGURA 145 - PLASMÓCITOS 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.efoa.br>. 
Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
O organismo possui barreiras naturais que são obviamente inespecíficas, 
como a da pele (queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, o ácido clorídrico do 
estômago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e 
no trato respiratório, cílios do epitélio respiratório, peristaltismo, flora normal, entre 
outros. Se as barreiras físicas, químicas e biológicas do corpo forem vencidas, o 
combate ao agente infeccioso entra em outra fase. 
Nos tecidos existem células que liberam substâncias vasoativas, capazes de 
provocar dilatação das arteríolas da região, com aumento da permeabilidade e saída 
de líquido. Isso causa vermelhidão, inchaço, aumento da temperatura e dor, 
conjunto de alterações conhecidas como inflamação. Essas substâncias atraem 
mais células de defesa, como neutrófilos e macrófagos, para a área afetada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
188 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
FIGURA 146 - REAÇÃO INFLAMATÓRIA NOS TECIDOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
A vasodilatação aumenta a temperatura no local inflamado, a elevação na 
temperatura favorece as reações químicas e celulares, estimulando a migração de 
células de defesa. Algumas das substâncias liberadas no local da inflamação 
alcançam o centro termorregulador localizado no hipotálamo, originando a febre. 
Apesar do mal-estar e desconforto, a febre é um importante fator no combate às 
infecções, pois além de ser desfavorável para a sobrevivência dos microrganismos 
invasores, também estimula muitos dos mecanismos de defesa de nosso corpo. 
Por diapedese, neutrófilos e monócitos são atraídos até o local da 
inflamação, passando a englobar e destruir (fagocitose) os agentes invasores. A 
diapedese e a fagocitose fazem dos neutrófilos a linha de frente no combate às 
infecções. 
 
 
 
 
189 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
FIGURA 147 - ESQUEMA SIMPLIFICADO DO PROCESSO FEBRIL 
 
FONTE: Disponível em: <www.afh.bio.br>. Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
Outras substâncias liberadas no local da infecção chegam pelos vasos 
sanguíneos até a medula óssea, estimulando a liberação de mais neutrófilos, que 
ficam aumentados durante a fase aguda da infecção. No plasma também existem 
proteínas de ação bactericida que ajudam os neutrófilos no combate à infecção. A 
inflamação determina o acúmulo de fibrina, que forma um envoltório ao redor do 
local, evitando a progressão da infecção. 
Caso a resposta inflamatória não seja eficaz na contenção da infecção, o 
sistema imune passa a depender de mecanismos mais específicos e sofisticados, 
dos quais tomam parte vários tipos celulares, o que chamamos resposta imune 
específica. Os linfócitos T e B são responsáveis pelo reconhecimento específico dos 
antígenos. Cada célula B está geneticamente programada para codificar um receptor 
de superfície específico para um determinado antígeno. Os linfócitos T constituem 
várias subpopulações diferentes com uma variedade de funções. 
 
 
190 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Em outras palavras, os Linfócitos T são como soldados pré-programados 
para combater uma determinada doença, existindo diversos batalhões, cada um 
direcionado para um antígeno específico. Os linfócitos T são divididos em duas 
classes, os Linfócitos T Citotóxico e os Linfócitos T Auxiliar: os Linfócitos T Auxiliares 
são como comandantes que organizam as ações e os Linfócitos T Citotóxicos são 
como agentes especializados em destruir as células do próprio organismo infectadas 
pelos agentes estranhos ou mutantes. 
 
FIGURA 148 - LINFÓCITO T CITOTÓXICO (AMARELO) ATACANDO CÉLULA 
TUMORAL(VERMELHO) 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.ciencianews.com.br>. Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
FIGURA 149 - LINFÓCITO B PRODUZINDO IMUNOGLOBULINAS 
 
FONTE: Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. 2012 
 
 
 
191 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
24.2 PRINCIPAIS CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA CELULAR) 
 
 
24.2.1 Linfócitos B 
 
 
Os linfócitos B são células que fazem parte de 5 a 15% dos linfócitos 
circulantes, se originam na medula óssea e se desenvolvem nos órgãos linfoides. 
O nome linfócito B é devido à sua origem na cloaca das aves, na Bursa de 
Fabricius. São células de núcleo grande e que possuem o retículo endoplasmático 
rugoso e o complexo de Golgi extremamente desenvolvidos em seu citoplasma, e 
especialistas em síntese de anticorpos quando ativadas. Porém, em repouso, estas 
organelas não estão desenvolvidas. 
Os linfócitos B têm como função própria a produção de anticorpos contra 
um determinado agressor. Anticorpos são proteínas denominadas de 
imunoglobulinas que exercem várias atividades de acordo com o seu isotipo (IgG, 
IgM, IgA, etc.) Estes anticorpos realizam diversas funções como: opsoninas, 
ativadores de complemento, neutralizadores de substâncias tóxicas, aglutinação, 
neutralização de bactérias, etc. 
Os linfócitos B possuem como principal marcador de superfície a IgM 
monomérica, que participa do complexo receptor de antígenos. Esta imunoglobulina 
entra em contato com o antígeno quando lhe é apresentado diretamente ou 
indiretamente pelos macrófagos. A IgM se ligando ao epítopo (superfície específica 
de um determinado agente estranho), internaliza o complexo IgM-epítopo. Este 
complexo realiza diversas modificações na célula, que tem a finalidade de induzi-la a 
produção de imunoglobulinas. 
Os linfócitos B em repouso não produzem imunoglobulinas, mas quando 
estimulados por substâncias químicas como interleucinas (como a IL-4 e a IL-1) vão 
sofrer expansão clonal e se transformar em uma célula ativa denominada de 
plasmócito. Os plasmócitos possuem na sua ultraestrutura o Retículo 
Endoplasmático Rugoso e o Complexo de Golgi desenvolvidos, e o núcleo com 
 
 
192 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
aspecto de roda de carroça. Secretam ativamente anticorpos específicos na 
resposta imune específica. 
 
 
FIGURA 150 - LINFÓCITO B 
 
 
FONTE: Eye Of Science/Science Photo Library. 2012 
 
 
24.2.2 Linfócitos T 
 
 
Os linfócitos T são células que têm diversas funções no organismo e todas 
são de extrema importância para o sistema imune. O nome linfócito T é devido ao 
fato destas células se maturarem no Timo, sendo, então, o T de Timos-dependentes. 
Funcionalmente os linfócitos são separados em Linfócito T Auxiliar, Linfócito T 
Citotóxico, Linfócito T Supressor e Linfócito T de Memória. Cada um deles possui 
receptores característicos, que são identificáveis por técnicas imunológicas e que 
têm funções específicas. Entretanto, todas as células T possuem os receptores TCR 
(do inglês T-Cell-Receptor) e o CD3 (do inglês Cluster os Differentiation – 3). 
O linfócito T Auxiliar possui receptor CD4 na superfície, que tem a função de 
reconhecer macrófagos ativados. É o principal alvo do vírus HIV. Esta célula é o 
mensageiro mais importante do sistema imune. Ele envia mensagens de ataque 
para diversos leucócitos para realizar a guerra imunológica contra o agente 
 
 
193 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
agressor. O linfócito T auxiliar é a célula que interage com os macrófagos, 
reconhecendo o epítopo que lhe é apresentado. A interleucina-1 estimula a 
expansão clonal de linfócitos T Auxiliares monoclonais. 
 
 
FIGURA 151 - LINFÓCITO T CITOTÓXICO DESTRUINDO UMA CÉLULA 
TUMORAL 
 
 
 
FONTE: ASM Microbelibrary©. Disponível em: <http://www.microbelibrary.org>. 
Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
Eles vão secretar diversas interleucinas, sendo, portanto, dividido em 
Linfócitos T Auxiliar (Helper) 1 e Linfócito T Auxiliar (Helper) 2. Esses subtipos de LT 
Helper secretam interleucinas distintas, cada uma com uma função específica. 
Algumas funções principais dos linfócitos T-Helper: 
* Estimulação do crescimento e proliferação de linfócito T Citotóxicos e 
Supressores contra o antígeno; 
* Estimulação do crescimento e diferenciação dos Linfócitos B em 
plasmócitos para produzir anticorpos contra o antígeno; 
* Ativação dos macrófagos; 
 
 
194 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
* Autoestimulação (um linfócito T-Helper pode estimular o crescimento da 
população de linfócito T-Helpers). 
Linfócitos T Supressores são linfócitos que têm a função de modular a 
resposta imune por meio da inibição da mesma. Ainda não se conhece muito a 
respeito desta célula, mas sabe-se que ele age por intermédio da inativação dos 
linfócitos T Citotóxicos e Helpers, limitando a ação deles no organismo em uma 
reação imune. Sabe-se que o linfócito T-Helper ativa o linfócito T Supressor que vai 
controlar a atividade destes linfócitos Helpers, impedindo que eles exerçam suas 
atividades excessivamente. 
Os linfócitos T Supressores também participam da chamada tolerância 
imunológica, que é o mecanismo por qual o sistema imune usa para impedir que os 
leucócitos ataquem as próprias células do organismo. Portanto, se houver 
deficiência na produção ou ativação dos linfócitos T supressores, poderá haver um 
ataque autoimune ao organismo. 
O linfócito T Citotóxico apresenta receptores TCR. Especializado para o 
reconhecimento de antígenos na superfície de outras células. Produz proteínas que 
matam células estranhas, células infectadas por vírus e algumas células cancerosas. 
O linfócito T de memória apresenta receptores TCR e é uma célula preparada para 
responder mais rapidamente e com maior intensidade, diante de nova exposição ao 
mesmo antígeno. 
 
 
24.2.3 Células Naturais Killer (NK) 
 
 
Os linfócitos NK (Natural Killer) são células matadoras naturais ou 
assassinas e fazem parte de 10-15% dos linfócitos do sangue. Elas lisam (destroem) 
a células tumorais (estranhas) ou infectadas por vírus sem que estas expressem 
algum antígeno ativador da resposta imune específica. Este tipo de resposta é 
chamado de resposta imune inespecífica, pois não há reconhecimento de epítopos e 
nem formação de células monoclonais específicas ou qualquer memória imunológica 
(que é sempre específica). 
 
 
195 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Estas células costumam expressar receptores CD de superfície, não 
existindo nenhum marcador específico para os NK. O marcador mais encontrado e 
usado atualmente para detectá-los é o CD16 ou o CD56. As células NK também 
lisam células cobertas por IgG. Essa função é denominada de citotoxidade celular 
dependente de anticorpo. 
 
 
FIGURA 152 - CÉLULA NATURAL KILLER ATACANDO UMA CÉLULA TUMORAL 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.paginadigital.com.ar/>. Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
24.2.4 Macrófagos 
 
 
Os macrófagos são células de altíssimo poder fagocitário. O Interferon 
Gama, substância produzida por linfócitos T-Helper estimula a fusão dos lisossomos 
com o fagossomo para que haja a digestão intracelular. Estes fagócitos possuem 
diversas enzimas hidrolíticas em seus lisossomos. Não possuem a mieloperoxidase, 
mas matam bactérias por liberação de radicais derivados do oxigênio, como o 
superóxido, radical hidroxila e o peróxido de hidrogênio (H2O2). Estes vão oxidar a 
membrana da célula da bactéria e formar pontes dissulfeto entre os aminoácidos 
cisteína de diversas proteínas estruturais da bactéria, o que leva à morte da mesma. 
Possui funções de extrema importância para o sistema imune: 
 
 
 
 
196 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
* Apresentador de antígenos: os macrófagos são células que vão fagocitar a 
antígeno e digeri-lo no fagolisossoma. Porém, os seus epítopos são levados até a 
superfície da célula e apresentado ao linfócito T ou ao linfócito B, que 
resumidamente irá estimular todo o sistema imune do organismoe “convocar” as 
células para o ataque. 
* Limpador: os macrófagos são células que chegam para fazer a limpeza de 
um tecido que necrosou ou que inflamou. Eles fagocitam restos celulares, células 
mortas, proteínas estranhas, calo ósseo que se formou numa fratura, tecido de 
cicatrização exuberante etc. Após esta limpeza, os fibroblastos ativos (no caso de 
uma necrose) vão ao local e preenchem o espaço com colágeno. 
* Produtor de interleucinas: o macrófago é o principal produtor da 
Interleucina I (IL-1). Ele produz a IL-1 quando fagocita organismos invasores 
(micróbios), que dá o alarme para o sistema imune. Esta citocina estimula linfócitos 
T-Helper até o local da infecção, onde serão apresentados aos epítopos nos 
macrófagos. Além disso, a IL-1 estimula a expansão clonal dos linfócitos T-Helper e 
dos linfócitos B específicos contra os epítopos (são moléculas específicas dos 
antígenos que é capaz de criar uma população de células específica para combatê-
lo). 
A IL-1 é responsável pela febre nas infecções e inflamações que ocorrem no 
corpo. Ela vai ao hipotálamo e estimula a produção de prostaglandinas, que ativam o 
sistema de elevação da temperatura. A IL-1 também aumenta a produção de 
prostaglandinas pelos leucócitos, que vai contribuir para a inflamação e dor. Além 
disso, a IL-1 estimula a síntese de proteínas de adesão leucocitária nos endotélios e 
facilita a adesão dos leucócitos para realizar a diapedese. 
Os macrófagos são responsáveis pelo sistema monocítico fagocitário (SMF), 
pois vem da maturação dos monócitos que chegam pelo sangue. Existem células 
que são morfologicamente diferentes dos macrófagos, mas tem a mesma função, e 
provém dos monócitos da mesma forma, sendo parte do SMF. São eles: Monócito 
sanguíneo (circulante no sangue); Micróglia (SNC); Células de Kuppfer (fígado); 
Macrófagos alveolares (pulmão); Células dendríticas (região subcortical dos 
linfonodos); Macrófagos sinusais do baço (polpa vermelha do baço); Macrófagos das 
serosas (peritônio, pericárdio e pleura); Células de Langerhans (pele). 
 
 
 
197 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
FIGURA 153 - QUATRO MACRÓFAGOS E 
MACRÓFAGO FAGOCITANDO BACTÉRIAS 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.aids-info.ch>. Acesso em: 10 fev. 2010. 
 
 
24.2.5 Mastócitos 
 
 
A principal função dos mastócitos é armazenar potentes mediadores 
químicos da inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico dos 
eosinófilos), SRS-A, serotonina e fatores quimiotáxicos dos neutrófilos. Esta célula 
não tem significado no sangue, sendo uma célula própria do tecido conjuntivo. Ela 
participa de reações alérgicas (de hipersensibilidade), na qual chama os leucócitos 
até o local e cria uma vasodilatação. É a principal célula responsável pelo choque 
anafilático. O processo de ativação da degranulação (exocitose) se baseia na 
sensibilização destas células (mastócitos). Esta sensibilização ocorre da seguinte 
forma: o primeiro contato com o alérgeno (substância irritante que causa a alergia) 
estimula a produção de IgE específicas que se unem aos receptores de superfície 
dos mastócitos, pois estes são rico em receptores de IgE. No segundo, contanto, as 
IgE ligadas ao mastócito se ligam ao alérgeno e desencadeia a liberação de todos 
os mediadores inflamatórios. 
 
 
198 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Com isso a histamina causa uma vasodilatação, a heparina é 
anticoagulante, o ECF-A chama os eosinófilos e a fator quimiotáxico dos neutrófilos 
chama os neutrófilos ao local. O SRS-A (slow reacting substance of anaphylaxis) 
tem como efeito produzir contração lenta da musculatura lisa. Esta contração da 
musculatura lisa é importante quando essa reação anafilática ocorre no pulmão e 
leva a uma broncoconstricção (asma alérgica). 
 
 
FIGURA 154 – MASTÓCITO 
 
 
FONTE: Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. 2012 
 
 
24.3 PRINCIPAIS MOLÉCULAS DO SISTEMA IMUNE (RESPOSTA HUMORAL) 
 
 
As moléculas envolvidas no desenvolvimento da resposta imune 
compreendem os anticorpos e as citosinas, produzidas pelos linfócitos, e uma ampla 
variedade de outras moléculas conhecidas como proteínas de fase aguda, porque as 
suas concentrações séricas elevam-se rapidamente durante a infecção. As 
moléculas que promovem a fagocitose são conhecidas como opsoninas. 
O sistema complementar (complemento) é um conjunto de 
aproximadamente 20 proteínas séricas, cuja principal função é o controle do 
processo inflamatório. As proteínas deste sistema promovem a fagocitose, controlam 
 
 
199 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
a inflamação e interagem com os anticorpos na defesa imune. As citosinas são 
moléculas diversas que fornecem sinais para os linfócitos, fagócitos e outras células 
do organismo. 
Todas as citosinas são proteínas ou peptídeos, algumas contendo 
glicoproteínas. Os principais grupos de citosinas são: Interferons (IFNs, que limitam 
a propagação de certas infecções virais), Interleucinas (Ils, a maioria delas está 
envolvida na indução de divisão e diferenciação de outras células), Fatores 
estimuladores de colônias (CSFs, divisão e diferenciação das células-tronco na 
medula óssea e dos precursores dos leucócitos sanguíneos), Quimiocinas (direciona 
a movimentação das células pelo organismo) e outras citosinas (são particularmente 
importantes nas reações inflamatórias e citotóxicas). 
 
 
24.3.1 Anticorpos 
 
 
Sem dúvida alguma os anticorpos são as moléculas mais importantes de 
todo o sistema imune. Além disso, as pesquisas científicas possibilitaram o 
desenvolvimento em laboratório de anticorpos específicos contra inúmeras doenças, 
o que possibilitou a utilização destes em ensaios laboratoriais para diagnóstico 
dessas patologias. Todos os ensaios laboratoriais para detecção específica de 
doenças, os chamados marcadores, nada mais são que anticorpos produzidos pelo 
organismo do paciente e estes serão detectados ou não no soro do paciente. O 
inverso também é realizado em alguns testes, ou seja, utilizamos como reagentes 
anticorpos específicos contra uma determinada doença e ao reagir com o soro do 
paciente pode-se detectar a presença ou não do antígeno no soro do paciente. 
Os anticorpos são um grupo de proteínas séricas produzidas pelos linfócitos 
B. Eles são a forma solúvel do receptor de antígenos. Os anticorpos ligam-se 
especificamente aos antígenos e assim promovem efeitos secundários. Enquanto 
uma parte da molécula do anticorpo se liga ao antígeno, outras regiões interagem 
com outros elementos do sistema imune, como os fagócitos ou com uma das 
moléculas do complemento. 
 
 
200 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Antígenos são quaisquer moléculas que possam ser reconhecidas pelo 
sistema imune adaptativo. O reconhecimento do antígeno é a base principal de 
todas as respostas imunes adaptativas. O ponto essencial a ser considerado com 
relação ao antígeno é que a estrutura é a força iniciadora e condutora de todas as 
respostas imunes. O sistema imune evoluiu com a finalidade de reconhecer os 
antígenos e destruir e eliminar a sua fonte. Quando o antígeno é eliminado, o 
sistema imune é desligado. 
O princípio da vacinação está baseado em dois elementos fundamentais da 
resposta imune adaptativa: memória e especificidade. O objetivo no 
desenvolvimento da vacina é alterar o patógeno ou as suas toxinas de tal modo que 
eles se tornem inócuos, sem perderem a antigenicidade. 
 
FIGURA 155 - ESTRUTURA QUATERNÁRIA 
DE UMA IMUNOGLOBULINA G 
FIGURA 156 - ESQUEMA DE UMA 
IMUNOGLOBULINA G 
 
 
FONTE: Genetics Home Reference. Disponível em: 
<http://ghr.nlm.nih.gov>. Acesso em: 25 fev. 2010. 
FONTE: Disponível em: 
<www.bmb.leeds.ac.uk>. 
Acesso em: 25 fev. 2010. 
 
 
 
201 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
A Resposta Imune Humoral (RIH) é mediada por anticorpos, que são 
proteínas gamaglobulinas sintetizadas por plasmócitos (linfócitos B diferenciados e 
capazes de secretar anticorpos ativamente).Os anticorpos são produzidos com a 
função principal de neutralizar e eliminar o antígeno que estimulou a sua produção. 
Esse processo de eliminação é feito de diversas formas e, na maioria das vezes, a 
produção do anticorpo é mantida por longos períodos, sendo responsável pela 
chamada imunidade. 
Anticorpos também podem ser chamados de gamaglobulinas ou 
imunoglobulinas (Ig). Existem basicamente cinco classes de imunoglobulinas que 
variam na forma e atividade, porém mais de uma classe é produzida durante o 
processo de infecção, ou seja, duas classes de imunoglobulinas podem ser 
produzidas contra um mesmo antígeno. As classes de imunoglobulinas são A, M, G, 
D e E, sendo chamadas Imunoglobulina A (IgA), Imunoglobulina M (IgM), etc. 
Todo o desenvolvimento das atuais técnicas imunológicas aqui descritas só 
foi possível com o desenvolvimento da técnica de obtenção de anticorpos 
monoclonais, uma vez que os anticorpos utilizados em ensaios laboratoriais para 
detecção de marcadores devem ser específicos para a patologia que se está 
pesquisando. Os anticorpos são a chave para o diagnóstico e terapêutica de muitas 
patologias responsáveis por epidemias e por doenças como o cancro. A 
biotecnologia é um meio de obter e produzir esses anticorpos. 
A ligação de antígenos aos receptores membranares dos linfócitos que os 
reconhecem, estimula a sua divisão, originando clones - seleção clonal. Os 
anticorpos podem ser utilizados para reconhecer moléculas específicas com grande 
precisão e podem ser produzidos em laboratório por meio da injeção de antígenos 
em animais. Após a resposta imunitária efetuada pelos animais em contato com o 
agente infeccioso, recolhem-se os anticorpos do seu plasma sanguíneo. 
Este processo tem como vantagem a obtenção de uma elevada quantidade 
de anticorpos. Contudo, nos animais e nos seres humanos, a resposta imunitária é, 
na maior parte das vezes, policlonal, isto é, desenvolvem-se diferentes populações 
de linfócitos B perante o mesmo agente patogênico. Este tipo de resposta torna-se 
menos eficiente porque não é canalizado o esforço para a produção do anticorpo 
mais apropriado, produzido por um único clone de linfócitos B - monoclonal. 
 
 
202 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Na produção deste tipo de anticorpos, um animal é injetado com um 
antígeno e, passado algum tempo, é morto. Os linfócitos B são extraídos do baço do 
animal, incubados in vitro e é feita a fusão com células de mieloma (um tipo de 
célula tumoral), com o intuito de obter anticorpos monoclonais. 
 
 
FIGURA 157 - PROCEDIMENTO LABORATORIAL PARA A PRODUÇÃO DE 
ANTICORPOS MONOCLONAIS 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
Após a obtenção dos anticorpos monoclonais estes são utilizados nos 
ensaios laboratoriais de diversas formas, que variam principalmente nas etapas do 
processo e na forma de visualização da reação. Basicamente as reações 
imunológicas para detecção de anticorpos ou antígenos utilizando anticorpos 
monoclonais são realizadas observando a alteração na coloração do meio de 
reação, que ocorre devido a agentes adicionados para tal. 
A coloração desenvolvida é medida por espectroscopia, porém a utilização 
de radiação, turvação, aglutinação, etc. Estas são outras formas de se detectar as 
reações antígeno-anticorpo. A técnica atualmente mais utilizada para detecção de 
 
 
203 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
marcadores de infecções é o ELISA (do inglês Enzyme Linked Immunosorbent 
Assay) e suas variações. De maneira geral a técnica é realizada de duas maneiras: 
pesquisa de antígenos e anticorpos. 
 
 
FIGURA 158 - PLACA DE ELISA 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.virology-online.com>. Acesso em: 27 fev. 2010. 
 
 
A pesquisa de anticorpos utiliza placas com antígenos adsorvidos nas 
paredes dos poços de reação e, ao se pipetar o soro do paciente, caso este 
apresente anticorpos antiantígeno adsorvido na placa, estes ficarão fixos. Em 
seguida são realizadas várias lavagens para retirada de todo o material que não foi 
ligado ao antígeno. Uma nova etapa é a adição de anticorpos antirregião Fc de 
anticorpos. Este reagente é ligado a uma enzima em sua porção Fc e se liga na 
porção Fc do anticorpo do paciente ligado ao antígeno da placa. 
Realizam-se novas lavagens e no último processo é adicionado o substrato 
daquela enzima ligada na porção Fc e esta irá reagir com o substrato, alterando a 
cor do meio, que será analisada por espectroscopia. 
 
 
 
 
 
 
204 
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FIGURA 159 - ESQUEMA DO TESTE ELISA PARA PESQUISA DE ANTICORPOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
Na pesquisa de antígenos utiliza-se em cada poço da placa de reação 
anticorpos adsorvidos na parede contra o antígeno a ser pesquisado e em seguida 
segue-se por duas maneiras diferentes (sanduíche ou competição) no ELISA por 
sanduíche, ocorre a adição do soro do paciente contendo o antígeno, em seguida 
acrescenta-se um reagente contendo anticorpo monoclonal antiantígeno. Lavam-se 
as placas. No próximo passo é adicionado um reagente contendo anticorpos 
antirregião Fc de anticorpos e a partir daí a técnica segue como na pesquisa de 
anticorpos. 
No ELISA por competição existem também anticorpos adsorvidos na parede 
do poço contra o antígeno a ser pesquisado, porém, juntamente com a amostra de 
soro do paciente é adicionado um reagente contendo agora o mesmo antígeno a ser 
 
 
205 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
pesquisado, marcado com a mesma enzima. Haverá uma competição para ligar-se 
aos anticorpos adsorvidos na parede do poço, quanto mais antígeno estiver 
presente no soro do paciente, menos antígeno do reagente irá se ligar. Percebe-se 
que neste caso a reação é inversa, ou seja, quanto mais colorido for o meio, menos 
antígeno estava presente no soro do paciente. 
 
 
FIGURA 160 - ESQUEMA DO TESTE ELISA PARA PESQUISA DE ANTÍGENOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
Vale lembrar que na pesquisa de anticorpos pode-se pesquisar diferentes 
classes de anticorpos presentes no soro do paciente e, para tal, deve-se utilizar 
reagente contendo anticorpos antirregião Fc para cada classe de imunoglobulina e, 
desta forma, pode-se pesquisar especificamente a classe e contra qual antígeno o 
anticorpo presente no soro do paciente está direcionado. 
 
 
 
 
 
 
206 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
FIGURA 161 - LEITOR DE PLACAS DE ELISA 
 
FONTE: < http://www.passoscientifica.com/page7.php> Acesso: 10 mar. 2010. 
 
 
24.3.2 Sistema Complemento 
 
 
O sistema complemento (SC) é o principal mediador humoral do processo 
inflamatório junto aos anticorpos. Está constituído por um conjunto de 20-30 
proteínas, tanto solúveis no plasma como expressas na membrana celular, e é 
ativado por diversos mecanismos por duas vias, a clássica e a alternativa. O SC 
compreende apenas 2% das imunodeficiências primárias ou genéticas que é de 
cerca de 1:10.000 crianças, excluindo-se a deficiência seletiva assintomática de IgA. 
A deficiência de uma ou mais proteínas da cascata do SC, contudo, poderá 
ser responsável pela suscetibilidade aumentada a várias doenças. As deficiências 
podem ser genéticas, quando poderão faltar componentes de ativação, de regulação 
ou mesmo de receptores ou adquiridas. As proteínas do SC são sintetizadas 
principalmente nos hepatócitos e macrófagos/monócitos, além de outros tecidos. As 
proteínas reguladoras ligadas à membrana celular são sintetizadas nas células 
sobre as quais estão expressas. 
http://www.passoscientifica.com/page7.php
 
 
207 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
O SC constitui-se num dos principais efetores da imunidade humoral, assim 
como da inflamação. O SC participa dos seguintes processos biológicos: fagocitose, 
opsonização, quimiotaxia de leucócitos, liberação de histamina dos mastócitos e 
basófilos e de espécies ativas de oxigênio pelos leucócitos, vasoconstrição, 
contração da musculatura lisa, aumentoda permeabilidade dos vasos, agregação 
plaquetária e citólise. O SC é uma cascata proteica com função importante na 
defesa humoral inespecífica. Para um funcionamento normal do mesmo, todos os 
componentes da cascata devem estar presentes em níveis plasmáticos normais e 
com uma função fisiológica adequada. 
A ativação do SC ocorre por duas vias, o que permite a resposta eficiente a 
diversos processos agressores. O dano provocado no tecido autólogo é controlado 
por mecanismos de regulação competentes. Os componentes da via clássica, assim 
como da via terminal, são designados com o símbolo “C” seguidos com o número 
correspondente (C1, C3, etc.). Já os componentes da via alternativa, exceto C3, são 
designados com nomes convencionais ou símbolos diferentes (exemplo: fator D, 
fator B, properdina). 
A designação dos componentes ativados é feita por uma barra colocada 
sobre o símbolo da proteína ou do complexo proteico correspondente (exemplo: C1-
C4b2a, fator B, etc.). Os produtos da clivagem enzimática são designados por letras 
minúsculas que seguem o símbolo de determinado componente (exemplo: C5a, 
C5b). Quando o componente ou fragmento é inativado, é adicionada a letra "i" 
(exemplo: C3bi, Bbi). 
As deficiências de proteínas do SC são incomuns, mas não raras. Por 
exemplo, a frequência da deficiência heterozigótica de C2 é de cerca de 1:100 
nascidos-vivos, enquanto que da homozigótica é de cerca de 1:10.000. A deficiência 
dos componentes iniciais da via clássica pode estar associada com saúde normal, 
doenças dos colágenos ou infecções. As deficiências de C3 ou de proteínas 
reguladoras de C3, frequentemente, levam a infecções severas. 
As deficiências de componentes da via alternativa ou da via efetora comum 
podem acarretar infecções, particularmente por Neisseria spp. A deficiência de 
inibidor de C1 causa angioedema. As deficiências congênitas (primárias) ou 
adquiridas (secundárias) de proteínas de ativação da cascata do SC predispõem as 
doenças autoimunes ou infecciosas específicas, em sua maioria por bactérias 
 
 
208 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
piogênicas de agressividade considerável, como, por exemplo, o meningococo. As 
deficiências de proteínas de regulação estão implicadas também em doenças do tipo 
autoimunes, como é o caso do angioedema e da hemoglobinúria paroxística 
noturna. 
 
 
FIGURA 162 - NOÇÃO GERAL DO SISTEMA COMPLEMENTO 
 
 
Fonte: ITURRY-YAMAMOTO, G. R.; PORTINHO, C. P. 2012 
 
 
24.3.3 Citocinas 
 
 
24.3.3.1 Interferons (IFN) 
 
 
Os interferons são proteínas sintetizadas por células em resposta a 
estímulos específicos. É a primeira linha de defesa contra infecções virais. Trata-se 
de uma reação não específica do Sistema Imune e é induzido no primeiro estágio 
das infecções virais antes da resposta imune específica ser estimulada. A ação dos 
 
 
209 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Interferons na superfície das células-alvo induz a transcrição de aproximadamente 
20-30 genes que irão conduzir uma série de ações antivirais. Os interferons induzem 
um estado de resistência antiviral em células teciduais não infectadas. 
O vírus, ao replicar-se, vai ativar o gene codificante do interferon. Após a 
síntese proteica, a proteína sai da célula e entra na corrente sanguínea, até chegar 
às células vizinhas que ainda não foram atacadas. A proteína liga-se à membrana 
celular dessas células e ativa o gene codificante de proteínas antivirais. Estas 
proteínas virais, por sua vez, vão impedir a replicação do vírus, quando este tentar 
replicar-se nessas células. Os IFN são produzidos na fase inicial da infecção e 
constituem a primeira linha de resistência a muitas viroses. Existem três tipos de 
Interferons: 
* Interferons Alfa (IFNa) é produzido por leucócitos e outras células infectadas 
por vírus. O Interferon Alpha, sintético, é usado para o combate de muitas doenças 
virais, como Hepatite C e HIV, porém tem alta toxicidade. A malignidade dessas 
doenças faz com que os efeitos colaterais sejam suportados. 
* Interferon Beta (IFNb) é produzido por fibroblastos e células epiteliais 
infectados por vírus. 
* Interferon Gama (IFNg) é produzido por alguns linfócitos T ativados e 
Células NK em resposta a um determinado antígeno (incluindo antígenos virais) ou 
por mitoses de linfócitos. 
 
 
FIGURA 163 - PRODUÇÃO DE INTERFERONS DURANTE 
INFECÇÃO VIRAL AGUDA 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
210 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
24.3.3.2 Interleucinas (IL) 
 
 
As interleucinas compõem um grande grupo de citocinas denominadas por 
IL-1 a IL-15, produzidas principalmente por células T, embora algumas sejam 
sintetizadas também por macrófagos e células teciduais. As interleucinas possuem 
uma variedade de funções, mas a maioria delas está envolvida na indução da 
divisão de outras células. 
Cada interleucina atua sobre um grupo limitado e específico de células que 
expressam receptores adequados para cada interleucina. É importante destacar que 
a hematopoiese é regulada por mais de uma interleucina. As IL-1 e IL-6 estão 
envolvidas na ativação do ciclo celular das células-tronco em repouso (ou 
autorrenováveis). A IL-3 está envolvida no crescimento dos precursores das 
linhagens hemopoiéticas da mesma forma que o fator estimulador de colônias de 
granulócitos/macrófagos (GM – CSF). 
Na medida em que as células se diferenciam, citocinas específicas de 
linhagens apresentam atividades importantes; a eritropoetina para os eritrócitos, o 
fator estimulador de colônias de macrófagos (M – CSF) para os macrófagos, o fator 
estimulador de colônias de granulócitos (G – CSF) para os granulócitos, entre 
outros. 
 
 
211 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
TABELA 4 - TABELA DE INTERLEUCINAS 
 
 
FONTE: NAOUM, Paulo C.: Avanços tecnológicos em hematologia laboratorial. 2012 
 
 
212 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
24.3.3.3 Fatores Estimuladores de Colônia (CSF) 
 
 
Os fatores estimuladores de colônias (CSF) estão diretamente relacionados 
na divisão e diferenciação das células-tronco na medula óssea, bem como dos 
precursores dos leucócitos sanguíneos. A quantidade de diferentes CSF é 
parcialmente responsável pelas proporções dos diferentes tipos celulares que serão 
produzidos. Alguns CSF também promovem a diferenciação extramedular de 
células. 
Finalmente outras citocinas além das acima citadas, como são os casos do 
fator de necrose tumoral - TNFa e TNFb e do fator de transformação de crescimento 
(TGF b) que, embora possuem várias funções, são particularmente importantes nas 
reações inflamatórias e citotóxicas. Nesse contexto específico das citocinas, o futuro 
da análise laboratorial certamente deverá estar direcionado à monitoração 
quantitativa e na determinação qualitativa das diferentes interleucinas, bem como 
nas respostas às reações fisiopatológicas causadas por processos inflamatórios e 
citotóxicos. 
 
 
FIGURA 164 - AÇÕES DAS DIVERSAS CITOCINAS NA DIFERENCIAÇÃO E 
MATURAÇÃO CELULAR 
 
FONTE: Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. 2012 
 
 
213 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
25 ENSAIOS IMUNOLÓGICOS 
 
 
Os ensaios imunológicos nada mais são que a detecção e quantificação de 
determinados agentes patológicos (antígenos) ou anticorpos presentes no soro do 
paciente. De maneira geral os antígenos podem ser vírus, bactérias, parasitas ou 
proteínas dos mesmos. Os anticorpos podem ser contra agentes estranhos ou 
mesmo estruturas celulares normais, em que a presença de anticorpos indica 
doença autoimune. 
Os ensaios imuno-hematológicos utilizam anticorpos monoclonais ou 
policlonais e hemácias. Desta forma a determinação do Grupo Sanguíneo, os Testes 
de Coombs Direto e Indireto são ensaios imuno-hematológicos. A seguir serão 
discutidos os ensaios imunológicos de maior frequência em laboratórios de análises 
clínicas e em seguida uma visão geral dos avanços na área. 
 
 
25.1 FATOR REUMATOIDEO termo fator reumatoide (FR) engloba um grupo de autoanticorpos das 
classes IgG, IgM e IgA que têm em comum a capacidade de reagir com diferentes 
epítopos da porção Fc da molécula da imunoglobulina G humana. O FR IgM pode 
servir como marcador precoce na Artrite Reumatoide (AR), apoiando-se em dados 
que demonstram que o risco de desenvolvimento da doença aumenta de forma 
proporcional ao aumento da concentração de FR em indivíduos normais. 
Os pacientes com artrite que cursam com FR positivo, principalmente 
quando em concentrações elevadas, correm maiores riscos de apresentar 
complicações clínicas e uma menor resposta à terapia. O Fator Reumatoide está 
presente em cerca de 50-90% dos casos de AR clássicos, alguns meses após o 
início da doença. O FR está aumentado também em 15 a 35% dos casos de lúpus 
eritematoso sistêmico (LES). 
 
 
214 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Sabe-se hoje que o FR não é produzido apenas sob condições patológicas, 
e uma pequena parcela da população normal, especialmente os idosos, pode 
apresentar positividade para FR. Esses percentuais de incidência, tanto nas 
patologias como nos pacientes normais, assim como a ocorrência de falsos 
positivos, variam de acordo com a sensibilidade e a especificidade do método 
utilizado. 
Os ensaios tradicionais para investigação do FR empregavam partículas de 
látex revestidas por imunoglobulina G humana (Prova do Látex) ou, na 
Hemaglutinação Indireta, hemácias de carneiro, revestidas por imunoglobulina de 
coelho (Reação de Waller-Rose). A prova do látex era considerada mais sensível e a 
reação de Waller-Rose mais específica. Realizadas em conjunto, fornecem dados 
complementares. 
Atualmente, o método de referência para a pesquisa do FR é a nefelometria, 
que fornece um resultado numérico em UI/mL, em vez dos resultados em títulos, 
resultantes de diluições fornecidas pelo método anterior (látex), o que permite um 
melhor acompanhamento dos pacientes. Com a nefelometria podem ser 
identificadas as três classes de autoanticorpos, ou seja, o FR das classes IgG, IgM e 
IgA. 
A identificação e a quantificação da classe do FR que se encontra elevada 
podem ser realizadas pelo método de ensaio imunoenzimático. A utilidade clínica 
dessa individualização e quantificação tem sido cada vez mais explorada. Por 
exemplo, a presença de FR IgA nas manifestações extra-articulares da AR com 
ausência de FR IgM ou IgG; a predominância na AR de FR IgM, sendo que o FR IgG 
e IgA estão geralmente presentes, mas em baixa frequência e quantidade. É 
incomum a detecção concomitante do FR das três classes em outra patologia que 
não a artrite reumatoide. 
 
 
 
215 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
25.2 VDRL (LUES) 
 
 
A prova do VDRL (Veneral Disease Research Laboratories Test) é um dos 
testes não treponêmicos utilizados rotineiramente no teste de triagem no 
imunodiagnóstico da sífilis. Devido ao baixo custo e praticidade quanto à sua 
realização, vem sendo usado em larga escala na maioria dos laboratórios de 
unidades de atenção primária de saúde. Apresenta uma técnica rápida de 
microfloculação, na qual utiliza antígenos extraídos de tecidos como a cardiolipina, 
um lípide derivado do coração de bovinos. 
A cardiolipina, quando combinada com lecitina e colesterol, forma 
sorologicamente um antígeno ativo, capaz de detectar anticorpos humorais 
presentes no soro durante a infecção sifilítica, uma a quatro semanas após o 
aparecimento do cancro primário. As dosagens quantitativas do VDRL, expressas 
em títulos, em geral se elevam até o estágio secundário. A partir do primeiro ano da 
doença, os títulos tendem a diminuir podendo a reatividade desaparecer mesmo 
sem tratamento. 
Com a infecção corretamente tratada, o VDRL tende a se negativar entre 9-
12 meses, embora a reatividade em baixos títulos (< 1:8) possa perdurar por vários 
anos ou até por toda a vida. Os anticorpos estão presentes nas primeiras semanas 
da doença e, quando em títulos iguais ou maiores de 1/16, sugerem fortemente 
casos de sífilis; títulos inferiores, geralmente até 1/8, são encontrados em diferentes 
patologias, especialmente no lúpus eritematoso sistêmico e como títulos residuais 
(cicatriz sorológica) de sífilis anteriormente tratada. 
A pesquisa de anticorpos treponêmicos, que são específicos contra o 
Treponema pallidum, é indicada como testes confirmatórios e pode ser realizada 
pela imunofluorescência indireta (FTA-ABS) e pela hemaglutinação passiva (TPHA). 
 
 
 
 
 
 
 
216 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
FIGURA 165 - TREPONEMA PALLIDUM VISTO EM MICROSCOPIA DE CAMPO 
ESCURO 
 
 
 
FONTE: < http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Treponema_pallidum_cropped.png>. 
Acesso em: 26 mar. 2010 
 
 
O FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption) é o mais 
sensível e específico para Sífilis e auxilia no diagnóstico de diferentes estágios da 
doença. Permite a pesquisa de anticorpos IgG e IgM, fundamental na investigação 
diagnóstica da sífilis congênita, assim como na avaliação do estágio da doença. 
Quando positivos, permanecem por toda a vida como cicatriz sorológica. Quando 
negativos, afastam o diagnóstico de sífilis. 
Apesar de sua alta especificidade, existem relatos de reações falso-positivas 
em 2% da população normal em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, durante 
a gravidez, na lepra, mononucleose, leptospirose, artrite reumatoide, cirrose biliar 
primária e doenças associadas à produção de globulinas anormais. A reação de 
hemaglutinação passiva (TPHA) é, também, considerada teste confirmatório. 
Resultados falso-positivos são relatados em diferentes patologias. Sua 
sensibilidade é similar à do FTA-ABS, com exceção da investigação da fase 
primária, quando é menos sensível. Assim como no FTA-ABS, se positivos, os 
anticorpos permanecem por toda a vida como cicatriz sorológica. O diagnóstico da 
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Treponema_pallidum_cropped.png
 
 
217 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
sífilis congênita baseia-se na presença de anticorpos IgM, sendo o método de 
escolha a pesquisa do FTA-ABS IgM. Entretanto, um resultado negativo não afasta a 
possibilidade de infecção, já que a positividade só acontece em cerca de 80% dos 
casos. A persistência de reações sorológicas positivas, treponêmicas e não 
treponêmicas, por mais de seis meses após o nascimento é altamente indicativa de 
sífilis congênita. 
 
 
25.3 ASLO (ANTIESTREPTOLISINA “O”) 
 
 
Os Streptococcus beta-hemolíticos do grupo A causam infecções clínicas 
especialmente de orofaringe e pele, endocardites e quadros não supurativos, como 
febre reumática e glomerulonefrite aguda. A estreptolisina O é uma das toxinas 
extracelulares liberadas pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A. Ela é capaz 
de induzir a síntese de anticorpos específicos, os anticorpos antiestreptolisina O 
(ASLO), em cerca de 80% das infecções. 
O uso de antibióticos, corticoides e drogas imunossupressoras podem inibir 
a produção de ASLO. Os anticorpos elevam-se na primeira semana, atingindo 
valores máximos em duas a quatro semanas após a infecção estreptocócica e 
retornando aos valores normais após seis a 12 meses. A manutenção de títulos de 
elevados ou a sua elevação em amostras seguidas são indicativas de infecção 
aguda, reinfecção ou lesões pós-estreptocócicas. 
Apesar de níveis circulantes de ASLO serem encontrados na maioria dos 
pacientes com febre reumática e glomerulonefrite pós-estreptocócica, sua maior 
indicação é no seguimento de pacientes com febre reumática, já que nesses casos 
os títulos se correlacionam melhor com a atividade da doença. Cerca de 80 a 85% 
dos casos de febre reumática cursam com altos títulos. 
 
 
 
 
 
 
 
218 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
FIGURA 166 - STREPTOCOCCUS VISUALIZADOS EM MICROSCOPIA 
ELETRÔNICA 
 
 
 
FONTE: < http://microbewiki.kenyon.edu/> Acesso em: 26 mar. 2010 
 
 
FIGURA 167- STREPTOCOCCUS VISUALIZADOS EM MICROSCOPIA ÓPTICA 
 
 
 
FONTE: <http://www.textbookofbacteriology.net/normalflora.html> Acesso em: 26 mar. 2010 
 
http://microbewiki.kenyon.edu/
http://www.textbookofbacteriology.net/normalflora.html
 
 
219 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
25.4 BRUCELOSE 
 
 
A brucelose é uma zoonose e a forma humana é causada por uma das 
quatro espécies: Brucella melitensis, a causa mais comum em todo o mundo, 
adquirida pelo contato com cabras, carneiros e camelos; Brucella abortus, adquirida 
por contato com bois; Brucella suis, com porcos; e Brucella canis, com cães. O 
contágio se dá pelo contato com a pele ou por ingestão de secreções contaminadas 
por esses animais. Tais bactérias mantêm-se viáveis em solo seco por cerca de 40 
dias e no caso de solo úmido, esse prazo é ainda maior. São destruídas pela 
pasteurização e fervura, mas resistem ao congelamento. 
A contaminação relacionada à ocupação profissional, como é o caso de 
fazendeiros, veterinários, processadores de carne, são a fonte mais frequente. Na 
população em geral, a fonte mais comum de contaminação é a ingestão de leite e 
derivados não pasteurizados e o consumo de carne crua. Pode ser transmitida de 
pessoa a pessoa, pela placenta e durante a amamentação e são citados casos raros 
de contaminação por atividade sexual. 
A infecção pode distribuir-se amplamente pelo organismo, causando lesões 
praticamente em qualquer órgão, com mais frequência no coração, ossos e 
articulações, tratos respiratório, gastrointestinal e geniturinário, globo ocular, pele, 
sistema nervoso central e sistema endócrino. O quadro clínico inicial é comum a 
outras doenças febris. O período de incubação dura em média de uma a três 
semanas, podendo, em alguns casos, durar vários meses. 
A multiplicação intracelular do microrganismo ocorre nos gânglios linfáticos e 
sistema reticuloendotelial. A gravidade do quadro é variável, podendo apresentar-se 
com comprometimento leve a grave. O quadro apresenta sintomas comuns como 
febre, mialgia, cefaleia, anorexia, artralgia e lombalgia. O exame clínico pode ser 
pouco expressivo ou apresentar linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, dor à 
palpação da coluna vertebral, dor abdominal e outras manifestações. 
 
 
 
 
220 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
O diagnóstico preciso é feito mediante a associação de história compatível 
com probabilidade de infecção, sinais clínicos e detecção de anticorpos por reações 
de aglutinação, visíveis a olho nu. O diagnóstico é de grande importância no período 
pré-natal, pois pode levar à morte fetal. 
Os antígenos bacterianos têm a capacidade de induzir a formação de 
anticorpos específicos, inicialmente da classe IgM e logo após das classes IgG e 
IgA. Esses anticorpos aparecem a partir da segunda semana da doença, com picos 
entre a terceira e sexta semanas. Títulos maiores ou iguais a 1/160 são 
considerados significativos quando encontrados em região não endêmica. Em áreas 
endêmicas e em profissionais de alto risco de contaminação, são considerados 
significativos títulos iguais ou acima de 1/320. 
Altos títulos de IgM indicam infecção aguda; altos títulos de IgG, infecção em 
atividade; quando mais baixos, podem significar infecção passada. Recomenda-se a 
análise pareada com intervalo de duas semanas na avaliação dos casos duvidosos: 
variações de quatro vezes o título anterior são sugestivas de infecção aguda. 
Reações com títulos baixos podem ser encontradas em pacientes vacinados contra 
febre tifoide. Podem ser encontradas reações cruzadas por infecção por outras 
bactérias e após intradermorreação, com antígenos de Brucella. 
 
 
FIGURA 168 - MICROSCOPIA ELETRÔNICA MOSTRANDO BRUCELLA 
ABORTUS 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://pathmicro.med.sc.edu/ghaffar/zoonoses.htm>. Acesso 
em: 26 mar. 2010. 
 
 
221 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
 
25.5 DOENÇA DE CHAGAS 
 
 
A tripanossomíase americana ou doença de Chagas é uma parasitose 
endêmica causada pelo Trypanosoma cruzi. Pode cursar com infecções agudas ou 
crônicas. A forma aguda em geral é uma doença febril discreta. Podem evoluir 
especialmente em crianças, com um quadro mais exuberante, que se caracteriza por 
febre, anorexia, edema da face e dos membros inferiores, linfadenopatia e 
hepatoesplenomegalia discreta. Mais raramente ocorre miocardite. Após a fase 
aguda, o paciente permanece infectado e passa para uma fase crônica 
assintomática. 
A doença crônica sintomática irá se manifestar anos ou mesmo décadas 
após a fase aguda. As clássicas manifestações crônicas se relacionam com 
distúrbios de ritmo e condução cardíaca, tromboembolias, miocardiopatia chagásica, 
megaesôfago e megacólon. Nas situações de imunossupressão pode ocorrer a 
reativação do quadro, que muitas vezes é fatal. A transmissão ocorre por vetores 
hematófagos, mas pode se dar por via congênita, transfusional e outras formas 
menos frequentes, como a inoculação involuntária em laboratório. 
Os métodos sorológicos para diagnóstico da doença de Chagas apresentam 
sensibilidade e especificidade elevadas, sendo úteis para o diagnóstico nas fases 
aguda e crônica da doença. Entretanto, é possível a reação positiva por reatividade 
cruzada com as leishmanioses, especialmente com a forma visceral e as formas 
cutâneo-mucosas da leishmaniose tegumentar, e com outros antígenos em comum. 
Por isso, é recomendável a realização de reações por diferentes métodos 
como Hemaglutinação (Hemácias de carneiro com antígenos de Tripanosoma cruzi 
adsorvido nas membranas e com a presença de anticorpos no soro do paciente 
haverá uma aglutinação visível a olho nu), Imunofluorescência (utilização de placas 
contendo antígenos de Tripanosoma cruzi e após mistura com soro do paciente são 
adicionados anticorpos marcados com reagentes fluorescentes que serão 
posteriormente analisados em microscópios especiais), e Enzima Imunoensaio 
(ELISA). 
 
 
222 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Devem ser realizados no mínimo dois métodos, para que se controlem 
mutuamente, visto que, em cada método, são utilizados diferentes antígenos e 
formas do parasita, o que permite diminuir a possibilidade de resultados falso-
positivos. Resultados positivos devem ser encontrados nos dois métodos utilizados 
para confirmar o diagnóstico. Nos casos de apenas um método apresentar 
positividade, faz-se necessária a análise clínica da história epidemiológica, achados 
clínicos e outros exames diagnósticos complementares. 
Na fase aguda, anticorpos das classes IgM e IgG são detectáveis. Na fase 
crônica são encontrados anticorpos da classe IgG. Os níveis de reatividade diferem 
para cada método e de acordo com a finalidade do diagnóstico. Os valores 
considerados para triagem de doadores de sangue são sempre inferiores aos 
considerados para o diagnóstico clínico. 
 
 
FIGURA 169 - TRIPANOSOMA CRUZI: AGENTE CAUSADOR DA DOENÇA DE 
CHAGAS 
 
FONTE: < http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Trypanosoma_cruzi_hindgut.jpg> Acesso em: 26 
mar. 2010 
 
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Trypanosoma_cruzi_hindgut.jpg
 
 
223 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
FIGURA 170 – BARBEIRO: AGENTE TRANSMISSOR DA DOENÇA DE CHAGAS 
 
FONTE: <http://quiprona.wordpress.com/2009/07/10/doenca-de-chagas-100-anos/. Acesso em: 26 
mar. 2010. 
 
 
25.6 PROTEÍNA C REATIVA 
 
 
A Proteína C Reativa (PCR) é, por vezes, confundida com uma técnica 
laboratorial denominada PCR (Polimerase Chain Reaction), uma reação que 
possibilita a amplificação de fragmentos de DNA e em seguida analisá-los. As 
reações inflamatórias são respostas do organismo aos diferentes tipos de agressão 
tecidual, como as infecções virais, bacterianas, parasitárias ou fúngicas, e às 
agressões físicas, químicas e imunológicas. 
Diante da reação inflamatória, os monócitos secretam substâncias como IL-
6, IL-1 e TNF, que levam ao hepatócito a informação da necessidade de síntese dasdenominadas proteínas de fase aguda. A determinação da concentração plasmática 
dessas proteínas ajuda, clinicamente, a avaliar a presença, a extensão e a atividade 
do processo inflamatório e a monitorar a evolução e a resposta terapêutica. 
A proteína C reativa (PCR) é uma das proteínas plasmáticas de fase aguda. 
Foi identificada no soro de pacientes com pneumonia pneumocócica, em reação de 
precipitação do polissacarídeo C da parede do pneumococo (gram-positivo), agente 
etiológico da patologia. É usada rotineiramente para monitorar a resposta de fase 
aguda, sendo considerada uma das mais sensíveis, por apresentar algumas 
http://quiprona.wordpress.com/2009/07/10/doenca-de-chagas-100-anos/
 
 
224 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
características, como meia-vida curta (entre 8 a 12 horas) e valores normais muito 
baixos (< 0,5 mg/dL), que, em resposta a estímulos inflamatórios, podem atingir 
valores até 100 vezes o normal em menos de 24 horas. Além de elevar-se 
rapidamente após o estímulo inflamatório (4 a 6 horas), na ausência de estímulo 
crônico, normaliza-se em três a quatro dias. 
A proteína C reativa deve ser utilizada como auxiliar no diagnóstico, controle 
terapêutico e acompanhamento de diversas patologias, uma vez que é o mais 
sensível e precoce indicador de processos inflamatórios resultantes de infecções, 
carcinomas, necrose tecidual e cirurgias. Depois de 24 horas, a velocidade de 
hemossedimentação (VHS) é complementar à PCR. Durante muitos anos a PCR foi 
utilizada apenas no contexto de avaliação de processos inflamatórios, mas, 
atualmente, vem assumindo outros papéis importantes na clínica devido ao 
desenvolvimento de técnicas que possibilitam dosar a quantidade desta proteína em 
valores mínimos; e tal técnica é descrita como PCR Ultrassensível. 
A dosagem quantitativa, pela técnica de imunonefelometria, utilizando 
anticorpos monoclonais antiPCR, ao contrário dos métodos tradicionais qualitativos, 
permite a liberação de resultados quantitativos (mg/dL) que facilitam a interpretação 
clínica e o acompanhamento laboratorial de cada caso. Por exemplo, podemos citar 
que, como marcador de mortalidade nos primeiros 24 meses após infarto agudo do 
miocárdio (IAM), foi de maior valor que as enzimas cardíacas. 
Além disso, altos níveis séricos de PCR puderam ser considerados fatores 
preditivos de ruptura cardíaca subaguda pós-IAM. Nove pacientes apresentando 
esse tipo de complicação foram comparados ao grupo controle de 28 pacientes 
infartados sem complicações. No grupo com ruptura cardíaca, níveis elevados de 
PCR, superiores a 20 mg/dL, foram evidenciados no segundo dia pós-IAM. Um 
marcador tradicional de lesão muscular, a enzima CPK, não mostrou diferença 
significativa entre os dois grupos. 
A sensibilidade diagnóstica de altos níveis séricos de PCR, predizendo uma 
possível ruptura cardíaca pós-IAM, foi de 89%, garantindo o seu uso na prática 
cardiológica. Com a recente descoberta de componentes inflamatórios na 
arteriosclerose, a PCR foi proposta como indicador de risco para doença 
coronariana e acidentes vasculares cerebrais. O risco, revelado pelos altos teores 
 
 
225 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
séricos de PCR, é independente de fatores ligados à dislipidemia e pode ser 
reduzido pelo uso de aspirina como tratamento profilático. 
Essas novas hipóteses de patogêneses de doenças arterioescleróticas 
associadas à possibilidade de terapêutica preventiva abrem novas perspectivas, que 
devem ser consideradas. Da mesma forma, níveis aumentados da PCR parecem 
estar relacionados a eventos coronarianos em pacientes com angina estável ou 
instável. Em outras áreas da medicina, como a infectologia e a cirurgia, a 
importância da PCR também deve ser levada em conta. 
O uso da dosagem da PCR foi avaliado num estudo envolvendo 193 casos 
de endocardite infecciosa. Níveis elevados de PCR puderam ser evidenciados em 
casos que cursaram com complicações, levando à conclusão de que a PCR é um 
bom marcador prognóstico e pode ser utilizada para monitorar a resposta à terapia 
antimicrobiana em endocardites infecciosas. Na recuperação cirúrgica, a PCR 
aumenta nas primeiras quatro a seis horas, revelando picos séricos por volta das 48 
a 72 horas de pós-operatório, em concentrações de 2,5 a 3,5 mg/dL. Em cirurgias 
que cursam com evolução favorável, os níveis de PCR normalizam-se por volta do 
sétimo dia após o procedimento cirúrgico. Na vigência de complicações, os valores 
da PCR permanecem elevados e podem atingir níveis superiores a 3,5 mg/dl. 
Em estados inflamatórios crônicos, as concentrações de PCR podem 
persistir altas indefinidamente. Em casos de LES e outras doenças do colágeno, 
colites ulcerativas e leucemia, as concentrações são, geralmente, normais, porém 
marcadamente mais altas nas infecções bacterianas do que nas virais, auxiliando no 
diagnóstico diferencial. Na febre reumática, a PCR é um bom parâmetro de 
reagudização, pois persiste em concentrações elevadas (>4 mg/dl) quando a doença 
está ativa, embora decaindo a níveis normais durante a remissão. 
Encontram-se níveis elevados de PCR e de haptoglobina em pacientes com 
espondilite anquilosante HLA-B27 clinicamente ativa; mas nem a PCR nem a 
haptoglobulina estão elevadas nos casos ativos com HLA-B27, em que são 
encontradas concentrações elevadas de IgA. Soros com altas concentrações de 
PCR contêm normalmente fator de necrose de tumor elevado (FNT). A relação de 
FNT/PCR poderia ser útil no acompanhamento de rejeição de transplantes renais. 
O aumento da PCR urinária em associação com baixos níveis de beta-2-
macroglobulina em pacientes com transplante renal é indicativo de infecção 
 
 
226 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
extrarrenal (sensibilidade 100%, especificidade 99%). A elevação de ambas as 
proteínas na urina é uma forte indicação de infecção bacteriana ou de rejeição 
aguda. Aproximadamente 60% de recém-nascidos saudáveis podem apresentar, 
normalmente, concentrações de PCR acima de 1 mg/dl durante os primeiros 20 dias 
de vida. Consequentemente, as faixas de referência de adultos não são adequadas 
para crianças. 
 
 
25.7 MONONUCLEOSE INFECCIOSA 
 
 
Doença infecciosa aguda causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV) apresenta 
uma maior incidência em crianças, adolescentes e adultos jovens. Durante o curso 
da doença aparecem anticorpos heterófilos, capazes de aglutinar hemácias de 
carneiro e de cavalo, que são uma característica dessa infecção. São anticorpos da 
classe IgM não específicos para mononucleose, podendo estar presentes em outras 
patologias. 
O diagnóstico é feito pelo conjunto dos sinais clínicos associados à 
positividade para anticorpos heterófilos. Diante de um quadro sugestivo que 
apresente a pesquisa negativa para esses anticorpos, faz-se necessária a pesquisa 
de anticorpos específicos para EBV, visto que mais de 70% das crianças e cerca de 
10% dos adultos não desenvolvem anticorpos heterófilos. Os achados clínicos mais 
frequentes são: febre, adenomegalia, linfocitose com alto grau de atipia linfocitária 
(mais de 50%, geralmente com presença de células de Downey), esplenomegalia e 
hepatomegalia. 
O monoteste, também conhecido como reação de Hoff e Bauer, é uma 
reação de hemaglutinação que detecta a presença de anticorpos heterófilos 
utilizando hemácias de cavalo, sendo útil como teste de triagem para mononucleose. 
É sensível, positivando logo nas primeiras semanas e mantendo-se positivo por 
cerca de 12 semanas. O monoteste não é um exame específico para EBV, não 
sendo útil na avaliação da doença crônica. 
 
 
 
 
227 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
A reação de Paul-Bunnell pesquisa a presença de anticorpos heterófilos 
contra hemácias de carneiro. São considerados sugestivos de mononucleose títulos 
superiores a 1/56. Entretanto, esses anticorpos podem pertencer a outro grupo de 
anticorpos heterófilos, como os encontrados na doença do soro eno soro normal 
(anticorpos de Forssman). 
Como os anticorpos heterófilos que surgem na mononucleose possuem a 
característica de serem absorvidos pela hemácia de boi e de não serem absorvidos 
pelo rim de cobaia, a reação de Paul-Bunnell-Davidsohn explora essa característica, 
permitindo a exclusão de outros anticorpos heterófilos, servindo dessa forma como 
teste confirmatório. Um pequeno percentual de falso-positivos foi descrito em 
linfomas, na leucemia linfocítica aguda, na hepatite infecciosa, no carcinoma de 
pâncreas, na infecção por citomegalovírus, na artrite reumatoide e na rubéola. 
A pesquisa de anticorpos para o vírus EBV se faz necessária para a 
confirmação do diagnóstico da mononucleose naqueles casos nos quais os 
pacientes apresentam alterações clínicas sugestivas, porém sem os achados 
hematológicos clássicos e os títulos negativos para anticorpos heterófilos. São 
anticorpos específicos que aparecem ao final do período de incubação, atingindo 
títulos mais baixos durante a fase de recuperação, que irão persistir por toda a vida 
como indicadores de imunidade para essa doença. 
Os anticorpos específicos para EBV devem ser pesquisados também para o 
diagnóstico diferencial das patologias que podem mimetizar um quadro de 
mononucleose, como pode acontecer em quadros de hepatites virais agudas, 
colagenoses, síndrome de soroconversão do HIV-1, infecção por citomegalovírus e 
toxoplasmose. 
 
 
 
228 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
FIGURA 171 - VÍRUS CAUSADOR DA MONONUCLEOSE 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.spaceflight.esa.int>. Acesso em: 26 mar. 2010. 
 
 
 
25.8 EPSTEIN-BARR VÍRUS 
 
 
O vírus Epstein-Barr (EBV) é um herpesvírus humano conhecido por causar 
a mononucleose infecciosa e também por sua provável participação na etiologia de 
alguns carcinomas (nasofaríngeo), linfomas (linfoma de Burkitt) e desordens 
linfoproliferativas em pacientes imunossuprimidos. Recentemente foi descrita a 
síndrome ativa crônica severa, na qual a linfoproliferação continua ativa. Já o papel 
etiológico do EBV em outras patologias como artrites reumáticas, doença de 
Hodgkin e síndrome de fadiga crônica ainda não estão bem definidas. 
Na fase aguda da mononucleose infecciosa, anticorpos IgM e IgG para 
antígenos precoces do EBV (EA), antígenos do capsídeo viral (VCA) e antígenos 
nucleares (EBNA) aparecem em sequência. A pesquisa mais utilizada é a de 
anticorpos IgM contra VCA por enzima imunoensaio. A positividade indica infecção 
aguda. Entretanto, a presença de anticorpos IgM para VCA ou IgM /IgG para EA, 
 
 
229 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
com ausência ou baixa concentração de anticorpos contra EBNA, indica infecção 
recente ou em curso. 
A presença de anticorpos contra VCA e a relação IgG/IgM inferior a 1 podem 
auxiliar no diagnóstico de casos difíceis. A análise da avidez de anticorpos IgG 
contra VCA do EBV também é útil em casos de reativação ou infecção recente. A 
persistência de EA e/ou VCA IgG em títulos altos indica infecção crônica pelo EBV. 
A pesquisa de anticorpos específicos para EBV deve ser realizada nos quadros de 
mononucleose para confirmação do diagnóstico ou nos casos com suspeita clínica 
que cursa com anticorpos heterófilos negativos, não sendo diagnosticada pelos 
métodos tradicionais, e também para o diagnóstico diferencial das patologias que 
podem mimetizar um quadro de mononucleose (mononucleose-like), como hepatites 
virais agudas, colagenoses, síndrome de soroconversão do HIV-1, citomegalia e 
toxoplasmose. 
 
 
FIGURA 172 - VÍRUS EPSTEIN-BARR 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.sciencenews.org>. Acesso em: 26 mar. 2010. 
 
 
A comparação de métodos de cultura de células e a amplificação genômica 
por PCR indicam a maior sensibilidade da técnica molecular (PCR) na detecção de 
EBV. A infecção crônica por EBV pode ser detectada pela presença do DNA-EBV 
em sangue periférico por PCR. Em pacientes em tratamento profilático com 
imunoglobulinas, o diagnóstico sorológico pode acarretar problemas relativos a 
reações falso-positivas. 
 
 
230 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
A técnica de PCR usando células mononucleares de sangue periférico pode 
ser usada para o diagnóstico preciso e precoce da infecção por EBV em pacientes 
altamente vulneráveis, com doenças linfoproliferativas, nos quais a PCR apresenta-
se altamente sensível, mesmo em amostras de saliva. 
A PCR é útil em detectar o EBV em outras patologias tais como: pneumonite 
intersticial, pericardite e miocardites a partir da análise de tecidos ou de líquidos 
corpóreos. Entretanto, deve-se ter o cuidado de proceder à avaliação qualitativa e 
quantitativa em amostras coletadas em diferentes datas, além da correlação clínica 
para a confirmação da relação entre os sintomas e a etiologia viral. 
 
 
25.9 PPD (PROTEÍNA PURIFICADA DERIVADA) 
 
 
O derivado proteico purificado (PPD) é um antígeno utilizado na realização 
do teste cutâneo que pode ser usado na avaliação da imunidade celular como 
auxiliar no diagnóstico de infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (MB) e na 
avaliação após vacinação específica para MB. A avaliação da resposta considera a 
presença ou não de halo de enduração, que resulta da indução de uma reação de 
hipersensibilidade mediada por células (tipo IV), causada por linfócitos T 
sensibilizados após contato com o antígeno. 
A formação de um halo eritematoso pode acontecer logo após a aplicação 
intradérmica do antígeno. Não deve ser valorizada por se tratar de uma reação 
inespecífica. A reação específica ocorre 24 a 72 horas após a aplicação na forma de 
uma enduração medida e liberada em milímetros. A leitura deve ser realizada 48 
horas após a aplicação. 
A ausência de enduração significa um teste negativo, conforme esperado em 
pacientes não vacinados, que nunca tiveram contato com o microrganismo ou em 
situações que levem à alergia cutânea, como por exemplo: sarampo, sarcoidose, 
uso de corticoide ou de drogas imunossupressoras, lepra lepromatosa, entre outras. 
A positividade encontrada em pacientes vacinados ou que já tiveram contato prévio 
com o microrganismo é normalmente entre 5 a 10 mm de enduração, podendo ser 
encontradas reações superiores geralmente associadas à presença de flictenas. 
 
 
231 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
Crianças imunizadas podem necessitar de dose de reforço para apresentar uma 
reação cutânea positiva. 
 
 
 
FIGURA 173 - REAÇÃO DE PPD POSITIVA 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor 
 
 
25.10 HIV 
 
 
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é isolado de casos de síndrome 
de imunodeficiência adquirida (AIDS), doença que se caracteriza por uma 
progressiva e fatal deterioração do sistema imune. Associados à infecção HIV 
ocorrem doenças oportunistas (pneumocistose, toxoplasmose, candidíase), 
neoplasias (sarcoma de Kaposi, linfomas B) e complexo demencial. 
O vírus entra no organismo na forma livre ou por meio de células infectadas; 
é transmitido por via sexual, produtos sanguíneos e aleitamento, dando início ao 
processo patogênico que resultará em morte em longo prazo do indivíduo. Na 
viremia inicial, poucas semanas após a infecção, há replicação de vírus com uma só 
 
 
232 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
especialidade, embora a população de vírus doador seja antigenicamente 
heterogênea. 
Aparecem mutantes e esta população passa a dominar na fase tardia da 
infecção. A resposta de anticorpos ocorre quando a viremia inicial diminui e o quadro 
persiste até o aparecimento da doença. Anticorpos são neutralizantes do agente 
infeccioso, havendo forte correlação entre essa atividade e a habilidade de bloquear 
a interação entre as glicoproteínas do vírus gp 120/160 e as moléculas CD4 dos 
linfócitos. O vírus pertence ao gênero Lentivirus, da família Retroviridae. Após a 
penetração na célula por fusão com a membrana, o core viral se desintegra e o HIV 
transcreve o seu RNA em DNA por meio da transcriptasereversa. 
O DNA viral pode permanecer no citoplasma ou integrar-se ao genoma da 
célula, sob forma de pró-vírus, latente por tempo variável, replicando toda vez que a 
célula entra em divisão. A acumulação destas partículas no citoplasma tem sido 
associada à morte celular isolada. 
 
 
FIGURA 174 - PARTÍCULAS VIRAIS DO HIV (AZUL) DEIXANDO UM LINFÓCITO 
PARA INFECTAR OUTRA CÉLULA 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.wellesley.edu>. Acesso em: 26 mar. 2010. 
 
 
 
 
233 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
A união das proteínas virais e genoma para formação de virion se dá no 
citoplasma, liberando-se por brotamento por meio de fusão com a membrana celular. 
Esse nível de interação varia de pessoa para pessoa e pode ser preditivo de um 
curso clínico de longa duração. Na fase clinicamente estável, indivíduos infectados 
geralmente apresentam níveis de viremia baixos e persistentes e uma depleção 
gradual de linfócitos T CD4(+) que pode levar a uma severa imunodeficiência, ao 
aparecimento de múltiplas infecções oportunistas, a neoplasias e à morte. 
O diagnóstico laboratorial pode ser feito pela pesquisa de anticorpos contra 
o HIV-1 por técnicas imunoenzimáticas e Western-blot. Essas técnicas, embora 
precisas, apresentam limitações em determinados casos, tais como: crianças em 
idade até 15 meses, nas quais a permanência de anticorpos maternos, adquiridos na 
fase gestacional por meio da placenta, no momento do parto ou na fase pós-parto, 
do colostro, pode determinar resultados falso-positivos; casos de infecção recente, 
em períodos inferiores a dois ou três meses, nos quais não houve, ainda, a 
soroconversão e casos que apresentam resultados indeterminados ou duvidosos. 
Sorologia: Os testes sorológicos mais comuns são os imunoenzimáticos 
como ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay) e ELFA (Enzyme Linked 
Fluorescent Assay); esses testes que pesquisam anticorpos circulantes (anti-HIV) 
utilizam antígenos, adsorvidos em fases sólidas, que podem ser de origem sintética, 
peptídeos sintéticos (geralmente gp41 e p24 para o HIV-1 e gp36 para o HIV-2) ou o 
próprio vírus inativado. 
 
 
 
234 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
 
FIGURA 175 - ESQUEMA DE UM VÍRUS HIV 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.geocities.com/mpennafort/hiv_ciclo.html>. Acesso em: 26 mar. 2010. 
 
 
O método ELFA apresenta uma versão para a detecção simultânea de anti-
HIV e antígeno p24 (HIV-DUO), favorecendo o diagnóstico precoce de infecção por 
HIV, antecipando-o em até sete dias, quando comparado a métodos que detectam 
apenas anti-HIV. Os métodos enzimáticos são, preferencialmente, utilizados para 
triagens de diferentes populações, em bancos de sangue e amostras sorológicas de 
indivíduos com sintomatologia sugestiva ou mesmo assintomáticos e com história de 
situação de risco. 
Os testes imunoenzimáticos, licenciados e comercializados atualmente, 
apresentam sensibilidade e especificidade que ultrapassam 98% a 99%. Segundo 
recomendações do Ministério da Saúde, a liberação de um teste sorológico anti-HIV 
positivo só pode ser concretizada se pelo menos dois testes forem realizados em 
paralelo, com a mesma amostra, por metodologia de diferente procedência (outro 
fabricante, outro tipo de antígeno ou diferente princípio metodológico). 
Se os resultados forem positivos ou discordantes (+/ -), necessita-se da 
realização de um teste confirmatório, sendo o Western-blot o utilizado na rotina da 
 
 
235 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
maioria dos laboratórios privados. Caso após estas duas etapas o resultado final se 
caracterize como positivo, uma segunda amostra clínica deve ser solicitada para a 
repetição do procedimento realizado na primeira amostra. Havendo discordância 
entre os resultados da 1ª amostra com os obtidos na 2ª amostra, solicita-se uma 
nova coleta. 
O testes confirmatórios da presença de anticorpos anti-HIV indicado em 
crianças com até dois anos de idade é a reação em cadeia da polimerase (PCR) 
para a pesquisa do cDNA-HIV. Em indivíduos com alto risco de exposição ao HIV, 
uma reatividade intensa pelo teste imunoenzimático apresenta um valor preditivo de 
99%. Podem ocorrer reatividades falso-positivas em testes imunoenzimáticos, 
principalmente em pacientes com hepatite alcoólica, outras patologias em que 
ocorram anormalidades imunológicas, neoplasias, mulheres multíparas e indivíduos 
politransfundidos, os quais desenvolveram anticorpos contra antígenos HLA classe 
II, presentes em linhagens de células onde há a replicação do HIV. 
Os testes imunoenzimáticos para HIV-1 detectam 40% a 90% de infecções 
causadas por HIV-2 e testes de ELISA licenciados para HIV-2 divulgam a 
sensibilidade de 99%. A opção mais utilizada atualmente são os testes 
imunoenzimáticos que detectam, simultaneamente, anticorpos contra HIV-1 e HIV-2. 
A detecção de antígeno p24 do HIV-1 circulante por teste imunoenzimático é 
particularmente útil em determinadas situações. Nas primeiras semanas após a 
infecção, o antígeno p24 está presente no soro, antes da detecção dos anticorpos. 
Com o aparecimento desses, o antígeno p24 torna-se indetectável, permanecendo 
assim por meses ou anos. 
O reaparecimento da antigenemia durante o curso da infecção geralmente 
está associado a um prognóstico desfavorável. Métodos para a detecção de 
antígeno p24, principalmente aqueles que utilizam dissociação ácida, também têm 
sido utilizados para acompanhar pacientes em tratamento antiviral, conforme 
demonstrado durante ensaios clínicos. Sua eficácia, porém, é comprometida em 
virtude da baixa sensibilidade dos métodos atualmente disponíveis, sendo 
substituídos pela detecção da carga viral por metodologias de biologia molecular. 
 
 
236 
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Western-Blot: O método de Western-Blot é amplamente utilizado como 
teste confirmatório dos resultados obtidos em testes imunoenzimáticos. Outros 
também são indicados, como imunofluorescência em células fixadas e o teste RIPA 
(Radio Immuno Precipitation Assay). O Western-Blot utiliza antígenos do HIV, 
obtidos em cultura de linhagem celular, separados eletroforeticamente em bandas 
distintas, posteriormente transferidas para membrana de nitrocelulose. A reação 
ocorre entre os antígenos em contato com os anticorpos, presentes no soro ou no 
plasma de indivíduos infectados. 
Padrões específicos de reações podem ser identificados e, embora a 
definição de testes positivos seja controvertida, a ausência de reações específicas 
para os diferentes antígenos do HIV confirma a reação negativa. 
 
 
TABELA 5 - ALGUNS ANTÍGENOS UTILIZADOS NA TÉCNICA DE WESTERN-
BLOT 
gp160 Precursor do Envelope Viral (env) 
gp120 
 
Proteína do Envelope Viral (env) 
Liga-se ao CD4 
p24 
 
Proteína do core viral (gag) 
p31 
 
Transcriptase Reversa (pol) 
 
 
 
Padrões de positividade (presença de anticorpos) podem ser definidos no 
teste confirmatório de Western-Blot, pela visualização de bandas correspondentes 
às três principais proteínas virais: a proteína do núcleo, p24 ou p31 e duas proteínas 
 
 
237 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 
do envoltório, gp41 e gp120/gp160. Alternativamente, o Centers for Diseases Control 
and Prevention (CDC) recomenda que pelo menos uma das duas, p24 ou 
gp120/gp160, seja identificada. Outras bandas de antígenos do HIV são p17, p31, 
p51, p55, p66. 
Padrões definindo casos indeterminados, quando apenas uma das três 
principais bandas é visualizada no teste de Western-Blot, podem ocorrer, causando 
dúvidas quanto a real interpretação. Indivíduos infectados, em fase avançada da 
AIDS, podem não apresentar reatividade para p24, sugerindo resultado 
indeterminado. Alguns podem apresentar esse padrão por longo período de tempo, 
sem evidências de infecção por HIV. As interpretações mais corretas e apropriadas 
para os resultados de testes de ELISA reativos e Western-Blot indeterminados 
envolvem avaliações clínicas e acompanhamento laboratorial.

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