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LITÍASE BILIAR Epidemiologia: · Doença muito comum na população mundial · 10% da população mundial · Índios do Arizona: 70% das mulheres > 25 anos · Curitiba: 9,3% da população feminina > 20 anos Anatomia: · Dividida em fundo, corpo, colo e infundíbulo · Artéria cística · Retorno venoso: veia cística · Inervação: motora (fibras nervo vago + pós- · ganglionares gânglio celíaco) e sensitiva (fibras nervos simpáticos através gânglio raiz posterior T8 T9 lado D) · Pode ter variações anatômicas Fisiopatologia: · Canal biliar comum: 8 a 11,5 cm de comprimento, 6 a 10 mm de diâmetro → dilatação podem significar cálculo · Contração pela ingestão de alimentos (gordurosos) · Bile ajuda na absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis, ferro e cálcio · Vesícula: armazena a bile · Fígado: produz 1L de bile por dia e a vesícula concentra a bile produzida Formação da bile: · Metabolismo de destruição das hemácias Composição da bile: 500 a 1200 mL/dia · Água: 82% · Ácidos biliares: 12% · Lecitina e outros fosfolipídeos: 4% · Colesterol não esterificado: 0,7% · pH: de 5,6 a 8,6 Bile litogênica: triângulo de admirand e small · Equilíbrio entre a proporção de colesterol fosfolipídeos e sais biliares → bile líquida e com boa função · Desproporção de alguns desses componentes → formação de cristais ou bile litogênica → então qualquer condição clínica que desequilibra qualquer um desses fatores, predispõem formação de bile Causa de Formação dos cálculos: · Bile supersaturada de colesterol → aumento de colesterol e redução dos sais biliares → formação de bile · Precipitação do colesterol em cristais → agregados de cristais + muco: lama biliar e cálculo · Alterações na mobilidade da vesícula → leva à estase (ex: secção do n. vago) ** cálculos crescem 2-5mm/ ano → levam de 5-20 anos para apresentar sintomas, em média TIPOS DE CÁLCULOS BILIARES: Colesterol: · 70-90% dos cálculos biliares nos EUA, Europa e América Latina · Variam em cor, forma e número · Puro ou misto (maioria) · 10 a 15% são radiopacos (RX não é o exame de escolha, pois a minoria dos cálculos é radiopaca Pigmentares: · 10-30%, divididos em: · Negros/pretos: hemólise; aumento de bilirrubina – cirrose, anemia hemolítica, NPT- 70% são radiopacos · Castanhos/marrons: estase e infecção bile; moldam os ductos biliares, 100% são radiotransparentes CONCEITOS: Colelitíase/ colecistolitíase/ litíase vesicular: cálculo na vesícula Coledocolitíase/ litíase da via biliar principal: cálculo na via biliar, vindo da vesícula ou nasceu do colédoco (primário) Colecistite aguda ou crônica: inflamação da via biliar Colangite: infecção na via biliar principal, maioria associado a calculo na via biliar infectado FATORES DE RISCO: ** Fatores que desequilibram o triângulo de admirand · Aumento da secreção de colesterol: idade >40, sexo, obesidade, multiparidade · Diminuição dos sais biliares: doença ileal, doença de Crohn, cirrose biliar primária, predisposição étnica, perda de peso abrupta, ACO · Estase de vesícula – não contrai: vagotomia, jejum prolongado, gravidez, DM, NPT (inibição parenteral total), lesão medular · Cálculo preto por predisposição à hemólise com mais liberação de pigmentos biliares: cirrose alcoólica, hemólise (fator racial*), NPT, infecção biliar crônica · Cálculo marrom: divertículo de duodeno, estenose biliar, parasitos, cisto de colédoco IMPORTANTE: 5 FS = maior incidência: · Female · Fat · Fourt · Fertility · Family HISTÓRIA NATURAL: · 80% nunca vão desenvolver sintomas · Sintomas em geral aparecem nos primeiros 5 anos · Cólica biliar em ⅔ dos sintomas · Problemas agudos: colecistite, pancreatite (mais grave), colangite · Quando iniciam os sintomas, 50% de complicações ocorrem no primeiro ano · Paciente sintomático: suficiente para indicar cx (dependente da idade) · Para casos assintomáticos (achado nos exames): avaliar risco/benefício de fazer cx DOR TÍPICA: · Dos pacientes com litíase biliar, 2-3% ao ano têm dor · Dor é constante · “Cólica biliar” · No hipocôndrio direito e/ou epigástrico · Irradiação para ombro, escápula D ou entre escápulas → dor referida · Pode ser desencadeada por refeição rica em gorduras · Duração 1-6h (se não melhorar em 6h, suspeitar de colecistite aguda) · Náusea/vômito · Distensão e eructação associados · Discreta dor à palpação no hipocôndrio D EXAME FÍSICO - LITÍASE BILIAR: Principais achados possíveis · Sem expressão no exame físico (mesmo os sintomáticos) · Dor à palpação profunda do ponto cístico · Massa palpável · Sinal de Murphy: colecistite aguda · Icterícia: 25% em quadros agudos (diagnósticos diferenciais) → colelitíase sintomática não cursa com alteração de bilirrubina. Quando ocorre icterícia, pensar em inflamação comprimindo colédoco ou cálculo que migrou para via biliar EXAMES LABORATORIAIS: · Colelitíase: exames normais · Colecistite aguda · Leucocitose com desvio para esquerda · Aumento de bilirrubina em 45% (BT ~ 3-5) → aumento discreto (por compressão da via biliar pela inflamação) · Aumento das aminotransferases <5x em 25%. · Coledocolitíase · Enzimas canaliculares aumentadas · Aumento de fosfatase alcalina, gama-GT e bilirrubina · Aumento de BT com predomínio da B → colestase · Colangite · Leucocitose, desvio para esquerda (pelo processo infeccioso) · Aumento de fosfatase alcalina, gama-GT (mais fidedigno), bilirrubina (pq normalmente tem associação com obstrução da via biliar) DX POR IMAGEM IMPORTANTE: US ABDOME · Exame de escolha → padrão ouro para vesícula/ dx de colelitíase · Avalia dilatação da via biliar · Sensibilidade, especificidade: 95-99% Critérios: · Hiperecogênico · Sombra acústica distal; · Móvel na mudança de decúbito TC: · Identifica cálculos entre 60-80% (US é melhor que a TC) **usar TC em suspeita de dx diferenciais ou complicações, como abscessos Colangioressonância magnética · Exame padrão ouro para via biliar (coledocolitíase) · Pode ser indicado para avaliar complicações Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) · Indicação: identificar o cálculo na via biliar · Vantagem: exame dx e terapêutico **Abertura da papila duodenal, injeção de contraste e imagem sem contraste = cálculo → já pode retirar o cálculo TRATAMENTO LITÍASE BILIAR: · Colecistectomia laparoscópica eletiva (retirada da vesícula) – escolha · Complicações: lesão de via biliar; conversão para laparotomia (quando não consegue identificar estruturas direito → tem processo inflamatório agudo associado) · Litíase assintomática – avaliar · Colelitíase sintomática: confirmar dx com US para indicação de cx Litíase assintomática: · Indicações de cx (eletiva): · Idade: < 50 anos tem maior chance de vir a desenvolver sintomas · DM: mesma chance de desenvolver sintomas; se sintomáticos, risco de quadro mais grave · Vesícula biliar calcificada/ em porcelana: maior risco de câncer na vesícula · Anemia falciforme · Candidatos a transplante · Viagens de longa distância · Obesidade mórbida: emagrecimento rápido COMPLICAÇÕES COLELITÍASE: · COLECISTITE AGUDA – principal · Cálculo que impactou e não volta mais para dentro da vesícula, ocorre distensão da vesícula e espessamento da parede · Obstrução do cístico por cálculo e isquemia da parede da vesícula (por compressão do ducto cístico) ** ≠ da colelitíase sintomática: cálculo da vesícula vai para o ducto → obstrui → depois (de mais ou menos 6h) o cálculo solta e volta para dentro da vesícula → ou seja, não faz obstrução permanente como a colecistite aguda · Ocorre em 15% dos sintomáticos, mais comum em mulheres · Dos pacientes com litíase biliar, 0,2% ao ano terão colecistite aguda COLECISTITE AGUDA: Clínica · Dor dura mais de 6 horas · Náusea/vômito, afebril ou febre baixa · Dor e/ou massa palpável em hipocôndrio D · Sinal de Murphy: parada da inspiração durante palpação profunda do hipocôndrio D · Icterícia (20% pacientes) Laboratoriais: leucocitose, elevação discreta de TGO/TGP, bilirrubinas , FA, amilase Ecografia: · Espessamento da parede da vesícula · Delaminação da parede da vesícula · Líquido perivesicularTratamento: · Tratamento clínico · Colecistectomia Videolaparoscópica (padrão ouro) · Urgência: 1-3 dias depois do início · Emergência em potenciais complicações · Jejum e analgesia · ATB. Podem ser prolongados no pós-op Complicações: · Colecistite Enfisematosa: quando infecções por anaeróbios, faz formação de gás local · Gangrena, perfuração, empiema · Síndrome de Mirizzi: obstrução do ducto hepático comum por cálculo impactado no infundíbulo da vesícula → se ficar por muito tempo, pode fazer: · Fístula biliar: comunicação da vesícula com o ducto principal · Íleo biliar: vesícula se comunica com o duodeno → litíase passa para o duodeno → obstrução no íleo (que tem menor estreitamento intestinal) COLEDOCOLITÍASE: · Cálculo na via biliar ** no US: dilatação de vias biliares (inclusive intra- hepáticas) · Hx de icterícia Quando suspeitar: icterícia intermitente, porque o cálculo se move Diagnóstico: importante · Ictérica: pode ser flutuante · Ausência de sinais e sintomas · Aumento da bilirrubina, com predomínio da BD, geralmente oscilando entre 2-5mg/dl e dificilmente ultrapassando 10-15 mg/dl · A enzima que mais se eleva é a fosfatase alcalina (>150U/L) · Ecografia: dilatação das vias biliares Tratamento: · SEMPRE TRATAR: mesmo quando o paciente for assintomático! · Remoção do cálculo: via endoscópica ou aberta · Tratar causa (principal causa é colelitíase → tirar a vesícula) · Identificar e tratar as complicações: pancreatite e colangite aguda · A escolha da via depende do momento do diagnóstico: · Antes da colecistectomia: papilotomia endoscópica · Durante a colecistectomia: exploração do colédoco PROVA: · Indicações de tratamento cirúrgico para DRGE · Tudo o que depende da resposta do paciente deve ser feito ANTES da indução anestésica · Qualquer problema no check list = PARA (não segue a cirurgia) · Maioria dos nódulos da tireóide são benignos · Os cárceres de tireoide são de baixa letalidade · Nódulo hipoecóico maior que 1,5 cm: PAAF guiada por US · Abdome agudo é NÃO traumático · Sinal de blumberg negativo NÃO exclui apendicite aguda · Hemograma normal não exclui abdome obstrutivo · Amilase e lipase: pancreatite aguda → discreta elevação em processos inflamatórios / infecciosos abdominais · Nenhum exame é obrigatório, tudo depende da sua avaliação e hipótese clínica (anamnese e exame físico) image7.png image4.png image8.png image3.png image2.png image1.png image5.png image6.png