Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 PROVA II ✓ Como descrever no prontuário ✓ Solicitação e interpretação de exames complementares em pediatria ✓ Desnutrição. ✓ Violência e trabalho infantil. ✓ Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI). ✓ Reações adversas a medicamentos em pediatria. PRONTUÁRIO EM PEDIATRIA O prontuário médico é um documento fundamental e que se reveste de segurança para o médico e o paciente. As informações que ele contém permitem a continuidade no atendimento e tratamento, pois contempla informações básicas a respeito do paciente. Portanto, é um conjunto de documentos que mostra o histórico de atendimentos de saúde de um paciente. Atestados, laudos de exames e prescrições médicas são exemplos de registros que devem ficar arquivados no prontuário médico. O correto e completo preenchimento do prontuário torna-se grande aliado do médico para sua eventual defesa judicial junto à autoridade competente. As anotações no prontuário ou ficha clínica devem ser feitas de forma legível, com data e horário, permitindo, inclusive, identificar os profissionais de saúde envolvidos no cuidado. Além disso, o médico está obrigado a assinar e carimbar ou, então, assinar, escrever seu nome legível e sua respectiva inscrição no CRM. São obrigatórios no prontuário a identificação do paciente, a anamnese, o exame físico, as hipóteses diagnósticas e a conduta adotada, além de observações pertinentes ao atendimento. Não se deve escrever a lápis, usar líquidos corretores ou mesmo deixar folhas em branco. Código de ética médica: Art. 39: "É vedado ao médico receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos médicos. “ Art. 73: "É vedado ao médico revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente." - Mesmo que o fato seja de conhecimento público. - Mesmo quando testemunha de processo. - Mesmo na investigação de suspeita de crime. Art. 87: "É vedado ao médico deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente." Art. 74 " É vedado ao médico revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. CFM nº 1.605, de 15 de setembro de 2000: Art. 1º - O médico não pode, sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do prontuário ou ficha médica. Art. 2º - Em caso de notificação para vigilância, encaminhar apenas a comunicação RESOLUÇÃO CFM Nº 1.821/2007 Autoriza a digitalização dos prontuários dos pacientes desde que obedeça a nível de garantia de segurança 2 (assinatura com certificado digital). Estabelece o prazo mínimo de 20 anos, a partir do último registro, para a preservação dos prontuários dos pacientes em suporte de papel, que não foram arquivados eletronicamente em meio óptico, microfilmado ou digitalizado. “Todos os documentos originais que compõe o prontuário devem ser guardados pelo prazo mínimo de 12 anos, a fluir da data do último registro de atendimento do paciente. Fica como responsabilidade do médico ou da instituição de saúde, guardar os documentos” 2 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 “O segredo médico é um tipo de segredo profissional e pertence ao paciente, sendo o médico o seu depositário e guardador, somente podendo revelá-lo em situações muito especiais, como: dever legal, justa causa ou autorização expressa do paciente. Revelar o segredo sem a justa causa ou dever legal, causando dano ao paciente, além de antiético é crime, capitulado no art. 154 do Código Penal Brasileiro.” Pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a sociedade atual reconhece o direito da criança e do adolescente em ter suas informações protegidas, independentemente de sua maioridade civil. O que está em voga é a proteção do indivíduo e de sua autonomia em decidir sobre si e sobre seu corpo. Quando o médico julgar que o sigilo pode acarretar um dano maior à criança ou ao adolescente, está autorizada a quebra Para a bioética, deve ser levada em consideração a capacidade que a criança ou adolescente tem de entender o que está acontecendo consigo, cabendo a ele decidir se tais informações devem ser passadas para seus familiares ou não. O menor pode dizer qual adulto terá acesso ao seu prontuário. Dessa forma, a entrega do prontuário de forma automática para pais ou responsáveis acontece somente no caso em que criança ou adolescente não tenha capacidade de discernimento. Para terceiros, não há essa autorização. SOLICITAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES EM PEDIATRIA Como o próprio nome diz, são exames COMPLEMENTARES. É necessário fazer uma anamnese adequada e um exame físico completo, pois esses são realmente os procedimentos essenciais para o estabelecimento de um diagnóstico definitivo ou para a formulação de hipóteses diagnosticas que devem ser exploradas com a ajuda dos exames. Atualmente há uma “cultura” de pedir exames em excesso pois tem se tornado mais disponível. Entretanto, não se consideram os impactos negativos em lactentes e nos pré- escolares, além do aumento dos custos dos cuidados em saúde. A solicitação de cada exame complementar deve necessariamente ser precedida de uma análise crítica criteriosa sobre a contribuição da informação que o exame trará para confirmação ou afastamento da hipótese(s) diagnóstica(s) levantada(s) ou para o seguimento do caso (avaliar custos e os riscos da realização dos exames). Importante: ✓ Deve ser explicado para a criança como será realizado o exame; ✓ Também o motivo de cada exame e o que se espera dele; ✓ Em caso de exames mais sofisticados como com contraste ou com sedação é necessário o consentimento informado sobre o procedimento e o lugar onde será feito. Os exames podem ser feitos para: ✓ Comprovas diagnostico ou afastá-lo; ✓ Dosar níveis sanguíneos e fármacos; ✓ Diagnóstico precoce de algumas condições; ✓ Avaliar atividade da doença; ✓ Detectar recorrências; ✓ Monitorar eficácia terapêutica; ✓ Fazer triagem. - Alguns testes são realizados na mãe com os intuitos de avaliar o RN, ou em algumas circunstâncias, adotar medidas terapêuticas ainda intraútero. Exames laboratoriais de rotina de pré-natal: Sorologias, tipagem sanguínea materna, urinálise, hemograma, glicemia, entre outras (ecografia, ecocardio fetal com doppler e fluxo de cores) Os primeiros exames complementares da vida de uma criança são realizados na maternidade: a oximetria de pulso (para constatar doenças críticas no coração), as emissões otoacústicas evocadas transientes (para triagem de problemas auditivos) e, antes da alta hospitalar, em torno do terceiro dia, a triagem metabólica neonatal (teste do pezinho), oferecida gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Teste do pezinho (básico, ampliado, plus e master) – em prematuros deve ser feito a partir da 34ª semana, com idade gestacional corrigida. 3 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 SUS: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Teste do coraçãozinho: Serve para detectar precocemente doenças cardíacas congênitas graves. Teste do olhinho: Prevê alguns graus severosde miopia, hipermetropia ou estrabismo. Além de: retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma, infecções, traumas do parto e até mesmo cegueira. Teste do linguinha: Avaliação do frênulo da língua em recém-nascido, sendo importante no diagnóstico precoce de problemas envolvendo fala, mastigação e deglutição da criança. Teste da orelhinha: Identificação de problemas auditivos no RN. Eritrograma é feito entre 6 meses e 2 anos de idade devido ao elevado número de indivíduos nessa idade que apresentam anemia ferropriva (suplementação de ferro). Circunstâncias que devem ser observadas: 1. Na fase em que é comum a criança começar a andar, brincar no chão e ir para a escola, pode-se solicitar de 1 a 3 amostras de exame parasitológico de fezes, anualmente, para avaliar a presença de parasitas. 2. Nas crianças amamentadas, o período de jejum não deve ultrapassar 4 horas para que se faça a coleta de sangue. 3. Evitar exames invasivos. 4. Evitar exposição à radiação desnecessária. 5. Evitar coletas de sangue múltiplas ou em grande volume. 6. Conversar com o paciente pediátrico a respeito do exame. ECOGRAFIA OU ULTRASSONOGRAFIA Portanto é pré-requisito para os médicos que trabalham com imagem que tenham vasta experiência com crianças. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA EM CRIANÇAS: Dependendo da faixa etária e colaboração da criança, podem necessitar de sedação. Uso de contraste endovenoso depende dos propósitos de cada exame solicitado. HEMOGRAMA COMPLETO: EXAME QUALITATIVO DE URINA: (Técnicas de coleta: saco coletor, jato médio, sondagem vesical ou punção supra púbica). EXAMES DE FEZES Exame Parasitológico de Fezes (mais de 1 amostra) Coprocultura (cultural de fezes) Pesquisa de Leucócitos Fecais Pesquisa de Sangue oculto nas fezes. LIQUOR Obtido através de punção lombar. 4 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 DESNUTRIÇÃO PROTEICO CALÓRICA • A desnutrição energético-proteica (DEP) é um problema de saúde pública global, especialmente em crianças menores de 5 anos. • A maior prevalência é encontrada em países em desenvolvimento, principalmente na Ásia e na África, possuindo associação direta com a pobreza, sendo amplamente influenciada pelas condições ambientais. • A pobreza extrema leva a insegurança alimentar grave, provendo uma dieta com baixa qualidade e quantidade, sendo insuficiente para as necessidades diárias básicas. A DEP pode ser definida como um desbalanço entre as necessidades de nutrientes e a ingestão, que resulta em déficit cumulativo de energia, proteínas e/ou micronutrientes que pode negativamente afetar o crescimento, o desenvolvimento e outros desfechos relevantes. - Peso e/ou altura insuficientes para idade cronológica associado a alterações clínicas e laboratoriais de déficit de nutrientes. - As formas graves serão o Marasmo e Kwarshiorkor. DESNUTRIÇÃO PRIMÁRIA: É caracterizada pela oferta insuficiente. DESNUTRIÇÃO SECUNDÁRIA: É relacionada à alguma doença ou ao desequilíbrio nutricional como por exemplo a DEP. Má absorção - Obstrução Refluxo - Hiper catabolismo KWASHIORKOR: É a doença do primogênito quando nasce o segundo filho. Ocorre no paciente de 1 a 3 anos de idade e possui maior taxa de letalidade. ✓ Edema bilateral e ascendente; ✓ Dermatoses (hipo e hiper pigmentadas, podendo ou não ter ulcerações) ✓ Sinal da bandeira (despigmentação do cabelo, mudança da textura, brilho e listas brancas horizontais) ✓ Irritabilidade, apatia e perda de apetite. MARASMO: Pode ocorrer em qualquer idade, mais frequente em menores de 12 anos. ✓ Perda de massa muscular e gordura subcutânea ✓ Distensão abdominal ✓ Irritabilidade, anorexia ou sinais de fome, apatia ✓ Perda da bola bichat (aspecto envelhecido) ✓ Olhos fundos ✓ Perda de elasticidade cutânea ✓ Diarreia crônica ✓ Atraso global no desenvolvimento neuropsicomotor Diagnóstico: Anamnese: Antecedentes neonatais, nutricionais, aspectos psicossociais, saneamento básico e moradia, presença ou não de doença associada. Medidas antropométricas: Para diagnóstico de desnutrição aguda ou grave no paciente entre 6 e 59 meses, utilizar a curva de crescimento 5 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 peso/altura (PE), circunferência do braço (CB) e/ou presença de edema nutricional - P/E < escore Z -3 - CB <11,5cm Sinais clínicos citados acima. , CARÊNCIAS RELACIONADAS: Deficiência de vitamina A: Resposta celular Xeroftalmia – cegueira noturna Retina Conjuntiva (xerose) Córnea (ceratomalácia) Deficiência de ácido fólico: Sistema hematopoiético Síntese de nucleotídeos Anemia megaloblástica Deficiência de ferro Anemia ferropriva Redução no crescimento neuronal- nos primeiros 6 meses traz repercussões diretas aos crescimentos do encéfalo. Deficiência de zinco Lesões de pele – predispondo a infecções. Deficiência de vitaminas do complexo B Lesões na orofaringe (boca e língua) Deficiência de vitamina C Sangramento em tecido conjuntivo que da suporte aos ossos. Xerostomia Ceratoconjuntivite Desenvolvimento ósseo inadequado Irritabilidade Hiporexia Perda de peso. 6 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 Deficiência de vitamina D Coxa Vara Atraso no comportamento motor (sentar, caminhar) Rosário Raquítico (peito escavado) “Peito de Pombo” Cranitabes (amolecimento e a diminuição da espessura dos ossos do crânio) Fatores de risco: ✓ Aleitamento materno com mães portadoras de deficiência de vitamina D durante a gestação. ✓ Aleitamento materno sem exposição solar adequada ✓ Dieta restritivas de leite (intolerância ou alergia). ✓ Crianças com má-absorção de gorduras, insuficiência renal e síndrome nefrótica. ✓ Uso de drogas como rifampicina, isoniazida e anticonvulsivantes (fenitoína e fenobarbital). ✓ Dietas da idade escolar-substituição por sucos e refrigerantes. ✓ Obesidade (não está claro) VIOLÊNCIA INFANTIL Existem várias classificações sobre a violência infantil, porém na tipologia da Organização Mundial da Saúde (OMS), a considera um problema interrelacional da ordem: emocional, física, sexual e auto infligida. VIOLÊNCIA EMOCIONAL: A- Negligência Mais diagnosticada no Brasil. Na forma extrema, há abandono da vítima sem capacidade de prover os cuidados necessários e sem a devida proteção. A.1. Negligência Física: falha em proporcionar alimentação, abrigo e vestuário básicos (pais). A. 2. Negligência Médica: não receber cuidados preventivos recomendados, desobediência ao tratamento prescrito, não realizar cuidados pré- natais, uso de fármacos e drogas na gestação. B. Síndrome de Münchausen por procuração: tipo de abuso infantil onde um dos pais, geralmente a mãe, simula sinais e sintomas na vítima. C. Alienação Parental “interferência na formação psicológica da criança ou adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie ou cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este” VIOLÊNCIA FÍSICA A. Maus tratos ou espancamento CAUSAS DE MAUS-TRATOS: ✓ Infância do agressor ✓ Estresses e apoios familiares (insatisfação no casamento, brigas físicas entre casais, baixa autoestima). ✓ Nívelsocioeconômico: contribuindo para negligência e abuso sexual infantil ✓ Idade Materna: mães jovens. CARACTERÍSTICAS DE CRIANÇAS E DE LOCAIS COM MAIOR RISCO DE SEREM VÍTIMAS DE MAUS TRATOS: ✓ Lactentes; ✓ Portadores de deficiências; ✓ Período de férias escolares; ✓ Crianças social, emocional e geograficamente isoladas. ANAMNESE: ✓ Objetivo de estabelecer as necessidades imediatas de tratamento; ✓ Assistente social; ✓ Atenção ao relato de poucos detalhes ou de consistência. HEMATOMAS, MORDIDAS E LACERAÇÕES - MAIS COMUNS: ✓ Áreas ósseas (canela, joelho, cotovelo, testa). ✓ Cuidado em observar ao examinar o paciente as seguintes situações: a) face interna braço e antebraço; b) face bilateral; c) fivelas, cintos, mão espalmada; d) petéquias superiores ao pescoço; e) mordida (criança ou adulto); 7 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ✓ Mancha mongólica (ao nascimento, região sacral); ✓ Trombocitopenia (doença meningocócica e púrpura de Henoch-Schönlein); ✓ Hemofilia (hemorragia em articulação ou tecido mole profundo após trauma pequeno). QUEIMADURAS: ✓ Líquidos quentes; ✓ Objetos aquecidos (cigarro, ferro, faca...) As intencionais raramente são de primeiro grau! Diagnóstico diferencial: Devemos ficar atentos em lesões que ocorrerem em cabeça!! SINAL DE BATTLE: ✓ Equimose sobre processo mastoide por trás das orelhas ✓ Olhos de guaxinim ✓ Sangue por trás das membranas timpânicas - fratura craniana basilar. LESÃO POR FLEXÃO-EXTENSÃO OU SÍNDROME DO BEBÊ SACUDIDO: ✓ Lactente seguro pelo tórax e agitado violentamente: gerando lesões metafisiárias, hematoma subdural, hemorragias retinianas. ✓ Anormalidade no desenvolvimento, irritabilidade, fontanela abaulada, convulsões e até parada respiratória; LESÕES ABDOMINAIS: Hematoma duodenal; Diagnóstico diferencial: Exames de diagnóstico por imagem. VIOLÊNCIA SEXUAL: Atual definição legal de estupro: “qualquer ato libidinoso ou conjunção carnal mediante constrangimento, uso de violência, grave ameaça ou por sedução (vítima igual ou menor de 14 anos).” Abuso Sexual: Qualquer lesão genitália > suspeitar; Exame físico negativo > não elimina a possibilidade de abuso sexual; EXAMES LABORATORIAIS A SEREM SOLICITADOS: - DST; - Urinálise; - Clamydia trachomatis; - Trichomonas vaginalis; - Cultura para Gonococo e Clamydia em material oriundo de faringe, ânus e genitais. - Até 72 horas após o abuso ter ocorrido. Pediatras e outros profissionais desempenham papel significativo para: ✓ Identificação dos fatores de risco, protetores e das vulnerabilidades em cada caso atendido; ✓ Inclusão do tema violência no currículo de graduação, pós-graduação e na educação continuada no campo médico e afins; ✓ Proceder de forma correta nas situações de injúrias, inclusive reconhecendo a notificação de casos suspeitos ou confirmados enquanto ferramenta de proteção à saúde das crianças e adolescentes; ✓ Articular trabalho intersetorial com escolas, igrejas, mídias e diversas redes sociais. 8 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 TRABALHO INFANTIL No Brasil é um grave problema social, milhares de crianças se veem obrigadas a trabalhar precocemente, para sua própria sobrevivência e muitas vezes de sua família, deixando a infância e os estudos em segundo plano, ferindo os direitos humanos das crianças e adolescentes. O trabalho infantil pode ocorrer em virtude das desigualdades sociais. A pobreza, a escolaridade dos pais, o tamanho e a estrutura da família, o sexo do chefe, idade em que os pais começaram a trabalhar e o local de residência são os determinantes mais analisados e dos mais importantes para explicar a alocação do tempo da criança para o trabalho. As principais consequências socioeconômicas do trabalho de crianças e de adolescentes são sobre a educação, o salário e a saúde dos indivíduos. O termo “trabalho infantil” refere-se, neste Plano, às atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 (dezesseis) anos, ressalvada a condição de aprendiz a partir dos 14 (quatorze) anos, independentemente da sua condição ocupacional. Para efeitos de proteção ao adolescente trabalhador será considerado todo trabalho desempenhado por pessoa com idade entre 16 e 18 anos e, na condição de aprendiz, de 14 a 18 anos, conforme definido pela nossa Constituição. Apesar da vedação do trabalho infantil para menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz aos quatorze anos, o trabalho infantil artístico é permitido, desde que requerido alvará judicial com a respectiva autorização, analisando-se caso a caso o trabalho a ser exercido pelo infante ou adolescente. A legislação se preocupou em proteger esse grupo, haja vista que as crianças e adolescentes possuem características anatômicas, fisiológicas e psicológicas diferentes dos adultos (características biopsicossociais), merecendo proteção integral do Estado, sociedade e da família, consubstanciado no artigo 227 da Constituição Federal. Apesar do trabalho infantil ser proibido pela Constituição no que tange aos menores de dezesseis, salvo aos quatorze anos na condição de aprendiz, ele ocorre frequentemente no Brasil, em números assustadores, sendo necessário uma frequente fiscalização e combate a essa prática ilegal. ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), foi promovida pelo Ministério da Saúde, destinada principalmente a profissionais de saúde que atendem crianças nos serviços de atenção básica no Brasil. A AIDPI tem por finalidade promover uma rápida e significativa redução da mortalidade na infância. Trata-se de uma nova abordagem da atenção à saúde na infância, desenvolvida originalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), caracterizando-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de doenças de maior prevalência na infância. • É um processo multiprofissional. • Avaliação sistemática da criança de 0 a 5 anos que chega para atendimento, seja de rotina ou urgência. • AIDPI neonatal X AIDPI criança. AIDPI NEONATAL: ✓ Atendimento à gestante; ✓ Entrevista da mãe ou responsável pela criança de 0 a 2 meses; ✓ Reconhecimento dos sinais clínicos; ✓ Eleição de tratamentos apropriados; ✓ Orientações associadas à prevenção. Avaliar a gestante ou criança: ↳Sinais de risco! Anamnese, exame físico, nutrição e vacinação. Classificação das doenças por cores: ↳Tratamento e referência urgente, tratamento médico específico domiciliar e orientações ou orientações/recomendações. Identificar tratamentos específicos: ↳Tratamento inicial e transferência, plano de tratamento domiciliar. 9 PEDIATRIA Daryane Raupp – UNISC 2026.2 Dar instruções práticas: ↳Ofertar medicamentos, alimentos, líquidos. Sinais de alerta. Data do seguimento. Avaliar alimentação e resolver problemas identificados: ↳Aleitamento materno! Orientar a gestante ou a mãe sobre sua própria saúde!
Compartilhar