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1 
 
CURSO: Geografia DISCIPLINA: Mundo Contemporâneo I 
 
CONTEUDISTA: Acácia Regina Pereira, Ronald Coutinho Santos e Gabriel Siqueira 
Corrêa 
 
AULA 5 – COLONIZAÇÃO E IMPERIALISMO NA ÁFRICA 
 
META DA AULA: 
 
Nessa aula pretendemos apresentar ao estudante o processo de 
colonização e implementação da lógica imperialista na África. Para melhor 
compreensão dos impactos territoriais durante esse período, serão ressaltadas 
múltiplas estratégias de resistências africanas frente ao processo de invasão e 
partilha do continente, assim como, os impactos que o colonialismo e 
imperialismo. 
 
OBJETIVOS: 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, o estudante seja 
capaz de: 
1. Analisar os contextos anteriores da colonização e do imperialismo; 
2. Discutir o imperialismo europeu sobre o continente africano; 
3. Distinguir e compreender as diferentes formas de resistência ao imperialismo; 
4. Identificar as mudanças e consequências que o imperialismo impôs a 
organização social e política do continente africano. 
 
PRÉ-REQUISITOS: 
Para se ter um bom aproveitamento desta aula, é importante você 
relembrar os conceitos de Colonialismo e Imperialismo apresentados nas aulas 2 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 2 
e 3, e o debate sobre o processo de “roedura” da aula 4. Além disso, salienta-se a 
importância de conhecer as regionalizações do continente africano. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Como foi abordado nas aulas anteriores, a mobilização do racismo 
historicamente serviu para justificar a diferenciação de grupos e criação de novas 
identidades sócio raciais (geograficamente referenciadas). Assim como destaca 
Grosfoguel (2012), junto à mobilização do racismo, existe a construção político-
histórico-social de uma racionalidade de mundo, onde o hemisfério sul está 
subordinado em relação ao hemisfério norte. Essa hierarquização atinge diversas 
dimensões, uma vez que, para além do poder político e econômico, também se 
estabelecem hierarquizações dos saberes, formas de se relacionar com a 
natureza, dentre outros pontos. 
Esse movimento ajuda a promover uma invisibilização da diversidade e 
consequente homogeneização de formas de organização político-social das 
diversas sociedades, facilitando assim a sua dominação física e epistêmica. 
Dessa forma, podemos dizer que o processo de colonização (nas Américas) 
e o neocolonialismo (África, Ásia e Oceania) instaurado na modernidade, constitui-
se em um processo espacial que torna homogêneo, invisibiliza, desempodera, 
retira o protagonismo, hierarquiza experiências sociais e controla as formas de 
produção e intervenção da realidade espacial. 
Esse processo constrói um racismo epistémico que acaba perpetuando 
uma monocultura do saber, uma monocultura que inventa um tempo linear e 
promove invisíveis sociais ao mesmo passo que produz espaços produtivistas e 
espaços de poder. 
Essa monocultura do saber faz com que se naturalize as relações de poder, 
promovendo a história dos vencedores e invisibilizando as dos perdedores. Tal 
processo pode ser visto na expansão do imperialismo europeu sobre o continente 
africano, que de 1880 a 1935, ou seja, em cerca de 55 anos promoveu um dos 
maiores processos de transformação espacial, político e social que o mundo já viu. 
 3 
Mas como as lideranças do continente africano lidaram com o início e 
posterior consolidação da colonização europeia? Houve resistência? Quais as 
estratégias adotadas para manter a soberania sobre as próprias nações? Quais as 
mudanças que a política imperialista promoveu no continente? Que papel essa 
África construída vai ocupar no mundo? 
Para ajudar a compreender esse período da história da África, nos próximos 
momentos, retomaremos o debate sobre o contexto anterior ao novo processo de 
colonialismo e constituição da política imperialista, até as mudanças estruturais 
ocorridas no continente – passando para isso, pelas estratégias de dominação 
(europeia) e resistência (africana). 
 
1. Apontamentos sobre a colonização e do imperialismo europeu na África 
 
Antes de iniciarmos o debate sobre a colonização da África, é importante 
destacar que utilizaremos a periodização adotada pela coleção de livros “História 
Geral da África”. Essa coleção propõe que estudemos o imperialismo no 
continente africano a partir de três períodos históricos: i) 1880-1919: Marcado pelo 
(a) processo de conquista (1880-1900) e (b) ocupação (1900-1919) europeia; ii) 
1919-1935: marcado pela adaptação ao sistema colonial, e a mobilização de 
estratégias para protestar e/ou resistir ao domínio colonial; e iii) a partir de 1935, 
sendo considerado o marco para os movimentos de independência, que iremos 
discutir na próxima aula 
 
BOXE MULTIMÍDIA 
Fonte: http://portal.mec.gov.br/images/stories/noticias/2010/hist_africa.jpg 
 4 
Resultado do trabalho coletivo de mais de 350 especialistas, coordenados por 
outros 39 especialistas (dois terços deles africanos), a coleção História Geral da 
África tem como o principal objetivo contar a história da África a partir de uma 
visão africana, reconstruindo assim a historiografia africana, eliminando o máximo 
de estereótipos possíveis. 
Para tal, a coleção que conta com quase dez mil páginas, foi dividia em oito 
volumes, tendo em média 30 capítulos cada. Estes volumes possuem um recorte 
cronológico que cobre a história da África da sai pré-história, até o século XX: 
• Volume I: Metodologia e Pré-História da África 
• Volume II: África Antiga 
• Volume III: África do século VII ao XI 
• Volume IV: África do século XII ao XVI 
• Volume V: África do século XVI ao XVIII 
• Volume VI: África do século XIX à década de 1880 
• Volume VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 
• Volume VIII: África desde 1935 
A coleção completa está disponível no site: http://www.dominiopublico.gov.br 
FIM DO BOXE MULTIMÍDIA 
 
O cientista social Godfrey N. Uzoigwe (2010) destaca que foi durante o 
primeiro período assinalado anteriormente, que o continente africano foi retalhado 
e desestrutura, a partir da submissão e fragmentação do território sob o domínio e 
ocupação política e territorial européia. O autor ainda indica que os historiadores, 
apesar de apontarem que este foi um período marcado por transformações 
fundamentais, não conseguiram dimensionar as reais consequências políticas, 
econômicas e sociais para os países africanos (UZOIGWE, 2010, p.21) 
Cabe nessa direção retomar algumas informações presentes na aula 
anterior, e destacar principalmente a forma como foi estabelecida a expansão 
européia sobre a África. Como abordamos, mesmo antes da partilha do continente 
africano, países como Espanha, Portugal, Inglaterra e França já dominavam 
 5 
determinadas áreas. E usurpavam desde o século XV da liberdade, riquezas, 
matérias primas e valores culturais dos povos africanos. 
Contudo, apesar da presença europeia ser bem anterior ao século XIX, até 
1880 (antes da partilha do continente) cerca de 80% do espaço africano ainda era 
governado por seus próprios reis e rainhas e/ou chefes de clãs e possuía grandes 
reinos e impérios – que assim como em qualquer continente, possuíam uma 
diversidade de línguas, culturas, costumes e religiões. Mesmo com os 20% 
restante do continente dominado por europeus, podemos dizer que os estes até o 
período do Imperialismo, não tinham chegado ao interior da África, colonizando 
somente áreas situadas na costa africana. 
Essa ocupação de áreas na costa africana começa com os portugueses, já 
no século XV. A primeira área ocupada por Portugal foi a cidade de Ceuta em 
1415 que era um importante centro comercial no norte da África e era dominado 
por muçulmanos. Em seguida, a costa ocidental da África (como as ilhas de 
Madeira, Açores e Cabo Verde), principalmente devido a necessidade de cereais 
para abastecer a economia de subsistência edesenvolvimento da produção da 
cana de açúcar. 
Contudo, a função de ocupar áreas no litoral, muda com a chegada das 
Grandes Navegações e posterior colonização do continente americano. Isso 
ocorre, pois com as Grandes Navegações e tentativa de criar uma nova rota para 
as Índias, essas áreas na costa africana acabam servido como armazéns e 
entrepostos comerciais. Além disso, com a posterior colonização da América, 
essas áreas também para a comercialização de negros escravizados. 
Mas o que fez com que depois de três séculos, os países europeus 
mudassem de uma estratégia de negociações, para uma estratégia de dominação 
territorial? 
Ao fazer um apanhado geral sobre a partilha do continente africano, e a 
expansão imperialistas sobre o mesmo, Godfrey N. Uzoigwe (2010) ressalta que 
existem diferentes teorias que tentam explicar o que levou o continente a ser 
partilhado. Ao sistematizar as diferentes formas de tratar o imperialismo, o autor 
indica que tradicionalmente existem quatro formas de compreender o 
 6 
imperialismo: i) teorias econômicas, ii) teorias psicológicas, iii) teorias 
diplomáticas, e iv) teorias a partir de uma dimensão africana. 
Com muitos seguidores na ciência geográfica, os adeptos das teorias 
econômicas enxergam o imperialismo como fruto exclusivo da expansão 
capitalista sobre o mundo. Ou seja, foi devido ao (a) baixo consumo presente dos 
países que já haviam passado pela industrialização, (b) ao excedente de capital 
oriundo da exploração capitalista, (c) e a superprodução proporcionada pelas 
inovações promovidas com a Revolução Industrial que as nações imperialistas se 
viram impelidas a ampliar a sua área de influência política e econômica – em 
busca mais matérias-primas e maior mercado consumidor. 
Por outro lado as teorias psicológicas podem ser consideradas a junção dos 
teóricos que tentam explicar o imperialismo a partir do darwinismo social, da 
atuação do cristianismo evangélico (missões religiosas) e do ativismo social. Em 
comum, esses teóricos apontam a mobilização de pensamentos de cunho 
hierarquizantes e racistas, como justificativa para dominar o continente. Com isso, 
a expansão europeia sobre o continente africano se torna um processo natural e 
humanitário, seja para levar a civilização ao continente (Darwinismo Social), seja 
para levar a salvação (Cristianismo Evangélico), seja para cumprir os desejos 
mais primitivos dos seres humanos (Ativismo Social). 
 
INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO 
Darwinismo Social é uma teoria que tenta explicar a sociedade através da teoria 
de seleção natural, do naturalista inglês Charles Robert Darwin. Essa teoria 
aponta a capacidade de adaptação e a luta pela vida como a principal responsável 
pela origem, perpetuação e diversificação dos seres vivos. Com o passar do 
tempo, defensores da supremacia branca, passaram a utilizar essa teoria para 
classificar as diferentes sociedades humanas. 
Ativismo Social essa teoria tem como perspectiva central, que as sociedades 
humanas possuem elementos psicológicos que as forçam a sempre expandir os 
seus domínios. Logo, o imperialismo é uma expressão dos desejos mais primitivos 
dos seres humanos, não tendo assim questões econômicas por traz. 
 7 
FIM DO BOXE EXPLICATIVO 
 
Contudo, por mais que as teorias psicológicas consigam explicar diversos 
pontos que levaram a partilha da África, elas acabam sendo incongruentes em 
outros. Como exemplo, podemos citar a dificuldade em explicar que fatores 
motivaram os europeu a partilharem do continente somente no século XIX, e não 
anteriormente. 
Já as teorias diplomáticas, buscam retirar o viés econômico do imperialismo 
e apresenta-lo como reflexo de políticas que buscavam: i) a manutenção ou 
ampliação do prestígio da nação; ii) garantir o equilíbrio das forças; ou iii) 
assegurar uma estratégia global que possibilitasse salvaguardar a posição da 
Europa. Apesar de dar lastro para as teorias psicológicas, essas teorias, 
apresentam somente justificativas políticas, enfraquecendo assim o entendimento 
mais complexo sobre o que foi o imperialismo. 
Como podemos observar, essas teorias enxergam o imperialismo e a 
própria África como um reflexo da história da Europa. Diferente dessas teorias 
europeias, as teorias de dimensão africana, buscam compreender a partilha da 
África e consequentemente a implementação do regime imperialista a partir da 
perspectiva da história do próprio continente. 
Para o desenvolvimento da presente aula, apresentaremos o imperialismo a 
partir da perspectiva africana, uma vez que essa forma de olhar esse sistema: i) 
entende a partilha tanto a partir dos fatores europeus quanto africanos; ii) nega a 
colonização como inevitável para o desenvolvimento da África, observando as 
consequências do processo desde a dominação dos séculos anteriores; iii) 
entende que a colonização se deu unicamente por motivos econômicos e não 
vinculados a interesses humanitários; iv) e que esse processo se acelerou no final 
do século XIX devido as resistências que começavam a aparecer contra a invasão 
européia. (GODFREY, 2010, p.31). 
 
[INÍCIO DAS ATIVIDADES 1 e 2] 
 8 
Atividade 1 - Como base no que você leu nesse tópico, podemos chamar as 
teorias econômicas, psicológicas e diplomáticas de eurocêntricas? Explique. 
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Atividade 2 – Como podemos ver no decorrer do tópico, Godfrey (2010) indica a 
existência de diferentes teorias que ajudam a explicar o imperialismo promovidos 
pelos europeus e a partilha da África. Apresente as principais características de 
cada uma das teorias. 
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RESPOSTAS COMENTADAS 
1 – Por serem teorias que apresentam a África como um simples palco processo 
de expansão imperialista – econômica, política e social – da Europa, essas teorias 
acabam apresentando um forte teor eurocêntrico. 
2 - A teoria econômica tem como principal característica a justificativa que o 
imperialismo começou devido: ao baixo consumo dos países industrializados; a 
superprodução promovida pela Revolução Industrial; e a necessidade dos países 
 9 
industrializados de ampliar a sua área de influência com a intenção conquistar 
mais recursos e maior mercado consumidor. 
Já a teoria psicológica tem como característica a mobilização de pensamentos de 
cunho racista, como justificativa para dominar o continente, relativizando assim o 
viés econômico presente na teoria anterior. 
A teoria diplomática, por sua vez, se caracteriza por usar explicações políticas, 
como – a manutenção e/ou ampliação do prestígio das nações europeias, e/ou a 
tentativa de garantir o equilíbrio das forças – para justificar as políticas 
imperialistas oriundas da Europa. 
Para finalizar temos a teoria a partir de uma dimensão africana que tem como 
característica, a tentativa de compreender a partilhada África e 
consequentemente o imperialismo a partir da perspectiva da história do próprio 
continente. 
[FIM DAS ATIVIDADES 1 e 2] 
 
2. Partilha e Imperialismo na África: perspectiva africana 
 
Como falado anteriormente, a presença europeia no continente africano, 
data do início do século XV, contudo, uma série de fatos faz com que a forma de 
relação e dominação indireta (preferência da Inglaterra e da Alemanha), mude 
para uma forma de dominação direta. 
Para Godfrey (2010), esse conjunto de relações de poder começa a mudar 
a partir de três fatos acontecidos entre 1876 e 1880 que demonstram esse jogo de 
poder e interesse europeu sobre o espaço africano. Usaremos as próprias 
palavras do autor para descrever estes fatos: 
 
O primeiro foi o novo interesse que o duque de Brabante, coroado rei 
dos belgas em 1865 (sob o nome de Leopoldo I), demonstrava pela 
África, o que se expressou na chamada Conferência Geográfica de 
Bruxelas, por ele convocada em 1876, a qual redundou na criação da 
Associação Internacional Africana e no recrutamento de Henry Morton 
Stanley, em 1879, para explorar os Congos em nome da Associação. 
Essas medidas culminaram na criação do Estado Livre do Congo, cujo 
reconhecimento por todas as nações europeias Leopoldo obteve antes 
do término das deliberações da Conferência de Berlim sobre a África 
ocidental. 
 10 
As atividades de Portugal, a partir de 1876, constituíram a segunda série 
de acontecimentos importantes. Melindrado por só ter sido convidado 
para a conferência de Bruxelas no último minuto, Portugal deu início a 
uma série de expedições que levaram a coroa portuguesa a anexar, em 
1880, as propriedades rurais afro‑portuguesas de Moçambique, até 
então quase independentes. 
Assim, para os portugueses e para o rei Leopoldo, a Corrida começou 
em 1876. O terceiro e último acontecimento a rematar a partilha foi, sem 
dúvida alguma, o caráter expansionista da política francesa entre 1879 e 
1880, manifestado pela participação da França junto com o Reino Unido 
no controle do Egito (1879), pelo envio de Savorgnan de Brazza ao 
Congo, pela ratificação de tratados com Makoko, chefe dos Bateke, bem 
como pelo restabelecimento da iniciativa colonial francesa tanto na 
Tunísia como em Madagáscar. (GODFREY, 2010, p.32) 
 
A esses fatores, podemos acrescentar assim como indica o historiador e 
político ganês Albert Adu Boahen (2010) o desenvolvimento tecnológico e 
econômico propagado pela Revolução Industrial, ocorrida décadas antes do 
domínio europeu sobre a África, na Europa. 
Esse acréscimo é importante, pois durante a Revolução Industrial, além do 
aumento da produção, foram inventados produtos que revolucionaram a 
velocidade e intensidade do transporte (com os motores a vapor e a combustão), 
da comunicação (com o telégrafo), e o poder de fogo do poderio militar (com a 
primeira metralhadora da história, a Maxim), possibilitando assim, que europeus 
tivessem uma base sólida para ampliar a sua dominação sobre o mundo, e ao 
mesmo tempo, necessitassem de mercados para comercializá-los. 
Ou seja, a pressão política proporcionada por ações de nações que 
estavam perdendo o protagonismo como Portugal, e em processo de ascensão 
como a Bélgica, junto com i) a demanda econômica oriunda da expansão da 
Revolução Industrial; ii) os pensamentos hierarquizantes de base racista como o 
darwinismo social; e iii) o aumento na capacidade bélica; e iv) a abertura das 
sociedades africanas para fazer acordos com representantes europeus devido a 
conflitos regionais, possibilitou que as nações europeias abandonassem a forma 
de domínio informal e passassem a promover um controle efetivo dos territórios. O 
que vai acarretar na anexação de territórios na África oriental, ocidental e 
meridional a partir do final de 1883. 
A intensificação do processo de colonização direta da África vai fazer com 
que Portugal, um dos principais protagonistas na colonização da América, se sinta 
 11 
em um papel de coadjuvante, propondo assim a convocação de uma conferência 
internacional com o objetivo de resolver as disputas territoriais na África central. 
Essa proposta vai ser encampada por Otto von Bismarck, que de 15 de 
novembro de 1884 a 26 de novembro de 1885, vai sediar na cidade de Berlin a 
conferência historicamente conhecida como Conferência de Berlin. 
 
Início do Verbete 
Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bundes
archiv_Bild_146-2005-0057,_Otto_von_Bismarck.jpg 
Autor: Jacques Pilartz 
Otto Eduard Leopold von Bismarck-Schönhausen, 
(1815-1898) também conhecido como o chanceler de 
ferro, pode ser considerado o principal o estadista da 
Alemanha do século XIX. Entre as suas ações, pode-
se citar a unificação da Alemanha, tornando-se o seu 
primeiro chanceler (1871-1890). Para formar a 
unidade alemã, Iniciou várias reformas administrativas 
internas, criou uma moeda comum para todo o estado, 
instituiu um banco central e promulgou um código civil e um código comercial 
comuns a toda a Alemanha. 
Fim do Verbete 
 
Sobre a referida conferência, é importante destacar que ela serviu para 
estipular princípios gerais que deveriam evitar conflitos entre as potências que 
objetivavam colonizar a África. Dessa forma, mesmo que não tivesse como 
objetivo realizar uma partilha, a conferência acabou ganhando a função de 
distribuição dos territórios, além de determinar: i) a livre navegação tanto no Níger 
como no Benue, e ii) regras no que diz respeito a ocupação dos territórios na 
costa africana, divididas principalmente pelo artigo 34 e 35 do ato de Berlim. O 
primeiro dizia que qualquer país europeu que ocupasse um território nessa região, 
deveria informar aos outros membros que assinaram o ato, com o intuito de 
 12 
ratificar seu domínio territorial, seu “hinterland”. Em outras palavras, todas as 
nações que ocupassem uma região no litoral do continente africano, obteria o 
direito de controlar seu interior, para tal, bastava garantir que sua presença 
estivesse consolidada. O segundo buscava determinar que o aviso feito pela 
metrópole europeia ocupante, fosse acompanhado de provas sobre as condições 
de domínio na colônia, para o seu estabelecimento e a garantia da liberdade 
comercial. Assim configurava-se um padrão de “ocupação efetiva”, que deveria ser 
seguido por todas as potencias colonialistas (GODFREY, 2010, p.33-34). 
Com a promulgação e os acordos estabelecidos na Conferencia de Berlin, 
os tratados afro-europeus (entre africanos e europeus) e bilaterais (entre os 
europeus) tornaram-se os principais os instrumentos para oficializar a partilha do 
continente africano. 
Um dado interessante, é que apesar do acordo ser político e entre as 
nações europeias, esses tratados podiam ser realizados tanto por representantes 
do governo, quanto por representantes de organizações privadas, que em um 
momento posterior repassava a posse para o governo. Se por um lado os 
europeus assinavam os tratados buscando vantagens comerciais e políticas, por 
outro, os africanos buscavam através desses tratados garantir interesses do povo 
e estabelecer vantagens dentro das relações de poder no próprio continente 
africano. Essas relações de vantagens eram vistas em situações em que, por 
exemplo, um Estado africano encontrava-se em posição de submissão a outro 
Estado vizinho e através de acordos/tratados com os países europeus poderiam 
se dissociar dessa submissão. Da mesma forma, o acordo poderia ser feito para 
reafirmar uma posição superior em relação aos povos vizinhos. Por fim, ainda há 
as situações em que os lideres dessas regiões acreditavam que ao celebrar estes 
tratados conseguiriam se manter independentes, evitando a invasão de outros 
países europeus, o que se mostrou em muitos casos um erro de estratégia. 
Segundo Godfrey, esses tratados foram essenciais na fase final da partilha da 
África. (GODFREY, 2010, p.36) 
Dessa forma, diversos tratados assinadospor autoridades africanas eram 
estratégias para manter a soberania do país (ou era o que eles pregavam). Em 
 13 
suma, uma das diversas formas de resistir as complexas relações de poder que se 
instauravam na África durante o final do século XIX. 
Ainda sobre, a organização e os reflexos da Conferência de Berlin, Tenense 
O. Ranger (2010) destaca que “praticamente todos os tipos de sociedades 
africanas resistiram, e a resistência manifestou-se em quase todas as regiões de 
penetração europeia”. (RANGER, 2010, p.54). Sobre isso falaremos no próximo 
tópico. 
 
[INÍCIO DAS ATIVIDADES 3, 4 e 5] 
Atividade 3 – Com base nos apontamentos apresentados pela perspectiva 
africana, explique que fatores fizeram com que os Europeus mudassem as formas 
de se relacionar com o continente africano. 
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Atividade 4 – Como as lideranças africanas receberam essa tentativa de mudança 
no status quo estabelecido entre as nações europeias e africanas? 
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__________________________________________________________________
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 14 
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__________________________________________________________________ 
Atividade 5 – Com base na deliberações presentes na Ata Geral da Conferencia 
de Berlim, responda as perguntas a seguir: 
a) Quais garantias que a Conferência de Berlim conferiu ao comércio ultramarino 
europeu? 
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__________________________________________________________________ 
b) Como os europeus reivindicavam novos territórios no continente africano? 
__________________________________________________________________
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RESPOSTAS COMENTADAS 
3 - Após três séculos do colonialismo, os países europeus mudaram de uma 
estratégia de negociações, para uma estratégia de dominação territorial. Alguns 
dos fatores que podem explicar essa mudança são; i) a demanda econômica 
oriunda da expansão da Revolução Industrial; ii) os pensamentos hierarquizantes 
de base racista como o darwinismo social; iii) a pressão política proporcionada por 
ações de nações que estavam perdendo o protagonismo como Portugal, e em 
processo de ascensão como a Bélgica, e que com o aumento na capacidade 
bélica possuíam condições de manter um controle direto da terra; e iv) a abertura 
das sociedades africanas para fazer acordos com representantes europeus devido 
a conflitos regionais. A comunhão desses fatores, possibilitou que nessa dado 
momento histórico, as nações europeias abandonassem as negociações bilaterais 
e domínios informais e passassem a promover um controle efetivo dos territórios. 
 
4 - Os dirigentes e autoridades africanas não aceitaram de bom grado a mudança 
no status quo estabelecido até então. Apesar de terem reagidos de formas 
 15 
diferenciadas, em sua grande maioria, eles afirmaram que não abririam mão de 
sua soberania e lutariam por sua independência. 
 
5 – a) O conferência garantiu o livre comercio para as nações europeias e 
navegação da zona marítima atlântica até o Oceano Indico. 
5 – b) Para garantir novas terras os países europeus precisavam ocupar as terras 
e dar garantias que provassem que conseguiriam manter a área ocupada sobre 
controle. Concomitantemente a isso, deles solicitavam a aprovação para os países 
signatários da Conferencia de Berlim. 
[FIM DA ATIVIDADE 3, 4 e 5] 
 
3. Iniciativas africanas contra o Imperialismo: as resistências 
 
Como indicamos ao final do tópico anterior, as formas de resistência 
estiveram por toda a África, tanto no momento de intensificação da ocupação 
européia, quanto durante o funcionamento do sistema colonial. Contudo, foram 
comuns os equívocos nos estudos sobre estes processos pela historiografia 
ocidental, que pouco exploraram como essas resistências se manifestaram. 
Entre esses equívocos podemos assinalar: i) os poucos estudos realizados 
sobre resistência, pois se partia de uma concepção de que os africanos teriam 
aceitado pacificamente a colonização européia; ii) classificação das revoltas 
armadas, como insurreições de caráter local, isoladas e desorganizadas, que 
pouco geravam danos ao sistema colonial, e; iii) um entendimento de que as 
organizações africanas que não possuem uma hierarquia rígida e um sistema 
político centralizado, seriam naturalmente pacificas, o que não se sustenta nas 
análises históricas. 
Partindo de outras bases, é possível identificar focos de resistência, 
principalmente no período de expansão da influência européia na África, 
motivadas especialmente pela “(...) perda de soberania, a quebra da legitimidade, 
as idéias religiosas, o desproposito de mecanismos econômicos e a corrosão e a 
repressão as manifestações culturais” (HERNANDEZ, 2008, p.111). 
 16 
Esses processos, que eram fruto das variadas formas de organização 
colonial, resultam em diferentes iniciativas de resistências engendradas pela 
população africana. Podemos destacar duas formas de resistência resultantes 
desse processo: i) as resistências que geraram revoltas (e poderiam ser 
motivadas por questões culturais e religiosas) e ii) as resistências através de 
acordos com o objetivo de “garantir” a soberania. 
Quanto as primeiras, elas foram variadas. Entre os focos que podem ser 
destacados estão as revoltas sudanesas entre 1880 e 1904, egípcias entre 1860 e 
1882, e somalis entre 1884 e 1894, contra os exércitos coloniais ingleses. Muitos 
desses grupos, de religião islâmica, lutavam não apenas pela sua soberania 
política e controle territorial, mas também contra a submissão a uma potência de 
base cristã. 
Assim, em muitas dessas lutas armadas, a religiosidade funcionou como 
uma espécie de catalisadora das insatisfações, contribuindo para a organização 
ou favorecendo contextos de resistência e revolta em muitos momentos durante o 
domínio colonial. Isso aconteceu através de revoltas de lideres religiosos no 
Senegal contra o domínio francês, em que os nativos se recusavam a viver sob 
um domínio não islâmico, principalmente o grupo dos soninkes. Outras revoltas 
aconteceram em Gana contra o domínio britânico realizadas pelos ashantis, após 
a deposição de vários chefes locais que pertenciam a grupos religiosos 
tradicionais, causando insatisfação e motivando outros grupos a se rebelarem. 
Um caso em que a religiosidade não foi motivo da revolta, mas funcionou 
como um símbolo de luta comum foi na atual Tânzaniia com a etnia maji-maji, que 
ao se verem sendo obrigados a abandonar a sua economia doméstica, em função 
da obrigatoriedadedo trabalho nos cultivos de algodão sob o domínio alemão, se 
juntaram a outros grupos tendo como traço comum as crenças religiosas. Esse foi 
um dos primeiros movimentos de resistência que uniu grupos étnicos e lingüísticos 
diferentes, em um processo de luta contra autoridades coloniais. 
 A religiosidade não foi o único motivo para gerar insatisfações. As 
construções políticas do colonialismo (como confisco de terras, cobrança de 
impostos e formas compulsórias de trabalho) e as formas de expropriação 
 17 
adotadas, também geraram conflitos. A historiadora Leila Hernandez (2008) relata 
o caso provocado pela cobrança de impostos da palhota (residências) em Serra 
Leoa no final do século XIX. Dois importantes grupos se uniram (Temnes e 
Mendes) contra a perda de terras, obrigatoriedade de trabalho para o Estado 
colonial, obrigatoriedade de criação de uma força armada composta por nativos 
para defender os interesses coloniais, e principalmente, sobre a cobrança de 
impostos por habitações (chamadas de palhotas). Esse foi um dos primeiro 
movimentos que conseguiu causar danos a administração colonial, e mesmo 
sufocado e em pouco tempo, se estendeu por vários territórios. Da mesma forma 
outros movimentos ocorreram entre os acholis em Uganda, dos Akambas no 
Quênia motivados por explorações econômicas. 
Como última referência (mas sem esgotar todas as revoltas) cabe citar a 
revolta de Bambata (1906-1908), vinculada a luta dos Zulus contra os britânicos. 
Essa revolta armada foi uma reação a imposição de elementos culturais e 
religiosos de matriz ocidental pelos missionários britânicos, em que os Zulus 
resistiram, e mantiveram suas práticas. 
Já sobre a resistência através de acordos com nações e instituições 
europeias, é importante destacar que alguns povos africanos viam nos acordos 
com os europeus uma forma de se libertar de sangrentas e longas guerras com 
sociedades vizinhas. Além disso, na visão de algumas lideranças, essa opção se 
mostrava viável, uma vez que no período que precedeu a intensificação da política 
imperialista, ocorriam diversas negociações entre os governantes europeus e 
africanos. Em parte devido a isso, Boahen (2010), destaca que 
 
[...] a fase da conquista efetiva foi precedida por anos de negociações 
entre essas potências e os dirigentes africanos e por colóquios que 
redundaram em tratados. Cumpre insistir nessa fase de negociações, 
pois ela mostra que as potências europeias originalmente aceitavam a 
contraparte africana como igual e reconheciam a soberania e a 
independência das sociedades e dos Estados africanos. (BOAHEN, 2010, 
p.10) 
 
Outra forma iniciativa de resistência empregada por nações africanas era a 
resistência de cunho cultural caracterizada, sobretudo, pela resistência religiosa. 
Considerada uma das últimas estratégias para não perder as suas características, 
 18 
esta forma de resistir está ligada a estratégias que sociedades construíam para 
não largar suas religiões em detrimento as religiões do colonizador. 
 
INÍCIO DO BOXE DE CURIOSIDADE 
Como exemplo dessa forma de resistência, podemos citar a utilização de 
ideias religiosas cristãs para mostrar sua soberania sobre os colonizadores. Ou 
seja, alguns povos como os Xhosa, reelaboram teorias racistas de base cristã 
para se defenderem da opressão dos “brancos”. É o que podemos ver na citação 
de Ranger (2010). 
De certa maneira, o ensinamento de Makana era uma versão africana da 
ideologia cristã protestante de soberania, que, mais tarde, deu a Wittboi a 
fé no direito divino dos “capitães vermelhos”. Makana explorou as 
diferenças fundamentais entre brancos e negros – diferença de 
costumes, de divindades, de destinos. O criador era Dali’dephu, grande 
ancestral dos Xhosa, que tinha feito Uthixo para ser o deus dos homens 
brancos. Uthixo era inferior a Dali’dephu, e os brancos eram moralmente 
inferiores aos Xhosa – continuamente atormentados pela ideia do 
pecado. Mas essas diferenças não tinham importância até o momento em 
que os dois universos morais entraram em contato e em conflito; então, 
Dali’dephu impôs-se para garantir que seus filhos, os Xhosa, e seu modo 
particular e superior de vida triunfassem sobre os poderes superficiais 
dos brancos. Makana apelava à unidade pan-xhosa, à confiança em seu 
universo moral. Dali’dephu iria varrer os brancos; os Xhosa defuntos 
regressariam. “Uma nova era se anunciava.” (RANGER, 2010, p. 61) 
 
Essa era uma forma de resistência em que a sociedade africana se 
apresentava superior a sociedade branca européia, a partir das ideias religiosas 
fazendo uma nítida referência a teorias racistas como a Maldição de Cam. 
Segundo essa maldição, por ter sido ridicularizado ao ser visto nú e 
alcoolizado, Noé teria amaldiçoado Canaã (filho de Cam) a ficar negro e seus 
descendentes a seres escravizados. Essa interpretação racista de uma história 
bíblica vai dar lastro para a escravização e a 
exploração da África pelo Reino de Portugal. 
A maldição de Cam também influenciar nas 
teorias de branqueamento, tendo suas ideias 
reproduzidas por artistas ao retratarem o 
branqueamento como uma forma de redenção dos 
pecados da população (imagem ao lado) e 
 19 
cientistas com teorias eugênicas – que no Brasil vai impactar em diversas políticas 
governamentais. 
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d3/Redenção.jpg/864px-
Redenção.jpg 
Autor: Modesto Brocos (1852–1936) 
Título: A REDENÇÃO DE CAN 
FIM DO BOXE DE CURIOSIDADE 
 
Essas formas de resistência, que poderiam se transformar ou não em 
processos de revolta, foram citadas com o objetivo de ampliar nossa leitura sobre 
os tensionamentos a dominação colonial na África. Longe de listar todas as formas 
de revoltas e lutas documentadas, essas situações representam lutas em variados 
espaços coloniais, contra diferentes administradores, e ainda, de distintas 
naturezas. Após isso tudo, será que é possível manter uma opinião/estigmatização 
que nega as formas de resistência? Será que ainda vamos repetir que o processo 
de colonialismo se deu de forma natural, sem que houvesse tensão nesse 
processo? 
 
[INICÍO DA ATIVIDADE 6] 
Atividade 6 – Atende ao Objetivo 3 
Atividade 6 – Sobre a resistência africana, explique a afirmação de Ranger (2010) 
“Se o processo da conquista e da ocupação pelos europeus era claramente 
irreversível, também era altamente resistível”. 
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 20 
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RESPOSTA COMENTADA 
Entende-se que o processo de conquista e ocupação pode ser considerada 
irreversível, pois os europeus tinham como vantagem sobre as sociedades 
africanas, um forte poderio bélico. Além disso, as inovações tecnológicas que 
propiciaram a invenção e ampliação de ferrovias, telegrafia e navios a vapor 
também possibilitaram um maior controle dos territórios dominados, uma vez que 
possibilitavam melhorias na comunicação dentro e fora da África. 
Por outro lado, era resistível por conta da força e necessidade das sociedades 
africanas em restabelecer suas sociedades. A diversidade de povos e nações, a 
superioridade numérica da população, a grande extensão territorial, o melhor 
conhecimento sobre o território são exemplos de fatores que possibilitavam o 
processo de resistência a invasão e colonização europeia.[FIM DA ATIVIDADE 6] 
 
4. Mudanças na organização social e política do continente africano. 
 
Passadas as invasões, veio a consolidação e consequente organização 
administrativa das colônias presentes na África. Nesse tópico vamos dialogar 
sobre como essa consolidação envolve diferentes modelos político-
administrativos, para no próximo, entendermos as ações políticas na 
administração. 
Sobre a administração colonial, é importante destacar que ela variava de 
colonizador para colonizador, entre políticas de autonomia administrativa até 
formas mais autoritárias, e ainda políticas de diferenciação e de assimilação. 
(BETTS; ASIWAJU, 2010, p.356) 
Contudo, ainda que variassem, elas orbitavam em torno de duas 
formas/modelos de organização política do continente africano: 
i) Uma dominação relativamente indireta, em que a metrópole tinha controle 
do território colonizado, mas buscava (em certas áreas, condições e momentos) 
 21 
dar autonomia e fomentar a administração, a medida que ela fosse favorável a 
política colonial criada, deixando espaço para representação dos grupos locais. 
Adotada em determinados momentos nas colônias britânicas, a primeira forma de 
dominação era considerada “barata” para manter o império, uma vez que a 
metrópole não desembolsava grandes quantias, e ao mesmo tempo tinha os seu 
desejos cumpridos.; 
 ii) uma dominação direta, em que a metrópole optava pela integração do 
governo local ao governo central. Assim se organizava de modo mais centralizado, 
hierarquizado e verticalizado. Nessa forma de colonização, foi marcante a posição 
de Portugal (o primeiro colonizador a chegar e o último a sair) que foi chamado de 
“ultracolonialista”, pois envolvia as práticas mais primitivas e autoritárias, com 
impacto mais extremo na população das colônias. Não a toa, entre as potências 
européias foi a que mais demorou a sair do continente africano, participando de 
longas guerras contra movimentos emancipatórios. 
Vale destacar que a organização desses sistemas políticos, independente 
do modelo adotado, era extremamente complexa, e se organizava a partir de 
ministros das colônias, governadores, administradores distritais, conselheiros e 
chefias locais. Este último era de extrema importância, pois realizava em dados 
contextos, a mediação entre colonizadores e colonizados, sendo essencial para o 
funcionamento da burocracia colonial, já que através dos laços de confiança 
mantinha o controle da ordem. Contudo em várias situações essas chefias eram 
substituídas, principalmente as tradicionais, por trazerem um risco a administração 
colonial. 
Sua atuação também variava de acordo com o contexto e proposta colonial 
adotada. No modelo inglês, em dados momentos, o papel dos chefes locais eram 
fundamentais para manter a dominação e conseguir a cooperação das lideranças 
locais. Os adeptos dessa forma de dominação buscavam mexer o mínimo possível 
na ordem social desses países, pois reconheciam que a manutenção das 
instituições e da chefia local, constituía parte da tradição dos grupos, e a sua 
permanência era importante para o bom funcionamento da colônia. (BETTS; 
ASIWAJU, 2010, p.357) 
 22 
Outra característica desse processo de colonização é a forma de 
organização política do país. Nesse modelo de dominação indireta, as nações 
colonizadoras estabeleciam assembléias que aos poucos passaram de uma 
função consultiva, para uma função legislativa. Com isso, construiu-se uma via de 
devolução do poder político para as nações colonizadas que mantinham as 
estruturas de poder construídas pelas metrópoles colonizadoras. 
Ainda sobre a forma de dominação indireta, que repetimos não era 
homogênea e nem sempre existente, podemos destacar as ordens da coroa 
britânica, que desejava gestões em que a posição dos chefes africanos era 
reconhecida de forma equivalente as autoridades britânicas, ou seja, detinha 
importante poder, exercendo, em algumas oportunidades a função executiva, 
“seguindo diretrizes bem precisas, mas não rígidas, da administração colonial.” 
(BETTS; ASIWAJU, 2010, p.360) 
Por outro lado, a forma de dominação direta, adotado por portugueses, 
belgas e franceses, apostava na “[...] centralização da administração colonial [e] 
reservava o poder legislativo à metrópole” (BETTS; ASIWAJU, 2010, p.359). Ao 
contrário do regime inglês, em que os chefes africanos tinham papel na política 
colonial, nesse modelo ele era considerado um auxiliar, agente administrativo em 
função da ordem colonial. Em caso de não cumprimento de suas funções, como 
recolhimento de impostos, realização de recenseamentos, e recrutamento de mão 
de obra, eles poderiam ser substituídos por outras lideranças (o que poderia gerar 
revoltas e resistências). 
Essas situações eram mais comuns nas colônias francesas e portuguesas, 
em que muitas vezes os chefes escolhidos tinham papel político que não cabia ao 
seu exercício tradicional. (BETTS; ASIWAJU, 2010, p.364). Porém, cabe a 
compreensão de que as chefias que se colocavam contrários as diretrizes 
coloniais, independente da forma de administração, usualmente eram substituídas. 
Ainda sobre o papel administração política na mudança das sociedades 
africanas, cabe destacar que, “mesmo nos territórios onde foram implantadas 
instituições parlamentares com vistas à criação de um governo colonial dotado de 
 23 
certos poderes, ainda assim visava-se garantir a supremacia dos brancos” 
(BETTS; ASIWAJU, 2010, p.374). 
Esse processo acontece, por exemplo, na Argélia, em que a participação no 
sistema eleitoral era maior para os participantes europeus do que para os 
participantes árabes. Na África do Sul, (de colonização inglesa), era vedado o 
acesso dos africanos aos trabalhos no parlamento. Quando a legislação passou 
por uma mudança, ela foi restrita aos sul-africanos brancos, que naquele contexto 
descendiam dos europeus (ingleses e holandeses principalmente), e poderiam se 
eleger como representantes dos interesses indígenas (termos frequentemente 
adotado para designar os povos originários africanos). Em ambos os contextos, 
“(...) a minoria demográfica [branca] constituía de fato a maioria política, excluindo 
dessa forma qualquer semelhança com um governo democrático de modelo 
europeu.” (BETTS; ASIWAJU, idem). 
 
 5. Organização econômica do colonialismo 
 
Até aqui ficou claro que para os países colonizadores, as colônias deveriam 
ser capazes de fornecer condições favoráveis de comercio, gerando lucro para 
metrópole. Por outro lado, a colônia também deveria ser financeiramente 
autônoma. Essa situação se estabelecia de forma contraditória, afinal, como ser 
financeiramente autônoma se o contexto de trocas comerciais era sempre 
desfavorável? Outra pergunta que podemos fazer, é referente as estratégias de 
organização e administração das atividades econômicas. Quais foram as práticas 
adotadas pela administração colonial para obtenção de lucro? 
Essas perguntas podem ser respondidas de forma genérica, por ser 
impossível nesse espaço tratarmos cada um dos mais de quarenta casos. Mas de 
qualquer forma os mecanismos são muito semelhantes em todos os sistemas 
coloniais. Segundo Leila Hernandez(2008) eles são quatro: 
I) Subvenções e meios de financiamento: este primeiro mecanismo era 
baseado no oferecimento de subsídios para que empresas privadas localizadas 
nas regiões metropolitanas se responsabilizassem pelas atividades comerciais 
essenciais estabelecidas na troca entre países africanos e europeus. Nesse 
 24 
sentido a rede de bancos que financiava o processo detinha o monopólio dessa 
atividade de financiamento. As metrópoles ganhavam á medida que detinha para 
si os impostos alfandegários, já que grande parte do que era produzido tinha como 
finalidade a exportação. Essas mudanças trouxeram diversos impactos para 
economia africana, principalmente para a produção de subsistência que foi 
deixada delado, frente aos financiamentos oferecidos para os grandes produtores 
latifundiários. O avanço das companhias estrangeiras também trouxe uma 
competição desigual com os comerciantes locais, que viram sua atuação 
comercial ficar cada vez mais restrita. 
ii) Confisco de terras: diversas parcelas de terra férteis foram confiscadas a 
partir de três ações:a) as guerras internas, em que não só a terra era perdida para 
grupos associados a lideranças das metrópoles, mas também as cabeças de 
gado; b) o processo que envolvia a exigência de registros de propriedades, 
estranhos a grande parte dos grupos que detinham a terra; c) tomada por parte 
das Metrópoles das terras consideradas do Estado, ou que eram usadas 
coletivamente, sendo estas concedidas a empresas que só poderiam negociar os 
produtos com a metrópole. 
iii) Formas compulsórias de trabalho: em muitos espaços, o trabalhador era 
obrigado a exercer longas jornadas, não só para arcar com seu sustento, mas 
também para cumprir uma “função social” para o Estado. Em alguns casos era 
estabelecido um tempo mínimo que poderia durar até seis meses por ano em 
áreas de influência portuguesa. Ainda que em determinadas situações esse 
processo fosse empregado apenas em serviços públicos, o Estado também 
repassava os trabalhadores para empresas privadas. Dessa forma o serviço 
obrigatório, e por vezes forçado, configurando-se como uma forma de escravidão, 
também foi empregado nesse período com um suposto caráter “educativo”. Em 
alguns países, principalmente os de influência francesa, foi criado um código de 
trabalho que buscava regulamentar o trabalho obrigatório, estabelecendo a 
duração do contrato que variava entre dois e três anos, o salário que poderia ser 
pago em mercadorias ao invés de moedas, a alimentação, que nem sempre era 
 25 
em quantidade necessária, e multas que visavam punir qualquer forma de 
infração. 
IV) Cobranças de impostos: quando o valor dos impostos alfandegários não 
era mais suficiente para sustentar o lucro das metrópoles, foram criados impostos 
adicionais que incidiam tanto nos colonos europeus; nos africanos do sexo 
masculino; e sobre as habitações que variavam conforme o número de cômodos. 
Esses impostos além de muitas vezes serem arbitrários e exagerados, poderiam 
ser revestido em trabalho compulsório nos campos de cultivo, obrigatórios ou 
governamentais. Esse trabalho também poderia acontecer em obras de infra-
estrutura, e foi um mecanismo mobilizado em muitas situações por moradores que 
não tinha condição de arcar com impostos arbitrários. 
Esses mecanismos agem na maioria das situações de forma combinada, e 
podem estar mais presentes dependendo do sistema colonial empregado, e das 
próprias atividades internas desenvolvidas. 
 
[INÍCIO ATIVIDADE 7] 
Atividade 7 – A implantação e consolidação do sistema de colonização do 
continente africano perdurou pouco mais de 35 anos, e provocou profundas 
mudanças nas relações políticas e econômicas entre colonizadores e colonizados. 
Explique que mecanismos foram utilizados para extrair as riquezas das colônias e 
enviar para as metrópoles. 
 
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RESPOSTA COMENTADA 
 26 
7 - Sobre os mecanismos utilizados para extrair as riquezas das colônias, 
podemos citar: Subvenções e meios de financiamento, o confisco de terras, a 
utilização de formas compulsórias de trabalho, e as cobranças de impostos. 
Este primeiro mecanismo era baseado em acordos comerciais, para que 
empresas privadas localizadas nas regiões metropolitanas se responsabilizassem 
pelas atividades comerciais essenciais estabelecidas nas trocas comerciais (afro-
europeias). 
O segundo foi baseado no confisco terra férteis através de: guerras internas; 
tratados afro-europeus e registros de propriedades (muitas vezes estranhos a 
grande parte dos grupos que detinham a terra; e tomadas por parte das 
Metrópoles. 
Sobre as formas compulsórias de trabalho, é importante destacar que apesar de 
em diversos casos o trabalhador receber, eles eram obrigados a exercer longas 
jornadas, não só para arcar com seu sustento, mas também para cumprir uma 
“função social” para o Estado. 
Por fim, outro mecanismo utilizado para transferir as riquezas de países do 
continente africano para a Europa, era a cobranças de impostos. 
[FIM DA ATIVIDADE 7] 
 
6. CONCLUSÃO 
 
Após 1935, com a organização da resistência e os problemas encontrados 
na estrutura imperialista, o regime imperialista começou a ruir. Contudo, 
 
O sistema colonial – e aí está o elemento mais importante de toda a 
história do período de entre as duas guerras – fixou o quadro 
administrativo geral no qual o governo nacional devia inserir‑se durante a 
primeira década de independência. A incipiente normalização da vida 
política no contexto de uma estrutura organizada à europeia constitui o 
aspecto principal da modernização que os europeus introduziram então 
na África, mas para servir a seus próprios desígnios. (BETTS; ASIWAJU, 
2010, p.375) 
 
Dessa forma, o regime imperialista que parecia se constituir em uma perda 
política irreversível, se mostrou relativamente rápido, e em 1970 a maior parte 
território africano já havia se libertado do imperialismo europeu. Como indica 
 27 
(Boahen, 2010) o empreendimento imperialista enquanto política em escala 
continental durou pouco cerca de cem anos, iniciando na década de 1880 tendo 
seu encerramento na década de 1960. 
Se colocarmos em uma escala temporal, 80 anos é um período muito curto 
para se comparar com a milenar história da África e mesmo para a história de uma 
civilização. Contudo, como vimos anteriormente, o imperialismo provocou 
profundas mudanças na organização territorial, social, política e econômica do 
continente africano. Em um contexto tão devastador, como o colonialismo foi 
erradicado de uma forma tão “rápida”? A resposta para tal questão será 
respondida na próxima aula. 
Todavia, para o esforço de sistematização da presente aula, cabe ressaltar 
alguns dos impactos do colonialismo no continente africano. Sobre esse ponto, 
existem duas correntes de pensamento: i) os que defendem o imperialismo 
enquanto uma política que possibilitou levar avanços para o continente africano, e 
transformar a cultura do continente; e ii) os defensores do imperialismo enquanto 
uma política que impôs um dos continentes mais ricos do mundo, a um 
subdesenvolvimento estrutural. 
 Para Boahen (2010), existe a necessidade de ser construir uma terceira 
leitura, ou seja, uma leitura que possibilite enxergar pontos positivos e negativos. 
Para o autor: 
No entanto, há que salientar desde o início que a maior parte dos efeitos 
positivos não é de origem intencional: trata-se antes de consequências 
acidentais ou de medidas destinadas a defender os interesses dos 
colonizadores, [...] ou resultantes de mudanças inerentes ao sistema 
colonial em si, ou ainda [...] os efeitos positivos do colonialismo são 
efeitos “por erro, pela lei de ferro das consequências indesejadas”. Do 
lado negativo, há ainda que assinalar ter havido razões, boas, más ou 
indiferentes, pelas quais certas coisas não se realizaram; pelas quais, por 
exemplo [...], se recorreu ao trabalho forçado, não se desenvolveu a 
indústria, não se diversificou a agricultura nem se criaram serviços 
médicos adequados. Começaremos assim examinando qual é a herança 
política do colonialismo, primeiro em sua dimensãopositiva e, depois, em 
seus aspectos negativos. (BOAHEN, 2010, p.921-922) 
 
 28 
Início ATIVIDADE FINAL 
Fonte: 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/de/Colonial_Africa_1913_
map.svg/1099px-Colonial_Africa_1913_map.svg.png 
Autor: Eric Gaba 
Título: Mapa colonial da África em 913 
 
Atividade Final – Atende aos objetivos 1, 2, 3 e 4. 
O colonialismo e imperialismo empregado pela Europa sobre a África, nos anos 
finais do século XIX e iniciais do século XX, sujeitou diversas sociedades ao 
controle de países europeus. 
Como base no que você estudou durante esta aula, identifique os interesses dos 
países europeus no controle de regiões africanas no século XIX. Durante a sua 
resposta, apresente duas regiões do continente africano e apresente: i) países que 
disputaram seu controle e ii) as resistências empregadas pelas forças locais. 
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 29 
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RESPOSTA COMENTADA 
O estudante pode apresentar que o imperialismo promovido pelas potencias 
europeias, estavam relacionados a interesses econômicos, políticos e culturais. 
Esses interesses se relacionavam tanto com a necessidade de expansão do 
capitalismo devido aos avanços tecnológicos e com isso, necessidade de mais 
matérias-primas de origem mineral (como minério de ferro), mão de obra e 
mercados consumidores. 
Além da questão econômica o aluno pode citar: a) questões políticas como a 
tentativa de controlar territórios estratégicos, tanto na costa ocidental, quanto na 
costa oriental africana do continente africano; e b) questões sociais, como a 
tentativa de ampliar a influência cristã em um continente majoritariamente 
mulçumana. 
Em virtude desses interesses, a partilha das regiões africanas foi caracterizada 
por divergências e enfrentamentos entre europeus, investidores e africanos. Como 
exemplos, os estudantes podem citar as disputas entre França e Inglaterra pelo 
controle do Egito, França e Alemanha pelo controle da Tunísia e Bélgica e 
Alemanha pelo controle do Congo. Como conflitos entre africanos e europeus, os 
 30 
alunos podem citar as revoltas sudanesas entre 1880 e 1904, egípcias entre 1880 
e 1882, e somalis entre 1884 e 1894, contra os exércitos coloniais ingleses; 
guerras e rebeliões malgaxes em 1883-1885, 1894-1895 e nas décadas de 1900, 
1910 e 1920, contra coloniais franceses. 
[FIM DA ATIVIDADE FINAL] 
 
RESUMO 
 
Ao analisar os contextos da colonização e do imperialismo, o aluno pode 
perceber que o conjunto de fatores econômicos, políticos e sociais possibilitou a 
ocorrência da partilha da África nesse momento histórico e não em outro. Mais do 
que isso, a opção metodológica e os referenciais bibliográficos adotados, 
conferem ao aluno o contato com a perspectiva africana. 
Após compreender os contextos, investiu-se em entender como o 
imperialismo foi capaz de subjugar todo um continente. Para tal, o entendimento 
sobre a Conferencia de Berlin, e os acordos entre europeus e africanos se tornam 
fundamentais para a compreensão da iniciativa imperialista sobre a África. 
Da mesma forma, ao compreender as formas de dominação europeia, 
formas de resistência também se evidenciam. Durante a apostila pode-se ver a 
existência de resistências armadas, resistências através de acordos e resistências 
de cunho cultural. 
Por fim, para identificar as consequências que o imperialismo impôs ao 
continente africano, optou-se compreender as mudanças nas formas de 
organização política, social e territorial do continente africano. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BETTS, Raymond F. (revisão de A. I. Asiwaju). A dominação europeia: métodos e 
instituições. In.: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-
1935 / editado por Albert Adu Boahen. – 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 
 
BOAHEN, Albert Adu. A África diante do desafio colonial. In.: História geral da 
África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 / editado por Albert Adu 
Boahen. – 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 
 31 
 
__________________. O colonialismo na África: impacto e significação In.: 
História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 / editado 
por Albert Adu Boahen. – 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 
 
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A Africa na sala de aula : visita a 
história contemporánea / Leila Leite. Hernandez . - 2. ed. rev. — São Paulo : Selo 
Negro, 2008 
 
RANGER, Terence O. Iniciativas e resistência africanas em face da partilha e da 
conquista. In.: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-
1935 / editado por Albert Adu Boahen. – 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 
 
UZOIGWE, Godfrey N. Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral. 
In.: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 / 
editado por Albert Adu Boahen. – 2.ed. rev. – Brasília : UNESCO, 2010. 
 
LEITURAS RECOMENDADAS 
 
CATANI, Afranio Mendes. O que é Imperialismo - Coleção Primeiros Passos. 
Editora: Brasiliense 
 
CESAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Livraria Sá da Costa 
Editora, 1978. 
 
HOBSBAWM, Eric J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Editora: 
Forense Universitária 
 
MACEDO, José Rivair. História da África. Editora: Contexto 
 
VESENTINI, Jose William. Nova Ordem, Imperialismo e Geopolítica Global. 
Editora: Papirus

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