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Condutometria: Método de Análise Química

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Amilcar Daniel 
Baltazar Armindo 
Chaulim Avelino Xavier 
Francisca Vicente 
Hélio Narciso de Ernesto 
Sumeya Jahar 
Tucha Luis Aube 
 
 
 
 
Condutometria 
(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Gestão de Laboratório) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Rovuma 
Lichinga 
2022 
 
 
 
Amilcar Daniel 
Baltazar Armindo 
Chaulim Avelino Xavier 
Francisca Vicente 
Hélio Narciso de Ernesto 
Sumeya Jahar 
Tucha Luis Aube 
 
 
 
 
Condutometria 
 
Trabalho a ser apresentado no 
Departamento de Ciências 
Tecnologia, Engenharia e 
Matemática referente a cadeira de 
Química Analítica II de carácter 
avaliativo, sob orientação do Msc: 
Estêvão Clâvel 
 
 
Universidade Rovuma 
Lichinga 
2022 
 
 
Índice 
1.Introdução .................................................................................................................................. 3 
1.1.Objectivos ........................................................................................................................... 3 
1.1.1.Geral ................................................................................................................................. 3 
1.1.2.Especificos ....................................................................................................................... 3 
1.2.Metodologia ....................................................................................................................... 3 
2. Condutometria ........................................................................................................................... 4 
2.1.Tipos de condutores .......................................................................................................... 5 
2.2.Resistência dos condutores.................................................................................................. 6 
2.3.A condutividade específica ................................................................................................. 6 
2.4.Condutividade molar (Λm) ou iónica ................................................................................... 7 
2.5.Grau de dissociação ............................................................................................................. 7 
2.5.1.Lei de kohlrausch e lei de Ostwald .................................................................................. 8 
2.6.Limite da condutividade molar iónica ................................................................................. 9 
2.7.Condutância Equivalente................................................................................................... 10 
2.7.1.Condutâncias Equivalentes de tons Individuais ............................................................. 10 
2.8.Medidas de condutância de soluções iónicas ................................................................. 11 
2.9.Células condutométricas ................................................................................................... 13 
3.Correcção do solvente .......................................................................................................... 14 
3.1.Calibração das células de condutância .......................................................................... 15 
3.2.Condutometria directa ....................................................................................................... 16 
3.2.1.Aplicações ...................................................................................................................... 16 
3.3.Titulações condutimetricas ................................................................................................ 17 
4.Conclusão ................................................................................................................................. 21 
5.Referências Bibliografia .......................................................................................................... 22 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1.Introdução 
 No preente trabalho pretendemos abordar acerca da conductometria que é um método 
de análise fundamentada na medida da conductividade eléctrica de uma solução 
electrolitica. A condução da electricidade através das soluções iónicas ocorre devido a 
migração de iões, durante a aplicação de um potencial de corrente alternada. 
1.1.Objectivos 
1.1.1.Geral 
 Conhecer o método de analise condutometrico; 
1.1.2.Especificos 
 Definir a condutometria; 
 Interpretar a fórmula de cálculo de condutância; 
 Descrever como funciona o método comdutométrico; 
 Citar uma célula condutométrica. 
1.2.Metodologia 
 Para a elaboração deste trabalho para além dos conhecimentos práticos que possuímos, 
baseou-se na pesquisa bibliográfica onde trouxe interpretações sólidas e fundamentadas 
por diferentes autores que debruçam sobre o tema em alusão e também recorreu-se em 
pesquisa documental para recolher informações em relatórios, monografias e teses de 
doutoramento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2. Condutometria 
A condutometria é um método de análise que se fundamenta na medida da 
condutividade eléctrica de uma solução electrolítica. A condução da 
electricidade através das soluções iónicas ocorre devido à migração de iões 
positivos e negativos; durante a aplicação de um potencial de corrente alternada. 
A condutância eléctrica de uma solução é a soma das condutâncias individuais da 
totalidade das espécies iónicas presentes, os valores das resistências medidas 
obedecem a 1ª lei de Ohm, isto é, E = R.I (ou V = R.I). A condutância das 
soluções electrolíticas pode ser determinada por medida directa ou indirecta 
(titulação). (SERRA & BARBOZA, 2014). 
 
Lei de Ohm estabelece que a corrente (I) em (amperes) que flui num condutor é 
directamente proporcional a força electromotriz aplicada (E) em (volt) e 
inversamente proporcional à resistência (R) em (ohm) do condutor: 
 
I 
 
 
 
A recíproca da resistência é chamada de condutância (G ou L) ela é medida 
em ohms recíproca (ohms
-1
); para esta unidade foi proposto o nome de Siemens (S). 
A resistência de uma amostra de material homogéneo cujo distância entre as placas 
é d e a área das placas é A é dada por: G = 
 
 
 = 
 
 
 = 
 
 
 (Ω 
-1
 = S) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: (SERRA,2014) 
 
Duas placas de platina planas e paralelas de superfície A (cm
2
) recoberto por negro de 
platina, 
 
afastadas uma da outra por uma distância d, Onde ρ é uma propriedade 
característica do material chamado de resistividade (antigamente resistência 
especifica). Em unidade SI, d e A serão dados respectivamente em metros e metros 
quadrados, de modo que ρ se refere a um metro cúbico de material e é medido em 
5 
 
ohm.metro. Até o presente, as medidas de resistividade têm sido apresentada em 
termos de um centímetro cúbico de substância, dando-se ρ em unidade de ohm.cm. A 
recíproca da resistividade é a condutividade, k (chamada de condutância específica) 
que, em unidade SI, é condutância de um metro cúbico da substância e tem as 
unidades de ohm
-1
.m
-1 
(ou S.m
-1
), mas se ρ for medido em ohm.cm, k será medido em 
ohm
-1.
cm
-1
 (ou S.cm
-1
). (SERRA & BARBOZA, 2014). 
A condutividade de uma solução electrolítica a qualquer temperatura depende somente 
dos iões presentes e da sua concentração. Quando uma solução de um electrólito é 
diluída, a condutividade decresce porque menos iões estão presentes por cm3 da solução 
que carrega a corrente. Se toda a solução for colocada entre dois eléctrodos com 
afastamento de 1cm num frasco bastante grande para conter toda a solução, a 
condutância diminuirá à medida que a solução for diluída. Isto se deve fortemente à 
diminuição dos efeitos inter iónicos, no caso dos electrólitos fortes, e a um aumento do 
grau de dissociação, no caso dos electrólitos fracos. (SERRA & BARBOZA, 2014). 
2.1.Tiposde condutores 
1- Condutores electrónicos: metais, ligas metálicas, semicondutores. Nestes casos 
a condução da corrente eléctrica é feita por electrões, não envolvendo transporte 
de matéria durante o processo de condução de corrente e sem alteração das 
propriedades químicas do condutor, (LUCIANO,2017) 
2- Condutores electrolíticos: soluções iónicas, Nestes casos a condução da 
corrente eléctrica se da ás custas do movimento de iões em solução ou seja, com 
o transporte de matéria. 
 
 
 Fonte:(LUCIANO,2017) 
Na análise condutometrica só interessa na condutância dos condutores da segunda 
classe que são os electrolíticos. 
6 
 
2.2.Resistência dos condutores 
A resistência em condutores metálicos depende da natureza e dimensões do condutor. 
Sob a influência de um potencial aplicado, os iões em uma solução são quase 
instantaneamente acelerados em direcção ao eléctrodo de carga oposta, mas a 
velocidade de migração dos iões é limitada pela resistência do solvente ao movimento 
das partículas. A velocidade de migração dos iões se relaciona linearmente com a f.e.m. 
aplicada, as soluções de electrólitos obedecem à lei de Ohm , isto é, a corrente I é 
directamente proporcional à força electromotriz E, e inversamente proporcional à 
resistência R do meio.(OHLWEILER., 1990) 
Nas condições em que é necessário um potencial Ed (potencial de decomposição) para 
vencer os efeitos de polarização dos eléctrodos, a forma aplicável da lei de Ohm é: 
I = 
 
 
 
A resistência R de um condutor uniforme é directamente proporcional ao seu 
comprimento' e inversamente proporcional à área da seção transversal A: 
R = 
 
 
 (Ω, ohm) 
A constante de proporcionalidade p é a resistência específica do material, isto é, a 
resistência oferecida por um cubo do material, com um centímetro de aresta, entre faces 
opostas; como R é dado em ohms, a unidade de ρ é (Ω.cm
-1
). A condutância L de um 
material é definida como o inverso da resistência, isto é: L = 
 
 
 a unidade de 
condutância é, pois, o inverso do ohm (Ω 
-1
) e chama-se Siemens (S). A definição de 
condutância permite escrever-se: 
L = 
 
 
 = 
 
 
 = 
 
 
 (Ω 
-1
 = S) 
 em que k (o inverso da resistência específica) é a condutância específica com unidade 
de ohm
-1
, cm
-1
 ou S.cm
-1
. 
2.3.A condutividade específica 
A condutividade específica (k) ou condutividade da solução de um electrólito é função 
da concentração deste. (OHLWEILER.,1990). 
 Para um electrólito forte, k aumenta muito com o aumento da concentração. 
7 
 
 Para um electrólito fraco, k aumenta muito gradualmente com o aumento da 
concentração. 
Em ambos os casos, o aumento da condutância é devido ao incremento do número de 
iões por unidade de volume da solução. Com os eletrólitos fortes, o número de iões por 
unidade de volume aumenta na proporção da concentração; nas soluções mais 
concentradas, a não-linearidade no aumento de k com a concentração é devida a 
interacções iónicas. A variação gradual de k nas soluções de eletrólitos fracos se 
relaciona com a ionização parcial do soluto e a diminuição do grau de ionização com o 
incremento da concentração. (OHLWEILER., 1990) 
2.4.Condutividade molar (Λm) ou iónica 
A condutividade não é apropriada para comparar electrólitos devido a forte dependência 
em relação a concentração dos mesmos. Para este propósito é melhor determinar a 
condutividade molar (Λm). 
Esta é determinada a partir da condutividade específica (k) em S.cm
-1
 e da concentração 
(C) em mol/cm
3
da substância na solução electrolítica conforme: 
Λm=
 
 
 
2.5.Grau de dissociação 
O grau de dissociação ( ) representa a fracção de moléculas que estão efectivamente 
dissociadas, a medida da condutividade pode ser utilizada como método para 
determinar: 
 
 
 
 
O grau de dissociação pode variar: 
 não há dissociação; 
 há dissociação total. 
 
 
 
8 
 
2.5.1.Lei de kohlrausch e lei de Ostwald 
Medidas de condutância eléctrica permitem diferenciar electrólitos fracos e fortes. 
 Electrólitos fortes - lei de Kohlrausch; 
 Electrólitos fracos - lei de diluição de Ostwald. 
Examinando a dependência da condutividade com a concentração é possível determinar 
a condutividade de electrólitos a uma diluição infinita e desta forma calcular o grau de 
dissociação e a constante de dissociação de electrólitos fracos. (OHLWEILER., 1990). 
 
 Electrólito forte Electrólito fraco 
 
Kohlrausch concluiu que: 
 
 Para electrólitos fortes Λ∞ pode ser determinado extrapolando o gráfico da 
condutividade para níveis de baixa concentração (até concentração zero), para 
electrólitos fortes. 
 Para electrólitos fracos Λ∞ este método não pode ser empregado porque não 
ocorre dissociação completa. Valores de Λ∞ para electrólitos fracos podem ser 
calculado através da lei de migração independente 
 
Lei da Migração Independente de iões 
Após prolongados e cuidadosos estudos da condutância de soluções a baixas 
concentrações. Kohlrausch verificou que as diferenças de condutividades molares entre 
pares de sais (com os mesmos catiões) são aproximadamente iguais. (SERRA & 
BARBOZA, 2014). 
 
 
 
Cálculo das condutividades a partir das mobilidades iónicas 
9 
 
 Λ∞ (KCl) - Λ∞ (NaCl) = 130,1– 109,0 = 21,1. 
 Λ∞ (KNO3) - Λ∞ (NaNO3) = 126,3 – 105,3 = 21,0 
 
Desses resultados e de outros semelhantes ele concluiu que a condutividade molar de 
um electrólito é o somatório das condutividades dos iões componentes. 
2.6.Limite da condutividade molar iónica 
Quando a concentração do electrólito tende a zero, a condutividade é chamada de 
condutividade molar à diluição infinita (Λ∞). No caso de electrólitos fortes, Λ∞ pode ser 
determinado através da Lei de Kohlrausch da migração independente. Segundo esta lei, 
em diluição infinita, os iões tem comportamento independentes. (SERRA & 
BARBOZA, 2014). 
Λ∞ Λ
+
∞ + Λ
-
∞ 
Λ
+
∞ e Λ
-
∞ são as condutividades molares iónicas limites dos catiões e aniões, 
respectivamente a diluição infinita, é calculada a partir de suas mobilidades em diluição 
infinita. 
Λm Λ∞ - k 
Lei de Ostwald 
Electrólitos fracos não se dissociam completamente e possuem condutividade menor do 
que electrólitos fortes. Com o aumento da concentração de iões o equilíbrio de 
dissociação é deslocado na direcção das moléculas não dissociadas. O grau de 
dissociação ( ) de electrólitos fracos é o quociente da condutividade molar dividido 
pela condutividade molar a diluição infinita. 
 
 
 
 
A lei de Ostwald é valida para electrólitos fracos, permitindo desta forma calcular a 
constante de dissociação ( ) utilizando a equação: 
 
 
 
 
Ainda podem ser utilizadas as equações: 
K 
 
 
 ou k = 
 
 
 
 
 
 
 
 
 constante da célula 
 
 
10 
 
2.7.Condutância Equivalente 
Para facilitar a comparação das condutâncias de soluções de diferentes eletrólitos, foi 
introduzido o conceito de condutância equivalente A, que representa a capacidade de 
condução de todos os iões produzidos por um equivalente-grama do electrólito em uma 
solução de concentração dada. A condutância equivalente é a condutância associada 
com um faraday de carga. (OHLWEILER., 1990) 
Ela é definida como a condutância de uma solução contendo um equivalente-grama do 
electrólito colocada entre eléctrodos planos distantes I cm um do outro e com área 
superficial exactamente suficiente para conter todo o volume da solução. O volume da 
solução e a área superficial dos eléctrodos não são especificados, pois dependem da 
concentração da solução contendo O equivalente-grama do electrólito; por exemplo, 
uma solução contendo um equivalente-grama por litro requereria um par de eléctrodos, 
cada um com área superficial de 1 000 cm2
, ao passo que uma solução contendo um 
décimo de equivalente-grama por litro requereria eléctrodos com área superficial de 
10000 cm
2
. 
A condutância equivalente pode ser derivada da condutância específica e da 
concentração da solução. Ora, o volume V da solução (em cm
3
), que contém um 
equivalente-grama, é V = 1000/C em que C é a concentração em equivalentes-gramas 
por litro. Em termos das dimensões da célula, aquele. volume é: 
V = 
 
 
 
2.7.1.Condutâncias Equivalentes de tons Individuais 
Na condição de diluição infinita, qualquer electrólito se encontra completamente 
dissociado e as forças de interacção entre os iões deixam de existir; os iões actuam 
independentemente uns dos outros e cada um contribui com a sua parte para a 
condutância total (lei da migração independente dos iões). A condutância equivalente 
em diluição infinita de um electrólito é a soma das contribuições das suas espécies 
iónicas. (OHLWEILER., 1990) 
Portanto: Λo λ
+
o
 
+ λo
-
 
λ
+
o
 
e λo são as condutâncias equivalentes iónicas em diluição infinita do catião e do 
anião, respectivamente. As condutâncias equivalentes em diluição infinita são uma 
constante para cada espécie iónica em um dado solvente e para uma temperatura 
especificada. 
11 
 
A Tab. abaixo relaciona as condutâncias equivalentes iónicas em diluição infinita de 
alguns iões, para a temperatura de 25°C (l). As condutâncias equivalentes iónicas da 
maioria das espécies iónicas aumentam, aproximadamente, 2% por grau nas imediações 
da temperatura ambiente; para o ião hidrogénio, o valor de dx/dT é cerca de 1,4% por 
grau. As condutâncias equivalentes iónicas em diluição infinita das espécies iónicas não 
diferem grandemente, salvo as dos iões hidrogénio e hidróxido; as diferenças podem ser 
atribuídas, em geral, ao tamanho e ao grau de hidratação dos iões. 
Tabela1: valores de condutância de catiões e aniões. 
 
Fonte: (SERRA, 2014) 
Os valores elevados das condutâncias equivalentes dos iões hidrogénio e hidróxido 
sugerem um mecanismo especial de condução. O protão, em solução aquosa, se 
encontra na forma de ião H3O
+
: Aplicado um gradiente de potencial, o ião H3O
+
 se 
movimenta, em parte, segundo o mesmo mecanismo usado pelas demais espécies 
iónica. 
2.8.Medidas de condutância de soluções iónicas 
A condutância de uma solução é determinada pela medida da resistência entre dois 
eléctrodos de platina em uma célula com geometria bem definida. As medidas não 
podem ser realizadas sob corrente contínua (CC ou corrente directa, DC) por causa da 
ocorrência de reacções electrónicas: oxidação no ânodo e redução no cátodo, 
(LUCIANO, 2017) 
12 
 
Existem vários dispositivos electrónicos capazes de operar em corrente alternada e 
mensurar a resistência da solução, que será apresentada como condutância caso seja 
desejado. 
 
Fonte: (SERRA,2019) 
dupla camada eléctrica que se forma ao redor dos eléctrodos metálicos funciona como 
um capacitor. A aplicação de um potencial de CC ocasionaria a carga deste capacitor e 
nada mais aconteceria, a menos que o potencial aplicado fosse suficientemente grande 
para promover reacções electródicas. 
A condutância deve ser medida aplicando aos eléctrodos um potencial CA (corrente 
alternada) a fim de eliminar a ocorrência de reacções eletródicas, que alterariam a 
composição da solução. 
 Em corrente alternada, a reversão das cargas em cada meio-ciclo origina uma corrente 
não-faradaica. A dupla camada eléctrica de um dos eléctrodos se carrega, enquanto a do 
outro eléctrodo se descarrega; 
 No ciclo negativo, verifica-se um aumento na concentração de catões com o 
deslocamento de aniões na superfície do eléctrodo; 
 No ciclo positivo, ocorre o inverso. 
 
 
 
 
 
13 
 
2.9.Células condutométricas 
As células condutimétricas são construídas com eléctrodos de platina platinizada (fina 
camada de negro de platina – Pt coloidal) com uma geometria constante e conhecida. 
Não é necessário ter conhecimento da área (A) nem da distância entre os eléctrodos (l), 
bastando conhecer a constante de célula (l/A), como será visto logo mais adiante, 
(SERRA, 2019). 
A platinização aumenta a área superficial dos eléctrodos e, desta maneira, as 
capacitâncias. O resultado é a diminuição das correntes faradaicas. 
Consistem, essencialmente, de um recipiente para a solução e dois eléctrodos de 
platina em forma de lâminas alinhadas paralelamente, que definem uma coluna 
uniforme de solução. Os requisitos que uma célula condutométrica deve satisfazer 
dependem, em parte, do fim a que se destina, se para medidas absolutas (condutometria 
directa) ou relativas (titulação condutométrica) da condutância. 
Quando usada para medidas de condutância específica, ela precisa ter uma geometria 
constante conhecida; em geral, não é necessário conhecer os valores particulares dos 
parâmetros A (área do eléctrodo) e l (distância entre as lâminas dos eléctrodos), 
bastando conhecer a relação l/A ou constante da célula. 
No caso das células para titulações condutométricas, não é necessário conhecer o valor 
da constante da célula; então, o essencial é que os eléctrodos se mantenham rigidamente 
em posições fixas durante a titulação. (OHLWEILER., 1990). 
Ordinariamente, os eléctrodos de platina são recobertos com uma leve camada de negro 
de platina, que aumenta a área efectiva dos eléctrodos e, desta maneira, as respectivas 
capacitâncias; o resultado é a minimização das correntes faradaicas. Os eléctrodos são 
re-platinizados sempre que as medidas se tornem erráticas ou se observe a perda da 
camada de negro de platina. 
Os eléctrodos a platinizar são limpos por imersão em solução sulfúrico-crómica e 
intensiva lavagem com água. Em seguida, o par é imerso em uma solução contendo 3% 
de ácido hexacloroplatínico e 0,001% de acetato de chumbo (para facilitar a deposição 
de platina) e ligado a uma bateria de 3 ou 4 V com um resistor variável em série. 
A electrólise é conduzida sob evolução moderada de gás com inversão da polaridade a 
cada 15 segundos, até obtenção de um depósito cinza-claro (não preto). Então, os 
eléctrodos são lavados, colocados em ácido sulfúrico 0,5 M e submetidos à electrólise 
com inversão da polaridade a cada 15 segundos, durante alguns minutos, para remover 
as impurezas oclusas. É evitada a deposição de uma camada espessa de negro de platina, 
14 
 
que causaria efeitos de adsorção. Os eléctrodos são finalmente lavados com água. 
Quando fora de uso, os eléctrodos são conservados em água. (OHLWEILER., 1990). 
Alguns modelos de células de condutância 
 
Fonte: (Luciano, 2017) 
As células são dimensionadas de modo que a condutância a medir fique situada entre 
500 e 10000 S. Para soluções com baixas condutâncias, a área (A) dos elétrodos deve 
ser grande e a distância (l) entre estes pequena; inversamente, para soluções com 
condutâncias elevadas, a área deve ser menor e a distância maior. A constante da célula 
(l/A) deve ser exactamente conhecida. Para uma apropriada cobertura da faixa de 
condutâncias das soluções iónicas, usam-se células com constantes desde 0,1 até 10. 
3.Correcção do solvente 
A pureza do solvente (geralmente a água) é importante nos trabalhos sobre condutâncias 
de soluções. Nas medidas, onde é requerida maior exactidão, é preciso levar em conta a 
contribuição da água na condutância observada. 
Soluções em geral possuem condutividade > 1 mS cm-1, então, a condutância específica 
da água (< 1 μS cm
-1
) pode ser ignorada. 
No caso de soluções com condutâncias específicas menores que 1 mS cm
-1
, a 
contribuição da água precisa ser descontada, desde que os electrólitos da solução não 
reajam com as impurezas iónicas da água. (OHLWEILER., 1990). 
As condutâncias específicas da maioria das soluções encontradas, na prática, são 
maiores do que 10
-3
 S.cm
-1
 e, então, a condutância específica da água pode ser ignorada. 
No caso de soluções com condutânciasespecíficas menores do que 10
-3
 S.cm
-1
, a 
contribuição da água deve ser descontada. Todavia, nem sempre basta subtrair a 
condutância específica da água da condutância observada da solução. Esta correção 
15 
 
somente é válida quando os iões do electrólito presente na solução não reagem com as 
impurezas iónicas da água. 
Se a condutância da água for totalmente devida ao dióxido de carbono, por exemplo, a 
correcção por subtracção será válida no caso de o electrólito ser cloreto de potássio, mas 
errónea se for cloreto de hidrogénio. No último caso, a ionização do ácido carbónico 
será suprimida em extensão virtualmente, completa pela presença de ião H
+
 em 
concentração relativamente alta, proveniente do ácido mais forte. 
3.1.Calibração das células de condutância 
• l/A (constante de célula), para medidas de condutância específica é necessário calibrar 
equipamento Na prática, a constante de célula é avaliada com base na medida da 
condutância L de uma solução com condutância específica conhecida. (OHLWEILER., 
1990). 
 
 
 
 
 
 
• As soluções de condutâncias específicas conhecidas são as soluções-padrão de 
calibração: KCl. 
• Os valores de condutância destas soluções foram estabelecidos em células com 
geometria perfeitamente definidas. 
• Executa-se a calibração do sistema de medição com soluções de KCl de concentrações 
adequadas à faixa de condutividade em que serão realizadas as medições. 
O sistema somente necessita ser calibrado quando se deseja relatar o valor absoluto da 
condutividade ou para posterior comparação 
A medição da condutividade serve para: 
• Verificar a pureza de uma água destilada ou desionizada; 
• Verificar variações nas concentrações das águas minerais; 
• Determinar o teor em substâncias iónicas dissolvidas, por exemplo a determinação da 
salinidade do mar em trabalhos oceanográficos; 
• Determinar a concentração de electrólitos de soluções simples. 
16 
 
Uma aplicação interessante é a determinação de nitrogénio em matéria orgânica. O 
nitrogénio é convertido em amónia, que é, então, absorvida em uma solução de ácido 
bórico para a medida de condutância. 
3.2.Condutometria directa 
Correlaciona a condutância específica com a concentração de um electrólito. Tem 
aplicação muito limitada devido à falta de especificidade da medida de condutância, 
(SERRA,2019). 
A unidade básica de condutância (L) é o Siemens (S). Como a geometria da célula 
afecta os valores da condutância, medidas padronizadas são expressas em unidades de 
condutividade, κ (S/cm), para compensar as variações nas dimensões da célula de 
condutividade. 
A condutividade é simplesmente o produto da condutância pela constante de célula 
(l/A), onde l é o comprimento da coluna de líquido entre os eléctrodos e A é a área dos 
mesmos: 
3.2.1.Aplicações 
Controle da pureza: 
Em água destilada e desionizada, condensados, substâncias orgânicas: 
 Água pura (0,055 mScm-1) 
 Água destilada (0,5 mScm-1) 
 Água mineral (30 a 700 mScm-1) 
 Água potável (500 mScm-1) 
 Água doméstica (500-800 mScm-1) 
 Água do mar (56.000 mScm-1) 
Determinação dos electrólitos residuais: 
Em água potável, água desmineralizada, água para alimentação de caldeiras, efluentes. 
1,4 mScm
-1
 – 1 mgL
-1
 de sais dissolvidos 
Limite de potabilidade da OMS (máximo de 500 mgL
-1 
de sais dissolvidos) 
Concentração de sais: 
17 
 
Em banhos de salmoura, salinas, solos, águas de irrigação, fertilizantes, fibras e têxteis, 
banhos de anodização, galvanização e electrodeposição, soluções fisiológicas (diálise), 
alimentos e sucos de frutas. 
Processamento químico: 
Detecção do fim de lavagem de precipitados, determinação da solubilidade de sais 
pouco solúveis. 
3.3.Titulações condutimetricas 
Titulações condutimetricas se baseiam na determinação do ponto de equivalência de 
uma titulação através de variações da condutância da solução do analito pela adição do 
titulante. (OHLWEILER.1990). 
A adição de um electrólito a uma solução de outro electrólito, sob condições que não 
levem a uma mudança apreciável do volume, afectará a condutância à medida que 
ocorra uma reacção iónica. Se não ocorrer reacção iónica, como na adição de um sal 
simples a outro (Ex.: KCl a NaNO3), a condutância simplesmente aumentará. 
Se ocorrer reacção iónica, a condutância poderá aumentar ou diminuir; assim a adição 
de uma base a um ácido forte a condutância diminui devido à substituição do ião 
hidrogénio de alta condutividade por outro catião de condutividade mais baixa. 
Este princípio sobre o qual se baseiam as titulações condutométricas (Ex.: Substituição 
de iões de uma condutividade por ião de uma outra condutividade).Vê-se agora como a 
condutância de uma solução de um electrólito forte A
+
 B
-
 mudará quando se adicionar 
um reagente C
+ 
B
-
, admitindo-se que o catião A
+
 (que é o ião a ser determinado) reaja 
com o ião D
-
 do reagente. (OHLWEILER., 1990 apud SERRA & BARBOZA, 2014). 
Se o produto da reacção AD for relativamente insolúvel ou apenas levemente ionizado, 
a reacção poderá ser escrita com: 
A
+
 B
-
 → AD + C
+
 B
-
 
Assim a reacção entre A
+
 e iões D
-
, os iões A
+
 são substituídos por C
+
 durante a 
titulação. A medida que a titulação progride, a condutância aumenta ou diminui, 
dependendo de ser a condutividade do ião C
+
 maior ou menor do que a do ião A
+
. 
Durante o progresso de (neutralizações, precipitações, etc.) pode esperar, em geral 
mudanças na condutividade, de modo que elas podem ser empregadas para pontos finais 
e do progresso de reacções. 
 
18 
 
A condutividade é medida após cada adição de um pequeno volume do reagente, e os 
pontos obtidos são postos num gráfico que consiste em duas linhas que se interceptam 
no ponto de equivalência. A exactidão do método é tanto maior quanto mais agudo for o 
ângulo de intersecção e quanto mais pontos do gráfico caírem numa linha recta. 
O volume da solução não deverá mudar apreciavelmente; isto se consegue utilizando o 
reagente em solução 20 a 100 vezes mais concentrada do que a solução que está sendo 
titulada, sendo esta tão diluída quanto possível. (SERRA & BARBOZA,2014). 
Quando um ião é trocado por outro, com diferença significativa em condutância 
equivalente; a troca destes por outros iões de menor condutância é a base da técnica de 
titulação condutométrica em meio aquoso. 
 Reacções de neutralização; 
 Reacção de precipitação; 
 Reacção de complexação. 
Nota: Os resultados não são tão exactos como por neutralização. 
Reacções de Precipitação: Pode ser empregada desde que não ocorram processos por 
de adsorção nos eléctrodos e cinética lenta; 
Redox: Se necessário o emprego de tampão ou meio de elevada concentração de iões 
H
+
 não é possível a aplicação. 
Características: Titulações condutométricas 
Podem ser tituladas soluções diluídas (até 0,0001 mol.L-1) 
A variação da condutância deve ser significativa frente à condutância total 
 Erro de 10% em torno do ponto final; 
 Titulação de base fracas por ácidos fracos e vice-versa (tarefa muito difícil por 
outras técnicas). 
 Prever forma- da curva de titulação: 
 Definir titulante e titulado; 
 Verificar as espécies formadas durante a titulação; 
 Verificar valor da condutância equivalente dos diferentes electrólitos 
envolvidos. 
 
19 
 
 Reacção de neutralização: acido forte-base forte 
 Curva de ácido forte-base forte 
 
 
Fonte: (OHLWEILER., 1990) 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 Curva ácido fraco com base forte 
Depende da concentração e do Ka 
 
 Titulação de precipitação 
M
+
 + A
- 
+ N
+
 + B
-
 → MB(s) + N
+
 + A
-
 
 
 Fonte: (OHLWEILER., 1990) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
4.Conclusão 
No presente trabalho concluiu-se que a condutometria é um dos métodos de análise 
usado na Química Analítica especificamente para medir a condutividade eléctrica das 
soluções electrolíticas sob acção deum campo eléctrico e que terá uma força 
electromotriz responsável pela migração da iões, e que este método é bastante útil pois 
possibilita saber como os iões se movem dentro de uma solução e o sentido que estes 
iões se movem, e que na movimentação destes iões existem factores que podem 
influenciar o movimento, sendo elas a força eléctrica, a força de fricção, o efeito 
electroforéctico, e o efeito de relaxação, a condutância de uma solução pode ser medida 
da resistência entre dois eléctrodos de platina. A condutometria ela pode ser directa ou 
por titulação e em cada uma dessas ela apresenta determinadas aplicações ou seja actua 
em vários campos de pesquisa e possui vantagens e desvantagens na titulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.Referências Bibliografia 
SERRA, Antônio Aarão e BARBOZA, J. C. de S.. Análise instrumental. 2014 
HARRIS, D. C. . Análise Química Quantitativa, 7a Ed, ltc (Livros Técnicos e 
Científicos Editora Ltda), Rio de Janeiro,2008. 
Luciano, F.V, condutometria em www.zeus.qui.ufmg. Br,2017. accessado aos 26 de 
Agosto de 2022 
SKOOG, D.A.; HOLLER, F. J. ; NIEMAN, T.A.Fundamentos de Química 
Analítica.2008. 
OHLWEILER, Otto Alcides. Química Analítica Quantitativa, volume 3, Edição: 2ª 
edição, 1990. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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