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Apg 13 - Alterações de Memória

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Objetivos: 
OBJETIVO 1: Revisar a morfofisiologia das estruturas associadas a formação e consolidação da memória 
OBJETIVO 2: Entender quais são os tipos de memória (classificação) 
OBJETIVO 3: Compreender as alteracoes patologicas qualitativas e quantitativas da memória
 
MORFOFISIOLOGIA DAS ÁREAS ASSOCIADAS A FORMAÇÃO DA MEMÓRIA: 
Bases Neurológicas da memória: 
Para a formação da memória (fenômeno de memorização) são fundamentais estruturas como: as estruturas 
límbicas temporomediais, principalmente relacionadas ao hipocampo, à amígdala e ao córtex entorrinal. Elas 
atuam, em especial, na consolidação dos registros e na transferência das unidades de memória de curto e 
médio prazos (intermediária) para a de longo prazo (estocagem da memória remota). 
O substrato neural da memória de longo prazo (registros bem consolidados) repousa basicamente no córtex 
cerebral, ou seja, nas áreas de associação neocorticais, principalmente frontais e temporoparietoccipitais. 
Há evidências de que o processo neuronal de memorização difere entre memórias recentes (minutos a horas) 
e memórias de longo prazo (meses a anos). Nas memórias recentes, há mudanças e consolidações de sinapses 
neuronais relacionadas a complexas cascatas de eventos moleculares e celulares necessárias para a primeira 
estabilização de informações recentemente adquiridas, nas redes neuronais coordenadas pelo hipocampo. 
Em contraste, nas memorizações lentas e de longo prazo, a consolidação das memórias se baseia em 
processos de nível sistêmico (redes neuronais), lentos, tempo-dependentes, que convertem os traços lábeis 
de memória recente em formas mais permanentes, estáveis e ampliadas, baseadas na reorganização de redes 
neurais de suporte à memória, também coordenadas pelos hipocampos (Harand et al., 2012) 
A interrupção bilateral do circuito hipocampo-mamilo-tálamo-cíngulo pode determinar a incapacidade 
de fixação de novos elementos mnêmicos, produzindo, assim, a síndrome amnéstica, de maior ou menor 
intensidade. As estruturas mais importantes para a memória são, certamente, os hipocampos. 
Alterações da Memória 
 
 
 
 
 
 
Módulo II - Neurologia 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DA MEMÓRIA: 
Definição Básica: a memoria se caracteriza como a capacidade de codificar, armazenar e evocar 
experiencias, impressões e fatos que acontecem em nossas vidas. Tudo que uma pessoa aprende no período 
de sua existência está intimamente relacionado a memória. A capacidade especifica de memorizar algo 
depende de vários fatores, tais como: 
• Nível de consciência e atenção 
• Estado emocional 
• Interesse motivacional 
• Lugar, momento, com que pessoas, qual tipo de atividade, a fase da vida em que a pessoa se encontra, 
armazenamento e evocação de informações 
Para Iván Izquierdo (2002), “somos aquilo que recordamos ou que, de um modo ou de outro, resolvemos 
esquecer”. Perder a memória, segundo Squire e Kandel (2003), “leva à perda de si mesmo, à perda da história 
de uma vida e das interações duradouras com outros seres humanos”. 
Tipos de memória: 
Para os seres humanos, as memórias podem ser distinguidas como: 
1. Memória psicológica: diz respeito a memória cognitiva ou psicológica; está diretamente associada 
ao SN e permite ao individuo codificar, conservar e evocar a qualquer momento dados aprendidos de 
acordo com a experiencia própria 
2. Memória genética e epigenética: esse tipo de memória abrange conteúdos de informações 
biológicas adquiridos ao longo da história filogenética da espécie e ao longo das vivencias do individuo 
e seus ancestrais, contido no material biológico (DNA, RNA, cromossomos, mitocôndrias, mudanças 
epigenéticas) dos seres vivos. 
3. Memória imunológica: associada ao sistema imune, reúne informações registradas e 
potencialmente recuperáveis no organismo. 
4. Memória coletiva, social ou cultural: envolve conhecimentos e práticas sociais e culturais 
produzidas e mantidas por um grupo social (relacionadas a costumes, valores, praticas, linguagem , 
estilo de vida, ideologia, rituais, gesticulações, etc); esse tipo de memoria tem uma grande importância 
na sociedade humana, pois sem ela os grupos sociais perderiam sua identidade básica, a possibilidade 
 
de perceber o sentido da sua existência, a gratidão e crítica em relação ao passado e a esperança e 
prudência em relação ao futuro. 
Memória psicológica: No contexto estudado, daremos maior ênfase na memoria psicológica/cognitiva. Nas 
ultimsa décadas, evidencioi-se dois fatores importantes sobre a memória psicológica: 
1. A memória não é um processo unitário: ela é composta por inúmeros elementos, que podem ser 
organizados e expostos de formas diferentes e exigem redes e estruturas cerebrais diferentes. 
2. A memória não é um processo passivo: ela é um processo ativo, em que vários elementos do indivíduo 
participam da codificação e evocação, como elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e 
afetivos. 
A memória é frequentemente reeditada, ou seja, as informações de eventos, cenas e acontecimentos do 
passado que já foram armazenadas podem ser reconfiguradas com o acréscimo de elementos novos (vividos 
ou imaginados pelo próprio indivíduo ou instigados por estímulos externos, conscientes ou não). Deste modo, 
há um processo de recriação e reinterpretação no arquivo de longo prazo de nossas memórias. Elas 
frequentemente não são “o filme realista do que aconteceu”, mas “reedições criativas” de vários “diretores” que 
influem no conteúdo do arquivo de memórias. 
Fases ou Elementos Básicos da Memória: 
A memória é dividida em três elementos básicos, sendo eles: 
1. Codificação: é a construção da memória, ou seja, o ato de captar e codificar informações 
2. Armazenamento: é a capacidade de reter as informações de modo fidedigno 
3. Recuperação ou evocação: é o ato de recordar/lembrar da memória, é a fase em que as informações 
são recuperadas para determinados fins. 
A codificação (1ª etapa da construção da memória) é o processo inicial da memorização e depende muito da 
atenção. 
A evocação (capacidade de acessar novamente a memória) é a etapa final do processo da memória, nela, tem-
se dois aspectos distintos, a disponibilidade e a acessibilidade (as vezes tentamos lembrar do nome de algo, 
sentimos que está “na ponta da língua”, sabemos a primeira silaba, se o nome é curto ou longo, mas o nome 
inteiro não vem à cabeça, isso porque a memória a longo prazo está disponível, mas não está acessível no 
momento exato em que queremos lembrar). 
A lembrança é a capacidade de acessar informações a longo prazo. 
O reconhecimento por sua vez, pe a capacidade de identificar uma informação apresentada ao sujeito com 
informações já disponíveis na memoria de longo prazo. O esquecimento é quando não há possibilidade de se 
evocar uma memória. 
Classificação da memória de acordo com o tempo de aquisição, armazenamento e evocação: 
A memoria pode ser dividida em quatro momentos temporais, sendo eles: 
1. Memória sensorial e deposito sensorial (Até 1 segundo): as memórias sensoriais são ricas em 
conteúdo, geralmente sendo expostas por estímulos visuais (memoria icônica), auditivos (memoria 
ecoica) mas muito breves pelo fato de o indivíduo captar de modo não consciente, ou seja, elas são 
guardadas apenas por um período de tempo muito curto. Há um depósito sensorial, que funciona 
abaixo do limiar de consciência, em apenas 50 milissegundos, quando se deve “decidir” (quase sempre 
de modo inconsciente) se devemos voltar nossa atenção para certos estímulos ou se esses serão 
apagados. Por exemplo, em uma festa, passamos por um grupo, nosso nome é rapidamente falado 
 
por alguém, e, às vezes, mesmo sem perceber conscientemente, passamos a dirigir a atenção para a 
fala desse grupo. 
2. Memória imediata ou de curtíssimo prazo (de poucos segundos até 1-3 minutos): É a 
capacidade de reter o material (palavras, números, imagens, etc) imediatamente após ser percebido, 
comoreter um número de telefone para em seguida discar. Possui uma capacidade limitada e 
depende da concentração, da fatigabilidade e de certo treino. Dependem sobretudo da integridade 
das áreas pré-frontais. 
3. Memória recente ou de curto prazo (de minutos a 3-6 horas): é a capacidade de reter 
informações por curto período, é limitada assim como as anteriores. Muitas vezes, as memórias de 
curto prazo e de curtíssimo prazo são consideradas simplesmente como memória de curto prazo. 
4. Memória de longo prazo ou remota (dias, meses ou até muitos anos): é a função de 
transferência de informações para depósitos de longo prazo . ela se relaciona a evocação de 
informações e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente após muito tempo do evento (pode 
durar a vida toda). É um tipo de memória muito mais ampla que a imediata e a recente. Esse tipo de 
memória é guardada de forma organizada em sistemas que proporcionam uma estrutura 
organizacional, ou seja, são arquivadas e conservadas de acordo com seu significado em redes 
semânticas nas quais conceitos semelhantes são armazenados de maneira vinculada, próximos uns 
dos outros. Sendo assim, o significado das memorias proporciona a organização das mesmas no 
arquivo de longo prazo; assim podemos ouvir uma história, com varias frases distintas e meses depois 
sermos incapazes de reproduzir as frases corretamente, contudo, o significado geral da historia foi 
armazenado e pode ser evocado. Acredita-se que a memória remota se relacione tanto ao hipocampo, 
no processo de transferência de memórias recentes para memórias de longo prazo, como implicando 
também, para o armazenamento de longo, amplas e difusas áreas corticais de associação em todos os 
lobos cerebrais (mas principalmente nos frontais) (Kroll et al., 1997; Gazzaniga; Heatherton, 2005). 
Fatores associados ao processo de memorização: 
O processo de memorização depende de elementos como: 
• Nível de consciência e estado geral do organismo: o individuo deve estar desperto, não muito cansado, 
calmo e em bom estado geral para que a memorização ocorra da melhor forma possível. 
• Atenção focal: quando se possui foco, ou seja, a capacidade de manutenção da atenção concentrada 
sobre o conteúdo novo a ser fixado; informações novas tendem a entrar mais facilmente na memoria 
de longo prazo quando se tem bastante atenção durante o aprendizado. 
• Organização e distribuição temporal: diz respeito a distribuir as tentativas de aprendizado ao longo de 
um período de tempo mais longo e cadenciado ao invés de tentar aprender tudo apressadamente em 
um único dia; é melhor praticar “pouco e sempre” 
• Interesse e colorido emocional: relaciona-se às informações a serem fixadas, assim como ao empenho 
do indivíduo em aprender (vontade e afetividade). 
• Conhecimento anterior: elementos já conhecidos ajudam a adquirir elementos novos, principalmente 
quando se articulam os novos conhecimentos a informações, classificações e esquemas cognitivos já 
bem assentados, formando uma cadeia de elementos mnêmicos. 
• Estabelecimento de um contexto rico e elaborado: o contexto e as circunstâncias associadas a 
informação que se quer memorizar tem papel fundamental e central na eficácia da memorização 
• Codificação da informação nova em mais de uma via: quanto maior for o número de canais sensoriais 
e dimensões cognitivas distintas, mais efetiva será a fixação; por exemplo se a informação for uma 
palavra, deve-se buscar associar uma imagem visual; se for visual, deve-se buscar associar uma 
palavra. Com isso, são criados mapas mentais, que colaboram para o armazenamento eficaz. 
Tipos específicos de memória: 
 
Distinguem-se esses tipos de acordo com o caráter consciente ou não consciente do processamento do 
conteúdo mnêmico e com as áreas e estruturas cerebrais envolvidas 
1. Memórias dependentes do caráter consciente ou não consciente do processo mnêmico 
(memoria explicita/declarativa X memoria implícita/não declarativa): 
A memória explicita (declarativa) é relacionada ao conhecimento consciente obtido através de algum esforço; 
esse tipo de memoria é adquirido e evocado com plena intervenção da consciência, incluindo lembranças de 
fatos autobiográficos (memoria autobiográfica) e pode ser de caráter visual, palavras ou eventos. Ex: ter 
almoçado no último domingo com a avó pode ser lembrado com algum esforço e de forma consciente 
A memória implícita (sem consciência/não declarativa) é um tipo de memória que adquirimos sem que 
percebemos, ou seja, sem consciência e sem esforço; é automática e espontânea. Pode incluir procedimentos 
como muitas habilidades motoras (andar de bicicleta, saber bordar, escovar os dentes) assim como 
conhecimentos gerais ancorados em palavras (como aprender e falar a língua materna); a memória implícita 
influencia cotidianamente em nossa vidas, como por exemplo quando dirigimos o carro para casa e ao ouvir 
uma musica viajar ou submergir em um devaneio associado a um encontro amoroso, mas ao mesmo tempo 
conseguimos continuar dirigindo e chegar em casa. Mesmo sem perceber, paramos nos semáforos vermelhos 
e seguimos o trajeto de casa sem errar. A memória implícita proporciona isso. Alé disso, essa memoria esta 
associada a informacoes mostradas durante uma anestesia, sensações de familiaridade, testes de psicologia 
experimental, etc. 
O termo priming (a melhor tradução é aprimoramento de repetição) se refere a um tipo de memória implícita, 
importante no processo de recordação e execução de tarefas cognitivas. Os estímulos que já foram expostos 
ao sujeito, tanto de forma consciente como inconsciente são melhor processados do que estímulos novos. 
O priming ocorre sem que tenhamos a sensação subjetiva de reencontro com o estímulo, reforçando a ideia 
de que ele é um mecanismo da memória implícita. Assim, um músico toca ou ouve os primeiros dois ou três 
acordes de uma canção aparentemente esquecida e, de forma gradativa, a composição toda (e sua sequência 
de acordes e melodias) começa a ressurgir para ele. Do ponto de vista anatômico, o priming é um fenômeno 
predominantemente neocortical, participando dele as áreas pré-frontais e corticais associativas 
temporoparietoccipitais (Izquierdo, 2002). 
 
2. Memórias segundo a estrutura cerebral envolvida: 
São quatro os principais tipos de memória que correspondem a estruturas cerebrais diversas. Esses quatro 
tipos são afetados de forma diferente nas doenças e condições que diminuem ou destroem a memória (p. 
ex., demências). São, nesse sentido, as principais formas de memória de interesse à semiologia neurológica, 
psicopatológica e neuropsicológica (Izquierdo, 2002; Budson; Price, 2005). São eles: 
1. Memória de trabalho 
2. Memória episódica 
3. Memória semântica 
4. Memória de procedimentos 
 
1. Memória de Trabalho (working memory): está situada entre os processos e habilidades de atenção e os 
da memoria imediata. são exemplos de memória de trabalho ouvir um número telefônico e retê-lo na 
mente para, em seguida, discá-lo, assim como, ao dirigir em uma cidade desconhecida, perguntar sobre 
um endereço, receber a informação e a sugestão do trajeto e, mentalmente, executar o itinerário de 
forma progressiva. É uma memória explicita, consciente, que exige esforço; para diferenciá-la da memoria 
de curto prazo, deve-se lembrar que a memoria de trabalho é plenamente ativa, realizando operações 
mentais de modo constante (por isso “está trabalhando” continuadamente). Ela representa um conjunto 
de habilidades que permite manter e manipular informações novas (acessando-as em face as antigas), as 
quais podem ser verbais ou visuoespaciais, e que são mantidas em operação por um período 
relativamente curto, a fim de serem manipuladas com o objetivo de selecionar um plano de ação e realizar 
determinada tarefa. A memória de trabalho é vista também como uma gerenciadora de memória, opis 
possui papel de selecionar as informações que chegam constantementee compará-las com as existentes 
nas demais memorias de curta e longa duração. Esse processo requer mecanismos neurais adequados à 
seleção de informações pertinentes, mantendo-as “on-line” por breve período, até que a decisão e a 
resposta adequada sejam tomadas. As regiões corticais pré-frontais são importantes para a integridade 
da memória de trabalho. Nas tarefas verbais, há maior envolvimento das áreas pré-frontais esquerdas, 
assim como das áreas de Broca (frontal esquerda inferior) e de Wernicke (temporal esquerda superior). 
Nas tarefas visuoespaciais (seguir mapas mentalmente, sair de labirintos gráficos e montar quebra-
cabeças), há maior implicação das áreas pré-frontais direitas, assim como de zonas visuais de associação 
do carrefour temporoparietoccipital direito. 
Quando o córtex temporal é lesado, há prejuízo da memória de trabalho visual – associada a área Lipp 
(mas a memória de trabaho espacial é preservada); quando há lesão dos lobos parietais, ocorre o oposto. 
Pacientes com lesões nas áreas cerebrais associadas aos conhecimentos semânticos (sentido das 
palavras), como o córtex dos lobos temporais laterais e temporoparietais, têm prejuízos nos desempenhos 
da memória de trabalho verbal. 
Condicoes que alteram a memória de trabalho: são as que afetam as regiões pré-frontais causando 
alteração da memoria de trabalho. Ocorrem em demências principalmente, como: 
 
• Demência frontotemporal (DFT), sobretudo na variante frontal da DFT 
• Demência de Alzheimer 
• Demencias vasculares e demências com corpos de Lewy 
A memória de trabalho pode também estar comprometida na esclerose múltipla e no traumatismo 
craniano. Na demência de Alzheimer, o componente “sistema executivo” parece ser o que mais está 
prejudicano na memória de trabalho. Em quadros psicopatológicos como esquizofrenia, transtorno de 
déficit de atenção/hiperatividade e transtorno obsessivo-compulsivo, também se verificam alterações da 
memória de trabalho. No envelhecimento normal, ocorrem frequentemente dificuldades, de leves a 
moderadas, na memória de trabalho. 
 
2. Memória Episódica: Trata-se de memorias explicitas, de médio e longo prazo, relacionadas a eventos 
específicos da experiencia pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Relatar o que foi 
feito em um dia é um exemplo de memória episódica. Corresponde a eventos específicos e concretos, 
comumente autobiográficos, em determinado momento e local. Trata-se da recordação consciente de 
fatos reais. A perda da memória episódica, em geral, se evidencia para eventos autobiográficos recentes, 
mas, com o evoluir da doença (p. ex., doença de Alzheimer), pode incluir elementos mais antigos. A perda 
da memória episódica também obedece à lei de Ribot (perdem-se primeiro os elementos recentemente 
adquiridos e, depois, os mais antigos). Esse tipo de memória depende, em essência, de mecanismos 
relacionados àsregiões da face medial dos lobos temporais, particularmente o hipocampo e os córtices 
entorrinal e perirrinal. Quando tais áreas se deterioram, por exemplo, com o avançar da demência de 
Alzheimer, o paciente perde totalmente a capacidade de fixar e lembrar eventos ocorridos há poucos 
minutos ou horas, inclusive situações marcantes e significativas para ele. Os pacientes com síndrome de 
 
Wernicke-Korsakoff têm déficits graves na memória episódica, uma condição relacionada a danos 
no diencéfalo, primariamente nos corpos mamilares, no trato mamilo-talâmico e no tálamo anterior. 
Respeitando a lei de Ribot, a memória remota de eventos antigos permanece mais tempo sem alterações. 
O hipocampo é um depósito transitório de memórias, uma estação de transferência de elementos 
recentemente registrados para um arquivo mais permanente de lembranças, localizado de modo difuso 
em amplas áreas do córtex dos distintos lobos cerebrais. A memória episódica interage constantemente 
com a memória semântica (de conhecimentos gerais e conceitos; ver adiante), contrastando ou se 
articulando com ela. 
 
3. Memória semântica: esse tipo de memória se refere ao aprendizado, a conservação e utilização de 
conceitos e conhecimentos do indivíduo (conhecimentos gerais sobre o mundo). Assim, conhecimentos 
como a cor do céu (azul) ou de um papagaio (verde), ou quantos dias há na semana (sete), são de caráter 
geral e se cristalizam por meio da linguagem, ou seja, também são de caráter semântico. É 
frequentemente explicita, mas pode ser implícita também. Ela é, enfim, a representação de longo prazo 
dos conhecimentos que temos sobre o mundo, entre eles o significado das palavras, dos objetos e das 
ações. A contraposição desses dois tipos de memória (episódica e semântica) exemplifica-se da seguinte 
forma: lembrar como foi um almoço com os avós, em Belo Horizonte, há três semanas, depende do 
sistema de memória episódica. Já o conhecimento do significado das palavras “almoço”, “Belo Horizonte”, 
“avós”, etc., depende da memória semântica. 
Embora esses dois tipos de memória tenham certa independência, eles constantemente interatuam. 
Memórias episódicas são convertidas, ao longo do tempo e por exposição repetida, em memórias 
semânticas. 
A memória semântica previamente adquirida é muitas vezes preservada em pacientes que apresentam 
graves alterações no sistema de memória episódica. Indivíduos com síndrome de Wernicke-Korsakoff, por 
exemplo, têm grave déficit de memória episódica, mas podem ter a memória semântica preservada. 
A memória semântica, em acepção restrita, corresponde às capacidades de nomeação e categorização. 
Depende, de forma estreita, das regiões inferiores e laterais dos lobos temporais, sobretudo 
no hemisfério esquerdo (diferentemente da memória episódica, que depende das regiões mediais desses 
lobos, sobretudo dos hipocampos). 
 
4. Memória de procedimentos: diz respeito a uma memória automática e não consciente, ou seja, 
implícita/não declarativa. São habilidades motoras e perceptuais mais ou menos complexas (andar de 
bicicleta, digitas no computador, toca instrumento, ect), habilidades visuoespaciais (aprender soluções de 
labirintos e resolver quebra-cabeças) e habilidades automáticas relacionadas ao aprendizado de línguas 
(regras gramaticais incorporadas na fala automaticamente, decorar a conjugação dos verbos em língua 
estrangeira, etc). A memória de procedimentos, de modo geral, é implícita e não declarativa, mas, 
durante a aquisição da habilidade, pode ser explícita na fase de aprendizado, como quando, por exemplo, 
se aprende a dirigir um carro seguindo orientações verbais. Na maioria das vezes, a memória de 
procedimentos é implícita, pois manifesta-se tipicamente por ações motoras e desempenho de 
atividades, e não pela expressão de palavras (tornando-se consciente apenas com esforço). Aqui, a 
memorização ocorre de forma lenta, por meio de repetições e múltiplas tentativas. A localização da 
memória de procedimentos está relacionada com o sistema motor e/ou sensorial específico envolvido na 
tarefa. As principais áreas envolvidas são a área motora suplementar (lobos frontais), osnúcleos da base 
(sobretudo o striatum)e ocerebelo. 
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA MEMÓRIA: 
Alterações Quantitativas: 
• Hiperamnésias: é quando a pessoa lembra de tudo de forma aumentada, mas com qualidade da 
memória prejudicada. Alguns pacientes com mania ou hipomania, tem representações (Elementos 
 
mnêmicos) que afluem rapidamente, uma tempestade de informações ou imagens, ganhando em número 
porem perdendo em clareza e precisão. A hiperamnesia se caracteriza mais como uma aceleração geral 
do ritmo psíquico do que uma alteração propriamente dita da memória. 
Há outro tipo de hipermnésia, chamada hipermnésia para memória autobiográfica. Trata-se de um 
fenômeno raro, no qual o indivíduo tem uma memória autobiográfica quase perfeita e não é doente. 
(Parker et al., 2006). 
• Amnésias ou Hipomnesias: é quando a pessoa perde de forma parcial ou total a memória. Denomina-
se amnésia, de forma genérica, aperda da memória, seja da capacidade de fixar, seja da capacidade de 
manter e evocar antigos conteúdos mnêmicos. Segundo a lei de Ribot (atualmente 
denominada temporally graded amnesia), no indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre 
que esse processo patológico atinja seus mecanismos mnêmicos de codificação, armazenamento e 
recordação, a perda dos elementos da memória (esquecimento) segue algumas regularidades: 
1) O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na ordem e no sentido inverso que os adquiriu 
2) Ele perde primeiramente os elementos recentemente adquiridos e depois os mais antigos 
3) Perde primeiro os elementos mais complexos e depois os mais simples 
4) Perde primeiro os elementos mais estranhos (menos habituais) e posteriormente os mais 
familiares 
As amnesias podem ser divididas em dois grandes grupos, sendo psicogênicas/dissociativas ou orgânicas 
→ Amnesia dissociativa/psicogênica: há perda de elementos mnêmicos seletivos, os quais podem ter valor 
psicológico específico (simbólico, afetivo). O indivíduo esquece, por exemplo, uma fase ou um evento de 
sua vida (que teve um significado especial para ele), mas consegue lembrar de tudo que ocorreu “ao seu 
redor”. É quase sempre uma amnésia retrógrada (ver adiante). A amnésia dissociativa pode surgir em 
sequência a um episódio de trauma emocional e/ou relacionada a fuga dissociativa (quando o indivíduo 
foge de sua casa, em estado dissociativo). 
→ Amnésias orgânicas: a perda de memória é geralmente menos seletiva, em relação ao conteúdo 
emocional e/ou simbólico do material esquecido, do que na amnésia psicogênica. Em geral, perde-se 
primeiramente a capacidade de memorização de fatos e eventos recentes, e, em estados avançados da 
doença (geralmente demência), o indivíduo passa gradualmente a perder conteúdos mais antigos. 
Alterações Qualitativas: 
Paramnésias: estão relacionadas ao processo de deformação do processo de evocação de conteúdos 
mnêmicos previamente fixados. O indivíduo possui lembranças deformadas que não correspondem a 
sensopercepção original. Os tipos de paramnésias são: 
1. Ilusões mnêmicas: nesse caso há o acréscimo de elementos falsos a elementos da memoria de fatos 
que realmente aconteceram., sendo assim, a lembrança adquire caráter fictício . Ex: paciente relata 
que tem 20 filhos quando na verdade te 4 filhos. Podem ocorrer na esquizofrenia, no transtorno 
delirante e, menos frequentemente, nos transtornos da personalidade (borderline, histriônica, 
esquizotípica, etc) 
2. Alucinações mnêmicas: são criações imaginativas, dotadas de sensorialidade, com a aparência de 
serem lembranças ou reminiscências que não correspondem a qualquer elemento mnêmico ou 
lembrança verdadeira. Podem surgir de modo abrupto, sem corresponder com qualquer 
acontecimento. Ocorrem principalmente na esquizofrenia e em outras psicoses. 
As ilusões e as alucinações mnêmicas constituem, muitas vezes, o material básico para a formação e a 
elaboração de delírios (delírio imaginativo ou delírio mnêmico). 
 
Confabulações ou fabulações: é um erro de memória definido como a produção de memórias fantasiosas, 
distorcidas ou mal interpretadas sobre si mesmo ou do mundo, sem a intenção consciente de enganar. São 
narrativas que não são compatíveis com a história passada do indivíduo, ou seja, são memórias falsas, porem 
a pessoa que as confabula não sabe da falsidade, os principais aspectos são: 
1) Memórias ou recordações falsas, sendo que a falsidade repousa no seu conteúdo ou no seu contexto. 
2) A pessoa que confabula não sabe da falsidade de suas confabulação 
3) Confabulações são recordações plausíveis, ou seja, elas se parecem com o que poderia ter acontecido 
mas não aconteceu 
Criptomnésia: trata-se de um falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos 
ao paciente, vivendo-as como se fossem uma descoberta, sendo que já foram ditas anteriormente. Por 
exemplo, um indivíduo com demência (como do tipo Alzheimer) conta aos amigos uma história muito 
conhecida como se fosse inteiramente nova, mas que, há poucos minutos, foi relatada por outra pessoa do 
grupo. 
Ecmnésia: trata-se da recapitulação da revivescência intensa, abreviada e panorâmica da existência, uma 
recordação condensada de muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Na ecmnésia, o indivíduo 
tem a vivência perceptiva de visão de cenas passadas, como forma depresentificação do passado. Esse tipo 
de ecmnésia pode ocorrer em alguns pacientes com crises epilépticas. O fenômeno denominado visão 
panorâmica da vida, associado às chamadas experiências de quase-morte, é, de certa forma, um tipo de 
ecmnésia, que ocorre geralmente associado à iminência da morte por acidente (sobretudo afogamento, 
sufocamento ou intoxicação). Quando a ecmnésia ocorre associada à proximidade da morte, alguns indivíduos 
que sobreviveram relatam ter visto um túnel, uma luz forte e uma névoa luminosa, associados a essa visão de 
“filme condensado da própria vida”. 
Lembrança obsessiva: A lembrança obsessiva, também denominada ideia fixa ou representação prevalente, 
manifesta-se como o surgimento espontâneo de imagens da memória ou conteúdos ideativos do passado 
que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente pelo indivíduo. A imagem 
da memória, embora reconhecida como indesejável, reaparece de forma constante e permanece, como um 
incômodo, na consciência do paciente. Manifesta-se em indivíduos com transtornos do espectro obsessivo-
compulsivo (TOC). 
 
Referências: 
• MACHADO, Angelo B. M.. Neuroanatomia funcional. 2 São Paulo: Atheneu Editora, 2007, 363 p. 
• GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. 
• PORTH, C.M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2010. 
• Tratado de Neurologia do Merritt. 13a. Edição, Editora Guanabara Koogan, 2018. 
• Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre,. 2008. 
• DE SOUSA, Aline Batista; SALGADO, Tania Denise Miskinis. Memória, aprendizagem, emoções e inteligência. 
Revista Liberato, v. 16, n. 26, p. 141-152, 2015. 
• TEIXEIRA, Marta. O FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA HUMANA E OS TIPOS DE AVALIAÇÃO. 
• MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
• BITENCOURT, Eduarda Machado et al. Doença de alzheimer: aspectos fisiopatológicos, qualidade de vida, 
estratégias terapêuticas da fisioterapia e biomedicina. Inova Saúde, v. 8, n. 2, p. 138-157, 2018. 
• TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Grupo GEN, 2016.

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