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Geison Vasconcelos Lira Thayná Araújo Freire Thays Araújo Freire ORGANIZADORES MANUAL DE SEMIOLOGIA MÉDICA ATUALIZADOOBJETIVOPRÁTICO C M Y CM MY CY CMY K FOLHA DE ROSTO - Manual de Semiologia Médica.pdf 1 13/01/2020 21:54:38 Manual_Semiologia_Medica.indb 3 25/01/2020 15:03:52 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 145 CAPÍTULOEXAME DA CABEÇA E DO PESCOÇO 7 Autora: Ana Raquel Ferreira de Azevedo Coautores: Geison Vasconcelos Lira, Frederico Eduardo Ribeiro Bezerra Monteiro e Pedro Gomes Cavalcante Neto O que você irá ver neste capítulo: Mapa mental dos principais sinais e sintomas Introdução Exame físico da cabeça • Crânio • Couro cabeludo • Face • Olhos • Nariz e cavidades paranasais • Orelha externa e pavilhão auricular • Boca Exame físico do pescoço • Exame das cadeias linfonodais • Exame da tireoide Medicina baseada em evidências Caso clínico Referências ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Manual_Semiologia_Medica.indb 145 25/01/2020 15:03:58 MAPA MENTAL 1. M A PA M EN TA L D O S PR IN CI PA IS S IN A IS E S IN TO M A S O LH O S C A B EÇ A E PE SC O Ç O M AL IG N ID A D E EX O FT AL M IA EN O FT AL M IA EC TR Ó PI O EN TR Ó PI O R IN O R R EI A R IN O R R AG IA EP IS TA XE ES TE R N U TA Ç ÃO H IP O SM IA R IN O FI M A H IP ER TR O FI A N AR IZ E M S EL A R U BI C U N D EZ AD ER ID O IN D O LO R EN D U R EC ID O C O AL ES C EN TE S B EN IG N ID AD E M Ó VE L D O LO R O SO FI BR O EL ÁS TI C O SI N AI S FL O G ÍS TI C O S N A R IZ LÁ B IO S M AC R O C EF AL IA M IC R O C EF AL IA AC R O C EF AL IA ES C AF O C EF AL IA D O LI C O C EF AL IA BR AQ U IC EF AL IA , PL AG IO C EF AL IA LI N FO N O D O S LI SA PI LO SA SA BU R R O SA FR AM BO ES A G EO G R ÁF IC A ES C R O TA L M AC R O G LO SS IA TR ÊM U LA G LO SS IT E O R EL H A S LÍ N G U A AN EI S D E KA YS ER - FL EI SC H ER H AL O S EN IL ES TR AB IS M O S PT O SE P AL PE BR AL O LH O V ER M EL H O D O R O C U LA R EP ÍF O R A PR U R ID O C R Â N IO O R A L C AV ID A D E O TO R R EI A O TO R R AG IA O TA LG IA PR U R ID O D IS AC U SI A AC Ú FE N O S VE R TI G EM FA R IN G E D IS FA G IA TO SS E H AL IT O SE R O N C O AM BL IO PI A AM AU R O SE D IP LO PI A N IS TA G M O XA N TO PS IA IA N TO PS IA FO TO FO BI A C LO R O PS IA ES C O TO M AS LA R IN G E D IS FO N IA PI G AR R O Manual_Semiologia_Medica.indb 146 25/01/2020 15:03:59 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 147 1. M A PA M EN TA L D O S PR IN CI PA IS S IN A IS E S IN TO M A S O LH O S C A B EÇ A E PE SC O Ç O M AL IG N ID A D E EX O FT AL M IA EN O FT AL M IA EC TR Ó PI O EN TR Ó PI O R IN O R R EI A R IN O R R AG IA EP IS TA XE ES TE R N U TA Ç ÃO H IP O SM IA R IN O FI M A H IP ER TR O FI A N AR IZ E M S EL A R U BI C U N D EZ AD ER ID O IN D O LO R EN D U R EC ID O C O AL ES C EN TE S B EN IG N ID AD E M Ó VE L D O LO R O SO FI BR O EL ÁS TI C O SI N AI S FL O G ÍS TI C O S N A R IZ LÁ B IO S M AC R O C EF AL IA M IC R O C EF AL IA AC R O C EF AL IA ES C AF O C EF AL IA D O LI C O C EF AL IA BR AQ U IC EF AL IA , PL AG IO C EF AL IA LI N FO N O D O S LI SA PI LO SA SA BU R R O SA FR AM BO ES A G EO G R ÁF IC A ES C R O TA L M AC R O G LO SS IA TR ÊM U LA G LO SS IT E O R EL H A S LÍ N G U A AN EI S D E KA YS ER - FL EI SC H ER H AL O S EN IL ES TR AB IS M O S PT O SE P AL PE BR AL O LH O V ER M EL H O D O R O C U LA R EP ÍF O R A PR U R ID O C R Â N IO O R A L C AV ID A D E O TO R R EI A O TO R R AG IA O TA LG IA PR U R ID O D IS AC U SI A AC Ú FE N O S VE R TI G EM FA R IN G E D IS FA G IA TO SS E H AL IT O SE R O N C O AM BL IO PI A AM AU R O SE D IP LO PI A N IS TA G M O XA N TO PS IA IA N TO PS IA FO TO FO BI A C LO R O PS IA ES C O TO M AS LA R IN G E D IS FO N IA PI G AR R O 2. INTRODUÇÃO As doenças da cabeça e pescoço são causas frequentes de atendimento com o médico generalista. Conhecer a semiotécnica deste exame físico é, portanto, de primordial importância para correta orientação diagnóstica e terapêutica. 3. EXAME FÍSICO DA CABEÇA Está compreendida no exame físico da cabeça a avaliação das seguintes estruturas: crânio, couro cabeludo, face, olhos, nariz e cavidades paranasais, orelha e pavilhão auricular e boca.1 3.1. Crânio Avaliar forma, volume, postura, movimentos involuntários, abaulamen- tos, retrações e deformidades. Realize a inspeção e palpação.1,2 Exemplo de descrição normal: Crânio simétrico sem deformidades, abaulamentos ou retrações. 3.2. Couro cabeludo Avaliar sensibilidade, temperatura, alterações de cor e textura, presença de lesões e cicatrizes. Realize a inspeção e palpação.1,2 Exemplo de descrição normal: Couro cabeludo sem alterações de sensibilidade, temperatura, cor e textura. Ausência de cicatrizes. 3.3. Face Avaliar pele, simetria, deformidades e sensibilidade.1,2 Veja Figura 1. Exemplo de descrição normal: Fácies atípica sem alterações de sensibilidade, cor, textura e forma. Manual_Semiologia_Medica.indb 147 25/01/2020 15:03:59 CAPíTuLO 7 148 Figura 1. Avaliação da face. Fonte: Autor. 3.4. Olhos Avaliar quantidade e implantação dos pelos das sobrancelhas, pálpebras, cílios, fenda palpebral, aparelho lacrimal, globos oculares, conjuntivas, es- cleras, córneas, movimentos dos olhos, íris, pupilas, tensão ocular, acuidade visual, campo visual, reflexos oculomotores e fundo de olho.1,2 Exemplo de descrição normal: Quantidade e implantação dos pelos das sobrancelhas, pálpebras e cílios dentro da normalidade; ausência de hiperemia ou lesões oculares; acuidade e campo visual preservados, pupilas isocóricas, reflexo fotomotor direto, consensual e de acomodação presentes. Fundo de olho: nervo óptico róseo, de limites bem definidos, área macular brilhante, fina, de coloração homo- gênea, e vasos de limites nítidos, com calibre homogêneo. 3.5. Nariz e cavidades paranasais Avaliar tamanho, forma, cor, mucosa, aspecto do vestíbulo, secreções, sensibilidade.1,2 Manual_Semiologia_Medica.indb 148 25/01/2020 15:03:59 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 149 Exemplo de descrição normal: Nariz e cavidades paranasais sem alterações da forma, cor, mucosa. Au- sência de lesões. 3.6. Orelha externa e pavilhão auricular Avaliar tamanho, forma, integridade, implantação.1,2 Exemplo de descrição normal: Sem alterações da forma, integridade, implantação. 3.7. Boca Avaliar mucosa, língua, palato, assoalho, orofaringe, tonsilas, observando umidade, coloração, presença de lesões, dentição (grau de conservação da arcada dentária: se está completa ou incompleta, se os dentes estão em bom ou mau estado de conservação).1,2 Utilize dois abaixadores de língua unidos em uma das pontas formando um ‘V’ para melhor avaliar a cavidade oral.1,2 Exemplo de descrição normal: Boca sem alterações da forma e com integridade mucosa, língua, palato, assoalho, orofaringe, tonsilas. Dentição completa em bom estado de higiene e conservação. 4. EXAME FÍSICO DO PESCOÇO O exame físico do pescoço compreende sua avaliação geral (musculatura, postura, movimentação, batimentos ectópicos, volume, forma, simetria, tumores), avaliação da coluna cervical e avaliação específica dos linfonodos, tireoide e vasos cervicais.3,4 a) Linfonodos Realizar palpação e inspeção, avaliando tamanho, aderência a planos profundos e superficiais, localização, simetria, consistência, coalescência, Manual_Semiologia_Medica.indb 149 25/01/2020 15:03:59 CAPíTuLO 7 150 sensibilidadee alterações da pele circunjacente (fístulas, retrações, sinais flogísticos, ulcerações).1,3,4 Exemplo de descrição normal: 1. Ausência de adenomegalias. 2. Adenomegalia única palpável em região cervical anterior com cerca de 1 cm no seu maior diâmetro, móvel, fibroelástica, não aderida a planos profundos, indolor e sem alterações da pele circunjacente. b) Tireoide Realizar inspeção, palpação, ausculta.3,5 Exemplo de descrição normal: Tireoide não visível, não palpável e sem sopros. c) Vasos Realizar palpação e ausculta das carótidas. Avaliar presença de turgência jugular.1,2 Exemplo de descrição normal: Carótidas palpáveis bilateralmente, simétricas e sem sopros. Ausência de turgência jugular aos 45 graus. 4.1. Exame das Cadeias Linfonodais 4.1.1. Anatomia das cadeias linfáticas Ao longo de toda a região cervical existem várias cadeias de linfonodos bem definidas e interligadas. Cada órgão cervicofacial possui sua drenagem preferencial para um grupamento específico de linfonodos, de acordo com a sua anatomia. Ao longo dos anos, várias divisões das regiões cervicais foram propostas, mas, em 1991, a American Academy of Otolaringology – Head and Neck Surgery definiu uma classificação das cadeias linfonodais cervicais por níveis anatômicos, que desde então se tornou a classificação padrão para a Cirurgia de Cabeça e Pescoço.6,7 Manual_Semiologia_Medica.indb 150 25/01/2020 15:03:59 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 151 Nessa classificação, os linfonodos são subdivididos em grupos, que são nomeados e numerados:6-8 y Submentonianos – Nível I y Submandibulares – Nível I y Jugular alto – Nível II y Jugular médio – Nível III y Jugular baixo – Nível IV y Trígono posterior – Nível V y Compartimento anterior – Nível VI Figura 2. Trígonos cervicais. Fonte: Autor. 4.1.2. Irrigação dos gânglios linfáticos4,6,7 y Occipital e auricular: couro cabeludo, pavilhão da orelha e ouvido interno; Manual_Semiologia_Medica.indb 151 25/01/2020 15:03:59 CAPíTuLO 7 152 y Submaxilares, amigdalianos e submentonianos: orofaringe, língua, lábios, dentes e glândulas salivares; y Cervicais profundos e supraclaviculares: órgãos intratorácicos e intra-ab- dominais. 4.1.3. Semiotécnica – palpação de linfonodos1,2 y Paciente sentado e examinador posicionao atrás do paciente; y Não há uma ordem específica para avaliar as regiões. Orienta-se que cada examinador padronize sua própria ordem para não se esquecer de nenhuma região; y Pode-se palpar ambos os lados simultânea ou separadamente; y A palpação deve ser realizada com as polpas digitais e a face ventral dos dedos médio, indicador e anular; y Apoiam-se os polegares sobre o músculo trapézio; y Para palpar as cadeias cervicais, mobiliza-se a cabeça para o lado que se deseja avaliar a fim de relaxar a musculatura ipsilateral; y Para melhor palpar os linfonodos cervicais posteriores, pode-se apre- ender o m. esternocleidomastoideo entre o polegar e dedo indicador e médio de uma mão e palpar os linfonodos com a outra; y CUIDADO: ao palpar os linfonodos submandibulares, não confundir com as glândulas salivares. 4.1.4. Cadeias linfáticas a serem palpadas1,2 y Pré-auricular (Figura 3); y Retroauricular (Figura 4); y Subocciptal; y Submentoniana (Figura 5); y Submaxilar (Figura 6); y Cervical anterior (Figura 7); y Cervical posterior (Figura 8); y Supraclavicular. Manual_Semiologia_Medica.indb 152 25/01/2020 15:03:59 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 153 Figura 3. Palpação linfonodos pré-auriculares. Fonte: Autor. Figura 4. Palpação lindonodos retroauriculares. Fonte: Autor. Manual_Semiologia_Medica.indb 153 25/01/2020 15:03:59 CAPíTuLO 7 154 Figura 5. Palpação lindonodos submentonianos. Fonte: Autor. Figura 6. Palpação linfonodos submaxilares. Fonte: Autor. Manual_Semiologia_Medica.indb 154 25/01/2020 15:03:59 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 155 Figura 7. Palpação linfonodos cervicais anteriores. Fonte: Autor. Figura 8. Palpação linfonodos cervicais posteriores. Fonte: Autor. Manual_Semiologia_Medica.indb 155 25/01/2020 15:04:00 CAPíTuLO 7 156 4.1.5. Avaliação dos linfonodos e descrição1,2,9 Durante a palpação dos linfonodos, deve-se avaliar as seguintes características: y Localização: descrever conforme as regiões ou níveis cervicais e faciais conhecidos. Exemplo: Linfonodo retroauricular; linfonodo localizado no nível cervical V a aproxi- madamente 2 cm do músculo trapézio y Número: especificar a quantidade, sempre que possível. Quando não o for, especificar se é único ou se são múltiplos. Exemplo: Linfonodo único; 3 linfonodos; linfadenopatia generalizada em região cervical. y Dimensões: preferencialmente, registrar as 3 dimensões. Quando não o for, registrar ao menos o maior diâmetro. Exemplo: Linfonodo medindo 2cm. y Superfície: especificar se os contornos são regulares ou irregulares. y Consistência: especificar se a consistência encontra-se fibroelástica (normal), amolecida, endurecida, pétrea etc. y Mobilidade: especificar se são móveis ou fixos (aderidos a planos pro- fundos). y Sensibilidade: avaliar se durante a manipulação manifestador ou se são indolores. Sempre questionar a presença de dor antes da manipulação. Quando presente, iniciar a palpação pela área mais distante do ponto doloroso, e gradativa e delicadamente palpar a zona crítica. y Coalescência: quando forem múltiplos, especificar se os linfonodos se encontram independentes ou coalescentes. y Relação com a pele adjacente: especificar quando houver comprome- timento da pele circunjacente, como hiperemia, hipertermia, úlceras, fístulas etc. Manual_Semiologia_Medica.indb 156 25/01/2020 15:04:00 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 157 4.2. Exame da Tireoide Está compreendido nas etapas: inspeção, palpação e ausculta. 4.2.1. Inspeção Habitualmente, a tireoide não é visível, com exceção de pacientes muito emagrecidos. Para melhor visualização, o paciente deve estar sentado, es- tendendo a cabeça para trás e solicitando que o mesmo degluta. Como a glândula situa-se fixa à fáscia pré-traqueal, é esperado que ela se desloque para cima ao pedir para o paciente deflutir. Nos aumentos difusos da glân- dula, as duas faces laterais e a anterior do pescoço ficam uniformemente abauladas.1,2,5 4.2.2. Palpação A glândula tireoide é palpável em muitos indivíduos normais, apre- sentando lobos com cerca de 3 a 5 cm no sentido vertical e o istmo com diâmetro aproximado de 0,5 cm.1,5 PASSO 1: Localização da glândula Para localizar a glândula tireoide, deve-se ter como referencial anatômico as cartilagens tireoide e cricoide, tendo em vista que o istmo da glândula tireoide encontra-se anatomicamente abaixo da cartilagem cricoide.2,5 O istmo da glândula pode ser examinado colocando-se o polegar direito, horizontalmente, abaixo da cartilagem cricoide. Será possível perceber o istmo quando o paciente deglutir. Ele apresenta consistência borrachosa e mede cerca de 0,5 cm de largura. O istmo com tamanho aumentado, firme ou com nódulos é uma indicação de anormalidade tireoidiana.5 Manobras Especiais Na suspeita de bócio retroesternal ou mergulhante, pode-se lançar mão da manobra de elevar os braços paralelos à cabeça com o pescoço esten- dido. Esta manobra irá elevar o polo cefálico do bócio, fazendo-o aflorar à fúrcula esternal, além de provocar ingurgitamento e congestão venosa da face (sinal de Pemberton). A base para essa manobra é que o tamanho da entrada do tórax já está reduzido pelo bócio, e a manobra de elevar os Manual_Semiologia_Medica.indb 157 25/01/2020 15:04:00 CAPíTuLO 7 158 braços reduz ainda mais a entrada torácica e causa congestão e ingurgita- mento venoso da face e, algumas vezes, distúrbio respiratório ou mesmo síncope (raramente).1,2,5 PASSO 2: Palpação da tireoide Método 11,2,5: y Paciente sentado e com o pescoço levemente fletido; y Examinador à direita e à frente do paciente; y Localiza-sea tireoide; y Posicionam-se os dedos polegar e indicador direitos em cada um dos lados da traqueia e solicita-se que o paciente degluta. Sentirá a glândula, bilateralmente, passando pelos dedos. Para palpar os lobos individualmente: y Colocam-se os dedos indicador e médio da mão direita justapostos para palpar o lobo esquerdo da glândula. O examinador posiciona-se à direita do paciente; y De maneira análoga, faz-se para palpar o lobo direito; y Solicita-se que o paciente degluta. Método 21,2,5: y Paciente sentado e com o pescoço levemente fletido; y Examinador à frente e levemente à direita do paciente; y Posiciona-se o polegar esquerdo sobre o lobo esquerdo da tireoide. Os demais dedos da mão esquerda posicionam-se na lateral direita do pescoço; y De maneira análoga, usa-se o polegar direito para palpar o lobo direito; y Solicita-se que o paciente degluta. Método 31,2,5 (Figura 9): y Paciente sentado; y Examinador em pé atrás do paciente; Manual_Semiologia_Medica.indb 158 25/01/2020 15:04:00 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 159 y Solicita-se que o paciente fleta a cabeça para o lado a ser examinado, com o objetivo de relaxar o músculo esternocleiodomastoideo; y Posicionam-se os dedos indicador e médio homolaterais ao lobo exa- minado sobre a sua topografia para explorá-lo; y Posiciona-se o polegar homolateral atrás do pescoço; y Para sensibilizar a manobra, pode-se pressionar um dos lobos da tireoide enquanto se examina o lobo contralateral. Essa manobra impulsiona o lobo examinado para frente, facilitando a palpação; y A manobra é repetida para o outro lobo; y Solicita-se que o paciente degluta. Figura 9. Palpação da tireoide com examinador atrás do paciente. Fonte: Autor. 4.2.3. Ausculta A ausculta da glândula tireoide ficará restrita àqueles pacientes com suspeita de tireotoxicose, uma vez que o aumento do fluxo sanguíneo poderá determinar a ocorrência de sopros sobre a glândula, associados ou não a presença de frêmitos.2,5 Manual_Semiologia_Medica.indb 159 25/01/2020 15:04:00 CAPíTuLO 7 160 5. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS – MBE Quadro 1. Principais variáveis de um teste diagnóstico. REVISÃO RÁPIDA MBE Sensibilidade Se meu paciente tem uma doença, qual probabilidade de um teste diagnóstico ser positivo? Especificidade Se meu paciente não tem uma doença, qual probabilidade de um teste diagnóstico ser negativo? Razão de verossimilhança Quantas vezes é mais provável encontrar um resultado, seja ele po- sitivo ou negativo, em pessoas doentes em relação a pessoas sadias? • Quanto maior a RV positiva = mais o resultado positivo aumenta a probabilidade de doença. • Quanto menor a RV negativa = mais o resultado negativo diminui a probabilidade de doença. Fonte: Autor. O bócio é uma das apresentações clínicas das tireoideopatias, que nem sempre é encontrado durante o exame físico; porém, quando é encontrado, normalmente apresenta significado com necessidade de tratamento espe- cífico para a causa. A palpação cervical auxilia no diagnóstico e pode trazer benefícios para o paciente devidamente examinado, visto que as patologias que cursam com esse achado normalmente são tratáveis. Tabela 1. Avaliação de testes diagnósticos da relação entre bócio e palpação cervical. ACHADO SENSIBILIDADE(%) ESPECIFICIDADE (%) RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA Achado presente Sem bócio palpável ou visível 5-57 0-40 0,4 Bócio palpável, visível após extensão do pescoço 13 ____ SS Bócio visível e palpável em posição normal 43-82 88-100 23,6 * SS: Sem significância Fonte: Modificado de McGee, Steven R.18 Manual_Semiologia_Medica.indb 160 25/01/2020 15:04:00 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 161 A meningite é a infecção/inflamação das meninges que recobrem o encéfalo e a medula óssea. As causas são variadas, podendo ser viral, fún- gica, bacteriana, asséptica etc. Outro quadro importante que pode levar à irritação meníngea é a hemorragia subaracnoidea. As complicações das meningites podem ter prognóstico ruim, portanto seu diagnóstico precoce se faz importante. Ao exame físico, podemos encontrar rigidez nucal e sinais de Kernig e Brudzinski. Tabela 2. Avaliação de testes diagnósticos da relação entre sinais meníngeos e meningite. ACHADO SENSIBILIDADE(%) ESPECIFICIDADE (%) RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA Achado presente Achado ausente Rigidez nucal 20-52 69-81 1,5 SS Sinal de Kernig 7-18 93-98 2,5 SS Sinal de Brudzinski 7-14 94-98 2,2 SS * SS: Sem significância Fonte: Modificado de McGee, Steven R.18 Manual_Semiologia_Medica.indb 161 25/01/2020 15:04:00 CASO CLÍNICO 162 História clínica M. C. S, sexo feminino, 73 anos, procedente e residente em Santa Quitéria, interior do Ceará, parda, casada, aposentada, católica, com escolaridade até a quarta série do ensino fundamental, comparece ao consultório médico acompanhada do sobrinho, relatando queixa de “caroços no pescoço”. A paciente relata que há dois meses apresentou quadro de infecção de via aérea superior, evoluindo no mês seguinte com linfadenomegalia cervical bilateral (em seu prontuário, é descrito o maior, à direita, com tamanho de aproximadamente 20mm, de consistência tensa, elástica e dolorosa ao to- que) associada à febre vespertina não aferida, quando realizou tratamento com amoxicilina e clavulanato por 7 dias, apresentando discreta melhora clínica, porém sem remissão completa do quadro. A paciente abandonou a consulta. Após algumas semanas, a paciente recorreu ao serviço de emer- gência apresentando febre de 39°C, normalmente ocorrendo no final da tarde, adenomegalia cervical à direita com presença de eritema e dor, odi- nofagia, anorexia e perda ponderal de 4kg no último mês. Foi submetida à USG cervical e excisão do gânglio linfático à direita por agravamento dos sinais inflamatórios. Medicações em uso: Losartana 50mg (1-0-1). Antecedentes pessoais: Hipertensa crônica controlada há 12 anos. Hábitos: Ex-tabagista (15 maços/ano) há 13 anos. Antecedentes familiares: Mãe falecida aos 82 anos por infarto agudo do miocárdio, com história prévia de hipertensão arterial sistêmica. Não co- nheceu o pai. Exame físico Exame físico geral / Ectoscopia: Regular estado geral, hipocorada (1/4+), hidratada, anictérica, acianótica, febril, sobrepeso, eupneica, consciente, orientada. Dados vitais: FC 95bpm, FR 19 irpm, Tax 38°C, PA 130x90 em decúbito e sentada, no MSE. Manual_Semiologia_Medica.indb 162 25/01/2020 15:04:00 CASO CLÍNICO 163 Exame da cabeça e do pescoço: Crânio normocefálico, ausência de re- trações, cicatrizes e abaulamento no couro cabeludo. Cavidade oral sem alterações. Pescoço com mobilidade diminuída por dor, principalmente à direita. Linfadenomegalia cervical bilateral em cadeia anterior, com maior linfonodo palpável com tamanho de 1 polpa digital e meia, de consistência tensa, elástica, não aderida aos planos profundos, doloroso à palpação, com eritema ao redor da área linfonodal. Exame neurológico: Ausência de achados relevantes. Exame do tórax e aparelho respiratório: tórax atípico, eupneica, expansi- bilidade e frêmito toracovocal normais, som claro pulmonar à percussão, murmúrio vesicular presente e universal, sem ruídos adventícios. Exame do sistema cardiovascular: precórdio normodinâmico, ausência de turgência jugular patológica, ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas, em dois tempos, sem sopros. Exame abdominal (incluindo aparelho genital): Sem alterações relevantes. Exame das extremidades e pulsos periféricos: Extremidades bem perfun- didas, pulsos periféricos palpáveis, cheios e simétricos, sem alterações de cianose. Melanodermia em membros superiores. Exame das articulações e sistema osteomuscular: Sem alterações rele- vantes. Exames complementares Relatório histopatológico: infiltrado inflamatório agudo, necrose e presença de granulomas. Exames laboratoriais: Hb 11,1 g/dL, Ht 34%, VCM 92 fl, leucócitos 13.400, neutrófilos 73%, Proteína-C Reativa 15,9 mg/dL.Radiografia de tórax: sem alterações. USG cervical: múltiplas adenopatias nas cadeias ganglionares laterocervi- cais bilaterais, sugestivas de lesões secundárias. Manual_Semiologia_Medica.indb 163 25/01/2020 15:04:00 CASO CLÍNICO 164 Pontos de discussão 1. Qual é o sintoma-guia? E como investigá-lo? 2. Qual é o diagnóstico sindrômico? 3. Qual é o diagnóstico anatômico/topográfico? 4. Qual é a principal hipótese de diagnóstico etiológico? 5. Quais os achados do exame físico corroboram a hipótese? 6. Quais são os diagnósticos diferenciais? Discussão do caso O caso clínico em questão trata de uma paciente do sexo feminino, ido- sa, com queixa de linfadenomegalias cervicais bilaterais, dolorosas, sinais inflamatórios, com tratamento prévio para outras infecções, com melhora parcial do quadro e abandono do tratamento e das consultas. O sintoma- -guia para o caso é a linfadenomegalia importante, que se apresenta de forma crônica, com sinais inflamatórios, apresentando características be- nignas, mas que precisam ser investigadas para confirmação da principal hipótese diagnóstica. É importante salientar nesse caso a relação temporal da linfadenomegalia, uma vez que os casos mais comuns, como reação às infecções, normalmen- te desaparecem de forma precoce junto ao processo infeccioso. Quando encontramos casos mais tardios, é preciso ficar de olho nos diagnósticos diferenciais, levando em consideração as características encontradas na anamnese e exame físico, como o tamanho, evolução do crescimento, dor à palpação, mobilidade ou aderência aos planos profundos, consistência, bem como os achados de exames complementares.10,11 O quadro clínico trata-se de tuberculose ganglionar (diagnóstico etio- lógico), o segundo tipo mais comum de tuberculose extrapulmonar (TEP). Essa doença compromete, principalmente, os gânglios das cadeias cervicais (diagnóstico anatômico), mais comumente a anterior, com um leve predomí- nio à direita, como no caso descrito. Esses sinais corroboram o diagnóstico, podendo ser comprovado por histopatológico. Normalmente, as mulheres são mais acometidas (2:1).11 Manual_Semiologia_Medica.indb 164 25/01/2020 15:04:00 CASO CLÍNICO 165 Os gânglios apresentam crescimento lento e evoluem de forma insidiosa. No início, se apresentam de forma indolor e móveis ao exame físico. Na história natural da doença, tendem a aumentar seu volume e coalescer, aderindo aos planos profundos. Sem o devido tratamento, a massa pode evoluir com fístula, drenando material soroso ou purulento.12-14 O diagnóstico é confirmado por meio de histopatologia, com o granuloma descrito como o principal achado. O material pode ser obtido por biópsia ou por punção aspirativa da massa ganglionar. O diagnóstico diferencial deve ser feito com as doenças linfoproliferativas, viroses, lues, fases iniciais de aids, etc.1,15 O tratamento da TEP ganglionar é realizado com o mesmo esquema de drogas utilizado na tuberculose pulmonar, normatizado no Brasil com qua- tro drogas específicas (rifampicina, isoniazida, etambutol e pirazinamida), com tempo de tratamento divergente na literatura, normalmente durante 6 meses nos casos mais simples.16,17 Sintoma-guia: Adenomegalia cervical. Diagnóstico sindrômico: Síndrome linfadenopática. Síndrome febril. Diagnóstico anatômico/topográfico: Comprometimento da cadeia linfática cervical anterior. Hipótese diagnóstica: Tuberculose ganglionar. Diagnósticos diferenciais: • Neoplasia primária • Metástase • Linfadenite cervical • Linfonomegalia reativa • Vasculites • Toxoplasmose • Sarcoidose • Doença da arranhadura do gato • Doença de Kikuchi-Fujimoto Manual_Semiologia_Medica.indb 165 25/01/2020 15:04:00 CASO CLÍNICO 166 Pontos importantes 1. Diante de uma síndrome linfadenopática, deve-se excluir causas neo- plásicas, principalmente em paciente susceptíveis, com fatores de risco, pela grande morbimortalidade desse tipo de doenças; 2. O diagnóstico de certeza é feito através de biópsia excisional do linfo- nodo acometido; 3. Linfonodos inflamatórios, não aderidos a planos profundos, dolorosos, de consistência fibroelástica, falam a favor de doenças infecciosas. Manual_Semiologia_Medica.indb 166 25/01/2020 15:04:00 ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO 167 REFERÊNCIAS 1. López M, Laurentz JM. Semiologia médica: as bases do diagnóstico clínico. 4. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 1999. 2v. 2. Benseñor IM. Semiologia Clínica. 1. ed. São Paulo: SARVIER; 2002. 3. BatesB, Bickley LS, Hoekelman RA. Bates B – A Guide to Physical Examination and History. 5. ed. Philadelphia: Lippincott; 1995. 4. Browse N. Propedêutica Cirúrgica Básica. Rio de Janeiro-São Paulo: Atheneu; 1980. 5. Maciel LMZ. O exame físico da tireóide. Medicina, Ribeirão Preto. 2007: 40(1): 72-7. 6. Salles JMP, Duarte IG. Pescoço. In: Fonseca FP e Savassi Rocha PR. Cirurgia Ambulatorial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1979. 7. Salles JMP, Paixão RM, Oliveira EL, Soares JMA. Cirurgia Cabeça e Pescoço. In: Petroianu A. Lições de Cirurgia. Rio de Janeiro: Interlivros; 1997. 8. Seidel HM, Ball JW, Dains JE, Benedict GW. Mosby’s Guide to Fhysical Examination. 3. ed. Saint Louis: Mosby; 1995. 9. Porto CC. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019. 10. Rizzon CFC, Ott WP. Tuberculose: epidemiologia, diagnóstico e tratamento em clínica e saúde pública. Rio de Janeiro: Medsi Ed. Médica e Científica Ltda; 1993. 11. Veronesei R, Focaccia R. Tratado de infectologia. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Atheneu; 2015. 12. de Melo FAF, Afiune JB. Quimioterapia da tuberculose: bases condutas e procedimentos. J Pneumol. 1993: 19: 73-81. 13. Lester TW. Extrapulmonarytuberculosis. ClinChest Med.1980; 1(2): 219-25. 14. Moura CCG, Afiune JB, Fiuza de Melo FA et al. Aspectos clínicos-laboratoriais de pacientes portadores de tuberculose ganglionar, sem HIV (+), acompanhados em um centro de refe- rência. J Pneumol. 1994. 15. Picon PD, Azevedo SNB, Rizzon CFC, Silva LCC, Oliveira MEM, Pinto JAF. Tuberculose de gânglios linfáticos. In: Picon PD, Rizzon CFC, Ott WP (ed.). Tuberculose:epidemiologia, diagnóstico e clínica em clínica e saúde pública.Rio de Janeiro: Medsi Ed. Médica e Científica Ltda; 1993. 16. Thornton GF. 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