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Manual de Semiologia Médica

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Prévia do material em texto

Geison Vasconcelos Lira
Thayná Araújo Freire
Thays Araújo Freire
ORGANIZADORES
MANUAL DE
SEMIOLOGIA
MÉDICA
ATUALIZADOOBJETIVOPRÁTICO
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
FOLHA DE ROSTO - Manual de Semiologia Médica.pdf 1 13/01/2020 21:54:38
Manual_Semiologia_Medica.indb 3 25/01/2020 15:03:52
ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
53 
CAPÍTULOANAMNESE E 
ENTREVISTA CLÍNICA 3
Autoras: 
Thayná Araújo Freire e 
Thays Araújo Freire
Coautores: 
Igor Abadessa da Igreja e 
Pedro Gomes Cavalcante Neto
O que você irá ver neste capítulo:
Introdução
Roteiro de anamnese
• Identificação
• Queixa Principal
• História da Doença Atual – HDA
• Interrogatório Sintomatológico
• História Patológica Pregressa
• Medicações de uso Habitual
• História Fisiológica
• Hábitos e Estilo de Vida
• História Psicossocial
• História Familiar
Estratégias para uma boa entrevista clínica
Medicina centrada na pessoa
Referências
✓
✓
✓
✓
✓
“Escute seu paciente, pois ele 
vai contar-lhe o diagnóstico.”
Sir William Osler
Manual_Semiologia_Medica.indb 53 25/01/2020 15:03:54
CAPíTuLO 3
54 
1. INTRODUÇÃO
A anamnese (do grego ana, “trazer de novo” e mnesis, “memória”) é o 
primeiro passo na abordagem de qualquer paciente. Seu conceito sur-
giu na Grécia, com Hipócrates (460-356 a.C.), e vem sendo aprimorado ao 
longo dos séculos. É a habilidade médica mais importante para se chegar 
ao diagnóstico correto, além de ser a ferramenta fundamental da relação 
médico-paciente.
“A história clínica não é o simples registro de uma conversa; é mais 
do que isso: o resultado de uma conversação com objetivos explí-
citos, conduzida pelo médico e cujo conteúdo vai sendo elaborado 
criticamente por ele.”1
Dada sua importância, alguns estudos avaliaram o impacto da anamnese 
no diagnóstico clínico (Tabela 1), comprovando que seu papel se sobressai 
em relação ao exame físico e aos exames complementares.
Tabela 1. Papel da Anamnese, Exame Clínico e Exames 
Complementares no Diagnóstico Clínico.
HAMPTON 
ET AL. SANDLER
PETERSEN 
ET AL.
ROSHAN 
E RAO
BENSEÑOR 
ET AL.
Ano 1975 1979 1992 2000 2003
Número de 
pacientes 80 630 80 98 95
Contribuição no diagnóstico (%)
Anamnese 82,5 56 76 78,6 40,4
Exame físico 8,75 17 12 8,2 29,4
Exames 
complementares 8,75 23 11 13,2 29,5
Total 100 96 99 100 98,9
Fonte: Adaptado de Benseñor2.
Uma anamnese mal conduzida pode resultar em diagnósticos equivo-
cados, tratamentos inadequados, uso não direcionado dos recursos com-
plementares e desvalorização médica. Para tanto, seu ensino agrupa um 
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
55 
conjunto de técnicas consagradas pelo tempo, que deve ser bem com-
preendido para melhorar sua precisão e acurácia.
Apresentaremos neste capítulo uma sistematização para condução da 
anamnese, que facilitará o aprendizado principalmente dos estudantes de 
medicina em formação. Vale ressaltar, contudo, que o roteiro de entrevista 
é algo muito pessoal, que o profissional médico deve refinar ao longo do 
tempo, de acordo com sua personalidade e experiência.
Tabela 2. As três funções da entrevista médica.
1. COLETA DE DADOS
Determinar e monitorar a natureza do problema
Objetivos
Permitir que o clínico estabeleça um diagnóstico ou recomende exames complementa-
res adicionais, sugira abordagens terapêuticas e preveja a natureza da doença
2. CONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTO
Desenvolver, manter e concluir o relacionamento terapêutico
Objetivos
Garantir a disponibilidade do paciente para fornecer informações de diagnóstico
Garantir alívio do sofrimento físico e psicológico do paciente
Garantir a disposição do paciente em aceitar o plano de tratamento ou um processo 
de negociação
Garantir a satisfação do paciente e do clínico
3. EDUCAÇÃO DO PACIENTE
Realizar a educação do paciente e implementar planos terapêuticos
Objetivos
Garantir a compreensão do paciente sobre a natureza da doença
Garantir a compreensão do paciente dos procedimentos diagnósticos sugeridos
Melhorar a compreensão do paciente sobre as possibilidades de tratamento
Conseguir consenso entre clínico e paciente
Conseguir o consentimento informado
Melhorar os mecanismos de enfrentamento
Promover mudança de estilo de vida
Fonte: Adaptado de Shorey5 e Lipkin6.
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CAPíTuLO 3
56 
2. ROTEIRO DE ANAMNESE
2.1. Identificação
a) Nome (e como gostaria de ser chamado)
b) Idade
c) Sexo
d) Cor/raça
e) Estado Civil
f ) Profissão/Ocupação Atual e Anterior
g) Local de Nascimento
h) Procedência
i) Residência Atual e Anterior
j) Grau de Escolaridade
k) Nome da Mãe
l) Religião
m) Fonte da história
Permite traçar o perfil sociodemográfico, direcionando o raciocínio 
diagnóstico para doenças próprias da faixa etária, de gênero, de zonas 
endêmicas, bem como doenças relacionadas ao trabalho, além de permitir 
a adaptação da linguagem ao nível de escolaridade do paciente. Quanto 
à religião/espiritualidade, é importante questionar se faz parte de uma 
religião e se é praticante, bem como se mudou de crença e o motivo para 
tal mudança.
Exemplo:
Francisco de Assis Silva (“Chico”), 45 anos, masculino, pardo, casado, auxi-
liar de produção, natural de Massapê, procedente de Sobral, ensino médio 
completo, filho de Maria das Graças Silva, católico não praticante. Fonte 
da história: paciente.
2.2. Queixa Principal
Sintoma(s) referido(s) pelo paciente que motivaram o atendimento mé-
dico. Sugere-se sempre registrar, quando possível, com os próprios termos 
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
57 
do paciente e definir o tempo de duração. Não se deve aceitar rótulos diag-
nósticos e, caso o paciente enumere várias queixas, deve-se perguntar qual 
dela mais o incomoda no momento.
Exemplo:
“Crise de dor nas costas há 2 dias”.
2.3. História da Doença Atual – HDA
É a parte mais importante da entrevista, pois contém a narrativa, em or-
dem cronológica, dos eventos que determinam a doença atual. O primeiro 
passo é determinar o sintoma-guia, que servirá como condutor da história. 
Determina-se como sintoma-guia aquele que permite a reconstrução da 
história com maior facilidade e precisão. Nem sempre é o mais antigo e 
não necessariamente é único. A partir deste item, na descrição, devemos 
sempre utilizar os termos técnicos apropriados.
Existem os seguintes atributos de um sintoma:
 y Início: destacando, além da data, se abrupto ou insidioso, bem como as 
circunstâncias relacionadas.
 y Duração: aqui caberia uma ressalva. Importante diferenciar duração 
da doença de duração do sintoma. Por exemplo, o paciente tem uma 
dor torácica há 3 meses, mas ela vem em crises de 10 minutos. Isso é 
importante para diferenciar dor cardíaca de dor não cardíaca. Este item 
também inclui frequência da queixa.
 y Localização e irradiação
 y Qualidade
 y Intensidade
 y Evolução
 y Fatores desencadeantes, de melhora ou de piora: fatores desencadean-
tes e fatores de piora nem sempre são os mesmos. Por exemplo, quem 
tem enxaqueca descreve como fator desencadeante a ingestão de cho-
colate. Entretanto, fator de piora seria exposição a luz.
 y Manifestações associadas.
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CAPíTuLO 3
58 
Além dos itens descritos, deve-se avaliar o impacto do sintoma no estado 
geral do paciente e nas atividades fisiológicas, buscando na história altera-
ções do ciclo sono-vigilia, apetite, defecção e micção, bem como alterações 
de peso no período. Encerra-se o relato com a situação dos sintomas no 
momento atual.
Exemplo:
Refere dor lombar de início progressivo há cerca de três anos, caracteriza-
da como “em peso”, sem irradiação, desencadeada e agravada por esfor-
ço físico, como levantar peso, e aliviada com repouso e uso de 500 mg de 
paracetamol. No início do quadro, a dor não atrapalhava seus afazeres, 
sendo quantificada como 2-3 na escala numérica verbal (ENV). Surgia 1 ou 
2 vezes por mês,durando 2-3 horas. Evoluiu com piora progressiva e, nos 
últimos meses, passou a dificultar seus afazeres (5 na ENV), se tornando 
mais frequente (2 vezes por semana) e durando o dia todo. Nega sintomas 
associados, como fraqueza muscular, parestesias, alterações urinárias ou 
gastrintestinais. Há dois dias, após ajudar no transporte de sacos de cimento, 
apresentou crise intensa, que não cedeu. Caracteriza como ora em peso, ora 
pulsátil. Acomete especialmente o lado direito da região lombar, irradiando 
para face posterior da coxa até o joelho ipsilaterais, sem parestesia, perda de 
sensibilidade ou fraqueza muscular. Não foi trabalhar, pois a dor é intensa 
(8 na ENV). Melhora um pouco quando se deita de costas com as pernas 
ligeiramente elevadas e com 400 mg de ibuprofeno. Nega perda de peso, 
febre, náuseas. Eliminações fisiológicas.
2.4. Interrogatório Sintomatológico
Recomenda-se a coleta do Interrogatório Sintomatológico logo após 
a HDA, pois serve para resgatar sintomas que passaram despercebidos 
inicialmente e que, na verdade, fazem parte da HDA. Assim, nesta seção, 
cabe questionar sintomas não relatados na HDA, também com termos 
técnicos, e que podem (neste caso, devendo ser descritos na HDA) ou não 
ter relação com a doença atual. Não é necessário repetir sintomas/sinais 
relatados na HDA.
 y Geral: febre, sudorese, calafrios, astenia, adinamia, icterícia, palidez, 
fraqueza, fadiga, anorexia, perda ou aumento de peso/período, peso 
usual e atual;
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
59 
 y Pele e fâneros: prurido, fotossensibilidade, rash, alterações de pigmenta-
ção, alterações do revestimento cutâneo, presença de lesões dermatoló-
gicas elementares (placa, mancha, vesícula, bolha, nódulo etc.), alopécia, 
hipertricose, alterações dos cabelos e pelos, alteração ungueal, alteração 
da sudorese, uso de tintura para cabelo;
 y Cabeça e pescoço: dor, cefaleia, alterações dos movimentos, nodulações, 
adenomegalias, disfonia;
 y Aparelho Ocular: dor ocular, fotofobia, diplopia, xeroftalmia, sensação 
de corpo estranho, lacrimejamento, nistagmo, escotomas entre outros;
 y Aparelho Auditivo:, trauma, lesões da pele, otalgia, otorreia, otorragia, 
zumbido, acúfenos, hipoacusia;
 y Nariz e Cavidades Paranasais: alterações da olfação, rinorreia, obstrução 
nasal, crises esternutatórias e epistaxe;
 y Cavidade Bucal e Anexos: lesões de mucosa oral, halitose, disfagia, 
disfonia, odinofagia, xerostomia, rouquidão, diseugias, sialose;
 y Aparelho Respiratório: dor ventilatório dependente, dispneia, ortop-
neia, trepopneia, platipneia, dispneia paroxítica noturna, tosse, expec-
toração, vômica, hemoptise, alterações da forma do tórax, sibilância, 
cornagem etc.;
 y Aparelho Cardiovascular: dor precordial, palpitações, dispneia, disp-
neia paroxística noturna, ortopneia, edema, cianose, palidez, sudorese, 
hemoptoicos;
 y Aparelho Digestivo: alterações de forma do abdome ou do apetite; dor, 
sialorreia, halitose, disfagia, odinofagia, pirose, regurgitação, náuseas, 
vômitos, icterícia, intolerância alimentar, hematêmese, hematoquezia, 
plenitude gástrica, empachamento pós-prandial, diarreia, disenteria, 
esteatorreia, constipação, flatulência, tenesmo, dor anal, disquezia etc.;
 y Aparelho Renal e Urinário: alterações miccionais (hesitação, urgência, 
modificação do jato urinário, retenção urinária, incontinência), alteração 
do volume e do ritmo urinário (oligúria, anúria, poliúria, disúria, polaci-
úria, frequência, noctúria, nictúria, enurese), alterações da cor da urina 
(hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria, porfirinúria, urina turva), 
alterações do cheiro da urina, odor, edema, dor lombar, etc.
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CAPíTuLO 3
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 y Aparelho Genital Feminino: alterações da frequência e do fluxo do 
ciclo menstrual (amenorreia, hipermenorreia, irregularidades), cólicas, 
tensão pré-menstrual, data da última menstruação, corrimento, prurido, 
disfunções sexuais;
 y Aparelhos Genital Masculino: distúrbios miccionais, dor testicular, pria-
pismo, corrimento uretral, disfunções sexuais;
 y Sistema Osteoarticular e Muscular: dor, rigidez pós-repouso, sinais 
inflamatórios, crepitação articular, deformidades, restrição de mobili-
dade, tofos, nódulos, alterações da força e do tônus muscular, atrofia 
muscular, hipertrofias, miotonias, tetania, cãibras;
 y Sistemas Hemolinfopoiéticos: palidez, sangramentos, estados de hiper-
coagulabilidade, adenomegalias, febre, exposição a agrotóxicos;
 y Sistema Endócrino: alterações do desenvolvimento físico e sexual, 
sinais/sintomas relacionados ao hipertireoidismo como taquicardia, 
perda ponderal, sudorese, irritabilidade e insônia, sinais/sintomas rela-
cionados ao hipotireoidismo como bradicardia, ganho ponderal, sono-
lência, apatia, hipersensibilidade ao frio e mixedema.
 y Sistema Nervoso: distúrbios da motricidade e da sensibilidade, altera-
ções do olfato, audição, visão, equilíbrio, nível de consciência, disfunções 
esfincterianas, de sono-vigilia e de funções corticais superiores.
 y Saúde Mental: história de transtorno mental ou sofrimento psíquico.
2.5. História Patológica Pregressa
Aqui descrevemos, também em termos técnicos, o relato das principais 
informações relativas a processos patológicos anteriores, que podem guar-
dar relação direta ou indireta com a doença atual e, portanto, auxiliam no 
raciocínio clínico e no diagnóstico diferencial.
a) Comorbidades: doenças ainda em atividade (descrever tempo de 
diagnóstico e acompanhamento atual)
b) Doenças preexistentes: questionar sobre as principais doenças da 
infância (varicela, caxumba, rubéola, sarampo, meningite, hepatite, 
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
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poliomielite, coqueluche) e outras doenças mais frequentes em nossa 
população (tuberculose, gota, pneumonia)
c) Alergias
d) Imunizações
e) Internações (período e motivo da internação)
f) Transfusões (tipo, época, motivo)
g) Intervenções cirúrgicas (tipo, época, complicações e resultados)
h) Doenças Sexualmente Transmissíveis
i) Traumatismos (época, tratamento realizado e consequências)
j) Viagens recentes
k) Contato com doentes nos últimos meses
Exemplo:
Hipertenso, em tratamento há 5 anos, com bom controle pressórico; glau-
coma em seguimento com oftalmologista. Varicela aos 7 anos e caxumba 
aos 9 anos. Calendário de imunizações atualizado. Refere um internamento 
prévio há 1 ano por pneumonia adquirida na comunidade. Apendicectomia 
aos 20 anos. Viagem recente (há 4 meses) para São Paulo. Nega alergias, 
transfusões, traumatismos, doenças sexualmente transmissíveis e contato 
com doentes nos últimos meses.
2.6. Medicações de Uso Habitual
Medicamentos utilizados rotineiramente em domicílio, posologia (dose, 
intervalo e período), duração do tratamento, motivo e efeitos adversos. Em 
algumas situações, pode-se sugerir nomes de medicamentos, mas o ideal 
é conferir os receituários médicos ou embalagens.
Exemplo:
• Losartana 50 mg, 12/12h, há 5 anos
• Andolipino 10 mg, à noite, há 3 anos
• Colírio a base de timolol, duas vezes ao dia
• Omeprazol 20 mg, em jejum, para proteção gástrica
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CAPíTuLO 3
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2.7. História Fisiológica
Inclui gestação e nascimento, desenvolvimento neuropsicomotor e de-
senvolvimento sexual. Cabe aqui ressaltar que é necessário bom senso nos 
questionamentos. A história de gestação, nascimento e desenvolvimento 
neuropsicomotor ganha importância muito maior no paciente pediátrico 
do que no paciente idoso.
a) Gestação e nascimento: parto eutócico ou distócico, uso de fórceps, 
cesárea, nascimento a termo, peso e tamanho ao nascer, número de 
irmãos;
b) Desenvolvimento neuropsicomotor: Início da marcha, fala e denti-
ção, calendário vacinal atualizado, aproveitamento escolar;
c) Desenvolvimento sexual: aparecimento da puberdade (mamase 
pelos pubianos), número de filhos. Para mulheres, questionar sobre 
menarca, menstruação (frequência, duração e regularidade do ciclo 
menstrual, quantidade do fluxo e alterações, tensão pré-menstrual, 
dismenorreia), gestações (número, evolução, complicações, realização 
de pré-natal), partos (normais/cesáreas), abortos (número, período 
da gestação; se espontâneos ou provocados, com medicação ou com 
técnicas invasivas), e época do climatério/menopausa;
d) Atividade sexual: número de parceiros, relações/tempo.
Exemplo:
Nascido(a) de parto normal, a termo, sem intercorrências; cinco irmãos 
e duas irmãs; não sabe especificar início da marcha, dentição, mas cita 
desenvolvimento neuropsicomotor adequado, quando comparado aos 
colegas da mesma idade. Não sabe informar sobre vacinas.
Pubarca aos 11 anos, sexarca aos 16 anos. Três filhos. Refere atividade sexual 
apenas com a esposa uma vez por semana.
2.8. Hábitos e Estilo de Vida
Nesse momento, devemos questionar sobre quatro principais hábitos 
de vida: tabagismo, etilismo, sedentarismo e alimentação. Também se pode 
investigar hábitos de higiene e de sono. Ao questionar sobre a quantidade 
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
63 
de bebida ou fumo, uma dica é estimar valores acima da média para deixar 
o paciente mais à vontade a dizer a verdade.
a) Atividade física (tipo e frequência)
b) Tabagismo: fumante ativo ou passivo, atual ou pretérito, número de 
cigarros por dia; início e quando parou; tipo de cigarro (industrial ou 
artesanal); carga tabágica.
c) Etilismo: número de doses, tipo de bebida, início e quando parou. 
As questões de rastreamento mais utilizadas são as do questionário 
CAGE (o consumo de álcool é considerado de risco a partir de 2 res-
postas afirmativas):
Cutting down [redução do consumo]
Annoyed [aborrecido] quando criticado
Guilty feelings [sentimento de culpa]
Eye-opener [necessidade de beber para se sentir bem pela manhã].
Alguns questionamentos mais abertos podem ajudar, como: “Qual é o 
seu consumo de bebidas alcoólicas?”, “Você já teve algum problema rela-
cionado com bebida?”.3
Exemplo:
Sedentário, tabagista desde os 20 anos (fuma 20 cigarros industriais por 
dia, carga tabágica 25 maços-ano). Nega etilismo.
2.9. História Psicossocial
A descrição da história psicossocial auxilia na abordagem terapêutica, 
principalmente ao esclarecer questões financeiras e redes de suporte, mas 
também pode esclarecer diagnósticos com base em algumas situações 
específicas. Cabe questionar sobre renda e estrutura familiar, atividades 
sociais, condições de habitação (número de moradores, tipo de construção, 
água encanada, energia elétrica, esgoto sanitário e coleta de lixo, número de 
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CAPíTuLO 3
64 
cômodo e banheiros), uso de fogão a lenha, contato com animais, banhos 
em açudes, contato com o barbeiro e reação ao adoecimento.
Sobre as respostas emocionais ao adoecimento, Kübler-Ross descre-
veu cinco estágios de resposta à perda ou ao luto antecipatório de morte 
iminente. São eles: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão ou 
tristeza e aceitação. Também é importante conhecer essa dimensão do 
paciente para ressignificar a abordagem terapêutica.
Exemplo:
Mora com a esposa e uma filha, em casa de alvenaria, quatro cômodos 
(um banheiro), com água encanada, energia elétrica, saneamento bási-
co e coleta de lixo regular. Tem 2 animais de estimação em domicílio (um 
gato e um cachorro vacinados). Nega banhos em açude e não conhece o 
barbeiro. No momento, a renda da casa se resume ao salário que recebe (2 
salários mínimos), pois a esposa está desempregada. Sente-se aflito por seu 
problema de saúde, pois teme perder o emprego se a dor não se resolver.
2.10. História Familiar
Devemos relatar sobre pais, irmãos, cônjuges, filhos ou outros parentes, 
ou contactantes, que tenham problemas de importância clínica, doenças 
hereditárias, familiares ou infectocontagiosas. Sobre os parentes vivos, 
descrever o estado habitual de saúde e, quando apresentar problemas 
clínicos, relatar se há acompanhamento e a idade de diagnóstico. Sobre 
parentes já falecidos, questionar sobre causas de morte e idade ao falecer.
Exemplo:
Pai já falecido, aos 98 anos, por causas naturais. Mãe, 87 anos, diabética, 
hipertensa e cardiopata. Esposa, 43 anos, hígida. Cinco irmãos: um irmão 
hipertenso, uma irmã com diagnóstico de câncer de mama aos 45 anos, 
uma irmã em tratamento para depressão e um irmão já falecido, aos 55 
anos, por causas externas (colisão carro-carro). Sem outros relatos de im-
portância clínica.
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
65 
3. ESTRATÉGIAS PARA UMA BOA ENTREVISTA CLÍNICA3-5,7
Prepare o ambiente
Pergunte-se como está o seu humor e a sua atenção antes de começar. Não deixe que 
preocupações pessoais interfiram na sua postura durante a entrevista.
Certifique-se de que o local é o mais tranquilo e confortável possível.
Evite interrupções durante a conversa.
Mantenha poucos obstáculos entre você e o paciente.
Se possível, sente-se de maneira que seus olhos fiquem no nível do paciente.
Revise o prontuário antes de iniciar.
Seja cordial
Cumprimente o paciente e os acompanhantes, se possível com um aperto de mãos.
Apresente-se e diga sua função.
Use sempre um tratamento formal, exceto no caso de crianças ou adolescentes.
Avalie constantemente sua postura, gestos, contato visual e tom de voz.
Neutralize estereótipos negativos ou preconceitos.
Mantenha a confidencialidade
Deixe o paciente decidir se os visitantes ou os familiares devem permanecer durante a 
conversa. Por exemplo: “Eu me sinto à vontade se a sua acompanhante permanecer co-
nosco durante a entrevista, mas quero ter certeza de que a senhora concorda com isso” 
ou “A senhora prefere conversar comigo sozinha ou seu acompanhante pode participar?”.
Guie a entrevista
Comece com perguntas mais amplas, como: “Como posso ajudá-lo hoje?”; “O que moti-
vou sua vinda hoje?”.
Evite perguntas tendenciosas, como: “Você veio hoje por causa do diabetes, não foi?”.
Faça várias perguntas, mas uma por vez, e ofereça respostas com múltiplas escolhas: 
“Qual das seguintes opções melhor descreve sua dor: em pressão, em queimação, em 
pontada ou de outro tipo?”.
Delimite claramente as demandas do paciente. “Se entendi bem, hoje você vem para o 
controle do diabetes e por causa da coluna... Vamos começar pelo diabetes.”.
Negocie o conteúdo da consulta. Frases que podem ser úteis: “Não temos como abordar tu-
do isso hoje, é melhor que esse outro assunto seja visto com mais tempo em outra ocasião.”.
Sempre direcione os questionamentos ao paciente em primeiro lugar. Para acompanhan-
tes que interrompem, você pode usar frases como: “Isso que seu acompanhante diz é o 
que você sente?” “Qual é sua opinião sobre isso?”.
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CAPíTuLO 3
66 
Escute o paciente
Evite interrupções frequentes na fala do paciente, e, quando o fizer, que seja com o intui-
to de direcionar o fluxo do relato;
Utilize habilidades verbais e não verbais para encorajá-lo a continuar falando, como inclinar 
o corpo para frente, fazer contato visual e usar frases como “continue” ou “estou ouvindo”.
Seja empático e paciente
Utilize respostas como “Isso parece tão perturbador” ou “Você deve estar sentindo-se 
muito triste”, “Percebo que você está sofrendo”, “Entendo como se sente”;
Mantenha uma distância emocional com o paciente, uma vez que essa distância é tera-
pêutica (permite pensar e decidir de maneira mais analítica e moderada);
Tenha paciência: conscientize-se de que um idoso, por vezes, demora mais tempo para 
se locomover e expressar alguns fatos.
Garanta a compreensão do paciente
Conheça o nível de escolaridade do seu paciente e mantenha um diálogo de forma com-
preensível por ele;
Garanta que ele está entendendo, no decorrer da entrevista,tudo que está sendo di-
to. Utilize frases como “Tudo bem até aqui?”, “O senhor tem alguma dúvida até agora?”.
Pergunte sobre as emoções a respeito da doença
Se o paciente não mencionar o impacto da doença, faça uma sondagem pessoal mais 
ampla do tipo: “Como a doença afetou você?” ou “Como você reagiu a ela?”;
Investigue as emoções do paciente, direta ou indiretamente, perguntando-lhe: “Como 
você se sentiu a respeito disso?” ou “Muitas pessoas se sentiriam frustradas se algo as-
sim acontecesse”.
Deixe questionamentos mais constrangedores para o final
História sexual: “Quando foi a última vez que você teve contato físico íntimo com outra 
pessoa?”, “Esse contato incluiu relação sexual?”, “Você tem relações sexuais com homens, 
mulheres ou ambos?”, “Você usa preservativos?”.
História da saúde mental: “Você já teve alguma doença mental ou problemas emocio-
nais?”, “Você já se consultou com um psicólogo ou com um psiquiatra?”, “Já foi medicado 
por causa de problemas emocionais?”, “Você ou algum parente já foi internado em razão 
de problemas mentais ou emocionais?”;
Uso de drogas lícitas e ilícitas: “Você já usou durante sua vida: maconha, cocaína, estimu-
lantes prescritos por médico, metanfetaminas, sedativos, calmantes?”.
Violência doméstica: “Uma vez que os maus-tratos são uma ocorrência habitual na vida 
de muitas mulheres, farei algumas perguntas de rotina”, “Você está em um relacionamen-
to no qual já foi agredida ou ameaçada?”.
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ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
67 
Informe que a entrevista está finalizando
É importante informar ao paciente que o tempo da consulta está finalizando para que 
ele possa elucidar quaisquer dúvidas remanescentes. “Você tem alguma dúvida sobre os 
assuntos conversados?”, “Gostaria de pergunta algo mais?”, “Há algo que não conversa-
mos e o senhor gostaria de contar?”;
Faça um resumo do relato do paciente. Isso comunica ao paciente que você está ouvindo 
atentamente a história dele e identifica o que você sabe e o que você não sabe.
Compartilhe a decisão
Deixe o paciente perceber que a decisão e a responsabilidade são compartilhadas en-
tre ele e o profissional. Diga frases como “É importante que me diga o que pensa sobre 
isso”, “O senhor tem mais alguma sugestão?”, “O senhor está disposto a cumprir as orien-
tações?”, “Estou realmente interessado em seu ponto de vista, especialmente porque é 
você quem vai ter que viver com a nossa decisão sobre esse tratamento”, “O senhor vê 
alguma dificuldade em seguir esse tratamento? Há algo que possamos fazer para que 
esse plano de tratamento seja mais fácil de seguir? Gostaria de conversar com alguma 
outra pessoa sobre esse tratamento?”.
Pratique promoção de saúde e prevenção de doenças
Faça a recomendação explícita de realização de testes preventivos e vacinação;
Promova conscientização sobre comportamentos de risco, como tabagismo, etilismo, 
sedentarismo, prática sexual desprotegida. “Todos, às vezes, fazemos coisas que não são 
boas para nós mesmos. Pode ser algo como deixar de colocar o cinto de segurança ou 
beber mais do que pensamos ser adequado. Que comportamentos você tem que talvez 
o coloquem em situação de risco?”, “O que tem feito ultimamente que, na sua opinião, 
pode estar contribuindo para sua saúde ou para sua doença?”;
Pratique entrevistas motivacionais. “O que é mais importante para você?”, “O que você 
espera ser diferente em sua vida daqui a alguns anos?”.
4. MEDICINA CENTRADA NA PESSOA7
“O bom médico trata a doença; o grande médico 
trata o paciente que tem a doença.”
Sir William Osler
O termo “medicina centrada na pessoa” surgiu em oposição ao termo 
“medicina centrada na doença”, base do “modelo médico convencional”, 
que, apesar da grande influência, tem sido frequentemente questionado 
por simplificar a condição de estar doente.
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CAPíTuLO 3
68 
O método clínico centrado na pessoa foi concebido na década de 1980 e 
surgiu da necessidade de colocar o indivíduo, e não a doença, no centro do 
atendimento médico. O entendimento das queixas com base nas opiniões 
da própria pessoa foi chamado de “diagnóstico abrangente”, em oposição 
ao entendimento baseado na avaliação centrada na doença, chamado de 
“diagnóstico convencional”.
Apesar de ser pensado no contexto da medicina de família, suas mensa-
gens também são de grande importância para todas as disciplinas médicas 
e para outras profissões no campo do atendimento à saúde. Ser centrado 
na pessoa significa levar em consideração o desejo da pessoa de infor-
mação e de participar da tomada de decisões e as formas de responder 
apropriadamente.
Inicialmente, proposto em seis componentes, recentemente foi re-
formulado, após uma década de avaliação, em quatro componentes. O 
componente anterior, “Sendo Realista”, passou a ser visto como um co-
mentário sobre o contexto a partir do qual o método clínico centrado na 
pessoa toma forma. O componente “Incorporando Prevenção e Promoção 
da Saúde” foi concebido como parte dos processos incluídos nos outros 
componentes.
O MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA
1º. Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença
• Avaliar o conceito de saúde: entender o significado de saúde para aquela pessoa;
• Avaliar o processo da doença (disease): história clínica, exame físico, exames laboratoriais;
• Avaliar a experiência da doença (illness): Sentimentos, Ideias, Funcionamento e Expec-
tativas.
Sentimentos: Quais são os sentimentos da pessoa em relação a sua doença? (Princi-
palmente os medos)
Ideias: Quais são as ideias da pessoa a respeito do que sente? Vê como uma forma de 
punição?
Funcionamento: Quais são os efeitos da doença no funcionamento da pessoa? Limita 
suas atividades diárias? Atrapalha seus relacionamentos? Exige mudanças no seu estilo 
de vida? Prejudica a qualidade de vida?
Expectativas: Quais são as expectativas em relação ao médico? O que ela acha que 
a ajudaria a lidar com a doença? Ela esperava receber algum tratamento especifico?
Manual_Semiologia_Medica.indb 68 25/01/2020 15:03:54
ANAMNESE E ENTREVISTA CLíNICA
69 
O MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA
2º. Entendendo a pessoa como um todo
• Integrar os conceitos de doença e experiência da doença, incluindo a conscientização 
quanto ao estágio em que a pessoa está no ciclo da vida e seu contexto de vida.
• Entender a estrutura da personalidade da pessoa, principalmente seus mecanismos de 
defesa (negação, projeção, sublimação, racionalização), qual o papel da espiritualidade 
na sua vida, qual desequilíbrio a doença causa na estrutura familiar e no contexto so-
cioambiental em que está inserido.
3º. Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas
• Definir o problema. Algumas vezes será necessário rotular o problema para que a pes-
soa entenda a causa, o que esperar em termos de progressão ou evolução e o qual se-
rá o resultado;
• Estabelecer metas de tratamento e/ou manejo. É necessário entender as expectativas 
e ideias das pessoas sobre o tratamento; é importante também explicar claramente to-
das as opções, com suas múltiplas vantagens e desvantagens;
• Identificar os papéis a serem assumidos por ambos. O nível de participação da pessoa 
pode flutuar dependendo da sua capacidade emocional e física. Alguns podem estar 
doentes demais ou muito sobrecarregados pelo fardo de sua experiência de doença; 
outros podem achar que tomar decisões sobre o tratamento é muito complexo e con-
fuso, por isso, deixam a tarefa para o médico. O importante é sempre deixar claro que 
existe uma responsabilidade mútua.
• Encontrar um consenso. É imprescindível obter consenso sobre o manejo terapêutico, 
de forma que ele reflita necessidades, valores e preferências individuais, bem como evi-
dências científicas e diretrizes.
4º. Intensificando o relacionamento entre pessoa e médico
Todas as relações humanas e, em especial, as relações terapêuticas são influenciadas pe-
los fenômenos de transferênciae contratransferência. Transferência é o fenômeno pelo 
qual as experiências passadas que um indivíduo mantém em seu inconsciente se pro-
jetam nas suas novas experiências. Contratransferência é um processo também incons-
ciente que ocorre quando o médico responde ao processo de transferência do paciente 
de uma forma semelhante a que usou em experiências anteriores. O médico precisa ter 
autoconhecimento para identificar com precisão os dois processos e utilizá-los a seu fa-
vor, a fim de fortalecer a relação com o paciente.
Defende-se uma relação de compaixão, cuidado, empatia e confiança, com compartilha-
mento de poder, onde o médico se torne agente de cura e esperança.
Manual_Semiologia_Medica.indb 69 25/01/2020 15:03:54
CAPíTuLO 3
70 
REFERÊNCIAS
1. Porto CC. Como fazer uma boa entrevista clínica. Rev Med Minas Gerais. 2017; 26: e-1842.
2. Benseñor IM. Anamnese, exame clínico e exames complementares como testes diagnósticos. 
Rev Med (São Paulo). 2013; 00(4): 236-41.
3. Bickley LS, Szilagyi PG. Bates, propedêutica médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan; 2018.
4. Carrió, FB. Entrevista clínica: habilidades de comunicação para profissionais de saúde. Porto 
Alegre: Artmed; 2012.
5. Shorey JM, Spollen JJ. Approach to the patient. UpToDate. [Internet]. [acesso em 4 ago 2019]. 
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-patient.
6. Lipkin M, Putnam S, Lazare A. The Medical Interview. New York: Springer-Verlag; 1995.
7. Stewart M, Brown JB, Weston WW, Mcwhinney IR, Mcwilliam CL, Freeman TR. Medicina centrada 
na pessoa: transformando o método clínico. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2017.
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SINAIS VITAIS
101 
CAPÍTULO
SINAIS VITAIS 5
Autora: 
Ana Raquel Ferreira de Azevedo
Coautores: 
Geison Vasconcelos Lira, 
Frederico Eduardo Ribeiro Bezerra Monteiro e 
Pedro Gomes Cavalcante Neto
O que você irá ver neste capítulo:
Mapa mental dos principais sinais e sintomas
Introdução
Semiotécnica
• Pressão Arterial
• Frequência Respiratória
• Frequência Cardíaca
• Pulso Arterial
• Temperatura
Medicina baseada em evidências
Caso clínico
Referências
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MAPA MENTAL
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2. INTRODUÇÃO
A avaliação dos sinais vitais é uma etapa de fundamental importância no 
exame físico de qualquer paciente. Eles são indicadores das condições de 
saúde de uma pessoa, sendo sua mensuração um meio eficiente e rápido de 
avaliar essas condições ou identificar a presença de problemas. A avaliação 
possui uma semiotécnica simples e possibilita sua realização de maneira 
rápida e eficaz. Avaliar os sinais vitais consiste em mensurar: pressão arterial, 
frequência respiratória, frequência cardíaca, pulso arterial e temperatura.
3. SEMIOTÉCNICA
 y Pode-se avaliar o paciente em ortostase ou decúbito dorsal, conforme 
seja mais cômodo para ele;
 y Lembrar das alterações fisiológicas dos sinais vitais com mudança de 
decúbito e posicionamento dos membros;
 y Em algumas circunstâncias, a avaliação em duas ou mais posições dife-
rentes se faz obrigatória para melhor elucidação diagnóstica.1
3.1. Pressão Arterial
A pressão arterial(PA) é uma medida indireta da onda de pressão que se 
propaga através da árvore arterial, em decorrência das contrações cardíacas. 
Na prática clínica, utiliza-se o esfigmomanômetro e o estetoscópio para 
realizar a aferição indireta da PA. Os esfigmomanômetros possuem algumas 
variações: aneroides, digitais e de colunas de mercúrio.2,3
3.1.1. Medida da Pressão Arterial Sistêmica
I. Preparo do paciente2,3,4,5
 y Explique o procedimento ao paciente;
 y Oriente-o a não conversar durante o procedimento;
 y Deixe-o em repouso mínimo de 5 minutos em ambiente calmo.
Manual_Semiologia_Medica.indb 103 25/01/2020 15:03:56
CAPíTuLO 5
104 
 y Certifique-se de que o paciente NÃO:
• Está com a bexiga cheia;
• Praticou exercícios físicos há menos de 60 minutos;
• Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos;
• Fumou nos 30 minutos anteriores.
 y Posicione corretamente o paciente:
• Sentado, pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recos-
tado na cadeira e relaxado;
• Braço na altura do coração, livre de roupas, apoiado, em supina-
ção e cotovelo ligeiramente fletido.
II. Determinação da PA sistólica pelo método palpatório (Figura 1)2,3,5,6
 y Localizar as pulsações da artéria braquial por meio da palpação;
 y Colocar o manguito envolvendo todo o braço e sem deixar folgas, 
2 a 3 cm acima da fossa cubital;
 y Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a arté-
ria braquial;
 y Palpar o pulso radial;
 y Fechar a válvula de escape de ar e insuflar o manguito até que a 
pressão exercida sobre o braço seja suficiente para interromper o 
fluxo sobre a artéria radial. Neste momento, o pulso radial desa-
parece;
 y Abrir a válvula e desinsuflar o manguito lentamente. O reapareci-
mento do pulso radial corresponderá à PA sistólica;
 y Assim que o pulso for detectado, a válvula poderá ser totalmente 
aberta para permitir o esvaziamento da bolsa de ar do manguito.
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SINAIS VITAIS
105 
Figura 1. Método palpatório de determinação da PA.
Fonte: Autor.
III. Determinação da PA sistólica e diastólica pelo método auscutatório 
(Figura 2)2,4,5,6
 y Após determinar a PA sistólica pelo método palpatório, feche a 
válvula, palpe a artéria braquial na fossa cubital e coloque o dia-
fragma do estetoscópio sem compressão excessiva;
 y Inflar rapidamente o manguito até ultrapassar em 20 a 30 mmHg 
o nível estimado da pressão sistólica, obtido pela palpação;
 y Abrir levemente a válvula e liberar o ar lentamente,de maneira 
contínua, com velocidade de 2mmHg por segundo, até o completo 
esvaziamento da bolsa;
 y Inicialmente, nenhum som será auscultado, pois o manguito exerce 
uma pressão acima da pressão arterial sistólica, interrompendo o 
fluxo de sangue pela artéria braquial. Quando o valor da pressão do 
manguito for igual ao valor da pressão arterial sistólica do paciente, 
o sangue começará a fluir pela artéria, porém de forma conturbada 
porque a parede da artéria está comprimida. Este fluxo de sangue 
anormal é chamado de fluxo turbulento e determina um ruído que 
pode ser auscultado;
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CAPíTuLO 5
106 
 y O primeiro ruído auscultado denomina-se I som de Korotkoff e 
corresponde à PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA;
 y Em seguida, auscultam-se batidas regulares;
 y Quando a pressão do manguito for igual à pressão arterial diastó-
lica, a pressão sobre a artéria deixará de existir e o fluxo de sangue 
voltará ao seu estado normal, que é laminar. Este tipo de fluxo não 
gera ruído. Será auscultado, então, um abafamento do ruído – cor-
respondendo ao IV som de Korotkoff –, seguido pelo completo 
desaparecimento do ruído – V som de Korotkoff;
 y O V som de Korotkoff corresponde à PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓ-
LICA;
 y Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para con-
firmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida 
e completa;
 y Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão 
diastólica no abafamento dos sons (IV som de Korotkoff) e anotar 
valores da sistólica/diastólica/zero;
 y Anotar os valores pressóricos exatos sem “arredondamentos” e o 
braço no qual a pressão arterial foi aferida;
 y Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente 
e interpretá-los. Para isso, utilizam-se os parâmetros da VII Diretriz 
Brasileira de Hipertensão Arterial de 2016,6 como mostra a Tabela 1.
Tabela 1. Classificação da PA segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão.6
VII DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2016
Classificação Pressão arterial sistólica (mmHg)
Pressão arterial 
diastólica (mmHg)
Normal ≤ 120 ≤ 80
Pré-Hipertensão 121 a 139 81 a 89
Hipertensão Estágio 1 140 a 159 90 a 99
Hipertensão Estágio 2 160 a 179 100 a 109
Hipertensão Estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a 
maior deve ser utilizada para a classificação da PA
Fonte: Malaquias.6
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SINAIS VITAIS
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Figura 2. Método auscultatório de determinação da PA.
Fonte: Autor.
IV. Cuidados na aferição da pressão arterial4,8,9,10
 y O manguito do esfigmomanômetro deve ter o tamanho adequado. 
Uma regra prática para a escolha do manguito é a seguinte: tama-
nho do manguito = 2/3 do comprimento do braço(80% do com-
primento e 40% da circunferência);
 y Se durante a aferição da PA houver algum erro técnico ou em caso 
de dúvida quanto aos valores obtidos, deve-se desinsuflar com-
pletamente o manguito, aguardar 1 a 3 minutos e somente depois 
repetir a aferição;
 y Cuidado com o hiato auscultatório! O hiato auscultatório consiste 
no desaparecimento dos sons na ausculta durante a deflação do 
manguito, geralmente entre o final da fase I e o início da fase II dos 
sons de Korotkoff. Tal achado pode subestimar a verdadeira pressão 
sistólica ou superestimar a pressão diastólica;
 y Em idosos, lembrar de pesquisar o sinal de Osler por meio da mano-
bra de Osler! A manobra de Osler consiste na insuflação do man-
guito no braço até o desaparecimento do pulso radial. Se a artéria 
radial permanecer palpável após esse procedimento, sugerindo 
enrijecimento, o paciente é considerado Osler-positivo. Esse sinal 
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CAPíTuLO 5
108 
pode sugerir a presença de pseudo-hipertensão, caracterizada por 
nível de pressão arterial falsamente elevado em decorrência do 
enrijecimento da parede da artéria;
 y A medida da pressão arterial geralmente é realizada no braço, 
porém, em circunstâncias especiais, pode ser feita no antebraço ou 
na perna. Na perna será usada a artéria pediosa ou a tibial posterior;
 y Na primeira avaliação, as medidas devem ser obtidas em ambos 
os braços. Em caso de diferença, sempre utilizar como referência o 
braço com o maior valor para as medidas subsequentes;
 y Na primeira consulta, a pressão arterial deve ser medida na posição 
deitada, sentada e em pé. Nas consultas posteriores, a necessidade 
será determinada pelo médico.
3.2. Frequência Respiratória
A frequência respiratória (FR) é um dado semiológico muito importante, 
sendo utilizado como critério de gravidade na classificação de várias doenças 
pulmonares e extrapulmonares. Obtém-se contando o número de incursões 
respiratórias por minuto (i.p.m.). Deve-se contar durante todos os 60 segun-
dos. Lembrando que essa contagem deve ser feita com discrição, sem que 
o paciente perceba, pois a simples percepção de que sua respiração está 
sendo contada desperta ansiedade e o faz aumentar a frequência respirató-
ria. Um artifício que pode ser utilizado é palpar o pulso radial ou posicionar 
o estetoscópio sobre o tórax do paciente, simulando estar realizando outro 
exame, enquanto se observam as incursões respiratórias.
Estas são variáveis, em um minuto, mesmo em indivíduos saudáveis. A 
Tabela 2 abaixo mostra os valores de normalidade para adultos.11,12
Tabela 2. Valores de referência da FR para adultos.
VALOR DA FR INTERPRETAÇÃO
12-20 i.p.m Normal
< 12 i.p.m Bradipneia
> 20 i.p.m Taquipneia
0(zero) i.p.m Apneia
Fonte: ROCCO, 201117;
Manual_Semiologia_Medica.indb 108 25/01/2020 15:03:56
SINAIS VITAIS
109 
3.3. Frequência Cardíaca2,4
A frequência cardíaca(FC) é dada pela contagem dos ciclos cardíacos ou 
batimentos cardíacos por minuto (b.p.m.), com auxílio do estetoscópio com 
o diafragma posicionado no precórdio. É importante frisar que frequência 
cardíaca é diferente de frequência de pulso. Esta é contada palpando-se 
pulsos arteriais periféricos.
A FC também é variável, mesmo em adultos saudáveis. A Tabela 3 abaixo 
mostra os valores de referência para adultos.
Tabela 3. Valores de referência da FC para adultos.
VALOR DA FC INTERPRETAÇÃO
60-100b.p.m Normal
<60 b.p.m Bradicardia
>100 b.p.m Taquicardia
Fonte: ROCCO, 201117.
3.4. Pulso Arterial
É o nome dado às oscilações rítmicas de volume que ocorrem nas ar-
térias, repetidas a cada ciclo cardíaco, decorrentes da variação cíclica da 
pressão do sangue contida no território arterial (pressão arterial). A cada 
ciclo cardíaco, devido à sístole do ventrículo esquerdo, cria-se uma “onda 
de choque” a partir da raiz da aorta que se propaga pelos outros vasos do 
sistema arterial, tanto os centrais (pulsos centrais) quanto os periféricos 
(pulsos periféricos). Lembrando que os pulsos centrais são o carotídeo e 
femoral. Todos os demais pulsos palpáveis são periféricos.4
A avaliação dos pulsos arteriais requer técnica para saber palpá-los 
corretamente e conhecimento das características básicas que devem ser 
investigadas na avaliação. Essas características são:1,2
 y Frequência: quantidade de ondas de pulso por minuto. Em pacien-
tes não portadores de arritmias cardíacas ou doença arterial perifé-
rica, a frequência de pulso coincide com a frequência cardíaca. Faixa 
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CAPíTuLO 5
110 
de normalidade: 60-100 ondas por minuto. Abaixo de 60, considera-se 
bradisfigmia. Acima de 100, considera-se taquisfigmia;
 y Ritmo: é dado pela sequência de pulsações. Se elas ocorrem em inter-
valos iguais, diz-se que o ritmo é regular. Se os intervalos são variáveis, 
trata-se de ritmo irregular;
 y Amplitude ou Magnitude: sensação captada pela palpação a cada pul-
sação. Relaciona-se diretamente com o grau de enchimento da artéria 
durante a sístole e seu esvaziamento durante a diástole. Classifica-se 
em amplo (magnus), mediano ou pequeno (parvus). Pode havervaria-
ção na amplitude do pulso, caracterizando tipos específicos de pulsos, 
conforme é apresentado na Tabela 4;
 y Simetria: palpam-se simultaneamente as mesmas artérias contralate-
rais e comparam-se as sua amplitudes. Classifica-se em simétrico ou 
assimétrico;
 y Tensão ou Dureza: é avaliada pela compressão progressiva da artéria 
e está diretamente relacionada à pressão diastólica. Se for pequena a 
pressão necessária para interromper as pulsações, caracteriza-se pulso 
mole. Se a pressão necessária, porém, for grande, trata-se de pulso duro. 
Este significa hipertensão arterial;
Cuidado: não confunda pulso duro com endurecimento da parede do 
vaso. São entidades distintas!
 y Formato: o formato do pulso expressa a análise do seu contorno. A 
percepção dos diferentes contornos pela palpação é difícil e exige muita 
prática. Entretanto, estudos invasivos possibilitam o reconhecimento de 
grande variedade de pulsos. Como cada formato de pulso(ou tipo de 
onda) tem um significado clínico, é importante conhecê-los.2,4
Manual_Semiologia_Medica.indb 110 25/01/2020 15:03:57
SINAIS VITAIS
111 
Tabela 4. Tipos de Pulsos.
TIPOS DE PULSOS DE ACORDO COM O FORMATO
PULSOS 
DE 
DUPLOS 
PICOS
Formato Características clínicas Exemplo
PULSO 
BISFERIENS
• Pulso amplo, com dois componentes per-
ceptíveis durante a sístole
• Sinonímia: Pulso de Corrigan ou Pulso em 
martelo d’água
• Geralmente acompanhado de outros sinais 
periféricos de insuficiência aórtica
• Insuficiência Aór-
tica
PULSO 
BÍFIDO
• Sinonímia: “Pico e Domo”
• Pulso amplo com dois componentes sis-
tólicos
• O primeiro componente é decorrente da 
fase de ejeção rápida, sendo limitado no 
momento em que se estabelece a obstrução 
dinâmica ao fluxo sanguíneo. Segue-se o 
segundo componente, de ejeção mais len-
ta, com configuração de um domo
• Geralmente, de difícil detecção à beira do 
leito
• Quando presente, implica gravidade
• Hipertrofia Mio-
cárdica
PULSO 
DICRÓTICO
• Raro
• Caracteristicamente, apresenta um pico 
na diástole
• Pode ser diferenciado dos anteriores devido 
ao maior intervalo entre os picos
• Estados de baixo 
débito
• Tamponamento 
cardíaco
• Insuficiência Car-
díaca Congestiva
TIPOS DE PULSOS DE ACORDO COM A VARIAÇÃO NA AMPLITUDE
Tipo Características Exemplos
PULSO 
ALTER-
NANTE
• Alterna amplitude maior e menor com a mesma fre-
quência
• Mais perceptível no pulso radial
• Um dos sinais mais precoces de disfunção ventricular
• Alteração de intensidade das bulhas e dos sopros
• Sensibilizado pela posição sentado ou em pé
• Quanto mais intensos os achados, maior a disfunção
• Insuficiência Car-
díaca Congestiva
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CAPíTuLO 5
112 
TIPOS DE PULSOS DE ACORDO COM O FORMATO
TIPOS DE PULSOS DE ACORDO COM A VARIAÇÃO NA AMPLITUDE
Tipo Características Exemplos
PULSO 
PARA-
DOXAL
• Sinonímia: Pulso de Kussmaul
• Diminui a intensidade ou desaparece com a inspiração
• Denominação errônea: na verdade, é uma exacerba-
ção de um fenômeno natural(queda da pressão com 
a inspiração)
• Pesquisado melhor através da aferição da PA
• Tamponamento 
Cardíaco
• Pericardite Cons-
tritiva
• Asma severa ou 
DPOC
PULSO 
PAR-
VUS E 
TARDUS
• Sinonímia: Pulso Anacrótico
• Caracterizado por amplitude diminuída e retardo da 
elevação do pulso, que se encontra lentificado
• Pode ser mascarado pelas alterações decorrentes da 
idade
• Quando presente, implica severidade da lesão
• É um sinal de desenvolvimento tardio
• Estenose aórtica
Fonte: Modificado de PAZIN-FILHO, A. 200415
Os pulsos arteriais rotineiramente palpados são: carotídeos, femorais, 
radiais, braquiais, dorsais do pé e tibiais posteriores. Veja a semiotécnica 
para palpação de cada um.
a) Pulsos Carotídeos1
 y Localização: na altura da cartilagem tireóidea, abaixo e profundo do 
músculo esternocleidomastoide;
 y Semiotécnica: Deve-se palpar delicadamente para não comprimir o seio 
carotídeo, o que pode gerar bradicardia, parada cardíaca e desprendi-
mentos de placas ateromatosas.
NUNCA se deve palpar as duas artérias simultaneamente.
I. Paciente sentado e examinador à sua frente
Palpa-se com a polpa digital do polegar, que afasta a borda anterior 
do músculo esternocleidomastoideo, ao mesmo tempo em que procura 
profundamente as pulsações. A carótida direita é palpada com o polegar 
esquerdo e vice-versa. As polpas dos dedos indicador e médio fixam-se 
sobre as últimas vértebras cervicais, dando apoio.
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SINAIS VITAIS
113 
Figura 3. Palpação pulso carotídeo com examinador à frente do paciente.
Fonte: Autor.
II. Paciente sentado com a cabeça levemente fletida e examinador à 
sua direita.
Palpa-se com as polpas digitais dos dedos indicador, médio e anular.
Figura 4. Palpação pulso carotídeo com examinador a sua direita.
Fonte: Autor.
Manual_Semiologia_Medica.indb 113 25/01/2020 15:03:57
CAPíTuLO 5
114 
b) Pulsos Femorais12
 y Localização: região inguinocrural, abaixo do ligamento inguinal, na sua 
porção média (triângulo de Scarpa);
 y Semiotécnica: Paciente em decúbito dorsal e examinador do lado que 
será examinado.Com os dedos indicador, médio e anular, realiza-se uma 
compressão de média intensidade sobre o triângulo de Scarpa.
c) Pulsos Radiais2,4 (Figura 5)
 y Localização: entre a apófise estiloide do rádio e o tendão dos flexores;
 y Semiotécnica: Paciente em posições variadas e examinador à direita do 
paciente. Examinador usa a mão direita para examinar o pulso esquerdo 
e vice-versa. Palpa-se com as polpas digitais do indicador e médio, impri-
mindo força de compressão variável, até que o impulso máximo seja 
obtido.
Polegar fixa-se no dorso do punho do paciente.
Figura 5. Palpação pulso radial.
Fonte: Autor.
Manual_Semiologia_Medica.indb 114 25/01/2020 15:03:57
SINAIS VITAIS
115 
d) Pulsos Braquiais2,4 (Figura 6)
 y Localização: medialmente ao tendão do músculo bíceps (sulco bicipital);
 y Semiotécnica: Paciente sentado ou em decúbito dorsal e o examinador 
do lado que será examinado. Com a mão homolateral, segura-se o ante-
braço do paciente, realizando uma leve flexão sobre o braço e, com os 
dedos indicador, médio e anular OU com o polegar da mão contralateral, 
sente-se as pulsações da artéria.
Figura 6. Palpação pulso braquial.
Fonte: Autor.
e) Pulsos Dorsais dos Pés1 (Figura 7)
Também chamados de pulsos pediosos.
 y Localização: entre o 1º e o 2º metatarsianos;
 y Semiotécnica: Paciente em decúbito dorsal com leve flexão do joelho, 
e examinador ao lado do membro que será examinado. Com uma das 
mãos, fixa-se o pé do paciente em dorsiflexão. Com a outra, palpa-se o 
pulso com os dedos indicador, médio e anular.
Manual_Semiologia_Medica.indb 115 25/01/2020 15:03:57
CAPíTuLO 5
116 
É comum haver variações anatômicas dessa artéria, passando a não ser 
palpável no local habitual. Neste caso, é necessário procurá-la em toda 
a extensão do dorso do pé.
Figura 7. Palpação pulso pedioso.
Fonte: Autor.
f) Pulsos Tibiais Posteriores12 (Figura 8)
 y Localização: atrás do maléolo medial;
 y Semiotécnica: Paciente em decúbito dorsal com leve flexão do joelho 
e examinador ao lado do membro que será examinado. Com a mão 
homóloga, sustenta-se o calcanhar do paciente. Com a mão contrala-
teral, sentem-se as pulsações com os dedos indicado, médio e anular 
posicionados na região retromaleolar medial, enquanto o polegar fixa-se 
no maléolo lateral.
Manual_Semiologia_Medica.indb 116 25/01/2020 15:03:57
SINAIS VITAIS
117 
Figura 8. Palpação pulso tibial posterior.
Fonte: Autor.
3.5. Temperatura
Sabe-se que a temperatura do interior do corpo permanece quase cons-
tante, em uma variação de no máximo 0,6°C, enquanto a temperatura da 
parte externa do corpo (que é a mensurada na prática clínica), ao contrário, 
está sujeita a variações das condições ambientais. Pequenas variações na 
temperatura normal são observadas de pessoa para pessoa, e,principal-
mente, em diferentes regiões do corpo. As principais regiões do corpo em 
que se afere a temperatura são a axila, cavidade oral e cavidade retal. A 
Tabela 5 mostra os valores de normalidade de cada região.8,11
Para aferir a temperatura, é necessário o uso de um termômetro clínico 
de mercúrio, que registra temperaturas entre 35°C e 42°C. Antes de posicio-
nar o termômetro, é essencial fazer a higiene adequada do equipamento, 
evitando umidade no local.8,11
Tabela 5. Valores normais de temperatura.
Temperatura Axilar 35,8 a 37°C
Temperatura Bucal 35,8 a 37,4°C
Temperatura Retal 35,8 a 37,8°C
Fonte: ROCCO, 201117
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CAPíTuLO 5
118 
4. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS – MBE
Quadro 1. Principais variáveis de um teste diagnóstico.
REVISÃO RÁPIDA MBE
Sensibilidade
Se meu paciente tem uma doença, qual probabilidade de um teste 
diagnóstico ser positivo?
Especificidade
Se meu paciente não tem uma doença, qual probabilidade de um 
teste diagnóstico ser negativo?
Razão de 
verossimilhança
Quantas vezes é mais provável encontrar um resultado, seja ele po-
sitivo ou negativo, em pessoas doentes em relação a pessoas sadias?
• Quanto maior a RV positiva = mais o resultado positivo aumenta 
a probabilidade de doença.
• Quanto menor a RV negativa = mais o resultado negativo diminui 
a probabilidade de doença.
Fonte: Autor.
O choque hipovolêmico é uma importante causa de morte e um diagnós-
tico comumente encontrado nas emergências dos hospitais. Seu diagnós-
tico rápido é de extrema importância,haja vista a gravidade dos desfechos 
quando ele não é feito. Portanto, os achados semiológicos de suspeição 
são muito importantes. Os pulsos e suas características podem auxiliar no 
diagnóstico e a sua avaliação correta é de extrema importância.
Tabela 6. Avaliação de testes diagnósticos da relação 
entre pulsos e choque hipovolêmico.
PULSOS E CHOQUE HIPOVOLÊMICO
Achado Sensibilidade(%)
Especificidade
(%)
Razão de Verossimilhança
Achado presente Achado ausente
Pulso carotídeo 
presente
95 22 SS SS
Pulso femoral 
presente
95 67 2,9 0,1
Pulso radial 
presente
52 89 SS 0,5
* SS: Sem significância
Fonte: Modificado de McGee, Steven R.16
Manual_Semiologia_Medica.indb 118 25/01/2020 15:03:57
SINAIS VITAIS
119 
Taquicardia é um sinal inespecífico encontrado em várias doenças 
diferentes. Processos infecciosos, arritmias, trauma, hipotensão, doen-
ças que estimulam a uma resposta inflamatória sistêmica, etc. podem 
estar envolvidas na deflagração da taquicardia. Apesar de ser um achado 
inespecífico, tem valor quando associado a outros comemorativos nos 
exames físico e complementar, e pode ser utilizado para corroborar al-
guns diagnósticos.
Tabela 7. Avaliação de testes diagnósticos da relação entre 
frequência cardíaca e desfechos específicos.
TAQUICARDIA – PREVENDO O RESULTADO EM RELAÇÃO A(À):
Achado Sensibilidade(%)
Especificidade
(%)
Razão de Verossimilhança
Achado presente Achado ausente
FC > 90 bpm
Mortalidade, 
se trauma e 
hipotensão
94 38 1,5 0,2
FC > 95 bpm
Mortalidade, se 
choque séptico
97 53 2,0 0,1
FC > 100 bpm
Mortalidade, 
se pneumonia
45 78 2,1 SS
FC > 100 bpm
Mortalidade, 
se infarto do 
miocárdio
6-9 97-98 3,0 SS
FC > 100 bpm
Complicações, 
se pancreatite 
biliar
86 87 6,8 SS
FC > 110
Mortalidade, 
se hemorragia 
pontinha
70 97 25,4 0,3
* SS: Sem significância
Fonte: Modificado de McGee, Steven R.16
Manual_Semiologia_Medica.indb 119 25/01/2020 15:03:57
CASO CLÍNICO
120 
História clínica
R. A. M., sexo feminino, 9 anos, procedente e residente em Sobral, interior do 
Ceará, parda, estudante, comparece à emergência pediátrica acompanhada 
da mãe, que relata que a paciente começou a apresentar febre não aferida 
e dor no membro inferior direto (MID) há duas semanas.
A mãe relata que há 30 dias a paciente sofreu atropelamento por motocicle-
ta, ocasionando fratura proximal do fêmur direito. Foi submetida à cirurgia 
ortopédica com fixação de haste no fêmur direito. Realizou tratamento com 
antibiótico durante 7 dias (não sabe informar qual). Passou uma semana 
sem intercorrências. Duas semanas após a cirurgia, iniciou quadro de dor 
e edema no mesmo membro associado a febre não aferida, que a fez pro-
curar a emergência.Durante a internação, passou a apresentar desconforto 
respiratório importante com tiragem intercostal e frequência respiratória 
aumentada, com febre persistente de 38°C. A mãe relatava que a paciente 
apresentava o quadro por ansiedade, que sempre fica nesse estado en-
quanto se encontra internada.
Foi encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva, onde evoluiu com 
insuficiência respiratória e injúria renal aguda, com necessidade de intu-
bação orotraqueal e hemodiálise de urgência. No dia seguinte, apresentou 
hemartrose no joelho direito. No quarto dia de internação, foi a óbito por 
parada cardiorrespiratória.
Medicações em uso: Dipirona, quando tem febre.
Antecedentes pessoais: Acidente automobilístico há 30 dias.
Hábitos: Sedentária.
Antecedentes familiares: Nega antecedentes importantes.
Exame físico (admissão)
Exame físico geral/Ectoscopia: regular estado geral, pálida, hidratada, 
anictérica, acianótica, febril, eutrófica,taquidispneica.
Dados vitais: FC 151bpm, FR 59 irpm, Tax 38,5°C, PA 80x55 em decúbito no 
membro superior direito (MSD).
Exame da cabeça e do pescoço: sem alterações relevantes.
Manual_Semiologia_Medica.indb 120 25/01/2020 15:03:58
CASO CLÍNICO
121 
Exame neurológico: sem alterações relevantes.
Exame do tórax e aparelho respiratório: tórax atípico, taquidispneica, 
expansibilidade consideravelmente diminuída com retração subcostal e 
intercostal, frêmito toracovocal normal, som claro pulmonar à percussão, 
murmúrio vesicular presente e universal, sem ruídos adventícios.
Exame do sistema cardiovascular:precórdio normodinâmico, ausência 
de turgência jugular patológica, ritmo cardíaco regular com aumento da 
frequência, bulhas normofonéticas, em dois tempos, sem sopros.
Exame abdominal (incluindo aparelho genital):Abdome plano, ruídos 
hidroaéreos presentes e fisiológicos, sem dor à palpação abdominal, flácido, 
sem massas ou visceromegalias palpáveis.
Exame das extremidades e pulsos periféricos: Extremidades frias, pouco 
perfundidas, pulsos periféricos palpáveis, filiformes e simétricos, sem cia-
nose. Tempo de enchimento capilar maior que 3 segundos.
Exame das articulações e sistema osteomuscular: Edema não depressível 
na região proximal da coxa direita com eritema peri-incisional no local da 
cirurgia prévia, apresentando calor e dor à palpação local.
Exames complementares
Hemograma completo: Hb 11,2 Ht 34% Leucócitos 22.500 Neutrófilos 59% 
Bastões 11% Linfócitos 22% Plaquetas 140.000
Creatinina 1,9 Ureia 82 PCR 12,6 Gasometria arterial (pH 7,3 PO2 55 PCO2 
34 BIC 15).
Pontos de discussão
1. Qual o sintoma-guia? E como investigá-lo?
2. Qual o diagnóstico sindrômico?
3. Qual o diagnóstico anatômico/topográfico?
4. Qual a principal hipótese de diagnóstico etiológico?
5. Quais os achados do exame físico que corroboram a hipótese?
6. Quais os diagnósticos diferenciais?
Manual_Semiologia_Medica.indb 121 25/01/2020 15:03:58
CASO CLÍNICO
122 
Discussão do caso
Os sinais vitais são pontos essenciais para a avaliação do paciente. A 
partir deles, podemos constatar evidências clínicas de que o paciente se 
encontra em estado de evolução para um desfecho ruim.
No caso clínico, temos uma paciente que realizou uma cirurgia ortopédica 
e que seguiu corretamente o tratamento pós-operatório, mas evoluiu com 
uma provável infecção de sítio cirúrgico. O primeiro sinal desse quadro é a 
febre, que, pela história, seria o sintoma-guia para chegar no diagnóstico 
infeccioso, que foi notada precocemente, porém não recebeu a importância 
que merecia. Os sinais clínicos mostravam que a paciente apresentava piora 
do estado geral, vistos através dos sinais vitais, com aumento da frequência 
respiratóriae cardíaca. Isso levanta a hipótese de sepse, já que a paciente 
apresentava sinais de SRIS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica), 
tendo critérios de febre, taquicardia, taquipneia e leucocitose, associado a 
um provável foco infeccioso.13,14
A sepse é um conjunto de manifestações sistêmicas graves em resposta a 
um quadro infeccioso. É uma entidade com um prognóstico ruim se não for 
tratada de forma adequada, com evolução do quadro, se não tratado, para 
disfunções orgânicas, estas com altos índices de mortalidade, tornando-se um 
problema de saúde pública. Os protocolos recomendam uma série de medi-
das para a reversão do quadro, sendo antibioticoterapia precoce e hidratação 
volêmica vigorosa as mais importantes para a estabilização do paciente.4
O processo inicial do quadro traz como diagnóstico anatômico a infecção 
do sítio cirúrgico na coxa direita, com posterior evolução para sepse grave 
e disfunção de rins, pulmões e fígado (constatados pela injúria renal aguda, 
insuficiência respiratória e distúrbios da coagulação).13
Os achados do exame físico que corroboram a hipótese diagnóstica são 
sinais flogísticos encontrados na coxa direita (edema, calor, rubor e dor), que 
nos remetem a uma infecção, associados à febre e alteração dos sinais vitais.
Os diagnósticos diferenciais para sepse são normalmente aqueles que 
evoluem com SRIS, como pancreatite, infarto agudo do miocárdio e cetoa-
cidose diabética ou sinais de hipovolemia, hipotensão, embolia pulmonar, 
etc. A história clínica e exame físico normalmente são suficientes para afastar 
os principais diagnósticos diferenciais.13
Manual_Semiologia_Medica.indb 122 25/01/2020 15:03:58
CASO CLÍNICO
123 
Sintoma-guia: Febre
Diagnóstico sindrômico: Síndrome febril
Diagnóstico anatômico/topográfico: Membro inferior direito
Hipótese diagnóstica: Sepse por infecção de ferida operatória
Diagnósticos diferenciais:
• Reação transfusional sanguínea
• Hipotensão
• Perda aguda importante de sangue
• Embolia pulmonar
• Pancreatite aguda
• Cetoacidose diabética
Pontos importantes
1. Diante de uma síndrome febril com presença de sinais de infecção, é 
importante ficar atento aos sinais vitais do paciente para diagnóstico 
precoce de sepse.
2. O protocolo sepse deve ser aberto o quanto antes, haja vista a alta mor-
talidade em pacientes que não são conduzidos de forma adequada.
3. As principais condutas que modificam mortalidade nesses casos são a 
antibioticoterapia precoce associada a reposição volêmica adequada.
Manual_Semiologia_Medica.indb 123 25/01/2020 15:03:58
CAPíTuLO 5
124 
REFERÊNCIAS
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2. Benseñor IM. Semiologia Clínica. 1. ed. São Paulo: Sarvier; 2002.
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Pediátrico. 3. ed. São Paulo: ILAS; 2019.
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e Editora Revinter; 2004.
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London: Science Press; 1991.
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Elsevier; 2015.
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de Pediatria. 4. ed. Barueri, SP: Manole; 2017.
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Cardiol. 2016; 107(3): 1-83.
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percussão. Medicina, Ribeirão Preto, v. 37: 227-239, jul./dez. 2004.
16. McGee, Steven R. Evidence-based physical diagnosis. 4. ed. Philadelphia: Elsevier; 2018.
17. Rocco JR. Semiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011
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ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO
145 
CAPÍTULOEXAME DA CABEÇA 
E DO PESCOÇO 7
Autora: 
Ana Raquel Ferreira de Azevedo
Coautores: 
Geison Vasconcelos Lira, 
Frederico Eduardo Ribeiro Bezerra Monteiro e 
Pedro Gomes Cavalcante Neto
O que você irá ver neste capítulo:
Mapa mental dos principais sinais e sintomas
Introdução
Exame físico da cabeça
• Crânio
• Couro cabeludo
• Face
• Olhos
• Nariz e cavidades paranasais
• Orelha externa e pavilhão auricular
• Boca
Exame físico do pescoço
• Exame das cadeias linfonodais
• Exame da tireoide
Medicina baseada em evidências
Caso clínico
Referências
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MAPA MENTAL
1.
 M
A
PA
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PR
IN
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PA
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ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO
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1.
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2. INTRODUÇÃO
As doenças da cabeça e pescoço são causas frequentes de atendimento 
com o médico generalista. Conhecer a semiotécnica deste exame físico é, 
portanto, de primordial importância para correta orientação diagnóstica 
e terapêutica.
3. EXAME FÍSICO DA CABEÇA
Está compreendida no exame físico da cabeça a avaliação das seguintes 
estruturas: crânio, couro cabeludo, face, olhos, nariz e cavidades paranasais, 
orelha e pavilhão auricular e boca.1
3.1. Crânio
Avaliar forma, volume, postura, movimentos involuntários, abaulamen-
tos, retrações e deformidades. Realize a inspeção e palpação.1,2
Exemplo de descrição normal:
Crânio simétrico sem deformidades, abaulamentos ou retrações.
3.2. Couro cabeludo
Avaliar sensibilidade, temperatura, alterações de cor e textura, presença 
de lesões e cicatrizes. Realize a inspeção e palpação.1,2
Exemplo de descrição normal:
Couro cabeludo sem alterações de sensibilidade, temperatura, cor e textura. 
Ausência de cicatrizes.
3.3. Face
Avaliar pele, simetria, deformidades e sensibilidade.1,2 Veja Figura 1.
Exemplo de descrição normal:
Fácies atípica sem alterações de sensibilidade, cor, textura e forma.
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CAPíTuLO 7
148 
Figura 1. Avaliação da face.
Fonte: Autor.
3.4. Olhos
Avaliar quantidade e implantação dos pelos das sobrancelhas, pálpebras, 
cílios, fenda palpebral, aparelho lacrimal, globos oculares, conjuntivas, es-
cleras, córneas, movimentos dos olhos, íris, pupilas, tensão ocular, acuidade 
visual, campo visual, reflexos oculomotores e fundo de olho.1,2
Exemplo de descrição normal:
Quantidade e implantação dos pelos das sobrancelhas, pálpebras e cílios 
dentro da normalidade; ausência de hiperemia ou lesões oculares; acuidade 
e campo visual preservados, pupilas isocóricas, reflexo fotomotor direto, 
consensual e de acomodação presentes. Fundo de olho: nervo óptico róseo, 
de limites bem definidos, área macular brilhante, fina, de coloração homo-
gênea, e vasos de limites nítidos, com calibre homogêneo.
3.5. Nariz e cavidades paranasais
Avaliar tamanho, forma, cor, mucosa, aspecto do vestíbulo, secreções, 
sensibilidade.1,2
Manual_Semiologia_Medica.indb 148 25/01/2020 15:03:59
ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO
149 
Exemplo de descrição normal:
Nariz e cavidades paranasais sem alterações da forma, cor, mucosa. Au-
sência de lesões.
3.6. Orelha externa e pavilhão auricular
Avaliar tamanho, forma, integridade, implantação.1,2
Exemplo de descrição normal:
Sem alterações da forma, integridade, implantação.
3.7. Boca
Avaliar mucosa, língua, palato, assoalho, orofaringe, tonsilas, observando 
umidade, coloração, presença de lesões, dentição (grau de conservação da 
arcada dentária: se está completa ou incompleta, se os dentes estão em 
bom ou mau estado de conservação).1,2
Utilize dois abaixadores de língua unidos em uma das pontas formando 
um ‘V’ para melhor avaliar a cavidade oral.1,2
Exemplo de descrição normal:
Boca sem alterações da forma e com integridade mucosa, língua, palato, 
assoalho, orofaringe, tonsilas. Dentição completa em bom estado de higiene 
e conservação.
4. EXAME FÍSICO DO PESCOÇO
O exame físico do pescoço compreende sua avaliação geral (musculatura, 
postura, movimentação, batimentos ectópicos, volume, forma, simetria, 
tumores), avaliação da coluna cervical e avaliação específica dos linfonodos, 
tireoide e vasos cervicais.3,4
a) Linfonodos
Realizar palpação e inspeção, avaliando tamanho, aderência a planos 
profundos e superficiais, localização, simetria, consistência, coalescência, 
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CAPíTuLO 7
150 
sensibilidade e alterações da pele circunjacente (fístulas, retrações, sinais 
flogísticos, ulcerações).1,3,4
Exemplo de descrição normal:
1. Ausência de adenomegalias.
2. Adenomegalia única palpável em região cervical anterior com cerca de 
1 cm no seu maior diâmetro, móvel, fibroelástica, não aderida a planos 
profundos, indolor e sem alterações da pele circunjacente.
b) Tireoide
Realizar inspeção, palpação, ausculta.3,5
Exemplo de descrição normal:
Tireoide não visível, não palpável e sem sopros.
c) Vasos
Realizar palpação e ausculta das carótidas. Avaliar presença de turgência 
jugular.1,2
Exemplo de descrição normal:
Carótidas palpáveis bilateralmente, simétricas e sem sopros. Ausência de 
turgência jugular aos 45 graus.
4.1. Exame das Cadeias Linfonodais
4.1.1. Anatomia das cadeias linfáticas
Ao longo de toda a região cervical existem várias cadeias de linfonodos 
bem definidas e interligadas. Cada órgão cervicofacial possui sua drenagem 
preferencial para um grupamento específico de linfonodos, de acordo com a 
sua anatomia. Ao longo dos anos, várias divisões das regiões cervicais foram 
propostas, mas, em 1991, a American Academy of Otolaringology – Head and 
Neck Surgery definiu uma classificação das cadeias linfonodais cervicais por 
níveis anatômicos, que desde então se tornou a classificação padrão para 
a Cirurgia de Cabeça e Pescoço.6,7
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ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO
151 
Nessa classificação, os linfonodos são subdivididos em grupos, que são 
nomeados e numerados:6-8
 y Submentonianos – Nível I
 y Submandibulares – Nível I
 y Jugular alto – Nível II
 y Jugular médio – Nível III
 y Jugular baixo – Nível IV
 y Trígono posterior – Nível V
 y Compartimento anterior – Nível VI
Figura 2. Trígonos cervicais.
Fonte: Autor.
4.1.2. Irrigação dos gânglios linfáticos4,6,7
 y Occipital e auricular: couro cabeludo, pavilhão da orelha e ouvido interno;
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CAPíTuLO 7
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 y Submaxilares, amigdalianos e submentonianos: orofaringe, língua, 
lábios, dentes e glândulas salivares;
 y Cervicais profundos e supraclaviculares: órgãos intratorácicos e intra-ab-
dominais.
4.1.3. Semiotécnica – palpação de linfonodos1,2
 y Paciente sentado e examinador posicionao atrás do paciente;
 y Não há uma ordem específica para avaliar as regiões. Orienta-se que 
cada examinador padronize sua própria ordem para não se esquecer 
de nenhuma região;
 y Pode-se palpar ambos os lados simultânea ou separadamente;
 y A palpação deve ser realizada com as polpas digitais e a face ventral dos 
dedos médio, indicador e anular;
 y Apoiam-se os polegares sobre o músculo trapézio;
 y Para palpar as cadeias cervicais, mobiliza-se a cabeça para o lado que se 
deseja avaliar a fim de relaxar a musculatura ipsilateral;
 y Para melhor palpar os linfonodos cervicais posteriores, pode-se apre-
ender o m. esternocleidomastoideo entre o polegar e dedo indicador e 
médio de uma mão e palpar os linfonodos com a outra;
 y CUIDADO: ao palpar os linfonodos submandibulares, não confundir com 
as glândulas salivares.
4.1.4. Cadeias linfáticas a serem palpadas1,2
 y Pré-auricular (Figura 3);
 y Retroauricular (Figura 4);
 y Subocciptal;
 y Submentoniana (Figura 5);
 y Submaxilar (Figura 6);
 y Cervical anterior (Figura 7);
 y Cervical posterior (Figura 8);
 y Supraclavicular.
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ExAME DA CABEçA E DO PESCOçO
153 
Figura 3. Palpação linfonodos pré-auriculares.
Fonte: Autor.
Figura 4. Palpação lindonodos retroauriculares.
Fonte: Autor.
Manual_Semiologia_Medica.indb

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