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SUMÁRIO
HIPOGONADISMO MASCULINO
1. Definição ....................................................................... 3
2. Epidemiologia: ............................................................. 4
3. Etiologias: ...................................................................... 4
4. Manifestações clínicas: ..........................................14
5. Diagnóstico: ...............................................................17
6. Tratamento .................................................................22
HIPOGONADISMO FEMININO
1. Definição: ....................................................................28
2. Epidemiologia ............................................................29
3. Etiologias .....................................................................29
4. Quadro clínico: ...........................................................33
5. Diagnóstico ................................................................34
6. Tratamento: ................................................................40
Referências bibliográficas ........................................46
3HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
HIPOGONADISMO 
MASCULINO
1. DEFINIÇÃO
Hipogonadismo masculino é uma sín-
drome clínica que resulta da incapaci-
dade testicular de produzir concen-
trações fisiológicas de testosterona, 
quantidades normais de espermato-
zoides, ou ambas.
HORA DA REVISÃO! 
Para o melhor entendimento acerca do 
hipogonadismo masculino, é essencial 
relembrarmos como funciona o eixo hi-
potálamo-hipófise-testículo de forma 
fisiológica. 
O eixo se inicia no hipotálamo, onde será 
produzido o GnRH, que tem sua ação 
na hipófise estimulando a produção de 
FSH e LH. O FSH e o LH, por sua vez, 
irão estimular os testículos a produzirem 
a testosterona e os espermatozoides. O 
GnRH é liberado em pulsos a cada 60 a 
90 minutos, o que estimula a liberação 
pulsátil de LH e FSH na circulação. O LH 
tem como função maior estimular a pro-
dução testicular de testosterona pelas 
células de Leydig, enquanto o FSH atua 
nos túbulos seminíferos (células de Ser-
toli) para iniciar e manter a espermato-
gênese, juntamente com a testosterona. 
O FSH também estimula as células de 
Sertoli a produzirem inibina B, um hor-
mônio peptídeo que causa feedback ne-
gativo sobre secreção de hipofisária de 
FSH. 
A testosterona atua de maneira geral 
no organismo masculino, agindo em 
diversos órgãos e possuindo diversas 
funções, como: engrossamento da voz, 
fortalecimento dos ossos, aumento da 
libido, produção de pelos, entre outras.
SE LIGA! Dica prática para lembrar a 
função principal do FSH: Faz Sêmen no 
Homem.
4HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
2. EPIDEMIOLOGIA:
A disfunção do eixo hipotálamo-hipó-
fise-testículo é um acontecimento co-
mum, impactando de forma significa-
tiva na qualidade de vida do homem. 
• Os homens possuem um declínio 
anual de 0,4 a 2% no nível de tes-
tosterona e isso ocorre principal-
mente em indivíduos que possuem 
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TESTÍCULO
Hipotálamo
Produz
GnRH
Estimula
Produz
FSH LH
Estimula
Células de Leydig
Estimula
Estímula
Células de Sertoli
Produz
EspermatogêneseTestosterona
Estimula
Hipófise
Inibina B
Feedback
negativo
síndrome metabólica, diabetes, hi-
pertensão, entre outras comorbi-
dades. O hipogonadismo, por sua 
vez, agrava muitos desses proble-
mas, como a dislipidemia, tornando 
mais difícil a resolução do quadro. 
• A prevalência do hipogonadismo 
é de 1:5000 homens e esse índice 
tende a aumentar para 6% nos ho-
mens idosos.
• O hipogonadismo está presente 
em cerca de 2 a 4 milhões de ho-
mens nos Estados Unidos. 
3. ETIOLOGIAS:
O hipogonadismo pode ser 
classificado de acordo com 
sua etiologia em primário (ou 
hipergonadotrófico), com di-
minuição dos níveis de tes-
tosterona e elevação das 
gonadotrofinas (LH e FSH); 
ou secundário (ou hipogona-
dotrófico), no qual se observa 
testosterona baixa com gona-
dotrofinas inadequadamente 
“normais” ou baixas. No pri-
meiro caso, a anormalidade localiza-
-se nos testículos, ao passo que, no 
hipogonadismo secundário, a produ-
ção deficiente de testosterona resulta 
de secreção insuficiente de gonado-
trofinas, em decorrência de um dis-
túrbio hipotalâmico ou hipofisário. Em 
algumas situações, pode haver uma 
associação entre o hipogonadismo 
5HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
primário e o secundário, como no en-
velhecimento e em várias doenças 
sistêmicas (alcoolismo, hepatopatias, 
anemia falciforme etc.).
• Hipogonadismo primário: resulta 
de distúrbios congênitos ou adqui-
ridos. Entre as causas congênitas, 
destacam-se distúrbios cromossô-
micos (dos quais o mais comum é a 
síndrome de Klinefelter) e o criptor-
quidismo. Entre os defeitos adqui-
ridos, os mais importantes são as 
doenças infecciosas (orquite viral, 
AIDS etc.), doenças granulomato-
sas (tuberculose, hanseníase), me-
dicamentos, lesões cirúrgicas ou 
traumáticas. Laboratorialmente, o 
hipogonadismo primário caracteri-
za-se por níveis baixos de testos-
terona e elevação do LH e FSH. 
Dentre os distúrbios congênitos, 
temos:
• Síndrome de Klinefelter: A síndro-
me de Klinefelter (SKF) é a causa 
genética mais comum de hipo-
gonadismo masculino. O defeito 
genético básico é a existência de 
um cromossomo X extra que re-
sulta de uma não disjunção mei-
ótica dos cromossomos durante a 
gametogênese. O cariótipo mais 
comum é o 47, XXY (forma clás-
sica), presente em dois terços dos 
casos, seguido do 47, XXY (forma 
mosaico). A SKF se caracteriza por 
testículos pequenos e endurecidos 
(por fibrose e hialinização dos tú-
bulos seminíferos), azoospermia 
(por obliteração dos túbulos semi-
níferos), pilosidade facial reduzida, 
pilosidade pubiana diminuída e 
de disposição triangular, pênis de 
tamanho reduzido – porém é raro 
micropênis –, criptorquidia uni ou 
bilateral, alta estatura com pro-
porções eunucoides, ginecomastia 
e hipogonadismo hipergonado-
trófico. Esse fenótipo apenas se 
evidencia a partir da puberdade. 
Antes dos 12 anos de idade, os ní-
veis de gonadotrofinas estão nos 
valores pré-puberais. Da mesma 
maneira, a concentração sérica da 
testosterona tende a estar normal 
até, aproximadamente, os 14 anos, 
e pacientes com mosaicismo 46, 
XY/47, XXY podem ter um fenótipo 
mais variável e cursar com testos-
terona sérica normal ou no limite 
inferior da normalidade. Alguns, 
excepcionalmente, são férteis.
Pacientes com SKF apresentam 
maior incidência de tolerância altera-
da à glicose e diabetes melito, pato-
logias tireoidianas, doença pulmonar 
obstrutiva crônica (DPOC), lúpus eri-
tematoso sistêmico, tremor essencial, 
osteoporose, veias varicosas, trombo-
embolismo, doença cerebrovascular, 
doença valvular aórtica e ruptura de 
aneurisma. Além disso, existe maior 
risco para diversas neoplasias, como 
tumores testiculares, neoplasias de 
6HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
células germinativas (mediastino e 
cérebro), carcinoma broncogênico, 
leucemia linfocítica aguda e, sobretu-
do, câncer de mama.
A SKF pode causar dificuldade de 
aprendizado e controle inadequa-
do dos impulsos. Essas tendências 
explicam a maior frequência dessa 
moléstia em instituições penais e em 
estabelecimentos para deficientes 
mentais. Retardo mental e anomalias 
somáticas são mais frequentes com 
os raros cariótipos 48, XXYY e 48, 
XXXY.
Figuras 1 e 2. Paciente de 25 anos, com síndrome de Klinefelter clássica (cariótipo 47, XXY) com ginecomastia bilate-
ral, ausência de pelos faciais e testículos pequenos e firmes. Fonte: Endocrinologia Clínica, 6ª ed. 
• Criptorquidismo: caracteriza-se 
pela presença do testículo fora da 
bolsa escrotal, representando a 
principal anomalia gonadal mascu-
lina. É observado em cerca de 3% 
nos meninos nascidos a termo e 
em 30% dos prematuros com ida-
de gestacional de 30 semanas ou 
menos. Após 6 a 9 meses de vida, 
a frequência do distúrbio é simi-
lar à encontrada em adultos (0,7 a 
0,8%). Pode ser unilateral ou, mais 
raramente, bilateral. Cercade 50% 
dos testículos criptorquídicos estão 
localizados no anel inguinal externo 
ou no topo da bolsa escrotal; 19% 
estão dentro do canal inguinal; 9% 
são intra-abdominais; e 23% são 
ectópicos. Os cinco locais mais fre-
quentes para ectopia são períneo, 
canal femoral, superfície da bolsa 
inguinal, região suprapúbica e bolsa 
escrotal contralateral. As principais 
complicações do testículo criptor-
quídico são oligo ou azoospermia, 
infertilidade e risco de malignização.
7HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Figura 3. Representação de criptorquidia. Fonte: http://www.dszinfertilidademasculina.com.br/wp-content/uplo-
ads/2017/05/criptorquidia-580x435.jpg
à época da puberdade. O pênis 
permanece pequeno, e a bolsa es-
crotal fica vazia; os pelos axilares 
e pubianos são escassos. Se o pa-
ciente não receber androgênios, 
surgem proporções eunucoides, 
não ocorrendo ginecomastia. Ge-
ralmente, os níveis de testosterona 
são muito baixos e não aumentam 
após o teste de estímulo com go-
nadotrofina coriônica, porém a vi-
rilização parcial espontânea à pu-
berdade pode eventualmente ser 
vista. Tais pacientes teriam célu-
las de Leydig funcionantes, uma 
vez que os níveis de testostero-
na se mostram maiores nas veias 
• Síndrome da regressão testicular: 
também chamada de testículos 
desaparecidos, essa síndrome se 
caracteriza por anorquia congênita 
bilateral. Ela é observada em apro-
ximadamente 1 de cada 20.000 in-
divíduos do sexo masculino e em 1 
a 5% daqueles com criptorquidis-
mo. Resulta de agressão testicular 
pré-natal (traumatismo, infecção, 
insuficiência vascular ou outros 
mecanismos) após a 16ª semana 
de gestação. Caracteriza-se por 
genitália externa masculina, cres-
cimento e desenvolvimento nor-
mais, mas falha no surgimento das 
características sexuais secundárias 
8HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
espermáticas do que na circulação 
periférica. Pacientes com criptor-
quidismo bilateral se diferenciam 
daqueles com anorquia bilateral 
pelo achado de níveis normais de 
testosterona que se elevam após 
estímulo com hCG ou valores de 
inibina B > 15 pg/mℓ.
• Hipoplasia das células de Ley-
dig: trata-se de uma doença rara, 
com herança autossômica re-
cessiva e incidência estimada de 
1:1.000.000. As células de Leydig 
não são capazes de se desenvolver 
devido a mutações inativadoras no 
receptor de LH. Laboratorialmen-
te se caracteriza por níveis séricos 
de testosterona muito baixos, com 
elevação do LH. O fenótipo é de-
pendente da extensão da secre-
ção intrauterina de testosterona. 
Dois tipos de hipoplasia de células 
de Leydig (HCL) foram descritos. 
O tipo I é a forma mais grave, re-
sultando em um fenótipo feminino 
dos órgãos genitais externos, vagi-
na em fundo cego, amenorreia pri-
mária e ausência da diferenciação 
sexual secundária na puberdade. 
Resulta de mutações inativadoras 
que completamente impedem a 
transdução de sinal do LH e hCG, 
bem como, consequentemente, a 
produção de testosterona. A HCL 
do tipo II é caracterizada por sinais 
mais leves de deficiência androgê-
nica, com genitália predominan-
temente do sexo masculino, mas 
sinais de hipogonadismo, como 
micropênis, associado ou não a hi-
pospadia e criptorquidismo. Nessa 
forma mais leve, as mutações do 
receptor de LH inativam apenas 
parcialmente a transdução de sinal 
e conservam uma certa capacida-
de de resposta ao LH.
• Distúrbios da biossíntese de an-
drógenos: Uma diminuição con-
gênita na síntese e secreção de 
testosterona pode resultar de mu-
tações nos genes que codificam 
as enzimas necessárias para a 
biossíntese de testosterona. Essas 
mutações, todas raras, envolvem a 
enzima de clivagem da cadeia late-
ral do colesterol, 3 beta-hidroxies-
teroide desidrogenase e 17 alfa-
-hidroxilase, ambas presentes nas 
glândulas suprarrenais e nos tes-
tículos, e 17 beta-hidroxiesteroide 
desidrogenase, que está presente 
apenas nos testículos. Cada uma 
dessas mutações resulta na dimi-
nuição da secreção de testostero-
na, começando no primeiro trimes-
tre da gravidez e, portanto, quando 
a virilização ainda está incompleta.
• Distrofia miotônica: a distrofia mio-
tônica, um distúrbio autossômico 
dominante que leva à atrofia mus-
cular, é acompanhada de hipo-
gonadismo que geralmente não 
é reconhecido até a idade adulta. 
Testículos pequenos e menor pro-
dução de espermatozoides são 
9HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
mais comuns do que níveis séricos 
de testosterona reduzidos. 
Quanto às doenças adquiridas cau-
sadoras do hipogonadismo primário, 
temos:
• Infecções: a orquite viral é a causa 
mais comum de insuficiência testi-
cular pós-puberal. O vírus da paro-
tidite (caxumba) é o agente etio-
lógico principal e a orquite resulta 
de um efeito direto desse vírus so-
bre o testículo. Após a puberdade, 
25% dos pacientes com parotidite 
desenvolvem orquite clínica (uni-
lateral em dois terços dos casos), 
a qual surge, em geral, 4 a 8 dias 
após o início da parotidite; porém, 
em alguns casos, pode precedê-la. 
As alterações espermatogênicas 
são mais frequentes e mais preco-
ces do que a disfunção das células 
de Leydig. Por isso, pacientes com 
infertilidade pós-orquítica podem 
ter níveis normais de testosterona 
e LH, e apenas elevação do FSH. 
Em uma fase posterior, pode haver 
aumento do LH e diminuição da 
testosterona.
• Traumatismo ou torção: traumatis-
mos representam a segunda causa 
mais comum de atrofia testicular 
em adultos. Cirurgias para hérnias, 
varicocele e vasectomia podem re-
sultar em dano testicular perma-
nente. Traumatismo fechado leva 
à atrofia em cerca de metade dos 
casos. 
A torção testicular, por sua vez, é 
uma das razões mais comuns para 
a perda de um testículo antes da 
puberdade. A torção testicular é 
uma torção do testículo no cordão 
espermático, o que resulta em per-
da aguda do suprimento sanguí-
neo para o testículo, que pode mor-
rer por falta de sangue se a torção 
não for remitida espontaneamente 
ou não for corrigida cirurgicamente 
em poucas horas. O grau de dano 
depende da duração da torção. A 
torção com duração superior a oito 
horas pode levar a danos suficien-
tes nos túbulos seminíferos para 
diminuir a contagem de esperma-
tozoides e, mesmo quando a tor-
ção envolve apenas um testículo, 
ambos os testículos podem ser 
danificados.
• Radiação, fármacos e toxinas: tan-
to a espermatogênese quanto a 
produção de testosterona são sen-
síveis à radiação. O dano às células 
de Leydig induzido por radiação é 
diretamente relacionado à dose e 
inversamente relacionado à ida-
de (maior em crianças do que em 
adolescentes e adultos). 
A inibição da biossíntese da tes-
tosterona ocorre com várias subs-
tâncias, incluindo cetoconazol, es-
pironolactona, ciproterona e etanol. 
Este último pode, também, causar 
10HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
cirrose, uma causa adicional de hi-
pogonadismo primário. Um efeito 
similar pode acontecer pelo uso 
de grandes quantidades de ma-
conha, heroína, metadona. Nesses 
casos, os níveis de LH geralmente 
são normais, o que sugere a com-
binação de defeitos testiculares e 
hipotalâmico-hipofisários. 
Toxinas podem, também, afetar 
diretamente os testículos, pois 
vários compostos, como fungici-
das e inseticidas, metais pesados 
(chumbo, cádmio) e óleo de caro-
ço de algodão danificam as células 
germinativas. 
No tocante à quimioterapia, os 
agentes alquilantes (p. ex., ciclo-
fosfamida e procarbazina) são 
aqueles que possuem os piores 
efeitos tóxicos sobre as gônadas, 
e o dano, cuja intensidade correla-
ciona-se com a dose cumulativa, 
pode ser irreversível.
• Doenças sistêmicas crônicas: do-
enças sistêmicas crônicas causam 
hipogonadismo tanto pelo efeito 
testicular direto quanto pela dimi-
nuição da secreção de gonadotro-
finas. A cirrose e a doença renal 
crônica são dois exemplos dessas 
comorbidades. A cirrose está as-
sociada ao hipogonadismo, mani-
festado por uma redução na con-
centração sérica de testosterona. 
Nesses casos, mais de um meca-
nismo parece estarenvolvido, mas 
a lesão gonadal primária parece 
ser mais proeminente, conforme 
sugerido pelo aumento das con-
centrações séricas de FSH e LH. 
SAIBA MAIS! 
O hipogonadismo devido à cirrose é rapidamente corrigido após o transplante de fígado.
• Hipogonadismo secundário: o 
hipogonadismo hipogonadotrófico 
decorre de anormalidades orgâni-
cas (congênitas ou adquiridas) ou 
funcionais que vão resultar em se-
creção deficiente de gonadotrofi-
nas (LH e FSH), com consequente 
disfunção das células de Leydig. 
As causas do hipogonadismo aqui 
serão hipotalâmicas, com defici-
ência de GnRH, ou hipofisárias, 
quando o GnRH é normal, mas há 
deficiência de LH e/ou FSH. 
• Síndrome de Kallmann: a síndrome 
de Kallmann (SKM) é a causa mais 
comum de hipogonadismo hipo-
gonadotrófico isolado, com inci-
dência estimada de 1:10.000 ho-
mens. Ocorre de modo esporádico 
(cerca de 60% dos casos) ou fami-
liar. Caracteriza-se por hipogona-
dismo (secundário à deficiência de 
11HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
GnRH), associado a anosmia ou hi-
posmia. Tal associação decorre da 
migração inadequada dos neurô-
nios produtores de GnRH e olfa-
tórios, determinando agenesia ou 
hipoplasia dos bulbos e tratos olfa-
tórios. Muitas vezes, os indivíduos 
afetados não percebem distúrbios 
no olfato. Além de ginecomastia, 
proporções eunucoide e hipospa-
dia, podem estar presentes várias 
outras anormalidades, como pro-
blemas renais (rins em ferradura e 
agenesia renal unilateral), surdez, 
metacarpos curtos, defeitos faciais 
de linha média (lábio leporino, pa-
lato fendido, fusão facial imperfeita 
etc.), distúrbio da visão em cores, 
nistagmo, retardo mental, movi-
mentos de espelho nos membros 
superiores (sincinesia), epilepsia 
e ataxia cerebelar. Geneticamen-
te heterogênea, a SKM tem modo 
de herança que pode ser ligado ao 
cromossomo X (mais comum), au-
tossômico dominante ou como um 
traço autossômico recessivo.
• Deficiência isolada de LH: pode se 
manifestar por meio da síndrome 
do eunuco fértil, caracterizada por 
produção deficiente de testoste-
rona (a qual responde à adminis-
tração de hCG), associada a graus 
variados de espermatogênese. Na 
maioria dos casos, representa um 
tipo parcial de hipogonadismo hi-
pogonadotrófico idiopático. Pode 
ser secundária a um tumor da 
região selar, mutação no receptor 
do GnRH ou, mais raramente, mu-
tação no gene da subunidade beta 
do LH (LH-β).
• Deficiência isolada de FSH: essa 
rara condição resulta de muta-
ções no gene da subunidade beta 
do FSH (FSH-β). As mutações do 
FSH-β causam azoospermia, testí-
culos pequenos e macios e ausên-
cia do FSH sérico. 
• Distúrbios adquiridos funcionais: 
distúrbios hipotalâmicos funcio-
nais, conforme acontece na ano-
rexia nervosa ou após perda de 
peso excessiva, também podem 
causar hipogonadismo secundá-
rio (HS) em homens, mas o fazem 
em uma frequência muito menor 
do que a observada em mulheres. 
Da mesma maneira, atividade físi-
ca intensa (p. ex., corridas de lon-
ga distância e prática de balé), que 
frequentemente leva a distúrbios 
reprodutivos em mulheres (mui-
tas vezes, com amenorreia), tem 
efeito mínimo na função testicular. 
HS é também um achado frequen-
te em pacientes com DM tipo 2, 
síndrome metabólica ou obesida-
de, potencialmente revertido com 
a perda de peso e a melhora do 
controle glicêmico. Quanto maior 
o IMC e a circunferência abdomi-
nal, maior o risco. Os mecanismos 
envolvem supressão do eixo hipo-
talâmico-hipofisário-gonadal pela 
12HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
hiperestrogenemia (resultante da 
conversão periférica aumentada 
de androgênios em estrogênios 
nos adipócitos). Acredita-se, ain-
da, que a fragmentação do sono, 
como ocorre na apneia obstrutiva 
do sono, interrompa o ritmo notur-
no da testosterona. 
SE LIGA! A Síndrome de Cushing tam-
bém é uma das causas de hipogonadis-
mo secundário, pois o aumento de corti-
sol inibe os pulsos de GnRH.
• Distúrbios adquiridos orgânicos: 
teoricamente, qualquer lesão da 
região selar (inflamatória, infiltra-
tiva, neoplásica, pós-traumática 
ou isquêmica) pode causar defici-
ência de gonadotrofinas, de modo 
isolado ou, o que é bem mais co-
mum, associada a outros déficits 
hormonais. Adenomas de hipófise 
podem resultar em deficiência de 
gonadotrofinas por compressão 
da haste hipofisária ou hiperpro-
lactinemia. Esta última pode resul-
tar de produção de prolactina pelo 
tumor (prolactinomas ou adeno-
mas mistos que produzem GH e 
PRL) ou compressão da haste hi-
pofisária (pseudoprolactinomas). 
A hiperprolactinemia leva ao hi-
pogonadismo, principalmente por 
inibição da secreção do GnRH. Em 
homens, a maioria dos prolacti-
nomas são macroadenomas (≥ 1 
cm). Esses tumores costumam se 
apresentar com hipogonadismo, 
disfunção erétil e distúrbios visuais. 
As alterações nos campos visuais 
apontam, portanto, para tumora-
ções da região selar como a causa 
mais provável do hipogonadismo. 
Pode também ocorrer hipopituita-
rismo após o tratamento cirúrgico 
e, sobretudo, radioterápico dos tu-
mores hipofisários. 
SE LIGA! No caso de pacientes que so-
freram um TCE com infarto hipofisário 
podem apresentar a sintomatologia até 
6 meses após o trauma.
• Hemorragia: Hemorragia súbita e 
grave na hipófise pode resultar em 
comprometimento permanente da 
função hipofisária, incluindo hipo-
gonadismo. Nesse caso, devemos 
atentar para a cefaleia que o pa-
ciente apresentará como sintoma-
tologia principal. 
• Síndrome da sela vazia: pode 
ocorrer de forma esporádica, na 
qual o indivíduo nasce sem a sela 
túrcica, ou pode ocorrer devido a 
irradiação, traumas e cirurgias. A 
hipófise repousa na sela túrcica e, 
na ausência desta, a hipófise pode 
herniar, dificultando o contato com 
o hipotálamo através da haste hi-
pofisária. Essa síndrome pode ser 
assintomática ou se manifestar 
com hipopituitarismo e hiperpro-
lactinemia, pois o hipotálamo não 
13HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
conseguirá mais inibir a produção 
de prolactina pela hipófise.
• Síndromes da insensibilidade ou 
resistência androgênica: as síndro-
mes de insensibilidade ou resis-
tência androgênica representam 
a causa mais comum de pseudo-
-hermafroditismo masculino. São 
causadas por mutações no gene 
do receptor androgênico (AR) em 
indivíduos 46, XY (mais de 500 
já foram relatadas). Em cerca de 
70% dos pacientes, essas muta-
ções são transmitidas de modo 
recessivo ligadas ao X; porém, nos 
casos restantes, elas surgem es-
poradicamente, visto a ausência 
de antecedentes familiares. Clini-
camente, essas síndromes podem 
se manifestar por um fenótipo fe-
minino (forma completa) ou fenó-
tipo masculino associado a virili-
zação deficiente ou infertilidade 
(forma parcial). Laboratorialmente, 
caracterizam-se por níveis eleva-
dos de testosterona e LH; o FSH é 
normal ou levemente aumentado, 
ao passo que o estradiol excede os 
valores normais para homens.
HIPOGONADISMO PRIMÁRIO HIPOGONADISMO SECUNDÁRIO
Congênito: Congênito:
Síndrome de Klinefelter Síndrome de Kallman
Distrofia miotônica Deficiência isolada de LH ou FSH
Criptorquidismo Síndromes da insensibilidade ou resistência androgênica
Síndrome da regressão testicular Adquiridos:
Hiperplasia das células de Leydig
Distúrbios funcionais: DM tipo 2, anorexia nervosa, obesidade, 
apneia do sono, Síndrome de Cushing
Distúrbios da biossíntese de andrógenos
Distúrbios orgânicos: adenomas de hipófise, prolactinomas, TCE 
com infarto hipofisário, hemorragia
Adquirido:
*A síndrome da sela vazia pode ter origem congênita ou 
adquirida.
Traumatismo e torção
Infecções (orquite viral)
Radiação, fármacos e toxinas
Doenças sistêmicas crônicas
Tabela 1. Etiologia do hipogonadismo masculino
14HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
4. MANIFESTAÇÕES 
CLÍNICAS:
As manifestações clínicas do déficit 
de testosterona dependem da época 
do início do hipogonadismo. 
• Caso ocorra entre o segundo e o 
terceiro mês do desenvolvimento 
fetal, teremos graus variados de 
ambiguidade de genitáliae pseu-
do-hermafroditismo masculino. 
• Se ocorrer durante o terceiro tri-
mestre, podem acontecer criptor-
quidismo e micropênis. 
• No período pré-puberal, deficiên-
cia androgênica leva a ausência 
de virilização, ou seja, ao desen-
volvimento inadequado das carac-
terísticas sexuais (pênis pequeno, 
ETIOLOGIAS DO HIPOGONADISMO MASCULINO
Primário/hipergonadotrófico Secundário/hipogonadotrófico
Adquiridos: infecções, traumatismo, 
torção, radiação, fármacos, toxinas, 
doenças sistêmicas
LH e FSH altos
Congênitos: síndrome de Klinefelter, 
criptorquidismo, regressão testicular, 
hipoplasia das células de Leydig, 
distúrbios da biossíntese de 
andrógenos e distrofia miotônica
Distúrbios funcionais e distúrbios 
orgânicos (DM 2, anorexia, adenoma 
de hipófise, entre outros)
LH e FSH baixos
Obs: a síndrome da sela vazia 
pode ser congênita ou adquirida
Síndrome de Kallmann, deficiência 
isolada de LH/FSH, síndrome da 
insensibilidade androgênica
15HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
testículos pequenos, com volume 
< 5 mℓ, sem a rugosidade escro-
tal puberal) e hábito eunucoide. 
A voz permanece fina, e a massa 
muscular não se desenvolve ple-
namente. Observam-se, também, 
poucos pelos pubianos e axilares 
(que recebem algum estímulo dos 
androgênios adrenais), enquanto 
os pelos da face, do tórax, do ab-
dome superior e do dorso estão 
ausentes ou são bastante escas-
sos. O estirão puberal não acon-
tece, mas, por influência do IGF-1 
e de outros fatores de crescimen-
to, as placas epifisárias dos ossos 
longos continuam a crescer. Isso 
vai resultar em um crescimento 
desproporcional dos ossos longos 
dos membros inferiores e superio-
res em relação ao esqueleto axial.
SAIBA MAIS! 
O hábito eunucoide é um crescimento desproporcional dos ossos longos dos membros infe-
riores e superiores em relação ao esqueleto axial, com o surgimento de envergadura maior do 
que a altura (diferença envergadura–estatura > 5 cm), bem como uma relação vértice–púbis/
púbis–chão > 1 (o normal é < 1).
• Os sinais e sintomas causados 
pela deficiência de testosterona 
que se iniciam após a puberdade 
não são tão evidentes. A Endocrine 
Society os classifica em mais es-
pecíficos e pouco específicos. São 
considerados “mais específicos”: 
ginecomastia, diminuição da libido, 
diminuição das ereções espontâ-
neas, disfunção erétil, diminuição 
dos pelos corporais, diminuição da 
massa óssea e fogachos. Seriam 
manifestações “menos específi-
cas” a redução da massa muscular, 
o aumento da gordura corporal, as 
alterações do humor, a diminuição 
da capacidade de concentração, os 
distúrbios do sono, a astenia, bem 
como uma anemia leve, normocrô-
mica e normocítica.
SE LIGA! Para ficar mais fácil, devemos 
pensar que nestes pacientes são normais 
as proporções esqueléticas, o tamanho 
do pênis, a voz e o volume prostático, o 
que na deficiência de testosterona que 
se inicia antes da puberdade.
16HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
INÍCIO PRÉ-PUBERAL INÍCIO PÓS-PUBERAL
Manifestações clínicas mais evidentes: Manifestações mais específicas:
Volume testicular < 5 cm³ Ginecomastia
Micropênis Diminuição da libido e disfunção erétil
Criptorquidismo Diminuição das ereções espontâneas
Anosmia (Síndrome de Kallmann) Diminuição dos pelos corporais
Escroto hipopigmentado Diminuição da massa óssea
Ausência de rugas escrotais Fogachos
Ginecomastia Manifestações menos específicas:
Proporções eunucoides Redução da massa muscular
Diminuição da pilificação corporal Aumento da gordura corporal
Voz aguda Alterações do humor
Diminuição da libido e disfunção erétil Dificuldade de concentração
Diminuição da massa óssea e muscular Distúrbios do sono
Próstata pequena Anemia leve (normocrômica e normocítica)
Tabela 2. Manifestações clínicas do hipogonadismo masculino
de fogachos com sudorese são fortes 
indicativos, porém pouco frequentes, 
acometendo apenas 10 a 15% dos 
homens. Além disso, rugas finas po-
dem ocorrer nos cantos da boca e dos 
olhos e, juntamente com a escassez 
do crescimento dos pelos faciais, re-
sultam na clássica “fácies hipogoná-
dica”. Aqui, também devemos atentar 
para a ocorrência de síndrome meta-
bólica, resistência insulínica, obesida-
de visceral, ginecomastia e diminui-
ção das funções cognitivas.
No caso de deficiência androgênica 
leve ou de início tardio em adultos, os 
pacientes podem não notar a dimi-
nuição no crescimento da pilificação 
facial ou corporal. Aparentemente, 
níveis relativamente baixos de andro-
gênios seriam suficientes para man-
ter o crescimento dos pelos sexuais. 
Em casos de hipogonadismo de lon-
ga duração, acontece diminuição do 
crescimento dos pelos faciais e da ne-
cessidade de se barbear, com atrofia 
de testículos e da próstata. Episódios 
SAIBA MAIS! 
A ginecomastia que ocorre nesses casos se deve à baixa quantidade de testosterona para 
contrapor o efeito do estrogênio que estimula o crescimento das mamas.
17HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Figura 4. Fácies hipogonádica clássica, com escassez 
de pelos e rugas finas nos cantos da boca e dos olhos. 
Fonte: Endocrinologia Clínica, 6ª ed.
5. DIAGNÓSTICO:
De forma geral, o diagnóstico baseia-
-se na presença de sinais e sintomas 
de hipogonadismo masculino e em 
concentrações séricas inequivoca-
mente baixas de testosterona total 
entre 8 e 10 horas da manhã em pelo 
menos duas ocasiões.
Os níveis séricos de testosterona to-
tal (TT) são influenciados por altera-
ções da globulina ligadora de hormô-
nios sexuais (SHBG), a qual, por sua 
vez, pode variar devido a inúmeras 
razões, incluindo idade, medicamen-
tos e comorbidades.
SAIBA MAIS! 
Para interpretar melhor os níveis de testosterona, é importante levar em conta que ela circula 
ligada principalmente a duas proteínas plasmáticas, como dito acima: a albumina e a SHBG, 
produzida no fígado. Em homens adultos jovens, cerca de 40 a 60% da testosterona estão 
ligados à SHBG, e 35 a 40%, à albumina, enquanto 0,5 a 3% correspondem à fração livre do 
hormônio. A dosagem da testosterona plasmática reflete a fração ligada à SHBG e, assim, 
pode falsamente aumentar ou diminuir na presença de condições que elevem (p. ex., hipe-
restrogenismo endógeno e exógeno, hipertireoidismo, envelhecimento etc.) ou diminuam a 
SHBG (obesidade, diabetes melito tipo 2, hipotireoidismo etc.). Diferentemente da forte liga-
ção da testosterona à SHBG, a ligação à albumina é frouxa, permitindo uma rápida e fácil dis-
sociação. Por isso, a soma da testosterona livre e da fração ligada à albumina é denominada 
testosterona biodisponível, cuja determinação oferece uma noção mais completa do hormô-
nio prontamente utilizado. Em situações que alterem os níveis da SHBG, deve-se determinar 
a fração livre ou a biodisponível da testosterona, em vez da testosterona total.
Anamnese:
Na anamnese do paciente, é importan-
te atentar para determinadas queixas, 
bem como para a realização de impor-
tantes questionamentos, tais como:
• História sexual completa: nes-
se ponto, devemos indagar sobre 
mudanças na libido, que apare-
ce como queixa de 62% dos ho-
mens que possuem hipogonadis-
mo; alteração de função erétil e 
18HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
ejaculação; frequência de mastur-
bação e de atividade sexual; e, por 
fim, indagar acerca da fertilidade, 
ou seja, se possui filhos, se já hou-
ve tentativas antes etc. 
• Manifestações associadas: saindo 
do quesito sexualidade, é impor-
tante a abordagem acerca de ou-
tras possíveis alterações no orga-
nismo do indivíduo, que envolvem: 
frequência do barbear, pois quan-
do esta vem reduzindo, significa 
que o crescimento de pelos está 
prejudicado; mudança na pilifica-
ção corporal; alterações no olfato, 
buscando um sinal da Síndrome 
de Kallmann; ocorrência de fratu-
ras; diminuição de concentração; 
anemia. 
• Antecedentes médicos: o históri-
co do paciente pode ajudar a con-
duzir o diagnóstico de forma mais 
assertiva. É importante questio-
nar se o paciente já foi submetido 
a alguma cirurgia paracorreção 
de criptorquidia, se já teve orquite 
ou traumatismo testicular, sobre a 
presença de doenças crônicas sis-
têmicas, HIV, ITU, tumor na região 
selar e sobre o desenvolvimento 
puberal, bem como se já foram re-
alizadas cirurgias do trato genitou-
rinário. Outro ponto de suma im-
portância é a indagação acerca dos 
hábitos de vida do paciente, como 
alcoolismo, exposição ao calor 
(sauna/banheira), uso de fármacos/
suplementos, e nunca esquecer de 
questionar de maneira enfática so-
bre o uso de anabolizantes.
Exame físico:
No exame físico, o estágio de desen-
volvimento das genitálias e dos pe-
los pubianos devem ser avaliados, de 
forma separada, e classificados nos 
estágios 1 a 5, seguindo as caracte-
rizações descritas abaixo.
Desenvolvimento da genitália:
• Estágio 1: é a genitália infantil, 
pré-puberal.
• Estágio 2: aparece um afinamen-
to e hipervascularização da bolsa 
escrotal, com aumento do volu-
me testicular (4 ml de volume ou 
mais, o que corresponde a 2,5 cm 
ou mais no eixo longitudinal; para 
uma medição mais específica, uti-
liza-se um orquidômetro). Sem au-
mento do tamanho do pênis.
• Estágio 3: ocorre aumento da bol-
sa escrotal e do volume testicular, 
com aumento do comprimento do 
pênis (não há critérios definitivos 
para tamanho do pênis, como exis-
te para o volume testicular).
• Estágio 4: maior aumento e hi-
perpigmentação da bolsa escrotal, 
maior volume testicular, com au-
mento do pênis em comprimento e 
diâmetro, além de desenvolvimen-
to da glande.
19HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
• Estágio 5: genitália adulta em ta-
manho e forma. 
Desenvolvimento dos pelos 
pubianos:
• Estágio 1: é pré-puberal. Pelos 
pubianos estão ausentes, poden-
do haver pelugem natural.
• Estágio 2: surgimento de pelos 
pubianos esparsos, finos, longos, 
lisos, um pouco mais escuros, na 
linha medial ou na base do pênis.
• Estágio 3: pelos pubianos em 
quantidade um pouco maior, gros-
sos, ligeiramente encaracolados, 
mais escuros, que se estendem 
para o meio do púbis, distribuídos 
em toda a região pubiana.
• Estágio 4: pelos de características 
adultas, cobrindo os órgãos geni-
tais externos (mas ainda em pe-
quena quantidade), encaracolados, 
mas que não se estendem para a 
raiz/região medial das coxas.
• Estágio 5: pelos de características 
adultas, cobrindo os órgãos geni-
tais externos (em maior quantida-
de), que se estendem para a raiz/
região medial das coxas. Também 
é considerado estágio 5 a exten-
são dos pelos para linha alba ou 
região anterior da coxa.
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3
Estágio 4 Estágio 5
Figura 5. Fonte: http://www.adolesc.
com.br/curso/puberdade-aspec-
tos-gerais-do-crescimento-e-do-
-desenvolvimento-fisico-na-ado-
lescencia/li%C3%A7%C3%B5es/
maturidade-sexual-nos-meninos/
Investigação laboratorial:
A investigação laboratorial deve ser 
realizada apenas em pacientes com 
sinais e sintomas de hipogonadismo. 
É importante lembrar que nos homens 
idosos, doenças associadas, como 
depressão e diabetes melito, produ-
zem sintomas semelhantes aos do 
20HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
hipogonadismo; diferentemente da 
apresentação clássica da deficiência 
androgênica, nos jovens os sintomas 
são menos proeminentes, tornando o 
diagnóstico ainda mais desafiador. 
O primeiro passo no diagnóstico labo-
ratorial do hipogonadismo é a dosa-
gem de testosterona total (TT) sérica. 
A testosterona é secretada conforme 
o ritmo circadiano, com picos maio-
res pela manhã e menores à noite. 
Por este motivo, a dosagem precisa 
ser sempre pela manhã. Com a idade, 
esse ritmo circadiano vai se perdendo. 
Doenças agudas e subagudas tam-
bém podem causar queda da testos-
terona, que se normaliza após a reso-
lução da condição atual. Portanto, ela 
não deve ser dosada em situações de 
estresse. E, devido à grande variação 
diária da testosterona, um único nível 
baixo não é o suficiente para fazer o 
diagnóstico, sendo necessário repetir 
a dosagem alterada.
Na vigência de testosterona baixa, 
deve-se avaliar o eixo hipotálamo-hi-
pofisário com dosagem de LH e FSH 
para o diagnóstico diferencial entre 
causas de hipogonadismo hipo ou hi-
pergonadotrófico. Uma testosterona 
baixa associada à FSH e LH elevados 
indica um hipogonadismo primário, 
ou seja, um defeito no próprio testícu-
lo. Dessa forma, solicita-se cariótipo 
(Klinefelter? Homem XX?), avalia-se 
história de caxumba, trauma testicu-
lar, cirurgias prévias, quimioterapia ou 
radioterapia e uso de medicamentos 
inibidores da esteroidogênese, como 
cetoconazol. Se, por outro lado, a tes-
tosterona baixa estiver associada à 
FSH e LH também baixos ou até nor-
mais, o defeito se encontra no eixo 
hipotálamo-hipófise, caracterizan-
do um hipogonadismo secundário e, 
nesses casos, solicita-se a dosagem 
de prolactina, investigam-se os de-
mais eixos hipofisários e a saturação 
de ferro (suspeita de hemocromato-
se), e pesquisa-se anosmia (suspeita 
de síndrome de Kallmann). A RM da 
hipófise está prioritariamente indica-
da na presença de hiperprolactinemia, 
sintomas de efeito de massa, defeitos 
nos campos visuais ou pan-hipopitui-
tarismo. Na ausência dessas caracte-
rísticas clínicas, a decisão de se obter 
uma RM deve ser individualizada.
SE LIGA! Para os casos de hipogonadis-
mo congênito, o diagnóstico não costu-
ma ser tão difícil, uma vez que os sinais 
clínicos do hipogonadismo congênito 
são bastante específicos e, portanto, a 
dosagem de testosterona baixa nes-
se contexto clínico sela o diagnóstico. 
No entanto, no caso de hipogonadismo 
masculino adquirido, principalmente nos 
casos de DAEM (déficit androgênico do 
envelhecimento masculino), que é uma 
causa funcional de hipogonadismo as-
sociado ao envelhecimento, obesidade, 
síndrome metabólica e comorbidades, o 
hipogonadismo geralmente cursa com 
sintomatologia bem mais inespecífica. 
Portanto, para se fazer diagnóstico de hi-
pogonadismo nesses casos, recomenda-
-se destacar a presença de pelo menos 
três sintomas sexuais associados ao nível 
de testosterona abaixo do valor inferior 
de referência para homens jovens.
21HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Outros exames importantes a se-
rem solicitados incluem: avaliação do 
perfil lipídico, pois o hipogonadismo 
altera os níveis de colesterol; densi-
tometria óssea para avaliar se o pa-
ciente possui osteoporose; espermo-
grama, que é a pedra fundamental do 
exame laboratorial na investigação de 
infertilidade e pode, eventualmente, 
ser útil na diferenciação entre hipogo-
nadismo primário e secundário, pois 
a ocorrência de oligospermia grave/
azoospermia indica lesão testicular; 
perfil glicêmico, devido à associação 
da diabetes com o hipogonadismo; e, 
por fim, USG de abdome para avaliar 
esteatose hepática, pois a presença 
de gordura visceral está associada ao 
hipogonadismo. 
DIAGNÓSTICO DE HIPOGONADISMO 
MASCULINO
Suspeita 
clínica de 
hipogonadismo
8-10 AM: 
Testosterona Total (TT)
NORMAL Baixa
8-10 AM: 
Testosterona Total (TT)
Repetir
Dosar LH e FSH
EUGONADAL
T baixa + LH e FSH baixos T baixa + LH e FSH elevados
Hipogonadismo secundário Hipogonadismo primário
Prolactina, T4, Cortisol 8 AM, 
Fe, Transferrina, RM
Dosar
Cariótipo
22HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
SAIBA MAIS! 
Rastreamento do hipogonadismo: 
Deve-se rastrear o hipogonadismo em homens com:
• Sintomas específicos e inequívocos de hipogonadismo
• Infertilidade
• Osteoporose ou baixa massa óssea
• Massa ou doença em região hipotálamo-hipofisária
• Radioterapia selar prévia
• Uso crônico de corticoide ou opioides
• Vírus da imunodeficiência humana (HIV) com perda progressiva de peso
• Insuficiência renal crônica (IRC) dialítica
• Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) graus 3 e 4.
hiperprolactinemia, anorexia nervosa, 
síndrome de Cushing, tumores hipofi-
sários, obesidade, diabetes melito tipo 
2 ou uso de esteroides anabolizantes.
A terapia de reposição androgênica é 
indicada para todos os homens que 
sofrem de hipogonadismo, exceto se 
houver uma ou mais dasseguintes 
contraindicações:
• História de câncer de próstata: um 
homem com histórico de câncer 
de próstata geralmente não deve 
ser tratado com testosterona. Uma 
possível exceção é um homem hi-
pogonadal que teve uma prostatec-
tomia radical para câncer confinada 
à próstata e está livre de doença 
e tem um antígeno específico da 
próstata (PSA) indetectável por 
pelo menos dois anos, mas isso não 
é consenso entre os especialistas e 
muitos preferem não administrar a 
testosterona nesses casos. 
6. TRATAMENTO
O tratamento do hipogonadismo 
masculino visa ao alívio dos sintomas, 
à restauração de níveis normais de 
testosterona, à melhora da qualidade 
de vida e à redução da mortalidade, a 
qual se mostra elevada em compara-
ção à população geral. No manuseio 
de hipogonádicos, são fundamentais 
a restauração e a manutenção da 
função sexual e das características 
sexuais secundárias, e isso é possível 
a partir da terapia de reposição com 
testosterona (TRT). Em pacientes 
com hipogonadismo hipogonadotró-
fico idiopático, também pode ser ten-
tada a indução da espermatogênese, 
caso haja o desejo de fertilidade, por 
meio do uso de gonadotrofinas exó-
genas ou GnRH administrado de ma-
neira pulsátil. Também deve-se atuar, 
sempre que possível, sobre a causa 
subjacente do hipogonadismo, como 
23HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
• Câncer de próstata: os homens de-
vem ser avaliados quanto à possi-
bilidade de câncer de próstata não 
diagnosticado anteriormente. Um 
homem acima de 50 anos (ou aci-
ma de 40 anos, se for afro-ame-
ricano ou tiver histórico de câncer 
de próstata em parente de primei-
ro grau) deve fazer um exame re-
tal digital e uma medida sérica de 
PSA. Se um nódulo da próstata for 
detectado ou o PSA for > 4 ng/mL 
ou > 3 ng/mL em um homem de 
alto risco, ele deverá ser encami-
nhado para consulta urológica.
• Câncer de mama: a testosterona 
é aromatizada com estradiol, por-
tanto, homens que têm câncer de 
mama não devem ser tratados 
com testosterona.
• Hiperplasia prostática benigna se-
vera não tratada: os sintomas do 
trato urinário inferior devem ser ava-
liados pelo International Prostate 
Symptom Score (IPSS) e a taxa de 
fluxo urinário e a urina residual pós-
-miccional na bexiga por ultrassono-
grafia devem ser medidas antes do 
início do tratamento. Se a sintoma-
tologia do paciente é moderada a 
grave (pontuação maior que 19 no 
IPSS) devido à hiperplasia prostática 
benigna, esta deve ser tratada antes 
da administração de testosterona. 
• Eritrocitose: a terapia de reposição 
de testosterona é contraindicada 
caso haja um hematócrito > 50%. A 
testosterona estimula a eritropoie-
se, ou seja, ocorre uma hipervisco-
sidade sanguínea que pode levar, 
inclusive, à trombose. Portanto, o 
hematócrito deve ser medido antes 
de iniciar o tratamento e, se estiver 
elevado, a causa deve ser procu-
rada e a condição tratada antes do 
início da reposição de testosterona.
• Apneia obstrutiva do sono não tra-
tada: a apneia do sono pode ser 
agravada pelo tratamento com tes-
tosterona, por isso o clínico deve 
perguntar sobre sintomas, como 
sonolência diurna excessiva e ap-
neia testemunhada durante o sono 
por um parceiro e se indicada, a po-
lissonografia deve ser realizada. Pa-
cientes cuja apneia do sono é bem 
tratada com pressão positiva contí-
nua nas vias aéreas (CPAP) podem 
fazer tratamento com testosterona.
• Insuficiência cardíaca descompen-
sada: a testosterona possui proprie-
dades de retenção hídrica e hiper-
trofia dos cardiomiócitos, portanto, 
uma insuficiência cardíaca grave 
deve ser tratada antes do início do 
tratamento com testosterona.
Terapia de reposição com 
testosterona:
A testosterona pode ser adminis-
trada por via oral, bucal, nasal, in-
tramuscular, transdérmica (gel ou 
adesivos) ou subcutânea (implan-
tes ou injeções) e a escolha entre as 
24HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
diferentes preparações de testostero-
na requer uma compreensão de sua 
farmacocinética.
As principais formas de administração 
disponíveis no Brasil são as seguintes:
Testosterona Injetável IM: é a forma 
mais comum, barata e disponível da 
testosterona no Brasil. No entanto, 
não mimetiza o ritmo fisiológico de 
secreção de testosterona, pois pro-
picia pico sérico elevado de testoste-
rona nos dias seguintes à aplicação. 
Apresentações comerciais:
• Deposteron®, Testiormina® (ci-
pionato de testosterona) 200 mg: 
administra-se uma ampola intra-
muscular (IM) a cada 2 a 3 sema-
nas. Faz pico sérico menor quando 
comparado ao Durateston®;
• Durateston®, Estandron® (mistura 
de quatro ésteres de testosterona: 
propionato, fenilpropionato, isoca-
proato e decanoato de testoste-
rona) 250 mg: administra-se uma 
ampola IM a cada 2 a 3 semanas;
• Nebido® (undecanoato de testos-
terona) 1.000 mg: administra-se 
uma ampola IM a cada 3 meses. 
Pode-se administrar uma dose de 
ataque após 6 semanas da primeira 
dose, visando acelerar a obtenção 
de bom nível sérico de testosterona.
Testosterona oral: o inconveniente 
da testosterona via oral é que esta 
tem passagem hepática e, por isso, 
pequena meia-vida, precisando ser 
ingerida várias vezes ao dia (3 a 4 ve-
zes) para manter o nível sérico. Além 
disso, as formas 17-alfa-alquiladas 
de testosterona via oral podem causar 
hepatotoxicidade, mesmo em níveis 
fisiológicos, aumentando, portanto, o 
risco de hepatite, colestase e neopla-
sias benignas e malignas do fígado. 
Por isso, essas formas de reposição 
não são habitualmente recomenda-
das. As medicações existentes são:
• Androxon® (undecanoato de tes-
tosterona): a posologia é de 1 com-
primido (40 mg), 3 a 4 vezes/dia, 
por ter efeito de primeira passagem 
hepática. Já está disponível no Bra-
sil. É a única forma de testosterona 
oral segura, pois não há risco de he-
patotoxicidade com o seu uso nas 
doses fisiológicas, já que chega à 
corrente sanguínea por via linfática 
e não por circulação porta. Pode ser 
manipulado (undecanoato de tes-
tosterona 40 a 160 mg/dia).
• Metiltestosterona (Gerosenil®, No-
vosex®, Sexormom®, Testofran®, 
Testonus®): É uma forma de tes-
tosterona 17-alfa-alquilada, e por 
isso pode causar hepatotoxicida-
de mesmo nas doses fisiológicas. 
Disponível no Brasil.
• Oxandrolona (Anavar®, Lipidex®): 
É outra forma de testosterona 
17-alfa-alquilada e também pode 
provocar hepatotoxicidade. É mui-
to utilizada por frequentadores de 
25HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
academia, visando ao aumento de 
massa muscular e efeito anabólico. 
É uma derivada da di-hidrotestos-
terona (DHT), por isso não é aro-
matizada e não causa ginecomas-
tia. Os comprimidos são de 5 ou 
10 mg, e muitas vezes chegam-se 
a utilizar, em academias, doses al-
tíssimas, como até 100 mg/dia.
• Outras formas de testosterona 
17-alfa-alquiladas (hepatotóxi-
cas): Fluoximesterona, oximetolo-
na, estanozolol.
Gel de testosterona 1%: são sachês/
envelopes de 2,5 ou 5 g, correspon-
dendo a 25 ou 50 mg de testosterona; 
ou apresentação em frascos, em que 4 
puffs correspondem a 50 mg de tes-
tosterona. Orienta-se passar 5 a 10 
g do gel (correspondente a 50 a 100 
mg de testosterona) 1 vez/dia em pele 
recoberta por roupa, geralmente om-
bros, braços ou costas. Sempre se deve 
orientar a lavagem das mãos imedia-
tamente após a aplicação. A absorção 
é rápida e eficiente, e mantém níveis 
séricos de testosterona adequados, 
não causando pico como as formula-
ções intramusculares. Geralmente não 
causam irritação na pele, como pode 
acontecer com os adesivos (patchs). 
Como apenas 10% do gel é absorvi-
do, conclui-se que a dose absorvida é 
equivalente a 5 a 10 mg de testoste-
rona, semelhante à produção diária de 
testosterona pelo homem, que é algo 
em torno de 7 mg/dia. O uso é diário e 
tem alto custo. As apresentações co-
merciais de testosterona em gel dis-
poníveis atualmente no Brasil são:
• Axeron® 2% (apresentação em 
puff de 1,5 mℓ, cada puff tem 30 
mg): aplicar 2 a 4 puffs 1 vez/dia 
na pele das axilas): é uma solução 
hidroalcoólicade testosterona que 
atinge nível sérico estável em 7 dias 
de uso, e cuja monitorização já pode 
ser feita com dosagem da testoste-
rona após 2 semanas de uso para 
ajuste de dose. Dose mínima e ini-
cial de 60 mg/dia (2 puffs);
• Androgel® (apresentações em 
sachês com 2,5 g e 5 g de gel, o 
que equivale a 25 mg ou 50 mg de 
testosterona).
SE LIGA! A administração de testoste-
rona suprime a secreção de LH e, assim, 
suprime a alta concentração de testos-
terona intratesticular essencial para a 
espermatogênese. Embora o efeito das 
doses de reposição de testosterona em 
homens com graus leves de hipogona-
dismo que ainda apresentem algum grau 
de espermatogênese não tenha sido es-
tudado, os homens hipogonádicos que 
estão sendo considerados para reposição 
de testosterona devem ser informados 
do efeito supressor da testosterona na 
espermatogênese e perguntados se eles 
desejam fertilidade. Se o fizerem, outros 
tratamentos devem ser considerados.
As alternativas de terapia de reposi-
ção androgênica para os homens com 
hipogonadismo funcional que pos-
suem desejo de fertilidade incluem a 
26HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
administração de HCG, Clomifeno e 
FSH recombinante. O Clomifeno é um 
fármaco de ação antiestrogênica, que 
age inibindo a ação do estrógeno a ní-
vel central, hipotalâmico e hipofisário. 
Desta maneira, inibe o feedback ne-
gativo que o estrógeno exerce sobre 
o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal 
(HHG) e consegue estimular a libera-
ção de gonadotrofinas hipofisárias que, 
por sua vez, estimulam a espermato-
gênese. Costuma ter boa resposta, por 
exemplo, no tratamento do hipogona-
dismo da obesidade e da síndrome 
metabólica, uma vez que o excesso de 
aromatização periférica dos hormô-
nios esteroides no tecido adiposo sub-
cutâneo pode cursar com aumento da 
produção estrogênica nessa popula-
ção e inibição hipotálamo-hipofisária.
Monitoramento do tratamento:
A medida da testosterona sérica é a 
melhor maneira de monitorar se a dose 
da testosterona e/ou o intervalo de ad-
ministração estão adequados. A infor-
mação dos pacientes sobre a melhora 
dos sintomas também é útil. De modo 
geral, recomenda-se que se almejem 
níveis de testosterona total (TT) entre 
400 e 700 ng/dℓ (400 e 500 ng/dℓ, 
nos pacientes mais idosos). 
A época ideal para essa dosagem va-
ria com formulação de testosterona 
utilizada. Por exemplo, nos pacientes 
tratados com Durateston®, enanta-
to ou cipionato de testosterona, essa 
avaliação deve ser feita na metade 
do intervalo de aplicação (após 7 a 
10 dias). No caso do undecanoato de 
testosterona (Nebido®), a avaliação 
deve ser feita antes da nova aplicação 
do fármaco. Se os níveis de TT estive-
rem abaixo ou acima do alvo, o inter-
valo de aplicação deve ser reajustado. 
Alternativamente pode-se modificar 
a dose da medicação (p. ex., 100 mg 
de cipionato de testosterona semanal-
mente, em vez de 200 mg a cada 15 
dias). Muitas vezes, a própria resposta 
clínica do paciente pode servir de in-
dício da necessidade de modificação 
da frequência das injeções ou da dose. 
No caso de fármacos de administra-
ção diária (formulações oral, transdér-
mica, bucal ou nasal), pode-se apenas 
aumentar ou diminuir sua dose. 
Além da dosagem da testosterona, 
deve-se realizar uma avaliação se-
riada do PSA e hematócrito, devendo 
suspender a reposição:
• Se houver aumento do PSA para 
> 1,4 ng/mℓ em 1 ano ou PSA > 4 
ng/mℓ;
• Se houver aumento maior que 0,4 
ng/mℓ ao ano por 2 anos seguidos;
• Se o hematócrito for maior do que 
55%.
Outros exames a serem solicitados 
para o seguimento do paciente são o 
perfil lipídico, as transaminases e en-
zimas canaliculares hepáticas, além 
da densitometria óssea anual. 
27HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
TRATAMENTO DO HIPOGONADISMO MASCULINO
Contraindicações TRT
Monitoramento
Indicação Objetivos
Hematócrito
Perfil lipídico, transaminases, enzimas 
hepáticas e densitometria óssea 
PSA seriado
Testosterona 
total sérica
Se maior que 55% → 
suspender reposição
A testosterona suprime 
o LH → infertilidade
Testosterona oral
Aumento para 1,4 ng/mL em 
1 ano; PSA > 4 ng/mL; aumento 
de 0,4 ng/mL/ano por 2 anos
Entre 400 e 700 ng/dL
Suspender reposição
Valores alterados → 
reajuste no intervalo 
das aplicações
Eritrocitose 
Apneia obstrutiva do 
sono não tratada
IC descompensada 
HPB severa não tratada
Câncer de mama
História de câncer 
de próstata
Avaliar possíveis 
exceções e pacientes de 
alto risco → avaliação 
com urologista
Todos os homens que 
sofrem de hipogonadismo
Testosterona IM
Restauração dos níveis 
normais de testosterona 
e função sexual
Redução da mortalidade
Alívio dos sintomas
Melhora da qualidade 
de vida
Para homens que desejam 
fertilidade as opções de terapia de 
reposição androgênica são: HCG, 
Clomifeno e FSH recombinante.
Testosterona gel Axeron, androgel
Androxon, 
metiltestosterona, 
oxandrolona
Primeira passagem 
hepática → 
hepatotoxicidadeDeposteron, 
Durateston, Nebido
28HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
HIPOGONADISMO 
FEMININO
1. DEFINIÇÃO:
O hipogonadismo feminino, assim como 
o masculino, é caracterizado por uma 
disfunção do eixo gonadotrófico, seja 
por uma perda de oócitos, pela falta de 
foliculogênese ou de cunho hormonal, 
pela própria deficiência na produção 
de estrogênio ovariano. Qualquer uma 
dessas disfunções resulta na infertili-
dade, que é, muitas vezes, o sinal que 
leva a mulher a procurar o especialista. 
HORA DA REVISÃO!
Para entendermos a disfunção e suas 
possíveis causas, é necessário relembrar-
mos a fisiologia do eixo gonadotrófico fe-
minino, caracterizado pelo ciclo menstrual.
De forma simples e resumida, sabemos 
que tudo se inicia no hipotálamo, com a 
produção do GnRH, hormônio que irá 
estimular a hipófise a produzir FSH e LH 
que, por sua vez, irão agir nos ovários 
estimulando a ovulação. 
Para além disso, é importante a compre-
ensão de forma mais detalhada da ação 
do FSH e do LH nos ovários, que se dá 
da seguinte forma:
Primeiramente a hipófise produz o FSH, 
ou seja, ele é o primeiro hormônio do ciclo 
menstrual. O FSH age nos ovários pro-
movendo o recrutamento dos folículos 
ovarianos e estes iniciam a produção de 
estrogênio, principalmente porque o FSH 
estimula a zona granulosa dos folículos, 
que produz esse estradiol. O estrogênio 
produzido vai gerar um feedback nega-
tivo na hipófise, inibindo a produção de 
FSH. Em resposta ao aumento expo-
nencial da secreção do estradiol na fase 
folicular, os níveis de LH aumentam 10 
vezes, e este hormônio vai estimular a 
teca do ovário a produzir a progesterona 
que irá promover a ovulação. Caso o óvu-
lo seja fecundado, a progesterona será 
mantida pelo próprio embrião, evitando a 
descamação do endométrio. No entanto, 
caso o óvulo não seja fecundado, haverá 
uma queda da progesterona e, com isso, 
a menstruação.
HIPOTÁLAMO
Produz
GnRH
Estimula
Produz
FSH LH
Estimula
Teca do ovário
Produz
Estímula
Ovários → recrutamento de 
folículos ovarianos
Progesterona
Hipófise
Feedback 
negativo
Estimula
Ovulação
Zona granulosa dos 
folículos
Produz
Estradiol
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIO
29HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
2. EPIDEMIOLOGIA
A falência ovariana precoce pode ser 
considerada uma síndrome frequente 
na população feminina, acometendo 
1 em cada 100 mulheres acima dos 
40 anos, 1:250 em torno dos 35 anos 
e 1:1000 antes dos 30 anos. Em uma 
pequena parcela dos casos, cerca de 
5 a 10%, pode haver regressão es-
pontânea da falência.
Das mulheres que sofrem dessa sín-
drome, cerca de 5% têm história fa-
miliar de menopausa precoce. 
3. ETIOLOGIAS
Entendida a fisiologia normal do eixo 
gonadotrófico, podemos identificar as 
possíveis etiologias que levam à sua 
disfunção. 
Se a deficiência é própria do ovário, 
classificamos como uma etiologia pri-
mária, caracterizada laboratorialmen-
te por LH e FSH altos. Isso se deve 
ao feedback positivo na hipófise pro-
vocado pela baixa de estrogênio e 
progesterona.Por outro lado, se a de-
ficiência não está no ovário, mas sim 
em outra parte do eixo, classificamos 
como de etiologia secundária. 
Disfunção ovariana primária:
Em primeiro lugar, é preciso identifi-
car se a falência ovariana é precoce 
ou é devido à própria menopausa, e 
isso será definido a partir da idade 
da mulher: a falência ovariana é con-
siderada precoce em mulheres com 
menos de 40 anos, enquanto em mu-
lheres com mais de 40 anos já é con-
siderada como menopausa.
As etiologias da disfunção ovariana 
primária se dividem em causas gené-
ticas e adquiridas, sendo que em 75 a 
90% dos casos a etiologia permane-
ce desconhecida. 
Causas genéticas: 
Entre as causas genéticas, as anor-
malidades do cromossomo X são as 
mais frequentes, seguidas da pré-
-mutação do X frágil (FMR1). Esta 
última é observada em cerca de 2 a 
3% das falências ovarianas precoces 
esporádicas e em até 15% dos ca-
sos familiares. Dois cromossomos X 
intactos são necessários para a ma-
nutenção dos oócitos durante a em-
briogênese, e a perda ou alteração 
nos cromossomos sexuais leva a uma 
perda folicular acelerada. 
A síndrome de Turner ocorre em 
1:2.000 a 1:5.000 meninas ao nas-
cimento e é caracterizada pelo carió-
tipo 45, X ou mosaico 45, X/46, XX. 
As meninas nascem com baixo peso, 
linfedema e, na infância, apresentam 
baixa estatura, retardo puberal, im-
plantação baixa do cabelo, pescoço 
alado, além de malformações cardía-
cas e renais. O aumento dos níveis de 
gonadotrofinas inicia-se a partir dos 
7 ou 8 anos de idade, e a amenorreia 
30HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
primária é quase uma regra. Entre-
tanto, a síndrome pode se expressar 
de maneira incompleta, e 5% das 
pacientes evoluem com amenorreia 
secundária, apesar de apresentarem 
ovários disgenéticos.
Figura 6. Síndrome de Turner. Fonte: https://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0104-59702009000200005
Outras causas mais raras para falên-
cia ovariana precoce de origem gené-
tica decorrem de deficiências enzimá-
ticas. A deficiência da 17β-hidroxilase 
ou da 17,20-liase resulta em compro-
metimento da secreção de hormônios 
adrenais e gonadais. 
A galactosemia, de ocorrência muito 
rara, decorre da deficiência de uma 
enzima do metabolismo da galactose 
que, então, acumula-se em vários ór-
gãos, incluindo os ovários, e provoca 
efeito tóxico. 
Têm sido também descritas mutações 
no receptor de LH associadas a um qua-
dro de amenorreia primária com desen-
volvimento mamário normal. Mutações 
e polimorfismos no gene do receptor 
de FSH já foram igualmente relatados 
e estão relacionados com insuficiência 
ovariana hipergonadotrófica, caracte-
rizada por amenorreia primária ou se-
cundária antes dos 20 anos.
Causas adquiridas: 
As causas adquiridas de insuficiência 
ovariana primária, levando à meno-
pausa precoce, são: ooforite autoimu-
ne, radioterapia pélvica, quimioterapia, 
medicamentos, cirurgias pélvicas, oofo-
rectomia, torção ovariana, síndrome de 
Savage (ovários resistentes às gona-
dotrofinas, com folículos ovarianos pre-
sentes, mas hipogonadismo hipergona-
dotrófico), idiopática (50% dos casos).
A destruição ovariana autoimune tem 
um diagnóstico de difícil confirmação, 
31HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
a menos que ela ocorra no contexto 
de uma das síndromes poliglandulares 
autoimunes. Estima-se que cerca de 
20 a 30% das pacientes com falência 
ovariana precoce tenham uma doença 
autoimune concomitante, e a associa-
ção mais forte é com os distúrbios ti-
reoidianos. Além disso, 10 a 20% das 
pacientes com doença de Addison au-
toimune apresentam a falência. 
A associação entre doenças sis-
têmicas e falência ovariana é bem 
estabelecida. Algumas doenças de-
correntes de alterações imunológicas, 
como artrite reumatoide juvenil, lúpus 
eritematoso sistêmico e outras cola-
genoses, glomerulonefrite, distúrbios 
da tireoide (tireoidite de Hashimoto e 
doença de Graves), hepatite crônica 
ativa, miastenia gravis e asma, podem 
se associar a insuficiência ovariana.
Infecções por caxumba ou citomega-
lovírus também podem gerar disfun-
ção ovariana. 
SAIBA MAIS! 
A amenorreia é a ausência ou interrupção da menstruação e pode ser manifestação de vá-
rias doenças, endócrinas ou não endócrinas, classificando-se como primária ou secundária. 
Amenorreia primária é a ausência de menarca após os 13 anos de idade, em meninas que 
não possuem caracteres sexuais secundários, ou aos 15 anos, na presença de característi-
cas sexuais secundárias. A amenorreia secundária é a interrupção das menstruações por 3 
meses consecutivos em uma mulher que já tenha menstruado previamente ou a interrupção 
da menstruação por mais de 6 meses em mulheres que possuíam o ciclo menstrual irregular.
SE LIGA! Anovulação crônica com estrogênio presente: pacientes 
com amenorreia secundária e, eventualmente, com amenorreia pri-
mária podem apresentar níveis estrogênicos normais. Nessas pacien-
tes, ocorrem alterações no mecanismo de feedback entre os este-
roides sexuais e os gonadotrofos, de modo que não há sincronia na 
produção hormonal, que perde seu ritmo e sua ciclicidade, ocorrendo 
então anovulação e infertilidade. Sem ovulação, o corpo lúteo não se 
forma, nem aumenta a produção de progesterona na segunda me-
tade do ciclo e, desse modo, não ocorre a queda dos níveis séricos 
de progesterona que antecede o sangramento menstrual. Esse grupo 
de pacientes tem risco aumentado de carcinoma de endométrio de-
vido ao excesso de estrogênio não adequadamente equilibrado pela 
produção de progesterona. Portanto, deve ser feito o tratamento da 
causa de base ou com anticoncepcionais ou progestágenos cíclicos, 
visando a antagonizar a ação proliferativa que o excesso de estróge-
nos exerce sobre o endométrio dessas pacientes.
32HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Disfunção ovariana secundária:
A insuficiência ovariana secundária, 
hipotalâmica ou hipofisária, caracteri-
za-se por níveis normais ou reduzidos 
de gonadotrofinas. Pode ser decor-
rente de patologias neoplásicas, infla-
matórias/infiltrativas e infecciosas da 
região selar, bem como de deficiência 
isolada de gonadotrofinas, amenor-
reia “funcional” hipotalâmica (AFH) e 
distúrbios endócrinos extraovarianos. 
Distúrbios genéticos raros podem 
também resultar em hipogonadismo 
central. Aqui, dividiremos as causas 
em hipotalâmicas e hipofisárias. 
Hipotalâmicas: 
A Síndrome de Kallmann se desta-
ca como causa hipotalâmica e ge-
nética da falência ovariana precoce. 
Essa síndrome é caracterizada pela 
associação entre o hipogonadismo e 
a anosmia ou hiposmia e ocorre por 
deficiência congênita de GnRH, com 
incidência estimada de 1:50.000 mu-
lheres. A síndrome de Kallmann pode 
aparecer como uma herança ligada 
ao X, mas pode também ter herança 
autossômica dominante ou autossô-
mica recessiva. Variações fenotípi-
cas costumam ser encontradas entre 
familiares com a mesma mutação, 
incluindo indivíduos saudáveis nor-
mais. Além disso, já foram descritos 
na literatura casos de reversibilidade 
do hipogonadismo em diferentes ge-
nótipos da síndrome de Kallmann.
SE LIGA! Tríade da Síndrome de Kall-
mann: anosmia/hiposmia + amenor-
reia primária + crescimento mamário 
incompleto.
Hipofisárias:
As causas hipofisárias da falência 
ovariana precoce são bastante varia-
das e incluem:
• Hemorragia: atentar para a cefa-
leia como sintomatologia;
• TCE com infarto hipofisário: a dis-
função pode aparecer na fase 
aguda ou até 6 meses após o 
traumatismo;
• Prolactinoma: a prolactina inibe os 
pulsos de GnRH;
• Tumor hipofisário: mesmo que o 
tumor não seja próprio dos gona-
dotrofos, ele pode provocar a des-
truição dessas células, impedindo 
sua função de secretar FSH e LH;
• Infecções: são raras e geralmente 
associadas a imunodeficiências. 
As principais infecções a serem 
pesquisadas são a tuberculose, a 
toxoplasmose e as infecções fún-
gicas (pneumocistose, aspergilose, 
histoplasmose);
• Síndrome da sela vazia: é a ausên-
cia da sela túrcica, seja poruma 
causa congênita ou devido à cirur-
gia, radioterapia ou infarto hipofisá-
rio. A hipófise repousa sobre essa 
33HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
sela túrcica, portanto a sua ausên-
cia resulta na “queda” da hipófise, 
provocando a tração da haste hi-
pofisária que conecta o hipotálamo 
à hipófise, enfraquecendo essa co-
nexão. Essa síndrome pode ser as-
sintomática ou se manifestar com 
hipopituarismo com hiperprolacti-
nemia. A prolactina é inibida pela 
dopamina hipotalâmica e na perda 
da conexão hipotálamo-hipófise, 
a prolactina passa a ser continua-
mente produzida pela hipófise. 
ETIOLOGIAS DO HIPOGONADISMO FEMININO
Disfunção ovariana primária Disfunção ovariana secundária
Hipofisárias: Hemorragia, TCE, 
prolactinoma, tumor hipofisário, 
infecções, S. da sela vazia
LH e FSH baixos
Hipotalâmica: S. de Kallmann
Adquiridas: idiopática, autoimune, 
radioterapia e cirurgias pélvicas, 
medicamentos, quimioterapia, 
torção ovariana, S. de Savage
Precoce: mulheres com 
menos de 40 anos;
Menopausa: mais de 40 anos
LH e FSH altos
Genéticas: anormalidades do 
cromossomo X (como S. de Turner) 
e deficiências enzimáticas
4. QUADRO CLÍNICO:
As manifestações clínicas do hipogo-
nadismo feminino vão depender da 
faixa etária da paciente. Nas crianças, 
ocorre o atraso do desenvolvimento 
34HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
puberal, caracterizado principalmen-
te pela menarca acima dos 13 anos. 
Já nas mulheres adultas, as altera-
ções incluem amenorreia, redução de 
libido, infertilidade, queda de pelos, 
atrofia das mamas, redução da força 
muscular e da massa óssea. 
Além das alterações clínicas, algumas 
alterações laboratoriais estão presen-
tes, como a hipercolesterolemia, com 
aumento do LDL, e uma baixa densi-
tometria que leva à osteoporose. 
INÍCIO PRÉ-PUBERAL INÍCIO PÓS-PUBERAL
Atraso do desenvolvi-
mento puberal
Amenorreia
Menarca acima dos 13 
anos
Redução de libido
Mamas não 
desenvolvidas
Infertilidade
Pouco ou nenhum pelo 
pubiano
Queda de pelos
Atrofia das mamas
Diminuição da massa 
óssea e muscular
Tabela 1. Manifestações clínicas do hipogonadismo 
feminino
5. DIAGNÓSTICO
Anamnese: 
Na anamnese da paciente é impor-
tante explorar o histórico sexual de 
forma completa, indagando sobre 
mudanças na libido, secura vaginal, 
frequência de masturbação e ativida-
de sexual e avaliar fertilidade.
Deve-se pesquisar ainda o histórico 
familiar de puberdade e de menarca, 
bem como se Síndrome de Turner ou 
X frágil, histórico pessoal de peso, ali-
mentação e uso de álcool, exercícios 
físicos extenuantes, cirurgias prévias, 
uso de medicamentos e suplementos, 
quimioterapia ou radioterapia prévias, 
doenças autoimunes, doenças sistê-
micas, gestações ou abortos prévios, 
presença de galactorreia, cefaleia, 
alterações visuais, traumas, queixas 
neurológicas (redução na concentra-
ção, insônia), história dos ciclos mens-
truais prévios e presença de irregula-
ridade menstrual prévia e de sinais de 
hipoestrogenismo (instabilidade de 
temperatura, fogachos, ondas de ca-
lor, sintomas vasomotores).
Dentre as doenças sistêmicas pre-
sentes, nos chama atenção o HIV, a 
infecção do trato urinário de repetição 
e o tumor na região selar. 
SE LIGA! O uso de anabolizantes deve 
ser questionado ativamente!
Exame físico:
No exame físico, deve-se avaliar peso, 
altura, curva de crescimento, presença 
ou não de caracteres sexuais secun-
dários, galactorreia, hirsutismo, viriliza-
ção, acne ou sinais de hiperandroge-
nismo, calvície de padrão androgênico, 
acantose nigricans e sinais de síndro-
me de Cushing (estrias grossas violá-
ceas, giba, obesidade central).
35HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
As mamas também devem ser exa-
minadas e classificadas quanto ao 
seu estágio de desenvolvimento de 1 
a 5. Os estágios 1 e 2 indicam pouca 
ou quase nenhuma exposição estro-
gênica anterior, enquanto os estágios 
mais avançados indicam que essa 
exposição ocorreu por um período de 
tempo suficiente para um melhor de-
senvolvimento mamário.
• Estágio 1: é a mama infantil, pré-
-puberal. Sem tecido mamário pal-
pável, com pequena aréola no pla-
no da parede torácica.
• Estágio 2: presença de “botão” 
mamário imediatamente sob a 
aréola, cujo diâmetro começa a 
aumentar. O broto mamário for-
ma-se com uma pequena saliên-
cia, com elevação da mama e da 
papila, e ocorre aumento do diâ-
metro areolar. Melhor visualizado 
lateralmente.
• Estágio 3: extensão do tecido ma-
mário além dos limites da aréola. 
Maior aumento da aréola e da pa-
pila, sem separação do contorno 
da mama.
• Estágio 4: a aréola, mais escure-
cida e com diâmetro aumentado, 
forma um montículo acima do res-
tante do tecido mamário, chamado 
de “duplo contorno”.
• Estágio 5: mama com aspecto 
adulto, com volta do contorno da 
aréola para o contorno da mama, e 
projeção da papila além do contor-
no da aréola e da mama.
O desenvolvimento dos pelos pubia-
nos femininos também é classificado 
em estágios, da seguinte forma:
• Estágio 1: é pré-puberal. Pêlos 
pubianos estão ausentes, poden-
do haver pelugem natural.
• Estágio 2: surgimento de elos pu-
bianos esparsos, finos, longos, li-
sos, um pouco mais escuros, ao 
longo da vulva, na linha central da 
região pubiana.
• Estágio 3: elos pubianos em quan-
tidade um pouco maior, grossos, 
ligeiramente encaracolados, mais 
escuros, que se estendem para 
o meio do púbis, distribuídos em 
toda a região pubiana.
• Estágio 4: elos de características 
adultas, cobrindo os órgãos geni-
tais externos (mas ainda em pe-
quena quantidade), encaracolados, 
mas que não se estendem para a 
raiz / região medial das coxas.
• Estágio 5: elos de características 
adultas, cobrindo os órgãos geni-
tais externos (em maior quantida-
de), que se estendem para a raiz / 
região medial das coxas. Também 
é considerado estágio 5 a exten-
são dos elos para linha alba ou re-
gião anterior da coxa.
36HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Figura 7. Fonte: http://www.adolesc.com.br/curso/puberdade-aspectos-gerais-do-
-crescimento-e-do-desenvolvimento-fisico-na-adolescencia/li%C3%A7%C3%B5es/
maturidade-sexual-nas-meninas/
desconfiamos de um prolactinoma e 
solicitamos uma RM da hipófise para 
fechar o diagnóstico. No entanto, se 
a prolactina estiver em seus níveis 
normais, passamos para a avaliação 
do TSH: se este estiver alterado, de-
vemos avaliar e tratar a doença na ti-
reoide; se o TSH é normal, passamos 
para o próximo passo, que é a avalia-
ção do FSH juntamente com o estró-
geno. Quando o FSH está elevado e o 
estrógeno está baixo, significa que a 
hipófise e o hipotálamos estão traba-
lhando de maneira adequada e, por-
tanto, a deficiência é primária, ou seja, 
dos ovários. Caso o FSH se encontre 
normal ou baixo, se o estrógeno tam-
bém está baixo, estamos diante de 
um hipogonadismo hipogonadotró-
fico e devemos realizar uma RM da 
hipófise para descartar um tumor se-
lar, além de investigar outras causas, 
Estágio 1
Estágio 1
Estágio 2
Estágio 2
Estágio 3
Estágio 3
Estágio 4
Estágio 4
Estágio 5
Estágio 5
Figura 8. Fonte: http://www.adolesc.com.br/curso/puberdade-aspectos-gerais-do-
-crescimento-e-do-desenvolvimento-fisico-na-adolescencia/li%C3%A7%C3%B5es/
maturidade-sexual-nas-meninas/
Avaliação laboratorial:
Paciente com amenorreia 
secundária:
O primeiro passo é afastar a gravidez 
como causa da amenorreia, solicitando 
a dosagem de hCG sérico. Afastada a 
gravidez, solicitamos os testes labora-
toriais iniciais, que incluem a dosagem 
do FSH (exame mais sensível para ava-
liar se o hipogonadismo é primário ou 
central), estrógeno, TSH e prolactina. 
SE LIGA! A dosagem da testosterona 
deve ser solicitada quando houver evi-
dência de hiperandrogenismo, como au-
mento de pelos e hipertrofia de clítoris.
Se a prolactina vier elevada, devemos 
repetir o exame para confirmar a hi-
perprolactinemia e, caso confirmada, 
37HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
como: amenorreia hipotalâmica fun-
cional, doença sistêmica e outros dis-
túrbios hipotalâmicose hipofisários. 
Por outro lado, a associação do FSH 
baixo ou normal com um estrógeno 
normal pode ser ainda um hipogona-
dismo hipogonadotrófico, no entanto, 
existem outras causas que devem ser 
afastadas anteriormente e estão as-
sociadas à presença de hiperandro-
genismo. Nesses casos, a síndrome 
do ovário policístico (SOP) é o diag-
nóstico mais provável, mas se a tes-
tosterona estiver muito aumentada 
(> 150 ng/dl) ou se houver virilização, 
é necessária uma avaliação adicional 
para descartar causas mais graves de 
hiperandrogenismo, como um tumor 
produtor de testosterona. 
Por último, se o FSH está baixo ou nor-
mal, o estrógeno está normal e a pa-
ciente não possui hiperandrogenismo, 
a história de cirurgia uterina deve ser 
novamente pesquisada e, nesses ca-
sos, seguiremos a seguinte conduta:
• Realizar teste de progesterona: ad-
ministram-se 10 mg/dia de MPA 
por via oral, durante 5 a 10 dias. 
Uma resposta positiva (sangra-
mento menstrual) corresponde a 
trato genital íntegro e pérvio e, de 
maneira indireta, sugere que o eixo 
hipotalâmico-hipofisário-ovariano é 
competente para a produção de es-
trogênio, com endométrio responsi-
vo. Caso o resultado seja negativo 
(ausência de sangramento mens-
trual), devemos prosseguir com o 
teste de estrógeno + progesterona.
• Teste de estrógeno + progestero-
na: pode-se utilizar os estrogênios 
conjugados 1,25 mg/dia ou o va-
lerato de estradiol 2 mg, durante 
21 dias, associados nos últimos 
10 dias a medroxiprogesterona 
ou didrogesterona (10 mg/dia), ou 
a combinação de 2 mg de valera-
to de estradiol e 0,25 mg de levo-
norgestrel durante 21 dias, com 
a finalidade de testar a resposta 
endometrial e a permeabilidade 
uterina. A resposta positiva cor-
responde ao fluxo menstrual, e a 
resposta negativa, a ausência de 
fluxo menstrual. Nas amenorreias 
secundárias com teste negativo, 
as causas mais frequentes são 
sinéquias uterinas (síndrome de 
Asherman) e deve-se dar segui-
mento à investigação com a reali-
zação de uma histeroscopia. 
38HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
DIAGNÓSTICO DA AMENORREIA SECUNDÁRIA
+
+
+
(+)(-)(-)
(+)
↑ PRL TSH anormal FSH E2
Disfunção ovariana 
primária
Dosar PRL, TSH, FSH, E2
*Dosar testosterona se evidência de hiperandrogenismo*
AFASTAR 
GRAVIDEZ
Hiperprolactinemia Distúrbio da tireoide
Prolactinoma? Tratar etiologia
RM de hipófise
FSH alto 
FSH baixo 
ou normal 
FSH baixo 
ou normal 
E2 baixo
E2 baixo
E2 normal
Sem 
hiperandrogenismo
Hipogonadismo 
hipogonadotrófico
Pesquisar tumor 
selar (RM), doenças 
sistêmicas
SOP ou causas 
mais graves
Teste da 
progesterona
Trato genital pérvio
Anovulação
Teste do estrógeno + 
progesterona
Trato genital pérvio
Histeroscopia
Com 
hiperandrogenismo
39HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Paciente com amenorreia primária:
Todas as mulheres com amenor-
reia primária devem ter gonadotro-
fina coriônica humana sérica (hCG), 
FSH, hormônio estimulador da tireoi-
de (TSH) e prolactina (PRL) medi-
das, semelhante à abordagem para 
mulheres com amenorreia secundá-
ria. Alguns médicos sugerem testes 
adicionais, incluindo estradiol sérico 
(E2) para avaliar o status de estrogê-
nio, no entanto, as medidas séricas 
de E2 podem ser variáveis em mu-
lheres com falência ovariana precoce 
ou amenorreia hipotalâmica funcio-
nal durante a recuperação e podem 
não refletir a exposição ao estradiol 
durante semanas. Por outro lado, E2 
pode ser útil ao tentar interpretar os 
valores de FSH. Medimos o T4 livre 
apenas quando há suspeita de hipo-
tireoidismo central.
Uma alta concentração sérica de hor-
mônio folículo-estimulante (FSH), 
principalmente se a paciente não 
possui características sexuais secun-
dárias, é indicativa de insuficiência 
ovariana primária. Um cariótipo é en-
tão necessário e pode demonstrar a 
exclusão completa ou parcial do cro-
mossomo X (síndrome de Turner) e/
ou a presença de cromatina Y. A pre-
sença de um material cromossômico 
Y (SRY) está associada a um maior 
risco de tumores gonadais e torna 
obrigatória a gonadectomia. Por outro 
lado, uma concentração baixa ou nor-
mal de hormônio folículo-estimulante 
sérico (FSH) na ausência de caracte-
rísticas sexuais secundárias sugere 
um processo hipotalâmico-hipofisário 
central, tornando necessário a reali-
zação do teste com o GnRH. Se após 
administração de GnRH a paciente 
passa a sangrar, o teste é positivo e 
conclui-se que o problema se encon-
tra no hipotálamo, devendo-se pes-
quisar amenorreia hipotalâmica fun-
cional, questões nutricionais, doenças 
sistêmicas e tumores (realizar RM). 
No entanto, se ainda assim a paciente 
permanece sem sangramento, a con-
clusão é que o problema se encontra 
na hipófise (também se faz necessá-
ria a realização de RM). É importante 
lembrar que, caso a paciente tenha 
desenvolvido características sexuais 
secundárias, a causa mais provável 
da amenorreia é um distúrbio do trato 
de saída devido a uma anormalidade 
anatômica e deve ser realizada uma 
USG pélvica para investigação.
40HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
6. TRATAMENTO:
A terapia de reposição hormonal (RH) 
feminina pode ser feita com estróge-
nos, progestágenos e andrógenos, 
com doses e prescrições diferencia-
das, dependendo das indicações e 
dos objetivos de cada tipo de trata-
mento. No hipogonadismo feminino 
na menina pré-púbere, o tratamento 
visa desenvolver os caracteres sexu-
ais secundários femininos, iniciar os 
ciclos menstruais e promover ganho e 
manutenção de massa óssea. Na me-
nopausa com sintomas climatéricos 
importantes nos primeiros 5 anos, 
estrogênicas que impactem na quali-
dade de vida, como os fogachos. Nes-
se último caso, a reposição só estará 
indicada até 5 anos após a menopau-
sa, pois depois desse período pode 
haver indução de problemas cardio-
vasculares. Ademais, as mulheres só 
poderão realizar o tratamento caso 
não possuam nenhuma das contrain-
dicações absolutas descritas abaixo:
DIAGNÓSTICO DA 
AMENORREIA PRIMÁRIA
(+)
(-)
FSH alto FSH normal ou baixo Alteração hipotalâmica
Ausência de 
características 
sexuais secundárias
Presença de 
características 
sexuais secundárias
Dosar PRL, 
TSH, FSH, E2
AFASTAR 
GRAVIDEZ
Provável causa 
anatômica
USG pélvica
Realizar cariótipo Teste do GnRH
Alteração hipofisária
Realizar RM
Realizar RM
visa a reduzir a sintomatologia clínica 
relacionada com o hipoestrogenismo.
Quem devemos tratar?
O tratamento de reposição hormonal 
está indicado para todas as mulheres 
abaixo dos 40 anos, devido ao risco 
de desenvolvimento de osteoporose, 
e para mulheres acima de 40 anos que 
apresentem sintomas de deficiência 
41HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
• Antecedente pessoal ou sus-
peita de câncer de mama ou de 
endométrio;
• Doença arterial obstrutiva recente 
(como infarto agudo do miocárdio, 
angina);
• Doença hepática ativa;
• Porfiria cutânea tardia;
• Hipersensibilidade conhecida aos 
agentes da terapia.
SE LIGA! Existem contraindicações a 
reposição apenas por via oral, podendo 
administrar o hormônio por via transdér-
mica. São elas: história de tromboembo-
lismo venoso e hipertensão arterial sis-
têmica não controlada.
Quais são as opções de 
tratamento? 
Estrógenos: 
Estrogênios equinos conjugados 
(EEC):
São naturais, extraídos da urina de 
éguas grávidas. Consistem na com-
binação de mais de dez substâncias 
com atividade estrogênica, a maioria 
delas inexistente no organismo huma-
no. Portanto, apesar de ser um estro-
gênio natural, não existe naturalmente 
na espécie humana. É um estrogênio 
barato e muito utilizado na prática clíni-
ca para terapia de reposição hormonal 
(RH) em mulheres na pós-menopausa, 
sob o nome comercial de Premarin ®. 
A dose habitual para RH na menopau-
sa é de 0,625 mg/dia, mas podem ser 
usadas doses mais baixas, como 0,3 
mg/dia, ou mais altas, como 1,25 mg/
dia, para as pacientes que mantiverem 
fogachos ou sintomas de hipoestro-
genismo, mesmo na dose habitual de 
0,625 mg/dia.
17-beta-estradiol micronizadoVO:
É o estrógeno natural produzido pelo 
corpo humano. É muito utilizado na RH 
em mulheres no climatério e na pós-
-menopausa. A dose habitual é de 0,5 
a 2 mg VO, 1 vez/dia. 1 mg de 17-beta-
-estradiol equivale a 0,625 mg de EEC.
17-beta-estradiol tópico:
É a forma de reposição mais fisioló-
gica, pois não produz pico sérico e 
mantém nível sérico estável. Não tem 
efeito de primeira passagem hepática 
e, por isso, pode ser administrado em 
doses bem menores do que a RH via 
oral. Não causa aumento de triglicéri-
des e de pressão arterial e traz risco 
bem menor de eventos tromboembó-
licos (por não ter o metabolismo de 
primeira passagem hepática).
Dose fisiológica = 1 patch (adesivo) 
sobre a pele, trocado 2 vezes por 
semana, o que causa uma liberação 
hormonal de 25 a 50 μg de estra-
diol por dia, dependendo de qual é a 
apresentação comercial escolhida – 
50 μg de estradiol transdérmico por 
42HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
dia equivale a uma dose de 1 mg de 
estradiol oral por dia ou 0,625 mg de 
EEC via oral por dia. Também exis-
te a forma de implante subcutâneo, 
que libera o equivalente a 25 µg de 
estradiol por dia, devendo-se trocar o 
implante a cada 6 meses, ou sob ma-
nipulação, com 0,5 a 2 mg/mℓ, sen-
do indicado passar 1 mℓ sobre a pele 
limpa e seca diariamente.
Valerato de estradiol:
É um tipo de estrogênio natural, uti-
lizado muito comumente para RH na 
pós-menopausa, em dose habitual de 
0,5 a 2 mg, via oral (VO), 1 vez/dia. 1 
mg de valerato de estradiol equivale a 
0,625 mg de EEC.
SE LIGA! Mulheres que possuem útero 
devem associar a progesterona micro-
nizada na dose de 200 mg/dia durante 
10 dias no mês ou 100 mg diariamen-
te. A função da progesterona é evitar 
a hiperplasia do endométrio, no entan-
to alguns cânceres de mama são res-
ponsivos à progesterona e, por isso, 
ela deve ser evitada caso a mulher seja 
histerectomizada.
A dosagem da reposição vai depen-
der do momento em que se encontra 
a paciente. Quando tratada na pré-
-menopausa, a paciente deve receber 
doses fixas de reposição e, quando 
tratada na pós-menopausa, a dosa-
gem deve ser a menor possível para 
melhora dos sintomas. 
Prescrição da reposição hormonal 
pós-menopausa:
Deve-se iniciar com dose plena de es-
trógeno e progesterona diários. Não 
é preciso fazer progesterona cíclica, 
uma vez que não se deseja obter ci-
clos menstruais, mas apenas prote-
ger o útero de carcinoma endometrial.
As doses de estrogênio utilizadas 
são:
• 17-beta-estradiol, patch: 25 a 50 
μg 2 vezes/semana (100 μg na 
menopausa precoce);
• 17-beta-estradiol micronizado 
VO: 1 a 2 mg/dia (3 a 4 mg/dia na 
menopausa precoce);
• 17-beta-estradiol gel: 0,5 a 2 mg/
mℓ. Aplicar 1 mℓ/dia, em pele lim-
pa e seca;
• EEC: 0,3 a 0,625 mg/dia (1,25 mg/
dia na menopausa precoce).
Prescrição da reposição hormonal 
em meninas pré-púberes:
No hipogonadismo em meninas pré-
-púberes, visando ao desenvolvimen-
to de caracteres sexuais secundários, 
deve-se iniciar o tratamento da se-
guinte forma:
• EEC 0,07 a 0,15 mg VO 1 vez/dia 
(ou doses equivalentes de outros 
estrogênios, como 17-beta-estra-
diol VO 5 μg/kg/dia; ou 17-beta-
-estradiol tópico 0,1 μg/kg/dose de 
43HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
3/3 dias) por 1 a 2 anos até obter 
desenvolvimento mamário com-
patível com mamas M3/M4 do es-
tágio puberal de Tanner;
• Aumenta-se a dose para EEC 0,30 
mg VO 1 vez/dia, durante mais 6 a 
12 meses (ou doses equivalentes 
dos outros tipos de estrógenos);
• Aumenta-se a dose para EEC 
0,625 mg/dia (ou 1 a 2 mg de 17-
beta estradiol VO ou 25 μg de 17 
beta estradiol patch a cada 3 dias) 
e associar acetato de medroxipro-
gesterona 5 a 10 mg VO, por 10 
a 12 dias no mês (a progestero-
na não precisa ser iniciada desde 
o início da reposição, pois o útero 
demora um tempo para amadure-
cer e se estrogenizar). Deve se ini-
ciar a progesterona após 2 anos do 
início do estradiol, ou quando hou-
ver mencarca, ou ainda, se o útero 
possuir volume maior que 30 cm e 
endométrio maior que 0,6 cm na 
USG. 
• Manter o estrogênio durante os 
dias 1 a 21 do ciclo, manter a pro-
gesterona nos dias 10 a 21 do ci-
clo, suspender os hormônios entre 
os dias 21 e 28 do ciclo, e então 
iniciar novo ciclo.
Monitoramento durante o 
tratamento:
• Mamografia ou USG das mamas 
(se jovens, com mamas densas, 
que são visualizadas melhor na 
USG do que na mamografia) antes 
de iniciar a RH e então anualmente;
• Ultrassonografia transvaginal (US-
GTV) antes de iniciar RH e então 
anualmente;
• Densitometria mineral óssea 
(DMO) antes do tratamento e anu-
almente, se alterada (ou a cada 5 
anos, se normal);
• FSH (ter um basal e um controle 
após RH para verificar a adequa-
ção da dosagem). A RH deve di-
minuir, mas não normalizar o FSH;
• Estradiol: deve ser mantido em va-
lores de referência dentro da fase 
folicular durante a RH, ou seja, 
cerca de 40 pg/mℓ na mulher com 
menopausa fisiológica;
• Progesterona: deve ser mantida 
em valores dentro da fase lútea 
nos dias em que estiver em uso. 
Deve-se lembrar que a única pro-
gesterona que pode ser dosada 
laboratorialmente é a micronizada 
natural, pois as outras sintéticas 
não são dosáveis;
• Globulina ligadora de hormônio 
sexual (SHBG): deve se elevar com 
a terapia de RH
• Glicemia, perfil lipídico, homocis-
teína, fibrinogênio: avaliar risco 
cardiovascular.
44HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
TRATAMENTO DO HIPOGONADISMO FEMININO
Contraindicações TRH
Monitoramento
Indicação Objetivos
Hipersensibilidade 
aos agentes
Porfíria cutânea tardia
Doença hepática ativa
Doença arterial 
obstrutiva recente
História de CA de 
mama ou endométrio
Reposição VO: 
história de TEV e HAS 
não controlada
Progesterona
SHBG
Perfil lipídico, glicemia, 
homocisteína, fibrinogênio
Estradiol
FSH basal e controle
Manter em valores 
da fase lútea
Deve se elevar 40 pg/mL
A TRH reduz mas 
não normaliza o FSH
Valerato de estradiol
17-beta-estradiol 
tópico
17-beta-estradiol 
micronizado VO
EEC
Mulheres não 
histerectomizadas 
devem associar 
progesterona 
micronizada na dose de 
200 mg/dia por 10 dias 
ou 100 mg diariamente.
Mulheres acima dos 40 anos 
com sintomas que reduzem a 
qualidade de vida
Todas as mulheres hipogo-
nádicas abaixo dos 40 anos
Menopausa
Paciente pré-púberes
Melhora da qualidade de vida
Desenvolver caracteres sexuais 
secundário, iniciar ciclos menstruais e ganho 
e manutenção de massa óssea
45HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
Definição
Etiologias
Hipogonadismo 
masculino
Hipogonadismo 
feminino
Anamnese
Exame físico
Laboratorial
Definição
Disfunção na produção e 
oócitos e/ou estrogênio
Etiologias
Disfunção 
ovariana secundária
Disfunção 
ovariana primária
Hipofisárias: Hemorragia, 
TCE, prolactinoma, tumor 
hipofisário, infecções, 
S. da sela vazia
Hipotalâmica: 
S. de Kallmann
Adquiridas: idiopática, 
autoimune, radioterapia 
e cirurgias pélvicas, 
medicamentos, 
quimioterapia, torção 
ovariana, S. de Savage
Genéticas: anormalidades 
do cromossomo X (como 
S. de Turner) e deficiências 
enzimáticas
Quadro clínico
Mulheres adultas
Crianças 
pré-púberes
Atraso do 
desenvolvimento 
puberal (menarca 
acima de 13 anos)
Amenorreia, redução de libido, infertilidade, 
perda de massa óssea e muscular, 
queda de pelos e atrofia das mamas
Aumento de LDL e osteoporose
Tratamento
Diagnóstico
Laboratorial
Exame físico
Anamnese
Desenvolvimento mamário e de 
pelos pubianos
História sexual, familiar e 
antecedentes
Amenorreia secundária
Amenorreia primária
Beta HCG, PRL, 
TSH, FSH, E2
E2 baixo, FSH alto = 
disfunção ovariana primária
E2 baixo, FSH baixo = disfunção 
hipotalâmica/hipofisária
Indicação: mulheres com menos de 40 anos ou com 
mais de 40 anos com sintomas de def. estrogênica
Terapia de reposição hormonal com 
estrógeno ou estrógeno + progesterona
Avaliar contraindicações
Disfunção na 
produção de 
testosterona e/ou 
espermatozoides
Congênitos: síndrome de 
Klinefelter, criptorquidismo,regressão testicular, hipoplasia 
das células de Leydig, 
distúrbios da biossíntese de 
andrógenos 
e distrofia miotônica
Adquiridos: infecções, 
traumatismo, torção, radiação, 
fármacos, toxinas, doenças 
sistêmicas
Síndrome de Kallmann, 
deficiência isolada de LH/
FSH, distúrbios adquiridos 
funcionais ou orgânicos, 
hemorragia, síndrome da 
sela vazia, síndrome da 
insensibilidade androgênica
Primário/
hipergona-
dotrófico
Secundário/
hipogona-
dotrófico
Quadro clínico
Hipogonadismo entre o 2º e 3º 
mês de desenvolvimento fetal:
Hipogonadismo no 
3º trimestre da gestação
Pré-puberal
Pós-puberal
Graus variados de am-
biguidade de genitália
Criptorquidismo 
e micropênis
Ausência de 
virilização
Pouco evidentes. 
Redução de libido
Tratamento
Diagnóstico
Infertilidade
Alívio dos 
sintomas
HCG, Clomifeno, 
FSH recombinante
TRT: injetável, 
oral e gel
História sexual, manifestações 
associadas e antecedentes
Desenvolvimento das genitálias e 
dos pelos pubianos
TT, LH, FSH
TT baixa, LH, FSH baixos = 
hipogonadismo secundário
TT baixa, LH, FSH altos = 
hipogonadismo primário
RM
46HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
Endocrinologia Clínica, 6ª edição;
O Essencial em Endocrinologia;
Endocrinologia Feminina; 
Manual de Ginecologia Endócrina, 2015;
UpToDate 2020: Clinical features and diagnosis of male hypogonadism;
UpToDate 2020: Testosterona treatment of male hypogonadism;
UpToDate 2020: Causes of primary hypogonadism in males;
UpToDate 2020: Causes of secondary hypogonadism in males;
UpToDate 2020: Preparations for menopausal hormone therapy;
UpToDate 2020: Evaluation and management of secondary amenorrhea;
UpToDate 2020: Evaluation and management of primary amenorrhea;
47HIPOGONADISMO MASCULINO E FEMININO

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