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Desenvolvimento Pessoal; Políticas Públicas Employee experience (Ex): engajamento e produtividade no setor público Enap, 2023 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Luana Silveira de Faria (Conteudista, 2023). Sumário Módulo 1: EX: Engajamento e Produtividade no Setor Público .........................7 Unidade 1: EX e sua Importância no Processo de Transformação Digital .......7 1.1 O que é e de Onde Veio a Employee Experience? ................................................. 7 1.2 Conceitos de EX: Satisfação, Engajamento, Experiência e Confiança no Trabalho ....... 13 1.2.1 Satisfação ........................................................................................................ 14 1.2.2 Engajamento ................................................................................................... 14 1.2.3 Experiência ...................................................................................................... 15 1.2.4 Confiança ........................................................................................................ 16 1.3 Importância da EX no Processo de Transformação Digital do Setor Público .. 17 1.4 Mapeamento da Jornada do Servidor Dentro das Organizações ...................... 19 Referências ..................................................................................................................... 24 Unidade 2: Employee Experience Conectada à Experiência do Usuário Cidadão .....27 2.1 Como Conectar a Employee Experience com a Experiência do Usuário Cidadão ....... 27 2.1.1 Comece pelo Porquê: Círculo de Ouro ........................................................ 35 2.1.2 Propósito e Motivação .................................................................................. 37 2.1.3 Relação entre Engajamento e Produtividade ............................................. 41 2.1.4 Ofurô Corporativo ......................................................................................... 44 2.1.5 Felicidade no Trabalho .................................................................................. 45 Referências ..................................................................................................................... 49 Módulo 2: Segurança Psicológica no Trabalho e Confiança Criativa ...............51 Unidade 1: Construindo Confiança para Estimular a Produtividade ..............51 1.1 Como Construir a Confiança Criativa no Ambiente de Trabalho ...................... 51 1.2 Diferenciando a Antifragilidade e a Vulnerabilidade .......................................... 56 1.3 Analisando Vida profissional e vida pessoal ........................................................ 58 1.4 Utilizando a Matriz de Competências para encontrar o Flow no Trabalho ..... 59 1.5 Construindo Relacionamentos no Trabalho por meio de Dinâmicas e Jogos . 61 1.6 Reconhecendo o Poder das Pequenas Vitórias ................................................... 62 1.7 Utilizando Novos Modelos de Trabalho no Setor Público .................................. 64 1.8 Confrontando-se com O Mito da Produtividade ................................................. 66 Referências ..................................................................................................................... 68 Unidade 2: Accountability, Automotivação e Segurança Psicológica no Trabalho ................................................................................................................. 70 2.1 Como as Práticas afetam a Cultura Organizacional ............................................ 70 2.2 O Impacto de Ambientes de Segurança psicológica para Transformação Digital ........ 72 2.3 Utilizando a Matriz da Segurança Psicológica ...................................................... 74 2.4 Criando Ambiência para Inovar no Setor Público ............................................... 75 Referências ..................................................................................................................... 78 Unidade 3: Liderando para a Transformação Digital ........................................79 3.1 Foco em Pessoas e Foco em Resultados ............................................................... 79 3.2 Gerindo Pessoas para o Futuro: Desafios e Oportunidades .............................. 82 Referências ..................................................................................................................... 83 Módulo 3: Comunicação Organizacional Empática com Storytelling de Dados ....84 Unidade 1: Comunicação Organizacional Empática .........................................84 1.1 Comunicação empática e não violenta no Trabalho ........................................... 84 1.2 Linguagem Simples no Serviço Público ................................................................ 89 1.3 Feedback de Qualidade ........................................................................................... 91 Referências ..................................................................................................................... 94 Unidade 2: Storytelling: Construindo Competência Narrativa usando Dados e Gráficos .................................................................................................................. 95 2.1 Desenvolvendo Habilidades para Mostrar seu Trabalho com Apresentações Engajadoras .................................................................................................................... 95 2.2 Utilizando Storytelling de Dados para Ajudar na Tomada de Decisão ............. 96 Referências ..................................................................................................................... 98 Módulo 4: Boas Práticas de Employee Experience para Transformação Digital .99 Unidade 1: Cases de Employee Experience e a Transformação Digital no Setor Público .................................................................................................................... 99 1.1. Employee Experience: Um Caso Nacional Bem-Sucedido ................................. 99 1.2 Processos de Transformação Digital para melhorar a Employee Experience na Administração Pública ................................................................................................. 102 Referências ................................................................................................................... 105 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Apresentação e Boas-vindas Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso Employee Experience (EX): Engajamento e Produtividade no Setor Público. Antes de iniciar seu estudo sobre o tema deste curso, assista ao vídeo de apresentação e, logo após, retome sua leitura! Que bom que você se interessou pela temática do Employee Experience (EX) para melhorar o engajamento dos agentes públicos no processo da transformação digital com foco no cidadão. Em um contexto incerto, ambíguo e que muda o tempo todo, entender essa temática pode ajudar enxergar a realidade dos usuários de forma empática e abrangente, e a inovar no governo. Para isso, você irá passar por quatro módulos, cada um com tópicos que combinam leitura, casos de estudos, exemplos práticos, videoaulas e podcasts. Ao final de cada unidade, há exercícios de avaliação com feedbacks. • Módulo 1: aborda os principais conceitos da experiência do servidor e como conectá-la à experiência do cidadão. • Módulo 2: trata sobre a importância de fomentar ambientes de segurança psicológica e confiança criativa para melhorar engajamento e produtividade. • Módulo 3: foca no desafio da comunicação empática, com linguagem simples, e em como usar dados para contar histórias (storytelling de dados)no trabalho. • Módulo 4: apresenta casos práticos sobre melhoria da EX no setor público. O objetivo é inspirar a mudança do modelo de pensar e agir sobre a transformação digital focada em pessoas. Esteja pronto(a) para sair do lugar comum, questionar, desconstruir preconceitos e ressignificar seu esquema mental e comportamental. Isso pode não ser confortável, porém, irá abrir vias e estimular uma mudança significativa em sua trajetória no serviço público. Pronto(a) para mergulhar nesse desafio? Agora é hora de continuar seu aprendizado sobre o tema deste curso. Conheça o que foi preparado para você. Bons estudos! Videoaula: Apresentação do Curso https://cdn.evg.gov.br/cursos/805_EVG/video/modulo01_video01/index.html 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo EX: Engajamento e Produtividade no Setor Público 1 No início deste módulo, você se deparará com um breve histórico e os principais conceitos sobre a experiência do servidor. Depois, verá a jornada do servidor e como identificar pontos de contato para melhorar a experiência dos servidores. Em seguida, serão discutidos temas como engajamento, confiança e experiência. O conteúdo foca nas práticas e desafios reais, sem romantizar ou usar argumentos evasivos. Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o que é, de onde veio e quais são os principais conceitos ligados à Employee Experience. 1.1 O que é e de Onde Veio a Employee Experience? O que você imagina quando escuta o termo Employee Experience? É comum pensar que seja algo muito recente ou um modismo, por exemplo. De fato, o uso do termo é relativamente novo, em especial no setor público, mas a lógica da abordagem é conhecida há muitos anos. Antes de entender melhor de onde essa abordagem surgiu, veja a definição da terminologia que será usada neste curso: Unidade 1: EX e sua Importância no Processo de Transformação Digital Employee Experience (EX) é um termo em inglês que significa, em uma tradução literal, “experiência do funcionário” ou “experiência do empregado”. Porém, aqui, será usado “experiência do colaborador” ou, no contexto do setor público, “experiência do servidor”, combinado? 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O mundo mudou e, com ele, também mudaram as organizações, as necessidades e os desejos das pessoas. A recompensa financeira, os benefícios e ações pontuais de Recursos Humanos (RH), que sustentaram por muito tempo a conexão entre os trabalhadores e as organizações, não têm mais o impacto de antes. Na década de 90, Willian A. Kahn saiu à frente ao abordar o tema do engajamento, que transformou as áreas de gestão de pessoas, mas ainda sem mencionar a experiência do colaborador. Equipe engajada. Fonte: Storyset (2023). Essa discussão, sobre a importância da experiência das pessoas começou com o foco nos clientes, no caso de empresas, e no cidadão, no caso do serviço público. Segundo Maylett e Wride (2017), autores de “Employee Experience: how to attract talent, retain top performers and drive results” (A experiência do colaborador: como atrair talento, reter colaboradores de alta performance e obter resultados), a abordagem de customer experience (experiência do cliente), na forma abreviada CX, visa entender as inteirações e as percepções dos clientes ao longo dos pontos de contato com uma marca, e ganhou muita relevância na última década. De forma adjacente e não menos importante, os temas da motivação, do engajamento e do bem-estar dos colaboradores passaram a ter destaque como fatores cruciais para a produtividade e melhores entregas de produtos e serviços. Ano 2000 Ainda no ano 2000, a Gallup realizou uma pesquisa que demonstrou que apenas 13% dos trabalhadores se consideravam engajados. A partir de então, diversas pesquisas apontaram para os desafios trazidos por esses temas (SOLOMON; SRIDEVI, 2010), que estariam, então, relacionados a práticas de gestão de pessoas, qualidade de vida no trabalho e clima organizacional. O foco no bem-estar dos funcionários culminaria no sucesso dos negócios. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 EX = CX. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Ano 2014 O termo Employee Experience começou a ser usado. Mark Levy, à época no Airbnb, foi um dos pioneiros na transição entre a abordagem tradicional de recursos humanos para a EX. Ano 2015 Um artigo publicado pela Forbes, intitulado, em tradução livre, “O futuro do trabalho: o Diretor de Recursos Humanos da Airbnb torna-se Diretor de Experiência do Colaborador”, contribuiu para a popularização do termo. A ideia por trás do conceito é que, para prover uma experiência excelente aos clientes externos, as empresas devem focar na experiência dos “clientes internos”, ou seja, dos trabalhadores. Sobre isso, Maylett e Wride (2017) mencionam que Employee Experience é a soma das percepções que os colaboradores têm sobre as interações com as organizações em que atuam. Eles sugerem a equação EX = CX, que significa que a experiência dos colaboradores é refletida na experiência dos clientes com a organização ou com a marca. A ilustração a seguir representa essa equação. https://pt.wikipedia.org/wiki/Airbnb https://www.forbes.com/sites/jeannemeister/2015/07/21/the-future-of-work-airbnb-chro-becomes-chief-employee-experinece-officer/?sh=4c0fff9c4232 https://www.forbes.com/sites/jeannemeister/2015/07/21/the-future-of-work-airbnb-chro-becomes-chief-employee-experinece-officer/?sh=4c0fff9c4232 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Jacob Morgan foi um dos precursores do estudo dessa abordagem, com seu livro Employee Experience Advantage (2017). O autor aponta para uma evolução da EX que culmina em proporcionar ambientes em que as pessoas queiram fazer, não apenas precisem fazer. Essa mudança de perspectiva, da “necessidade” para a “vontade” de estar ali, é a transição fundamental que as organizações estão começando a realizar. Entenda melhor essa evolução da EX observando a imagem: A evolução da EX. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de: LA-BORA! gov (2021). A partir dessa pesquisa, realizada com mais de 250 gestores de organizações do mundo todo, Morgan conseguiu vislumbrar alguns insights importantes acerca dos principais desafios e críticas dos colaboradores no trabalho. Insights são “novos entendimentos que sinalizam possibilidades de intervenção no problema, agregando valor às experiências dos usuários [...]” (METELHO, 2018, p. 17), ou seja, são a conexão para criar soluções que tem, no seu DNA, a perspectiva das pessoas para quem aquela ação se destina. A partir da análise de dados e das histórias das pessoas, podem ser identificados insights sobre as reais necessidades e expectativas delas. Assim, aumentam as chances de encontrar possibilidades de ação que intervenham na realidade de forma efetiva. Insight e ideia não são a mesma coisa. Assista ao vídeo que mostra casos práticos para entender a diferença entre os conceitos, clicando aqui. https://www.youtube.com/watch?v=PNpHPGRY15U&list=PL0DcHO5W8hZHHnmGywvaMZA3bCzHoHMIz&index=37&ab_channel=Minist%C3%A9riodaEconomia Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 Ambientes da EX. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de: LA-BORA! gov (2021). Um desses novos entendimentos, a partir da pesquisa de Morgan (2017), foi que a experiência do colaborador é composta por três ambientes, representados por: Ambiente cultural Diferentemente do ambiente físico, que pode ser percebido de forma concreta, o ambiente cultural está relacionado a sentimentos e emoções. Ele é afetado pelos estilos de lideranças, que se refletem na forma como a equipe age e manifesta sentimentos, dores e pensamentos. O ambiente cultural interfere diretamente no engajamento, na animação (ou a falta dela) de trabalhar e na vontade de fazer a diferença. Ao mesmo tempo, pode ser determinante para o esgotamento,para o cansaço e até mesmo para o desenvolvimento da síndrome de burnout. Ambiente físico O ambiente físico refere-se ao espaço que se consegue enxergar, experienciar com toque, cheiros, formatos. Não se restringe à estação de trabalho, passando pelo edifício, refeitório e/ou área de convivência. Pergunte- se: o ambiente físico em que você trabalha o estimula positivamente? Mais recentemente, o modelo de trabalho remoto interferiu na percepção do ambiente físico do trabalho. Porém, mesmo trabalhando em casa ou em um espaço de coworking, a experiência, o engajamento e a produtividade serão afetados pelo ambiente físico. Ambiente tecnológico O ambiente tecnológico tem a ver com a disponibilidade de ferramentas, plataformas, aplicativos, equipamentos e sistemas digitais para o trabalho. Ademais, depende da instrumentalização e treinamento dos colaboradores quanto ao uso desse ferramental. Esse ambiente tende a ser cada vez impactante para a experiência das pessoas no trabalho. 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na sequência desse estudo de Morgan, Denise Lee Yohn publicou um artigo na Forbes intitulado “2018 Will Be the Year of Employee Experience” (2018 será o ano da experiência do colaborador, tradução nossa). No texto, antes de dizer o que é EX, a autora destaca o que não é EX. Um RH remodelado As áreas de RH são responsáveis por importantes fatores, como recrutamento, acolhimento e gestão do desempenho. Porém, a EX é muito mais abrangente, incluindo fatores que envolvem, por exemplo, comunicação e TI. Benefícios e agrados A EX pode incluir práticas pontuais de bem-estar, como academias de ginástica gratuitas, aulas de yoga nos intervalos, pufes coloridos e mesas de ping-pong em salas comunitárias. Porém, esse tipo de ação, por si só, não implica em melhoria da EX. O objetivo da experiência do colaborador vai muito além de tornar o trabalho mais divertido e agradável. EX envolve desenhar e entregar para os colaboradores experiências diferenciadas e alinhadas com a cultura desejada. Branding (marca) do empregador ou da organização Não é sobre criar uma reputação externa visando a atrair talentos. EX é sobre as experiências do dia a dia que a organização oferece aos trabalhadores. Tratar trabalhadores como clientes Embora a CX tenha inspirado a EX, o relacionamento e a proposta de valor entre empregador e colaborador são muito diferentes do relacionamento e da proposta de valor entre marca e cliente. Portanto, pensar nos colaboradores como se fossem clientes é uma abordagem incompleta. Engajamento O comprometimento dos colaboradores com a organização e com o trabalho é o objetivo da abordagem do engajamento. A EX é o meio para esse fim. Muitas organizações focam sua atenção em resultados de pesquisas de engajamento, mas não gerenciam a EX no dia a dia, de forma proativa. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 Assim, fica claro que EX não diz respeito apenas a espaços divertidos, confra- ternizações, benefícios, espaços de coworking ou cursos, por exemplo. A experi- ência do colaborador é complexa, não linear e depende de diversos fatores, como: • os perfis de liderança da organização; • a percepção do impacto das suas ações para os usuários; • o reconhecimento de seu trabalho; • a maturidade digital da organização; • confiança no time com quem se trabalha. A EX incorpora a compreensão sobre o que realmente importa para os trabalhadores, entendendo a emoção como um caminho para a transformação do comportamento. O conceito de Employee Experience é um dos mais importantes quando se pensa em transformação digital. Ele está diretamente ligado aos valores e comportamentos que a organização aplica no dia a dia, além de influenciar os sentidos e significados que são atribuídos ao trabalho. Trata-se de uma experiência de conexão entre as pessoas, gerando uma identidade coletiva que se vincula ao propósito da organização e interfere tanto no clima organizacional, quanto na produtividade e na entrega de serviços à sociedade. Acima de tudo, a EX é o fundamento de uma estratégia digital efetiva, que cria ambiência de escuta e acolhimento para os trabalhadores, ao mesmo tempo em que torna as organizações mais humanas. 1.2 Conceitos de EX: Satisfação, Engajamento, Experiência e Confiança no Trabalho Qual é a diferença entre satisfação, engajamento e experiência do colaborador? E o que confiança tem a ver com isso? Os conceitos se complementam, mas têm aspectos diferentes — e todos são necessários para o sucesso de uma organização. 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2.1 Satisfação A definição de satisfação tem a ver com medir se as necessidades de um colaborador estão sendo atendidas no trabalho e o quão satisfeito ele está com sua experiência de trabalho geral. O ponto principal para o conceito de satisfação está nos sentimentos de cada trabalhador sobre sua relação com o trabalho, que podem ser positivos ou negativos. Assim, a satisfação tem natureza subjetiva e está focada no estado emocional daquela pessoa — que, muitas vezes, é passageiro (MAYLETT, WRIDE, 2017). 1.2.2 Engajamento Conforme Bailey et al. (2017), a primeira conceituação de engajamento no trabalho foi definida por Kahn (1990), com o termo personal engagement. Além disso, apesar de diversos estudiosos abordarem o tema, ainda não há consenso sobre o que significa engajamento no trabalho. No setor público, o tema recebe menos atenção que no privado, mas existem diversas evidências que relacionam engajamento no trabalho ao desempenho (BORST et al., 2019). Para Harter et al. (2002), a satisfação é parte do conceito de engajamento. Assim, engajamento tem a ver com o comprometimento dos colaboradores com a missão, a organização, o trabalho e com os resultados para os usuários. A EX engloba esses aspectos, adicionando o cuidado com a experiência do colaborador em seu dia a dia, colocando o foco nas pessoas e em como a organização pode apoiá-las na realização de seus trabalhos. Se você quer entender se os servidores estão SATISFEITOS, pergunte: As necessidades dos servidores estão sendo atendidas? Employee Experience e engajamento, além de se referirem a conceitos diferentes, não substituem um ao outro. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 Outra questão é o entendimento de que investir apenas em ações pontuais de engajamento não é suficiente, uma vez que as origens dos problemas são mais profundas e ligadas a experiências negativas ao longo da jornada de trabalho e dos diversos pontos de contato dos colaboradores com as organizações. Nesse sentido, a Employee Experience visa a mudanças mais estruturais, relacionadas aos problemas enfrentados pelas pessoas no dia a dia. 1.2.3 Experiência Experiência é um termo muito explorado por diversos modelos e abordagens, inclusive na gestão pública. A concepção do termo passa por remover o foco da ferramenta, do “como” e do processo, migrando para um modelo baseado em sentimentos, emoções e no “porquê”. Assim, uma experiência significativa gera vínculo e comprometimento. A palavra experiência advém da palavra latina experentia, que significa conhecimento obtido através de tentativas. Pode-se dizer que as experiências vivenciadas criam repertório, memória e percepções sobre o mundo ao redor. No contexto organizacional, Batey (2010) explica que são os pontos de contato que se tem com uma marca (ou, no caso do setor público, com os serviços) que geram essas percepções. Se você quer entender se os servidores estão ENGAJADOS, pergunte: Os servidores se sentem comprometidos? Se você quer entender como está a experiência dos servidores, pergunte: A satisfação e o engajamento dos servidores estão presentes? A satisfação e o engajamento dos funcionários são resultados da experiência do colaborador. Isso quer dizer que o fator que impulsiona a satisfação e o engajamentono trabalho é a EX que os líderes de uma organização desenharam e construíram, ou simplesmente aceitaram de forma aleatória, ao longo do caminho (MAYLETT; WRIDE, 2017). 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2.4 Confiança A palavra confiança está presente no dia a dia, mas, neste estudo, você vai entender confiança como uma variável relacionada a outros construtos organizacionais, principalmente liderança, experiência e inovação. Transformação digital e inovação não podem ser apenas valores em um mapa estratégico da organização. Elas precisam estar refletidas em comportamentos e ações concretas que realmente gerem disrupções, melhorias em processos e valor para os usuários. Para que isso seja possível, é cada vez mais importante que o fator humano seja considerado e atue em colaboração, ou seja, em times (VON KROGH et al., 2001). Segundo os autores, há um elemento essencial para esse processo: a confiança. A interconectividade, assim, implica uma mudança de foco do colaborador isolado para o colaborador em rede, aumentando a criatividade, a disseminação de conhecimento e a inovação. “Um time não é um grupo de pessoas que trabalham juntas. Um time é um grupo de pessoas que confiam umas nas outras.” (SINEK, 2018) Fonte: Freepik (2023). Quando se fala em EX, a importância do conceito de confiança diz respeito ao fato de ela estar diretamente relacionada à qualidade dos relacionamentos entre as pessoas, que, segundo Levering (1995), é a essência de um bom lugar para se trabalhar. O autor define isso como um lugar “onde os funcionários confiam nas pessoas para quem trabalham, têm orgulho do que fazem e gostam das pessoas com quem trabalham” (LEVERING, 1995, p. 16). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 Quando se tem confiança, a cooperação flui e precisa de menos “aparatos legais”, como normativos, regras, negociações e burocracias enrijecidas (FUKUYAMA, 1996). Segundo o autor, organizações com alto grau de confiança são mais eficientes, pois não necessitam gastar tanto recurso e energia nesses sistemas. Sobre isso, Ramacciotti (2007) relaciona um clima de confiança a uma maior perspectiva de alto desempenho nas organizações. Gerar ambientes de confiança tem a ver com partilhar valores, ter empatia, saber ouvir sem julgamentos e enxergar os erros como oportunidades para aprender. Mas isso não significa partilhar de opiniões convergentes. Trata-se de “uma reação biológica diante da crença de que alguém tem nosso bem-estar em seu coração” (SINEK, 2018, p. 98). De acordo com Sinek (2018), esses ambientes estimulam pessoas a tomar riscos e realizar um empenho extra para avançar, no intuito de, ao final, favorecer todo o time, integralmente. 1.3 Importância da EX no Processo de Transformação Digital do Setor Público As pessoas confundem a transformação digital com a digitalização. A digitalização tem a ver com o maquinário. Hoje, qualquer empresa pode comprar tecnologia. Já a transformação digital tem a ver com as pessoas. Você já sabe que, para melhorar as entregas aos cidadãos, é crucial levar em conta a experiência dos servidores que trabalham para isso. Daí a importância de inclusive de apoiar servidores em seu desenvolvimento de competências para que realizem a transformação digital. O sentido da transformação digital é “aproveitar o máximo potencial das tecnologias digitais para melhorar a jornada do cidadão na interação com o Estado” (BRASIL, 2022). No Brasil, o órgão responsável por essa ação é a Secretaria de Governo Digital (SGD), da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital (SEDGG), do Ministério da Economia (ME). À SGD, juntamente com a Secretaria Especial de Modernização do Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República, também se atribui a definição de diretrizes, a normatização e coordenação de projetos de simplificação de serviços 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública e políticas públicas, a transformação digital de serviços públicos, de governança e compartilhamento de dados e de utilização de canais digitais (BRASIL, 2022). No setor público, temos instituições do século XIX usando tecnologias do século XX para lidar com problemas do século XXI. (Camila Medeiros). Fonte: Freepik (2023). A frase acima demonstra o quanto os desafios no setor público demandam uma real mudança de rumo. A transformação digital aparece como uma estratégia nacional de enfrentamento a esses desafios. Ao aproximar o serviço público e os servidores dos cidadãos e imbuir os projetos de simplicidade e acessibilidade, até mesmo a perspectiva e avaliação dos cidadãos quanto aos serviços públicos são positivamente impactadas. Apesar de ser uma tarefa difícil, imbricada de mudanças constantes e realidades complexas, a transformação digital no setor público brasileiro caminha a passos largos. Até julho de 2022, foram 3991 serviços digitais no portal gov.br e, com eles, uma economia de 4,5 bilhões anuais (BRASIL, 2022). Clique aqui e acesse o site do Governo Digital na plataforma do gov. br e descubra ferramentas, cursos gratuitos, legislações, resultados alcançados e muitas outras informações pertinentes ao tema. https://www.gov.br/governodigital/pt-br Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 Uma importante ponderação é que não se deve enxergar a transformação digital como ferramenta ou tecnologia. Na verdade, a fusão de tecnologias extinguiu os limites entre as esferas físicas, digitais e biológicas e tem impacto exponencial em todos os setores da economia e em todo o mundo. Observe a seguir os três fatores determinantes para uma transformação digital efetiva: Três fatores determinantes para uma transformação digital. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de: LA-BORA! gov (2021). 1. Com tecnologia disponível e processos bem desenhados, mas sem foco no desenvolvimento e no bem- estar dos colaboradores, aumenta-se o turnover e a falta de engajamento. 2. Se o foco é em pessoas e em tecnologia, mas os processos não são gerenciados, há um caos automatizado, com baixo nível de organização e serviço ao usuário. 3. Já quando os processos estão organizados e há foco em pessoas, mas a tecnologia é deixada de lado, há um alto custo de operações e ineficiência. Fica, portanto, bastante evidente a importância de conjugar esses fatores e que o foco nas pessoas é determinante para o sucesso de uma estratégia digital. Assim, desmistifica-se o entendimento de que a transformação digital é sinônimo de tecnologia e digitalização. 1.4 Mapeamento da Jornada do Servidor Dentro das Organizações Por que importa entender a jornada do servidor dentro das organizações? Para responder a essa pergunta, relembre o início de sua trajetória no serviço público. • Por que você se tornou servidor(a)? 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Qual era o contexto à época? • Como você se sentiu quando iniciou sua jornada? • Quais foram os momentos mais difíceis pelos quais você passou? • Como você superou? • E quais os momentos mais bacanas? Relembrar a trajetória como servidores significa entrar em contato com sentimentos e emoções, que tem tudo a ver com as experiências que vivenciadas ao longo do tempo. Essa jornada se inicia em seu primeiro contato com o trabalho no setor público e finaliza com o último. Cada ponto de contato ao longo desse ciclo pode melhorar ou piorar sua experiência. Isso irá impactar, consequentemente, no nível de engajamento — e é por isso que importa para o estudo de EX. As diferentes experiências, sejam elas boas, dolorosas ou interessantes, se acumulam na bagagem pessoal. Com elas, cada servidor constrói pontos de vista sobre as pessoas com quem trabalha, o trabalho em si e as organizações, o que impacta nas escolhas e nas rotinas. Muitas dessas experiências são tão memoráveis que marcam e influenciam todas as interaçõescom a organização. Elas podem ser, por exemplo, um conflito com uma liderança, um feedback de reconhecimento ao seu trabalho, uma meta desafiadora que você alcançou ou uma mudança de área de atuação. Você se lembra de alguma experiência no trabalho que marcou sua vida? Por que ela foi relevante? Como ela impacta no seu dia a dia como servidor(a)? Assim, a Employee Experience pode ser refletida pela soma de todas as interações com a organização e experiências vivenciadas por um colaborador, por meio da sua conexão com o trabalho, desde o primeiro contato até o fim do vínculo com o órgão. Sabia que a jornada do colaborador pode ser pesquisada no intuito de melhorar os pontos de contato do colaborador com a organização? Existem diversas ferramentas e técnicas para mapear e entender essa jornada. Veja uma delas na imagem a seguir: 21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Jornada do colaborador. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de: LA-BORA! gov (2021). 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Em resumo, pode-se dizer sobre a jornada do servidor: O que ela é • Ferramenta visual e não padronizada, que pode ter diferentes formas. • Mapeia todo o processo de interação do servidor com a organização para encontrar os principais pontos de contato. • Mostra o percurso do servidor e analisa o relacionamento dele com o órgão. • Identifica lições aprendidas, falhas, oportunidades de ação e insights. O que ela deve conter • As necessidades e desejos do usuário servidor. • Suas ações. • Seus pensamentos. • Suas emoções. Dicas para entendê-la • Tenha a verdade e os fatos como embasamento: a jornada conta uma história, mas é necessário basear- se em pesquisas e/ou entrevistas para respaldar a sua ferramenta. • Faça de forma colaborativa: quando realizada em conjunto com os atores envolvidos, a construção da jornada fica mais enriquecida de perspectivas e pontos de vistas diferentes. • Tenha o servidor como protagonista: trata-se de uma ferramenta que identifica e intervém nas necessidades dos servidores e, portanto, não pode perdê-los de vista. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23 Você pode usar a jornada do servidor para avaliar e mapear uma experiência atual ou para desenhar uma nova experiência para os servidores. Se o objetivo for avaliar uma experiência já existente, ela irá ajudar a descobrir inconsistências e falhas. Já no caso de criar uma nova experiência, pode-se elaborar uma jornada ideal, criando as melhores interações possíveis nos contatos do servidor com a organização. Dessa forma, a organização consegue perceber onde, quando e como as interações interferem na experiência do servidor para, então, ter um novo entendimento da realidade das pessoas. Com isso, as estratégias de intervenção para melhorar a experiência dos servidores tornam-se mais aderentes e impactantes. A jornada do colaborador é baseada na jornada do usuário, uma ferramenta de inovação muito usada por empresas e, mais recentemente, também, pelo setor público. Nesse caso, a ferramenta ajuda no mapeamento dos pontos de contato do usuário cidadão com os serviços públicos, para melhorar sua experiência. Sabia que você mesmo(a) pode adaptar ou criar ferramentas de inovação como essa, conforme sua realidade e necessidade? Rodrigo Narcizo, mestre em educação, pedagogo servidor de carreira, com experiência em gestão de pessoas e referência em inovação no setor público brasileiro, compartilha uma pasta com as ferramentas criadas por ele e por outros servidores. Há, inclusive, um mapeamento de jornada do usuário com cartas, criadas para uso no contexto de serviços digitais! (disponível aqui). Você chegou ao fim desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! https://articulateusercontent.com/rise/courses/AQvFPDCVQO-sGR0KJvPWc9dVuMDV-UJR/qiStP1-Us_UZhCmP-Bolsa%2520de%2520Ferramentas%2520-%2520Rodrigo%2520Narcizo.zip 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BATEY, M. O significado da marca: como as marcas ganham vida na mente dos consumidores. Rio de Janeiro: Best Business, 2010. BAYLEY, C., MADDEN, A.; ALFES, K.; FLETCHER, L. The meaning, antecedents and outcomes of employee engagement: a narrative synthesis. 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Comece pelo porquê. São Paulo: Sextante, 2018. SOLOMON, M.; SRIDEVI, M. Sandhya. Employee engagement: the key to improving performance. International Journal of Business and Management. vol. 5, n. 12, 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/49586552. Acesso em: 20 dez. 2022. VON KROGH, G.; ICHIJO, K.; NONAKA, I. Facilitando a criação de conhecimento: reinventando a empresa com o poder da inovação contínua. Rio de Janeiro, Campus, 2001. YOHN, D. L. 2018 will be the year of employee experience. Forbes, 2018. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/deniselyohn/2018/01/02/2018-will-be-the-year- of-employee-experience/?sh=71efa6d81c8f. 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Isso é muito relevante para o dinamismo econômico global: o custo estimado do baixo engajamento é de US$ 7,8 trilhões de dólares, o que representa 11% do PIB global. Na região da América Latina e Caribe, a situação também é crítica: • 23% dos colaboradores estão engajados no trabalho (no mundo: 21%). • 53% das pessoas sentem preocupação diariamente (no mundo: 40%). • 50% das pessoas sentem estresse diariamente (no mundo: 44%). • 15% das pessoas sentem raiva diariamente (no mundo: 21%). • 27% das pessoas sentem tristeza diariamente (no mundo: 23%). https://www.gallup.com/workplace/349484/state-of-the-global-workplace.aspx 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A partir desses dados, o relatório da Gallup mostra os principais insights: • Antes da pandemia, o engajamento e o bem-estar estavam aumentando globalmente por quase uma década — agora, estão estagnados. • O estresse dos funcionários nunca esteve tão alto. • O sentimento de esperança dos trabalhadores sul-asiáticos e europeus diminuiu. • Apenas nos EUA e no Canadá o mercado de trabalho teve uma recuperação. • Apesar dos desafios, EUA e Canadá são os melhores lugares para ser um trabalhador. • O baixo engajamento incorre em perda de trilhões à economia global. Dessa forma, o relatório mostra que os trabalhadores, no mundo todo, “vivem para o final de semana”, esperando o tempo passar rapidamente durante o trabalho, que é interpretado como apenas um salário. A maioria não considera seu trabalho significativo, não acha que suas vidas estão indo bem ou não se sentem esperançosos em relação aos seus futuros. As evidências não param por aí. A pesquisa “2021 Global Human Capital Trends: Special report” (Relatório especial: tendências de recursos humanos no mundo, em tradução livre), realizada pela consultoria Delloite, mostra que a pressão social e pandêmica acelerou a evolução da relação entre trabalhador e empregador além das expectativas. A Fundação Roscongress apresenta os pontos principais da publicação do relatório “2021 Global Human Capital Trends: Special report”, acompanhados de painéis de discussão relevantes do Pesquisa das tendências de RH. Fonte: Roscongress (2021). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29 No entanto, pressões podem, às vezes, trazer benefícios. Essa pesquisa mostrou que os colaboradores demonstraram resiliência e adaptabilidade no enfrentamento aos desafios da pandemia e, quando houve apoio de suas lideranças, alcançaram resultados inovadores que, em outro contexto, poderiam levar anos para se materializar. Porém, houve bastante questionamento sobre se as organizações fizeram o suficiente para apoiar e proteger seus trabalhadores, especialmente em relação aos mais impactados pela crise de saúde e pela desaceleração econômica: • trabalhadores jovens, com maior probabilidade de estarem desempregados ou subempregados; • grupos minoritários, cuja participação na força de trabalho diminuiu acentuadamente; • mulheres, cujo emprego estava 19% mais em risco do que o dos homens. Em um estudo global publicado na Harvard Business Review, em fevereiro de 2021, 89% dos trabalhadores disseram que sua vida profissional estava piorando, 85% disseram que seu bem-estar diminuiu e 56% disseram que suas demandas de trabalho aumentaram (MOSS, 2021). Da mesma forma que os colaboradores estão questionando e refletindo sobre seu bem-estar e condições de trabalho, também é hora de as organizações contemplarem seu papel na sociedade e seu relacionamento com seus trabalhadores. Sobre isso, ainda de acordo com a pesquisa da Deloitte: • 63% dos trabalhadores sentiam que seu relacionamento com o empregador permanecerá o mesmo ou se tornará mais forte; • 86% das lideranças disseram acreditar que os trabalhadores terão mais independência e influência em relação aos seus empregadores no futuro. programa de negócios de eventos internacionais realizados pela instituição. Se você quiser saber mais sobre o relatório, ele está disponível em língua inglesa, com opção de traduzir para o português: acesse aqui. https://www2.deloitte.com/ca/en/pages/consulting/articles/2021-global-human-capital-trends.html 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública E por que isso importa para a experiência dos cidadãos, que são os usuáriosdos serviços públicos? Já foi visto que a experiência do usuário é um resultado direto do engajamento e do comportamento dos colaboradores de uma organização (MAYLETT, WRIDE, 2017). Então, se a proposta é atender os usuários com excelência, é preciso cuidar da experiência de quem presta os serviços, já que uma é consequência da outra. Simples, certo? Nem tanto... Se fosse tão evidente, os dados da pesquisa não seriam tão alarmantes. Quem sofre os efeitos negativos do desengajamento, no caso do setor público, são os cidadãos. Em um cenário de baixa qualidade da EX, em que a ampla maioria da força de trabalho está investindo pouca energia no trabalho, é bem pouco provável que a experiência do cidadão seja a melhor possível, não é mesmo? Então, especialmente se você é líder, precisa se perguntar: Como posso criar um ambiente de trabalho próspero para os servidores que aqui trabalham? Agora que você refletiu sobre isso, pode estar se perguntando: por onde começar? Inicie buscando algumas práticas de gestão de pessoas que influenciam na criação desses ambientes e facilitam a transformação digital. "Em um mundo no qual o dinheiro não é o fator motivador primário para colaboradores, focar na experiência do colaborador é a vantagem competitiva mais promissora que uma organização pode criar." — Jacob Morgan Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 Muitas lideranças e áreas de gestão de pessoas já possuem estratégias implementadas para melhorar a experiência de seus colaboradores. Esses pontos de relação entre o servidor e o órgão ou unidade, quando têm resultados, podem e devem ser mantidos, inclusive reforçados. O ponto central, porém, é partir de evidências. Você com certeza já ouviu frases do tipo: “O problema da falta de engajamento é que...” • “...os servidores estão acomodados”. • “...falta interesse em se desenvolver”. • “...as chefias não escutam a equipe”. • “...o problema é cultural, estrutural”. • ou outros palpites genéricos. Esse tipo de suposição, feitas tanto por gestores quanto por técnicos, leva à tomada de decisões superficiais. É comum conceber desafios como soluções predefinidas, mas, consequentemente, muitas das ações das organizações no sentido de melhorar a EX acabam por não resolver os problemas reais dos servidores, por partirem de hipóteses não testadas e não investigada. Assim, gasta-se tempo, recursos técnicos e financeiros em vão. Daí a importância de definir, com base em pesquisa e evidencias, as raízes dos problemas. Quer um exemplo? Ao definir um problema, é comum, ime- diatamente, pensar na solução: “Já sei! Vamos contratar uma consultoria para dar uma pa- lestra sobre engajamento”, “Va- mos criar um aplicativo para as pessoas relatarem seus senti- mentos”, “Que tal fazermos um karaokê mensal como estraté- gia para unir as pessoas?”. Solução de metade de um problema. Fonte: Freepik (2023). 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Tanto a palestra, quanto o aplicativo e o karaokê são soluções pré-concebidas! Afi- nal, como diz Charles Kettering: um problema bem definido é metade de um pro- blema resolvido. Mudar esse modelo de pensar os pontos de partida na definição de problemas significa explorar, investigar e investir tempo antes de criar uma solução para a EX. Significa renunciar a caminhos que parecem mais fáceis e óbvios, mas que podem se tornar demorados e dispendiosos ao não encontrarem respaldo e legitimidade na realidade dos servidores. Enxergar claramente quais são as lacunas na EX e determinar quais são as situações em que a organização não adota uma postura eficiente são etapas prévias imprescindíveis para vislumbrar as oportunidades de melhoria. Algumas estratégias podem ajudar nesse entendimento dos problemas reais dos servidores, como: pesquisas de clima, benchmarkings, entrevistas de imersão e uso de abordagens de inovação, como design thinking, são alguns exemplos para compreender quais são os elementos-chave para um excelente lugar para trabalhar e realizar medidas corretivas e uma intervenção customizada. De acordo com a instituição intergovernamental, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), composta por 38 países: É preciso usar novas abordagens para criar respostas inovadoras aos desafios públicos (OCDE, 2019). Ideias inovadoras. Fonte: Storyset (2023). O design thinking (DT) é uma abordagem que integra pensamento criativo e analítico, e facilita não apenas mergulhar e redefinir um desafio, como também a criação e a implementação de soluções. Essa abordagem considera a gestão do erro e as incertezas como fatores inerentes ao processo. Assim, abre-se espaço para a criatividade, a cocriação e a experimentação como estratégias para nos adaptar e minimizar riscos, características necessárias para a sustentabilidade do caráter inovador do futuro da Administração Pública. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 Existem diversos toolkits (caixas de ferramentas) para auxiliar a aplicar o método DT em vários momentos de projetos e políticas públicas de inovação. Há ferramentas para cada etapa, desde a identificação de problemas, geração e priorização de soluções, prototipagem e testagem. Elas podem ajudar conectar melhor com os servidores e aumentar a velocidade na criação de soluções. Acesse algumas dessas ferramentas em diversos toolkits e experimente-as! • Nesta (veja aqui); • Ideo (veja aqui); • GNova/Enap (veja aqui); • Colab-i/TCU (veja aqui); • Toolkit colaborativo - Design Ágil para Inovação Social e Desenvolvimento (veja aqui); • Página do Observatório de Inovação no Setor Público da OCDE (veja aqui). Mas atenção, o simples fato de aplicar essas ferramentas e técnicas, criar ideias interessantes e usar post-its não significa que está ocorrendo a inovação. Ferramentas e técnicas servem de apoio, mas o valor está no resultado, não no processo. Assim, para implementar soluções inovadoras de EX, tenha, primeiramente, coragem para questionar respostas pré-definidas, humildade para reposicionar os servidores em seu lugar de protagonistas de suas histórias, projetar futuros desejáveis (e evitar indesejáveis), e estar disposto a experimentar opções para explorar caminhos até eles. E quais são os fatores de uma boa EX? Sobre isso, os estudiosos sobre o tema divergem. Uma certeza, porém, é clara: não existe fórmula que irá funcionar para todas as organizações. https://www.nesta.org.uk/toolkit/diy-toolkit/ https://hcd-connect-production.s3.amazonaws.com/toolkit/en/portuguese_download/ideo_hcd_toolkit_complete_portuguese.pdf https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3138 https://portal.tcu.gov.br/design_thinking/index.html https://trello.com/b/rBB4NgcW/design-%C3%A1gil-para-inova%C3%A7%C3%A3o-social-e-desenvolvimento-toolkit https://oecd-opsi.org/ 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Confiança Esse é um fator preponderante em todo o processo de melhoria da EX. A relação entre servidores, entre servidor e liderança, e entre servidor e organização deve ser pautada pela confiança. Entre as atitudes que são exemplos de comportamentos que fortalecem a confiança, pode-se destacar: • o reconhecimento e respeito às diferenças e diversidades; • humanizar as relações ao inserir sentimentos e emoções no trabalho; • dar transparência às informações e mudanças em curso; • adequar os níveis de cobrança e pressão às habilidades e tempo disponíveis; e • distribuir o trabalho de forma justa. Feedback de qualidade O feedback ou retorno sobre o trabalho é fundamental para alinhar expectativas e desatar entraves causados por falhas de comunicação. Os servidores precisam entender o que se espera deles com clareza e assertividade para realizarem suas tarefas. O reconhecimento, inclusive, figura como um grande motivador para as pessoas. Aprendizagem e desenvolvimento A perspectiva de crescimento éum dos elementos mais importante de um excelente lugar para se trabalhar. Quando há oportunidades para aprender, se desenvolver e compartilhar aprendizados e experiências, o engajamento aumenta e há uma perspectiva de futuro mais promissora. Assim, organizações abertas à experimentação e ao aprendizado têm um clima engajador. Amabile e Kramer (2013) dizem que "o valor da aprendizagem aparece na frente de reconhecimento ou dinheiro para manter o entusiasmo". Ainda assim, podem ser resgatados alguns elementos principais para uma EX que se conecte com a UX, como: Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 Liderança Os estilos de liderança impactam diretamente na EX. Em primeiro lugar, é necessário diferenciar os meros chefes, muitas vezes colocados na posição independentemente do perfil e que impõem seus modelos mental e comportamental apenas pelo cargo e hierarquia, das verdadeiras lideranças, que são aquelas que cuidam e inspiram as pessoas. Segundo Sinek (2014), todas as pessoas têm a habilidade para ser líder, mas nem todas as pessoas devem ou querem ser líderes. Para ele, a liderança é como um músculo que deve ser treinado e exercitado para se desenvolver. O autor afirma que o verdadeiro trabalho de um líder não é estar no controle, mas sim cuidar das pessoas que lidera. Muitas entregas e serviços são realizados, têm utilidade e bons resultados no dia a dia do trabalho. Mas há uma grande diferença, principalmente no longo prazo, quanto ao sentimento do servidor em relação a uma chefia que o compeliu ou pressionou e quanto às lideranças que o encorajaram e apoiaram. E você já sabe que EX tem tudo a ver com sentimentos, certo? Antes de passar para o próximo tema, é importante frisar que, independentemente da solução de EX implementada, elas precisam ser avaliadas constantemente, com aperfeiçoamento contínuo das práticas internas. A melhoria deve ser incremental, com acompanhamento e reforço das mudanças, sem abrir mão do que já existe de positivo no ambiente de trabalho. 2.1.1 Comece pelo Porquê: Círculo de Ouro Por que alguns líderes e organizações são mais inovadores e inspiram tanto as pessoas que chegam a despertar a lealdade por parte dos colaboradores e usuários? De acordo com Sinek (2018), a resposta está no porquê: aquilo que desperta seu senso de propósito e te inspira a dar o seu melhor por uma causa. Ele mostra que, para encontrar sentido no trabalho e se dedicar a ele, é necessário compreender o verdadeiro propósito (o porquê) das ações e entregas. As decisões são tomadas com base no que se acredita saber (e as organizações já experimentaram os reveses dessas falsas crenças diversas vezes). Muito do que se acha que pode levar ao sucesso profissional e pessoal pode ser, na verdade, 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública uma recompensa a curto prazo, mas algo que afasta os sonhos e objetivos de longo prazo. As pessoas concentram muito no que conhecem e ignoram o que desconhecem. Assim, se o que se busca é o sucesso, é essencial entender o motivo pelo qual se faz coisas. E isso começa pelo “porquê”. Para Sinek (2018), há basicamente duas formas de influenciar o comportamento das pessoas. Manipulação As pessoas são estimuladas a agir através de mecanismos que podem se sustentar a curto prazo, mas que não têm efeito duradouro. Exemplo disso é criar benefícios para os servidores, como descontos em academias e restaurantes, ofertar palestras motivacionais ou ter uma gaveta de guloseimas. Isso pode criar uma sensação de eficácia, mas é ela passageira. Inspiração Quando a organização influencia pessoas e suas ações pela inspiração, o “porque” vem antes do “como” e do “o que”. Começar pelo porquê significa entender que os produtos e serviços são importantes, mas apenas como instrumentos que dão vida ao seu propósito. Veja o modelo criado por Sinek chamado “Círculo de Ouro” ou “Círculo Dourado”: Pertencer é uma necessidade inerente- mente humana, que pode ser traduzida como fazer parte de um grupo que com- partilha dos seus valores, crenças e do seu propósito. O mesmo acontece no mundo organizacional. Círculo dourado. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de:LA-BORA!gov (2021). As pessoas desejam estabelecer relações com as organizações com as quais compartilham va- lores e crenças, manifestados Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 principalmente no “porquê” de cada organização. O “como” é a transformação das aspirações em realidade e se expressa nos processos, na cultura, que devem estar conectados ao “porquê” de forma clara e transparente. Já o “o que” é a entrega, o resul- tado gerado. Sinek (2018) também menciona a confiança como um fator preponderante. Ele explica a confiança como um sentimento, ou seja, algo que não é uma experiência racional, e ensina que, para que ela exista, é importante ter colaboradores que não somente tenham as competências adequadas, mas que acreditem nos valores e crenças da organização. No vídeo, Simon Sinek ensina como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir. O pesquisador tem um modelo simples, porém poderoso, para uma liderança inspiradora: comece com a pergunta: "Por quê?". Seus exemplos incluem Apple, Martin Luther King Jr. e os irmãos Wright. Assista ao vídeo How great leaders inspire action, clicando aqui. Há a opção de ativar a legenda em português. 2.1.2 Propósito e Motivação Motivação é um motivo para a ação. Os fatores motivacionais são intrínsecos e dizem respeito aos sentimentos, como autorrealização e reconhecimento. Assim, a motivação está em cada pessoa e pode ser incentivada através de estímulos, que são extrínsecos. Por ser intrínseca, não é coerente dizer que as pessoas são motivadas a fazerem algo. Outro aspecto é que a motivação é experimentada por cada pessoa, não sendo, portanto, generalizável. https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=en&subtitle=pt-br 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O que te motiva? Um grande desafio das organizações é provocar a motivação das pessoas (especialmente considerando que cada um de nós se motiva por fatores diferentes). Alguns autores têm, inclusive, uma visão bastante pessimista sobre isso: E você, concorda com eles? Segundo Daniel Pink (2010), diferentemente do que a maioria acredita, a motivação não se relaciona estritamente a recompensas, como dinheiro ou prêmios. Para ele, o segredo da motivação está associado às necessidades humanas, como ter autonomia no trabalho e enxergar os impactos de suas ações para os usuários. As pessoas precisam saber que estão contribuindo para um futuro melhor para todos. Ele explica que a palavra “motivação” advém do verbo “movere” que, em latim, significa movimentar-se. Isso significa que a motivação é a força que pode nos mover entre o ponto A e o ponto B. A motivação é um ponto crucial para alcançar os objetivos. Pink diz que as crenças, formas de lidar e a aplicação de antigos preceitos formados sobre motivação geram impactos negativos nos processos de gestão e liderança. Como resultado não desejado, no caso do serviço público, isso constrói organizações repletas de servidores desmotivados e desanimados. O autor descreve três níveis principais da motivação: Christophe Dejours (1998) Afirma que as organizações são lugares propícios ao sofrimento, ao tédio, ao desespero e ao desconforto existencial. Diane Tracy (1994) Afirma que a maioria das pessoas acaba perdendo o interesse pelo trabalho e segue um caminho da mediocridade. Aquela que emerge das necessidades básicas, como sede, fome e abrigo. Motivação 1.0 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 Relativa a punições e recompensas para manipular e estimular a motivação das pessoas. É o que ele chama de “cenoura e chicote”, mas conhecemos mais como “comando-controle”: se você fizer (ou não fizer)isso, você será recompensado com aquilo. Motivação 2.0 Esse nível da motivação é o que tem maior poder para estimular as pessoas. Ele se baseia em três fatores: 1. Autonomia: desejo de liderar a própria vida e conseguir ter senso crítico de escolha. 2. Excelência: necessidade de se tornar bom em algo relevante, equilibrando competências e desafios. 3. Propósito: desejo de fazer coisas a serviço de algo maior. Motivação 3.0 Fica claro, portanto, que organizações precisam alinhar sua missão e metas aos colaboradores, prover a eles visibilidade sobre como seus trabalhos e entregas impactam os usuários e dar-lhes autonomia para gerir seu trabalho. Em qual desses níveis a organização onde você trabalha está? Ainda sobre propósito, o Ikigai é um conceito japonês transformado em técnica de autoconhecimento para entender o sentimento ligado a encontrar sua razão de ser, fazer algo importante de forma bem-feita, por uma causa maior. Representado por uma mandala, o Ikigai é a intersecção de quatro círculos que se sobrepõem: 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Mandala Ikigai. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de: LA-BORA! gov (2021). Esse exercício de autoconhecimento ajuda a entender que nenhuma pessoa é definida puramente por seu trabalho ou por um hobby que ama praticar. A mandala possibilita alinhar suas aspirações pessoais, profissionais, sociais para vislumbrar oportunidades de crescimento e, quem sabe, de mudanças. Construa a sua mandala! Partindo de uma ferramenta pessoal para uma organizacional, uma solução possível para compreender o senso de propósito e sentido no trabalho pode vir das ferramentas de people analytics. A análise dos dados sobre os colaboradores pode apoiar a tomada de decisões baseadas em evidências e auxiliar no desenho de uma employee experience mais humana. Neste sentido, people analytics não deve ser apenas mais uma forma de reduzir pessoas à números, e sim uma tecnologia capaz de auxiliar a entender melhor o comportamento humano para fazer as pessoas não apenas mais produtivas, mas principalmente mais felizes em todos os aspectos de suas vidas. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 2.1.3 Relação entre Engajamento e Produtividade Você já conhece alguns dados bastante impactantes sobre os efeitos do engajamento e da EX no desempenho e produtividade. Quer mais? Uma pesquisa realizada por pesquisadores do MIT (DERY et al., 2017) mostrou que organizações com EX de excelência inovaram duas vezes mais, alcançaram o dobro da satisfação do usuário e lucros 25% mais altos do que as organizações com EX mais baixa. Essa pesquisa vai ao encontro dos resultados do estudo de Jacob Morgan, que mostrou que empresas que investem em EX possuem 4.2 vezes mais lucro médio, além de 40% menos turnover. Em uma pesquisa com mais de 12 mil registros, de 238 colaboradores, em sete organizações diferentes, Amabile e Kramer (2013) descobriram, que durante aproximadamente um terço do tempo, os colaboradores estavam infelizes, desmotivados ou ambos. Porém, nos dias em que estavam felizes, tornavam-se mais aptos a ter novas ideias. Evidências assim apresentam casos convincentes sobre a importância do engajamento. Entretanto, também podem confundir as empresas que não entendem o conceito de engajamento, tampouco sua diferença em relação à EX. Essa definição de Scharmer (2009) sobre engajamento retoma e resume bem o que você estudou até aqui: Engajamento tem a ver com uma pessoa usar seu coração, espírito, mãos e mente para o trabalho (SCHARMER, 2009). Coração Sentimento, emoção, satisfação e até mesmo felicidade naquilo que se faz. Espírito Sabe quando você entra em uma sala e sente a vibração das pessoas? O espírito tem a ver com energia, animação. Mente Relacionado ao âmbito cognitivo, o interesse, a curiosidade e a criatividade. Mãos Relativo ao esforço, à produtividade e ao uso prático de suas habilidades para gerar valor. Ou seja, o engajamento existe quando você investe o seu melhor no trabalho. Veja a que cada termo está relacionado: 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Coração e espírito se traduzem em emoções, no que faz sentido (sentir). Mas o engajamento também é determinado pela ação. As organizações, então, devem realizar iniciativas de EX que englobem todos esses aspectos. Investir energia apenas em um (como realizar mudanças, incitando a produtividade e a melhoria de processos, sem considerar os sentimentos envolvidos, como medo) não funciona a longo prazo ou demandará alto esforço para um baixo impacto. Um exemplo contado por Maylett e Warner (2014) ilustra esse desafio: Uma empresa de tecnologia havia acabado de absorver seu grande concorrente. A empresa compradora comunicou todas as etapas da aquisição aos colaboradores de ambas as empresas, tomando o cuidado de elucidar as razões e as mudanças que iriam acontecer nos meses seguintes. Não havia dúvidas dos colaboradores quanto à necessidade de investir suas mentes e mãos para que o processo de integração sucedesse. Eles também sabiam o quanto as mudanças seriam benéficas financeiramente para a empresa como um todo. Tudo parecia harmônico. Parecia. Porque, no fim das contas, a integração falhou espantosamente. Você imagina o porquê? Rapidamente, ficou claro que, embora mentes e mãos estivessem ativas, os corações e espíritos estavam estagnados. Quando os autores fizeram uma pesquisa com os colaboradores, descobriram que eles estavam agindo, mas não estavam sentindo. Resumindo, a empresa falhou em conquistar apoiadores, principalmente porque muitas pessoas sentiam medo de perder seus empregos no processo de integração. Além disso, os colaboradores da empresa compradora tinham a percepção de que a empresa adquirida tinha a cultura de dispensar pessoas. Esse baixo esforço para trazer os corações para a jornada da mudança refletiu-se em fracasso. Quando você envolve corações, espíritos, mentes e mãos, sua organização sente e age (MAYLETT, WARNER, 2014). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43 Veja a diferença de uma organização com engajamento e uma sem. Árvores do desengajamento e do Engajamento Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Adaptado de: LA-BORA! gov (2021). 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Assista ao vídeo a seguir sobre os perfis comportamentais e entenda a importância de criar ambientes para acolher e dar voz para as diferentes pessoas, perspectivas aos diferentes perfis do grupo. Videoaula: Perfis Comportamentais Já imaginou o quanto uma organização pública poderia, com a transformação digital, inovar, atrair talentos e melhorar suas entregas se houvesse foco na EX? Esses lugares existem na Administração Pública! 2.1.4 Ofurô Corporativo No Brasil, a gestão de pessoas tradicional é historicamente percebida como um ambiente burocratizado e pautado em uma perspectiva estática, rígida, reativa, funcional e mecânica (BERGUE, 2019). Além disso, as ações de qualidade de vida no trabalho, ainda focam em atividades pontuais, como aulas de meditação, yoga e confraternizações. Para Ferreira (2006), essas ações funcionam como um “ofurô corporativo”: os trabalhadores imergem em atividades relaxantes ou descontraídas e sentem-se aliviados. Mas, ao retornarem para o mesmo ambiente produtor de estresse e fadiga, os sintomas reaparecem. O autor menciona que, apesar de serem importantes e positivas, essas atividades são paliativas e precisam ser associadas a ações que incorram nas causas dos problemas. Por isso, ações para melhorar a qualidade de vida no trabalho não devem ser canceladas, e sim combinadas a outras, mais profundas. É importante, também, que elas tenham o impacto mensurado para que sejam qualificadas, pois os desejos e desafios dos usuários — nesse caso, servidores — mudam o tempo todo. Elaboração CEPED/UFSC (2023). https://cdn.evg.gov.br/cursos/805_EVG/video/modulo01_video02/index.htmlEnap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45 Atividades no default. Fonte: Freepik (2023). Dessa forma, existe o desafio de adaptar a gestão de pessoas às novas necessidades dos colaboradores. A recompensa financeira, os benefícios e ações pontuais de Recursos Humanos — que sustentaram por muito tempo a conexão entre os trabalhadores e as organizações — não têm mais o impacto de antes. Isso exige que o setor público identifique os avanços, as falhas, e se flexibilize em um ambiente cada vez mais complexo. 2.1.5 Felicidade no Trabalho Você viu como a experiência é determinante para entender o conceito de felicidade? Paul Dolan (2015), conhecido como o “guru da felicidade”, diz que essa nova perspectiva sobre o conceito de felicidade, a torna, inclusive, mensurável. Para ele, a felicidade é o conjunto de experiências de prazer e propósito ao longo do tempo. Segundo o autor, é, sem dúvida, possível criar felicidade intencionalmente. Para isso, é necessário focar tempo e energia naquilo que realmente nos faz bem. Colocar atenção em algo implica, necessariamente, tirar a atenção de outras coisas. Isso significa que é preciso racionar a atenção e distribuí-la da melhor maneira possível. O autor sugere que, para aumentar os níveis de felicidade, as pessoas organizem suas tarefas diárias e incluam coisas que gostam na rotina. Ele explica que isso é necessário pois muitos comportamentos e atividades são realizados de forma automática, no “default”. 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Default (pronuncia-se “defôu”) é uma resposta ou opção padrão para determinado problema. É quando você continua seu curso de ação anterior, já predefinido. Esse caminho automático e de menor resistência é aquele que surte efeito se nada for especificado pelo tomador de decisão (THALER, SUNSTEIN, 2008). Geralmente, quanto maior ou mais complexo o problema — quando há uma sobrecarga de informação e escolhas (choice overload) —, as pessoas tendem a escolher a opção já conhecida, ou seja, continuar no default. Inclusive, a definição de padrões, ou escolha por default, pode ser muito eficaz na arquitetura de escolha e tem sido extensivamente usada por governos e empresas para influenciar as decisões das pessoas (SAMSON, 2014). Quer um exemplo? A exigência de que as pessoas precisem optar por não doar órgãos (ou seja, tornar a doação de órgãos um default) é associada a taxas de doação mais altas (JOHNSON, GOLDSTEIN, 2003). Isso significa que, ao deixar a doação de órgãos como um consentimento presumido, ou seja, como a opção padrão para ser doador, a quantidade de pessoas doadoras aumentou. Nesse estudo, se você não estivesse de acordo com a doação, deveria entrar em contato com as autoridades governamentais, solicitar e preencher um formulário, indicando que não gostaria que seus órgãos fossem doados. É necessário, também, considerar o fator temporal da felicidade, ou seja, entender que pode ser necessário renunciar à satisfação imediata para alcançar mais felicidade no futuro. Exemplo disso é quando precisamos reformar a casa, parar de fumar ou mudar de unidade de trabalho: de imediato, as mudanças podem ser desconfortáveis e gerar dor, mas, no futuro, os níveis de felicidade podem aumentar devido ao alcance de objetivos e propósitos. Dolan (2015) explica que algumas ações, como assistir televisão e comer, podem ser altamente prazerosas, porém, baixas em propósito. Outras ações, como fazer exercício físico ou até mesmo realizar cursos, para algumas pessoas, podem ser baixas em prazer, mas altas em propósito. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47 Ele diz que, para ser verdadeiramente feliz, precisa-se tanto de prazer quanto de objetivo. Além disso, atividades que sejam agradáveis e, ao mesmo tempo, significativas, são parte do que ele chama de “princípio de prazer-propósito”. Exemplos disso são atividades como trabalho voluntário e tempo passado com seus filhos. Apesar de muitos estudos apontarem para o fato de que a felicidade envolve diversos aspectos para além do financeiro, é importante não romantizar ou menosprezar essa conexão. O desemprego, especialmente em idade ativa, pode sim baix- ar a satisfação com a vida e no bem-estar das pessoas. Sobre isso, Dolan (2015) afirma que o fator financeiro impacta bastante na felicidade das pessoas quando as remove de um estado de pobreza e é suficiente, ao menos, para atender necessidades básicas. Nesse sentido, o impacto de benefícios financeiros adicionais diminui, mas nunca é inexistente. O impacto da renda na felicidade tem a ver, inclusive, com implicações indiretas: por exemplo, pessoas com maior renda tendem a ter mais tempo e energia para lazer, amigos e cuidados com saúde. Outro aspecto relevante sobre o cuidado em não romantizar a felicidade é entender que a tristeza não é algo que possa ou deva remover da vida. Ao contrário, Dolan (2015) menciona que aceitar fracassos e dores é necessário e que eles não devem ser encarados como algo negativo, já que são naturais e humanos. 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública No âmbito organizacional, a felicidade tem a ver com organizar o ambiente para que as pessoas interajam e tenham relações sociais saudáveis para melhorar as experiências e, consequentemente, as decisões, a produtividade e o bem-estar. Um estudo realizado com mais de 700 participantes por pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, mostrou que trabalhadores mais felizes são também os que mais produzem e contribuem para o avanço das organizações. De acordo com a pesquisa, a felicidade aumenta em média 12% o nível de produtividade dos colaboradores. Conheça a percepção da felicidade a partir das duas formas de avaliar a vida: memórias x experiências, segundo Daniel Kahneman, que é Ph.D. em Psicologia e vencedor do prêmio Nobel de Economia. Esse entendimento tem implicações profundas para as ciências econômicas, as políticas públicas e para a autoconsciência. Assista aqui ao vídeo “O enigma da experiência versus memória”. Há opção de legenda em português. Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos. Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos! https://www.ted.com/talks/daniel_kahneman_the_riddle_of_experience_vs_memory?language=pt Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49 MABILE, T.; KRAMER, S. O princípio do progresso: como usar pequenas vitórias para estimular satisfação, empenho e criatividade no trabalho. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. BERGUE, S. T. Gestão de pessoas: liderança e competências para o setor público. Brasília, DF: Enap, 2019. Disponível em: https://repositorio.enap. gov.br/bitstream/1/4283/1/7_Livro_Gest%C3%A3o%20de%20pessoas%20 lideran%C3%A7a%20e%20compet%C3%AAncias%20para%20o%20setor%20 p%C3%BAblico.pdf. Acesso em: 20 dez. 2022. BRASIL. Portal do Servidor. LA-BORA! gov. Brasília, DF, 2022. Disponível em: https:// www.gov.br/servidor/pt-br/assuntos/laboragov. Acesso em: 20 dez. 2022. DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez, 1998. DERY, K.; SEBASTIAN, I. M. Building business value with employee experience. MIT Sloan CISR Research Briefing, v. 17, n. 6, p. 3, 2017. Disponível em: https://cisr. mit.edu/publication/2017_0601_EmployeeExperience_DerySebastian. Acesso em: 20 dez. 2022. DOLAN, P. Projetar a felicidade. Lisboa: Temas e Debates, 2015. FERREIRA, M. C. Ofurô corporativo. Portal da Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2006. Disponível em: https://ergopublic.com.br/arquivos/1258147925.98-arquivo. pdf. Acesso em: 20 dez. 2022. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 20 dez. 2022. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Storyset by Freepik. Málaga, 2022. Disponível em: https://storyset.com/.
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