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CAPÍTULO 19 205 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Fisiopatologia do Climatério Áurea Beirão de Almeida CAPÍTULO • Introdução • Definições e Conceitos • Fisiologia • Repercussões do Hipoestrogenismo no Organismo • Manejo da Síndrome Climatérica e Objetivos da TRH • Tendências Atuais: Baixas Dosagens; Progestogênios Seletivos; Reavaliação em Curto Prazo da Indicação Inicial 19 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. FISIOPATOLOGIA DO CLIMATÉRIO 206 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. INTRODUÇÃO A diminuição estrogênica característica do cli- matério se manifesta através de sintomas tais como fogachos, insônia, irritabilidade, distúrbios do hu- mor, acompanhados dominantemente por distúr- bios menstruais. Alterações físicas, como atrofia urogenital, in- continência urinária de esforço e modificações cutâneas traduzem o ressentimento da ação estro- gênica (depleção das taxas de estrogênio endóge- no) em todos os locais onde, em diferentes concentrações, estão presentes os receptores es- trogênicos tipo α e β (útero, bexiga, uretra, mama, pele, vasos, coração, ossos e cérebro). Estas modificações já são verificadas na pré- menopausa e se acentuam com os anos da pós- menopausa. A deprivação estrogênica acarretada pela me- nopausa (estradiol ↓ 20 pg/mL) poderá, em longo prazo, contribuindo para uma perda óssea mais acelerada, aumentar o risco de osteoporose. A preocupação atual não é somente tentar di- minuir as causas mais freqüentes de morte femi- nina ou aliviar os sintomas vasomotores e a atrofia gênito-urinária, mas sim oferecer condições de saúde que permitam à mulher viver de forma sau- dável e plena os anos que a vida lhe ofertar. Há um direcionamento básico para a prevenção de doenças crônico-degenerativas através da exalta- ção do que se chama estilo de vida saudável: dieta correta, exercícios físicos, combate ao tabagismo, à obesidade, ao excesso de bebidas alcoólicas e ter objetivos lúdico-ocupacionais. Isto é o basal QUESTÕES RELEVANTES • Todas as mulheres apresentam a síndrome menopausal? • Fogachos? Depressão? • Osteoporose? • Vagina seca? Dispareunia? • E os fitoestrogênios? durante toda vida e que no climatério poderá ou não ser acompanhado pela terapia hormonal (TH), cuja necessidade será sempre avaliada individual- mente e regularmente monitorada. DEFINIÇÕES E CONCEITOS • Climatério: fase de evolução biológica da mulher na qual ocorre o processo de transi- ção do período reprodutivo para o não re- produtivo, rumo à senilidade. • Menopausa: é a parada permanente da mens- truação. É a data da última menstruação após a qual decorreram 12 meses de amenorréia (diagnóstico retrospectivo e clínico). Ocorre em função da perda da atividade folicular ovariana. A menopausa, portanto, nada mais é do que um marco, em função do qual o climatério pode ser denominado pré-meno- páusico e pós-menopáusico. O período pós- menopaúsico estende-se até os 65 anos, quando então inicia a senilidade. • Idade da menopausa: nos países desenvol- vidos, ocorre em média aos 50 anos, e nos em desenvolvimento, ao redor dos 48 anos. As fumantes entram em menopausa apro- ximadamente dois anos antes do que as não fumantes. No ambulatório de Climatério do Serviço de Ginecologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, a menopausa ocorreu em média aos 47,66 anos, com des- vio-padrão (DP) de 4,831. • Menopausa precoce ou insuficiência ova- riana prematura: quando ela se instala an- CAPÍTULO 19 207 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. tes dos 40 anos de idade. Ocorre em menos de 1% das mulheres7. Pode também ser re- sultante de ooforectomia bilateral, radiote- rapia pélvica ou quimioterapia. • Menopausa tardia: quando a última mens- truação ocorre após os 55 anos. • Perimenopausa ou transição menopausal: é o período no qual se manifestam os sinais e sintomas da aproximação da menopausa, ou seja, irregularidades menstruais, distúr- bios neurovegetativos, e alterações psico- emocionais. Inicia aproximadamente cinco anos antes da menopausa e acaba 12 meses após a mesma. • Síndrome do climatério, moléstia menopau- sal ou síndrome menopausal: é o conjunto de sintomas e de sinais que surgem no cli- matério prejudicando o bem estar da mulher. QUESTÕES RELEVANTES � Questão: Todas as mulheres apresentam a síndrome me- nopausal? Não. Vinte e cinco por cento das mulheres atra- vessam o climatério sem sintomas, adaptadas aos seus próprios níveis estrogênicos endógenos basais. A supra-renal (principal fonte) e o estroma ovaria- no continuam produzindo androstenediona e tes- tosterona, que são convertidas em estrona e estradiol, perifericamente no tecido gorduroso, no fígado e nos músculos. As obesas apresentam diminuição da produção de SHBG (globulina transportadora dos hormônios esteróides) devido à resistência à insuli- na, resultando numa maior oferta de androgênios para conversão periférica. Isto explica o fato de as mulheres mais “gordinhas” apresentarem menos freqüentemente o quadro sintomatológico. A varia- ção no transporte e metabolização periférica dos androgênios (biodisponibilidade de estrogênios) está implicada na determinação do quadro metabólico, clínico e laboratorial. FISIOLOGIA Um a dois milhões de células germinativas do ovário, presentes no momento do nascimento, já estarão reduzidas a 380 mil, na puberdade, devido ao contínuo processo de involução, chamado atre- sia folicular. Mensalmente, as gonadotrofinas hi- pofisárias FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante) estimulam um grupo de folículos (recrutamento), entre os quais haverá a predominância (seleção) de um, (folículo dominan- te) que será o ovulatório, e os demais entram em atresia. Ao chegar à menopausa haverá apenas al- gumas centenas de oócitos primários nos ovários. A menopausa se instala pelo esgotamento foli- cular, e por tornar-se o ovário refratário aos estímu- los gonadotróficos. A diminuição da produção de estradiol e de inibina pelas células da granulosa impede um adequado feedback negativo para o FSH, determinando sua elevação. O marco da entrada no climatério é a diminuição da inibina e a elevação do FSH e estando o LH ainda dentro dos limites fisiológicos. Passam a predominar ciclos com insu- ficiência lútea, ciclos anovulatórios, em meio a even- tuais ovulações que tornam importante os cuidados anticoncepcionais, também nessa fase. Quando a produção cíclica do estrogênio e da progesterona tornam-se insuficientes para estimular o endomé- trio, além da parada das menstruações, ocorre o desaparecimento do feedback negativo para o FSH e o LH. Portanto, o climatério pós-menopáusico é caracterizado pela elevação de 11 a 14 vezes do FSH (FSH > 40 mUl/mL), do LH (de 3 a 7 vezes), e estradiol baixo (E2 < 20 pg/mL). Enquanto, na fase reprodutora, o estrogênio dominante é o estradiol, com uma relação estradiol/estrona maior do que um, na pós-menopausa o estrogênio dominante é a estrona, com uma relação estradiol/estrona me- nor que 1. Outros esteróides sexuais também estão com sua produção diminuída na pós-menopausa: a tes- tosterona (20%), a androstenediona (50%) e a dei- drostestosterona. REPERCUSSÕES DO HIPOESTROGENISMO NO ORGANISMO • Quais as possíveis conseqüências do hipoestro- genismo? 1. Sintomas neurovegetativos como fogachos, acompanhados de sudorese, distúrbios do FISIOPATOLOGIA DO CLIMATÉRIO 208 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. sono, palpitação, vertigem, diminuição da memória. 2. Irregularidades menstruais (polimenorreia, hemorragias uterinas disfuncionais, oligome- norreia, amenorreia). 3. Atrofia uro-genital, com queixas de secura vaginal, dispareunia, vaginites, uretrites atró- ficas, urgência miccional, incontinência uri- nária de esforço e prolapso genital. 4. Aceleração da perda óssea que pode propi- ciar a osteoporose. 5. Modificações cutâneas, com diminuição do colágeno, tornam a pele mais adelgaçada, menos elástica e com rugas acentuadas. 6. Alteraçõesde humor como depressão, irri- tabilidade e ansiedade. 7. Alterações no metabolismo lipídico, com aumento dos níveis de colesterol total, di- minuição do HDL-colesterol e aumento do LDL-colesterol e dos triglicerídeos21, fa- vorecendo a instalação de doenças cardio- vasculares. Ressaltamos, mais uma vez, que a repercus- são da carência estrogênica varia de mulher para mulher, bem como pode se modificar ao longo do tempo. O esperado e extremamente desejado é que todas as alterações acima pudessem ser corrigi- das, com o uso do estrogênio, o que até seria bio- logicamente plausível e que levou a difundir seu uso, não só nas indiscutíveis indicações para os sintomas vasomotores, para atrofia geniturinária e prevenção da osteoporose em pacientes de alto risco, mas também como uma medida de preven- ção para doenças cardiovasculares (DCV), tanto primária como secundária, pois é a doença car- diovascular a principal causa de morte feminina no período pós-menopáusico. • Quais seriam os efeitos protetores cardiovas- culares dos estrogênios em relação às DCV? E os progestogênios? – Impacto favorável sobre o perfil lipídico, au- mentando o HDL-colesterol e reduzindo o LDL-colesterol e a Lp (a), lipoproteína (a)20,25,40. Induz o catabolismo da fração LDL-colesterol induzindo o aumento e a ati- vidade dos receptores para o LDL, e promo- ve a destruição da lípase hepática que de- grada o HDL11,24,25,33. – Ação anti-aterosclerótica direta nas artérias, pela presença de receptores estrogênicos no endotélio e no músculo liso arterial. – Ação vasodilatadora, pelo aumento da síntese da prostaciclina vascular (vasodi- latadora) e diminuição do tromboxano (va- soconstritor)11,25. (estudo experimental). Além desta ação vasodilatadora dependente do endotélio, o estrogênio exerce também ação vasodilatadora e ação antiagregante pla- quetária, dependente do óxido nítrico (ação gênica de vasodilatação)28,31. – Ação inotrópica no coração e grandes vasos. – Impacto favorável na fibrinólise pela dimi- nuição do fibrinogênio e do PAI-1 (inibidor do ativador do plasminogênio)20,22,30. – Redução da resistência insulínica. – Atividade antioxidante. – Inibição do crescimento das células muscula- res lisas vasculares (redução da espessura da íntima. – Redução dos níveis da homocisteína. • O papel do progestogênio dentro da TH pren- de-se fundamentalmente à proteção endometrial contra a possibilidade do estrogênio estimular o desenvolvimento de câncer de endométrio, como foi demonstrado pelos estudos de Whi- tehead e Gambrell12,37 (diminui os receptores es- trogênicos e aumenta a 17βhidroxiesteróide desidrogenase, no endométrio). Impõe-se seu uso em toda paciente com útero. O progestogênio, assim como a testosterona, modula a oxidação do LDL, inversamente ao estrogênio42. Progestogênios mais androgênios podem contrapor-se aos efeitos benéficos do es- trogênio no referente às lipoproteínas, vaso-dila- tação, ação inotrópica e diminuição da resistência insulínica. São efeitos dose-dependente, o que le- vou ao uso de doses mais baixas, bem como à pes- quisa e ao desenvolvimento de progestogênios menos androgênicos, mais seletivos, que se liguem preferentemente ao receptor progesterônico. Cum- pre destacar que a progesterona natural, além de CAPÍTULO 19 209 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. proteger o endométrio, acarreta mínima interfe- rência sobre os parâmetros lipídicos. A provável “proteção hormonal” cardiovas- cular estimulou o uso da terapia hormonal de re- posição, também com esse objetivo. Foi reforçada através de diversos estudos epidemiológicos ob- servacionais5,34,35 que demonstravam diminuição da morbimortalidade por esta causa. Entre eles, com 20 anos de seguimento, destaca-se o Nurses’ Health Study (NHS), evidenciando 50% de dimi- nuição da mortalidade por esta causa entre as usuá- rias de TRH14. Isso levou, nos anos 1990, à prescrição exa- gerada da TH/TE com a finalidade de prevenção de DCV até para pacientes assintomáticas, embo- ra não existissem evidências randomizadas sobre a eficácia e segurança de seu uso com essa finali- dade exclusiva. Estudos clínicos randomizados como o Heart and Estrogen/Progestin Replacement Study (HERS) em 1998 e 2004, e o Estrogen Replace- ment and Atherosclerosis (ERA), em 2000, utili- zando estrogênios eqüinos conjugados 0,625 mg, associados a 2,5 mg de acetato de progesterona, em esquema combinado contínuo, com a finalida- de de pesquisar sua eficácia na prevenção secun- dária de eventos cardiovasculares, não verificaram tal efeito17,20. Os resultados de ambos foram se- melhantes, tendo ocorrido aumento de eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio e trom- boembolismo) nos primeiros meses de uso; com a continuidade, houve uma diminuição de eventos mas que não chegou a ser significativa. Isso levou à contra-indicação da TH em mulheres com doen- ça cardíaca prévia, com o objetivo de prevenção secundária de DCV . O Women’s Health Iniciative (WHI) study group, foi primeiro trial randomizado que objeti- vou acompanhar 20.000 pacientes, dominantemen- te saudáveis (50 a 79 anos), usando exatamente o mesmo esquema terapêutico dos dois estudos an- teriores, mas pretendendo agora pesquisar sua uti- lização na prevenção primária de eventos cardiovasculares (DCV) e possibilidade de outros benefícios e riscos correlatos ao climatério e TH. Observou também um grupo de mulheres histe- rectomizadas fazendo terapia de reposição exclu- sivamente com estrogênio (TE). Previsto para terminar em 2005, foi interrompido três anos an- tes do término, com um seguimento de 5,2 anos, pois os riscos (câncer de mama invasivo e DCV) começaram a ultrapassar o limite de segurança pré-estabelecido, evidenciando que não se justi- fica o uso desse esquema (EEC 0,625 mg + AMP 2,5 mg), nessa dosagem, via oral, em regime com- binado contínuo, com a finalidade de prevenção primária39,41. • Quais foram os riscos absolutos, por 10.000 mulheres/ano, verificados no grupo da TRH, em relação ao grupo placebo no WHI? – Doença coronariana: 7 casos a mais do que no grupo placebo – Acidente vascular encefálico: 8 casos a mais do que no grupo placebo – Embolia pulmonar: 8 casos a mais do que no grupo placebo – Câncer de mama invasivo: 8 casos a mais por 10.000 mulheres/ano – Câncer colo-retal: 6 casos a menos do que no grupo placebo – Fratura de colo do fêmur: 5 casos a menos do que no grupo placebo No entanto, o estudo do braço do WHI que utilizou unicamente o estrogênio, sem oposição progestogênica (histerectomizadas), por não ter apresentado os mesmos riscos, continuou até 2004 (seguimento de 6,8 anos), não evidenciando au- mento nem proteção no risco de doença corona- riana e de tromboembolismo venoso9. Também não houve aumento no risco de câncer de mama no grupo que recebeu somente EEC 0,625 mg/dia via oral, em relação ao grupo placebo2 (Tabela 19.1 e Tabela 19.2). Manson e col.27, em 2003, re-analisaram os dados do WHI referentes aos riscos DCV e uso de EEC + AMP, comparando as participantes nas quais a menopausa havia ocorrido a menos de 10 anos com o resultado total da coorte. Verificaram que não havia aumento do risco de DCV nas que iniciaram a TH mais precocemente (RR 0,89, 95% IC: 0,52-1,45 – Tabela 19.1). Anderson e col.2, em 2004, analisaram o bra- ço do WHI que recebeu somente estrogênio, bem como o subgrupo de pacientes mais jovens (50 a FISIOPATOLOGIA DO CLIMATÉRIO 210 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. 59 anos). Não evidenciaram aumento no risco car- diovascular (Tabela 19.1). Também foi verificado que o risco de desen- volver DCV – (IM ou morte coronariana) associa- da a estrogenioterapia isolada aumenta com a idade, segundo o WHI-steerig Comittee (2004). Assim, dos 50 a 59 anos (RR 0,56, 95% IC: 0,30- 1,03); 60 a 69 anos, (RR 0,92, 95% IC: 0,69-1,23); 70 a 79 anos, (RR 1,04, 95%, IC: 0,74-1,44). Embora no braço TH (estrogênio + progesto- gênio) do WHI não tenha sido observada a mes- ma influência da idade, evidenciou-se que neleo RR aumentava à medida que aumentavam os anos a contar da menopausa27 e início da TH. • menopausa menos de 10 anos: RR 0,89 • menopausa de 10 a 19 anos: RR 1,22 • menopausa acima de 20 anos: RR 1,71 Lobo, numa análise combinada de dois gran- des trials que abrangeram um total de 4.065 pós- menopáusicas saudáveis com a média de idade de 53 anos, não observou o aumento do risco de DCV associado à TH evidenciados no HERS e no WHI26. Grodstein, Manson e Stampfer, em novas aná- lises preliminares do estudo observacional NHS, sugerem que as mulheres que iniciaram TH próxi- mo à menopausa têm menor risco de desenvolver IM do que as que nunca usaram TH. As que inicia- ram a terapia 10 anos ou mais após a menopausa não colheram benefícios coronarianos15. Ressalvas: • A maioria das pacientes do WHI foi recrutadas 12 anos após suas menopausas, apresentando, no início do estudo, uma média de idade de 63,2 anos (braço TH) e 63,6 anos (braço TE) . • No mínino 50% da população estudada apresen- tava fatores de risco cardiovascular (obesidade, hipertensão arterial, uso de aspirina ou estatina), o que leva a supor que alta porcentagem das pa- cientes já apresentava lesões ateroscleróticas em suas coronárias e artérias cerebrais antes de ini- ciar a TH. Isso é menos provável que ocorra nas pacientes mais jovens que iniciam TH/TE, na perimenopausa quando também são mais habi- tuais as características queixas climatéricas. • O estudo WHI visava prevenção cardiovascu- lar em pacientes idosas; estas já não apresenta- vam sintomas climatéricos, o que difere do objetivo clínico primário da transição menopau- sal (10 anos antes, ao redor dos 50 anos), ou seja, tratar os sintomas climatéricos e não fun- damentalmente prevenir doenças metabólicas. Há diferenças fisiopatológicas entre essas duas populações, o que torna precipitada e perigosa a generalização dos resultados. Efeito do EEC + AMP e EEC Isolado e Risco DCV RR TH/TE × Placebo 95% CI 1. EEC+AMP(após 5,2 anos) 1a publicação 2002 (Rossouw et al., 2002) 1,29 1,02-1,63* Todos os participantes Dados revisados 2003 (Manson et al., 2003) Todos os participantes 1,24 1,00-1,54 Mulheres com menopausa <10 anos 0,89 0,52-1,45 2. EEC isolado (após 6,8 anos (Anderson et al., 2004) Todos os participantes 0,91 0,59 Idade: 50 a 59anos (0,75-1,12) (0,30-1,03) * Nominal. TABELA 19.1TABELA 19.1 CAPÍTULO 19 211 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. • Somente 10% das pacientes do WHI apre- sentavam sintomas climatéricos, o que im- possibilitou de forma significativa evidenciar melhora na qualidade de vida das pacientes. • Foi usada somente uma dose fixa e uma via de administração (oral). • Estudo sueco, duplo cego controlado com placebo, mostrou melhora significativa na qualidade de vida em mulheres que recebe- ram terapia substitutiva com estradiol por via transdérmica38. • HERS evidenciou melhora dos sintomas depressivos e referentes à saúde mental na dependência das mulheres apresentarem ou não “calorões” antes de iniciar a TH18. Observa-se que os resultados do subgrupo de pacientes mais jovens do WHI é muito semelhan- te ao encontrado no Nurses’Health Study – Gro- dstein e cols.14, (2001) e no EPAT (Estrogen in the Prevention of Atherosclerosis Trial) trial rando- mizado duplo cego controlado com placebo (2001) que constataram cárdio-proteção em pacientes mais jovens usando TH/TE19. Isso é condizente com os estudos experimentais em macacos, de Mikkola e Clakson, em 2002. Nos macacos que começaram a receber TH/TE dois anos após a oo- forectomia (corresponde aproxidamente a 6 anos após a menopausa nos humanos) e com ateroscle- rose estabelecida, os EEC não tiveram nenhum efeito na extensão da placa na coronária. No en- tanto, os que receberam os hormônios exógenos, imediatamente após a ooforectomia e nos estádi- os iniciais da ateroscleose, evidenciaram uma re- dução de 50% na extensão da placa29. Estas observações abrem a possibilidade de que possa existir um efeito cárdio e neuroprotetor se a TH/TE for instalada durante a transição me- nopausal ou imediatamente após a menopausa, constituindo a chamada “Window of Opportuni- ty” (Janela de Oportunidade), ou seja, antes que as placas ateromatosas se estabeleçam e antes que haja maiores danos neuronais (neurodegeneração irreversível). A TH/TE iniciada mais tardiamente no pós- climatério e na senescência pode apresentar efei- tos negativos. A possibilidade de os hormônios apresenta- rem efeitos metabólicos benéficos estaria na de- pendência da idade menopausal. No entanto, estes indicativos necessitam que estudos clínicos randomizados testem e comprovem as ações preventivas dos hormô- nios nas mulheres que iniciaram seu uso na pe- rimenopausa, bem como a utilização de outros progestogênios (diferentes afinidades, proprie- dades e efeitos metabólicos) e diferentes vias e doses de administração. Está em andamento um trial multicêntrico, randomizado duplo cego controlado com placebo Kronos Early Estrogen Prevention Study (KE- EPS)16 com duração prevista de cinco anos para avaliar a efetividade da baixa dose estrogênica via oral e estradiol transdérmico na prevenção da ate- rosclerose na mulher com pós-menopausa recen- te, com uma faixa etária variando de 42 a 58 anos. Seu término é previsto para 2010. No presente momento, face os resultados dos estudos HERS, ERA, WHI-HRT, MWS (Million Women Study) e a revisão da Cochrane Libra- ry9(2006), a TH/TE não deve ser prescrita com a finalidade de prevenção cardiovascular primária. A TH está contra-indicada visando prevenção car- diovascular secundária. Outro risco associado à TRH prende-se ao aumento do risco de câncer. Ver Capítulo 46: “Hor- mônios e Câncer de Mama”. Segundo revisão da Cochrane Library9, a as- sociação entre TH e câncer de ovário não está es- tabelecida. Embora o WHI (1998) tenha mostrado, no braço TH, uma tendência a aumento desse ris- co (RR: 1,59, 95% IC: 0,78-3,25), ele não chega a alcançar significância estatística. No estudo WHI as usuárias de EEC + AMP evidenciaram aumento (RR: 1,26, 95%, IC: 1,00- 1,59) no risco para câncer de mama em relação às não usuárias, mas o grupo que usou estrogê- nio isolado não apresentou aumento desse risco (RR: 0,77, 95% IC: 0,59-1,01). Ambos os gru- pos evidenciaram diminuição do câncer colo-re- tal (ver Tabela 19.2). De fato, é discutível e cautelosa a indicação da TH/TE para pessoas com história familiar de FISIOPATOLOGIA DO CLIMATÉRIO 212 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. câncer de mama e com antecedente de hiperpla- sia atípica. A TH para pacientes com câncer de mama não tratado é uma contra-indicação for- mal. Apesar dos riscos potenciais, as pacientes com câncer de mama já tratado, com sintomatologia climatérica intensa que não responde a tratamen- tos alternativos e com receptor E negativo, a TH poderia ser considerada após a paciente ser plena- mente informada dos riscos e ter dado seu consen- timento para a mesma. Do exposto concluímos que é fundamental, antes de iniciar a TRH, afastar a possibilidade de câncer de mama, câncer de endométrio, doença cardiovascular, história de tromboembolismo pes- soal ou familiar prévio (trombofilias hereditárias), bem como a presença de doença hepática ativa e tromboembolismo agudo. Como diz Rui Ferriani, no Editorial da Re- produção & Climatério, estudos futuros de farma- cogenética com a TH, associados a um maior conhecimento de marcadores fenotípicos de evo- lução de doenças, poderão permitir a individuali- zação para a TH na pós-menopausa, baseada em marcadores de resposta biológica10. MANEJO DA SÍNDROME CLIMATÉRICA E OBJETIVOS DA TRH Individualização da Paciente É de extrema importância individualizar bem as queixas apresentadas pelas pacientes, tal a gama de sintomas, nuances de intensidade e de valori- zação dos mesmos, por diferentes mulheres. Para algumas, o engordar, as alterações cutâ- neas, os sinais de envelhecimento são os mais va- lorizados, e as levam, mesmo sem outros sintomas, em busca detodos os recursos disponíveis (hor- monais, estéticos, cirúrgicos, plásticos), correndo todos os riscos aí embutidos. Outras, excessivamente naturalistas, evitam qualquer coisa que possa modificar a natural evo- lução do processo biológico. Não valorizam as modificações físicas visíveis e, estoicamente, su- portam os calorões, a sudorese, a insônia, e sim- plesmente viram a página da sexualidade... o medo do câncer, do tromboembolismo e outras possí- veis complicações assumem tal dimensão que se recusam a qualquer medida farmacológica que não seja natural. Efeito dos EEC + AMP e EEC Isolado no Risco para Câncer RR × Placebo 95% IC 1. EEC + AMP (evento após 5,2 anos) Câncer de mama invasor Todas participantes Rossouw et al., 2002 1,26 1,00-1,59* Nunca usaram TH antes do WHI Chlebowski et al., 2003 1,06 0,81-1,38 Câncer colo-retal Rossouw et al., 2002 0,63 0,43-0,92* 2. EEC isolado (evento após 6,8 anos) Câncer de mama invasor Anderson et al., 2004 Todas participantes 0,77 0,59-1,01 Grupo de 50 a 59 anos 0,72 0,43-1,21 Câncer colo-retal Anderson et al., 2004 Todas participantes 1,08 075-1,55 Grupo de 50 a 59 anos 0,59 0,25-1,41 * Nominal. TABELA 19.2TABELA 19.2 CAPÍTULO 19 213 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. Há, contudo, um grupo de mulheres que pre- tende continuar a viver bem e plenamente nesta fase de sua vida. Querem, sem correr grandes ris- cos, não ser repentinamente assoladas pelos foga- chos e sudorese que interrompem seu sono ou criam situações sociais constrangedoras; querem ter condições anatômicas e tróficas que possibili- tem a manutenção de vida sexual; desejam que o humor não seja tão oscilante; buscam orientação e recursos para não desenvolver e sofrer as limita- ções da osteoporose. Estas são as mulheres que procuram o médico e fazem, judiciosamente, a opção terapêutica mais adequada para o seu obje- tivo, frente ao conhecimento das vantagens e à magnitude dos riscos existentes. Após a publicação pela mídia dos resultados do WHI, associada às informações do HERS, WHI e MWI, espalhou-se um medo generalizado quan- to ao uso de hormônios, freando o uso e a prescri- ção dos mesmos de uma forma emotiva, atingindo pacientes e médicos. Nada é isento de riscos em medicina. Cabe ao médico pesquisar fatores que tornariam inapropria- da ou não a TH/TE e discuti-los com a paciente frente sua sintomatologia para que ela, bem infor- mada, faça sua opção. Em caso afirmativo: • Individualizar dose • Selecionar o estrogênio e o progestogênio • Escolher a via de administração mais adequada • Usar a menor dose efetiva • Reavaliar regularmente a necessidade e in- dicação da mesma. Considera-se contra-indicação ao uso da TH: • Câncer de mama prévio • Câncer de endométrio prévio • Sangramento de origem desconhecida • Doença hepática grave em atividade • Antecedentes de doença tromboembólica Objetivos da TH Aliviar sintomas vasomotores, corrigir o hi- potrofismo urogenital, prevenir a osteoporose em pacientes de risco. A TH baseia-se fundamentalmente no empre- go de hormônios estrogênicos (estrogênio eqüino conjugado, valerato de estradiol, 17β-estradiol, estriol, promestriene) que são usados isoladamen- te nas histerectomizadas e administrados através de diferentes vias (oral, transdérmica, percutânea, subcutânea, nasal, vaginal). Nas pacientes com útero, eles são associados aos progestogênios que podem ser derivados da 17-hidroxiprogesterona (acetato de medroxi- progesterona, acetato de ciproterona, acetato de nomegestrol, didrogesterona, trimegestona); deri- vados da 19-nortestosterona (acetato de noretiste- rona, levonorgestrel, gestodene, norgestimato), derivado da espironolactona (drosperinona) e pro- gesterona micronizada. Na pré-menopausa, em pacientes com irregularidades menstruais, afasta- da a possibilidade de patologia endometrial, utili- za-se progestogênio de segunda fase (derivados da 17-hidroxiprogesterona ou progesterona micro- nizada). Se estiverem associados outros sintomas evidenciando carência estrogênica, associar es- trogênio ao progestogênio. Podemos também utilizar a tibolona que de- vido a seus metabólitos ativos apresenta um efeito estrogênico, progestogênico e androgênico fracos. Efetiva quanto aos fogachos e metabolismo ós- seo, melhora o trofismo vaginal e libido. Estudos in vitro evidenciam que a tibolona, na mama, ini- be a proliferação celular e sugerem um possível potencial em reduzir a incidência de câncer de mama13. Não aumenta a densidade mamária, não altera os níveis plasmáticos do colesterol total e do LDL; quanto ao HDL, apresenta uma discreta queda no início, mas tende à normalidade, com a continuidade4,36. Quanto à Via de Administração da TH Pode ser feita através da via oral, parenteral (injetável, transdérmica, percutânea, implante, nasal), vaginal, e através do sistema intra-uterino (SIU-LNG 20). • Via oral: o estrogênio, ao passar pelo fíga- do (1a passagem hepática), destrói a lipase hepática, determinando alterações favorá- veis no perfil lipídico, mas pode aumentar os triglicerídeos (fator independente de ris- FISIOPATOLOGIA DO CLIMATÉRIO 214 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. co cardiovascular). A via oral aumenta a SHBG (diminui a biodisponibilidade) e pode aumentar a síntese dos fatores de coa- gulação VII, IX, X e do substrato de renina. A via oral é preferível para as hipercoleste- rolêmicas, mas não é a melhor opção para as hipertensas, diabéticas, fumantes, nem hipertri- gliceridêmicas. • Via parenteral: vai diretamente para a cir- culação sistêmica. Não aumenta SHBG (maior biodisponibilidade), não altera fato- res de coagulação ou do substrato de reni- na. A via transdérmica é mais segura do que a via oral quanto ao risco trombótico. Preferência para a via parenteral: problemas gastrintestinais, doenças da vesícula biliar, hipertensão arterial sistêmica, hipertriglice- ridemia, diabetes, fumantes pesadas, histó- ria de tromboembolismo. • Via intra-uterina: através de um polietileno em forma de T, este sistema libera 20 µg/ dia de LNG (SIU-LNG-20) agindo a nível endometrial e praticamente sem efeitos sistêmicos. Pode, no climatério pré-meno- páusico, corrigir hemorragias uterinas dis- funcionais e dar cobertura anticoncepcional. No climatério pós-menopausico serve como veículo para uso do progestogênio, associ- ado ao estrogênio. Esquemas Terapêuticos • Os esquemas com estrogênios isolados são indicados somente, para pacientes histerec- tomizadas e podem ser usados na modali- dade cíclica ou contínua. • O uso do progestogênio isolado restringe- se às situações em que a estrogenioterapia está contra-indicada ou nos sangramentos disfuncionais pré-menopáusicos. • Os esquemas estroprogestativos podem as- sim se combinar: a. Combinado Cíclico Seqüencial; Estrogê- nio (E) por 21 a 25 dias/mês, associando: Progestogênio (P) nos 10 a 14 últimos dias do E. b. Combinado Cíclico Simultâneo: E e P si- multâneos por 21 a 25 dias/mês c. Combinado Contínuo Seqüencial: E inin- terrupto P 10 a 14 dias/mês ou P em minipulsos por 3 dias, a cada 3 dias de E o progestogênio usado nessa moda- lidade é o Norgestimato d. Combinado Contínuo Simultâneo: E e P são usados simultânea e continuamente. • Nos esquemas cíclicos as perdas sangüíneas são programadas. • O esquema combinado contínuo visa man- ter a paciente amenorréica, contribuindo para sua adesão, principalmente na pós-me- nopausa quando os sangramentos não são bem aceitos. • O uso da tibolona é feito de forma contí- nua. Seria uma opção interessante para portadoras de miomas, endometriose ou dis- funções sexuais. • E as pacientes com contra-indicação à es- trogenioterapia, ou as que se negam a usar hormônios seja pelos paraefeitos (dor de ca- beça, nas mamas, dor abdominal, náusea, depressão, spotting) ou simplesmente pelo temor aos hormônios? Precisamos indivi- dualizar as queixas dominantes que neces- sitam suporte medicamentoso. QUESTÕES RELEVANTES � Questão: Fogachos? Depressão? Opções: Veraliprida,sulpirida, ciclofenil, clo- nidina, propranolol, vitamina E, venlafaxina, fluoxetina e paroxetina podem apresentar resultados quanto aos fogachos, mas não apre- sentam efeito sobre a osteoporose, secura va- ginal e perfil lipídico. � Questão: Osteoporose? Opções: Cálcio, bifosfonados, calcitonina, vitamina D, exercícios físicos com carga, ex- posição ao sol, dieta adequada. CAPÍTULO 19 215 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. O raloxifeno, que é um SERM (modular sele- tivo do receptor estrogênico) age como agonista no osso e como antagonista na mama e no endo- métrio. É uma boa opção para prevenir e tratar a osteoporose, quando existem antecedentes de cân- cer de mama. Restrição ao seu uso: pacientes com história de tromboembolismo, insuficiência hepá- tica, imobilização prolongada. Pode intensificar ou produzir sintomas vaso-motores. � Questão: Vagina seca, dispareunia? Opções: Cremes vaginais de promestriene, estriol ou estrogênios conjugados; gel lubrifican- te; vaselina. � Questão: E os fitoestrogênios? Ainda não existem evidências de peso a res- peito da ação das isoflavonas sobre os sintomas climatéricos. Sua principal associação, com significância estatística, verificada na meta-análise de 38 trials clínicos controlados, refere-se à redução do LDL-C e dos triglicerídeos, e sem modificação quanto ao HDL-C3. TENDÊNCIAS ATUAIS: BAIXAS DOSAGENS; PROGESTOGÊNIOS SELETIVOS; REAVALIAÇÃO EM CURTO PRAZO DA INDICAÇÃO INICIAL • A maioria dos estudos que documentaram a ação antioxidante do estrogênio, usou do- ses farmacológicas. Um estudo mostrou que o 17β-estradiol é ativo mesmo em concen- trações mais baixas (fisiológicas)32. • Baixas doses estrogênicas (0,3 mg de EEC, 0,5 e 1 mg de 17β-estradiol) são também eficazes para desacelerar a perda óssea8. • Ressalta-se a preferência pelo uso de proges- togênios de última geração mais seletivos, sem ação androgênica, e pela progesterona micronizada. • Uso de outras vias de administração (não oral). • Como os riscos associados à TH são dose e tempo dependentes, a tendência, no momen- to, é usar a menor dose necessária para ali- viar a paciente. • Reavaliação periódica, em curto prazo (6/6 meses, no máximo anualmente), e com um judicioso balanço, verificar a necessidade ou não de continuar com a mesma, ou seja, se os benefícios advindos superam os pe- quenos riscos associados à TH utilizada em longo prazo. Finalizo este capítulo enfatizando, mais uma vez, a importância do estilo de vida saudável, atra- vés de conclusões da coorte prospectiva (2003) de Calle e col.6 que estudaram uma população de 900.000 homens e mulheres livres de câncer, com seguimento de 16 anos e a coorte prospectiva de Kushi e col.23 que investigaram a relação entre ati- vidade física e mortalidade na mulher, em 40.417 pós-menopáusicas de Iowa (55 a 69 anos) com seguimento de sete anos. O risco de câncer de mama, endométrio, colo-retal, fígado e pâncreas aumentam significativamente com o aumento do índice de massa corporal6 (IMC). Mulheres com IMC > 40 têm um maior risco de morte por qual- quer tipo de câncer (RR 1,62, 95%, IC: 1,40-1,87) em comparação com as de peso normal6. A International Agency for Research on Can- cer (IARC) concluiu que há suficientes evidên- cias para a prevenção de câncer do cólon, da mama (nas pós-menopáusicas), do endométrio, do rim e do adenocarcinoma de esôfago, evitando o exces- so de peso e a obesidade. O Risco Relativo (RR) da mortalidade total diminui significativamente com o aumento da fre- qüência da atividade física. Estudo de 40.417 pós- menopáusicas, com atividade física regular em relação com as que não fazem, apresentou signifi- cativa redução do risco de morte (RR 0,77; 95%, IC: 0,66-0,90)23. O maior sinergismo na busca por uma maior e mais saudável expectativa de vida encontra-se alicerçado na combinação dos fatores: • exercícios físicos regulares • peso corporal adequado FISIOPATOLOGIA DO CLIMATÉRIO 216 © Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda. • abolição do tabagismo e do excesso de álcool • ingestão de cálcio • objetivos de vida realizáveis Associados, se necessário, ao tratamento de sintomas climatéricos, à boa relação médico-pa- ciente e à terapia hormonal apropriada, individua- lizada e judiciosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Almeida AB, Almeida SB, Rechden CL, Marques AL, Nervo CC. Influência do tabagismo na idade da menopausa das pacientes do Ambulatório de Cli- matério da ISCMPA/FFFCMPA. Reprod Climat 1997 a, 12 (supl):12-13. 2. Anderson GL, Limacher M, Assaf AR, et al. Effects of conjugated equine estrogen in postmenopau- sal women with hysterectomy: the Women’s He- alth Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004; 291(14): 1701-1712. 3. 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