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2023-1 - Planejamento Urbano Metropolitano - EAD - Material de Apoio

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PLANEJAMENTO URBANO 
METROPOLITANO 
Marília Dorador Guimarães 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 PLANEJAMENTO URBANO – HISTÓRICO .............................................. 3 
2 CIDADES ............................................................................................ 12 
3 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO URBANO E LEGISLAÇÃO URBANA
 ............................................................................................................. 21 
4 SÃO PAULO: NOVAS CENTRALIDADES E SEGREGAÇÃO URBANA ....... 30 
5 PROJETOS URBANOS EM ÁREAS CENTRAIS ........................................ 40 
6 DESENHO URBANO ............................................................................ 49 
 
 
, 
 
 
3 
 
 
1 PLANEJAMENTO URBANO – HISTÓRICO 
 
 
Apresentação 
Prezados alunos, desejo-lhes boas-vindas à disciplina de Planejamento Urbano 
Metropolitano. O objetivo desta disciplina é apresentar o contexto histórico do 
surgimento das cidades e como ocorreu o seu processo de urbanização. Iniciaremos os 
nossos estudos pelo processo histórico, ou seja, como ocorre o processo de 
urbanização das cidades, em seguida, analisaremos alguns dos seus elementos 
estruturantes históricos, como por exemplo a ferrovia e a industrialização. Em seguida, 
iremos interpretar os conceitos sobre o processo histórico da formação da cidade. 
1.1 Planejamento Urbano 
Planejamento Urbano é um conjunto de normas que regem como deve ser usado o 
espaço urbano. É o processo de idealização, criação e desenvolvimento de soluções 
que visam melhorar o planejamento das cidades, e, consequentemente, melhorar a 
qualidade de vida das pessoas. 
Imagine uma cidade sem nenhum tipo de regras estabelecidas pelo poder público, 
onde se fosse permitido construir de qualquer maneira, sem leis e diretrizes para a 
ocupação dos terrenos na cidade, sem infraestrutura adequada, sem transporte 
público, sem lazer etc.? Seria um verdadeiro caos, correto? 
Pois é, esta é a função do planejamento urbano, tentar trazer respostas aos problemas 
enfrentados nas cidades. 
 
, 
 
 
4 
 
 
Fonte: Matchou 
Via: Shutterstock 
Figura 1.1 
O exercício de planejar as cidades vem de civilizações anteriores à nossa. Um dos 
objetivos do planejamento urbano, quando foi criado, era responder aos problemas já 
existentes nas vilas, enfrentados pelo ajuntamento de muitas pessoas em um mesmo 
local. “A maioria desses assentamentos não previa ruas e era conformada por meio de 
um denso aglomerado de unidades habitacionais. (...) o acesso às residências se 
realizava pelas coberturas”. (SCOPEL et al., 2018, p. 55-56) 
O processo de urbanização ocorreu primeiramente na Europa, com a Revolução 
Industrial. Mas é um movimento natural que ocorreu no mundo todo. “A sociedade 
industrial é urbana. A cidade é o seu horizonte. Ela produz as metrópoles, 
conurbações, cidades industriais, grandes conjuntos habitacionais”. (CHOAY, 2003, p. 
1) 
O urbanismo quer resolver o problema do planejamento da cidade maquinista 
(Revolução Industrial – 1760 a 1840), que foi colocado bem antes de sua criação partir 
do século XIX. 
A urbanização das áreas urbanas ocorre quando há o crescimento populacional em 
uma determinada área territorial. A revolução industrial é seguida pelo crescimento 
demográfico das cidades, as áreas urbanas começaram a oferecer muitos empregos 
para a população com a criação das máquinas à vapor e outras tecnologias. 
, 
 
 
5 
 
Nesse contexto, muitos moradores viram uma oportunidade na cidade, fazendo com 
que aconteça a migração populacional da região, também conhecida como êxodo 
rural, que quando acelerada, dá início ao processo de urbanização. 
 
 
Fonte: Francesco Scatena 
Via: Shutterstock 
Figura 1.2 
 
De acordo com Scopel (2018) “O urbanismo e a arquitetura, apesar de se 
diferenciarem pela escala em que trabalham, devem ser sempre pensados, elaborados 
e decididos conjuntamente, para que de fato tenham seus objetivos alcançados” 
(SCOPEL et al., 2018, p. 15). A urbanização foi um processo que, de fato, influenciou 
diretamente a arquitetura, não se pode pensar a arquitetura sem compreender sua 
relação com o meio urbano, bem como, o impacto da arquitetura diante de um centro 
urbano consolidado ou de uma nova área a ser urbanizada e vice-versa. 
A arquitetura e o urbanismo andam juntos e se complementam. O urbanismo também 
influencia a arquitetura diretamente. 
É ele o responsável por estabelecer quantos pavimentos podem ser 
construídos em uma edificação, qual a porcentagem de área livre é 
construída de cada terreno, que tipos de edificações podem ser edificadas 
em cada área da cidade, entre outros fatores. (SCOPEL et al., 2018, p. 15) 
É por esse motivo que estudamos a forma de habitar das grandes e pequenas cidades, 
discutimos os modelos urbanos criados e tentamos compreender os planos 
urbanísticos das cidades. 
, 
 
 
6 
 
Antes de falarmos da urbanização brasileira, vamos entender como ocorreu o processo 
de urbanização e quais são as suas causas. 
1.2 O processo de urbanização da cidade – o surgimento dos primeiros 
assentamentos urbanos 
A cidade é uma criação humana. Segundo estudiosos, as cidades são tão antigas 
quanto a história das civilizações. 
Os primeiros assentamentos urbanos já existiam 12 mil anos antes de Cristo 
e surgiram à medida que a humanidade sentiu a necessidade de se fixar em 
áreas específicas para garantir o desenvolvimento da caça, pesca e colheita. 
(SCOPEL et al., 2018, p. 49) 
Os primeiros assentamentos urbanos surgiram a partir de um pequeno núcleo familiar, 
composto de um número suficiente de pessoas, que pudessem se ajudar na 
sobrevivência em meio a um ambiente inóspito. O grupo de pessoas precisavam se 
ajudar nas atividades de coleta de alimentos e caça, bem como, se proteger contra os 
inimigos. 
As primeiras moradias que se tem registro datam de 14.000 a.C., através da 
descoberta da arqueologia e de pesquisa de historiadores. Essas descobertas em forma 
de cúpula estão localizadas nos planaltos centrais da Rússia, atualmente Ucrânia. As 
residências eram construídas com ossadas de mamutes, toras de pinheiros (coníferas 
típicas da região) e paredes revestidas com peles de animais, devido ao frio da região. 
De acordo com alguns estudiosos, os primeiros aglomerados urbanos permanentes 
começaram quando grupos deixaram de ser nômades e passaram a se fixar em áreas 
determinadas para a domesticação de animais e agricultura. Para Scopel et al. (2018), 
foi nesse período que se iniciou a formação de aldeias, que a princípio eram abertas e 
depois passaram a ser cercadas. 
Os primeiros assentamentos foram se desenvolvendo a partir da proximidade aos 
recursos hídricos, o que era questão primordial para a agricultura, por exemplo os 
vales do rio Nilo, no Egito e o vale do rio Tigre e Eufrates, no Iraque. Outro fator 
importante era a escolha do terreno e a sua posição geográfica estratégica, essa 
deveria ter boas condições para o desenvolvimento dos primeiros assentamentos. 
, 
 
 
7 
 
De acordo com Scopel et al. (2018), as antigas civilizações que formaram os primeiros 
assentamentos urbanos não tinham ferramentas resistentes para trabalhar com 
pedras, muito menos veículos ou animais de carga que pudessem ajudar no transporte 
desse material. Entretanto, nossos ancestrais observavam muito a natureza, inclusive 
foram responsáveis por fazerem observações astronômicas muito importantes, “(...) 
organizaram uma força de trabalho suficiente para manobrar pedras que chegavam a 
pesar em torno de cinco toneladas” (SCOPEL et al., 2018, p. 56). Assim ocorreu a 
formação dos primeiros assentamentos pré-históricos, como um dos maiores 
exemplos que temos conhecimento através da arqueologia, chamado Stonehenge, 
localizado na Inglaterra, vide figura abaixo. 
 
Fonte: Mr Nai 
Via: Shutterstock 
Figura 1.3 – Stonehenge 
Essas construçõeseram formas de a população demarcar os seus territórios. 
Com o decorrer dos anos, esses assentamentos foram evoluindo até 
iniciarem a construção de estruturas megalíticas compostas de grandes 
pedras, as quais, geralmente, serviam como túmulos comunitários e 
observatórios astronômicos. (SCOPEL et al., 2018, p. 56) 
Conforme a evolução do homem e da própria arquitetura, os assentamentos passaram 
a ter mais “tecnologia” e um pensamento de planejamento urbano em relação a 
setorização e divisão das áreas, em setores público e privado; inventaram um sistema 
de drenagem, controlando a água, através de poços e aquedutos. 
, 
 
 
8 
 
“Apesar das características em comum, é somente anos depois, mais especificamente 
nas civilizações gregas, que de fato as cidades sofrem significativas uniformizações”. 
(SCOPEL et al., 2018, p. 58) 
A maioria desses assentamentos não previa ruas e era conformada por meio de um 
denso aglomerado de casas. Com o passar do tempo esses assentamentos foram 
evoluindo e se organizando de outras maneiras. 
Iremos estudar a respeito do urbanismo clássico, que foi o período de formação das 
cidades gregas antigas, as quais apresentavam uma organização simples: entre cidade 
alta e cidade baixa. As organizações das cidades gregas estão diretamente relacionadas 
à sua estrutura política. A cidade alta, onde se localizava a Acrópole, se instalaram os 
templos, como o Parthenon e o Erecteion, e poderiam ter funções: religiosa ou militar 
(para defesa contra possíveis ataques) e simbólica (posição de destaque em relação às 
demais áreas da cidade, por ser um local alto, no topo da colina). 
 
Fonte: Lambros Kazan 
Via: Shutterstock 
Figura 1.4 
A cidade baixa, por sua vez, era constituída de casas, a presença de edificações 
públicas como teatro, estádios e ginásio e a área comercial, eram essenciais para as 
relações sociais. 
, 
 
 
9 
 
Podemos classificar o modelo de crescimento das cidades em dois tipos: o crescimento 
orgânico, relacionado ao crescimento espontâneo, ausência de regras e sem 
planejamento algum das construções, e o planejado, que é oposto. 
Independentemente do tipo de crescimento urbano, alguns elementos morfológicos 
são utilizados da mesma maneira, como quarteirão, rua, lote, praça etc. São os 
elementos que utilizamos para estudar a estrutura urbana das cidades. 
1.3 O processo de urbanização no Brasil 
Para começarmos a estudar e compreender o processo de urbanização no Brasil, é 
importante analisar como as cidades surgiram e sua localização em território nacional. 
A princípio, as cidades brasileiras se localizavam no litoral, devido a produção de cana 
de açúcar. A primeira cidade foi São Vicente, no litoral de São Paulo. 
A partir do século XVII, com a descoberta do ouro, as cidades no interior do Brasil 
começam a crescer. 
A partir do século XX, com a produção de café no Estado de São Paulo, no Vale do 
Paraíba, no Oeste Paulista e no Paraná, surge um crescimento urbano e econômico 
para essas regiões, especialmente no eixo Rio-São Paulo. Foi nesse período que 
começaram a surgir os novos centros urbanos, com novas estruturas de mobilidade, 
como por exemplo, a linha férrea e o porto, em razão de o café ser o principal produto 
a ser exportado para fora do país. 
No Brasil, o processo de urbanização ocorre a partir do século XX. O primeiro Plano 
diretor ocorre na então capital brasileira, Rio de Janeiro, chamado Plano Agache, 
aprovado em 1932. O Plano Agache tinha um forte viés da arquitetura das belas artes. 
Outro importante exemplo de urbanismo ocorre em 1933, na época Vargas, a 
construção da nova capital do estado de Goiás. 
 
, 
 
 
10 
 
Enquanto isso, em São Paulo, em 1932, ocorria o plano de avenidas de Prestes Maia e 
Ulhôa Cintra. De acordo com Delrio e Siembieda (2013), “As propostas viárias 
progressistas do Plano de Avenidas influenciaram o planejamento da cidade e diversas 
obras públicas durante muitos anos”. (DELRIO; SIEMBIEDA, 2013, p. 5) 
Entretanto, o plano urbanístico mais conhecido é o de Brasília (vide foto das 
superquadras de Brasília, abaixo), sua inauguração ocorre nos anos 1960, durante o 
governo Juscelino Kubitscheck. Brasília representou o auge das políticas de 
desenvolvimento e de otimismo cultural do presidente JK. Em cinco anos, a capital foi 
erguida a partir do zero, em meio ao planalto central do Brasil. “O direcionamento de 
Vargas e posteriormente Kubitschek para a industrialização foi determinante na 
explosão populacional das principais cidades brasileiras nas décadas de 1940 e 1950”. 
(DELRIO; SIEMBIEDA, 2013, p. 9) 
 
Fonte: Sorayarubiag 
Via: Shutterstock 
Figura 1.5 – Vista aérea de Brasília – DF 
As superquadras de Brasília, no Distrito Federal, é uma forma de organização 
urbanística idealizada pelo arquiteto Lucio Costa. O projeto foi o vencedor de um 
concurso para a implementação da nova capital brasileira. A forma urbana das 
superquadras, ou seja, o desenho urbano, foram organizadas e divididas em duas asas, 
asa sul e asa norte. 
, 
 
 
11 
 
O projeto da nova capital foi símbolo de profundas transformações no Brasil, 
representando a realização dos sonhos de modernização, industrialização e 
distanciamento do passado agrário do país. Conforme Delrio e Siembieda (2013), 
Brasília representou a consolidação da arquitetura moderna e a maior tentativa de 
alcançar uma urbanização mais equilibrada do território nacional. 
Conclusão 
Vimos nesse bloco que a cidade é um organismo vivo que apresentam funções, formas 
e características que se diferenciam e estão de acordo com a estrutura organizacional 
de sua população, sua cultura e sociedade. Observamos também, que as cidades 
planejadas são vistas como um sistema integrado, regrado por um Plano diretor. A 
ausência de uma gestão, de um ordenamento e de um planejamento traz às cidades 
sérios problemas. 
REFERÊNCIAS 
CHOAY, F. O Urbanismo. Utopias e realidades. Uma antologia. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 2003. 
SCOPEL, V.G.; ALLEGRETTI, C.A.L.; WAGNER, J.; GIORA, T.; MANO, C.M.; HUYER, A. 
Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo I. Porto Alegre: SAGAH: Grupo A, 2018. 
DELRIO, V.; SIEMBIEDA, W.J. Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil. Rio de 
Janeiro: Grupo GEN, 2013. 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 
MARICATO, E. Metrópoles desgovernadas. Estudos Avançados [online], v. 25, n. 71, p. 
7-22, 2011. Disponível em: <https://bit.ly/3pngWEa>. Acesso em: 23 set. 2021. 
 
 
 
, 
 
 
12 
 
 
2 CIDADES 
 
Apresentação 
Prezados(as) alunos(as), sejam bem-vindos (as) à mais um bloco da disciplina de 
Planejamento Urbano e Metropolitano. O tema central deste bloco é a cidade. Ele tem 
como objetivo discutir a respeito dos elementos estruturantes que compõem as 
grandes cidades, como São Paulo, e falar mais especificamente de suas áreas centrais. 
As cidades são compostas por diversos elementos que a estruturam, possuem toda 
uma dinâmica urbana que deve dar suporte à uma população que a ocupa. A 
diversidade é o que traz a riqueza de mistura e vivências no cenário urbano. De acordo 
com Leite (2020), “o modelo do século XX, de uma cidade dispersa e monofuncional, 
em que se depende do carro para tudo, faliu de vez, acabou”. O modelo de cidade que 
se almeja é uma cidade diversa, pois não faz sentido separarmos a moradia do 
trabalho e dos demais usos urbanos, educação, saúde, etc. O ideal é que possamos 
realizar as nossas atividades perto de onde moramos. E para atividades que fogem do 
usual, que tenhamos um sistema de transporte público eficiente. Leite (2020) ainda 
complementa: “A cidade tem de ser feita de centralidades multifuncionais, 
propiciando-se o encontro entre as pessoas e, também, as atividades típicas do dia a 
dia. Temos de resgatar a qualidade da vida cotidiana”. 
Veja agora outros assuntos que envolvem a temática da cidade. 
2.1 Centro Urbano: elementos estruturantes da cidade 
Ascaracterísticas dos espaços públicos são essenciais para o bom desempenho do 
ambiente urbano e consequentemente reflete na qualidade de vida das pessoas. Mas, 
o que compõem o espaço público? As ruas, as praças, os parques são elementos que 
compõem esse espaço. Mas só o fato de existirem, faz com que a qualidade de vida 
para os habitantes daquele lugar esteja garantida? Certamente, não. 
, 
 
 
13 
 
A maneira como são desenhados e cuidados (manutenção), essas “salas de estar” ao ar 
livre, conforme cita Jaime Lerner, em Cidades para pessoas de Jan Gehl (2015), é 
determinante para a vivacidade do cenário das cidades. Os melhores passeios públicos 
do mundo não são suficientes para dar vida a um bairro que tenha seu uso 
exclusivamente residencial. Da mesma maneira que também não impedem a 
desertificação noturna das áreas centrais das cidades, que mantêm suas áreas centrais 
dedicadas exclusivamente para uso comercial e de serviços. Em São Paulo, temos esses 
dois exemplos, a área residencial exclusiva, como os bairros dos jardins; e as áreas 
dedicadas exclusivamente à ocupação de escritório, localizada na região central. 
 
Fonte: Spectral-Design 
Via: Shutterstock 
Figura 2.1 – São Paulo – SP 
 
Esses dois exemplos que ocorrem na cidade de São Paulo, são casos que não são 
interessantes do ponto de vista da relação entre diversidade, identidade e coexistência 
que são citados como os segredos para a segurança e a vida da cidade, conforme 
diversos autores. 
Alguns autores explicam o que as pessoas desejam para as suas cidades e o que elas 
não têm ofertado em relação aos deslocamentos diários, qualidade de vida e trabalho. 
Veja este trecho de Petersen (2019). 
, 
 
 
14 
 
Entretanto, nosso modo de vida social mudou bastante. É pouco provável 
que todos os futuros moradores consigam trabalhar no bairro e, mesmo que 
algum deles opte por estruturar sua empresa ali, a maioria de seus 
funcionários não residirá no local. Isso demandará mais fluxos no sistema 
viário, tanto nas vias projetadas como nas intermunicipais e estaduais, 
contribuindo com o aumento do tráfego viário da região e com o 
consequente aumento da poluição do ar e da temperatura. (PETERSEN, 
2019, p. 118) 
Outra questão pertinente é o sentimento de pertencimento de uma pessoa a 
determinado lugar, se tratando da cidade, podemos citar o bairro como exemplo. 
Um bairro com uma diversidade de usos, pela presença de diferentes tipologias, pela 
menor dependência de automóveis, pela prevalência dos espaços públicos bem 
distribuídos e bem planejados, permite que as necessidades dos habitantes daquele 
local sejam atendidas com curtas caminhadas. 
Não devemos segregar públicos, pois a segregação favorece a formação de ilhas 
sociais, com grande prejuízo à cidade, conforme afirma Petersen (2019). Devemos 
favorecer a diversidade de usos, como garantem diversos autores que iremos abordar 
nesta disciplina. 
2.2 Processo de urbanização no Brasil 
O processo de urbanização no Brasil se iniciou no final do século XIX, com a 
industrialização no país, porém, a partir de 1930 é que houve a expansão dos centros 
urbanos com o crescimento e avanço da industrialização, ocorrendo o êxodo rural. Em 
1960, o Brasil passou a ter uma população predominantemente urbana, ou seja, que 
vivia nas cidades. Atualmente cerca de 80% da população total brasileira reside nos 
centros urbanos, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte etc. 
As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro possuem a maior densidade populacional 
vivendo em suas localidades. E muitos problemas são trazidos com esse crescimento 
populacional. 
De acordo com Petersen (2019), foi “a partir do século XX que a urbanização acelerada, 
a distribuição desigual da renda e o crescimento populacional passaram a intensificar o 
déficit habitacional brasileiro”. (PETERSEN, 2019, p. 61) 
, 
 
 
15 
 
A partir desse cenário de desigualdade social, o número de habitações precárias e a 
elevação dos preços da moradia no mercado formal aumentaram consideravelmente. 
“Com a ampliação da crise econômica, o fenômeno das invasões vem se fortalecendo 
ao longo dos anos”. (PETERSEN, 2019, p. 61) 
São Paulo e Rio de Janeiro foram as cidades que mais sofreram com o processo de 
crescimento populacional ao longo dos anos. Segundo Sousa (2001 apud PETERSEN, 
2019), em São Paulo a industrialização cresceu consideravelmente a partir do início do 
século XX, devido aos investimentos dos recursos excedentes da economia do café. 
Promoveu-se uma urbanização acelerada para a capital, diretamente 
vinculada ao encortiçamento de habitações (hotel-cortiço, casas de 
cômodos, cortiço improvisado e cortiço-pátio). Legislações foram aprovadas 
para combater esse tipo de padrão popular de moradia, e vilas operárias 
passaram a ser construídas junto às indústrias, nas primeiras décadas do 
século XX. (PETERSEN, 2019, p. 62-63) 
De acordo com Petersen (2019), o Brasil se urbanizava de maneira diferente em cada 
cidade. Segundo Maricato (2001, p. 17 apud PETERSEN, 2019, p. 63): 
As reformas urbanas, realizadas em diversas cidades brasileiras entre o final 
do século XIX e início do século XX, lançaram as bases de um urbanismo 
moderno, “à moda” da periferia. Realizavam-se obras de saneamento básico 
para eliminação das epidemias, ao mesmo tempo em que se promovia o 
embelezamento paisagístico e eram implantadas bases legais para um 
mercado imobiliário de corte capitalista. A população excluída desse 
processo era expulsa para os morros e franjas da cidade”. (PETERSEN, 2019, 
p. 63) 
A partir dos anos 1960 até os anos 1980, o crescimento populacional das maiores 
cidades do Brasil explodiu, o que fez com que os governos começassem a buscar 
soluções alternativas no sentido de desenvolver programas de urbanização de 
assentamentos precários em parceria com órgãos internacionais. 
Muitas iniciativas foram feitas no campo da legislação, outras foram importantes para 
o amadurecimento das políticas públicas, são elas: 
• 2001: aprovação do Estatuto das Cidades; 
• 2003: criação do Ministério das Cidades; 
, 
 
 
16 
 
• 2005: aprovação do Sistema e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse 
Social; 
• 2008: efetivação do Plano Nacional de Habitação. (PETERSEN, 2019, p. 64-65) 
 
2.2.1 Problemas Urbanos no Brasil 
O crescimento acelerado e desordenado no processo de urbanização, ocorrido no 
Brasil, trouxe uma série de consequências, e em sua maioria, negativas. Sabemos que a 
falta de planejamento urbano e de uma política econômica menos concentradora 
contribui para a ocorrência de diversos problemas sérios como as ocupações 
irregulares nas principais capitais brasileiras. A falta de uma política habitacional 
acabou colaborando para o aumento acelerado das favelas no Brasil. 
 
Fonte: Renan Martelli da Rosa 
Via: Shutterstock 
Figura 2.2 – Favela de Paraisópolis em São Paulo, 2015 
 
 
 
, 
 
 
17 
 
Outro item é a violência urbana, não há oportunidade de emprego suficiente para o 
grande fluxo populacional que se desloca para as grandes capitais, como São Paulo e 
Rio de Janeiro. O número de desempregados é grande, a desigualdade também, 
gerando um aumento dos roubos, furtos e demais tipos de violência relacionadas às 
áreas urbanas das cidades. 
Outro problema preocupante que as grandes cidades enfrentam no quesito ambiental 
é a Poluição. Devido ao grande número de indústrias, automóveis e de habitantes, o 
aumento das emissões de gases poluentes, assim como a contaminação dos lençóis 
freáticos e rios dos principais centros urbanos é enorme. 
Outro ponto que chamamos atenção é a questão das enchentes, um problema tão 
comum nas grandes cidades. A causa é a impermeabilização do solo pelo asfaltamento 
e edificações, associado ao desmatamento e ao lixo industrial e residencial. 
2.3 Condicionantes urbanos, sociais e ambientais que caracterizam as 
transformações sofridas pelos centroshistóricos ao longo do tempo 
Segundo Wall e Waterman (2012), “Uma cidade é um evento drástico no meio 
ambiente”. 
Todo tipo de construção impacta de alguma forma no meio ambiente, na paisagem. 
Especialmente se tratando de uma cidade. As cidades são organismos, absorvem 
recursos e emitem resíduos. Quanto maiores e mais complexas, maior também será o 
seu impacto, maior será sua dependência das áreas circundantes, seu entorno. 
A sobrevivência da sociedade sempre dependeu da manutenção do equilíbrio entre as 
variáveis da população, recursos naturais e meio ambiente. As consequências são 
enormes para o nosso descaso com o meio ambiente e a destruição dos recursos 
naturais. Nas grandes cidades é muito comum sofrermos com o trânsito caótico, que 
gera muita poluição do ar que respiramos, com rios poluídos, enchentes, 
racionamento de água, lixo e muitos outros problemas do nosso cotidiano na vida 
citadina. 
http://educacao.globo.com/biologia/assunto/ecologia/poluicao-do-ar.html
, 
 
 
18 
 
É uma controvérsia que as cidades, o maior habitat da humanidade, caracterizem-se 
como o maior agente destruidor do ecossistema, e a maior ameaça para a 
sobrevivência da humanidade no planeta. A arquitetura e o urbanismo têm o papel de 
proporcionar ferramentas cruciais para garantir o futuro das cidades, através do 
planejamento urbano, criando cidades com ambientes sustentáveis, que utilizam de 
novas tecnologias, as cidades inteligentes. 
A cidade é um cenário de trocas econômicas, produção cultural, deslocamentos, ela é 
o lar de grande parte da humanidade. 
No mundo inteiro, especialistas de diversas áreas discutem questões relacionadas à 
contribuição para o desenvolvimento de cidades sustentáveis, trabalhando com uma 
conscientização ecológica da população, da tecnologia e das comunicações. 
Tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos, caso do Brasil, as cidades 
estão sendo testadas, de sua capacidade até o seu limite. Seja do ponto de vista da 
explosão demográfica, seu crescimento urbano não consegue acompanhar a demanda 
que a cidade possui por diversas questões. E assim ocorre os problemas sociais, os 
quais sabemos e tanto discutimos na área da arquitetura e urbanismo: falta de 
habitação para as pessoas de baixa renda, um sistema educacional precário, sistema 
transporte público ineficiente etc. 
São Paulo possui todas essas características descritas, infelizmente. A região mais 
populosa de São Paulo é a zona leste, que traz para o centro de São Paulo, por dia, o 
equivalente a uma população do Uruguai, ou seja, cerca de 3,5 milhões de habitantes 
são transportados para o destino central da cidade, Sé e República, pois são locais que 
possuem grande oferta de emprego. Por sua vez, um local que possui pouca ocorrência 
de construções residenciais. E essa conta não fecha! 
O centro de São Paulo possui uma intensa atividade comercial, com infraestrutura, 
educação, saúde, e poderia ser mais bem ocupado. Uma forma disso acontecer, seria o 
uso misto da localidade. 
, 
 
 
19 
 
Transporte público eficiente ou mobilidades de transporte alternativas, por exemplo, a 
utilização de bicicletas como meio de transporte. Ocorre em diversas cidades do 
Mundo, sendo um meio de transporte sustentável e eficiente, é necessário a criação 
de ciclovias apropriadas e seguras para o deslocamento da população. 
 
Fonte: OlegRi 
Via: Shutterstock 
Figura 2.3 – Exemplo do uso de bicicleta como meio de mobilidade urbana 
alternativa ao uso do automóvel 
 
Conclusão 
A cidade é um organismo vivo que apresenta funções, formas e características que se 
diferenciam e estão de acordo com a estrutura organizacional de sua população, sua 
cultura e sociedade. A ideia nesse bloco foi discutirmos um pouco a respeito dessas 
questões. 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
20 
 
REFERÊNCIAS 
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo: Editora Perspectiva, 2015. 
LEITE, Carlos. Está falido o modelo das cidades dos automóveis. Entrevistador: Valerio 
Fabris. Abrasel, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/3b1hfM8>. Acesso em: 4 out. 
2021. 
PETERSEN, Rodrigo C. et al. Planejamento urbano e regional: elementos urbanos. São 
Paulo: Grupo A Educação S.A, 2019. 
WALL, Ed; WATERMAN, Tim. Desenho Urbano. Porto Alegre: Grupo A, 2012. 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 
DELRIO, Vicente; SIEMBIEDA, Willian J. Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil. 
Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2013. 
FRACALOSSI, Igor. Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes (Parte 2) / Carlos Leite. 
ArchDaily Brasil, 2012. Disponível em: <https://bit.ly/3DUTKRs>. Acesso em: 4 out. 
2021. 
SABOYA, Renato. Kevin Lynch e a imagem da cidade. Urbanidades, 2008. Disponível 
em: <https://bit.ly/3G5EgvM>. Acesso em: 19 set. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
21 
 
 
3 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO URBANO E LEGISLAÇÃO URBANA 
 
 
Apresentação 
Prezados(as) alunos(as), sejam bem-vindos(as) a mais um bloco da disciplina de 
Planejamento Urbano e Metropolitano. O tema central deste bloco é discutir a 
respeito de quais medidas são tomadas por parte dos órgãos públicos no que diz 
respeito aos principais instrumentos de planejamento urbano. 
Discutir quais são os instrumentos urbanísticos que ajudam a moldar a cidade que 
queremos. Entender o que é o estatuto da cidade, o plano diretor e comentar a 
respeito do Plano Diretor estratégico de São Paulo. 
Começaremos falando da expansão desordenada, o que ocorre com bastante 
frequência nas grandes cidades brasileiras, e está ligada diretamente às ações do 
governo para combater o avanço das desigualdades sociais. Um dos instrumentos 
básicos de política urbana é o plano diretor das cidades, tema que iremos aprofundar a 
discussão neste bloco, assim como o plano diretor estratégico da cidade São Paulo – 
PDE. Ambos possibilitam a articulação com outros instrumentos de planejamento. 
Atualmente o mundo é urbano. No Brasil, 81% da população vive nas áreas urbanas. O 
território nacional abriga 170 milhões de habitantes. No ano 2000, chegamos ao 
número de 137.755.550 brasileiros vivendo em áreas urbanas, ou seja, 81% da 
população brasileira. 
, 
 
 
22 
 
 
Fonte: SAULE JÚNIOR; ROLNIK, 2001. 
Figura 3.1 – Tabela de Crescimento da população urbana no Brasil 
 
Sofremos com várias consequências devido a esse processo acelerado de urbanização 
das cidades brasileiras. E o pior, não temos uma política pública eficiente para 
enfrentar problemas como: desigualdade social, marginalização, violência e exclusão 
social. 
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) foi um grande passo, articulada 
juntamente com os movimentos de reforma urbana e reinvindicações populares, foi a 
primeira vez em que o tema Cidade foi tratado. 
3.1 Instrumentos Urbanísticos: plano e planejamento urbano 
Cada município brasileiro conta com diversos instrumentos para se planejar. Por 
exemplo: o plano diretor municipal, que irá definir o destino das diversas áreas do 
território urbano, considerando as suas especificidades. 
Por que tantas cidades elaboram o Plano Diretor? Para que serve? 
O Plano e o planejamento estratégico existem para garantir e direcionar as ações 
governamentais ao desenvolvimento sustentável das cidades. 
, 
 
 
23 
 
Quando o Estatuto da Cidade1 foi criado, definiu que o Plano Diretor é a lei que aplica 
as regras do Estatuto em cada município, considerando as características de cada um. 
De acordo com NAZARETH (2018): “com o estatuto, a política de desenvolvimento 
urbano ganhou um marco regulatório efetivo, definido por um conjunto de normas e 
instrumentos de intervenção, voltados para regular o uso da propriedade urbana em 
prol do bem coletivo”. Nazareth complementa: 
[...] de acordo com o artigo 182, da Constituição Federal, a política urbana é 
responsabilidade do município e deve garantir as funções sociais da cidade e 
o desenvolvimento dos cidadãos, estabelece que o planodiretor municipal 
(PD) é o instrumento básico do ordenamento territorial urbano e deve 
definir o uso e as características de ocupação de cada porção do território 
municipal, fazendo com que todos os imóveis cumpram sua função social. 
(NAZARETH, 2018, p. 218) 
 
Com a aprovação do Estatuto da cidade, o país passou a contar com diversos 
instrumentos urbanísticos capazes de conter a especulação imobiliária e promover a 
democratização do acesso à cidade. Nazareth (2018) cita os seguintes exemplos: a 
outorga onerosa do direito de construir, as zonas especiais de interesse social, o 
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo no tempo etc. 
O ideal seria a participação ativa da população com relação ao debate sobre a cidade e 
a representação das diversas camadas da sociedade civil, como as associações de 
moradores e de trabalhadores, os movimentos sociais etc. Essa participação seria 
através de audiências públicas e por meio de mecanismos de fortalecimento da 
transparência e da democracia, exemplificando: os conselhos municipais de política 
urbana e ambiental, entre outros. 
Plano Diretor, é participação de todos! 
 
1 O Estatuto da Cidade é uma lei federal (Lei Federal nº 10.257/2001) que diz como deve ser feita a 
política urbana em todo o país. Seu objetivo é garantir o Direito à cidade para todos e, para isso, traz 
algumas regras para se organizar o território do município. É ele que detalha e desenvolve os artigos 182 
e 183 do capítulo de política urbana da Constituição Federal. (NAZARETH, 2018) 
, 
 
 
24 
 
 
Fonte: GoodStudio 
Via: Shutterstock 
Figura 3.2 
Para que o Plano diretor seja elaborado de forma participativa, ele deveria considerar 
os planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento 
econômico e social. O que possibilitaria a integração com as políticas estaduais e 
federais desenvolvidas no município, com os mesmos objetivos, bem como, com os 
instrumentos de planejamento orçamentário e os planos de sustentabilidade. Todavia, 
na prática, ocorre muito diferente das intenções aqui comentadas. 
O que é o Estatuto da Cidade? 
O estatuto é um documento de ordem pública e interesse social, que estabelece 
normas reguladoras do uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da 
segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como, do equilíbrio ambiental. 
Portanto, o Estatuto é uma lei federal, a Lei n. 10.257/2001, que diz como deve ser 
feita a política urbana em todo o país. Seu principal objetivo é garantir o direito à 
cidade para todos, por isso, traz algumas regras para se organizar o território do 
município. É o Estatuto que detalha os artigos 182 e 183 do capítulo de política urbana 
da Constituição Federal (BRASIL, 1988). 
De acordo com Oliveira (2001), a inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo 
da Política Urbana, foi uma vitória da ativa participação de entidades civis e de 
movimentos sociais em defesa do direito à cidade, à habitação, ao acesso à melhores 
serviços públicos e, por decorrência, a oportunidades de vida urbana digna para todos. 
(OLIVEIRA, 2001, p. 3) 
, 
 
 
25 
 
O Estatuto da Cidade determina o que é o conteúdo mínimo de um Plano Diretor; e o 
Conselho Nacional das Cidades2 faz recomendações mais detalhadas sobre o conteúdo 
mínimo. O Estatuto da Cidade diz que o plano deve ter objetivos e estratégias e 
estabelecer instrumentos para o cumprimento desses. 
O Estatuto da Cidade instrumentaliza o município para garantir o pleno 
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. O Estatuto da 
Cidade reúne importantes instrumentos urbanísticos, tributários e jurídicos que 
podem garantir efetividade ao Plano Diretor, responsável pelo estabelecimento da 
política urbana na esfera municipal e pelo pleno desenvolvimento das funções sociais 
da cidade e da propriedade urbana, como preconiza o artigo 182, conforme Oliveira 
(2001). 
Apesar de ser uma lei recente, o Estatuto da cidade veio para modificar e trazer novos 
instrumentos no cenário urbano. 
Certamente, a lei sozinha não fara muita coisa, porém, é com a nova legislação que o 
município tem a oportunidade de cumprir os seus deveres e incluir os indivíduos da 
sociedade na participação e implementação da política urbana. 
Sendo assim, o objetivo do Estatuto da Cidade é estabelecer a gestão democrática, 
garantindo a participação da população urbana em todas as decisões de interesse 
público. 
3.2 Plano Diretor 
A Constituição Federal brasileira (BRASIL, 1988) determina que o instrumento básico 
da política de desenvolvimento, expansão e de planejamento urbano é o Plano Diretor. 
 
 
2 O conselho Nacional das Cidades ou ConCIdades é um Conselho Federal eleito nas Conferências das 
Cidades, criado no ano de 2004, composto por representantes de diferentes entidades de movimentos 
populares, trabalhadores, prefeituras, governos estadual e federal, ONG’s, empresários, entidades 
acadêmicas e profissionais da área. Tem o objetivo de implementar e de formular a política nacional de 
desenvolvimento urbano, bem como, acompanhar e avaliar a sua execução. (MINISTÉRIO DO 
DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 2020) 
, 
 
 
26 
 
De acordo com o site da Prefeitura de São Paulo, o Plano Diretor é uma lei municipal 
que deve ser elaborada com a participação de toda a sociedade. Ele organiza o 
crescimento e o funcionamento do município, planejando a cidade que almejamos. 
(PLANO DIRETOR SP, 2021) 
É o Plano Diretor que diz como o Estatuto da Cidade será aplicado em cada município 
brasileiro, que possui acima de 20 mil habitantes e faça parte de uma região 
metropolitana, sendo ela uma área urbana e também rural. 
De acordo com o Estatuto da Cidade, que é considerado o principal marco legal do 
desenvolvimento das cidades, o Plano Diretor deve ser aprovado por lei municipal e se 
constitui em instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. 
Como parte de todo o processo de planejamento municipal, o Plano Diretor deverá 
estar integrado ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias e ao orçamento anual 
dos municípios. 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3G6YANh 
Figura 3.3 – Linha do tempo do Plano Diretor de São Paulo 
, 
 
 
27 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3G6YANh 
Figura 3.4 – Novo Plano Diretor de São Paulo 
 
3.3 Plano Diretor estratégico de São Paulo – PDE 
De acordo com o site da Prefeitura Municipal de São Paulo (GESTÃO URBANA SP, 
2020): 
O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo é elaborado com 
a participação da sociedade, o PDE direciona as ações dos produtores do 
espaço urbano, públicos ou privados, para que o desenvolvimento da cidade 
seja feito de forma planejada e atenda às necessidades coletivas de toda a 
população, visando garantir uma cidade mais moderna, equilibrada, 
inclusiva, ambientalmente responsável, produtiva e, sobretudo, com 
qualidade de vida. (GESTÃO URBANA SP, 2020) 
 
Fonte: ESB Professional 
Via: Shutterstock 
Figura 3.5 – Parque Ibirapuera em São Paulo – SP 
, 
 
 
28 
 
O Plano Diretor é uma lei municipal que tem como objetivo, orientar o crescimento e o 
desenvolvimento de todo o município, ele define os instrumentos de planejamento 
urbano para reorganizar os espaços da cidade, garantindo a melhoria da qualidade de 
vida da população. 
O Plano Diretor do município de São Paulo está em vigor desde 2014, tem como 
principal diretriz aproximar o emprego e a moradia. Atualmente o PDE está passando 
por revisão, incluindo audiências públicas, para a participação de toda a população. Ele 
terá validade até 2029. 
 
Fonte: 1 plus 1 trip 
Via: Shutterstock 
Figura 3.6 – Vista aérea de São Paulo 
A cada dez anos, os Planos diretores dos municípios devem ser revisados. 
 
Fonte: Celso Diniz 
Via: Shutterstock 
Figura 3.7 – Ponte Octávio Frias de Oliveira 
, 
 
 
29 
 
Conclusão 
Ao longo deste bloco, tivemos a oportunidade de discutir a respeitode alguns dos 
instrumentos mais importantes que regem as leis sobre o crescimento da cidade. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Art. 182 e 183. 
Disponível em: <https://bit.ly/3mSKdDw>. Acesso em: 13 out. 2021. 
GESTÃO URBANA SP. Plano Diretor Estratégico. Gestão Urbana SP, 2020. Disponível 
em: <https://bit.ly/3B5gKLD>. Acesso em: 13 out. 2021. 
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL. Conselho das cidades (ConCidades). 
Gov.br, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/3naIWYF>. Acesso em: 4 out. 2021. 
NAZARETH, Paula Alexandra. Planos diretores e instrumentos de gestão urbana e 
ambiental no Estado do Rio de Janeiro. Revista do Serviço Público, Brasília, jan./mar. 
2018. Disponível em: <https://bit.ly/3vtRaz3>. Acesso em: 28 set. 2021. 
OLIVEIRA, Isabel Cristina Eiras de. Estatuto da cidade para compreender... Rio de 
Janeiro: IBAM/DUMA, 2001. Disponível em: <https://bit.ly/3n6JSNO>. Acesso em: 4 
out. 2021. 
SAULE JÚNIOR, Nelson; ROLNIK, Raquel. Estatuto da cidade: guia para implementação 
pelos municípios e cidadãos. São Paulo: Instituto Pólis, 2020. Disponível em: 
<https://bit.ly/3ndrQJJ>. Acesso em: 13 out. 2021. 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 
DELRIO. Vicente; SIEMBIEDA, Willian J. Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil. 
Grupo GEN, 2013. 
 
 
 
, 
 
 
30 
 
 
4 SÃO PAULO: NOVAS CENTRALIDADES E SEGREGAÇÃO URBANA 
 
 
Apresentação 
Prezados (as) alunos (as), sejam bem-vindos (as) à mais um bloco da disciplina de 
Planejamento Urbano e Metropolitano. A proposta deste bloco é discutir a respeito da 
qualidade do espaço público em São Paulo. Na primeira parte do bloco trataremos do 
crescimento urbano da cidade de São Paulo, seu espraiamento e crescimento sem 
controle, o que gera um impacto ambiental e social muito grande. 
Na segunda e terceira parte do Bloco, teremos a oportunidade de apresentar um 
instrumento urbanístico previsto no Plano Diretor do Município de São Paulo, 
aprovado em 2014, que permite que instituições privadas manifestem interesse em 
realizar intervenções em áreas degradadas, abandonadas ou sem uso. 
Traremos como estudo de caso o PIU Vila Leopoldina - Villa Lobos, em São Paulo. 
4.1 Espaço Urbano: o crescimento da mancha urbana de São Paulo 
Uns dos grandes problemas do Brasil e do mundo é a desigualdade social, o que faz 
com que a dificuldade de acesso à cidade e à moradia social sejam temas muito 
discutidos quando tratamos de cidades e metrópoles. 
O centro metropolitano de São Paulo se expandiu ao longo do século XX e cresce 
continuamente, partindo desse crescimento, as franjas periféricas junto aos 
mananciais de abastecimento e às áreas de preservação permanente criam tensão, 
especialmente na periferia como um embate com a natureza. 
Essas franjas periféricas, distantes do centro de São Paulo e precárias na questão de 
infraestrutura urbana, são desvalorizadas no mercado imobiliário, onde os conflitos se 
manifestam entre a preservação do meio ambiente e a demanda por moradia da 
população mais carente. 
, 
 
 
31 
 
Sem alternativa habitacional oferecida pelo Estado, as pessoas se assentam de modo 
precário, constroem ocupações irregulares, muitas vezes junto aos mananciais, o que 
traz consequências drásticas e prejuízo ambiental. 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3nc1SGG 
Figura 4.1 – Ocupação irregular em área de preservação ambiental, várzea do rio 
Tiete, São Paulo 
 
Fonte: https://bit.ly/3B5cf3H 
Figura 4.2 – Ocupação irregular em área de preservação, Serra da Cantareira, São 
Paulo 
https://bit.ly/3B5cf3H
, 
 
 
32 
 
Todavia, o centro de São Paulo, dotado de infraestrutura urbana, como rede de 
esgoto, água, equipamentos públicos como escolas, postos de saúde, hospitais, 
bibliotecas etc., ainda valorizado e com grande oferta de emprego, tem seu território 
praticamente todo edificado, porém, obsoleto para certos usos. Muitos prédios 
antigos, sem manutenção e em situação instável, poderiam ser usados para habitação. 
De acordo com Martins (2011), é nesse contexto que se dá o confronto entre a 
propriedade fechada e sem uso aguardando valorização, a possibilidade de moradia de 
baixo custo, e os projetos de renovação que expulsam a população local de renda mais 
baixa do centro de São Paulo. 
A promoção do repovoamento de áreas centrais que já dispõem de 
condições privilegiadas de infraestrutura e localização e que passaram por 
processo de perda de população nas últimas décadas, tem sido discutida de 
forma recorrente como uma importante alternativa à expansão periférica. 
No caso da cidade de São Paulo, diferentes tipos de iniciativas e incentivos 
foram propostos e parcialmente postos em prática desde a década de 1990, 
sem, no entanto, conseguirem promover nem repovoamento, nem 
reabilitação urbana da região. (MARTINS, 2011) 
Um dos problemas é a falta de habitação de interesse social (HIS), por isso as 
ocupações precárias ocorrem com frequência em São Paulo e demais locais. Mas, sem 
dúvida, a questão central da falta de HIS é um problema político, fundiário e 
econômico. 
Um exemplo, para se comprar um prédio no centro é muito difícil, pois os preços são 
jogados lá no alto, exorbitantes, mas são os preços estabelecidos pelos peritos judiciais 
para qualquer desapropriação. 
De acordo com Whitaker (2015), o mercado infla os preços fundiários no centro, com a 
desculpa de que lá há infraestrutura (que não foi ele, mas o Estado quem fez), e cobra 
preços exorbitantes por edifícios abandonados e há anos sem uso. A lei da oferta e da 
demanda parece não valer para a terra nas regiões centrais, complementa. 
O Estatuto da Cidade, tema que estudamos no Bloco 3, criou instrumentos como o 
IPTU Progressivo (tecnicamente chamado de “Parcelamento, edificação e utilização 
compulsórios - PEUC”), para combater o chamado “mau uso” da função social da 
propriedade urbana. 
, 
 
 
33 
 
Uma das possíveis soluções entre centro e periferia seria um desenho e uma forma 
urbana capazes de promover ganhos socioambientais, propondo soluções urbanísticas 
ambientalmente sustentáveis. 
Nas áreas centrais, devemos buscar por projetos urbanos que promovam o 
adensamento com qualidade ambiental de edificações e de espaços públicos. Por 
exemplo, os projetos de intervenção urbana – PIU, que são estudos técnicos a 
promover o ordenamento e a reestruturação urbana em áreas subutilizadas e com 
potencial de transformação, na cidade de São Paulo. 
O PIU é elaborado pelo poder público e originado a partir de premissas do Plano 
Diretor Estratégico – PDE. O PIU tem por finalidade sistematizar e criar mecanismos 
urbanísticos que melhor aproveitem a terra e a infraestrutura urbana, aumentando as 
densidades demográficas e construtivas, além de permitir o desenvolvimento de novas 
atividades econômicas, criação de empregos, produção de habitação de interesse 
social e equipamentos públicos para a população, conforme o site gestão urbana da 
prefeitura municipal de São Paulo. 
O propósito é contribuir positivamente para planos de intervenção governamentais, 
que promovam a qualificação urbana em áreas precárias, por meio da implantação de 
Habitação de Interesse Social, com uso misto de funções. 
Os projetos de intervenções urbanas que promovem uma requalificação do local, são 
uma tendência mundial, que ocorreu e ocorre em diversos países, como: Londres, 
Berlim, Barcelona, França (Paris Rive Gauche), Brasil (Rio de Janeiro), Argentina 
(Buenos Aires, Puerto Madero), entre outros lugares. 
 4.2 Projeto de Intervenção Urbana PIU – São Paulo 
Segundo Jacobs (2014, p. 5): “As cidades são um imenso laboratório de tentativa e 
erro, fracasso e sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse 
laboratório que o planejamento urbano deveria aprender, elaborar e testar suas 
teorias”. 
 
, 
 
 
34 
 
Os Projetos de Intervenção Urbana são instrumentos de controle do poder público 
sobre a transformaçãodo espaço urbano. 
As áreas destinadas ao PIU são áreas que compõem a rede de estruturação e 
transformação urbana de acordo com o Plano Diretor de São Paulo. Por exemplo, 
quarteirões com áreas vazias ou subutilizadas, como estacionamentos de veículos e 
áreas deterioradas especialmente no centro de São Paulo. É elaborado o projeto de 
intervenção urbana, por meio da São Paulo Urbanismo (a antiga Emurb), que definirá o 
perímetro exato de intervenção e também estabelecerá as características da 
intervenção. Para realizar tal processo, é obrigatório que haja um estudo e 
levantamento da área e que a proposta se adeque ao zoneamento existente. 
Em locais de grande deterioração, especialmente na região central de São Paulo, onde 
existem quarteirões inteiros abandonados, a prefeitura poderá realizar um PIU 
prevendo a recuperação da área, reestabelecendo novos usos, trazendo a diversidade 
social (vitalidade urbana, um dos princípios urbanísticos de cidades em que houve 
áreas recuperadas por esse mesmo processo) e inclusive promover a habitação social. 
Quando tratamos da diversidade social, queremos dizer que se deve prever a criação 
de edifícios de usos mistos, comércios, serviços, habitação de renda média e alta, por 
exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS: 
Sobre o PIU – Projeto de Intervenção Urbana 
Gestão Urbana SP: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-
territorial/piu/>. 
 
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/piu/
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/piu/
, 
 
 
35 
 
4.3 PIU Vila Leopoldina - Villa Lobos 
O município de São Paulo é divido em vários distritos, cada um deles tem uma 
subprefeitura responsável. O projeto de intervenção urbanística que traremos como 
estudo se localiza no distrito da Vila Leopoldina, junto à CEAGESP, maior entreposto de 
alimentos de São Paulo. Também se localiza próxima à Ponte do Jaguaré e ao Parque 
Villa Lobos. 
O projeto que iremos estudar tem aproximadamente 300.000 m² (conforme mapa 
abaixo) e grande potencial de transformação, pois no local existe uma enorme 
concentração de áreas passiveis de desenvolvimento em grandes glebas, que 
pertencem a um conjunto reduzido de proprietários privados. 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3lZVB1q 
Figura 4.3 – Mapa de intervenção PIU Vila Leopoldina, Villa Lobos 
, 
 
 
36 
 
A prefeitura de São Paulo afirma que o projeto busca apresentar grandes ganhos à 
sociedade e solucionar as graves questões de precariedade habitacional de três 
comunidades situadas no perímetro do PIU: Da Linha, Do Nove e Cingapura Madeirite. 
Segundo a prefeitura: 
A desejável realocação das famílias precariamente alojadas nessas áreas, 
inadequadas para a ocupação, será potencialmente facilitada pela 
disponibilidade de diversas Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) no 
entorno do perímetro proposto, como definido pelo Plano Diretor. (Gestão 
Urbana – Projeto de Intervenção Urbana Vila Leopoldina – Villa Lobos) 
Foram pensados eixos estruturantes nos quarteirões que ligam as avenidas, 
permitindo a permeabilidade espacial de pedestres, conforme imagem abaixo (projeto 
urbanístico referencial e diretrizes gerais para o projeto). 
 
Fonte: https://bit.ly/3B1H3ma 
Figura 4.4 – Recorte da área. Mapa de intervenção PIU Vila Leopoldina, Villa Lobos, 
com as diretrizes 
https://bit.ly/3B1H3ma
, 
 
 
37 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3B1H3ma 
Figura 4.5 – Mapa de intervenção PIU Vila Leopoldina, Villa Lobos 
 
Fonte: https://bit.ly/3aWvIsX 
Figura 4.6 – Perímetro PIU 
 
 
 
 
https://bit.ly/3aWvIsX
, 
 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
Ao longo desse bloco, tivemos a oportunidade de discutir a respeito de alguns 
instrumentos urbanísticos que estão previsto no plano diretor do município de São 
Paulo: o projeto de intervenção urbana – PIU em áreas que estão sem algum uso, 
“paradas”. 
Segundo Marcos (2016), Jane Jacobs diz que antes de mudar uma cidade ou intervir 
nela é preciso conhecer a fundo e entender quais questões devem ser acertadas, para 
isso é preciso ir às ruas, falar com as pessoas. 
Os projetos de intervenção urbana vêm para trazer esta vitalidade urbana e qualidade 
de vida. A autora diz que devemos voltar a olhar o espaço público como o coração da 
vida moderna, seu projeto, seu uso, sua gestão e novas funções. Repensar a rua, a 
praça, o parque, a arborização e a paisagem urbana, aquela que nos permita 
humanizar o espaço público e experimentar o encontro, o intercâmbio e a diferença. 
 
 
 
 
SAIBA MAIS: 
Sobre o Projeto de Intervenção Urbana – PIU Vila Leopoldina, Villa Lobos 
• Projeto de Intervenção Urbana Vila Leopoldina – Villa Lobos: 
<https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-
content/uploads/2018/04/OF_ATL_040_19___PIU_Vila_Leopoldina___Villa_
Lobos.pdf >. 
• http://piuvilaleopoldina.com.br 
 
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/OF_ATL_040_19___PIU_Vila_Leopoldina___Villa_Lobos.pdf
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/OF_ATL_040_19___PIU_Vila_Leopoldina___Villa_Lobos.pdf
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/OF_ATL_040_19___PIU_Vila_Leopoldina___Villa_Lobos.pdf
, 
 
 
39 
 
REFERÊNCIAS 
GESTÃO URBANA SP. Projeto de Intervenção Urbana Vila Leopoldina – Villa Lobos. 
Gestão Urbana SP. Disponível em: <https://bit.ly/30BU2yg>. Acesso em: 14 out. 2021. 
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Editora Martins Fontes, 
2014. 
MARCOS, Martín. Jane Jacobs e a humanização da cidade. ArchDaily Brasil, 2016. 
Disponível em: <https://bit.ly/3aXhgRu>. Acesso em: 14 out. 2021. 
MARTINS, Maria L. Refinetti. São Paulo, centro e periferia: a retórica ambiental e os 
limites da política urbana. Estudos Avançados [online], v. 25, n. 71, p. 59-72, 2011. 
Disponível em: <https://bit.ly/3C0jsne>. Acesso em: 5 out. 2021. 
WHITAKER, João Sette. Projetos de Intervenção Urbana (PIU): São Paulo inovando na 
intervenção pública sobre o espaço urbano. Cidades para Quem, 2015. Disponível em: 
<https://bit.ly/3aTHCUo>. Acesso em: 5 out. 2021. 
PIU VILA LEOPOLDINA. O projeto: Proposta Urbanística. PIU Vila Leopoldina. 
Disponível em: <https://bit.ly/3G2GR9U>. Acesso em: 10 out. 2021. 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES 
DELRIO, Vicente; SIEMBIEDA, Willian J. Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil. 
Grupo GEN, 2013. 
 
 
 
 
 
 
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40 
 
 
5 PROJETOS URBANOS EM ÁREAS CENTRAIS 
 
 
Apresentação 
Prezados (as) alunos (as), sejam bem-vindos (as) a mais um bloco da disciplina de 
Planejamento Urbano e Metropolitano. A proposta deste bloco é discutir a respeito de 
como se deu a evolução dos projetos urbanos em áreas centrais. Veremos os 
movimentos de reforma urbana na Europa, no século XIX, pós revolução industrial e as 
experiências urbanas no Brasil, especialmente nas principais capitais, São Paulo, Rio de 
Janeiro, Salvador etc. 
Nos últimos blocos tivemos a oportunidade de discutir a respeito dos instrumentos da 
política urbana e quais suas finalidades, falamos sobre o estatuto da cidade, suas 
finalidades e objetivos que almejados para a cidade que queremos. 
Falamos sobre o Plano Diretor e Plano estratégico de São Paulo – PDE, e um 
instrumento urbanístico, o Projeto de intervenção urbana – PIU. O objetivo da maioria 
dos instrumentos urbanísticos mencionados é a princípio a “re-costura” do tecido 
urbano. 
 
5.1 Contextualização: movimentos de reforma urbana na Europa 
A ideia de reconstrução das cidades europeias por volta dos anos 1920 e 1930 foi um 
desafio, os arquitetos discutiam a forma de adaptação da cidade europeia medieval e 
barroca à industrial, adequá-la a novas demandas, modernizando-a. 
Esses ideais modernizadores eram difundidos pelos arquitetos Bruno Taut, Walter 
Gropius, Le Corbusier e Ernest May, para eles, a arquitetura e a organização urbana 
deveriamdeixar de ser um reflexo da sociedade para se tornarem instrumentos de 
reconstrução. 
, 
 
 
41 
 
As ideias eram difundidas nos CIAMs, Congresso Internacional de Arquitetura 
Moderna. O primeiro CIAM ocorreu em 1930, em Bruxelas, onde o tema principal era a 
habitação. Já em 1933, no 4° CIAM, em 1933, o tema discutido eram as questões 
urbanas. 
O que ocorria na Europa nesse momento, quais eram os principais problemas 
urbanos? 
A explosão das cidades, como o inchaço do meio urbano, devido as migrações campo-
cidade no ambiente urbano, foi uma questão. 
As grandes cidades na Europa, ao mesmo tempo em que eram 
industrializadas, atraíam e recebiam um grande contingente populacional, e 
cresciam de forma desproporcional às suas condições de uso. (RIBEIRO; 
PONTUAL, 2009). 
De acordo com Santos et al. (2019, p. 75): 
A Revolução Industrial do século XIX teve um forte impacto nas cidades e no 
modo de habitá-las. Na arquitetura, notam-se mudanças em relação aos 
procedimentos construtivos e técnicos, assim como em relação às 
exigências arquitetônicas, enquanto, na cidade, vemos o aumento dos 
problemas urbanos e transformações da paisagem. 
Muitos arquitetos se viram responsáveis por tentar sanar as questões urbanas, que 
vinha num crescente, e propor ideias a serem discutidas e implementadas. Entretanto, 
as preocupações urbanas já vinham acontecendo desde 1867, quando Ildelfonso 
Cerda, engenheiro espanhol, escreveu uma analogia entre a cidade e o corpo humano 
no livro Teoria General de la Urbanización (1859). Era um pensamento sanitarista da 
época, muito utilizado pelos urbanistas. 
Um modelo de reforma urbana que se tornou emblemática e ressoou por toda Europa 
guiando diversas escalas e também realizadas em várias cidades no mundo, inclusive 
no Brasil, ocorreu em Paris, entre os anos de 1853 e 1869, idealizada pelo Barão 
Haussmann, prefeito da cidade no momento. 
 
 
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42 
 
Paris havia ultrapassado a marca de 1 milhão de habitantes e a reforma constituiu em 
obras viárias de alargamento das ruas, abertura de novas ruas dentro de bairros 
antigos, reconstrução de edifícios atendendo a requisitos mínimos de higiene e padrão 
estético, a renovação das instalações de infraestrutura, muito antigas obsoletas, rede 
viária, rede de esgotos, abastecimento de água e iluminação. 
 
Fonte: Burakyalcin 
Via: Shutterstock 
Figura 5.1 – Vista aérea de Paris. Com o plano de Reforma urbana idealizada por 
Haussmann em 1853 houve a criação de novas ruas em bairros antigos, alargamento 
de avenidas, como a Champs Elysees. 
 
Fonte: GiulianeBruno 
Via: Shutterstock 
Figura 5.2 – Vista da Paris atual. Padrão estético dos edifícios idealizado por 
Haussmann 
, 
 
 
43 
 
5.2 Contextualização: projetos de reformas urbanas no Brasil – Experiências 
nacionais 
No Brasil, especialmente nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, 
houve propostas de reforma urbana. Tal fato ocorreu entre os anos de 1895 e 1930. 
Foram projetos de melhoramento no sentido de obras de infraestrutura e 
saneamento. Geralmente, obras pontuais, localizadas em algumas partes da cidade, 
como as obras dos canais de Santos (vide planta abaixo), pelo engenheiro sanitarista 
Saturnino de Brito, áreas portuárias e áreas centrais. 
 
 
Fonte: https://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa27g.htm 
Figura 5.3 – Planta do cais de Santos, São Paulo, 1910 
Ocorreu uma série de planos urbanos em escala maior, no período das décadas de 
1930 e 1950, que tinham por objeto o conjunto da área urbana, com propostas de 
“articulação entre os bairros, o centro e a extensão das cidades por meio de sistemas 
de vias e de transportes”. (RIBEIRO; PONTUAL, 2009) 
 
https://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa27g.htm
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44 
 
A partir da década de 1950 até o ano de 1964, os planos para as cidades passaram a 
situá-las dentro de uma região. Nesse período, profissionais de diversas formações, 
novos termos, dados estatísticos sociais e econômicos, surgiram para tratar do 
“urbano”, palavra que ganhou lugar no meio técnico quando designa a cidade. 
(RIBEIRO; PONTUAL, 2009) 
Os ideais de reconstrução da sociedade por meio da arquitetura chegam no Brasil, por 
volta de 1950, com a passagem do Padre Lebret. As ideias de Lebret já circulavam 
entre os urbanistas brasileiros, colocavam o planejamento urbano como instrumento 
fundamental para promover o desenvolvimento social das cidades. 
5.3 Experiências internacionais – herança urbana 
A cidade industrial se desenvolveu com os avanços tecnológicos, as máquinas, a 
ferrovia, a invenção da eletricidade e do gás, entre outros, o que abriu caminho para 
mudanças técnicas e estéticas, no século XIX. Partindo disso, ocorreu uma forte 
migração do campo para a cidade e consequente aumento da população urbana. O 
grande aumento demográfico, exigiu soluções no espaço urbano em termos de 
habitações, novos equipamentos e serviços urbanos. Através de princípios higienistas, 
como estudamos no subitem acima, e de embelezamento das grandes capitais, as 
reformas urbanas buscaram solucionar esses problemas instalados nas cidades. “Com 
a Revolução Industrial surgem os progressos técnicos, os novos materiais e a 
industrialização da construção, assim como, as novas maneiras de pensar, construir e 
reformar as cidades”. (SANTOS et al., 2019, p. 77) 
Para Santos et al. (2019), a cidade do século XIX se modela às novas infraestruturas 
viárias e de transporte, enquanto o traçado viário passa a constituir o princípio gerador 
da trama urbana. 
As ruas antigas, antes geralmente estreitas e irregulares, dão lugar a novas 
ruas, largas e regulares, passando pelos bairros novos e antigos. As novas 
ruas atuam como articulações entre a cidade e seus distintos bairros. 
(SANTOS et al., 2019, p.78) 
 
, 
 
 
45 
 
Com as novas invenções, volta-se a pensar a cidade em função da máquina, da 
circulação e dos transportes (ALONSO PEREIRA, 2010 apud SANTOS et al., 2019). Como 
exemplos do urbanismo com caráter científico, racional e progressista, consequência 
da Revolução Industrial, temos: 
• Cidade linear: modelo de cidade concebido pelo urbanista espanhol Arturo 
Soria y Mata, no final do século XIX, construído como um bairro experimental 
em Madrid, na Espanha, entre 1894 e a década de 1920, formado a partir de 
um eixo central; 
• Cidade motorizada (Hénard): Eugène Hénard foi um urbanista francês 
dedicado ao desenvolvimento da cidade de Paris. Entre suas ideias destaca-se a 
de “perímetro de radiação”; para ela seria necessária uma via circular que 
recolhesse as circulações radiais, amenizando o trânsito em sentido centro-
periferia; 
• Cidade industrial (Tony Garnier): proposta pelo arquiteto francês Tony Garnier, 
no início do século XX, com ênfase na setorização do espaço urbano. 
• Cidade nova (Sant’Elia): Antonio Sant'Elia propôs desenhos de grande impacto 
para a Città Nuova (Cidade Nova), com ênfase nos princípios futuristas. Seu 
modelo de cidade, desenhado por volta de 1912, exaltava arranha-céus, 
passarelas e vias suspensas para veículos. 
1. As Reformas Urbanas 
Plano de Paris - Haussman 
Uma das mais conhecidas reformas urbanas ocorridas foi a de Paris. Paris se tornou 
um modelo arquitetônico e urbano de dimensão internacional, idealizada pelo Plano 
de Haussmann. 
 
 
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46 
 
Para Santos et al. (2019), o plano de Haussman previa a remodelação da cidade unida 
ao seu crescimento, através do traçado urbano e novos equipamentos. “O novo 
sistema viário indicava grandes bulevares e articulação das vias, tanto aproveitando as 
existentes como criando outras, ora em zonas de expansão, ora rompendo o tecido 
histórico”. (SANTOS et al., 2019, p. 79) 
Plano de Barcelona - Cerdà 
O Plano de Cerdà, elaborado em 1859, na cidade de Barcelona, é um exemplo 
paradigmático, em vista de suas previsões para o futuro crescimento da cidade e da 
modelagem da Teoria Geral da Urbanizaçãodo autor, o engenheiro urbanista 
Ildefonso Cerdà. “O engenheiro propôs uma organização policêntrica com bairros 
diferentes que gozam de autonomia entre si e com a Barcelona histórica” (SANTOS et 
al., 2019, p. 81) 
Plano – traçado em malha (tabuleiro de xadrez) Sistema Hipodinâmico3 
Esquematismos, malha urbana. Um traçado a partir de uma malha ortogonal, 
semelhante à um tabuleiro de xadrez, com extrema regularidade para resolver o 
aumento demográfico. São exemplos desse modelo urbano cidades como Buenos 
Aires, Chicago e Nova York. 
2. No Brasil – Reformas urbanas 
Rio de Janeiro 
O movimento de ação reformadora no plano urbano, citados acima, que se difundiu 
pelas cidades europeias, teve seu impacto também na América do Sul. No Brasil, as 
reformas urbanas começaram a ser discutidas desde o último quartel do século XIX e 
foram postergadas até o século seguinte. 
 
 
 
3 Sistema hipodinâmico: plano urbanístico utilizado pelos gregos, no qual a cidade era traçada com ruas 
paralelas e perpendiculares a uma grande avenida. (SANTOS et al., 2019, p. 83) 
, 
 
 
47 
 
No Rio de Janeiro, a reforma de Pereira Passos, de acordo com Santos et al. (2019, p. 
85): 
A reforma carioca — em termos de sua arquitetura e equipamentos urbanos, 
arranjo viário e urbanístico — buscou referências na capital e na cultura 
francesa de modo geral, sem almejar uma cópia da reforma urbana de 
Haussmann, como alerta Azevedo (2008) em sua pesquisa. Na concepção 
urbanística, Pereira Passos primou pelo resgate da dimensão de totalidade da 
cidade e de seu caráter orgânico, que é ameaçado frente ao crescimento 
acelerado das urbes modernas do século XIX. 
Salvador 
Foram realizadas diversas intervenções na cidade de Salvador. Sendo as primeiras, 
realizadas na parte baixa da cidade com o objetivo de ampliar sua área, reformar o 
porto, melhorar sua circulação e salubridade. 
Em relação à rede viária existente, foi melhorada a ligação entre a parte alta 
e a parte baixa da cidade, e implantada uma ferrovia. Na malha urbana - 
caracterizada por ruas estreias e sinuosas, herança colonial - foram abertas 
ruas largas, onde as vias principais eram pavimentadas. Nelas foram 
incluídos serviços de água, de esgotamento, iluminação e transporte 
público. (SANTOS et al., 2019, p. 88) 
Herança Haussmaniana 
Os melhoramentos no espaço urbano se deram com a execução de redes de 
iluminação, esgoto, transporte público, abertura de vias, construção de parques e 
edifícios públicos baseados em princípios higienistas. 
De acordo com Santos et al. (2019, p. 91), as reformas foram guiadas por três 
princípios básicos: 
1. Circulação acessível e confortável dentro da cidade; 
2. Eliminação da insalubridade nos bairros densos; 
3. Revalorização e reenquadramento dos monumentos, unindo-os através de 
eixos viários 
 
 
, 
 
 
48 
 
 
Herança de Cerdà 
Cerdà foi responsável por introduzir o conceito de urbanização, com o intuito de 
instaurar uma nova ciência dos estudos das cidades, de onde se derivou mais tarde a 
disciplina Urbanismo, como hoje a conhecemos, conforme Santos et al. (2019). 
Conclusão 
Ao longo deste bloco, tivemos a oportunidade de discutir a respeito dos planos 
urbanos internacionais, citamos alguns casos, como Paris, Nova York e Barcelona. 
Muitos autores reconhecem Paris como uma referência para as diversas reformulações 
de cidades pelo mundo, entre elas algumas brasileiras, como o Rio de Janeiro e 
Salvador. 
REFERÊNCIAS 
SANTOS, Jana Cândida Castro dos; SOUZA, Dulce América de; BARBOSA, Laura Jane L. 
História da arquitetura e urbanismo V (Idade Contemporânea). Porto Alegre: SAGAH, 
2019. 
RIBEIRO, Cecilia; PONTUAL, Virgínia. A reforma urbana nos primeiros anos da década 
de 1960. Arquitextos, São Paulo, ano 10, n. 109.07, Vitruvius, jun. 2009. Disponível em: 
<https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.109/50>. Acesso em: 29 out. 
2021. 
 
 
 
 
 
 
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6 DESENHO URBANO 
 
 
Apresentação 
Prezados (as) alunos (as), sejam bem-vindos (as) à mais um bloco da disciplina de 
Planejamento Urbano e Metropolitano. A proposta deste bloco é discutir a respeito da 
conceituação do que é desenho urbano e discutir como ocorreu no Brasil. Falaremos 
ainda, sobre a diversidade urbana, e, por fim, apresentar e discutir a respeito dos 
espaços públicos amigáveis, ou seja, projetos urbanos que trazem qualidade aos 
espaços públicos, melhorando a qualidade de vida das pessoas, a interação social, a 
questão da segurança pública, entre outros fatores. 
6.1 Desenho Urbano – Cidades Planejadas 
“As cidades são o maior artefato já criado pelo homem. Sempre foram objetos de 
desejos, desafios, oportunidades e sonhos”. (LEITE, 2012, p. 11) 
Neste bloco, iremos discutir a respeito de um instrumento urbanístico essencial no 
planejamento das cidades, estamos falando do bem-estar e segurança de toda a 
população. Falar sobre desenho urbano é isso, abordar uma série de processos e 
estudos. 
Mas afinal, o que é desenho urbano? 
Podemos conceituar o termo desenho urbano, como um campo de conhecimento 
multidisciplinar que aborda as áreas de urbanismo, arquitetura e paisagismo, ou seja, o 
tratamento dos espaços livres das cidades. 
 
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50 
 
O desenho urbano está relacionado ao planejamento urbano e consiste em algumas 
atividades básicas, como: análise visual da área urbana, percepção do meio ambiente, 
identificação do comportamento ambiental, composição da morfologia urbana etc. 
Buscando a harmonia entre o espaço construído e as interações humanas. 
O desenho urbano, de acordo com vários autores, pode ser considerado um 
instrumento urbanístico essencial para a realização de um plano urbano. 
 
 
Fonte: Aluna1 
Via: Shutterstock 
Figura 6.1 – Ilustração de uma cidade 
Na visão de DelRio e Siembieda (2013, p. 1): 
O desenho urbano contemporâneo brasileiro aceita o modernismo como 
um dos possíveis modelos para entender e atuar sobre a cidade, mas adota 
ainda outros modelos igualmente válidos. (...) O desenho urbano 
contemporâneo brasileiro vem se recriando e permite a coexistência de 
lógicas territoriais múltiplas, na busca por modos diversos de responder a 
demandas sociais e problemas urbanos. 
O desenho urbano entra para ajudar a organizar todos os elementos que compõem a 
cidade, oferecendo segurança, praticidade e bem-estar aos habitantes do local. Diante 
desse contexto, nos últimos anos, grandes cidades ao redor do mundo estão mudando 
seu desenho urbano com o objetivo de organizar a mobilidade urbana, o trânsito, 
melhorar os passeios públicos etc. 
Iremos apresentar exemplos de intervenções urbanas (desenho urbano) em algumas 
cidades: 
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51 
 
Na cidade de Buenos Aires, foram criadas rotatórias a fim de melhorar o tráfego de 
veículos, nas ruas da capital Argentina. 
 
 
Fonte: https://bit.ly/2ZSkljg 
Figura 6.2 – Desenho urbano: inclusão de rotatória em Buenos Aires 
Na Rua Joel Carlos Borges, próxima da estação de trem Berrini, em São Paulo, havia 
calçadas muito estreitas, o que prejudicava a locomoção dos usuários do trem, 
colocando em risco a segurança dos mesmos. Para solucionar o problema, a rua 
recebeu duas faixas verdes laterais (conforme a figura 6.3). 
 
Fonte: https://bit.ly/2ZSkljg 
Figura 6.3 – Desenho urbano: Rua Joel Carlos Borges (São Paulo) 
https://bit.ly/2ZSkljg
https://bit.ly/2ZSkljg
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52 
 
Quem irá projetar o espaço viário deve se atentar para soluções mais seguras, que 
promovam um uso eficiente do espaço público, e priorizar a infraestrutura da 
mobilidade ativa e do transporte coletivo, conforme Manual. 
 
Fonte: https://bit.ly/3qaDZ5g 
Figura 6.4 – Exemplo de Via compartilhada. Disponível em Manual de Desenho 
Urbano e Obras Viárias. 
 
 
Fonte: https://bit.ly/3qaDZ5g 
Figura 6.5 – Exemplo de Via arterial com ciclo faixa ilha central, acessibilidade. 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS: 
SobreManual de Desenho Urbano e Obras Viárias – Prefeitura Municipal de São 
Paulo: https://manualurbano.prefeitura.sp.gov.br/ 
 
https://manualurbano.prefeitura.sp.gov.br/manual/3-parametros-de-desenho-viario/3-1-principios-de-projeto-para-o-espaco-viario%20acesso%20em%2027/10/2021
https://manualurbano.prefeitura.sp.gov.br/manual/3-parametros-de-desenho-viario/3-1-principios-de-projeto-para-o-espaco-viario%20acesso%20em%2027/10/2021
https://manualurbano.prefeitura.sp.gov.br/
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6.2 Diversidade urbana 
As grandes cidades, como discutimos, possuem diversos problemas. Um deles é o 
abandono das áreas centrais metropolitanas. Esse tipo de descaso, abandono do 
centro das cidades, gera uma degradação urbana de espaços imensa, com potencial 
tão evidente de desenvolvimento. Essas áreas são dotadas de infraestrutura e 
memória urbana, devido à edifícios históricos e a própria história do local. 
Para Leite (2012), autor de Cidades Sustentáveis: Desenvolvimento Sustentável num 
Planeta Urbano, as consequências desse chamado espraiamento urbano são 
dramáticas em termos de total insustentabilidade ambiental, social, econômica e 
urbana (ocorre, invariavelmente, em áreas de proteção ambiental). As áreas industriais 
obsoletas se tornam alvo dos grandes projetos urbanos, principalmente nas 
metrópoles dos países desenvolvidos, ora como concentradoras de estratégias de 
intervenção no espaço, ora degradado e subutilizado. (LEITE, 2012, p. 19) 
Essas áreas são conhecidas como vazios urbanos ou, também, chamados clusters 
urbanos criativos. 
Os antigos espaços urbanos centrais estão perdendo suas funções produtivas, sendo 
territórios abandonados, com vazios urbanos. Esse é um problema que vem ocorrendo 
nas últimas décadas, muito comum nas grandes metrópoles mundiais. 
Entretanto, algumas medidas de parcerias público-privadas, pautam estratégias de 
ocupação produtiva nessas áreas centrais ou cluster urbanos, como define Leite 
(2012). 
Alguns projetos foram implementados em diversas cidades do mundo, por exemplo: 
Montreal, Atelier Angus, São Francisco - Mission Bay e Barcelona - 22@ (antigo bairro 
industrial de Poblenou). Esses são os casos de grande relevância, em meio a dezenas 
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54 
 
de novos territórios implantados em áreas centrais deterioradas, em cidades dos 
Estados Unidos, da Europa e da Ásia. 
 
Para Leite (2012), esses clusters urbanos pautam a sua estratégia central produtiva em 
serviços avançados, parte da chamada nova economia. Por meio de parcerias público-
privadas, tais territórios têm conseguido rápido sucesso nos processos de regeneração 
urbana e reestruturação produtiva. (LEITE, 2012) 
Em todos os territórios citados acima, ocorreu a regeneração urbana e a 
reestruturação produtiva de áreas metropolitanas deterioradas, de localização central, 
dotadas de centralidade, memória urbana e infraestrutura preciosa. São quatro 
territórios que buscam a reinvenção da metrópole, a construção da cidade dentro da 
cidade, a otimização das estruturas existentes, para gerar uma cidade compacta. Há 
sempre o papel protagonista das infraestruturas urbanas no redesenvolvimento 
urbano: a oportunidade estratégica das estruturas de transporte e das pré-existências 
edificadas, reciclarem o território. (LEITE, 2012) 
Esses exemplos são interessantes, pois foram casos de sucesso na requalificação do 
território, trazendo a dinâmica e a diversidade para tais locais. 
Mas, afinal, o que é a diversidade urbana? 
A diversidade urbana ocorre quando existe uma combinação equilibrada de atividades 
em um determinado bairro, por exemplo: a mistura de residências, locais de trabalho, 
comércio e serviços. Isso auxilia e reduz significativamente parte das viagens cotidianas 
de seus moradores, podendo os deslocamentos permanecerem curtos, caminháveis ou 
utilizando meios de transportes sustentáveis, como a bicicleta. 
Para Moura (2018), os usos diversos, com horários de pico diferentes ao longo do dia, 
contribuem para manutenção de ruas movimentadas e seguras por mais tempo, 
estimulando a atividade de pedestres e ciclistas e promovendo um ambiente humano, 
animado, onde as pessoas desejam viver. Isso também contribui para o equilíbrio da 
demanda do transporte coletivo, resultando em uma operação mais eficiente e 
, 
 
 
55 
 
sustentável por períodos mais longos do dia. Pessoas de todas as faixas etárias, 
gêneros e renda podem interagir com segurança em locais públicos. (MOURA, 2018) 
 
6.3 Espaços públicos amigáveis 
Agora, iremos discutir a respeito de espaços públicos que foram planejados e tornaram 
as experiências mais amigáveis, no sentido de contribuir para a qualidade de vida das 
pessoas e de sua relação com o espaço público. 
De acordo com a ONU, existe um estudo que prevê que até 2050, 70% da população 
mundial habitará as zonas urbanas, ou seja, haverá um crescimento significativo nas 
cidades. Atualmente, 55% da população mundial vive em áreas urbanas, em 2050 esse 
número aumentará e por isso, a importância de prever um planejamento urbano 
adequado. 
Este crescimento coincide com um período em que muitos países estão 
implementando processos de políticas descentralizadas. Isso estaria 
resultando num aumento das responsabilidades de governos locais”. 
(NAÇÕES UNIDAS, 2019) 
Já existem diversas cidades planejadas no mundo, e, infelizmente, muitas não 
planejadas também. 
Cidades não planejadas são aquelas que possuem um crescimento espontâneo, sem 
uma organização com relação à salubridade, infraestrutura, mobilidade urbana, 
acessibilidade, ou seja, elas se tornam insustentáveis, cidades repletas de problemas 
graves, gerando uma qualidade de vida ruim aos seus habitantes. 
Um planejamento requer um esforço de diversas camadas e setores da sociedade, a 
começar pelos órgãos públicos responsáveis, o envolvimento da população, os 
profissionais responsáveis da área de arquitetura e urbanismo. 
Para se ter uma cidade planejada, o processo é lento, as cidades que são planejadas, 
levaram anos para um bom planejamento. 
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56 
 
Para Leite (2012), o desenvolvimento urbano sustentável, impõe o desafio de refazer a 
cidade existente, reinventando-a de modo inteligente e inclusivo. (LEITE, 2012, p. 16) 
As cidades planejadas só trazem pontos positivos às pessoas, garantindo segurança e 
bem-estar. 
Alguns exemplos de cidades planejadas no mundo: Washington, nos Estados Unidos; 
Camberra, na Austrália; Nova deli, na Índia; La Plata na Argentina; Dubai, cidade nos 
Emirados Árabes Unidos. 
Cidades Planejadas no Brasil 
Existem algumas cidades planejadas no Brasil, são elas: Brasília – DF; Belo Horizonte – 
MG; Goiânia – GO; Palmas – TO; Aracaju – SE; e Teresina – PI. 
Entretanto, a cidade mais famosa é Brasília, projeto de Lucio Costa, arquitetura de 
Oscar Niemeyer e paisagismo de Roberto Burle Marx. 
Conforme DelRio e Siembieda (2013), a promoção da inclusão social é o foco da 
terceira corrente identificada no desenho urbano contemporâneo brasileiro (DELRIO; 
SIEMBIEDA, 2013 p. 177). É muito importante a criação de cidades socialmente mais 
inclusivas, a diversidade de preços de moradia, por exemplo, aumenta a possibilidade 
de trabalhadores de diferentes perfis socioeconômicos morarem mais próximo aos 
seus trabalhos, o que contribui para minimizar os problemas de mobilidade do 
transporte público. 
Sendo assim, os resultados dos projetos em São Paulo demonstram a importância de 
um desenho urbano que possa gerar espaços públicos significativos e busque uma 
nova articulação do território, através do uso de espaços vazios como oportunidades 
para novas conexões físicas e sociais. (DEL RIO; SIEMBIEDA, 2013) 
Para que projetos urbanos possam se tornar uma realidade nas cidades brasileiras, o 
marco regulatório que orienta a política urbana em nível municipal são os planos 
diretores e outras regulações relacionadas ao zoneamento urbano, o parcelamento

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