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aula 3 Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE)

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13/11/2022 17:12 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16
 
 
 
 
 
 
 
 
FINANCIAMENTO EM
COMÉRCIO INTERNACIONAL
AULA 3
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Joni Tadeu Borges
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https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16
CONVERSA INICIAL
O exportador brasileiro fica mais competitivo quando concede prazo para o importador pagar
em suas vendas internacionais. É um diferencial para o importador, pois ele recebe e comercializa o
produto no mercado interno, para depois pagar o exportador. Por outro lado, o exportador,
vendendo a prazo, pode enfrentar dificuldades no fluxo de caixa, tendo de recorrer a bancos para
obter recursos.
Um dos itens negociado entre exportador e importador é o prazo de pagamento. Caso o
exportador deixe de vender a prazo, o importador poderá deixar de comprar, procurando outro
vendedor que atenda a sua necessidade. Ao vender a prazo, o exportador deve se preocupar com a
possibilidade de que o importador não vai honrar o pagamento na data acordada, pois o risco de
crédito é inerente às operações a prazo. Com isso, o exportador, antes de fechar o negócio, deve
consultar as informações do importador.
Com a venda a prazo, o exportador precisará de recursos para pagar os seus fornecedores no
mercado interno. O Adiantamento de Cambiais Entregues (ACE) é o financiamento que apresenta a
condição de o exportador adiantar o recebimento em seu banco. O ACE, financiamento utilizado na
fase pós-embarque, será um dos tópicos da nossa etapa. Veremos como e por que as empresas
exportadoras utilizam essa linha de financiamento, com as suas principais características, incluindo
processo documental, garantias e aplicabilidade.
CONTEXTUALIZANDO
Na etapa de hoje, vamos estudar a alternativa de financiamento à exportação para situações de
vendas a prazo. O ACE, financiamento na fase pós-embarque, possibilita ao exportador adiantar os
recursos que receberia do importador no vencimento. Vamos analisar como a empresa pode fazer
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um ACC e transformá-lo em ACE. Nesse caso, o exportador obtém o financiamento na fase pré-
embarque e concede um prazo para o que importador efetive o pagamento. Veremos as principais
características do ACC e do ACE. Vamos ainda descrever as garantias tradicionalmente utilizadas e as
exigência dos bancos ao conceder um financiamento. Por último, destacaremos a aplicabilidade da
letra de câmbio, documento muito utilizado em operações comerciais internacionais.
TEMA 1 – ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES
O Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) é um instrumento que serve para financiar
exportações com mercadorias já embarcadas. A Circular Bacen n. 3.691 (BCB, 2013), especifica: “ O
adiantamento sobre contrato de câmbio constitui antecipação parcial ou total por conta do preço em
moeda nacional da moeda estrangeira comprada para entrega futura, podendo ser concedido a
qualquer tempo, a critério das partes”. A concessão do financiamento, portanto, pode ser concedida
antes ou depois do embarque da mercadoria para o exterior.
Na prática, o exportador realiza uma venda a prazo para o importador estrangeiro e, entre a data
de embarque da mercadoria e a data de vencimento do pagamento, caso o exportador precise
adiantar os recursos que receberá do importador, ele pode solicitar adiantamento do contrato de
câmbio ao seu banco de relacionamento.
Com a possibilidade de contratar o ACE, o exportador obtém uma vantagem competitiva. Em
qualquer mercado comercial, seja interno ou entre países, uma das condições desejadas pelo
comprador é a realização de pagamento a prazo.  Dessa maneira, se o exportador brasileiro não
apresenta essa opção, com certeza o importador vai procurar um outro vendedor.
A liberação do financiamento (crédito) para o exportador por meio do ACE apresenta um
procedimentos semelhantes ao ACC. Previamente, o banco financiador faz a análise de crédito e risco
do cliente, observando:
documentos de constituição da empresa; 
segmento de atuação da empresa;
faturamento da empresa;
tempo de atividade da empresa;
experiência da empresa no mercado internacional;
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volume de exportação (performance);
destino das exportações;
se há restrições por parte da empresa e de seus dirigentes;
garantias e outros fatores pertinentes.
Com o crédito aprovado pela instituição financeira, o exportador pode fazer a venda a prazo e
solicitar o adiantamento dos reais, vendendo os dólares que receberá em uma data futura.
A formalização do ACE é feita por meio da contratação do câmbio de compra. O exportador
vende a moeda estrangeira ao banco para entregá-la em uma data futura. Por outro lado, o banco
adianta os reais equivalentes, creditando o valor na conta corrente do exportador. Na negociação do
ACE entre banco e exportador, ficam definidos:
valor do contrato de câmbio (financiamento);
prazo do financiamento;
taxa do deságio (juros);
taxa de câmbio;
garantias.
O prazo máximo permitido pelo Bacen para a contratação do ACE é de 360 a 390 dias. É
importante ressaltar que o prazo do ACE inicia na data da contratação do financiamento e termina no
vencimento, prazo estabelecido para que o importador realize o pagamento.
Exemplificando: a empresa Finex Exportação Ltda fez uma venda a prazo de 180 dias para um
importador da Austrália. O valor da exportação é de USS 100.000,00. Portanto, no período entre a
data de embarque e a data do pagamento, o exportador utilizará recursos próprios para manter as
atividades da empresa. Porém, 60 dias após a data de embarque da mercadoria, ocorreu um
imprevisto financeiro na empresa, e o exportador precisou de capital de giro para cumprir alguns
compromissos no mercado interno. Não seria possível esperar mais 120 dias para receber do
importador. A solução foi contratar um ACE em seu banco de relacionamento. 
Figura 1 – ACE
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Acompanhe as considerações sobre a operação de ACE:
Exportação a prazo de 180 dias da data do embarque.
O prazo de pagamento deve constar nos documentos representativos da exportação (fatura
comercial e outros).
O exportador deverá emitir um saque (letra de câmbio) em que conste o valor da exportação e
a data de vencimento, caso a modalidade seja a cobrança documentária.
Se a modalidade de pagamento for a remessa sem saque, a fatura comercial e o conhecimento
de embarque são documentos suficientes para determinar o prazo do ACE.
Para este exemplo, o prazo do ACE será de 120 dias.
Na data da contratação do ACE, 60 dias após a data de embarque, o banco adianta o valor em
reais, equivalentes a US$ 100.000,00. A taxa de câmbio para conversão considera o momento
da contratação do câmbio.
Pelo adiantamento dos reais, o banco cobrará o deságio (juros) do exportador referente ao
valor financiado (US$ 100.000,00) no período de 120 dias.
O valor do deságio será cobrado na data da contratação (antecipado) ou na data da liquidação
(postecipado).
No prazo acordado, 180 dias após a data do embarque, o importador paga US$ 100.000,00 ao
exportador.
O exportador recebe os US$ 100.000,00 e liquida (paga) o ACE ao banco financiador.
TEMA 2 – TRANSFORMAÇÃO DE ACC EM ACE
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O ACC e o ACE são financiamentos à exportação regulamentados pela legislação cambial. São
formalizados por meio do contrato de câmbio de compra, no qual são adicionadas cláusulas
específicas ao financiamento.
O prazo do ACC e o ACE pode chagar a 1500 dias, entre a contratação e a liquidação do contrato
de câmbio de exportação. Teoricamente, uma empresa poderia contratar um ACC por um prazo de
1500 dias ou um ACE de 360 a 390 dias. Ou, ainda, iniciar um financiamento de ACC com 1140 dias e
depois transformá-lo em um ACE com mais 360 dias, perfazendoum prazo total de 1500 dias.
Em situações reais, os bancos financiam por um prazo menor. As instituições financeiras analisam
os riscos envolvidos na operação. Considere que determinado banco concede um prazo inicial de
1500 dias para um ACC, prazo superior a 4 anos. O banco adiantaria os reais para a empresa e no
período estabelecido a empresa teria que produzir, exportar e receber o pagamento do importador.
Fica a incerteza. Será que a empresa ainda vai estar em atividade depois de quatro anos? Será que o
importador vai realizar o pagamento? São vários riscos envolvidos.
Provavelmente, o banco começaria o ACC com um prazo de 1 ano e, se necessário, poderia
prorrogar o contrato por mais um ano, mediante nova análise de crédito da empresa exportadora.
No dia a dia, os profissionais do mercado que negociam o ACC ou o ACE estabelecem outras
denominações para os financiamentos. O ACC pode ser identificado como financiamento na fase pré-
embarque ou financiamento para produção. Já, o ACE é conhecido como financiamento na fase pós-
embarque ou financiamento para comercialização.
O ACE pode ser contratado independentemente, por meio da contratação do câmbio de
exportação após o embarque da mercadoria. A operação pode ainda ter início mediante contratação
do ACC, que depois se transforma em um ACE.
Vejamos uma situação prática. Uma empresa exportadora negociou a venda de US$ 100.000,00
em mercadorias para o exterior, concedendo 180 dias a partir da data do embarque para que o
importador faça o pagamento. O exportador precisa de 120 dias para produzir e embarcar a
mercadoria. Na fase de produção, precisará de capital de giro para pagar os gastos envolvidos no
processo produtivo. Portanto, a empresa terá o prazo de 300 dias entre o início da produção até o
pagamento do importador estrangeiro. Vamos considerar que a empresa exportadora contrata o
financiamento na data inicial “data zero”.
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Vejamos algumas considerações sobre o que ocorre nas datas indicadas. Data 0 (zero):
Empresa exportadora fecha a venda de US$ 100 mil com o importador estrangeiro.
Contratação do ACC de US$ 100 mil por um prazo total de 300 dias.
Na data da contratação, o exportador informa ao banco que terá 120 dias para embarcar a
mercadoria e 180 dias para receber o pagamento do importador. Prazo total de 300 dias.
Na negociação do ACC com a empresa, o banco considera o prazo de 300 dias para estabelecer
a taxa de deságio (juros).
O banco adianta ao exportador os reais equivalentes aos US$ 100 mil (valor da exportação).
Caso o deságio seja antecipado, o banco cobra o valor do deságio referente à operação.
Assinatura do contrato de câmbio de exportação pelas partes.
Observação: não há a necessidade de que a contratação do financiamento seja feita na mesma
data em que o exportador fechou o negócio com o importador, pois tudo depende da urgência
(necessidade) do exportador de receber o adiantamento dos reais para saldar os seus compromissos.
Data 120:
O exportador apresenta os documentos representativos da exportação ao banco, comprovando
o embarque da mercadoria ao exterior;.
O banco transforma o ACC em ACE por meio de um registro no Sistema Câmbio.
Observação: o embarque da mercadoria pode ocorrer antes ou depois da data preestabelecida
(120 dias). Nesses casos, é feito um ajuste nos prazos.
Data 300:
O importador paga US$ 100 mil ao exportador.
O exportador liquida (paga) a dívida com o banco financiador.
Caso o deságio seja postecipado, o banco cobra o valor do deságio referente à operação.
No ACE, o deságio (juros) é calculado da mesma forma que o cálculo do ACC. Lembrando que a
taxa de juros aplicada no ACC/ACE tem como referência as taxas de juros internacionais. 
TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS DO ACC E DO ACE
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O ACC e o ACE são financiamentos mais práticos usados pelos exportadores brasileiros.
Apresentam vantagens financeiras em termos de custo. Os recursos podem ser usados como capital
de giro nos empreendimentos da empresa. Várias características presentes nos financiamentos
devem ser de conhecimento das empresas exportadoras:
Previamente à contratação do ACC/ACE, a instituição financeira estabelece o limite de crédito
que a empresa pode usar em operações de financiamento à exportação.
A instituição financeira também indica quais garantias o exportador pode oferecer, vinculadas
às operações de financiamentos.
Para o ACC, as garantias podem ser pessoais ou reais.
Para o ACE, as garantias podem ser pessoais, reais, carta de crédito, seguro de crédito à
exportação e cambiais.
Após definidos o limite de crédito e garantias, a empresa pode contratar o ACC/ACE a qualquer
momento.
O financiamento é formalizado por meio do contrato de câmbio de compra.
Na contratação do ACC/ACE, são definidos: valor do ACC/ACE, prazo, taxa de câmbio, taxa e
tipo de deságio.
A contratação do câmbio, ACC/ACE, pode ser feita pela mesa de câmbio ou pela plataforma
digital da instituição financeira.
Ao contratar o ACC/ACE, o exportador assume uma dívida em moeda estrangeira com o banco
financiador, que deve ser liquidada com a moeda estrangeira originada pelo pagamento do
importador.
O financiamento pode ser de até 100% da exportação.
Financiamento concedido na fase pré-embarque – ACC.
Financiamento concedido na fase pós-embarque – ACE.
Não há restrições quanto ao tipo de mercadoria exportada, desde que respeitadas as
legislações vigentes.
Na contratação do ACC, não é necessário informar o importador e nem oferecer documentos
que comprovem a operação comercial com a empresa estrangeira. Esse procedimento deve ser
realizado na liquidação do contrato.
No ACC, o exportador tem a responsabilidade de comprovar o embarque da mercadoria.
O prazo do ACC pode ser de até 1500 dias antes da data de embarque da mercadoria. Na
prática, o prazo é estabelecido com base no ciclo de produção da empresa exportadora.
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Na liquidação do contrato do ACC, a moeda estrangeira utilizada pode ser aquela do
pagamento de diversos importadores.
O prazo do ACE pode ser de 360 a 390 dias após a data de embarque.
Na contratação do ACE, é obrigatório que o exportador apresente os documentos
comprobatórios da exportação.
Na liquidação do contrato e ACE, a moeda estrangeira utilizada tem que ser a do importador,
conforme documentos de exportação apresentados na contratação do câmbio.
O exportador recebe o adiantamento em reais na data da contratação do câmbio D-O ou em
D-1 ou D-2, conforme a sua preferência. O adiantamento é feito por meio de crédito em conta
corrente do exportador no banco financiador, após a assinatura do contrato de câmbio.
Caso o exportador não consiga cumprir os prazos preestabelecidos nos contratos de ACC/ACE,
é possível regularizar a operação por meio de prorrogação ou cancelamento do contrato.
Pela contratação do ACC/ACE, o exportador trava a taxa de câmbio e se protege da variação
cambial.
O exportador também pode se beneficiar ao contratar o ACC/ACE, quando a taxa de câmbio
está valorizada.
Não há incidência de IR e IOF nas operações de ACC/ACE, desde que sejam liquidadas dentro
do prazo estabelecido em contrato.
O conhecimento das características apresentadas é fundamental para a formulação do
planejamento financeiro da empresa. A empresa exportadora precisa estar preparada, caso tenha de
recorrer aos financiamentos de exportação.
TEMA 4 – GARANTIAS UTILIZADAS EM ACC E ACE
Quando a instituição financeira libera recursos para uma empresa, seja por meio de empréstimo
ou financiamento, procura diminuir ao máximo os riscos envolvidos na operação de crédito.
Primeiramente, a instituição financeira verificará a capacidade econômico-financeira por meio de
uma análise de crédito da empresa, para depois estabelecer o limite de crédito disponível aocliente.
Porém, mesmo que a empresa tenha um limite de crédito aprovado, com uma boa classificação de
risco, ainda existe a possibilidade de que cliente não honre o compromisso de uma possível dívida na
data acordada.
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Para eliminar o risco de crédito, a instituição financeira condicionará a liberação de recursos em
contrapartida à vinculação de garantia fornecida pelo financiado.
Tavares (2014, p. 222) confirma a necessidade de que o financiado apresente garantias ao
financiador.
As garantias representam a vinculação que assegurem a liquidação da operação de crédito. Ao
analisar as alternativas de empréstimos e financiamentos, a empresa deve levar em consideração a
necessidade de oferecer garantias às instituições financeiras. A exigência de garantias pode
encarecer a operação de crédito ou, em alguns casos, requer que os sócios comprometam parte de
seu patrimônio particular.
No caso do ACC e do ACE, não é diferente, pois a instituição financeira financiadora exigirá do
exportador garantias para se resguardar de uma possível inadimplência da empresa financiada.
Para a instituição financeira, a garantia é um atributo acessório à operação de financiamento. O
objetivo do banco é receber o valor financiado nos prazos acordados. Já para a empresa financiada, a
garantia constituída aumenta o compromisso de honrar a dívida.
A instituição financeira, ao estabelecer a garantia para o financiado, cumpre dois critérios
principais: liquidez e suficiência.
A liquidez representa o tempo ao longo do qual a garantia pode ser convertida em dinheiro. Por
exemplo, a carteira de cobrança ou uma aplicação financeira apresentam alta liquidez. Já um imóvel
oferecido em hipoteca tem baixa liquidez.
O termo suficiência está relacionado ao valor da garantia, que deve ser o suficiente para cobrir a
dívida e todos os encargos relacionados à operação de financiamento.
No ACC, em geral, os bancos trabalham com dois tipos de garantias: a pessoal e a real.
A garantia pessoal, ou fidejussória consiste na obrigação de que o coobrigado, pessoa física,
honre a dívida com recursos provenientes do seu património, caso a empresa financiada (devedora)
não o faça. São exemplos de garantias pessoais: aval, fiança, caução.
A garantia real ocorre quando o ativo oferecido em garantia fica vinculado à operação de
financiamento. O bem colocado em garantia não pode ser negociado enquanto a dívida não for
liquidada. São exemplos de garantias reais: penhor, hipoteca e alienação fiduciária.
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Podem ser aceitas, ainda, outras garantias emitidas no exterior, como carta de crédito standby,
aval ou fiança bancária.
Para os financiamentos realizados por meio do ACE, além das garantias utilizadas no ACC,
podem ser aceitas as garantias de carta de crédito e de seguro de crédito à exportação.
A carta de crédito, segundo Fontes (2020, p. 143):
A carta de crédito, em inglês, letter of credit ou L/C, é uma modalidade de pagamento muito
difundida e utilizada no comércio internacional na aquisição de bens e mercadorias. Constitui-se de
um contrato, por escrito, emitido por um banco geralmente no país do importador, considerado o
“banco emissor”, com o aval de outro banco no país do exportador, sendo o “banco avisador” em
nome de um “beneficiário”, que é o exportador, por solicitação e devidas instruções de um
importador denominado “tomador”.
Na prática, a carta de crédito é aceita como garantia porque o banco financiador do ACE tem o
respaldo do banco emissor. O banco emissor tem o compromisso de honrar o pagamento ao
exportador, mesmo que o importador não o faça. Dessa maneira, a carta de crédito é uma garantia
de alta liquidez, desde que os procedimentos de embarque da mercadoria sigam as instruções da
carta de crédito.
O seguro de crédito à exportação é outra opção de garantia para o ACE. A seguradora de crédito
indeniza o exportador caso o importador não realize o pagamento. Fontes (2020, p. 138) descreve: “O
Seguro de Crédito à Exportação, também conhecido como SCE, é uma maneira de o exportador se
resguardar quanto aos riscos inerentes ao recebimento do pagamento do exterior, no caso de o
comprador não honrar com seus compromissos previamente acordados”.
Considerando que o SCE é aceito como garantias pelas instituições financeiras, reconhecemos
que ele facilita o acesso a financiamentos, como ACE, BNDES/EXIM e PROEX. De modo similar à
garantia da carta de crédito, os bancos ficam mais confortáveis em receber a garantia do SCE. Se o
importador não efetua o pagamento, a seguradora de crédito indeniza o banco financiador, uma vez
que o exportador, ao contratar o ACE com a garantia do SCE, inclui na apólice de seguro uma
cláusula que estabelece que o banco financiador é o beneficiário.
Portanto, para liberar qualquer financiamento, em regra geral, as instituições financeiras exigem
do financiado uma vinculação de garantia. Cabe à empresa exportadora oferecer a opção mais
adequada ao tipo de operação.
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TEMA 5 – LETRA DE CÂMBIO
A letra de câmbio é um documento de uso internacional nas operações comerciais. Borges
(2017, p. 72) contextualiza o uso da letra de câmbio: “Equivalente a uma duplicata utilizada no
mercado interno, a letra de câmbio é emitida pelo exportador (sacador) contra o importador
(sacado). O Sacado deverá pagar o valor ao beneficiário indicado no próprio documento em data e
local especificados”.
A letra de câmbio é encaminhada com os demais documentos representativos da exportação, a
pedido do exportador, para o banco indicado pelo importador. A carta de cobrança, ou borderô de
cobrança, estabelece como o banco do importador pode liberar os documentos ao sacado: se a
exportação for feita com pagamento à vista (letra de câmbio à vista), o importador recebe os
documentos para liberar a mercadoria, mediante o pagamento do valor especificado na letra de
câmbio. Se a exportação for feita com pagamento a prazo (letra de câmbio a prazo), o importador
retira os documentos para liberar a mercadoria mediante aceite na letra de câmbio. Ou seja, o
importador, a partir do seu aceite, reconhece a dívida e o fato de que a letra de câmbio deve ser
paga ao sacador (exportador) na data e no local especificados. Se o importador não realizar o
pagamento na data acordada, o exportador pode solicitar o protesto da letra de câmbio.
Para garantir que tudo isso ocorra no mercado global, o Decreto n.  57.663, de 24 de janeiro de
1966, promulgou os temas acordados nas Convenções Internacionais, para uniformizar o uso de
letras de câmbio e notas promissórias, com o objetivo de evitar situações contrárias, por conta das
várias legislações existentes nos países, considerando como as letras de câmbio são negociadas.
Dessa maneira, visa padronizar e garantir maior segurança às operações de comércio internacional.
Consta no Anexo I do referido Decreto (Brasil, 1966) a forma de emissão da letra de câmbio:
A palavra "letra", no próprio texto do título, expressa na língua empregada para a redação
desse título.
O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada.
O nome daquele que deve pagar (sacado).
A época do pagamento.
A indicação do lugar em que o pagamento deve ser efetuado.
O nome da pessoa a quem (ou à ordem de quem) deve ser paga.
A indicação da data em que (e do lugar onde) a letra é passada.
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A assinatura de quem passa a letra (sacador).
Não é considerada uma letra de câmbio quando não constam algum dos requisitos
relacionados anteriormente, a não ser nas seguintes situações:
a letra de câmbio que não apresenta a informação da data de pagamento será
considerada pagamento à vista;
na falta de indicação especial para o local de pagamento, considera-se a praça (domicílio)do sacado;
na falta da indicação do local onde foi emitida a letra de câmbio, considera-se a praça
(domicílio) do sacador.
Figura 2 – Letra de câmbio
Legenda:
1. Número da letra de câmbio
2. Vencimento da letra de câmbio
3. Valor em moeda estrangeira
4. Local e data de emissão
5. Prazo de pagamento
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6. Beneficiário (sacador)
7. Documento que originou a letra de câmbio
8. Nome e endereço do sacado – importador (drawee)
9. Nome e assinatura do sacador – exportador (drawer)
10. O importador (sacado) deve dar o aceite no verso da letra de câmbio
Há outros detalhes que não foram mencionados. Assim, deixo como sugestão a leitura do
Decreto n. 57.663, que apresenta todas os aspectos relevantes à aplicabilidade do documento.
TROCANDO IDEIAS
Nesta etapa, definimos que o ACC e o ACE são financiamentos à exportação, formalizados por
meio do contrato de câmbio. São operações semelhantes, porém alguns pontos que as diferenciam.
Em relação à garantia fornecida pelo exportador, explique por que a carta de crédito não serve como
garantia para o ACC, e quais são as condições para que um banco aceite a carta de crédito no ACE.
NA PRÁTICA
Calcule o valor do deságio em dólares para o ACE contratado pela empresa Comex Ltda., com
base nas seguintes informações:
Valor da exportação: US$ 100.000,00
Condição de pagamento: 180 dias da data do embarque
Data do embarque: 10/04/202X
Vencimento: 10/10/202X
Contratação do ACE: 30/04/202X
Taxa de deságio: 5% a.a.
FINALIZANDO
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A linha de crédito em destaque nesta etapa foi a de adiantamento de cambiais entregues,
financiamento necessário às empresas exportadoras que vendem a prazo. Os exportadores têm a
vantagem de obter o financiamento a um custo interessante, o que garante maior competitividade
no mercado internacional. Com o ACE, o exportador aumenta a sua capacidade de venda e ainda
pode usar outras garantias não permitidas para o ACC. É o caso da carta de crédito e do seguro de
crédito à exportação. Porém, como acontece em qualquer linha de financiamento à exportação, é
fundamental que o exportador tenha o conhecimento de procedimentos, legislações relacionadas e
práticas de mercado.
GABARITO
O cálculo do deságio do ACE é igual ao ACC, com base na aplicação de juros simples. O prazo
entre 30/04/202X e 10/10/202X é de 163 dias.
Assim, o deságio é: (100.000,00 x 5 x 163) / 36.000 = US$ 2.263,89.
REFERÊNCIAS
BCB – Banco Central do Brasil. Circular n. 3.691, de 16 de dezembro de 2013. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 17 dez. 2013.
BORGES, J. T. Financiamento ao comércio exterior: o que uma empresa precisa saber. Curitiba:
InterSaberes, 2017.
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13/11/2022 17:12 UNINTER
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