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7 Efeitos de Nova Constituição e de Reformas Constitucionais

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EFEITOS DE NOVA CONSTITUIÇÃO E DE REFORMAS CONSTITUCIONAIS
Vacatio constitucionis
A doutrina aponta a possibilidade de existência de uma vacatio constitucionis, atribuída exclusivamente pelo constituinte originário, não podendo ser aplicada aquela disposta em legislação infraconstitucional (LINDB). O único exemplo em nossa história é o art. 34 do ADCT. 
Antinomias
Podem se dar de diferentes formas, tendo diferentes soluções:
1. Entre a nova constituição e a anterior: a nova revoga a anterior por ser feita pelo constituinte originário ilimitado e incondicionado. Resolve-se pelo critério cronológico, uma vez que a hierarquia e a especialidade são as mesmas. Esta revogação não precisa ser expressa na nova constituição, uma vez que ela é fruto de um poder político, fático. 
2. Entre a nova constituição e legislação infraconstitucional anterior: pode ser resolvida pela adoção de uma das seguintes teorias:
2.1 Simples revogação: usa o critério cronológico, considerando este conflito simples questão de direito intertemporal, sem questionar a validade/constitucionalidade da lei, mas sua vigência. Revoga-se (teoria da revogação), porém, apenas normas incompatíveis com a nova constituição, enquanto as compatíveis são recepcionadas (teoria da recepção). Tanto a recepção quanto a revogação não precisam ser expressas, não precisa haver uma análise e uma declaração pelo STF, ele pode ser solicitado, porém, quando a adequação ou não da norma antiga com a constituição nova não for clara. Esta revogação tácita ocorreu, por exemplo, com parte do estatuto do estrangeiro, que permitia a prisão de estrangeiro pelo ministro da justiça, enquanto a CF/88 só permite a prisão em flagrante ou por ordem judicial. O Código Penal, por sua vez, foi recepcionado. É a teoria adotada pelo STF que não aceita ADI de leis posteriores a 88, pois as anteriores são logo entendidas como revogadas. Desse modo, ressalta Queiroz que “decisão judicial que deixar de aplicar lei editada em data anterior à da constituição por considerá-la incompatível poderá ser submetida ao crivo do tribunal superior por meio de recurso especial, mas não por meio de recurso extraordinário”. É possível dizer que para a análise da inconstitucionalidade ou não o STF considera a lei a partir de seu “nascimento”, podendo ela apenas ter inconstitucionalidade “congênita”. Além disso, é possível que lei ordinária anterior seja materialmente compatível com a constituição, regule da mesma forma a mesma matéria, havendo apenas um problema de titularidade e natureza jurídica, solucionado ao se considerar complementar a referida lei, sendo possível também o contrário.
2.2 Inconstitucionalidade superveniente: propõe que a legislação anterior é inicialmente, diante de uma primeira constituição, constitucional e válida (uma vez que a norma encontra seu fundamento de validade na constituição). Tornaria-se inconstitucional e invalida com o advento da nova constituição. Desse modo, não se trata de um problema no plano do tempo, mas da validade. Ela pode ocorrer, além de nos casos de nova constituição (poder originário), por conta de reforma (poder reformador) ou mutação constitucional (poder revisional).
Queiroz também aponta a represtinação de uma constituição quando tiver sido apenas tacitamente revogada por outra, tendo esta sido revogada por uma terceira, e a sua recepção quando tiver sido formalmente, de maneira expressa, revogada pela segunda constituição.

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