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7 Novação, Compensação, Confusão e Remissão

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NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, CONFUSÃO, REMISSÃO
São sucedâneos do pagamento.
Novação
Ato que cria uma nova obrigação, destinada a extinguir a precedente, substituindo-a. Assim possui conteúdo extintivo em relação à obrigação antiga e gerador em relação à nova. Trata-se de modo extintivo não satisfatório, pois não produz a satisfação imediata do crédito como o pagamento, o credor não o recebe, mas adquire outro direito de crédito (objetiva) pu passa a exercê-lo contra outra pessoa (subjetiva).
Novação e renegociação 
Não se considera novação a simples renegociação contratual, dilação de prazo ou parcelamento do débito, que não exoneram os fiadores, por exemplo. Porém, considera-se novação a renegociação e consolidação da dívida quando houver agregação de elementos novos ao contrato, revelando uma descontinuidade do contrato anterior.
	Natureza jurídica 
É contratual, visto que sempre se opera em razão da vontade dos interessados, nunca por força de lei.
Súm. 286, STJ – Excepcionando-se a regra que não permite a discussão da dívida novada, os contratos bancários viciados extintos pela novação são passíveis de revisão, já que as nulidades não se convalidam com o tempo. A novação, assim como a renegociação da mesma dívida, a luz do princípio da função social, não impedem a rediscussão da validade do contrato, considerando-se também o abuso de direito cometido pelo credor e a onerosidade excessiva atribuída ao devedor.
Requisitos
- Existência e validade de uma obrigação anterior
Ela se extingue com a constituição da nova, que a substitui. Não podem ser objeto de novação obrigações nulas, extintas ou inexistentes, visto que não podem ser provadas ou extintas. Podem, porém, ser objeto de novação as simplesmente anuláveis, pois existem enquanto não rescindidas judicialmente, caso em que se terá sua confirmação (art. 172), o interessado renunciando ao direito de sua anulação.
Doutrina majoritária entende ser possível a novação em obrigação natural (art. 814, § 1º), visto que ela ganharia substrato jurídico no momento de seu cumprimento, em razão de as partes assim o desejarem, prevalecendo a autonomia da vontade. Da mesma forma, não haveriam obstáculos à novação de dívida prescrita, a prescrição podendo ser renunciada. Outra corrente sustenta sua impossibilidade, pois não se poderia revitalizar ou validar obrigação juridicamente inexigível.
- Constituição de nova dívida (aliquid novi)
Em substituição à anterior, que se extinguiu. 
- Elemento novo
Pode se referir ao objeto ou aos sujeitos. Visto que a novação exige diversidade substancial sobre o objeto ou os sujeitos de uma obrigação antiga. Não podem tais alterações ser secundárias, como exclusão de garantia e alongamento ou encurtamento de prazos.
- Ânimo/intenção de novar (animus novandi) – art. 361
Pode ser expresso ou tácito, devendo, neste último caso, resultar de modo claro e inequívoco das circunstâncias da estipulação. Na dúvida, entende-se que não houve novação, pois esta não se presume. Sem ele a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
Nesse caso, coexistem as duas dívidas, que, entretanto, não se excluem. Não ocorre novação, por exemplo, quando o credor simplesmente concede facilidades ao devedor, como dilatação do prazo, parcelamento do pagamento ou, ainda, modificação da taxa de juros, pois a dívida continua a mesma, apenas modificada em aspectos secundários.
- Capacidade e legitimação das partes
Espécies – art. 360
- Objetiva/ real - I
Havendo alteração no objeto da relação obrigacional, tornando-se outro que não seja imediatamente transferido, caso contrário se trataria de dação em pagamento. Quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior. Pode decorrer da mudança:
· No objeto principal da obrigação: como conversão de obrigação de pagar em prestação de serviços;
· Em sua natureza: como obrigação de dar substituída por de fazer;
· Na causa jurídica: quando alguém deve a título de adquirente e passa a dever a título de mutuário ou passa de mutuário a depositário do numerário emprestado.
- Subjetiva/pessoal – II e III
Havendo alteração nos sujeitos da relação obrigacional. Pode ser passiva (muda o devedor) ou ativa (muda o credor). A passiva pode se dar por:
· Expromissão (art. 362): sem consentimento do devedor, desde que o credor concorde;
· Delegação: com ordem ou consentimento do devedor. Caso seja extinta a obrigação original a delegação será perfeita. Porém, caso o credor aceite o novo devedor sem abrir mão de seus direitos contra o primeiro, não haverá novação e se terá uma delegação imperfeita, tratando-se de cessão de débito/assunção de dívida.
Já a ativa exige acordo de vontade entre todas as partes.
- Mista
Criação doutrinária, não mencionada no CC. Acontece quando a subjetiva e a objetiva ocorrem ao mesmo tempo, havendo sua fusão. É exemplo o pai assume dívida em dinheiro do filho (mudança de devedor), mas com a condição de pagá-la mediante a prestação de determinado serviço (mudança de objeto).
Para Gonçalves, porém, existem apenas duas formas de novação, visto que a subjetiva já engloba a mista, pois para que se caracterize a subjetiva, não basta a substituição dos sujeitos, sendo necessária a criação de nova relação obrigacional, sob pena de configurar-se cessão de crédito ou assunção de dívida.
Efeitos
· Extinção da dívida anterior/primeira obrigação;
· Perda, pelo credor, do direito de ação regressiva, contra o devedor originário se o novo devedor for insolvente, salvo se o originário obteve de má-fé a substituição, a insolvência correndo por conta e risco do credor - art. 363;
· Ineficácia da ressalva da hipoteca, anticrese ou penhor, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro, que não foi parte na novação;
· Extinção dos acessórios e garantias da dívida, na ausência de estipulação em contrário – art. 364;
· Exoneração dos devedores solidários que não participaram da novação, subsistindo as preferências e garantias do crédito novado somente sobre os bens do devedor solidário que contrair a nova obrigação, se operada entre o credor e um dos devedores solidários, visto que a solidariedade não se presume – art. 365;
· Exoneração do fiador, se for feita sem o seu consenso expresso com o devedor principal, visto que ela é obrigação acessória à principal, extinguindo-se se a principal se extinguir, como prevê o art. 364 – art. 366.
Compensação
Modo indireto de extinção especial das obrigações recíprocas (entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra), pelo qual duas obrigações existentes, em sentido inverso entre as mesmas pessoas, extinguem-se até o montante da menor – art. 368.
Espécies
- Legal, convencional/voluntária e judicial
· Legal: decorrente da observação dos pressupostos exigidos em lei, cujos efeitos operam automaticamente após a constituição do segundo crédito, de pleno direito, independente de convenção das partes, sendo irrelevante sua capacidade. O juiz apenas a declara, declaração que retroage à data da configuração da situação, inclusive quanto aos acessórios do débito. Porém não pode fazê-lo de ofício, cabendo ao interessado alegá-la. 
· Convencional/voluntária: decorrente de acordo de vontades das partes, que podem dispensar, suprir a falta de qualquer de seus requisitos, ocorrendo quando o caso não se encaixar em nenhuma das hipóteses legais. Pode também resultar da vontade de apenas uma das partes, como quando o credor de dívida vencida, que é reciprocamente devedor de dívida vincenda, pode abrir mão do prazo que o beneficia e compensar uma obrigação com outra, ocorrendo a compensação facultativa.
· Judicial: determinada pelo juiz nos casos permitidos em lei, em que se acham presentes os pressupostos legais. Ocorre principalmente nas hipóteses de procedência da ação e também de reconvenção, onde autor e réu cobram um do outro.
- Total e parcial
· Total: se as duas obrigações forem de igual valor;
· Parcial: se forem de valores diferentes, havendo uma espécie de desconto, abatem-se até a concorrente quantia. O efeito extintivoestende-se aos juros, penhor, garantias fidejussórias e reais, cláusula penal e aos efeitos da mora, pois, cessando a dívida principal, cessam, da mesma forma, seus acessórios e garantias.
Se, por exemplo, José é credor de João da importância de R$ 100.000,00 e este se torna credor do primeiro de igual quantia, as duas dívidas extinguem-se automaticamente, dispensando o duplo pagamento. Neste caso, temos a compensação total. Se, no entanto, João se torna credor de apenas R$ 50.000,00, ocorre a compensação parcial.
Requisitos
Aplicam-se à legal e à convencional:
I. Reciprocidade de débitos
Entre as mesmas partes. O terceiro não interessado, por exemplo, embora possa pagar, não pode compensar a dívida com eventual crédito que tenha em face do devedor. É exceção a figura do fiador, que, como terceiro interessado, pode alegar compensação em seu favor (art. 371). Da mesma forma, a compensação só pode extinguir obrigações de uma parte em face da outra, e não obrigações de terceiro para com alguma delas (art. 376), nos contratos com estipulação em favor de terceiro. Assim, quem se obriga (seguradora, por exemplo) em favor de terceiro (beneficiário) não lhe paga o que lhe prometeu, mas, sim, o que prometeu ao estipulante (contratante), é em virtude de obrigação contraída com este que a seguradora realiza o pagamento ao terceiro, não havendo reciprocidade entre a seguradora e o beneficiário.
I. Liquidez das dívidas
Somente se compensam dívidas cujo valor seja certo e determinado (art. 369), não se compensando aquelas com créditos a serem levantados, por exemplo.
II. Exigibilidade atual das prestações
Somente se compensam dívidas vencidas (quando a termo), após o implemento da condição (quando condicionais) e após a escolha (quando alternativas).
III. Fungibilidade dos débitos
Somente se compensam débitos fungíveis, homogêneos, de mesma natureza, do gênero e qualidade quando especificada, não bastando que tenham por objeto coisas fungíveis (art. 370), devendo se proceder à escolha se o objeto for coisa incerta ou alternativa. Assim, por exemplo, dívida em dinheiro só se compensa com outra dívida em dinheiro, e dívida de entregar sacas de café só se compensa com outra dívida de entregar de sacas de café. Não se admite a compensação de dívida em dinheiro com dívida em café.
IV. Ausência de renúncia prévia de um dos devedores
A renuncia deve ocorrer depois da constituição do débito e antes da presença dos demais requisitos da compensação, quando ela já estará concretizada. Mesmo assim, qualquer um dos devedores pode renunciar a seus efeitos, respeitando os direitos de terceiros.
V. Ausência de estipulação entre as partes excluindo a possibilidade de compensação
Possibilitada pelo art. 375.
VI. Dedução das despesas necessárias à operação: quando as duas dívidas não forem pagáveis no mesmo lugar;
VII. Observância das regras sobre imputação do pagamento, havendo vários débitos compensáveis;
VIII. Ausência de prejuízo a terceiros: assim, o devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste por terceiro, não pode opor ao exequente a compensação, de que contra o próprio credor disporia – art. 380.
Dívidas não compensáveis
Em alguns casos não se admite compensação. A exclusão pode ser:
- Convencional – art. 375
· Bilateral: credor e devedor excluem-na;
· Unilateral: renuncia prévia de uma das partes.
- Legal
Em regra, a diferença na causa das dívidas a serem compensadas (como uma ser fruto de mútuo e a outra de compra e venda) não impede sua compensação. Porém, o art. 373 traz exceções:
I. Se provier de esbulho, furto ou roubo: por razões de ordem moral, pois se tratam de atos ilícitos de caráter doloso. Assim, aquele que emprestou a outrem importância em dinheiro e lhe furtou, mais tarde, quantia do mesmo valor do empréstimo, por exemplo, não poderá eximir-se ao cumprimento da obrigação de restituir o montante subtraído por compensação com o seu crédito. Porém, nada justifica que a compensação não possa aproveitar à vítima;
II. Se uma se originar do comodato, depósito ou alimentos: por conta da causa do contrato, depósito e comodato baseando-se em confiança mútua, somente se admitindo o pagamento mediante restituição da coisa depositada ou emprestada, não desaparecendo a obrigação de restituir. A possibilidade de compensação é afastada pela infungibilidade das coisas a serem restituídas, que são certas. No caso específico do depósito, o art. 638 apresenta exceção, permitindo a compensação se noutro depósito se fundar, sendo as partes depositantes e depositários recíprocos. Já as dívidas alimentares não podem ser compensadas pois sua satisfação é indispensável para a sobrevivência do alimentando;
III. Se uma for de coisa não suscetível de penhora: como crédito proveniente de salários, visto que a compensação pressupõe dívida judicialmente exigível, sobre as impenhoráveis inexistindo poder de disposição. Entretanto, tal disposição tem sido flexibilizada pelo STJ.
Quanto à qualidade dos devedores recíprocos, o art. 374 permitida a compensação de dívidas fiscais e parafiscais, porém foi revogado. Além disso, não se admite compensação em prejuízo do direito de terceiro.
Compensação nas obrigações solidárias
O devedor solidário só pode compensar com o credor o que este deve a seu coobrigado, até o equivalente da parte deste na dívida comum. Considera-se, assim, o princípio da reciprocidade. Desse modo, se o credor cobra, por exemplo, R$ 90,00 do devedor solidário “A”, este pode opor a compensação com aquilo que o credor deve ao coobrigado “C”: R$ 50,00, por exemplo. Como, no entanto, a quota de cada devedor solidário (“A”, “B” e “C”) na dívida comum é R$ 30,00 (R$ 90,00 dividido por três), a compensação é circunscrita a esse valor (R$ 30,00), pois cessa a reciprocidade das obrigações no que o exceder. Assim, o coobrigado “A”, ao ser cobrado, pagará ao credor somente R$ 60,00 (R$ 90,00 menos R$ 30,00).
Compensação na cessão de crédito
Art. 377 – “O devedor que, notificado, nada opõe à cessão de direitos, que o credor faz a terceiros, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente”. Isto pois a extinção das obrigações em razão da compensação retroage à data em que foram cumpridos os requisitos para tal. 
Não tendo o devedor notificado se manifestado contrariamente ||à cessão, renunciando tacitamente ao direito a ela, se operará a cessão e o credor passará a ser devedor do cessionário e continuará sendo credor do cedente. Se, porém, a cessão não tiver sido notificada ao devedor, poderá este opor ao cessionário a compensação com um crédito que tivesse contra o primitivo credor, apenas se tiverem sido cumpridos os requisitos para tal antes da cessão.
Desconto das despesas
O art. 378 autoriza o desconto das despesas ocorridas em compensação de débitos quando estes forem pagáveis no mesmo lugar. A distinção entre os lugares da prestação pode gerar, para uma das partes, despesas de transporte, de expedição ou relativas à diferença de câmbio, por exemplo. Embora estes derivem de fato lícito, surge o dever de indenizar, como expressão da justiça comutativa.
Aplicação das regras para a imputação do pagamento
Determinada pelo art. 379, quando houver pluralidade de débitos suscetíveis de compensação. Assim, deverá o devedor indicar a dívida que pretende que seja compensada, caso contrário sendo feita pelo credor, e, este não o fazendo, seguindo a ordem apresentada pelo art. 355, atinente a imputação do pagamento.
Confusão
Art. 381 - Reunião, em uma única pessoa e na mesma relação jurídica, da qualidade de credor e devedor. Extingue a obrigação porque ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor demanda contra si próprio.
Não exige manifestação da vontade, mas simples verificação da situação mecionada. Pode decorrer de ato inter vivos (como cessão de crédito) ou causa mortis (como o herdeiro ser credor oudevedor do falecido). Neste ultimo caso, se forem vários os herdeiros, o devedor coerdeiro ficará liberado unicamente da parte concorrente entre sua quota hereditária e sua dívida com o de cujus.
Espécies – art. 382
· Total/própria: diz respeito à dívida toda;
· Parcial/imprópria: diz respeito a apenas parte da dívida.
Neste último caso, “a confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade” – art. 383.
Requisitos
· Unidade da relação processual;
· União, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor;
· Ausência de separação de patrimônios.
Efeitos
Extingue-se a obrigação principal e seus acessórios. Entretanto, a obrigação principal subsiste caso a confusão opere-se em obrigação secundária. Por exemplo, se houver confusão entre fiador e devedor, desaparece a garantia, porque deixa de oferecer qualquer vantagem para este, mas subsiste a obrigação principal.
Cessação da confusão
Em geral, o restabelecimento ocorre porque transitória a que gerou a confusão ou porque adveio de relação jurídica ineficaz. Por exemplo, no caso de abertura da sucessão provisória em razão da declaração de ausência e posterior aparecimento ausente ou renúncia da herança. Nestas hipóteses, não se pode falar que a confusão efetivamente extinguiu a obrigação, mas que somente a neutralizou ou paralisou até ser restabelecida por um fato novo333. Para Pontes de Miranda, trata-se não de uma “ressurreição do crédito” que foi extinto, e sim de uma “pós-ineficacização da confusão”.
Art. 384 - Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior.
Remissão
Liberalidade do credor, consistente em dispensar o devedor de pagar a dívida. É o perdão da dívida, é espécie do gênero renuncia: a renúncia é unilateral, enquanto a remissão é convencional por depender de aceitação, a renúncia sendo mais ampla por poder incidir sobre direitos pessoais de natureza não patrimonial, enquanto a remissão é peculiar aos direitos creditórios.
Art. 385 - A remissão, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Assim, considerando seu caráter contratual, são suscetíveis de remissão todos os créditos independentemente de sua natureza, desde que só visem interesse privado do credor e a remissão não contrarie interesse público ou de terceiro.
A remissão pode ser concedida sob condição (suspensiva) ou a termo inicial, casos nos quais o efeito extintivo só se dará quando implementada a condição ou atingido o termo. A remissão com termo final significa, porém, para Von Tuhr, nada mais do que a concessão de prazo para o pagamento.
Requisitos 
Em razão de sua natureza contratual, exigem-se:
· Capacidade de alienar do remitente e capacidade de adquirir do remitido;
· Aceitação expressa ou tácita do devedor, que pode recusá-la e consignar o pagamento.
Modalidades 
- Quanto à forma
· Expressa: declarada pelo credor, firmada por ato escrito, em instrumento público ou particular;
· Tácita: decorrente do comportamento do credor incompatível com esta qualidade, em atos como aceitar quantia inferior à devida ou destruir o título na presença do devedor. Deve, porém, apresentar inequivocamente a intenção liberatória, bem como não deve ser deduzida da mera inércia ou tolerância do credor, salvo nos casos excepcionais de aplicação da supressio, como decorrência da boa-fé. Assim, por exemplo, se uma prestação for incumprida (não cumprida) por largo tempo, o crédito, por sua própria natureza, exige cumprimento rápido;
· Presumida: derivada expressamente da lei.
Ela é presumida pela lei em dois casos:
· Pela entrega voluntária do título da obrigação, por escrito particular (art. 386): pelo credor ou seu representante, não terceiro. Prova também a desoneração do devedor e seus coobrigados;
· Pela entrega do objeto empenhado (art. 387): também devendo ser feita pelo redor ou seu representante, não se tratando de mera entrega. Prova renúncia à garantia real apresentada pelo objeto empenhado, não extinguindo à dívida.
- Quanto ao objeto
· Total: se tiver por objeto a completa extinção da obrigação;
· Parcial: se tiver por objeto apenas parte da dívida.
Remissão em caso de solidariedade passiva
Art. 388 – “A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente, de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida”. Trata-se de remissão pessoal ou subjetiva. 
Art. 262 - Sendo indivisível a obrigação, “se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente”.

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