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6 Vencimento e Pagamento

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São atos de constituição do crédito cambiário:
· Saque: criação ou emissão de títulos
· Aceite: concordância com os termos, obrigatório na duplicata
· Endosso;
· Aval: garantia pessoal do titulo de crédito
Vencimento
É o momento a partir do qual a importância que o titulo representa pode ser exigida, possibilitando o ajuizamento da ação de execução (art. 43, LUG), servindo de termo inicial para a incidência de juros de mora (1% ao mês - art. 48, LUG) e do prazo prescricional contra os devedores diretos (art. 70, LUG), além de possibilitar o deposito judicial do valor devido caso ele não seja cobrado (art. 42, LUG e art. 20, decreto 2.044/1908 – letra de cambio).
O cheque se considera vencido em sua data de apresentação. Já os outros títulos possuem sua data de vencimento. 
- Espécies de vencimento
Não são admitidos vencimentos sucessivos, devendo haver apenas um, também não sendo possíveis vencimentos condicionais ou imprecisos, devendo ser possível determinar precisamente o dia do vencimento, o que pode ocorrer de 4 formas (vencimento ordinário):
1. Ordinário: Pode ser:
1.1 Determinado decorrente da manifestação de vontade do sacador/emitente (arts. 33, 72 e 76 LUG). Na ausência de disposição consideram-se a vista. Pode ser:
1.1.1 Com data certa: indicado no título o dia, mês e ano do vencimento. A data estipulada no titulo não dispensa sua apresentação;
1.1.2 A tempo/termo certo da data: o vencimento se dá em prazo indicado no titulo, contado a partir da emissão/saque, conforme art. 36, LUG. Nessa contagem, não se inclui o dia da emissão, iniciando­se a contagem pelo primeiro dia útil posterior.8 As expressões oito dias ou 15 dias entendem­se não como uma ou duas semanas, mas como um prazo de oito ou 15 dias efetivos. A expressão meio mês também deverá ser entendida como um prazo de 15 dias. Nos casos de prazos em semanas, em meses ou em anos, o vencimento se dará no dia equivalente da semana, mês ou ano do pagamento. Assim, se o título, emitido em 25 de abril de 2008 (sexta­feira), tiver vencimento fixado em cinco semanas da data, ele será exigível no dia 30 de maio de 2008 (a sexta­feira da quinta semana). No caso de prazo em meses, se o vencimento cair em dia inexistente (31 de fevereiro), considera­se vencida a letra no último dia do mês correspondente.
1.2 Indeterminado: depende da manifestação de vontade do portador, apresentando o titulo ao sacado da LC ou emitente da NP, para que o vencimento fique determinado, conforme art. 5, LUG. Pode ser:
1.2.1 À vista: o vencimento se dá no momento da apresentação pelo portador ao sacado se este aceitar ou ao emitente/sacador se não há aceite, tornando-se o título igualmente, conforme art. 44, LUG. Esta apresentação deve ocorrer dentro de um ano, a contar da data do saque/da emissão (arts. 34, 2 e 76, LUG). Se a apresentação ou protesto não ocorrer no prazo, conforme art. 53, LUG, o portador perdeu os seus direitos de ação contra todos menos o aceitante. Se não houver apresentação ao aceite no prazo estipulado pelo sacador, o portador perdeu os seus direitos de ação, tanto por falta de pagamento como por falta de aceite, a não ser que dos termos da estipulação se conclua que o sacador apenas teve em vista exonerar-se da garantia do aceite. A não apresentação da letra no prazo não extingue o direito de crédito do tomador, mas apenas implica a perda do direito contra os obrigados indiretos no título.
1.2.2 A tempo/termo certo da vista (art. 35, LUG): o vencimento se dá em prazo indicado no titulo, contado a partir do aceite (ou do protesto na ausência deste, que é, em ultima analise, o dia da vista do titulo pelo sacado, ou mesmo no ultimo dia para apresentação para o aceite), sendo necessária a apresentação.
2. Extraordinário/antecipado: evento que gera vencimento antes do prazo determinado, decorrente de fatos anormais, estranhos à normalidade da cambial (art. 19, II, decreto 2.044/1908, Lei Saraiva) e (art. 43, LUG).
- Vencimento antecipado
Conforme art. 43, LUG, o vencimento pode ocorrer antes da data ou evento previsto diante da recusa total ou parcial do aceite (pois isto demonstra que o devedor não tem a intenção de cumprir a obrigação assumida) ou falência do sacado/aceitante (pois ele perderá a administração dos seus bens e não poderá efetuar pagamentos, que deverão obedecer à ordem de preferência estabelecida legalmente, o que exige que as obrigações sejam exigíveis, hipótese na qual é desnecessário o protesto, sendo suficiente a apresentação da sentença de falência - art. 44, LUG).
· Quebra do devedor principal: vencimento antecipado da dívida; opção: habilitar o crédito na falência; ou, cobrar dos codevedores;
· Quebra de codevedor: credor pode habilitar-se no processo de falência do codevedor; não poderá executar os demais obrigados, pois a dívida não venceu.
Pagamento
Extingue uma, algumas ou todas as obrigações nele mencionadas, dependendo de quem o realiza.
Pode ser:
· Extintivo: feito pelo devedor direto, como o aceitante, extinguindo a vida útil do titulo, não podendo o pagador exercer qualquer direito com base nele;
· Recuperatório: feito pelo devedor indireto, gerando seu direito de regresso contra os obrigados anteriores, extinguindo a obrigação dos devedores posteriores.
A cadeia de anterioridade-posteridade dos devedores cambiais segue os seguintes critérios, devendo o credor buscar os sujeitos nesta ordem:
1. Devedor principal, como o sacado/aceitante, é o primeiro;
2. Sacador e endossantes se localizam pelo critério cronológico;
3. Avalista é o devedor imediatamente posterior ao avalizado.
- Prazo para apresentação
O título deve ser apresentado, ao aceitante, para pagamento, no dia do vencimento. Se o título vence num dia não útil, a apresentação deve ser feita no primeiro dia útil seguinte. O descumprimento do prazo não gera penalidades para o credor, sendo importante apenas para determinar o inicio do prazo para protesto, cuja desobediência, esta sim, pode ser prejudicial, a não ser que o título contenha cláusula sem despesas, que dispensa o protesto, de modo que inobservância do prazo de apresentação para pagamento implica na perda do direito de cobrança, conforme art. 53, LUG.
- Cautelas no pagamento
Em razão do principio da literalidade é necessário exigir a quitação no próprio título. Além disso, em razão do princípio da carturalidade é indispensável a entrega do título para o direito de regresso ou, ao menos, impedir a circulação do título. É dever do devedor conferir a regularidade dos endossos antes do pagamento (art. 40, LUG).
Entende Coelho, porém, que atualmente estas garantias não são mais exigíveis, em razão da desmaterialização dos títulos, impossibilitando que o devedor seja prejudicado se o credor usou o sistema financeiro para a cobrança. Por exemplo, não é possível a contra-entrega do título ao devedor que paga a banco por meio de guia de compensação, que o permite pagar em qualquer agencia, de qualquer banco, impossibilitando a devolução do titulo. 
- Efeitos
Se o devedor principal o realiza são extinguidas todas as obrigações, porém, se for feito por 1 endossante, este extingue parcialmente a obrigação e havendo outros devedores pode haver o direito de regresso por parte do credor contra o endossante e o devedor principal.

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