Buscar

14 Crimes Ambientais 2 - Tipos Penais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CRIMES AMBIENTAIS – TIPOS PENAIS
Em decorrência da adoção da teoria do risco e da transversalidade o direito ambiental, é característico dos crimes ambientais a existência de muitos crimes de perigo abstrato, de modo que o risco de dano não precisará ser comprovado, em apenas alguns casos exigindo-se o perigo concreto. Muitos argumentam que se trata de uma forma indireta de estabelecer uma presunção absoluta, dificultando a possibilidade de exoneração do agente, gerando uma violação á presunção de inocência. 
Todavia, a presunção absoluta é permitida mesmo no direito penal clássico, fazendo parte da estrutura da norma jurídica. Assim, doutrina majoritária entende que, o dano ambiental, uma vez consumado, afeta de tal modo o ambiente, o bem-estar e a proteção das gerações atuais e futuras, que dificilmente todas as características primitivas do recurso natural podem ser recompostas. Por essa razão, o direito precisa se orientar à prevenção e minimização do dano, não sendo possível esperar que ele ocorra.
Uma crítica possível é que há quase uma identidade entre os crimes ambientais e as infrações administrativas previstas em decreto. Isso não faria sentido diante do caráter subsidiário do direito penal, que só deveria ser aplicado quando os outros ramos do direito não fossem suficientes. Essa identidade de condutas indicaria um excesso de criminalização ou uma insuficiência nas infrações administrativas.
O professor defende que houvesse uma menor presença do direito penal e um maior rigor nas infrações administrativas, através, por exemplo, da imputação de multas maiores. 
Crimes contra a fauna
Caça predatória
Art. 29 – “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa”.
É crime de ação múltipla/conteúdo variável, atingindo a caça e formas assemelhadas a ela. 
Seu objeto material é a fauna silvestre. § 3° - “São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras”. Espécies nativas são as daquela região, pertencentes àquele habitat. Espécies migratórias são aquelas em rota migratória, que passam por ali, usa aquele espaço em suas migrações. 
Uma vez que o conceito de fauna silvestre fala em “quaisquer outras”, questiona-se se ele engloba animas exóticos – que são da fauna silvestre de outro lugar, não tem seu habitat ou rota migratória naquele local, tendo sido trazidos ali – e domésticos. Parte da doutrina entende que essas seriam objeto do crime de maus tratos, previsto no art. 32.
De acordo com a divisão de competências materiais trazidas pela CF, no contexto do federalismo cooperativo, cabe ao estado autorizar a caça. Porém, atualmente a caça não-predadória/amadorística/esportiva foi proibida pelo STF. É permitida apenas a caça:
· De controle: realizada quando a excessiva reprodução de uma espécie oferecer perigo ao controle ambiental;
· Científica: apanhando-se algum animal para realização pesquisas;
· Para subsistência: nos termos do art. 37, a caça para alimentação é excludente do crime.
- Figuras equiparadas
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I. Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
II. Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III. Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
- Perdão judicial
§ 2º - “No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena”. A guarda doméstica ocorre quando o sujeito mantém o animal em sua casa. Porém, não se trata de um direito subjetivo do réu, o juiz podendo fazê-lo ou não. A questão é controversa pois, por um lado, é necessário desestimular essas condutas, mas, por outro, existem condutas socialmente toleráveis, como quando ela não tem intuito de lucro.
- Causas de aumento de pena
§ 4º - A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I. Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração: são exemplos a arara-azul, o mico-leão-dourado e o tamanduá-bandeira;
II. Em período proibido à caça: isso já não se aplica uma vez que toda a caça é proibida;
III. Durante a noite: uma vez que nesse período a fiscalização é diminuída;
IV. Com abuso de licença;
V. Em unidade de conservação: espaço que tem proteção maior. Se a ação causar efetivo dano à unidade de conservação configurará o crime do art. 40, em concurso formal;
VI. Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa: é exemplo o uso de veneno.
§ 5º - A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
§ 6º - “As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca”, apenas à caça.
Exportação de peles e couros de anfíbios e répteis
Art. 30 – “Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”. Esse tipo existe uma vez que a exportação maciça de carne e couro de jacaré, por exemplo, levou a uma proliferação de piranhas, na região do Pantanal. Trata-se de tipo especial de contrabando, porém, com pena menor que a da sua modalidade genérica.
A falta de licença é elemento normativo.
Introdução de espécie exótica sem licença
Art. 31 – “Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”. Com isso se busca produzir o equilíbrio ambiental, que é colocado em risco quando se introduz em um ambiente uma espécie que ali não possui um predador natural. Foi o que ocorreu com os javalis no sul do país, os coelhos na Austrália e os castores na região da Terra do Fogo.
Essas condutas são crime de menor potencial ofensivo se não incidirem causas de aumento de pena.
Crueldade/maus-tratos contra animais
Art. 32 – “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”. 
É exemplo a rinha de galo, a vaquejada (após cuja proibição pelo STF não é possível alegar erro de proibição) e a farra do boi. Todavia, existe um elemento cultural atrelado a essas práticas que pode ser reconhecido para levar à sua permissão. Muitos defendem que os rodeios, por exemplo, se enquadrariam nesse caso. Observando-se, porém, as disposições da lei de rodeios, verifica-se a inexistência de tratamento cruel. Em teoria o touro seria estimulado apenas por cócegas. Porém, alguns apontam que não é apenas isso que ocorre, de modo que é possível a verificação, no caso concreto, de maus-tratos.
Também há polêmica no que diz respeito ao sacrifício de animais m religiões de matriz africana, em razão da liberdade religiosa e respeito intercultural envolvidos. O STF entendeu que não configura maus tratos o sacrífico de animais em rituais religiosos quando a religião tem uma doutrina, uma justificativa para isso.
Ademais, há a discussão sobre a permissão do uso de animais para fins de pesquisa científica quando houver recursos alternativos a isso. O Brasil caminha para a proibição dessa prática.
Por fim, esse dispositivo recebe críticas pois a pena prevista – 3 meses a 1 ano – é maior que a prevista ao crime de maus tratos contra pessoas (art. 36 do CP) – 2 meses a 1 ano. Porém, o tipo penal do CP é subsidiário,aplicando-se apenas quando outros tipos de pena mais grave (como lesão corporal e tortura) não se configurarem. Já em relação aos crimes de maus tratos contra animais, não existem outros tipos penais, com penas mais gravosas, tudo se encaixando nesse artigo. 
- Figura equiparada
§ 1º - Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 1º-A – “Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda”. Trata-se de mudança recente, que diz respeito aos animais domésticos mais comuns, mais próximos ao ser humano e que talvez não sobreviveriam so\inhos, aplicando-se pena mais alta por conta da consternação gerada.
- Causa de aumento de pena
§ 2º - “A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal”. Trata-se de hipótese de crime preterdoloso, quando a morte ocorre embora tenha sido desejada. Se ela tiver sido desejada haverá concurso com o crime do art. 29.
Crimes relacionados à pesca
- Provocação de perecimento da fauna aquática
Art. 33 – “Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente”. Se essa poluição atingir também a fauna não ictiológica (fora da água), haverá concurso formal com o crime do art. 54.
- Figuras equiparadas
Único - Incorre nas mesmas penas:
I. Quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;
II. Quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;
III. Quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
- Pesca proibida
Art. 34 - Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Figuras equiparadas
Único - Incorre nas mesmas penas quem:
I. Pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II. Pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
III. Transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
- Pesca utilizando explosivos ou substâncias tóxicas
Art. 35 - Pescar mediante a utilização de:
I. Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
II. Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
Nesse caso não há concurso de crimes, aplicando-se o princípio da especialidade. Por exemplo, se o sujeito simplesmente jogasse veneno no rio, estaria cometendo o crime do art. 33. Se fizer isso para pescar, estará cometendo o crime do art. 35, II.
O perigo é agravado nesses casos.
- Conceito de pesca
Art. 36 – “Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora”.
Por se falar em “ato tendente”, os crimes relativos à pesca não exigem resultado naturalístico, não são crimes materiais, mas crimes de período abstrato. Assim, basta o sujeito estar pescando para a configuração do crime, não sendo necessário que ele tenha pegado algum peixe. Assim, é difícil pensar em tentativa, sendo mais fácil identificar atos preparatórios, como o sujeito estar com a rede em seu carro. O ato de pegar o peixe é um pós-factum que pode ser considerado nas consequências do crime para fixação da pena base.
A regulamentação da pesca no âmbito do direito administrativo é feita pela Lei n.º 11.959/2009.
Excludentes 
Se aplicam à caça e à pesca.
Art. 37 - Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I. Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família: trata-se da caça para subsistência;
II. Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III. (VETADO)
IV. Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Crimes contra a flora
É preciso lembrar que crimes de dano sempre são principais em relação a crimes de perigo. 
Floresta
Inicialmente, é preciso distinguir (do dano menos grave para o mais grave):
1. Reserva legal: parte intocada, cujo tamanho varia de acordo com a região, que o agricultor deve deixar em sua terra. O dano a ela é crime previsto no art. 50;
2. Floresta: de acordo com o Código Florestal é formação arbórea densa, de alto porte, em área extensa. Seu conceito é elemento normativo. O dano a ela é criminalizado pelo art. 38;
3. Unidade de conservação: são espaços protegidos com maior ênfase. O dano a ela é criminalizado pelo art. 40, e é mais gravoso que o dano causado à floresta. Nos termos da Lei n.º 9.985/00, podem ser:
3.1 Unidades de conservação de uso sustentável: admitem um uso sustentável, inclusive aproveitamento econômico. São exemplos florestas nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna e as reservas de desenvolvimento sustentável;
3.2 Unidades de conservação de proteção integral: não admitem nenhum uso, nenhum aproveitamento. São exemplos parques nacionais, estações ecológicas, reservas biológicas e refúgios da vida silvestre. 
O dano a ambos os tipos de unidades de conservação é o mesmo pois foi vetado o art. 40-A que previa pena menor para os danos causados a unidade de conservação de uso sustentável. Porém, o fato de se tratar de uma unidade de conservação integral deve ser levado em consideração como circunstância judicial para fixação da pena do dano causado a ela em patamar mais elevado.
Art. 38 – “Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente”.
Único - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 41 – “Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa”. Assim, se a destruição ou dano for causada por incêndio, aplicar-se-á esse dispositivo. O crime do incêndio do art. 250 do CP recebe pena de 3 a 6 anos, mais gravosa, pois exige a exposição da vida ou integridade física ou patrimônio de outrem a perigo. Critica-se que o meio ambiente, enquanto bem comum do povo, estaria dentro do conceito de patrimônio de outrem, porém merecendo maior consideração que o patrimônio privado. Porém, entende-se que para a configuração do crime do CP o patrimônio afetado deve ser não-ambiental, caso contrário se aplica o tipo aqui analisado.
Único - Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 38-A - Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Vegetação primária é aquela natural, sem intervenção humana. Secundário é aquela que está em fase de regeneração depois de ter sofrido degradação. Embora a pena seja a mesma, não se trata de floresta.
Único - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 39 - Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Assim, se o dano ou danificaçãofor por corte esse dispositivo é aplicado em lugar do art. 38 pelo princípio da especialidade.
Art. 40 - Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274/90, independentemente de sua localização: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1º - Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
§ 2º - A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.
§ 3º - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 40-A - (VETADO)
§ 1º - Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
§ 2º - “A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena”. Trata-se de agravante específica, não genérica. Porém, isso só se aplica quando o dano não for intencional, pois se for dano doloso, ainda que eventual, haverá concurso formal com o art. 29.
§ 3º - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 42 – “Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente”. Trata-se de tipo de perigo, que representa a criminalização do ato preparatório típica do direito ambiental, que busca evitar o dano.
Art. 43 - (VETADO)
Art. 44 – “Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa”. Gera confusões a possibilidade de seu concurso com o crime do art. 55, prevalecendo o aqui presente quando se tratar de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, pelo princípio da especialidade. O 55 será aplicado em outros casos de extração mineral.
Quando houver comprovação do dano será aplicado o tipo do art. 38, que é de dano, em lugar deste, que é de perigo, pelo princípio da subsidiariedade tácita, não se aplicando o princípio da especialidade.
Se houver poluição prevalece o art. 54, que é crime de dano, também pelo princípio da subsidiariedade.
Art. 45 - Cortar ou transformar em carvão madeira de lei [madeira nobre], assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais: Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Caso se trate de floresta de preservação permanente se aplica o art. 39, considerando-se o fim de transformar em carvão para utilizar para exploração como circunstância judicial a ser levada em conta para a fixação da pena base em patamar mais elevado.
Art. 46 - Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Forma derivada do art. 45.
Único - Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.
Art. 47 - (VETADO)
Art. 48 - Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Isso se aplica mesmo ao sujeito que não tenha causado dano, como ao adquirente que já adquiriu um bem degradado pelo dono anterior.
Se esse impedimento ou dificuldade de regeneração for feito por uma construção o professor entende que há crime permanente, embora haja entendimentos no sentido de que é instantâneo de efeitos permanentes, o impedimento ocorrendo na hora da construção e o restante sendo pós-factum impunível. 
Art. 49 - Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Único - No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.
Art. 50 - Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Trata-se dos casos não abrangidos no art. 38 (não são florestas públicas ou de preservação permanente), florestas ou vegetação comum, não se aplica à reserva legal.
Art. 50-A - Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público [floresta pública] ou devolutas, sem autorização do órgão competente: Pena - reclusão de 2 a 4 anos e multa.
Frente ao conflito com o art. 40, entende-se que prevalece o art. 50-A pelo fim.
§ 1º - Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família.
 § 2º - Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 ano por milhar de hectare.
Art. 51 - Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 52 - Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Trata-se da criminalização do ato preparatório, antecipação da consumação. Assim, é crime de perigo, logo sendo subsidiário aos crimes do art. 29 e 40.
- Causas de aumento de pena
Art. 53 - Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:
I. Do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático: é difícil a prova da modificação do regime climático;
II. O crime é cometido:
a) No período de queda das sementes: pois isso afeta o ciclo natural da reprodução;
b) No período de formação de vegetações: pois elas ainda não atingiram pleno desenvolvimento;
c) Contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;
d) Em época de seca ou inundação;
e) Durante a noite, em domingo ou feriado.
Por serem causas de aumento de pena (terceira fase) não se aplicam eventuais agravantes correspondentes, como no caso de crime noturno, prevalecendo a causa de aumento de pena, que gera um aumento maior.
Poluição e equiparados
De acordo com a Lei n.º 6.938/81 (Lei da Política Ambiental Nacional) poluição é a degradação das condições do meio ambiente. Uma vez que o meio ambiente é conceito amplo, como já visto, isso engloba a poluição visual (com cartazes, faixas, violações a regulamentações nesse sentido), sonora (de acordo com resolução do CONAMA que trata das quantidades de decibéis tolerável de acordo com a região e cada situação), atmosférica (liberação de gases ou partículas, havendo resolução indicado qual os limites toleráveis), hídrica (das águas), térmica (mudança brusca de temperatura), do solo (tornando-o infértil), radioativa (mais grave de todas). 
Art. 54 - Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou adestruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Assim, há crime de perigo concreto, não de perigo abstrato, mas também não de dano, pois se houver dano efetivo será possível pensar na aplicação do princípio da subsidiariedade ou no concurso de crimes, a depender da situação.
§ 1º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
- Formas qualificadas
§ 2º - Se o crime:
I. Tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II. Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III. Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;
IV. Dificultar ou impedir o uso público das praias;
V. Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
- Forma equiparada
§ 3º - Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
É crime de perigo abstrato, por omissão na adoção de medidas de precaução. Quais medidas seriam essas é norma penal em branco, dependendo do que estiver estabelecido pela autoridade competente.
Art. 55 – “Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa”. Decorrência do princípio da precaução e prevenção – diferente do que ocorre na esfera privada, não é possível tudo que não é vedado, é necessário autorização em razão da possibilidade de dano, sendo necessário avaliar – através de estudos de impacto ambiental – se haverá dano ou não, e se não será concedida a licença ou licença.
Se isso ocorrer em floresta de domínio público ou área de preservação permanente aplica-se o art. 44. Se disso decorrer poluição aplica-se o art. 54, mais gravoso.
Único - Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.
Art. 56 - Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Esse dispositivo tem vários pontos de contato com o art. 15 da Lei n.º 7.802/89 que trata especificamente de agrotóxicos. Na modalidade importar e exportar aplica-se o art. 56, enquanto que nas demais se aplica o art. 15, pelo critério da especialidade, pois lá há previsão específica.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem:
I. Abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de segurança;
II. Manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
§ 2º - Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
§ 3º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 57 - (VETADO)
Art. 58 - Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:
I. De um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
II. De um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;
III. Até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Único - As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.
Art. 59 - (VETADO)
Art. 60 - Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 61 - Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural
Trata-se do meio ambiente urbano e cultural.
Art. 62 - Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I. Bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II. Arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
É crime de dano.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Único - Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Art. 63 - Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 64 - Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Se ocorrer dano prevalece o tipo do art. 40, pelo princípio da subsidiariedade.
Art. 65 - Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
Protege-se o meio ambiente urbano.
§ 1º - Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 meses a 1 ano de detenção e multa.
§ 2º - Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.
Crimes contra a administração ambiental
Art. 66 - Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 67 - Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Único - Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
São formas especiais de falsidade ideológica, feitas por funcionário público, sendo crimes próprios deste.
Art. 68 - Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
São crimes próprios de quem tem esse dever. Porém, precisa ser obrigação específica, não genérica.
Único - Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.
Art. 69 - Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 69-A - Elaborar ou apresentar, nolicenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.
Tipo especial de falso testemunho ou falsa perícia, não aplicando-se o art. 342 do CP.
§ 1º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
§ 2º - A pena é aumentada de 1/3 a 2/3, se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.

Continue navegando