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ADMINISTRAÇÃO APLICADA À SAÚDE DOS ALIMENTOS Cristiana Basso. Administração Aplicada à Produção de Alimentos Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz Diretor-presidente: Jânyo Diniz Diretor de Operações: Adriano Azevedo Diretor de M&A: Décio Lima Diretor de CSC: Joaldo Diniz Diretor Financeiro: João Aguiar Diretor de Relações com Investidores: Rodrigo Alves Diretora Acadêmica: Simone Bérgamo Diretor de Recursos Humanos: Wellington Maciel Diretora de Marketing: Magaly Marinho Diretor de EaD: Enzo Moreira Diretor de Pós-Graduação: Marcovan Porto Gerente de Operações de EaD: Walter Octaviano Gerente Acadêmica de EaD: Fernanda Furuno Coordenadora de Material Didático de EaD: Manuela Martins Edição (Design Instrucional): Paula Maria da Silva, Adriana Ferreira, Márcia Gouveia, Rebecca Freitas e Carlos Mello Revisão: Etevaldo Brasil e Sâmara Costa Projeto gráfico e diagramação: Sérgio Ramos, Mário Gomes e Tiago da Rocha Ilustração: Wictor Bernardo Basso, Cristina Administração Aplicada à Produção de Alimentos, Guia de Estudo: Recife: Grupo Ser Educacional, 2018. Administração Aplicada à Produção de Alimentos Apresentação da autora Cristiana Basso Graduação em Nutrição pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) (1997). Especialização em Nutrição Clínica pela Unijuí (2002). Mestrado em Ciência e Tecnologia dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) (2010). Atuação em Saúde Coletiva e Serviço Hospitalar no município de Campo Novo/ RS (1997-2001). Oficial Técnico Temporário no Exército Brasileiro, como Tenente Nutri- cionista no Hospital de Guarnição de Santa Maria/RS (2001- 2008). Professora-assistente, desde 2004, na Universidade Franciscana (UFN/Santa Maria/RS), atuando principalmente nas seguintes áreas: Gestão em Serviços de Alimentação, Técnica Dietética, Higiene dos Alimentos, Alimentação Escolar, Pesquisa e Inovação em Alimentos, Aproveitamento Integral de Alimentos, Nutrição e Saúde. Sumário Unidade 1 – Serviços de Alimentação 1.1 Classificação 1.2 Atribuições do Nutricionista 1.3 Nutricionista como Administrador 1.4 Nutricionista versus Mercado de Trabalho Unidade 2 – Planejamento Físico de Serviços de Alimentação 2.1 Legislação 2.2 Fatores que Influenciam o Planejamento e a Funcionalidade 2.3 Setores e Equipamentos do Serviço de Alimentação 2.4 Dimensionamento da Área Física 2.5 Projeto de Serviço de Alimentação Unidade 3 – Planejamento e Gerenciamento de Serviços Específicos 3.1 Setor de Saúde 3.2 Setor de Trabalho 3.3 Refeições Transportadas 3.4 Forças Armadas 3.5 Setor de Educação 3.6 Setor Comercial 3.7 Serviço de Bordo Unidade 4 – Gestão de Qualidade, Produtividade e Custo 4.1 Programa e Controle de Qualidade 4.2 Avaliação da Produtividade | Fluxos e Indicadores de Rendimento 4.3 Avaliação da Produção de Refeições | Processos e Desperdícios 4.4 Gestão de Custos Carta de boas-vindas ao estudante Prezado(a) estudante, Convidamos você a participar de forma bastante inspiradora e motivadora deste pro- cesso de aprendizagem que construiremos juntos. Com muita vontade de desfrutar nosso conhecimento, propomos andarmos em parceria nesse universo desbravador e nada monótono da administração aplicada à produção de alimentos. Enquanto profissionais da área de saúde, somos desafiados rotineiramente a nos inserirmos nesse mundo de inovações tecnológicas, tanto de produção e produto quanto de equipamento. Do mesmo modo, nos deparamos com funcionários e clientes mais exigentes e preocupados com sua satisfação, bem-estar e qualidade de vida. Dessa forma, está feito o convite para nos determos nas funções do Nutricionista dentro de um serviço de alimentação, lembrando sempre que nosso principal propósito deve ser atender a esses anseios de modo a pro- porcionar uma alimentação nutricionalmente adequada, segura quanto ao ponto de vista higiênico, sanitária e sensorialmente bem aceita e prazerosa. Assim, juntos, transcorre- remos assuntos que irão desde administração de serviços de alimentação, planejamento físico-funcional até gestão de qualidade, produtividade e custo. Esperamos que você faça bom proveito de todo esse conteúdo disponibilizado e, além disso, recomendamos que complemente seus conhecimentos com as referências bibliográficas sugeridas. Bons estudos! 9 Objetivos gerais da disciplina Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: l Conhecer e compreender as atribuições do Nutricionista que atua em serviços de ali- mentação l Participar de planejamento, implantação e execução de projetos, além de adequação de estrutura física de serviços de alimentação l Planejar e gerenciar serviços específicos da área de alimentação coletiva l Desenvolver controle de qualidade, produtividade e gerenciamento de custo. 1 Unidade 1 Serviços de Alimentação 2 Unidade 1 Objetivos da Unidade • Compreender a complexidade dos serviços de alimentação • Cumprir com êxito todas as obrigações elencadas ao cargo • Perceber a importância de fazer parte da equipe de planejamento físico dos serviços • Reconhecer seu potencial como gestor de serviços de alimentação. Contextualizando Pense na seguinte situação: alguns dias após comemorar o seu tão esperado título de Nutricionista, você é contratado para trabalhar em um serviço de alimentação, mais pre- cisamente em um restaurante comercial. No seu primeiro dia, você chega muito ansioso e talvez até um pouco receoso com o que irá encontrar e, então, a pergunta que não quer calar: por onde devo começar? Quais minhas atribuições dentro da empresa? Como devo começar? Reconhecer o local, fazer um diagnóstico inicial, estipular priori- dades, me entrosar com a equipe já formada, propor ferramentas de qualidade, fazer reuniões com a equipe, ser chefe ou líder de equipe, controlar custos, projetar o futuro da empresa, traçar metas? Entendendo os conceitos Serviço de alimentação (SA): estabelecimento onde o alimento é manipulado, preparado, armazenado e/ou exposto à venda, podendo ou não ser consumido no local. 3 Unidade de alimentação e nutrição (UAN): unidade gerencial do serviço de nutrição e dietética onde são desenvolvidas todas as atividades técnico-administrativas necessárias para a produção de alimentos e refeições, até a sua distribuição para coletividades sadias e enfermas, além da atenção nutricional a pacientes na internação e em ambulatórios. Alimentação coletiva: área de atuação do nutricionista que abrange o atendimento alimentar e nutricional de clientela ocasional ou definida, em sistema de produção por gestão própria ou sob a forma de concessão (terceirização). Empresa: toda organização particular, governamental, ou de economia mista, que pro- duza ou ofereça bens e serviços, com vista, em geral, à obtenção de lucros. Caro aluno, ao longo do texto será utilizada com maior frequência a nomenclatura serviço de alimentação (SA), estando inclusas nesse conceito tanto a unidade de ali- mentação e nutrição (UAN) quanto a unidade produtora de refeições (UPR), visto que a forma encontrada na legislação se refere normalmente a SA. Importante 1.1 Classificação Os SA podem ser classificados conforme a atividade realizada: l Alimentação em empresas: indústria, comércio e serviço l Alimentação em serviços de saúde: hospitais e spas l Serviço de bordo: refeições servidas em aviões, navios, trens, plataformas marítimas l Alimentação em instituições de educação ou alimentação escolar: ensino infantil, fundamental, médio e superior l Alimentação das Forças Armadas: Exército,Marinha, Aeronáutica e polícias militares l Alimentação comercial: restaurantes, bares, clubes, fast-foods, tele-entrega, hotéis, buffets, resorts com autosserviço e serviços de garçons (cafeterias e lanchonetes). Lawson (2011) divide os estabelecimentos nas seguintes categorias: l Restaurantes comerciais com autosserviço e serviços de garçons (cafeterias e lancho- netes) l Restaurantes de fast-food ou tele-entrega 4 l Hotéis e resorts l Bares, clubes l Operações terceirizadas (prestação de serviços de alimentação em estabelecimentos educacionais ou institucionais e para funcionários). A administração dos SA pode ser realizada por autogestão (autosserviço, em que a pró- pria empresa se responsabiliza por todo SA, envolvendo desde o planejamento físico-fun- cional, administração de recursos humanos, até implantação de rotinas e ferramentas de qualidade), ou terceirização conforme já mencionado. A seguir são mostradas as caracte- rísticas de cada modalidade de terceirização. l Administração de cozinha: a empresa terceirizada utiliza as instalações da beneficiá- ria para o preparo e a distribuição das refeições l Refeição transportada: a empresa terceirizada prepara a alimentação e a transporta até o local de trabalho l Cesta de alimentos: a empresa beneficiária adquire cestas de alimentos de empresas credenciadas no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) para o fornecimento aos seus funcionários l Alimentação-convênio (tíquete-alimentação): distribuição de tíquetes para aquisição de gêneros alimentícios em estabelecimentos comerciais credenciados (supermerca- dos e similares) l Refeição-convênio (tíquete-refeição): distribuição de tíquetes para compra de refei- ções prontas em estabelecimentos credenciados (restaurantes e similares). Os SA podem ser classificados conforme o sistema de distribuição das refeições. Para clientela sadia, há as seguintes opções: l Serviço de cafeteria: consiste em um mostrador de preparações dispostas em um balcão térmico. O cliente recebe uma bandeja e um funcionário serve as preparações de acordo com sua preferência l Serviço de bandeja: onde o comensal recebe a refeição em bandeja pronta, com embalagem inviolável. Muito usado em hospitais e instituições de longa permanência, onde os clientes não podem se deslocar para a refeição. O sistema apresenta como desvantagem o desperdício, pois não se leva em consideração as preferências e os hábitos alimentares dos comensais l Self-service: sistema mais encontrado em serviços de alimentação, com elevados padrões de cardápio. Ao contrário do que se imagina, este sistema tende a evitar desperdícios, uma vez que o próprio comensal porciona sua refeição. A agilidade do serviço depende do número de preparações ofertadas e da familiaridade dos clientes com as preparações. Pode ser self-service uni ou bilateral l Serviço à mesa: americano, francês, russo e banquete. Sistema mais requintado e, por esse mesmo motivo, não muito utilizado. O sistema geralmente é implantado nas empresas, nos refeitórios privativos de diretorias, e atende a um número restrito de pessoas 5 l Balcão: servido por garçom. Os comensais se sentam próximo ao balcão e são servi- dos por um garçom, facilitando e acelerando o processo l Esteira rolante: bastante usado em empresas e indústrias, serviço ágil, porém não respeita preferências l Livre circulação ou ilhas: usado para cardápios mais diversificados. Para clientela enferma, a distribuição de refeições aos pacientes pode ser de três formas: l Sistema centralizado: a refeição é preparada, distribuída, porcionada e identificada na própria área de produção (cozinha). É o sistema considerado mais prático, higiênico e funcional (maior facilidade de supervisão). Normalmente conta com auxílio de esteira rolante, seguindo em carros térmicos e/ou bandejas térmicas diretamente para o quarto dos pacientes. Apresenta menor manipulação dos alimentos e contaminação, melhor conservação da temperatura e exige apenas minicopas l Sistema descentralizado: a refeição é preparada na cozinha e transportada em carros térmicos para as copas das unidades de internação para ser porcionada, identificada e distribuída. A supervisão fica dificultada, ocorre maior manipulação dos alimentos, pode haver inadequação na apresentação dos pratos e bandejas, maior possibili- dade de trocas e enganos na montagem das refeições e desperdício maior de área física l Sistema misto: parte da distribuição é centralizada e parte é descentralizada. É o sistema mais utilizado nos hospitais atualmente. O que normalmente se encontra são as refeições sendo produzidas e porcionadas na cozinha e alguns itens comple- mentares são adicionados à bandeja do paciente em copas de apoio das unidades de internação, tais como saladas, sucos, sobremesas, leite, café, chá, biscoitos e outros. Os SA podem ser classificados conforme o porte do estabelecimento: l Pequeno porte: até 500 refeições/dia l Médio porte: 501 a 2.000 refeições/dia l Grande porte: 2.001 a 10.000 refeições/dia l Extraporte: acima de 10.000 refeições/dia 1.2 Atribuições do Nutricionista Conforme Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) nº 600, de 25 de fevereiro de 2018, as áreas de atuação do Nutricionista que trabalha com Alimentação Coletiva são: I. Área de nutrição em alimentação coletiva Fundamento legal. Incisos II, VI e VII do Artigo 3o; Incisos III, IV, VI, XI e Parágrafo Único do Artigo 4o da Lei Federal nº 8.234, de 17 de setembro de 1991. 6 Competência. Compete ao nutricionista, no exercício de suas atribuições em Nutrição em Alimentação Coletiva: planejar, organizar, dirigir, supervi- sionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição; realizar assistência e educação alimentar e nutricional à coletividade ou a indivíduos sadios ou enfermos em instituições públicas e privadas. A. Subárea – Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) A.1. Segmento – Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional (pública e privada): A.1.1. Subsegmento – Serviços de Alimentação Coletiva (autogestão e con- cessão) em: empresas e instituições, hotéis, hotelaria marítima, comissarias, unidades prisionais, hospitais, clínicas em geral, hospital-dia, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), spas clínicos, serviços de terapia renal substitu- tiva, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e similares: A.1.1.1. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional/Serviços de Ali- mentação Coletiva (autogestão e concessão), o nutricionista deverá desen- volver as seguintes atividades obrigatórias: A.1.1.1.1. Elaborar os cardápios de acordo com as necessidades nutricio- nais, com base no diagnóstico de nutrição da clientela, respeitando os hábi- tos alimentares regionais, culturais e étnicos. A.1.1.1.2. Elaborar informação nutricional do cardápio e/ou preparações, contendo valor energético, ingredientes, nutrientes e aditivos que possam causar alergia ou intolerância alimentar. A.1.1.1.3. Coordenar as atividades de recebimento e armazenamento de ali- mentos, material de higiene, descartáveis e outros. A.1.1.1.4. Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações, mantendo-as atualizadas. A.1.1.1.5. Implantar e supervisionar as atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições e/ou preparações. A.1.1.1.6. Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas específico da UAN, mantendo-o atualizado. A.1.1.1.7. Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padroniza- dos (POP) específicos da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), man- tendo-os atualizados. A.1.1.1.8. Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins. A.1.1.1.9. Promover programas de educação alimentar e nutricional para clientes/usuários. A.1.1.1.10. Elaborarrelatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. A.1.1.1.11. Prestar atendimento, por meio de cardápio específico, aos clien- tes/usuários com doenças e deficiências associadas à nutrição, bem como 7 aos portadores de necessidades especiais, visando o direito humano à ali- mentação adequada e saudável. A.1.1.1.12. Promover a redução das sobras, restos e desperdícios. A.1.1.1.13. Monitorar as atividades de seleção de fornecedores e procedên- cia dos alimentos. A.1.1.2. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional/Serviços de Ali- mentação Coletiva (autogestão e concessão), ficam definidas como ativida- des complementares do nutricionista: A.1.1.2.1. Participar das atividades de gestão de custos de produção. A.1.1.2.2. Participar do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). A.1.1.2.3. Realizar visitas periódicas aos fornecedores, avaliando o local e registrando os dados. A.1.1.2.4. Participar da definição do perfil, dimensionamento, recruta- mento, seleção e avaliação de desempenho dos colaboradores. A.1.1.2.5. Promover a sensibilização de gestores e representantes de insti- tuições da área quanto à responsabilidade destes pela saúde da população, bem como a importância do nutricionista neste processo. A.1.1.2.6. Organizar a visitação de clientes/usuários às áreas relacionadas à produção de refeições. A.1.1.2.7. Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. A.1.1.2.8. Participar do planejamento e da supervisão das atividades de compras de alimentos, material de higiene, descartáveis e outros. A.1.1.2.9. Participar da elaboração dos critérios técnicos que subsidiam a celebração de contratos na área de prestação de serviços de fornecimento de refeições para coletividade. A.1.1.2.10. Participar do planejamento e supervisão de estágios para estu- dantes de graduação em nutrição e de curso técnico em nutrição e dietética e educação permanente para profissionais de saúde, desde que sejam pre- servadas as atribuições privativas do nutricionista. A.1.1.2.11. Realizar teste de aceitabilidade de preparações/refeições. A.1.1.2.12. Realizar análise sensorial das preparações por meio de testes de degustação prévios ao consumo. A.1.1.2.13. Promover ações de incentivo ao desenvolvimento sustentável. A.2. Segmento – Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar: A.2.1. Subsegmento – Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): A.2.1.1. Para realizar as atribuições de Nutrição do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no âmbito da alimentação coletiva, o nutri- cionista deverá realizar as atividades descritas na Resolução CFN específica vigente. 8 A.2.2. Subsegmento – Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar – Rede Privada de Ensino: A.2.2.1. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional/Alimentação e Nutrição no ambiente escolar – Rede Privada de Ensino, o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias de UAN, em intera- ção com a área de Nutrição em Saúde Coletiva: A.2.2.1.1. Realizar a avaliação, diagnóstico e monitoramento nutricional do escolar, com base nas recomendações e necessidades nutricionais especí- ficas. A.2.2.1.2. Identificar escolares ou estudantes com doenças e deficiências associadas à nutrição, para atendimento por meio de cardápio específico e encaminhamento para assistência nutricional adequada. A.2.2.1.3. Elaborar os cardápios de acordo com as necessidades nutricio- nais, com base no diagnóstico de nutrição da clientela, adequando-os à faixa etária e respeitando os hábitos alimentares regionais, culturais e étnicos. A.2.2.1.4. Planejar e supervisionar as atividades de seleção de fornecedores e procedência dos alimentos. A.2.2.1.5. Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas, mantendo-o atu- alizado. A.2.2.1.6. Implantar e supervisionar Procedimentos Operacionais Padroniza- dos (POP) e métodos de controle de qualidade de alimentos, em conformi- dade com a legislação vigente. A.2.2.1.7. Desenvolver projetos de educação alimentar e nutricional para a comunidade escolar, inclusive promovendo a consciência social, ecológica e ambiental. A.2.2.1.8. Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações, mantendo-as atualizadas. A.2.2.1.9. Implantar e supervisionar as atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições e/ou preparações. A.2.2.1.10. Realizar teste de aceitabilidade de preparações/refeições. A.2.2.1.11. Elaborar informação nutricional do cardápio e/ou preparações, contendo valor energético, ingredientes, nutrientes e aditivos que possam causar alergia ou intolerância alimentar. A.2.2.1.12. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades, impediti- vas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. A.2.2.2. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional/Alimentação e Nutrição no ambiente escolar – Rede Privada de Ensino, ficam definidas como atividades complementares do nutricionista: 9 A.2.2.2.1. Participar do planejamento e da supervisão das atividades de compras, recebimento e armazenamento de alimentos, material de higiene, descartáveis e outros. A.2.2.2.2. Participar do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). A.2.2.2.3. Participar da definição do perfil, dimensionamento, recruta- mento, seleção e avaliação de desempenho dos colaboradores da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). A.2.2.2.4. Participar de equipes multiprofissionais destinadas à realização de atividades voltadas para a promoção da saúde. A.2.2.2.5. Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. A.2.2.2.6. Participar do planejamento e supervisão de estágio para estudan- tes de graduação em nutrição e de curso técnico em nutrição e dietética. A.2.2.2.7. Realizar testes de degustação das preparações prévios ao con- sumo. A.2.2.2.8. Promover ações de incentivo ao desenvolvimento sustentável. A.2.2.2.9. Realizar visitas periódicas aos fornecedores, avaliando o local e registrando os dados. A.3. Segmento – Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT): A.3.1. Subsegmento – Empresas Fornecedoras de Alimentação Coletiva: Produção de Refeições (Autogestão e Concessão): A.3.1.1. Para realizar as atribuições de Nutrição, no âmbito do Programa de Alimentação do Trabalhador (Empresas Fornecedoras de Alimentação Coletiva: Produção de Refeições – autogestão e concessão), o nutricionista deverá realizar as atividades descritas na área de Nutrição em Alimentação Coletiva – Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional (Pública e Privada)/Serviços de Alimentação Coletiva (autogestão e concessão). A.3.2. Subsegmento – Empresas Prestadoras de Serviço de Alimentação Coletiva: Refeição-Convênio: A.3.2.1. Para realizar as atribuições de Nutrição, no âmbito do Programa de Alimentação do Trabalhador (Empresas Prestadoras de Serviços de Alimen- tação Coletiva – Refeição-Convênio), o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias: A.3.2.1.1. Coordenar as equipes de informação ao usuário final. A.3.2.1.2.Integrar equipes de controle de qualidade em estabelecimentos comerciais credenciados. A.3.2.1.3. Integrar a equipe responsável pelo cadastro de empresas contra- tantes. A.3.2.2. Para realizar as atribuições de Nutrição no âmbito do Programa de Alimentação do Trabalhador (Empresas Prestadoras de Serviços de Alimen- tação Coletiva – Refeição-Convênio), ficam definidas como atividades com- plementares do nutricionista: 10 A.3.2.2.1. Realizar ações junto aos gestores e representantes de instituições da área, referentes à responsabilidade destes pela saúde da população, bem como a importância do nutricionista neste processo. A.3.2.2.2. Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico e científico. A.3.2.2.3. Participar do planejamento e supervisão de estágios para estu- dantes de graduação em nutrição, desde que sejam preservadas as atribui- ções privativas do nutricionista. A.3.2.2.4. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. A.3.2.2.5. Realizar visitas técnicas, recomendando, quando necessário, o descredenciamento dos estabelecimentos que estiverem em condições higiênico-sanitárias inadequadas ou que descumpram as recomendações nutricionais do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A.3.3. Subsegmento – Empresas Fornecedoras de Alimentação Coletiva – Cestas de Alimentos: A.3.3.1. Para realizar as atribuições de Nutrição, no âmbito do Programa de Alimentação do Trabalhador (Empresas fornecedoras de Alimentação Cole- tiva – Cestas de Alimentos), o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias: A.3.3.1.1. Atender a legislação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) nos itens relativos à educação nutricional e aos referenciais de valores nutricionais. A.3.3.1.2. Coordenar a equipe na composição da cesta de alimentos, ade- quando-a às necessidades nutricionais da clientela. A.3.3.1.3. Planejar e supervisionar as atividades de recebimento e armaze- namento dos gêneros alimentícios. A.3.3.1.4. Implantar e supervisionar Procedimentos Operacionais Padroniza- dos (POP) e métodos de controle de qualidade de alimentos, em conformi- dade com a legislação vigente. A.3.3.1.5. Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas, mantendo-o atualizado. A.3.3.1.6. Realizar atividades de informação aos clientes/usuários quanto ao valor nutritivo dos componentes da cesta de alimentos. A.3.3.1.7. Promover ações de educação alimentar e nutricional para os clientes/usuários. A.3.3.1.8. Coordenar, supervisionar ou executar programas de treinamento, atualização e aperfeiçoamento de colaboradores. A.3.3.1.9. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. A.3.3.2. Para realizar as atribuições de Nutrição, no âmbito do Programa de Alimentação do Trabalhador (Empresas fornecedoras de Alimentação Cole- 11 tiva – Cestas de Alimentos), ficam definidas como atividades complementa- res do nutricionista: A.3.3.2.1 Participar das atividades de seleção de fornecedores, quanto à procedência dos alimentos, para avaliar sua qualidade. A.3.3.2.2. Realizar análise sensorial dos produtos alimentícios que com- põem a cesta. A.3.3.2.3. Realizar ações junto aos gestores e representantes de instituições da área, referentes à responsabilidade destes pela saúde da população, bem como a importância do nutricionista neste processo. A.3.3.2.4. Participar da definição do perfil, dimensionamento, recruta- mento, seleção e avaliação de desempenho dos colaboradores. A.3.3.2.5. Realizar e divulgar pesquisas e estudos relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. A.3.3.2.6. Participar do planejamento e supervisão de estágios para estu- dantes de graduação em nutrição, desde que sejam preservadas as atribui- ções privativas do nutricionista. A.4. Segmento – Serviço Comercial de Alimentação: A.4.1. Subsegmento – Restaurantes Comerciais e similares: A.4.1.1. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito do Serviço Comercial de Alimentação – Restaurantes Comerciais e similares, o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias: A.4.1.1.1. Propor adequação nos cardápios visando à promoção da alimen- tação saudável, considerando os aspectos econômicos e sazonais. A.4.1.1.2. Elaborar informação nutricional do cardápio e/ou preparações, contendo valor energético, ingredientes, nutrientes e aditivos que possam causar alergia ou intolerância alimentar. A.4.1.1.3. Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações, mantendo-as atualizadas. A.4.1.1.4. Implantar e supervisionar as atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições e/ou preparações. A.4.1.1.5. Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas específico da Uni- dade de Alimentação e Nutrição (UAN), mantendo-o atualizado. A.4.1.1.6. Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padroniza- dos (POP) específicos da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), man- tendo-os atualizados. A.4.1.1.7. Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins. A.4.1.1.8. Planejar e executar ações educativas de alimentação e nutrição para os clientes/usuários. A.4.1.1.9. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. 12 A.4.1.2. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Serviço Comercial de Alimentação – Restaurantes Comerciais e similares, ficam definidas como atividades complementares do nutricionista: A.4.1.2.1. Participar das atividades de seleção de fornecedores e procedên- cia dos alimentos. A.4.1.2.2. Realizar visitas periódicas aos fornecedores, avaliando o local e registrando os dados. A.4.1.2.3. Realizar testes de degustação das preparações prévios ao consumo. A.4.1.2.4. Participar do planejamento e da supervisão das atividades de compras de alimentos, material de higiene, descartáveis e outros. A.4.1.2.5. Participar do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). A.4.1.2.6. Participar das atividades de gestão de custos de produção. A.4.1.2.7. Planejar e orientar as atividades de recebimento e armazena- mento de alimentos e material de higiene, descartáveis e outros. A.4.1.2.8. Promover a redução das sobras, restos e desperdícios. A.4.1.2.9. Participar da definição do perfil, dimensionamento, recrutamento, seleção e avaliação de desempenho dos colaboradores. A.4.1.2.10. Promover ações de sensibilização dos gestores e representan- tes de instituições da área quanto à responsabilidade destes pela saúde da população, bem como a importância do nutricionista neste processo. A.4.1.2.11. Organizar a visitação de clientes/usuários às áreas relacionadas à produção de refeições. A.4.1.2.12. Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. A.4.1.2.13. Participar do planejamento e supervisão de estágios para estu- dantes de graduação em nutrição e de curso técnico em nutrição e dietética. A.4.1.2.14. Promover ações de incentivo ao desenvolvimento sustentável. A.4.2. Subsegmento – Bufê de Eventos: A.4.2.1. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação,subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Ser- viço Comercial de Alimentação – Bufê de Eventos, o nutricionista deverá desenvolver as seguintes atividades obrigatórias: A.4.2.1.1. Propor cardápios visando à promoção da alimentação saudável. A.4.2.1.2. Implantar e monitorar procedimentos de controle de qualidade, especialmente no que se refere ao “tempo × temperatura”. A.4.2.1.3. Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações, mantendo-as atualizadas. 13 A.4.2.1.4. Implantar e supervisionar as atividades de pré-preparo, preparo, armazenamento, distribuição e transporte de refeições e/ou preparações. A.4.2.1.5. Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas específico, man- tendo-o atualizado. A.4.2.1.6. Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padroniza- dos (POP) específicos, mantendo-os atualizados. A.4.2.1.7. Elaborar informação nutricional do cardápio e/ou preparações, contendo valor energético, ingredientes, nutrientes e aditivos que possam causar alergia ou intolerância alimentar. A.4.2.1.8. Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins. A.4.2.1.9. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. A.4.2.2. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Ser- viço Comercial de Alimentação – Bufê de Eventos, ficam definidas como atividades complementares do nutricionista: A.4.2.2.1. Realizar visitas periódicas aos fornecedores, avaliando o local e registrando os dados. A.4.2.2.2. Promover ações para minimizar desperdícios dos gêneros alimen- tícios e preparações, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. A.4.2.2.3. Participar do planejamento e da supervisão das atividades de compras de alimentos, material de higiene, descartáveis e outros. A.4.2.2.4. Planejar e supervisionar as atividades de recebimento e armaze- namento de alimentos e material de higiene, descartáveis e outros. A.4.2.2.5. Participar do planejamento e da supervisão da implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios. A.4.2.2.6. Participar das atividades de gestão de custos de produção. A.4.2.2.7. Realizar análise sensorial das preparações por meio de testes de degustação prévios ao consumo. A.4.2.2.8. Participar da definição do perfil, dimensionamento, recruta- mento, seleção e avaliação de desempenho dos colaboradores. A.4.2.2.9. Realizar e divulgar estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação, promovendo o intercâmbio técnico-científico. A.4.2.2.10. Participar do planejamento e supervisão de estágios para estu- dantes de graduação em nutrição e de curso técnico em nutrição e dietética. A.4.3. Subsegmento – Serviço Ambulante de Alimentação: A.4.3.1. Para realizar as atribuições de Nutrição em Alimentação, subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), no âmbito de Ser- viço Comercial de Alimentação – Serviço Ambulante de Alimentação, ficam definidas as seguintes atividades do nutricionista: 14 A.4.3.1.1. Planejar e supervisionar as atividades de seleção de fornecedores e procedência dos alimentos. A.4.3.1.2. Realizar visitas periódicas aos fornecedores, avaliando o local e registrando os dados. A.4.3.1.3. Implantar e supervisionar as atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições e/ou preparações. A.4.3.1.4. Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas específico, man- tendo-o atualizado. A.4.3.1.5. Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padroniza- dos (POP) específicos, mantendo-os atualizados. A.4.3.1.6. Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos, palestras e ações afins. A.4.3.1.7. Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber. A.4.3.1.8. Propor a adequação das preparações visando à promoção da ali- mentação saudável. A.4.3.1.9. Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações, mantendo-as atualizadas. A.4.3.1.10. Participar do planejamento e da supervisão das atividades de compras de alimentos, material de higiene, descartáveis e outros. A.4.3.1.11. Participar do planejamento e do projeto sanitário ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios. A.4.3.1.12. Planejar e orientar as atividades de recebimento e armazena- mento de alimentos e material de higiene, descartáveis e outros. A.4.3.1.13. Promover ações para minimizar desperdícios dos gêneros ali- mentícios e preparações, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. A.4.3.1.14. Participar da definição do perfil, dimensionamento, recruta- mento, seleção e avaliação de desempenho dos colaboradores. A.4.3.1.15. Promover ações de sensibilização de gestores e representan- tes de instituições da área quanto à responsabilidade destes pela saúde da população, bem como a importância do nutricionista neste processo. A.4.3.1.16. Realizar estudo para determinação dos prazos de validade dos produtos. A.4.3.1.17. Elaborar rotulagem nutricional das preparações. A.4.3.1.18. Orientar proprietários quanto à regularização da atividade nos órgãos competentes. 15 Caro aluno, observe que o planejamento físico-funcional dos SA está previsto na legis- lação. De acordo com a Lei no 8.234/91 (que regulamenta a profissão do Nutricionista) e a Resolução CFN 600/2018 (que define as áreas de atuação e suas atribuições), des- tacam-se as seguintes atividades em relação à área de alimentação coletiva: planejar, organizar, dirigir, supervisionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição. Assim, é imprescindível que o Nutricionista trabalhe em conjunto com os seguintes profissio- nais: Arquiteto, Engenheiro Civil e Engenheiro Elétrico (Figura 1). Figura 1 Trabalho em equipe. De olho 16 1.3 Nutricionista como administrador Sob a ótica do administrador, a empresa pode ser definida como uma organização que visa atender às necessidades de bens e serviços da sociedade. Independentemente do campo de atividade, as funções realizadas são (Figura 2): l Planejamento l Organização l Direção l Controle. Figura 2. O processo administrativo. (Adaptada de Abreu et al., 2013.) Algumas teorias clássicas da administração: Taylor – ênfase nas tarefas Fayol – ênfase na estrutura Mayo – ênfase nas relações humanas Saiba mais 17 Nesse contexto, o Nutricionista como Administrador/Gestor de SA precisa, de maneira eficaz, gerenciar recursos humanos, matéria-prima, equipamentos, instalações, fluxos, prazos, produtividade e custos. É necessário estar sempre atento às mudanças e inovações que ocorrem ao seu redor, desde o comportamento do consumidor – o qual, cada vez mais, realiza suas refeições fora de casa e procura alternativas práticas, convenientes, saudáveis, seguras, inovado- ras e prazerosas – até a questão de sustentabilidade, valorização dos aspectos culturais, segurança alimentar, custo/benefício, exigências legais, motivação de sua equipe e capa- citações constantes. Além de todos esses fatores associados, o profissional precisa se dar conta de que ter uma equipe que produza uma alimentação gostosa não é o suficiente para que seu negó- cio seja próspero e se mantenha no mercado. As empresas do ramo alimentício estão cada vez mais competitivas, buscando inovações e ferramentas de qualidade imprescin- díveis para sua ascensão. O Nutricionista que realmente se apropriar de ferramentas de gestão, aliado a todo seu talento técnico, conseguirá realmente estar apto para adminis- trar um SA em expansão (Figura 3). Figura 3 Nutricionista como administrador.18 1.4 Nutricionista versus mercado de trabalho A regulamentação da profissão de Nutricionista ocorreu em 1967 com a Lei nº 5.276, a qual foi revogada pela Lei nº 8.234 em 1991. Em 2009, a mobilização pela regulamen- tação da profissão no país completou 70 anos de história. Assim, passados praticamente 80 anos, a carreira teve crescimento expressivo, especialmente nos últimos anos. O interesse pela profissão tem aumentado, na medida em que a carreira tem conquis- tado reconhecimento e importância nas últimas décadas. Dentre as diversas áreas da Nutrição, o segmento da Alimentação Coletiva tem se reve- lado um grande empregador, com um mercado em franca expansão, representando uma das áreas com maior número de oportunidades de trabalho. Caro aluno, imagine-se formado, iniciando sua carreira profissional em um SA. Será que você se preocupará em como comandar uma equipe, agir frente a algum imprevisto, controlar os processos de qualidade, conseguir os melhores resultados, garantir um alimento seguro, manter a empresa em expansão? Reflita sobre o que você precisa para ser esse profissional que o mercado de trabalho tanto necessita! Para refletir Na sua busca futura por emprego, fique atento: conforme o Conselho Federal de Nutri- cionistas, o segmento de Alimentação Coletiva responde pelo segundo lugar. Quando a análise é feita por Conselho Regional de Nutricionistas (CRN), a Nutrição Clí- nica absorve mais de 40% dos profissionais em cinco dos sete Conselhos. A área de Ali- mentação Coletiva vem em segundo lugar com 37,3%, 34,9% e 31,4% nos CRN-3, CRN-6 e CRN-2, respectivamente. A Saúde Coletiva congrega 19% apenas no CRN-7, uma vez que, nos demais, sua frequência é inferior a 12%. A área de Ensino revelou também para o CRN-7 o maior percentual de entrevistados (14,3%), enquanto, nos demais, os valores não ultrapassaram 10%. A Indústria de Alimentos absorve 7% dos entrevistados inscritos no CRN-1 e a Nutrição Esportiva, 6,1% no CRN-4 como valores máximos. Importante 19 Parágrafo de conclusão da unidade Assim, entendemos o Nutricionista como um profissional com formação generalista, humanista e crítica, capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dieté- tica, em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e a nutrição se apresen- tem fundamentais para promoção, manutenção e recuperação da saúde e prevenção de doenças de indivíduos ou grupos populacionais, contribuindo para a melhora da quali- dade de vida, pautado em princípios éticos, com reflexões sobre a realidade econômica, política, social e cultural. O cenário atual tem demostrado de forma clara que as empresas precisam de Nutri- cionistas com perfil completo e abrangente, contemplando, além da formação técnica, conhecimentos voltados à gestão de negócios – um profissional empreendedor que esteja em busca constante da ampliação de seus conhecimentos, responsável por: l Capacitar, satisfazer e tornar parceiros seus colaboradores/funcionários l Satisfazer os anseios de seus clientes e torná-los fidelizados l Proporcionar segurança alimentar e atenção às necessidades de seus clientes l Seguir todas as exigências da legislação l Contribuir para a expansão da empresa. 20 Referências bibliográficas ABREU, E.S.; SPINELLI, M.G.N.; PINTO, A.M.S. Gestão de unidades de alimentação e nutrição: um modo de fazer. São Paulo: Metha, 2013. AGUIAR, O.B.; KRAEMER, F.B.; MENEZES, M.F.G. Gestão de pessoas em unidades de ali- mentação e nutrição. Rio de Janeiro: Rubio, 2013. BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALhO E EMPREgO (MTE). Portaria nº 3, de 1o de março de 2002. Baixa instruções sobre a execução do Programa de Alimentação do Trabalha- dor (PAT). Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/ portariasit32002.htm. Acesso em: 31 out. 2018. BRASIL. Lei no 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão do nutricio- nista e determina outras providências. Disponível em: http://www.cfn.org.br/. Acesso em: 31 out. 2018. CONSELhO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS – CFN. RESOLUÇÃO CFN Nº 600/2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâ- metros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências. Disponível em: http://www.cfn.org.br. Acesso em: 31 out. 2018. LAWSON, F. Restaurantes e equipamentos para serviços de alimentação. In: LITTLEFIELD, D. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. Porto Alegre: Bookman, 2011. OLIVEIRA, T.C.; SILVA, D.A. Administração de unidades produtoras de refeições: desafios e perspectivas. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. PINHEIRO SANT’ANA, H.M. Planejamento físico funcional de unidades de alimentação e nutrição. Rio de Janeiro: Rubio, 2012. 1 Unidade 2 Planejamento Físico de Serviços de Alimentação 2 Unidade 2 Objetivos da Unidade • Reconhecer a legislação como seu guia norteador em todo o processo • Determinar fatores facilitadores da dinâmica dos processos envolvidos • Planejar e/ou adaptar de forma assertiva os diversos setores do serviço • Propor em equipe dimensionamento e fluxos de área física • Selecionar equipamentos para os diversos setores • Formular memorial descritivo com todas as informações facilitadoras para elabo- ração de um projeto de serviço de alimentação (SA) em equipe. Contextualizando Pense na seguinte situação: você é contratado para trabalhar em uma empresa em que a atividade-fim não é a alimentação; no entanto, com o aumento do número de funcio- nários, a empresa terá um SA com gestão própria e você terá que montar todo o serviço em um prédio já existente. Você se considera apto para esse tipo de atividade? Sabe a quais legislações recorrer? É capaz de trabalhar em equipe na elaboração do projeto que tratará da reforma do prédio? Sente-se confiante em informar sobre todos os aspectos que influenciarão o adequado funcionamento do serviço? Escolherá os equipamentos adequados e sugerirá fluxos e dimensionamento com segurança? Entendendo os conceitos Procedimento Operacional Padronizado (POP): procedimento escrito de forma objetiva que estabelece instruções sequenciais para a realização de operações rotineiras e especí- ficas em produção, armazenamento e transporte de alimentos. 3 2.1 Legislação Várias são as regras, as sugestões e, principalmente, as obrigações que devem ser cum- pridas por um SA, as quais têm por objetivo subsidiar a elaboração e a distribuição de alimentos seguros à população. A seguir, são apresentadas as principais legislações que devem ser seguidas, dependendo do tipo de estabelecimento e do Estado em que o mesmo está localizado: 2.1.1 Resolução – RDC no 275/2002 Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industriali- zadores de Alimentos. 2.1.1.1 Objetivo Estabelecer procedimentos operacionais padronizados que contribuam para a garantia das condições higiênico-sanitárias necessárias ao processamento/industrialização de alimentos, complementando as Boas Práticas de Fabricação. 2.1.1.2 Âmbito de aplicação Aplica-se aos estabelecimentos processadores/industrializadores nos quais sejam realiza- das algumas das seguintes atividades: produção/industrialização, fracionamento, armaze- namento e transporte de alimentos industrializados. A lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/ industrializadores de alimentos inclui: A – Identificação da empresa B – Avaliação 1. Edificação e instalações 2. Equipamentos, móveis e utensílios 3. Manipuladores 4. Produção e transporte do alimento 5. Documentação C – Considerações finais D – Classificação do estabelecimento E – Responsáveis pela inspeção F – Responsável pela empresa (todos esses itens subdivididos em váriossubitens) Saiba mais 4 2.1.2 Resolução – RDC no 216/2004 Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. 2.1.2.1 Objetivo Estabelecer procedimentos de boas práticas para serviços de alimentação, a fim de garan- tir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. 2.1.2.2 Âmbito de aplicação Aplica-se aos serviços de alimentação que realizam algumas das seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissarias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicates- sens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres. As comissarias instaladas em portos, aeroportos, fronteiras e terminais alfandegados devem, ainda, obedecer aos regulamentos técnicos específicos. Excluem-se deste Regulamento os lactários, as unidades de terapia de nutrição enteral (TNE), os bancos de leite humano, as cozinhas dos estabelecimentos assistenciais de saúde e os estabelecimentos industriais abrangidos no âmbito do Regulamento Técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabeleci- mentos produtores/industrializadores de alimentos. A inobservância ou desobediência ao disposto na presente Resolução configura infra- ção de natureza sanitária, na forma da Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977, sujei- tando o infrator às penalidades previstas nesse diploma legal. De olho 5 2.1.3 Resolução – RDC no 52/2014 Altera a Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, que dispõe sobre o Regula- mento Técnico de Boas Práticas para os Serviços de Alimentação. 2.1.3.1 Objetivo Fica incluído o artigo 7o à Resolução RDC nº 216/2004: “Art. 7o O atendimento aos padrões sanitários estabelecidos por este Regulamento Téc- nico não isenta os serviços de alimentação dos serviços de saúde do cumprimento dos demais instrumentos normativos aplicáveis.” 2.1.3.2 Âmbito de aplicação Aplica-se aos SA que realizam algumas das seguintes atividades: manipulação, prepa- ração, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissarias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, unidades de alimentação e nutrição dos serviços de saúde, delicatessens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restau- rantes, rotisserias e congêneres. A presente Resolução pode ser complementada pelos órgãos de vigilância sanitária estaduais, distrital e municipais, visando abranger requisitos inerentes às realidades locais e promover a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos serviços de alimen- tação. Assim, temos a Portaria nº 78/2009 do estado do Rio Grande do Sul; CVS 5/2013, do estado de SP. Dependendo de onde você estiver atuando (desde que no Brasil), é necessário utilizar sempre a RDC no 216 de 2004 e outras Portarias muni- cipais e estaduais específicas, caso seu estado e cidade as tenham, como é o caso da cidade de São Paulo que utiliza a nacional (RDC 216/2004), a estadual (CVS 5/2013) e a municipal (Portaria 2.619/2011). Importante 6 Percebeu a diferença? A alteração se refere às unidades de alimentação e nutrição dos serviços de saúde que passaram a fazer parte também do âmbito de aplicação da Resolução, porém devem continuar cumprindo os demais instrumentos normativos aplicáveis. Assim, trata-se de mais um instrumento de apoio caso for trabalhar em uma unidade de alimentação e nutrição (UAN)! Importante Muito do que veremos a seguir tem como referência as legislações anteriormente citadas; afinal, é para isto que servem: nortear o profissional no caminho da segurança alimentar, além de prepará-lo de forma bem tranquila para as inspeções da Vigilância Sanitária. Fazendo tudo de forma correta, não há o que temer (Figura 4). Figura 4 Regras e regulamentos para Serviços de Alimentação. De olho 7 2.2 Fatores que influenciam o planejamento e a funcionalidade É fundamental que o planejamento físico de uma UAN ou SA seja elaborado por uma equipe que inclua o Nutricionista, estando inclusive previsto na legislação, como já visto (Figura 5). Figura 5 Equipe multidisciplinar. A equipe de profissionais deve estar muito bem integrada, cada um dando o suporte necessário para o correto planejamento e execução do SA, já que esse é um trabalho de natureza abrangente e complexa, incluindo planejamento de diferentes setores; vias de acesso e saída; dimensionamento de áreas; aquisição de equipamentos, móveis e utensílios; planejamento da ambiência e das instalações hidráulicas, elétricas, gás e esgoto; além da elaboração do projeto arquitetônico. Na falta de um especialista, seja ele Nutricionista, Engenheiro Civil, Engenheiro Eletricista, Arquiteto, ou outro profissional com experiência na área de Alimentação Coletiva, o resultado final poderá ficar com- prometido, devido à falta de alguma informação cabível de domínio desse profissional. Um planejamento adequado deve atender às expectativas de clientes e funcionários da área. Aos clientes, deve ser proporcionado um lugar agradável e aconchegante para suas refeições, além de atender suas necessidades em relação a saúde, satisfação, segurança, conforto e bem-estar. Aos funcionários, deve ser priorizada a questão de satisfação, segurança e valorização de seu trabalho, por meio de uma estrutura adequada em vários aspectos: l Áreas distintas para cada serviço l Dimensionamento adequado l Equipamentos e utensílios suficientes l Ambiência adequada l Fluxos coerentes. O planejamento físico de SA, como já vimos, é bastante complexo, pois necessita de cuidados especiais para a elaboração do projeto. É preciso avaliar os aspectos de fun- cionamento, aspectos técnicos e arquitetônicos e de segurança alimentar. Como todo 8 planejamento, é necessário dispor de todas as informações e objetivos pretendidos para o sucesso da implantação. Assim, para o bom funcionamento, deve-se ter definição clara e precisa de seus objetivos, recursos humanos adequados e ambiência de trabalho planejada ao tipo de atividade desenvolvida. A coordenação desses fatores resultará na produção de um bem ou prestação de serviço de qualidade e útil à clientela. A estrutura física da UAN, bem como o seu processo de manipulação, deve seguir um “fluxo higiênico” adequado e ininterrupto. O dimensionamento da edificação e das instalações deve ser compatível com todas as operações, devendo existir separação entre as diferentes atividades por meios físicos ou por outros meios eficazes, a fim de evitar a contaminação cruzada (p. ex., barreira temporal). Um planejamento físico adequado facilita a utilização dos recursos humanos por meio do dimensionamento do contingente de pessoas e definição das tarefas a serem executadas, de modo a resultar em maior racionalização de trabalho e, consequentemente, menor fadiga. Deficiências de planejamento na concepção do SA, aliadas à falta de treinamento de pessoal, ao excesso de atividades, a problemas de manutenção e à despreocupação com inovações, acabam ocasionando ou agravando os problemas de saúde do colaborador e, até mesmo, causando acidentes de trabalho. Um planejamento físico adequado gera economia de movimentos e racionalização das ações, evitando fatores negativos nas operações, tais como: interrupções no fluxo de produção; cruzamentos desnecessários; má utilização dos equipamentos; limitação de cardápios por falta de equipamentos; equipamentos ociosos; dificuldades de limpeza e manutenção; desorganização; congestionamentos na circulação; riscos de contaminação alimentar; filas; deficiência de ventilação; aumento de custos. Dessa forma, alguns cuida- dos tornam-se imprescindíveis para o bom andamento do serviço, perpassando desde a escolha do terreno até a distribuição segura dos alimentos. Caro aluno, você,já como profissional da área, teve o privilégio de ser consultado antes mesmo da construção do SA para propor o melhor local para sua construção. Então, quais são suas sugestões? Para refletir 9 2.2.1 Localização A área externa do SA deve ser livre de focos de insalubridade, de lixo, de objetos em desuso, de animais, insetos e roedores. As áreas circundantes não devem oferecer condi- ções de proliferação de insetos e roedores. A melhor localização é no andar térreo, voltado para o nascente e em bloco isolado (pré- dio específico para o SA); quando isso não for possível, deve ser situado na esquina do prédio. A localização em andar térreo apresenta as facilidades listadas na Figura 6. Figura 6 Facilidades da localização em andar térreo. A localização também deve possibilitar: facilidade de iluminação natural; ventilação natural cruzada; comunicação com o exterior; reparos, reformas e ampliações; elimi- nação de monta-cargas (pequeno elevador para transporte de materiais, não permite transporte de pessoas, podendo inclusive ser aberto) e elevadores (caso não seja possível a construção no térreo, devem ser instalados dois monta-cargas, além de elevadores – um monta-carga para transporte exclusivo de produtos e outro exclusivo para detritos). Importante 10 2.2.2 Vias de acesso O importante é evitar cruzamentos. Portanto, para serviços menores, deve haver pelo menos quatro vias de acesso específicas: l Entrada de matéria-prima l Entrada e saída de funcionários l Entrada e saída de usuários l Saída de detritos. 2.2.3 Configuração geométrica A forma mais indicada é a retangular, com o comprimento não excedendo 1,5 a 2,0 vezes a largura. Tal forma permite boa localização dos setores, facilitando a instalação de jane- las e proporcionando boa iluminação e ventilação natural, contribuindo com a disposição dos equipamentos e minimizando caminhadas supérfluas. Outras configurações que podem ainda ser indicadas são as em H, em L e em U. As contraindicadas são as em for- mato quadrado, circular e hexagonal, conforme mostrado nas Figuras 7 a 15. Lembrando que a localização do estabelecimento pode determinar seu sucesso ou fracasso, a seguir são mostradas algumas dicas quanto ao melhor local a ser escolhido: l Áreas centrais de cidades l Resorts e atrações turísticas l Pontos de parada ao longo de rodovias importantes l Aeroportos e grandes estações de ônibus l Centro de compras. De olho 11 Figura 7 Formato retangular sugerido para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) Figura 8 Formato em H sugerido para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) Figura 9 Formato em L sugerido para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) Figura 10 Formato em U sugerido para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) 12 Figura 11 Formato quadrado, contraindicado para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) Figura 12 Formato circular, contraindicado para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) 13 Figura 13 Formato hexagonal, contraindicado para UAN. (Adaptada de Pinheiro Sant’Ana, 2012.) Figura 14 Edificação, configuração recomendada. 14 2.2.4 Espaços para circulação A área calculada para cada setor do SA, além de ser suficiente para instalar os equipa- mentos, superfícies de trabalho (bancadas) e móveis, deve prever espaços para pequenas e grandes circulações. As pequenas circulações (utilizadas por pessoas) devem ser plane- jadas com no mínimo 0,8 m para salões e entre 1 e 1,5 m para circulação nos setores de trabalho e corredores. Já para as grandes circulações (utilizadas por pessoas e carros de transporte), deve-se planejar entre 1,8 e 2,1 m para circulação nos setores de trabalho e corredores. 2.2.5 Pé-direito Recomenda-se um pé-direito que permita boa circulação de ar nos diversos setores, sugerindo-se entre 4 e 5 m, sendo aceitável no mínimo 3,5 m. Já a Portaria CVS-5 de 2013 recomenda que o pé-direito deve ter no mínimo 3 m no andar térreo, e 2,7 m em andares superiores. 2.2.6 Piso, parede, teto e aberturas As instalações físicas como piso, parede e teto devem conter revestimentos lisos, imper- meáveis e laváveis. Devem ser mantidos íntegros, conservados, livres de rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos, dentre outros, e não devem transmitir contaminantes aos alimentos. Figura 15 Edificação, configuração contraindicada. 15 O Quadro 1 especifica como devem ser as instalações físicas dos serviços de alimentação. Quadro 1 Recomendações para instalações físicas. Instalações físicas Recomendações Piso Ao escolher um piso, além da carga estática, é necessário considerar facilidade de higienização, característica antiderrapante, resistência às substâncias corrosivas, impermeabilidade e cor. O piso deve ser de material liso, antiderrapante, resistente, impermeável, lavável, íntegro, sem trincas, vazamento e infiltrações, além de ter inclinação suficiente em direção aos ralos, evitando que a água fique estagnada. Em áreas permitidas, os ralos devem ser sifonados, com dispositivos que possibilitem o fechamento. Deve ter alta resistência física e química, baixa absorção de água, alta resistência à abrasão (PEI 5) e dimensões maiores para garantir a segurança higiênica do local. Uma opção é o piso monolítico, ou seja, piso sem juntas de dilatação, o qual evita trepidação de carrinhos de transporte; além disso, a ausência de juntas facilita a higienização; evita poeira; acúmulo de sujeira, fungos e bactérias. Uma boa opção pode ser a cerâmica meio brilho de alta resistência (PEI 5) para os pisos dos setores de recepção, estocagem, pré-preparo, preparo, cocção e higienização. Paredes Acabamento liso, impermeável, lavável, de cores claras, isento de fungos e em bom estado de conservação, durável e resistente. Deve haver ângulos arredondados no contato do piso com a parede e com o teto (São Paulo, 2013). Teto Deve ser liso; impermeável; lavável; de cor clara; isento de goteiras, vazamentos, umidade, trincas, rachaduras, brechas, rugosidades, fungos e descascamentos; de- ve-se evitar o uso de forro falso para que não proliferem insetos e outros animais. Aberturas Portas e janelas ajustadas aos batentes, sem falhas de revestimento. As portas devem ter mais de 1 metro de largura e mais de 2 metros de altura; ser de ma- terial liso, impermeável e lavável; ter um visor com vidro na altura dos olhos; ter vedação de borracha junto ao chão. As janelas e exaustores devem estar no alto para retirar o ar quente. As portas da área de preparação e armazenamento de alimentos devem ser dotadas de fechamento automático. As aberturas externas das áreas de armaze- namento e preparação de alimentos, inclusive o sistema de exaustão, devem ser providas de telas milimetradas para impedir o acesso de vetores e pragas urbanas. As telas devem ser removíveis para facilitar a limpeza periódica. PEI: Porcelain Enamel Institute. 2.2.7 Instalações As tubulações de água, esgoto, vapor e elétrica devem ser pintadas nas cores indicadas pela autoridade competente em segurança e medicina do trabalho, sendo recomendável que sejam externas para facilitar a manutenção. A NBR 6493/1994, recomenda: branco para vapor, verde-folha para água fria, laranja para água quente e alumínio para gás. 16 O Quadro 2 traz algumas indicações de como devem ser as instalações em serviços de alimentação. Quadro 2 Recomendações das instalações de serviços de alimentação. Instalações Recomendações Elétricas Tomadas individualizadas para cada equipamento Tomadas protegidas (facilitam higienização) Caixas de força identificadas Dispositivos de segurança para evitar descargas elétricas As instalações elétricas devem estar embutidas ou protegidas em tubulações externas e íntegras, de tal forma a permitir a higienização dos ambientes Hidráulicas Somente pode ser utilizada água potável para manipulação de alimentos. Se usada alguma fonte alternativa de abastecimento, a potabilidade precisa ser atestadasemes- tralmente Reservatório de água edificado e/ou revestido de matérias que não comprometam a qualidade da água, livre de rachaduras, vazamentos, infiltrações e higienizado em inter- valo máximo de 6 meses, comprovando com registros da operação A tubulação de água quente e fria deve ser estudada criteriosamente no momento do planejamento. Pintadas nas cores adequadas, as tubulações de água quente devem ser de material específico ou revestido para manter a temperatura da água Todo o sistema de drenagem de águas servidas deve ser feito por meio de canaletas ou grelhas sifonadas nos pontos de maior evasão de água. Devem ser colocadas peneiras removíveis para facilitar a higienização Esgoto O ideal é possuir uma estação de tratamento de efluentes (ETE). As graxeiras devem ser esgotadas periodicamente por empresa competente As instalações devem ser abastecidas de água corrente e dispor de conexões com rede de esgoto ou fossa séptica. Quando presentes, os ralos devem ser sifonados e as grelhas devem conter dispositivo que permita seu fechamento Caixas de gordura e de esgoto devem apresentar dimensão compatível ao volume de resíduos e estar localizadas fora da área de preparação e armazenamento de alimentos, além de apresentar adequado estado de conservação e funcionamento Gás e vapor O abastecimento pode ser feito de forma convencional, usando cilindros com capa- cidade de 45 e 90 kg (com espaço entre o símbolo e o número); ou a granel, usando tanques de grande capacidade A implantação do gás liquefeito de petróleo (GLP) tem custo relativamente baixo, embora necessite de área externa específica para bateria de botijões ou da central de gás; cada botijão de 45 kg libera 1 kg de gás por hora. O dimensionamento da área está relacionado ao consumo de gás O vapor é uma alternativa como fonte de energia, no entanto, em restaurantes comer- ciais, este uso normalmente não se aplica devido ao alto custo da implantação de uma caldeira a vapor e dos inconvenientes de sua manutenção 2.2.8 Ambiência Alguns itens, como iluminação, cor, ventilação, temperatura e sonorização das áreas, tanto operacionais quanto administrativas, devem ser planejados com muito critério para que possam oportunizar e facilitar o trabalho desenvolvido. 17 2.2.8.1 Iluminação A iluminação na área de preparação dos alimentos deve proporcionar visualização adequada, de forma que as atividades sejam realizadas sem comprometer a higiene e as características sensoriais. A iluminação deve ser uniforme, sem sombras, reflexos fortes e contrastes excessivos. A iluminação natural é a mais desejada, mas os raios solares não devem incidir sobre a superfície de trabalho, por isso há a recomendação das janelas no alto. A iluminação natural deve sempre ser complementada pela iluminação artificial. É essencial que a iluminação prevista seja bem planejada, de modo a atender os requisi- tos listados na Figura 16. Figura 16 Importância do planejamento da iluminação. 18 O Quadro 3 expõe a necessidade de iluminação de acordo com as diferentes atividades desenvolvidas em cada setor. Quadro 3 Previsão de níveis de iluminação. Setores Iluminância (lux/m2) Inspeção de matérias-primas 540 Setores de estocagem 200 Setores de pré-preparo e preparo 400 Setor de cocção 400 Setores de higienização 400 Setores de distribuição 400 Salão de refeições 200 Setores administrativos 400 Sanitários e vestiários 100 Circulação 100 Adaptado de Silva Filho, 1996, apud Pinheiro Sant’ana, 2012 2.2.8.2 Cor Em uma UAN, o uso adequado das cores melhora o conforto, quando aliado a tempera- tura, iluminação e ventilação adequada. Nas UAN, as cores recomendadas para canaliza- ções e sugeridas para teto, parede e piso incluem as apresentadas na Figura 17. Figura 17 Cores recomendadas para canalizações. Além das canalizações, também se sugerem cores para teto, parede e piso, tudo com o intuito de facilitar o trabalho e aumentar a satisfação da clientela, conforme sugerido no Quadro 4. 19 Quadro 4. Indicações de cores para teto, parede e piso. Cores Índice de reflexão (%) Indicação Branco leitoso 100 Teto (cor mais indicada) Branco cal 85 Teto (pode ser utilizada) Pérola 84 Não indicada Alumínio 83 Não indicada Branco gelo 79 Não indicada Amarelo 70 Não indicada Amarelo superclaro 60 Parede Rosa superclaro 60 Parede Areia 60 Parede Azul superclaro 50 Parede Cinza superclaro 50 Parede Verde-claro 40 Piso Cinza médio 35 Piso Verde-oliva 25 Não indicada Vermelho 17 Não indicada Carmim-marrom 10 Não indicada Roxo 05 Não indicada Preto 00 Não indicada Adaptado de Della Lucia e Pinheiro Sant’ana, 2012. A Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT) determina as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenir acidentes: l Vermelho para distinguir e identificar equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio, sendo muito usado nas áreas de alarme, hidrantes, extintores de incêndio, saídas de emergência l Amarelo para indicar cuidado e atenção, sendo comum em parapeitos, corrimões, partes baixas de escadas l Verde indica segurança, sendo usado em caixas e equipamentos de socorro, quadros de avisos, cartazes l Branco é empregado em áreas de bebedouros, áreas de armazenagem e zonas de segurança. 2.2.8.3 Ventilação, temperatura, umidade e sonorização A ventilação deve garantir o conforto térmico, a renovação do ar e que o ambiente fique livre de fungos, gases, fumaça, gordura e condensação de vapores. O fluxo de ar nas áreas de preparo dos alimentos deve ser direcionado da área limpa para a área suja. 20 Não devem ser utilizados ventiladores e climatizadores com aspersão de neblina sobre os alimentos, ou nas áreas de manipulação e armazenamento. Demais recomendações estão disponibilizadas no Quadro 5. Quadro 5 Recomendações referentes à ambiência. Ventilação O conforto térmico pode ser assegurado por aberturas nas paredes que permitam a circulação natural do ar, com área equivalente a 10 a 15% da área do setor Temperatura e umidade A temperatura compatível ao desenvolvimento do trabalho em UAN é de 22 a 26ºC, com umidade relativa de 50 a 60% (a umidade relativa [UR] influencia diretamente a atividade de água do alimento, por isso a importância de se monitorar o binômio UR/temperatura, sendo esses os principais fatores extrínsecos na multiplicação microbiana nos alimentos). Os equipamentos e os filtros para climatização devem estar conservados; a limpeza dos componentes do sistema de climatização, a troca de filtros e a manutenção programada e periódica desses equipamentos devem ser registradas e realizadas conforme legislação específica Sonorização/Ruídos Deve-se prever isolamento acústico para os setores mais ruidosos da unidade, especial- mente entre os setores de higienização e o salão de refeições. Para impedir o efeito negativo dos ruídos no comportamento humano, é necessário seguir alguns cuidados no planejamento físico da UAN: l Paredes paralelas não devem ficar a mais de 17 m de distância (para evitar eco) l Evitar projetos com formas circulares ou côncavas (concentram e conduzem o som) l Empregar materiais acústicos e isolantes para o teto e as paredes l Usar material isolante nas bancadas de inox, antes da fixação no concreto l Preferir equipamentos silenciosos e carros de transporte com rodízios de borracha l Setores de higienização construídos com paredes integrais e portas que se mantenham fechadas l Sistema de exaustão com controle do nível de ruídos l Instalação correta e manutenção periódica dos equipamentos Nos SA há grande produção de ruídos devido à variedade e à quantidade de equipamen- tos e sistemas de exaustão em funcionamento, manipulação de utensílios, processos de higienização e ressonâncias nas superfícies metálicas. O Quadro 6 mostra o limite de tolerância de ruídos em relação ao tempo de exposição. Quadro 6 Limites de tolerância aos ruídos contínuos ou intermitentes. Nível de ruídos (dB) Máxima exposição diáriapermitida 85 8 h 87 6 h 90 4 h 92 3 h 95 2 h 100 1 h 105 30 min 110 15 min 115 7 min Adaptado de Segurança e Medicina do Trabalho (1996). 21 2.3 Setores e equipamentos do serviço de alimentação Existem algumas áreas denominadas mínimas necessárias que são indispensáveis a qualquer unidade, independentemente de seu objetivo e porte; uma UAN de pequeno porte por exemplo, terá que ter no mínimo as seguintes áreas: recebimento e inspeção de insumos; armazenamento de diferentes materiais; processamento; higienização; distribuição; vestiários e sanitários para funcionários; sanitários para clientes. Esta divisão tem o propósito de facilitar os fluxos existentes no serviço, além de evitar contaminação cruzada. As áreas ou setores que compõem o SA devem ser planejados, seguindo uma linha racio- nal de produção, obedecendo a um fluxo coerente, de modo a evitar cruzamentos inde- sejáveis, retrocessos e até mesmo acidentes de trabalho, que comprometam a produção das refeições ou a saúde dos trabalhadores. A composição dos setores é representada pelos diferentes tipos de áreas necessárias a uma UAN, preferencialmente utilizando barreiras físicas como meias paredes no caso das áreas para pré-preparos e preparos, ou paredes integrais no caso daquelas com climati- zação ou parede para higienização. 2.3.1 Área para recebimento de mercadorias As matérias-primas são entregues em plataforma de recebimento (0,0045 a 0,005 m² × TR (total de refeições), onde são controladas qualitativa e quantitativamente. A plataforma de descarga deverá se situar em área externa do prédio, próximo à esto- cagem, e ser de fácil acesso para os fornecedores. Deve ser provida de plataforma de descarga com marquise, sendo a área mínima recomendada para SA de pequeno porte de 9 m². Sua localização deve propiciar comunicação com o setor de inspeção e com o setor de higienização e armazenamento de recipientes e estrados. Local para inspeção, pesagem e higienização dos gêneros (0,01 a 0,015 m² × TR) deve ser uma extensão da plataforma de descarga. Para melhor organização do trabalho, neces- sita-se de balança tipo plataforma, carros-plataforma ou paleteira, tanques para higieni- zação de frutas e verduras (Figura 18). 22 2.3.2 Área para estocagem de alimentos Locais destinados à guarda de gêneros alimentícios devem estar junto à recepção e ser acessíveis à área de processamento dos alimentos. A área destinada ao armazenamento das mercadorias varia de acordo com a estratégia de abastecimento adotada. É necessá- rio um estudo sobre os fornecedores, a forma de entrega e se os gêneros recebidos serão in natura ou pré-processados. A correta estocagem de alimentos deve prever áreas para alimentos sob temperatura controlada, área para alimentos estocados em temperatura ambiente, áreas para estocagem de material de limpeza e material descartável. 2.3.2.1 Estocagem seca Também chamada de despensa ou almoxarifado. Esta área necessita ser bem arejada, com boa ventilação, devendo-se evitar a incidência direta do sol. As características são: l Janelas com telas milimétricas l Porta única, com molas, largura mínima nunca inferior a 1 e 2 m, para portas simples ou com seções, respectivamente A B C Figura 18 Balança tipo plataforma (A); carro-plataforma (B); paleteira (C). 23 l Borracha de vedação na parte inferior l Ausência de ralos ou canaletas l Ventilação natural cruzada ou mecânica l Temperatura não superior a 26°C l Umidade relativa do ar em torno de 50 a 60% l Inexistência de tubulações de água ou vapor l Prateleiras de preferência modulares, de material resistente a peso, aço inox de pre- ferência, vazadas, afastadas da parede (em torno de 10 cm), localizadas a 25 cm do piso, com profundidade não superior a 45 cm l Estrados para sacarias, enlatados, em polietileno de alta densidade e resistência, em cor branca, elevados do piso, no mínimo, 10 a 12 cm l Ausência de equipamentos que possam alterar as condições térmicas ambientais ou a umidade relativa do ar (refrigeradores, freezers, aquecedores) l Ausência de material de limpeza e, se possível, produtos descartáveis, existindo locais distintos para sua estocagem. Os produtos devem ser utilizados conforme o sistema primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS) ou o sistema primeiro que vence, primeiro que sai (PVPS); produtos destinados a devolução ou descarte devem ser identificados e colocados em locais apropriados; em caso de transferência de matéria-prima e produtos não manipulados de embalagens originais para outras embalagens, deve-se transcrever o rótulo original ou desenvolver um sistema de etiquetas que permita a sua perfeita rastreabilidade. 2.3.2.2 Material descartável Devem ser estocados de preferência em ambiente distinto das áreas de estocagem de gêneros alimentícios, porém nas UAN de pequeno e médio porte ou que utilizem quanti- dades reduzidas desses materiais, pode-se optar pela utilização de prateleiras e estrados específicos, na área de armazenagem seca de alimentos. 2.3.2.3 Material de limpeza Deve ser estocado em ambiente distinto das áreas de estocagem de gêneros alimen- tícios, sendo próximo ao setor de inspeção e do depósito diário, com a finalidade de facilitar as operações de controle e expedição. 2.3.2.4 Vasilhames e utensílios de reserva Vasilhames e utensílios de reserva que são utilizados com frequência reduzida devem ser armazenados próximo ao setor de inspeção, para facilitar o controle e a expedição. 24 2.3.2.5 Materiais para eventos Ornamentos para eventos e datas comemorativas devem ser armazenados próximo aos salões de refeições. 2.3.2.6 Depósito diário Destina-se à estocagem de matérias-primas para utilização no cardápio do dia, devendo ser expedidas separadamente para cada tipo de refeição. Sua localização deve estar entre os setores de estocagem geral e as áreas de pré-preparo e preparo. Em SA de grande e extraporte, é importante planejar uma câmara fria diária. 2.3.2.7 Estocagem fria O seu objetivo é a estocagem de gêneros perecíveis em condições ideais de temperatura e umidade. Para SA de pequeno porte com cardápio de padrão simples, recomenda-se a utilização de refrigeradores e freezers industriais; para SA de médio a extraporte, a construção de câmaras frias torna-se essencial, sendo necessária a divisão por unidades, como se segue: l Antecâmara: transição térmica entre o ambiente externo às câmaras frias e as pró- prias câmaras l Câmara para carnes resfriadas, descongelamento de carnes e carnes pré-preparadas l Câmara para hortaliças e frutas l Câmara para laticínios e ovos l Câmara para alimentos preparados e pré-preparados l Câmara para congelados. Os tipos de câmaras, quanto ao seu aspecto construtivo, dividem-se em: câmaras de alvenaria e câmaras desmontáveis/modulares. A câmara de alvenaria tem paredes de alvenaria e piso e teto de concreto; aplica-se impermeabilizante e placas de metal isolan- tes são colocadas. As câmaras instaladas para este fim deverão apresentar as seguintes características: ser dotadas de antecâmara para proteção térmica; revestimento de material lavável e resistente; nível do piso igual ao da área externa; inexistência de ralos internos; dota- das de termômetro, de fácil leitura, do tipo mostrador, do lado externo; interruptor de segurança do lado externo; porta hermética, revestida de aço inox, ferragens cromadas e dispositivos de segurança, permitindo abertura pelo lado interno da câmara para evitar acidentes; prateleiras de aço inox. 25 A configuração da área de pré-preparo deve garantir um fluxo linear, sem cruzamento de atividades entre as várias categorias e níveis de preparo de alimentos. Pré-preparo de carnes. Local climatizado, com cuidado rigoroso na manutenção e troca de filtros, ou, em caso de municípios que apresentem altas temperaturas no verão, recomenda-se a utilização dos mesmos equipamentos empregados para câmaras frias (compressores, condensadores e evaporadores). Deve
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