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Cuidados pós-PCR (adulto) Os cuidados pós-PCR têm potencial significativo de reduzir a mortalidade precoce causada por instabilidade hemodi- nâmica, além de morbidade e mortalidade posteriores causadas por falência de vários órgãos e por lesão cerebral. Þ Para garantir o sucesso do atendimento pós-PCR, é necessário considerar quais intervenções são necessárias pa- ra a fase de estabilização inicial, além do manejo contínuo com atividades de urgência adicionais. m Fase de estabilização inicial: a ressuscitação é contínua durante a fase pós-RCE e muitas dessas atividades po- dem ocorrer ao mesmo tempo, dependendo dos recursos disponíveis. ● Manejo de via aérea: coloque o tubo ET logo no início e use a capnografia quantitativa com forma de onda ou a capnometria para confirmar e monitorar a colocação do tubo endotraqueal. ● Controle dos parâmetros respiratórios: inicie com 10 ventilações/min (1 ventilação a cada 6 segundos); SpO2 en- tre 92% e 98%; PaCO2 entre 35 e 45 mmHg. ● Controle dos parâmetros hemodinâmicos: administre cristaloides e/ou vasopressores ou inotrópicos para atingir uma pressão arterial sistólica acima de 90 mmHg ou uma pressão arterial média acima de 65 mmHg. ● Faça um ECG de 12 derivações m Manejo contínuo e atividades de urgência adicionais: essas avaliações devem ser realizadas ao mesmo tempo, para que as decisões sobre o controle direcionado da temperatura (CDT) recebam alta prioridade como interven- ções cardíacas. Þ Outras atividades de manejo no atendimento crítico incluem monitoramento contínuo da temperatura principal (esofágica, bexiga e retal); manutenção da normoxia, normocapnia, euglicemia, realização de monitoramento contínuo ou intermitente por eletroencefalograma (EEG) e realização de ventilação de proteção pulmonar. ● Considere intervenção cardíaca de urgência se Þ IAMST estiver presente Þ O paciente apresentar choque cardiogênico instável Þ Houver necessidade de suporte circulatório mecânico ● O paciente atende a comandos ? Comatoso ■ CDT: se o paciente não estiver atendendo a comandos, inicie o CDT assim que possível. Comece entre 32 °C e 36 °C durante 24 horas, usando um dispositivo de resfriamento com ciclo de feedback. ■ Realize uma TC do cérebro. ■ Execute monitoramento de ECG. ■ Execute outras atividades de manejo de atendimento crítico, como monitoramento contínuo da temperatura prin- cipal; manutenção da normoxia, normocapnia e euglicemia; realização de monitoramento contínuo ou intermitente via EEG e ventilação de proteção pulmonar. Desperto Þ Considere outro manejo de atendimento crítico. ● Avalie e trate rapidamente etiologias reversíveis e envolva consultas a especialistas para o tratamento contínuo Þ Considere os Hs e os Ts m Reconhecer os seguintes ritmos: ● Frequência — muito rápida ou muito lenta ● Largura dos complexos QRS — largos em comparação com estreitos m Medicamentos para tratamento pós-PCR ● Epinefrina ● Dopamina ● Infusões de norepinefrina Abordagem multissistêmica Þ Trate a causa que desencadeou a PCR depois do RCE Þ Inicie ou solicite estudos que ajudarão a identificar e tratar ainda mais qualquer desencadeador cardíaco, eletro- lítico, toxicológico, pulmonar ou neurológico de parada. Þ Certifique-se de que haja via aérea e ventilação de suporte adequadas imediatamente depois do RCE, pois paci- entes inconscientes geralmente precisam de uma via aérea avançada para suporte mecânico de ventilação. Þ Eleve a cabeceira do leito em 30°, se tolerado, para reduzir a incidência de edema cerebral, aspiração e pneumo- nia associada com ventilação. Þ Monitore a colocação da via aérea avançada, principalmente durante o transporte do paciente, por capnografia com forma de onda Þ Embora o oxigênio a 100% possa ter sido usado durante a ressuscitação inicial, ajuste o oxigênio inspirado ao me- nor nível necessário para uma saturação de oxigênio arterial entre 92% e 98%, para evitar possível toxicidade por oxigênio. Þ Evite a hiperventilação, que é comum durante tentativas de ressuscitação e pode aumentar a pressão intratoráci- ca Þ A diminuição de PaCO2 por hiperventilação também pode reduzir diretamente o fluxo sanguíneo cerebral. Inicie a ventilação a 10/min e ajuste para obter um PaCO2 de 35 a 45 mm Hg. Þ Reavalie e monitore com frequência os sinais vitais, verificando se há arritmias cardíacas recorrentes mediante o uso de monitoramento contínuo de ECG. - Se o paciente estiver hipotenso (PAS menor que 90 mmHg ou pressão arterial média menor que 65 mmHg), ad- ministre bolus de fluidos. - Se o status de volume do paciente for adequado, você pode iniciar as infusões de agentes vasoativos e ajustá- las de modo a obter uma PAS mínima de 90 mmHg ou superior ou uma pressão arterial média de 65 mmHg ou superior. Þ Lesão cerebral e instabilidade cardiovascular são os principais fatores que determinam a sobrevivência pós-PCR. OBS: Como atualmente o CDT é a única intervenção comprovada de melhoria da recuperação neurológica, ele deve ser considerado para qualquer paciente comatoso e que não responda a comandos verbais após o RCE. Þ Obtenha um exame de TC do cérebro, faça monitoramento de EEG e considere outro manejo de atendimento crítico. Þ Transporte o paciente para um local que seguramente ofereça esse tratamento além da reperfusão coronária (por exemplo, ICP) e outros tratamentos pós-PCR com propósitos específicos. Þ Trate a causa que desencadeou a PCR depois do RCE e inicie ou solicite estudos que contribuam ainda mais para a avaliação do paciente. Þ É necessário identificar e tratar qualquer desencadeante cardíaco, eletrolítico, toxicológico, pulmonar e neuroló- gico da PCR. De modo geral, a causa mais comum de PCR é a doença cardiovascular e a isquemia coronária as- sociada. q As instalações de atendimento intensivo que tratam pacientes depois da PCR devem usar um plano de atendi- mento abrangente que inclui intervenções cardiovasculares agudas, uso de CDT, tratamentos médicos padroniza- dos com propósitos específicos e monitoramento e atendimento neurológicos avançados. q A determinação do prognóstico neurológico é imprecisa durante as primeiras 72 horas depois da ressuscitação em pacientes não tratados com CDT. q Para os pacientes tratados com CDT, é necessário aguardar 72 horas depois de o paciente retornar à normoter- mia. q O prognóstico com o exame clínico pode ser confundido com sedação ou paralisia, portanto, esses fatores devem ser considerados com cuidado antes de pensar na retirada do tratamento de suporte à vida com base em neuro- prognóstico. Muitos sobreviventes de PCR que inicialmente estavam em estado comatoso têm o potencial de recuperação total. m Otimizar ventilação e oxigenação Þ Um paciente inconsciente/arresponsivo necessitará de uma via aérea avançada como suporte mecânico à respi- ração. ● Use a capnografia quantitativa contínua com forma de onda para confirmar e monitorar a colocação correta do tu- bo ET ● Use a concentração mais baixa de oxigênio inspirado capaz de manter a saturação de oxi-hemoglobina arterial en- tre 92% a 98%. Þ Quando não for viável titular o oxigênio inspirado (por exemplo, em ambiente extra-hospitalar), é aceitável usar oxigênio a 100% até a entrada do paciente no departamento de emergência. ● Evite a ventilação excessiva do paciente (não ventile muito rápido nem demais). Þ Inicie a ventilação a 10/min e ajuste-a para atingir uma PaCO2 de 35 a 45 mmHg. OBS: Para evitar hipóxia em adultos com RCE depois de PCR, pode-se usar a mais alta concentração de oxigênio dis- ponível, até ser possível medir a saturação da oxi-hemoglobina arterial ou a pressão parcial do oxigênio arterial, se os equipamentos adequados estiverem disponíveis OBS: Como a saturação de oxigênio de 99% ou mais pode corresponder a uma PaO2 entre aproximadamente 145 e 500 mmHg, no geral, é adequado desmamar gradualmente o FiO2 para uma saturação de 98% ou mais para evitar hi- peróxia m Tratar hipotensão (PAS inferior a 90 mmHg) Þ Obtenha acesso IV se ainda não tiver um estabelecido, e verifiquese algum acesso IV está aberto. Þ O monitoramento de ECG deve continuar depois do RCE, durante o transporte e durante a permanência na UTI, até ser considerado clinicamente desnecessário. Þ Neste estágio, considere tratar as causas reversíveis que possam ter provocado a PCR e que persistam após o RCE. Þ Trate a hipotensão como se segue: ● Bolus IV: 1 a 2 L de solução salina normal ou lactato de Ringer ● Norepinefrina: 0,1 a 0,5 mcg/kg por minuto (em adultos de 70 kg: 7 a 35 mcg por minuto), infusão IV ajustada até a obtenção de PAS mínima superior a 90 mmHg ou pressão arterial média superior a 65 mmHg Þ Um vasoconstritor e agente inotrópico que ocorre naturalmente, pode ser eficaz para o manejo de pacientes com hipotensão grave (por exemplo, PAS inferior a 70 mmHg) e uma resistência periférica total baixa que não res- ponde a medicamentos adrenérgicos menos potentes, como dopamina, fenilefrina ou metoxamina. ● Epinefrina: 2 a 10 mcg por minuto, infusão IV ajustada até a obtenção de PAS mínima superior a 90 mmHg ou pressão arterial média superior a 65 mmHg Þ Pode ser usada em pacientes que não estão em PCR, mas que precisam de suporte inotrópico ou vasopressor. Þ ● Dopamina: 5 a 20 mcg por minuto, infusão IV ajustada até a obtenção de PAS mínima superior a 90 mmHg ou pressão arterial média superior a 65 mmHg Þ O hidrocloreto de dopamina é um agente semelhante à catecolamina e um precursor químico da norepinefrina que estimula o coração via receptores α- and β-adrenérgicos. m IAMST presente ou alta suspeita de IAM Þ O pessoal médico intra e extra-hospitalar deve obter um ECG de 12 derivações assim que possível depois do RCE para identificar os pacientes com IAMST ou alta suspeita de IAM. Þ O pessoal do Serviço médico de emergência deve transportar esses pacientes para instituições que seguramente ofereçam esse tratamento m Reperfusão coronária Þ Comece um tratamento agressivo, incluindo a reperfusão coronária com ICP, se detectar IAMST depois do RCE, independentemente de coma ou CDT. Þ Em casos de IAMST extra-hospitalar, notifique com antecedência a instituição que receberá o paciente. m Seguir comandos Þ Se o paciente não atender a comandos, a equipe de alto desempenho deverá considerar a implementação do CDT, a obtenção de uma TC do cérebro, a realização de um monitoramento de EEG e a realização de outros tipos de manejo de atendimento crítico . Þ Se o paciente atender a comandos verbais, passe para a Etapa 7. m Controle direcionado da temperatura Þ O CDT é a única intervenção que demonstrou ter melhorado a recuperação neurológica após a PCR. Þ A duração ideal é de, no mínimo, 24 horas e, embora estudos comparativos da duração do CDT não tenham sido realizados em adultos, a hipotermia por até 72 horas foi usada com segurança em recém-nascidos. Þ Durante o CDT, monitore a temperatura central do paciente usando um termômetro esofágico, um cateter vesical em pacientes não anúricos ou um cateter de artéria pulmonar, se inserido por causa de outras indicações. OBS:Temperaturas axilares, orais e retais não medem adequadamente as mudanças da temperatura central. Þ Para proteger o cérebro e outros órgãos, a equipe de alto desempenho deve iniciar a CDT em pacientes que con- tinuam comatosos com RCE pós-PCR. Þ Os profissionais de saúde devem escolher e manter uma meta de temperatura constante entre 32 °C e 36 °C por um período de pelo menos 24 horas. - Embora o método ideal para alcançar a temperatura-alvo seja desconhecido, qualquer combinação de infusão rápida de fluido isotônico gelado sem glicose (30 mL/kg), cateteres endovasculares, dispositivos de resfriamento de superfície ou simples intervenções superficiais (por exemplo, bolsas de gelo) parece segura e eficaz. Þ Temperaturas mais altas podem ser preferíveis em pacientes para os quais temperaturas inferiores apresentam algum risco (por exemplo, hemorragia) Þ Temperaturas mais baixas podem ser preferenciais quando os pacientes têm características clínicas que pioram a temperaturas mais altas (por exemplo, convulsões, edema cerebral). OBS: Deve-se observar que o controle de temperatura entre 32 °C e 36 °C não é contraindicado em nenhum paciente e, portanto, todos os pacientes que precisam de tratamento intensivo são qualificados. OBS: No ambiente pré-hospitalar, não adote como rotina o resfriamento dos pacientes depois do RCE com infusão rápida de fluidos frios IV. m Atendimento crítico avançado Þ Após intervenções de reperfusão coronária ou se o paciente com PCR não apresentar evidência ou suspeita de IM no ECG, a equipe de alto desempenho deverá transferir o paciente para uma UTI. m Tratamento de manutenção pós-PCR Þ Não há evidências que corroborem a administração profilática continuada de medicamentos antiarrítmicos de- pois que o paciente consegue o RCE. m Outros tratamentos pós-ressuscitação Controle da glicemia Þ É aceitável controlar os níveis glicêmicos em pacientes pós-PCR usando a mesma abordagem usada para a popu- lação geral muito doente (por exemplo, tratamento com insulina quando necessário para manter uma glicemia entre 150 a 180 mg/dL). Antibióticos profiláticos Agentes neuroprotetores Þ Eficácia de agentes para reduzir o comprometimento neurológico em pacientes que permanecem em coma de- pois de RCE é desconhecida Uso rotineiro de esteroides m Neuroprognóstico Þ A lesão cerebral hipóxico-isquêmica é a principal causa de morbidade e mortalidade nos sobreviventes de PCREH e é responsável por uma parte menor, mas significativa, de resultados ruins depois da ressuscitação da PCRIH. Þ O neuroprognóstico conta com a interpretação dos resultados dos exames de diagnóstico e a correlação desses resultados com o desfecho - Como um exame falso-positivo de desfecho neurológico mau pode ocasionar a retirada inadequada de suporte à vida de um paciente que, de outra forma, poderia ter se recuperado, a característica mais importante do exame é a especificidade. - Muitos dos exames considerados estão sujeitos a erro devido a efeitos de medicamentos, disfunção de órgãos e temperatura.
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