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Cuidados Pós-Parada Cardiorrespiratória (PCR)

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O manejo pós-PCR deve focar em: 
 Determinação da causa da PCR e seu 
correto tratamento; 
 Minimização da lesão cerebral; 
 Manejo da disfunção cardiovascular; 
 Manejo de problemas consequentes à 
lesão induzida por isquemia-reperfusão; 
Síndrome Pós-Parada Cardiorrespiratória: A 
disfunção cardíaca secundária é atribuída a uma 
combinação de estresse oxidativo, trombose de 
microcirculação, sobrecarga adrenérgica, liberação de 
citocinas e lesão miocárdica isquemia-reperfusão. A 
vasodilatação sistêmica com resposta inflamatória 
gera lesão endotelial, trombose microvascular, 
insuficiência adrenal, contribuindo com mecanismos 
de choque distributivo. 
Deve-se realizar a adequação da oxigenação e 
ventilação, bem como correção de anormalidade 
hidroeletrolíticas e controle de temperatura para 
minimizar a lesão cerebral. 
► Determinação da causa e extensão da lesão 
pós-PCR: As doenças cardiovasculares são as 
principais causas de morte súbita. Uma cânula 
orotraqueal mal posicionada pode culminar na 
recorrência da PCR por hipóxia. 
*É esperada taquicardia reflexa após retorno à 
circulação espontânea. O achado de bradicardia é 
sugestivo de causas cardíacas, hipóxia, 
anormalidades metabólicas ou intoxicações. 
Exame Neurológico: É utilizado para avaliar a 
eventual necessidade de intervenções subsidiárias 
(controle ativo de temperatura àqueles sem 
movimentação espontânea ou que não respondem a 
comandos). Os reflexos de tronco necessitam de 
avaliação e incluem fotomotor, consensual 
corneopalpebral, oculocefálico, drive respiratório e 
tosse. A Escala de Coma de Glasgow também faz 
parte da avaliação inicial. Achados neurológicos 
assimétricos são sugestivos de lesões intracranianas. 
ECG: Realizar ECG de 12 derivações é obrigatório 
após retorno de circulação espontânea com a maior 
brevidade possível. 
 Supra de ST ou bloqueio de ramo 
esquerdo novo: Indicação de terapia de 
reperfusão emergencial. 
 Desvio do eixo elétrico para a direita: 
Pode sugerir embolia pulmonar como 
etiologia da PCR. 
 PCR extra-hospitalar: Doença 
coronariana avançada é frequente mesmo 
na ausência de IAMCSST, principalmente 
em pacientes com FV e TV. Considerar 
cineangiocoronariografia de emergência. 
 Realizar ecocardiograma à beira leito se 
SCA for a suspeita da causa da PCR. 
Tomografia: Cerca de 4% dos pacientes podem 
apresentar hemorragia intracraniana como causa do 
evento. Solicitar TC de crânio sem contraste em 
pacientes comatosos pós-PCR, que pode detectar 
edema cerebral precoce. 
 Gasometria arterial: Recomendada 
coleta de gasometrias frequentes, 
idealmente em intervalos não maiores que 
6 horas. Pode-se necessitar de 
cateterização arterial pela elevada 
frequência de coleta de gasometrias. 
 Eletrólitos: Sódio, potássio, cloro, 
magnésio e bicarbonato. Hipo e 
hipercalemia são condições 
arritmogênicas e precisam ser 
imediatamente tratadas. 
 Hemograma e coagulograma: Realizar a 
avaliação das hemostasias primária e 
secundária (plaquetometria, TP/INR, 
rTTPA) para realizar a cateterização 
venosa central e arterial. 
 Troponina: Recomenda-se dosar a cada 
8-12 horas nas primeiras 24h após o 
retorno da circulação espontânea, para 
detecção de lesão miocárdica. A PCR, 
compressões torácicas ou eventual 
desfibrilação pode aumentar os níveis 
séricos de troponina, no entanto, de forma 
discreta (0-5 ng/mL). Níveis maiores ou 
ascendentes levam à suspeita de SCA. 
 Lactato: Hiperlactatemia acima de 15 
mmol/L pode ser esperada pós-PCR, 
porém, níveis acima sugerem síndrome 
Compartimental abdominal ou muscular. 
Recomenda-se monitorização a cada 6 
horas durante a hipotermia terapêutica e 
reaquecimento. 
 Estudos toxicológicos; 
 Função renal e hepática; 
Deve-se realizar a reavaliação, refazendo a história de 
testemunhas (se disponível), familiares ou amigos, 
revisar os registros dos socorristas e do departamento 
de emergência, bem como ECG, imagens e labs. 
Sistema Respiratório: Assegurar a via aérea com VA 
definitiva. Não se deve submeter o paciente a 
hiperóxia ou hiperventilação, pelos efeitos deletérios. 
A hiperventilação acarreta vasoconstrição cerebral, 
portanto, deve-se ajustar a ventilação para manter 
PaCO2 entre 35-45 mmHg. Manter a normocapnia 
está associado a menor mortalidade e melhor status 
de performance após a alta. 
 Deve-se evitar a hipóxia pós-PCR, porém, 
deve-se evitar também a hiperóxia (PaO2 
> 300 mmHg). 
 Fração inspirada de O2 (FiO2) ao mínimo 
possível para se manter a saturação 
periférica de O2 > 94% e PaO2 próxima 
de 100 mmHg. 
 Evitar hiperventilação iatrogênica. 
 Quando a temperatura central for 33ºC, 
portanto, manter a PaO2 entre 100-120 
mmHg é aconselhável. 
Manejo Hemodinâmico: A noradrenalina é a droga 
preferencial para iniciar o manejo hemodinâmico na 
maior parte dos casos. Episódios de hipotensão são 
causa de lesão secundária adicional ao insulto inicial 
da PCR, de modo que alvos da PAM >65 mmHg para 
reverter o quadro de choque. Quando possível, 80-100 
mmHg a fim de se otimizar a perfusão cerebral podem 
ser considerados. 
 Ringer lactato pode evitar acidose 
hiperclorêmica iatrogênica em pacientes 
que requerem grandes volumes para 
ressuscitação. 
 Choque cardiogênico: Dobutamina (2-20 
µg/kg/min) e milrinone (dose de ataque 50 
µg/kg em 10 min e infusão contínua de 
0,375 a 0,75 µg/kg/min). 
 Drogas Antiarrítmicas: Reservadas a 
pacientes com arritmias instáveis 
recorrentes ou persistentes. A correção da 
causa da arritmia (distúrbio 
hidroeletrolítico, isquemia miocárdica, 
intoxicação exógena) é a melhor 
abordagem. 
Controle da Temperatura: Lesão neurológica é a 
principal causa de óbito de vítimas de PCR extra-
hospitalar. Deve-se evitar e hipertermia após a PCR. A 
hipotermia terapêutica (temperatura central 32-34 
ºC) e o controle ativo de temperatura (objetivo de 
temperatura central menor que 36ºC) demonstram-se 
potencialmente benéficos por minimizarem a lesão 
cerebral em todos os pacientes pós-PCR, 
independente da arritmia na apresentação e do local 
onde ocorreu (extra ou intra-hospitalar). Indica-se 
universalmente a todo paciente após retorno a 
circulação espontânea que não obedeça a 
comandos ou não apresente movimentação 
intencional. 
 Prevenção ativa da febre (temperatura 
>37,7 ºC) por pelo menos 72 horas nos 
pacientes comatosos. 
 O alvo de temperatura pode ser atingido 
por meio da exposição do paciente, pelo 
uso de antipiréticos ou com dispositivos de 
resfriamento com alvo de temperatura de 
37,5 ºC. 
A administração de 1L SF a 4ºC em 15 minutos com 
auxílio de bolsa pressurizada é capaz de 
rapidamente reduzir a temperatura central em 1ºC. 
Pacientes com IC ou IR devem ter precaução, pois tal 
medida está associada a congestão pulmonar e maior 
necessidade de diuréticos. Pode-se realizar medidas 
de resfriamento externo (bolsas de gelo, cobertores 
resfriados) ou dispositivos intravasculares. Essas 
estratégias são capazes de resfriar a taxas de 0,5 a 
1ºC por hora. 
Para suprimir os calafrios, a sedação é medida 
fundamental. Pode-se associar com bloqueadores 
neuromusculares. Propofol e midazolam são opções 
adequadas. É recomendada a monitorização 
eletroencefalográfica contínua pela possibilidade de se 
mascararem crises convulsivas. 
O reaquecimento deve ser lento e progressivo, com 
taxas não maiores que 0,5 ºC/hora. No caso de 
cobertores térmicos, elevar a temperatura ajustada em 
0,5 ºC a cada 3 horas até se atingir a normotermia. 
Taxas rápidas se associam a eventos adversos, tais 
como edema cerebral, convulsões e distúrbios 
hidroeletrolíticos (hipercalemia). 
Causas reversíveis de PCR: 
 Hipovolemia 
 Hipóxia 
 Íon hidrogênio (acidose) 
 Hipo/hipercalemia 
 Hipotermia 
 Pneumotórax 
 Tamponamento cardíaco 
 Toxinas 
 Trombose pulmonar 
 Trombosecoronariana

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