Buscar

Sistema Hepatobiliar e Pâncreas Exócrino

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sistema Hepatobiliar e Pâncreas Exócrino
Fígado e sistema biliar intra-hepático
Estrutura e funcionamento
Desenvolvimento
O desenvolvimento do fígado continua durante o desenvolvimento fetal. À medida que as células hepáticas se diferenciam e se organizam, formam-se os cordões hepáticos e ductos biliares intra-hepáticos. Esses cordões sustentados em direção ao mesênquima adjacente e se ramificam para formar a estrutura complexa do fígado adulto.
Durante o desenvolvimento fetal, o fígado também desempenha outras funções importantes, como a produção de células sanguíneas e a estrutura de proteínas plasmáticas. O fígado fetal é responsável pela maioria das funções metabólicas até que os órgãos mais desempenhados, como os rins e os pulmões, estejam prontos para assumir essas funções.
Em resumo, o fígado se origina do divertículo hepático, que se projeta do duodeno primitivo no início da embriogênese. As células epiteliais O epitélio biliar também se origina do divertículo hepático. Os ductos intra-hepáticos desenvolvem-se a partir de uma estrutura denominada placa ductal, que é composta de hepatoblastos que circundam os ramos da veia porta e recobrem o mesênquima do trato portal primitivo. Uma segunda camada descontínua externa de hepatoblastos primitivos forma-se subsequentemente, e as regiões com duas camadas de células remodelam-se em túbulos e dão origem ao sistema ductular biliar intrahepático. O desenvolvimento dos ductos inicia-se no hilo hepático e estende-se para as margens do órgão até os últimos estágios da gestação. A porção residual da bolsa vazia do divertículo hepático conserva-se e dá origem aos ductos biliares extra-hepático do fígado se desenvolvem em torno dos vasos vitelínicos para formar os sinusóides hepáticos. O tecido conjuntivo hepático deriva do septo transverso e das células mesenquimais da cavidade celômica. Durante o desenvolvimento fetal, o fígado cresce e se desenvolve para formar a estrutura complexa do fígado adulto e desenvolveu várias funções metabólicas importantes.
O epitélio biliar é uma camada de células epiteliais especializadas que revestem o interior dos dutos biliares intra e extra-hepáticos. Esse epitélio é composto por diferentes tipos de células, como os colangiócitos e os hepatócitos, que desempenham funções importantes na síntese, transporte e reforço da bile.
Estruturas Macroscópica e Microscópica
O fígado apresenta uma organização microscópica complexa e altamente organizada. Os hepatócitos, as células hepáticas responsáveis ​​pela maioria das funções metabólicas do fígado, estão organizadas em placas que se confirmam radialmente em torno de uma veia central no centro do lóbulo hepático. Os sinusoides hepáticos, estruturas semelhantes a capilares que permitem a mistura do sangue portal e arterial, perfundem o espaço entre as placas de hepatócitos.
Os ramos da veia porta e da artéria hepática estão localizados na periferia do lóbulo hepático, e o sangue de ambas perfunde os sinusóides. Os ductos biliares, que transportam a bile produzida pelos hepatócitos, estão localizados perifericamente e drenam os canalículos biliares que correm entre os hepatócitos.
Além da organização em lóbulos, o fígado também apresenta uma organização funcional em ácinos. O ácino é uma estrutura em forma de diamante com os ramos distribuidores dos vasos das áreas portais no centro da estrutura. A zona 1 do ácino é a mais próxima do suprimento de sangue aferente, ou seja, dos ramos da artéria hepática e da veia porta. A zona 3 é a ponta da estrutura em forma de diamante próxima à veia terminal hepática. A zona 2 está entre as zonas 1 e 3. A distribuição zonal de células e enzimas metabólicas é importante para a compreensão de várias doenças hepáticas, como hepatite, cirrose e doença hepática.
O fígado é uma glândula multifuncional que desempenha uma variedade de papéis essenciais no corpo, incluindo a síntese e armazenamento de nutrientes, a desintoxicação de substâncias nocivas, e a produção e intensificação da bile. A bile é um fluido amarelado produzido pelos hepatócitos (células hepáticas) que contém uma mistura de sais biliares, colesterol, bilirrubina e outras substâncias que ajudam a emulsificar como fornecer no intestino delgado e facilitar a absorção de nutrientes.
O ácino hepático é a unidade anatômica funcional do fígado, e é responsável pela produção e transporte da bile. Cada ácino tem uma estrutura em forma de diamante, com os ramos da artéria 
Em resumo, a aparência ultraestrutural do hepatócito reflete a sua capacidade metabólica, sua atividade de intensidade da bile e seu contato íntimo com o plasma. A presença de microvilosidades e canalículos permite uma captação eficiente e intensidade de substâncias, enquanto as organelas presentes no citoplasma fornecem a energia e os componentes necessários para o metabolismo e o estresse hepático.
A estrutura do fígado, especificamente a disposição dos hepatócitos em placas ramificadas com espessura unicelular que se estendem radialmente a partir da vênula hepática terminal. Essas placas hepáticas são separadas pelos sinusoides vasculares, que são diferentes dos capilares por serem revestidas por células endoteliais descontínuas que não possuem uma membrana basal típica. O sangue dos ramos aferentes terminais da artéria hepática e da veia porta mistura-se nos sinusoides hepáticos e flui para a vênula hepática terminal. A arquitetura dos sinusoides permite a captação eficaz dos constituintes do plasma pelos hepatócitos e facilita o reforço hepatocelular. O suporte de membrana basal eletroluminescente contém colágenos tipo III, IV e XVIII, e outros componentes da matriz extracelular. O lúmen dos sinusoides contém macrófagos hepáticos, chamados de células de Kupffer (Fig. 8-5). Essas células integram o sistema monocítico-macrofágico e retiram agentes infecciosos e células senescentes, como eritrócitos, material particulado, endotoxinas e outras substâncias do sangue sinusoidal. Elas são móveis e podem migrar pelos sinusoides e para as áreas de dano tecidual e dos linfonodos locais. As células de Kupffer estão envolvidas em movidas acomodadas pela citocina com hepatócitos, células endoteliais e as células estreladas, que serão aguardadas adiante. Elas podem expressar antígenos de histocompatibilidade classe II e atuam como células de apresentação de antígenos, embora não sejam tão eficazes quanto os macrófagos em outros tecidos. A fagocitose e a depuração de complexos imunes são as ações fundamentais das células de Kupffer.
​
Funcionamento Normal
O fígado é um órgão multifuncional que desempenha muitas funções importantes, incluindo:
Metabolismo da bilirrubina: o fígado converte a bilirrubina, um pigmento amarelo derivado da degradação da hemoglobina, em uma forma solúvel em água para ser excretada na bile.
Metabolismo dos sucos biliares: o fígado sintetiza e secreta os sucos biliares, que ajudam na digestão e absorção de vitamina no intestino delgado.
Metabolismo dos carboidratos: o fígado é responsável pela regulação do nível de glicose no sangue, armazenando glicose na forma de glicogênio e liberando-a quando necessário.
Metabolismo lipídico: o fígado sintetiza e secreta lipoproteínas, que transportam lipídios pelo corpo, e também está envolvido no processamento e fornecido de ácidos graxos.
Metabolismo dos xenobióticos: o fígado é responsável pela biotransformação e eliminação de substâncias estranhas (xenobióticos) do corpo, incluindo drogas e toxinas.
Síntese das proteínas: o fígado é um importante órgão de síntese de proteínas, incluindo a albumina, os fatores de coagulação e várias enzimas.
Função imunológica: o fígado possui células imunes, incluindo as células de Kupffer, que ajudam a combater os resistentes e remover bactérias e partículas estranhas do sangue.
Metabolismo da Bilirrubina
A bile produzida pelo fígado é armazenada na vesícula biliar e liberada no duodeno quando ocorre a digestão de gorduras. Os ácidos biliares ajudam a emulsificar as gorduras para que possam ser quebradas pelas enzimas digestivas.Além disso, a bile também ajuda a neutralizar o pH ácido do quimo (mistura de alimentos e sucos digestivos no estômago) que entra no intestino delgado a partir do estômago.
Além disso, a bile também auxilia na absorção de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina A, D, E e K, e na eliminação de resíduos metabólicos, como o excesso de colesterol e bilirrubina, que é formado pela quebra da hemoglobina dos glóbulos vermelhos. A intensificação da bile é controlada por vários hormônios e fatores neurais que respondem ao estado nutricional do organismo e à presença de alimentos no intestino. A bile é secretada pelos hepatócitos e armazenada na felicidade biliar antes de ser liberada no intestino delgado.
O processo de eliminação da bilirrubina pode ser dividido em três fases:
captação, conjugação e secreção. A captação refere-se ao processo por meio do qual
os hepatócitos removem da circulação a bilirrubina ligada à albumina. A bilirrubina
não conjugada é separada da albumina na superfície sinusoidal e a bilirrubina é
absorvida pelos hepatócitos por um processo mediado por um transportador. Na
segunda fase do metabolismo da bilirrubina, ela é conjugada, principalmente com o
ácido glicurônico, pela ação da bilirrubina UDP-glicuroniltransferase no retículo
endoplasmático. Após a conjugação, a bilirrubina torna-se hidrossolúvel e menos
tóxica. Na terceira fase do metabolismo da bilirrubina, ela é excretada para a bile por
transporte ativo através de partes especializadas das membranas dos hepatócitos que
formam as margens dos canalículos biliares. A fase de excreção é o passo limitante na
maioria das espécies.
O urobilinogênio é convertido em estercobilina nas fezes, que dá a elas a cor marrom. A bilirrubina é um produto do metabolismo da hemoglobina e é produzida pelo baço. Ela é levada pelo sangue para o fígado, onde é conjugada e excretada na bile. Na luz intestinal, a bilirrubina é convertida em urobilinogênio pelas bactérias presentes na flora intestinal. A maior parte do urobilinogênio é reabsorvida pelo sangue portal e levada de volta ao fígado.
Metabolismo dos Ácidos Biliares
Os ácidos biliares são essenciais para a digestão de gorduras e absorção de vitaminas lipossolúveis, além de desempenharem um papel importante na manutenção da homeostase do colesterol. A sua produção no fígado é controlada por mecanismos complexos e sua secreção na bile é estimulada pelo fluxo de ácidos biliares. A reabsorção de ácidos biliares no íleo e sua ressecção na bile por meio da circulação êntero-hepática é um processo importante para a conservação de ácidos biliares e a manutenção da função hepática adequada.
Os biliares são importantes constituintes da bile e possuem diversas funções no organismo, incluindo a manutenção da homeostase do colesterol, o estímulo para o fluxo da bile e a digestão e absorção de vitaminas e vitaminas lipossolúveis. Além disso, os sucos biliares são sintetizados no fígado a partir do colesterol e são secretados nos canalículos biliares através de bombas moleculares intramembranosas, criando um gradiente osmótico que estimula a entrada de água e solutos na bile. A reabsorção dos coletores biliares do íleo e sua ressecreção na bile por meio da circulação êntero-hepática é um processo importante para a eficiência da função dos coletores biliares.
Metabolismo dos Carboidratos
o fígado é capaz de produzir glicose a partir de precursores não carboidratos, como lactato, aminoácidos e glicerol. Essa via metabólica é conhecida como gliconeogênese e é importante para manter a glicemia em períodos de jejum ou hipoglicemia. O controle da glicemia é feito por hormônios como a insulina, produzida pelo pâncreas em resposta à elevação da glicemia, e o glucagon, produzido pelo pâncreas em resposta à queda da glicemia. A insulina estimula a captação de glicose pelos tecidos periféricos, como músculo e tecido adiposo, e a síntese de glicogênio e de lipídeos no fígado e tecido adiposo. O glucagon, por sua vez, estimula a gliconeogênese e a glicogenólise no fígado, aumentando a liberação de glicose na corrente sanguínea. Outros hormônios, como o cortisol e a adrenalina, também têm efeitos na regulação da glicemia. O equilíbrio desses hormônios e vias metabólicas é essencial para manter a glicemia dentro de limites fisiológicos e evitar complicações relacionadas ao excesso ou déficit de glicose no sangue.
Metabolismo Lipídico
o fígado é responsável pela produção da bile, que é essencial para a digestão e absorção de vitaminas no intestino delgado. A bile é composta principalmente de absorção biliares, colesterol, fosfolipídios e bilirrubina. Os hepatócitos sintetizam os receptores biliares a partir do colesterol e os excretam na bílis para ajudar na emulsificação e absorção de vitamina no intestino delgado. O fígado também é capaz de converter gorduras em corpos cetônicos durante períodos de jejum prolongado ou dieta pobre em carboidratos, que podem ser usados ​​como fonte de energia por outros tecidos, como o cérebro.
Metabolismo dos Xenobióticos
as enzimas do citocromo P450 são responsáveis pela biotransformação de uma ampla variedade de compostos xenobióticos e endógenos em formas hidrossolúveis para serem eliminados do corpo. As enzimas do citocromo P450 estão localizadas principalmente no retículo endoplasmático liso dos hepatócitos, mas também estão presentes em outras células do corpo, como intestino, pulmão e rim. O processo de biotransformação envolve várias reações químicas que podem gerar metabólitos tóxicos ou reativos que podem causar danos celulares e levar à lesão hepática tóxica.
Síntese das Proteínas
A síntese de proteínas plasmáticas é uma das principais funções do fígado, que produz uma grande variedade de proteínas importantes para o corpo. A albumina, por exemplo, é a proteína plasmática mais abundante e é produzida pelo fígado. Ela desempenha um papel importante na manutenção da pressão osmótica do sangue e no transporte de hormônios, íons e outras substâncias. Além disso, muitos fatores de coagulação também são produzidos no fígado e são essenciais para a hemostasia normal do sangue. A deficiência de alguns desses fatores pode levar a distúrbios hemorrágicos. Outras proteínas produzidas pelo fígado estão envolvidas na resposta imune e na defesa contra infecções.
Função Imunológica
Além das funções metabólicas e de síntese, o fígado desempenha um papel importante no sistema imunológico. As células de Kupffer, localizadas nos sinusoides hepáticos, são responsáveis por remover bactérias, vírus, toxinas e outras substâncias estranhas do sangue que passam pelo fígado. Além disso, o fígado é importante na recirculação da imunoglobulina A secretora, uma proteína que ajuda a proteger as superfícies mucosas do corpo, incluindo o trato gastrointestinal. O fígado também produz proteínas de fase aguda em resposta à inflamação sistêmica, o que ajuda a regular a resposta imune.
Resposta do fígado à agressão
Necrose e Apoptose
Além da lesão subletal, as células hepáticas também podem sofrer lesão letal, caracterizada por necrose celular ou apoptose. A necrose ocorre quando há lesão intensa e irreversível das células, com rompimento da membrana plasmática e liberação do conteúdo celular no espaço extracelular, levando a inflamação e cicatrização. Já a apoptose é uma forma programada de morte celular, que ocorre quando a célula é danificada ou envelhecida, sendo eliminada de forma ordenada, sem causar inflamação. A apoptose pode ser desencadeada por diferentes fatores, como estresse oxidativo, toxinas, vírus e citocinas inflamatórias. A morte celular tanto por necrose quanto por apoptose pode contribuir para o desenvolvimento de doenças hepáticas, como a cirrose e o carcinoma hepatocelular.
A necrose é um processo de morte celular que ocorre após lesão letal, resultando em edema do citoplasma, destruição das organelas e rompimento da membrana plasmática. Existem diferentes tipos de necrose, incluindo a necrose de coagulação, que é caracterizada por hepatócitos edemaciados com contorno citoplasmáticoeosinofílico preservado e cariorrexia ou cariólise, e a necrose lítica, que envolve perda de hepatócitos e afluência de eritrócitos no espaço vago ou condensação do suporte de tecido conjuntivo reticular do fígado que outrora sustentava os hepatócitos. Por outro lado, a apoptose é um processo de morte celular programada, que ocorre através de uma cascata de sinalização que envolve caspases, levando ao encolhimento celular e à manutenção da integridade da membrana celular.
Padrões de Degeneração Hepatocelular e Necrose
Esses são os três principais padrões morfológicos de degeneração e/ou necrose celular que podem ocorrer no fígado. A degeneração hepatocelular e/ou necrose aleatória é caracterizada pela morte de hepatócitos isolados e distribuídos aleatoriamente em todo o parênquima hepático. A degeneração hepatocelular e/ou necrose zonal é caracterizada pela morte de hepatócitos em uma determinada zona ou área do fígado, geralmente na região centrolobular. A degeneração hepatocelular e/ou necrose maciça é caracterizada pela morte de uma grande porcentagem de hepatócitos em todo o parênquima hepático. Cada um desses padrões morfológicos pode ser associado a diferentes causas de lesão hepática.
Degeneração Hepatocelular Aleatória
A degeneração e/ou necrose hepatocelular zonal é caracterizada pela morte celular que afeta a região periportal ou centrolobular dos lóbulos hepáticos. A necrose periportal é a forma mais comum de necrose zonal e afetada como células que se encontram em torno das tríades porta, e pode ser observada como uma banda de células necróticas ou áreas multifocais nessa região do fígado. Geralmente, a necrose periportal é causada por uma presença das vias biliares ou drogas e drogas que preferencialmente eram a região periportal do fígado. Já a necrose centrolobular afeta a região central do lóbulo hepático, que está próxima à veia central, e é observada como áreas multifocais, com aparência vermelha e úmida, e pode ser concomitante de hemorragia.
Degeneração e/ou Necrose Hepatocelular Zonal
A alteração zonal é um termo geral que descreve a degeneração e/ou necrose hepatocelular em áreas específicas do fígado. Existem três zonas hepáticas distintas: centrolobular (ou periacinar), mediozonal (entre as áreas centrolobular e periportal) e periportal (ou centroacinar). Quando a alteração zonal é extensa, independentemente da localização no lóbulo, ela produz um pálido e aumentado, com bordos arredondados e caracteristicamente apresenta acentuação do padrão lobular nas superfícies capsulares e de corte do órgão.
Os hepatócitos degenerados incham e, quando a maioria dos hepatócitos em uma zona é suportada, aquela porção do lóbulo se torna pálida. Por outro lado, a necrose dos hepatócitos em uma determinada zona do lóbulo resulta em dilatação e congestão dos sinusóides, de forma que a zona sobrevivente se torna vermelha.
Embora a alteração zonal produza normalmente um padrão lobular proeminente, é necessário um exame microscópico para determinar o tipo específico de alteração zonal. Existem diversas formas específicas de alteração zonal, que incluem:
Necrose centrolobular: é a forma mais comum de alteração zonal e afeta a zona centrolobular do lóbulo hepático. Geralmente é causado por hipóxia ou exposição a substâncias tóxicas. No exame microscópico, uma necrose centrolobular é caracterizada pela presença de hepatócitos necróticos em forma de cunha, com a base virada para a veia central.
Degeneração meiozonal: afeta a zona meiozonal do lóbulo hepático e pode ser causada por diversos fatores, incluindo isquemia, hipóxia, exposição a substâncias tóxicas e doenças metabólicas. No exame microscópico, a degeneração meiozonal é caracterizada pela presença de hepatócitos inchados e vacuolizados, acompanhados por infiltrado inflamatório.
Degeneração e necrose centrolobulares
A degeneração e necrose centrolobulares dos hepatócitos são muito comuns, já que essa porção do lóbulo hepático recebe o sangue menos oxigenado e tem a maior atividade enzimática capaz de ativar compostos em formas tóxicas. A necrose centrolobular pode resultar de uma anemia grave e aguda ou insuficiência cardíaca direita.
Além disso, a congestão passiva do fígado pode resultar em hipóxia, como resultado de estase do sangue, e produz atrofia dos hepatócitos centrolobulares. Isso ocorre porque, na congestão passiva do fígado, o fluxo sanguíneo é prejudicado, o que leva à acumulação de sangue no fígado e, consequentemente, a uma diminuição do suprimento de oxigênio aos hepatócitos.
Outras causas de necrose centrolobular incluem intoxicação por álcool ou outras substâncias químicas, doenças metabólicas, infecções e isquemia hepática. No exame microscópico, a necrose centrolobular é caracterizada pela presença de hepatócitos necróticos em forma de cunha, com a base voltada para a veia central.
Degeneração celular paracentral (periacinar)
A degeneração celular paracentral, também conhecida como degeneração periacinar ou centrolobular, afeta os hepatócitos na região periacinar ou centrolobular do lóbulo hepático, que é a área adjacente à veia central. Essa região é mais suscetível à hipóxia, já que recebe o sangue menos oxigenado.
A degeneração paracentral pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo hipóxia devido a diminuição do fluxo sanguíneo, exposição a toxinas ou drogas, infecções virais ou bacterianas e deficiências nutricionais. O álcool é uma das causas mais comuns de degeneração celular paracentral.
No exame microscópico, a degeneração celular paracentral é caracterizada pela presença de hepatócitos inchados e com vacúolos no centrolobular ou periacinar, próximos à veia central. À medida que a degeneração progride, os hepatócitos podem se tornar necróticos e morrer, resultando em uma diminuição do número de células e uma redução da função hepática.
Degeneração e necrose mediozonais
A degeneração e necrose mediozonais afetam os hepatócitos na região mediozonal, que fica entre as áreas centrolobular e periportal do lóbulo hepático. Essa região é menos suscetível à hipóxia do que a região periacinar/centrolobular, mas mais suscetível do que a região periportal, que é a área mais bem oxigenada.
As causas da degeneração e necrose mediozonais são variadas e incluem exposição a substâncias químicas ou drogas, infecções virais ou bacterianas, doenças metabólicas, entre outras. No entanto, a causa mais comum é a exposição a toxinas, como o tetracloreto de carbono, que é frequentemente usado em limpeza a seco e pode ser absorvido pelo organismo por inalação ou por contato com a pele.
No exame microscópico, a degeneração e necrose mediozonais são caracterizadas pela presença de hepatócitos inchados com vacúolos e necrose focal. À medida que a necrose progride, as células podem se tornar necróticas e desintegrar-se, resultando em uma diminuição do número de células hepáticas e redução da função hepática.
Degeneração e necrose periportais
A degeneração e necrose periportais afetam os hepatócitos na região periportal do lóbulo hepático, que é a área localizada próxima à tríade portal, composta pela veia porta, artéria hepática e ducto biliar. Essa região é a mais suscetível a alterações metabólicas, pois é a primeira área a receber o sangue arterial rico em nutrientes que chega ao fígado.
As causas da degeneração e necrose periportais incluem doenças metabólicas, como deficiência de alfa-1 antitripsina e doença hepática gordurosa não alcoólica, e infecções virais, como a hepatite B e C. Essas condições afetam o metabolismo dos hepatócitos na região periportal, o que leva à degeneração e necrose.
No exame microscópico, a degeneração e necrose periportais são caracterizadas pela presença de hepatócitos necróticos na região periportal do lóbulo hepático. À medida que a necrose progride, pode haver a formação de fibrose periportal. A função hepática pode ser comprometida, dependendo da extensão da degeneração e necrose.
Necrose em ponte
A necrose em ponte é uma forma de necrose que ocorre quando áreas adjacentes de necrose nofígado se fundem e formam uma ponte entre elas. Essas pontes podem ligar áreas de necrose centrolobulares, periportais ou uma combinação de ambas. A formação de pontes de necrose é um sinal de lesão hepática grave e extensa.
A necrose em ponte pode ser vista em várias condições que afetam o fígado, como hepatites virais agudas e crônicas, hepatite alcoólica, intoxicação por drogas e toxinas, e insuficiência hepática aguda. A extensão da necrose em ponte é um fator prognóstico importante na avaliação da gravidade da lesão hepática.
No exame microscópico, a necrose em ponte é caracterizada pela presença de áreas de necrose coalescente com a formação de pontes entre elas. Essas pontes podem ser vistas na região centrolobular, na região periportal ou em ambas. As áreas de necrose em ponte são circundadas por áreas de inflamação aguda e fibrose reativa. A presença de necrose em ponte indica uma lesão hepática significativa e pode ser um sinal de mau prognóstico.
Necrose Maciça
Necrose maciça é uma condição na qual um lobo hepático inteiro ou lóbulos contíguos sofrem necrose, desenvolvida na perda completa de todos os hepatócitos nestas áreas. A aparência macroscópica do fígado varia com a maturidade da lesão, mas, em geral, o fígado pode ser aumentado de tamanho com a superfície externa lisa e o parênquima escuro em razão da congestão extensa.
Inicialmente, os hepatócitos necróticos sofrem lise e o estroma residual torna-se condensado. A proteção não ocorre porque virtualmente todos os hepatócitos no lóbulo estão infectados. Microscopicamente, as áreas protegidas consistiam em espaços preenchidos por sangue com estroma de tecido conjuntivo desprovido de hepatócitos. Posteriormente, no curso do processo, as células estreladas ou outras células produtoras de matriz extracelular das áreas portal e centrolobular, que podem sobreviver ou migrar para o local da lesão, surgiram com novo colágeno, em particular colágeno I. O resultado é o colapso do lóbulo e a substituição do parênquima hepático perdido por uma cicatriz que consiste em estroma condensado por copos e tipos de colágeno.
O envolvimento parcial do fígado pode ser caracterizado por áreas deprimidas de necrose do parênquima e congestão vascular espalhadas por todo o órgão. Em geral, a necrose maciça é uma condição grave que pode levar à hemorragia aguda e à morte. O tratamento depende da causa subjacente e pode incluir terapia de suporte, como suporte hemodinâmico e ventilação mecânica, além de medidas para controlar a causa da necrose. Em casos avançados, o transplante hepático pode ser necessário.
Distúrbios do Fluxo Biliar e Icterícia
Distúrbios do fluxo biliar podem resultar em icterícia, uma condição na qual a pele e os olhos adquirem uma coloração amarelada devido ao acúmulo de bilirrubina no sangue e nos tecidos corporais. A bilirrubina é um pigmento amarelo-alaranjado formado pela degradação da hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos que é normalmente eliminado na bile produzida pelo fígado.
Os distúrbios do fluxo biliar podem ocorrer devido a uma permanência no trato biliar, que impede que a bile flua do fígado para o intestino. Isso pode ser causado por uma série de condições, como cálculos biliares, tumores, inflamação ou estenose (estreitamento) do ducto biliar. Outras causas incluem doenças hepáticas crônicas, como cirrose e hepatite crônica, que podem levar a fibrose e a formação de cicatrizes no fígado, adquiridas em fluxo biliar.
Os sintomas da icterícia incluem a pele e os olhos amarelados, urina escura e fezes claras ou acinzentadas. Em casos graves, a icterícia pode estar associada a complicações, como experimentou intensa, icterícia neonatal, encefalopatia hepática (confusão e desorientação causada pelo acúmulo de substâncias tóxicas no cérebro) e falência hepática. O tratamento depende da causa subjacente do distúrbio do fluxo biliar e pode envolver cirurgia, tratamento medicamentoso ou terapia de suporte para aliviar os sintomas.
Regeneração
A capacidade de regeneração hepática é uma das características mais importantes do fígado. Após uma lesão ou perda de massa hepática, os hepatócitos remanescentes começam a se replicar para restaurar a função hepática. Além disso, como você mencionou, outros tipos de células, como as células do ducto biliar, também participam desse processo de regeneração. A coordenação entre a replicação dessas células é fundamental para o sucesso da regeneração hepática. A regeneração do fígado é um exemplo notável da capacidade do corpo de se adaptar e se recuperar de lesões e doenças.
A regeneração geralmente ocorre pela replicação dos hepatócitos maduros. Na
maioria das vezes, isso leva a um aumento no tamanho dos lóbulos existentes;
entretanto, dados recentes sugerem que pode ocorrer a formação de novos lóbulos
através da subdivisão dos lóbulos existentes. Após a remoção somente dos lobos
hepáticos, os lobos remanescentes permanecem, e não ocorre nenhuma formação de
novos lobos.
Fibrose
A fibrose hepática é uma resposta cicatricial do fígado a lesões crônicas, incluindo doenças virais crônicas, esteatohepatite não alcoólica e consumo excessivo de álcool. À medida que a fibrose progride, o fígado fica cada vez mais rígido e pode levar à cirrose hepática, que é uma condição irreversível e pode ser fatal se não tratada. A fibrose hepática também pode afetar a função hepática, incluindo a capacidade do fígado de filtrar toxinas do sangue, produzir bile e sintetizar proteínas.
Além de armazenar lipídios, as células estreladas têm várias funções importantes no fígado, incluindo a regulação do fluxo sanguíneo, a produção de citocinas e fatores de crescimento, a manutenção da matriz extracelular e a participação na regulação da resposta imune. Durante a lesão hepática, as células estreladas se ativam e perdem seus lipídios, migrando para as áreas lesionadas do fígado e produzindo colágeno e outras proteínas da matriz extracelular, o que leva à formação de fibrose. A ativação das células estreladas é um evento chave na progressão da fibrose hepática e é alvo de muitos tratamentos terapêuticos em desenvolvimento.
Além do seu papel no controle do diâmetro dos sinusoides, as células estreladas hepáticas são também importantes na homeostase hepática. Elas são capazes de armazenar e mobilizar vitamina A, produzir fatores de crescimento e citocinas, e desempenham um papel na regulação da resposta imune no fígado. No entanto, em resposta a lesões hepáticas crônicas, as células estreladas ativam-se e transformam-se em miofibroblastos, que produzem grandes quantidades de matriz extracelular (principalmente colágeno tipo I), resultando na fibrose hepática. Portanto, as células estreladas desempenham um papel central tanto na homeostase hepática quanto na patogênese da fibrose hepática.
Além disso, a capilarização dos sinusoides pode levar a um aumento na resistência vascular hepática, resultando em um fluxo sanguíneo reduzido para o fígado e aumento da pressão portal. Isso pode levar a complicações como ascite (acúmulo de líquido no abdômen), varizes esofágicas e hemorragia gastrointestinal. A capilarização dos sinusoides também pode afetar a distribuição de substâncias pelo fígado, dificultando a absorção de nutrientes e medicamentos. Por isso, a capilarização dos sinusoides é um achado importante na avaliação histológica de doenças hepáticas crônicas.
Hiperplasia Biliar
A hiperplasia biliar pode ser uma resposta não específica a uma variedade de agressões ao fígado e a formação de ductos biliares pode ocorrer em resposta a uma obstrução da drenagem da bile. Além disso, a proliferação de células progenitoras bipotenciais pode levar à formação de ductos de pequeno calibre e túbulos, em uma resposta chamada de reação ductular. Essa reação pode ocorrer rapidamente, especialmente em animais jovens. A hiperplasia biliar é geralmente considerada uma lesão observada no dano hepático de longa duração.
Doença Hepática em Estágio Terminal ou Cirrose
A cirrose é uma doença hepática crônica em que o tecido hepático normal ésubstituído pelo tecido fibroso cicatricial. Isso resulta em uma perda gradual da função hepática. A cirrose pode ser causada por uma variedade de condições, incluindo doença hepática crônica, hepatite, consumo excessivo de álcool e outras doenças do fígado.
Nos animais, a cirrose é mais comum em cães e gatos, mas também pode afetar outros animais, incluindo cavalos e gado. Os sintomas da cirrose em animais podem incluir perda de apetite, perda de peso, icterícia, aumento do volume abdominal, vômitos e diarreia. Além disso, a função hepática prejudicada pode levar a complicações como encefalopatia hepática, coagulopatia e ascite.as do Fígado em Estágio Terminal
• Toxicidade crônica (agentes terapêuticos ou toxinas de ocorrência natural)
• Colangite e/ou obstrução crônica
• Congestão crônica (insuficiência cardíaca direita)
• Distúrbios hereditários do metabolismo de metais (cobre ou ferro)
• Hepatite crônica
• Idiopática
Insuficiência Hepática
fígado é um órgão com grande capacidade regenerativa e reserva funcional. Isso significa que, em animais saudáveis, uma grande parte do fígado pode ser removida sem prejuízo significativo na função hepática, e a massa hepática pode ser regenerada em poucos dias. No entanto, quando a reserva e a capacidade regenerativa estão esgotadas ou quando o fluxo biliar está obstruído, os sinais clínicos de perturbação hepática podem se manifestar. A insuficiência hepática ocorre quando há prejuízo na função hepática normal devido a lesão hepática aguda ou crônica. As possíveis consequências da disfunção hepática e da insuficiência incluem encefalopatia hepática, distúrbios do fluxo biliar, distúrbios metabólicos, alterações vasculares e hemodinâmicas, manifestações cutâneas e manifestações imunológicas.
Encefalopatia Hepática
A encefalopatia hepática é uma insuficiência cardíaca grave que ocorre em animais com disfunção hepática ou insuficiência hepática. A doença é caracterizada por alterações comportamentais, neurológicas e psicológicas, que podem progredir para coma e morte se não forem tratadas.
A encefalopatia hepática é causada pela infecção de toxinas no cérebro, devido à incapacidade do fígado de remover substâncias tóxicas do sangue. Essas substâncias podem incluir amônia, ácido gama-aminobutírico (GABA) e mercaptanas, entre outras. Acredita-se que o acúmulo de amônia seja o principal fator causador da encefalopatia hepática.
Distúrbios Metabólicos da Insuficiência Hepática
A insuficiência hepática pode se manifestar por uma variedade de distúrbios
metabólicos. O tipo e a duração do distúrbio hepático podem influenciar a natureza
da perturbação metabólica.
Alterações Vasculares e Hemodinâmicas da Insuficiência Hepática
A doença hepática crônica pode ter várias causas, incluindo doença hepática alcoólica, hepatite viral crônica, doença hepática gordurosa não infecciosa, doenças autoimunes e outras condições. A fibrose hepática difusa é uma resposta cicatricial do fígado a lesões crônicas e pode eventualmente levar à cirrose hepática.
A hipertensão portal é uma experiência comum de cirrose hepática e outras formas de doença hepática crônica, que é caracterizada pelo aumento da pressão no sistema de veias que transporta o sangue do intestino e do baço para o fígado. Isso pode levar ao desenvolvimento de efeitos colaterais vasculares, que são vias alternativas para o sangue fluir de volta ao coração, evitando o fígado.
Manifestações Imunológicas da Insuficiência Hepática
A insuficiência hepática crônica leva a prejuízo da função imunológica hepática
normal. Como consequência, o paciente acometido frequentemente desenvolve
endotoxemia e maior risco de infecção sistêmica. Na maioria dos casos, esse distúrbio
manifesta-se como uma redução da filtração de sangue pelas células de Kupffer, que é
preliminarmente um resultado da derivação do sangue portal em vez da redução da
atividade fagocitária das células de Kupffer.
Portas de entrada
o sistema hepático e biliar está exposto a infecções e substâncias causadoras de lesões por três vias principais: hematogena, biliar e injeção direta.
A via hematogênica refere-se à infecção ou exposição de substâncias tóxicas que entram na corrente sanguínea e são transportadas para o fígado através da veia porta. Isso pode ocorrer quando micróbios ou substâncias tóxicas são ingeridos ou produzidos pela microbiota intestinal e, em seguida, são absorvidos pelo trato gastrointestinal e entram na corrente sanguínea.
A via biliar ocorre quando agentes infecciosos, como bactérias entéricas e parasitas, têm acesso ao fígado através da árvore biliar, que está em conexão direta com o duodeno e bactérias entéricas. Isso pode acontecer quando as bactérias sobem pelo ducto biliar comum ou através de locais incomuns no fígado.
A penetração direta refere-se à infecção ou lesão traumática que ocorre quando agentes infecciosos ou substâncias tóxicas entram na cavidade corpórea diretamente ou a partir do trato gastrointestinal. Isso pode acontecer, por exemplo, quando há uma perfuração no trato gastrointestinal ou quando corpos estranhos penetram no retículo.
É importante lembrar que neonatos e fetos de animais também podem adquirir ascendentes por meio da veia umbilical. Além disso, intoxicações ou doenças sistêmicas também afetam o fígado através do sangue da doença hepática.
Mecanismos de defesa
Mecanismos da Lesão Hepática
• Bioativação metabólica dos químicos em espécies reativas via citocromo p450
• Estimulação da autoimunidade
• Estimulação do apoptose
• Rompimento da homeostase do cálcio levando à formação de vesículas na superfície da célula e à
lise
• Lesão canalicular
• Lesão mitocondrial
Vesícula biliar e ductos biliares extra-hepáticos
Estrutura e funcionamento
A bile produzida pelo fígado é armazenada e concentrada na vesícula biliar antes de ser liberada no intestino delgado, onde ajuda na digestão de gorduras. O transporte ativo de sódio e ânions através das células epiteliais da vesícula biliar é responsável pela considerável concentração da bile em caninos e felinos, enquanto em suínos e ruminantes a concentração é menor. É interessante notar que equinos não possuem vesícula biliar e liberam a bile continuamente no duodeno. A localização da abertura do ducto biliar comum no intestino pode variar entre as espécies domésticas, mas geralmente fica próxima ao piloro.
Os animais que permanecem em jejum por 24 a 48 horas, ou que estão famintos
ou caquéticos, podem apresentar vesícula biliar notavelmente aumentada.
A razão é que esses animais não têm o estímulo parácrino (i.e., colecistoquinina), e
vários outros estímulos hormonais e neurais, para contrair a vesícula biliar e relaxar
o esfíncter na terminação do ducto biliar comum, o qual regula o fluxo da bile para o
duodeno.
Pâncreas exócrino
Estrutura e funcionamento
Desenvolvimento
Durante a embriogênese, o pâncreas se desenvolve a partir de dois brotos distintos, um broto ventral e um dorsal. O broto ventral surge como uma evaginação da parede do intestino anterior, enquanto o broto dorsal surge como uma evaginação dorsal do duodeno. Durante o desenvolvimento, o broto ventral se move para a direita e se funde com o broto dorsal, dando origem ao pâncreas embrionário completo.
O ducto pancreático principal é formado a partir da fusão do ducto ventral e da porção distal do ducto dorsal. O ducto pancreático acessório é formado a partir da porção proximal do ducto dorsal. O ducto pancreático principal se une ao ducto biliar comum e, juntos, eles desembocam no duodeno através do papila duodenal maior.
Estruturas Macroscópica e Microscópica
O pâncreas exócrino é a maior parte do pâncreas e é responsável pela produção de enzimas digestivas. Macroscopicamente, o pâncreas exócrino é dividido em uma cabeça, corpo e cauda. A cabeça do pâncreas está localizada no duodeno, e o corpo e a cauda estão localizados atrás do estômago. A cabeça do pâncreas é circundada pelo duodeno e se projeta para a direita, enquanto a cauda se estende para a esquerda. O ducto pancreático principal atravessa todo o comprimentodo pâncreas exócrino e se junta ao ducto biliar comum antes de se abrir no duodeno.
Microscopicamente, o pâncreas exócrino é composto por ácinos e ductos. Os ácinos são células secretoras de enzimas pancreáticas, que efectuou enzimas como amilase, lipase e tripsina. Essas enzimas são secretadas em emoções de forte exocítica e são liberadas no ducto pancreático principal. Os ductos pancreáticos são células que transportam as enzimas pancreáticas para o ducto pancreático principal e, em última análise, para o duodeno. Os dutos pancreáticos também secretam bicarbonato, que ajuda a neutralizar o ácido do estômago no duodeno.
Além disso, as células do pâncreas exócrino são organizadas em lóbulos, que são separadas por tecido conjuntivo. Os lóbulos são compostos por um ácino central, cercados por dutos intercalares e dutos interlobulares. Os dutos intercalares drenam o fluido dos ácinos e transportam para os dutos interlobulares, que por sua vez drenam no duto pancreático principal.
Funcionamento Normal
O pâncreas exócrino produz secreções que contribuem para a digestão. Essas
secreções contêm uma variedade de enzimas que quebram os lipídios dietéticos
(lipase e fosfolipase), as proteínas (tripsina e quimiotripsina) e os carboidratos
(amilase). As secreções contêm também eletrólitos, os quais mantêm o pH do
conteúdo intestinal dentro de uma margem que é ótima para a atividade enzimática.
Respostas às lesões
O pâncreas possui capacidade regenerativa modesta após pancreatite aguda com
necrose das células epiteliais exócrinas pancreáticas, embora tenha sido demonstrada
regeneração mais consistente após pancreatectomia parcial. As células acinares
podem estar sujeitas a replicação nos casos de lesão limitada e, em lesões mais
graves, células precursoras surgem das células do interior do epitélio dos ductos ou
adjacentes a eles. Após a lesão pancreática aguda, geralmente há pouca evidência de
regeneração do pâncreas exócrino se houve suficiente destruição de tecidos, e a
fibrose é a resposta principal. Dúctulos proliferados e lobos pancreáticos exócrinos
atróficos são também encontrados após lesão pancreática significativa.
Mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa do pâncreas exócrino estão listados no Tabela 8-2. O
pâncreas é protegido pelo fluxo contínuo de secreções para o interior do duodeno, o
que impede o refluxo do conteúdo duodenal. A secreção normal do pâncreas contém
tripsina, quimiotripsina, elastase, aminopeptidases, lipase, fosfolipases, amilase e
nucleases. A tripsina é uma enzima importante porque tem um papel na ativação de
várias outras enzimas pancreáticas. Existem muitos mecanismos para proteger o
1082
pâncreas saudável dos efeitos das enzimas digestivas que ele produz. Antes da
secreção, as enzimas são isoladas do citoplasma das células acinares em grânulos de
zimogênio ligados à membrana. A maioria das enzimas, com exceção da amilase e da
lipase, é secretada como pró-enzima para impedir a agressão pancreática. Em
particular, a ativação da tripsina é controlada rigidamente por causa de seu papel
central na ativação de outras enzimas. Consequentemente, a pró-enzima
tripsinogênio não é normalmente ativada até que entre no lúmen do duodeno através
da enteropeptidase duodenal. Além disso, a chance de ocorrer ativação inapropriada
de tripsina nas células acinares ou ductos do pâncreas é reduzida pela secreção de
inibidores protetores da tripsina. Nas circunstâncias em que a tripsina ou outras
enzimas são inapropriadamente ativadas, ocorrem várias outras defesas. As células
acinares têm resistência inata às várias enzimas digestivas. A liberação
intrapancreática de enzimas ativas desencadeia a liberação de outras enzimas, que
degradam as enzimas digestivas agressoras; e as enzimas lisossomais podem degradar
os grânulos de zimogêneo quando a secreção pancreática é perturbada, reduzindo a
carga de enzimas potencialmente lesivas.
Doenças do fígado e sistema biliar dos animais domésticos
Anomalias do desenvolvimento e achados incidentais
As anomalias do desenvolvimento do fígado ocorrem em animais domésticos, embora
a maioria seja de pouca importância.
Cistos Biliares Congênitos
Os cistos biliares congênitos são encontrados no interior dos fígados de caninos,
felinos e suínos, mas presumivelmente todas as espécies domésticas podem ser
acometidas. Os cistos são geralmente um achado incidental e podem ser encontrados
em animais de qualquer idade. Cistos múltiplos que afetam extensas áreas do fígado ocorrem em gatos e
ocasionalmente em cães, e considera-se que representam anomalias do
desenvolvimento dos ductos biliares intra-hepáticos. Há vários tipos dessas
anomalias, que são coletivamente denominadas malformações da placa ductal. A
doença policística congênita — caracterizada por numerosos cistos epiteliais
dispostos no fígado, rins e, ocasionalmente, no pâncreas — ocorre em cães, sendo os
Cairn Terriers e West Highland White Terrier os mais predispostos; em gatos, com os
gatos persas tidos com um risco mais elevado para a doença; e em cabras e cordeiros.
Os animais acometidos podem morrer de insuficiência hepática ou renal.
Deslocamento Hepático
O deslocamento do fígado para o interior da cavidade torácica, chamado de hérnia
diafragmática, pode ocorrer quando há defeito no diafragma. Uma malformação
congênita que deixe uma abertura no diafragma ou um evento traumático que cause
ruptura do diafragma pode ocasionar essa condição
Lipidose de Tensão (Esteatose)
Discretas áreas pálidas isoladas no parênquima nas margens do fígado são comuns
em bovinos e equinos. Esses focos ocorrem de forma típica na região
adjacente à inserção de uma conexão de ligamento (seroso), e supõe-se que essas
conexões impeçam o aporte de sangue ao parênquima hepático subjacente através de
tensão exercida sobre a cápsula. Os hepatócitos acometidos provavelmente acumulam
gordura em seu citoplasma (esteatose) como consequência da hipóxia. As lesões não
são de importância funcional.
Fibrose Capsular
Proeminências ou placas fibrosas isoladas estão frequentemente presentes na
superfície diafragmática do fígado e no diafragma adjacente do equino.
Vias de migração das larvas de nematoides eram originalmente tidas como a causa
desta lesão, mas esta patogênese parece menos provável, tendo em vista o uso
generalizado de tratamentos antiparasitários e a evidência contínua da lesão. A
resolução da peritonite não séptica, possivelmente como resultado do contato entre o
diafragma e a cápsula hepática adjacente, tem sido proposta como a causa dessas
regiões de fibrose capsular.
Alterações Pós-morte (post mortem)
A autólise do fígado ocorre rapidamente e pode estar avançada antes que seja óbvia
na maioria dos outros tecidos. No momento da morte, ou imediatamente antes, as
bactérias são liberadas do trato gastrointestinal para a circulação portal e alcançam o
fígado, onde proliferam rapidamente após a morte. Esse processo é especialmente
rápido em grandes animais durante o verão — particularmente bovinos, nos quais a
fermentação no rúmen adjacente produz calor; e em suínos, os quais são
frequentemente bem isolados por gordura. As áreas pálidas aparecem na superfície
capsular assim que a degradação bacteriana tem início. O órgão torna-se azul esverdeado
à medida que as bactérias degradam os pigmentos do sangue em sulfeto
de ferro. O fígado em contato com a vesícula biliar é rapidamente corado pelo
pigmento biliar, que passa através da parede da vesícula biliar. O órgão apresenta
consistência semelhante à de uma massa, e bolhas de gás podem ser formadas abaixo
da cápsula e no parênquima por causa da fermentação bacteriana.
Classificação morfológica da doença hepatobiliar
determinadas pela via de entrada, pela resposta inflamatória do hospedeiro, pela
natureza do agente infeccioso (p. ex., vírus, bactéria ou fungo), e por qualquer
tendência de envolvimento com um tipo particular de célula hepática. A via
hematógena de infecção tende a causar uma distribuição multifocal aleatória das
lesões. Geralmente bacterianas, as infecções que ascendempelo trato biliar são
tipicamente centradas nos ductos biliares. As infecções graves podem afetar o trato
portal inteiro e estenderem-se pelo parênquima adjacente. Feridas penetrantes
causam áreas discretas de inflamação com ou sem necrose que são evidentes na
cápsula e estendem-se pelo parênquima hepático.
Hepatite Aguda
A inflamação do parênquima hepático é chamada de hepatite. A hepatite aguda
caracteriza-se por inflamação, necrose hepatocelular e apoptose. A quantidade e o
tipo de células inflamatórias envolvidas variam consideravelmente dependendo da
causa da inflamação, da resposta do hospedeiro, e do estágio ou idade da lesão. A
caracterização do tipo de inflamação requer, em geral, avaliação microscópica. Em
várias formas de hepatite aguda, particularmente nas infecções bacterianas e
protozoárias, os neutrófilos acumulam-se em resposta ao estímulo quimiotático usual.
Hepatite Crônica
A hepatite crônica ocorre quando há inflamação contínua como resultado da
persistência de um estímulo antigênico. Na ausência de tal estímulo, a inflamação
rapidamente se resolve. A hepatite crônica caracteriza-se por fibrose, acúmulo de
células inflamatórias mononucleares, incluindo linfócitos, macrófagos e plasmócitos
e, frequentemente, regeneração. Em geral, os neutrófilos estão presentes na
inflamação hepática crônica não resolvida, como a que caracteriza algumas formas
de hepatite crônica canina. A quantidade e a distribuição de cada um desses
elementos variam com a causa incitante e a resposta do hospedeiro. Uma variação
local no fígado também pode ocorrer.
Hepatite Reativa não Específica
A hepatite reativa não específica é um processo difuso distribuído por todo o fígado
em resposta a algumas doenças sistêmicas, mais frequentemente do trato
gastrointestinal, ou é o resíduo de uma inflamação hepática prévia. Tipicamente, há
um infiltrado inflamatório discreto no trato portal e, possivelmente, no parênquima,
sem evidência de necrose. Nos casos agudos, há infiltrado de neutrófilos mínimo a
moderado no tecido conjuntivo dos tratos portais, que pode variar de intensidade.
Células mononucleares, preliminarmente linfócitos e plasmócitos, predominam em
mais manifestações crônicas. Macrófagos pigmentados que contêm hemossiderina,
lipofuscina ou ambas podem estar espalhadas por todo o parênquima.
Colangite
A inflamação dos ductos biliares (intra ou extra-hepáticos) é chamada de colangite.
Existem vários padrões de colangite. O número de células inflamatórias e o grau de
fibrose irão variar de acordo com o tipo e a duração da lesão. Formas específicas de
colangite são discutidas abaixo.
Colangite Neutrofílica
A colangite neutrofílica (supurativa) é o tipo mais comum de colangite. Caracterizase
pela presença de neutrófilos no lúmen ou no epitélio dos ductos biliares.
Colangite Linfocítica
A colangite linfocítica ocorre com mais frequência em gatos e é descrita em detalhes
na seção sobre Distúrbios de Gatos.
Colangite Destrutiva
A colangite destrutiva é uma síndrome incomum e é caracterizada por necrose do
epitélio dos ductos biliares. A inflamação geralmente está presente ao
redor das áreas de destruição biliar, na área portal. Certos agentes químicos, como a
sulfatrimetoprim, foram implicados nessa síndrome em cães.
Colângio-Hepatite
A inflamação que afeta os ductos biliares e o parênquima hepático é chamada de
colângio-hepatite. Na maioria dos casos de doença intra-hepática, o principal foco da
inflamação pode ser identificado ao afetar ou os hepatócitos ou a árvore biliar; mas,
em certas ocasiões, ambos os componentes do fígado são afetados, geralmente como
uma extensão da doença biliar, tal como a colangite neutrofílica, e envolve os
hepatócitos periportais. Nessa circunstância, o termo colângio-hepatite deve ser usado.
Distúrbios circulatórios
Distúrbios de Fluxo
Congestão Passiva (Aguda e Crônica)
A congestão passiva do fígado pode ocorrer em qualquer espécie e é quase sempre
consequência de disfunção cardíaca. A insuficiência cardíaca direita produz pressão
elevada na veia cava caudal, que mais tarde envolve a veia hepática e seus afluentes.
A congestão passiva crônica é particularmente comum em cães idosos e ocorre
secundariamente à endocardiose (degeneração mucoide) da válvula atrioventricular
direita. A congestão passiva aguda, por outro lado, pode ocorrer como consequência
de insuficiência cardíaca direita aguda, que tem muitas causas.
A aparência do fígado muda de acordo com a duração e a gravidade da
congestão. A congestão passiva inicialmente causa distensão das veias centrais e dos
sinusoides centrolobulares. A hipóxia centrolobular persistente leva à atrofia ou
perda dos hepatócitos e, eventualmente, à fibrose centrolobular. Pode também
ocorrer fibrose da veia central (fleboesclerose).
A congestão aguda do fígado produz discreto aumento do órgão, e o sangue flui
livremente por qualquer superfície de corte. O padrão lobular intrínseco do fígado
pode ser ligeiramente mais pronunciado, particularmente na superfície de corte,
porque as áreas centrolobulares estão congestas (vermelho-escuras), em contraste
com a coloração mais próxima do normal do restante do lóbulo.
Um aumento difuso e as bordas arredondadas dos lobos hepáticos são as
principais características da congestão passiva crônica. A congestão
passiva crônica leva a uma hipóxia persistente nas áreas centrolobulares e, em
consequência da deficiência de nutrientes e oxigênio, os hepatócitos atrofiam,
degeneram ou, eventualmente, podem sofrer necrose.
Doença Veno-oclusiva Hepática
O espessamento da íntima e a oclusão da veia central pelo tecido conjuntivo fibroso
caracterizam as lesões distintivas dessa síndrome. A consequência é uma congestão
hepática passiva e resultante lesão hepática, a qual pode progredir para insuficiência
hepática e sua constelação de sinais associados. A lesão não é etiologicamente
específica, mas pode seguir a lesão hepática induzida por aflatoxina ou pelo alcaloide
da pirrolizidina. Uma incidência extremamente alta é reconhecida em felinos exóticos
de cativeiro, como os guepardos, possivelmente em decorrência da ingestão de
grande quantidade de vitamina A, embora o mecanismo dessa lesão não seja
conhecido.
Distúrbios do Fluxo Sanguíneo no Fígado
Anemia
As regiões centrolobulares (periacinares) do lóbulo são as que recebem por último o
sangue; portanto, ele é menos oxigenado, e os efeitos da hipóxia manifestam-se em
geral primeiramente nessa área. A anemia aguda grave, independentemente da
causa, pode causar degeneração paracentral ou centrolobular, e mesmo necrose dos
hepatócitos. Isso ocorre tipicamente em anemias graves de início abrupto. A anemia
crônica pode causar atrofia dos hepatócitos centrolobulares, que resulta em dilatação
e congestão dos sinusoides. O fígado de animais com anemia grave, tanto
aguda quanto crônica, apresenta, caracteristicamente, um padrão lobular
proeminente, que é evidente tanto na superfície capsular quanto na superfície de
corte do órgão.
Desvios Portossistêmicos Congênitos
Um desvio portossistêmico congênito é um canal vascular anormal que permite que o
sangue do sistema venoso portal desvie do fígado e drene para a circulação sistêmica.
Um desvio congênito pode ser intra ou extra-hepático quanto à sua localização, mas
geralmente limita-se a um único vaso de calibre relativamente grande.
Hipertensão Portal
A pressão aumentada no interior da veia porta pode surgir por causa de distúrbios no
fluxo de sangue venoso em qualquer um dos seguintes locais:
• Pré-hepático
• Intra-hepático
• Pós-hepático
A hipertensão portal pré-hepática é relativamente incomum e ocorre quando o
fluxo de sangue através da veia porta é comprometido antes de entrar no fígado.
A hipertensão portal intra-hepática ocorre pela resistência aumentada ao fluxo
sanguíneo para os sinusoides ou no interior deles.
Distúrbios Vasculares Incidentais
Telangiectasia
Telangiectasia é a dilatação significativa dos sinusoides em áreas de perda de
hepatócitos. Macroscopicamente, essas áreas aparecem como focos vermelho-escuros
no fígadode tamanhos variáveis, desde pequenos pontos a vários centímetros. A telangiectasia é particularmente comum em bovinos e aparentemente não tem
significado clínico. Também ocorre em felinos idosos, nos quais pode ser confundida
com tumores vasculares, como o hemangioma ou o hemangiossarcoma.
Histologicamente, há ectasia do espaço sinusoidal e perda de hepatócitos. Não há
evidência de inflamação ou fibrose associada a essa lesão.
Infarto
O infarto do fígado ocorre raramente em decorrência do aporte duplo de sangue para
o órgão por parte da artéria hepática e da veia porta. Os infartos são em geral bem
delineados e podem ser vermelhos- escuros, quando agudos, ou pálidos, quando mais
antigos. Eles tendem a ocorrer nas margens do fígado, a extremidade terminal da
perfusão do parênquima, e podem acometer pequenas cunhas de apenas alguns
centímetros de comprimento ou porções maiores de um lobo.
Distúrbios metabólicos e acúmulos hepáticos
Esteatose Hepatocelular (Lipidose)
1. Entrada excessiva de ácidos graxos no fígado, que ocorre como consequência de
aporte dietético excessivo de gorduras ou mobilização elevada de triglicérides a
partir do tecido adiposo por causa do aumento na demanda (p. ex., lactação,
fome e anormalidades endócrinas).
2. A ingestão excessiva de carboidratos resulta na síntese de quantidades
aumentadas de ácidos graxos e na formação excessiva de triglicérides no interior
dos hepatócitos.
3. O funcionamento anormal do hepatócito leva ao acúmulo de triglicérides em seu
interior como resultado da diminuição de energia para oxidação dos ácidos
graxos, casos da hipóxia ou de dano mitocondrial, comprometendo a oxidação de
ácidos graxos.
4. Aumento na esterificação de ácidos graxos para triglicérides em resposta a
concentrações aumentadas de glicose e insulina, que estimulam a taxa de síntese
de triglicérides a partir da glicose ou a partir de aumentos prolongados nos
1101
quilomícrons dietéticos.
5. Diminuição na síntese de apoproteína, e subsequente diminuição na produção e
exportação de lipoproteína dos hepatócitos.
6. Secreção prejudicada de lipoproteína do fígado por causa de defeitos secretores
produzidos por hepatotoxinas ou drogas.
Acúmulo de Glicogênio
A glicose é normalmente armazenada nos hepatócitos como glicogênio e está
frequentemente presente em grande quantidade após a alimentação. O acúmulo
hepático excessivo de glicogênio ocorre com as perturbações metabólicas que
envolvem a regulação de glicose, tais como o diabetes melito e as doenças de
armazenamento do glicogênio. Nesses exemplos, o envolvimento hepático é apenas
uma manifestação de um processo de doença sistêmica. Um acúmulo excessivo de
glicogênio hepático secundário a uma quantidade exagerada de glicocorticoides
também é observado em cães, e é explicado mais adiante na seção sobre doenças
hepáticas caninas.
Doenças de depósito lisossômico
A vacuolização dos hepatócitos e das células de Kupffer pode ser observada em vários
tipos de doenças de depósito lisossômico. Esta lesão é mais frequentemente vista em
conjunto com a vacuolização de neurônios, de outros macrófagos e/ou de outras
células. Os animais afetados são geralmente jovens, e têm um padrão anormal de
crescimento e desenvolvimento.
Amiloidose
A amiloidose hepática ocorre na maioria das espécies de animais domésticos. A
amiloidose não é uma doença específica, mas um termo usado para várias doenças
que levam à deposição de proteínas compostas de lâminas β pregueadas de fibrilas
não ramificadas. Os fígados acometidos são aumentados, friáveis e pálidos.
Acúmulo de Cobre
A intoxicação por cobre é considerada um distúrbio metabólico porque a lesão
hepática na intoxicação por cobre nos animais domésticos frequentemente é o
resultado do acúmulo progressivo de cobre no interior do fígado. Isso ocorre em
animais domésticos, especialmente ovinos, nos quais o depósito de cobre é
fracamente regulado.
Acúmulo de Pigmento
Os pigmentos são substâncias coloridas, alguns dos quais constituintes celulares
normais, enquanto outros se acumulam apenas em circunstâncias anormais.
Pigmentos Biliares
Os pigmentos biliares podem se acumular em quantidade excessiva em consequência
de colestase intra-hepática ou extra-hepática; e produzem, de maneira característica,
icterícia e coloração verde do fígado.
Hemossiderina
A hemossiderina é um pigmento granular marrom-dourado que contém ferro e é
derivado da ferritina, a proteína inicial da reserva de ferro.
Lipofuscina
A lipofuscina é um pigmento insolúvel castanho-amarelado a castanho- escuro
derivado da oxidação incompleta dos lipídios, lipofuscina é progressivamente oxidada com o
tempo; assim, ela é, na verdade, um grupo de pigmentos lipídicos que consistem em
polímeros de lipídios, fosfolipídios, proteína (e carboidrato mínimo nas formas
precoces). A quantidade de lipofuscina presente no fígado tende a aumentar com a
idade.
Melanina
A melanina é um pigmento endógeno castanho-escuro ou preto. Os distúrbios
benignos de pigmentação da melanina são comumente designados como melanose. A
melanose congênita do fígado ocorre em suínos e ruminantes, e produz áreas de
tamanhos variados de descoloração do fígado.
Hematina Parasitária
Os trematódeos hepáticos produzem excreções muito escuras que contêm uma mistura
de ferro e porfirina. Essas excreções produzem a mudança de cor característica que
ocorre na fasciolíase (Fasciola hepatica), e é significativa especialmente nos tratos
migratórios produzidos pelo Fascioloides magna no fígado dos bovinos.
Doenças infecciosas do fígado
Doenças Virais
Infecções por Herpesvírus
As infecções do fígado por herpesvírus ocorrem tipicamente em neonatos ou fetos. Já
foram descritos vários herpesvírus abortivos, sendo cada espécie animal acometida
por um vírus específico.
Outras Infecções Virais
A hepatite canina infecciosa, a febre do Vale Rift,e a doença de Wesselsbron são
discutidas nas seções sobre doenças específicas das espécies, no final do capítulo.
Certas doenças virais podem acometer o fígado, mas o envolvimento do órgão
invariavelmente não ocorre ou, se ocorrer, é mais uma manifestação de um processo
sistêmico. Tais doenças incluem a peritonite infecciosa felina (PIF), que se caracteriza
por focos de vasculite piogranulomatosa ou acúmulos perivasculares de linfócitos e
plasmócitos no interior de vários órgãos, algumas vezes incluindo o fígado.
Doenças Bacterianas
Abscessos e Granulomas Hepáticos
• A veia porta
• As veias umbilicais a partir de infecções umbilicais em animais recém-nascidos
• A artéria hepática, como parte de bacteremia generalizada
• Infecção ascendente do sistema biliar
• Migração parasitária
• Extensão direta de um processo inflamatório a partir dos tecidos imediatamente
adjacentes ao fígado, como o retículo.
Doença de Tyzzer
Essa doença é causada pelo Clostridium piliforme (antigamente, Bacillus piliformis), um
parasita intracelular obrigatório gram-negativo. Ele é bem reconhecido em animais
de laboratório, mas ocorre também, embora esporadicamente, em animais
domésticos. A infecção é mais comum nos potros, mas também foi descrita em
bezerros, gatos, cães e outras espécies.
Leptospirose
Essa doença é causada pela infecção com bactéria móvel, espiral e fina do gênero
Leptospira. Há duas espécies, das quais a Leptospira interrogans é capaz de causar
doença em animais.
Outras Infecções Bacterianas
Essas doenças são apresentadas em grupo porque todas elas se originam de uma
bacteremia que ocorre durante a infecção sistêmica. A lista completa das infecções
sistêmicas que podem produzir necrose hepatocelular e hepatite está além do escopo
deste capítulo, mas os exemplos incluem Yersinia pseudotuberculosis, Salmonella spp.
(as lesões presentes no fígado são infiltrações discretas de células inflamatórias
mononucleares mistas que muitas vezes são referidas como nódulos paratifoides) e
Brucella spp., que atingem muitas espécies.
Doenças Causadas por Protozoários
O fígado pode sofrer infecções sistêmicas com Toxoplasma gondii, Neospora sp., e
outros protozoários menos comuns.
Doenças FúngicasDimórficas
O acometimento sistêmico com fungos dimórficos muitas vezes afeta o fígado.
Existem vários gêneros de fungos que podem atingir o fígado, entre eles, Blastomyces,
Coccidioides, Aspergillus e Histoplasma.
Doenças Parasitárias
Nematoides
A migração de larvas através do fígado é um componente comum do ciclo de vida do
nematoide nos animais domésticos. À medida que as larvas se deslocam através do
fígado, elas produzem tratos locais de necrose hepatocelular, que são acompanhados
de inflamação.
Cestoides
Alguns cestoides ocorrem no sistema hepatobiliar dos animais domésticos. Os de
maior significado clínico desenvolvem formas encistadas no fígado de hospedeiros
intermediários. O mais importante é o cestoide larvar do gênero Taenia; os adultos
habitam o trato gastrointestinal dos carnívoros e usualmente são inócuos para seus
hospedeiros definitivos.
Trematódeos
A maioria das lesões hepáticas causadas por parasitas trematódeos é produzida por
membros de três famílias principais: Fasciolidae, Dicrocoelidae e Opisthorchidae.
A principal doença hepática causada por trematódeos que acomete ovinos e
caprinos, e ocasionalmente outras espécies, é causada mais comumente pela Fasciola
hepatica. A fasciolose hepática ocorre em todo o mundo, em áreas pantanosas baixas,
onde as condições climáticas são adequadas para a sobrevivência dos caramujos
aquáticos, que são os hospedeiros intermediários dos parasitas. Os espécimes adultos
da Fasciola hepatica têm a forma de uma folha e habitam o sistema biliar; seus ovos
passam através bile para o trato intestinal, e no final são eliminados nas fezes. As
larvas (miracidium) podem, então, se desenvolver no hospedeiro intermediário
caramujo (gênero Lymnaea).
Doença hepática induzida por toxinas
O fígado está sujeito a lesões tóxicas de forma mais frequente do que qualquer outro
órgão. Isso não é surpreendente, já que o sangue venoso portal, que é drenado da
superfície absortiva do trato intestinal, flui diretamente para o fígado. Portanto, o
fígado torna-se exposto a virtualmente todas as substâncias ingeridas, incluindo
plantas, produtos bacterianos e fúngicos, metais, minerais, fármacos e outros
químicos que sejam absorvidos pelo sangue portal.
Agentes Hepatotóxicos
Algas Azuis-esverdeadas Hepatotóxicas
As algas azuis-esverdeadas são agora classificadas no filo Monera, divisão
Cyanophyta; são consideradas mais intimamente relacionadas às bactérias e não são
mais consideradas membros da família das plantas.
Plantas Hepatotóxicas
Plantas tóxicas de grande variedade causam lesão hepática em animais domésticos.
Micotoxinas
As micotoxinas são metabólitos acessórios aos fungos, isto é, sua produção não é
necessária para a sobrevivência do fungo. A quantidade de toxina sintetizada por
uma determinada cepa de fungos reflete a constituição genética daquela cepa, a
presença de substrato apropriado, a temperatura, a umidade e os nutrientes
disponíveis. Há várias micotoxinas hepatotóxicas de importância veterinária.
Aflatoxina
O fungo Aspergillus flavus é a mais importante fonte de aflatoxinas. A aflatoxina B1 é
a forma mais comum e é também o carcinógeno e a toxina mais potente.
Fomopsinas
As fomopsinas são metabólitos tóxicos do fungo Phomopsis leptostromiformis. O fungo
cresce nos tremoços (Lupinus sp.), fazendo com que bovinos, ovinos e,
ocasionalmente, cavalos que pastam restolho de tremoço contaminado desenvolvam
lesão hepática. A disfunção hepática é usualmente crônica, e o fígado é atrófico e
fibrótico.
Esporidesmina
A micotoxina esporidesmina é produzida por Pithomyces chartarum, um fungo que
cresce particularmente bem em azevém (Lolium perenne) morto, uma planta comum
de pastagens na Nova Zelândia e Austrália. A maior parte da toxina se concentra nos
esporos de fungos; e, quando uma quantidade suficiente de esporos é ingerida pelos
ovinos e, em menor grau, pelo gado, a toxina é secretada na árvore biliar de uma
forma não conjugada que produz necrose do epitélio intra-hepático e grandes ductos
biliares extra-hepáticos com pequena inflamação.
Cogumelos
Os cogumelos venenosos, como os da espécie Amanita sp. e outros, podem causar
necrose hepática aguda fatal. A intoxicação por Amanita phalloides, conhecida como
“Chapéu da Morte”, é causada por um grupo de toxinas chamadas de ciclopeptídeos
tóxicos. Essa espécie é particularmente tóxica; um único grama desse cogumelo é
suficiente para matar um ser humano e, mesmo em quantidade menor,
provavelmente já pode ser fatal para os cães.
Químicos Hepatotóxicos
Xilitol
O adoçante artificial xilitol é usado em vários itens alimentares e lanches preparados
para diabéticos ou pessoas em dieta. Embora inócuo para os seres humanos, o xilitol
pode ser altamente tóxico para cães.
Fósforo
O fósforo se apresenta de duas formas: o fósforo vermelho e o fósforo branco. O
fósforo vermelho não é importante como toxina, mas o fósforo branco foi usado no
passado como rodenticida. O mecanismo da toxicidade do fósforo não é claro,
embora se acredite na toxicidade direta.
Tetracloreto de Carbono
O tetracloreto de carbono é um exemplo clássico de hepatotoxina que precisa ser
bioativada pelo sistema da oxidase de função mista para produzir uma forma
intermediária tóxica.
Metais
Vários metais podem causar lesão hepática tóxica. A suplementação excessiva com
ferro em suínos e felinos pode resultar em armazenamento excessivo de ferro e
subsequente doença hepática causada por carga excessiva de ferro, chamada de
hemocromatose.
Lesão hepática como consequência de doença sistêmica
Uma variedade de distúrbios extra-hepáticos, em geral atingindo o trato
gastrointestinal, pode resultar em lesão hepatocelular e disfunção hepática. A
pancreatite hemorrágica aguda em cães, por exemplo, é algumas vezes acompanhada
de icterícia e aumento nas atividades das enzimas hepáticas no soro.
Lesões proliferativas do fígado
Hiperplasia Nodular Hepatocelular
A hiperplasia nodular hepatocelular é comum somente nos cães. A incidência
aumenta com a idade, iniciando-se ao redor dos 6 anos de idade e sem predileção por
sexo ou raça. A hiperplasia nodular não é o resultado ou a causa de uma disfunção
hepática importante, mas deve ser diferenciada dos nódulos regenerativos e
neoplasias hepáticas, com os quais é frequentemente confundida. Nódulos
hiperplásicos múltiplos estão frequentemente presentes.
Nódulos Regenerativos
Os nódulos regenerativos caracterizam outro tipo de lesão hepatocelular nodular. Não
é provável que eles sejam relatados como hiperplasia nodular porque surgem da
proliferação dos hepatócitos em resposta à perda dessas células e também porque a
incidência não tem relação com a idade.
Hiperplasia Colangiocelular (Ducto Biliar)
A hiperplasia dos dúctulos biliares ocorre comumente como uma resposta inespecífica
a uma variedade de agressões hepáticas e foi descrita na seção Resposta do Fígado à
Agressão.
Neoplasia Hepática
As neoplasias primárias do sistema hepatobiliar podem surgir dos elementos
epiteliais, que incluem hepatócitos e epitélio biliar dos ductos biliares ou da vesícula
biliar, e dos elementos mesenquimais, como o tecido conjuntivo e os vasos
sanguíneos.
Adenoma Hepatocelular
Os adenomas hepatocelulares são neoplasias benignas dos hepatócitos. Adenomas
hepatocelulares foram descritos mais comumente em ruminantes jovens, apesar de
adenomas provavelmente serem subdiagnosticados em cães mais velhos, onde podem
ser diagnosticados como carcinomas hepatocelulares bem diferenciados.
Carcinoma Hepatocelular
Os carcinomas hepatocelulares são neoplasias malignas dos hepatócitos. Eles são
incomuns em todas as espécies domésticas, mas podem ocorrer frequentemente em
ruminantes, particularmente nos ovinos. Em geral, essas neoplasias são solitárias,
envolvem um lobo inteiro e são bem demarcadas.
Neoplasia Biliar
Adenoma Colangiocelular (Ducto Biliar)
Os adenomas dos ductos biliares são incomuns na maioria das espécies, mas podem
constituir a neoplasia hepática primária mais comum nos felinos. Usualmente, são
massas distintas, firmes, cinza ou brancas, que consistemem um epitélio biliar bem
delineado.
Carcinoma Colangiocelular (Ducto Biliar)
Os carcinomas colangiocelulares são neoplasias malignas do epitélio biliar que, em
geral, se originam dos ductos intra-hepáticos, mas os próprios ductos extra-hepáticos
podem também ser acometidos. Essas neoplasias ocorrem em todas as espécies.
Carcinoides
Os carcinoides são tumores incomuns, provavelmente originários das células
neuroendócrinas que estão situadas no epitélio biliar. Eles podem se formar tanto no
sistema biliar intra-hepático quanto no extra-hepático.
Miscelânea de Neoplasias Mesenquimais Primárias do Fígado
As neoplasias primárias podem se originar de qualquer um dos componentes do
fígado, assim como acontece com as neoplasias mesenquimais derivadas do tecido
conjuntivo (fibrossarcoma, leiomiossarcoma e osteossarcoma) e do endotélio
(hemangioma e hemangiossarcoma).
Neoplasias Metastáticas
O fígado e o pulmão são os dois sítios mais comuns para disseminação metastática
das neoplasias malignas. As neoplasias malignas devem ser diferenciadas de
hiperplasia ou neoplasia primárias do tecido hepatobiliar. Portanto, é importante,
quando se avalia uma neoplasia no fígado, determinar se existe algum outro tumor
em sítios extra-hepáticos que possa caracterizar uma neoplasia primária.
Doenças de equinos
Hepatite sérica equina
Ela ocorre frequentemente,
mas não invariavelmente, em equinos que tenham recebido injeção de um agente
biológico que contenha soro equino; por exemplo, antissoro equino, como a
antitoxina tetânica ou a gonadotrofina sérica de éguas prenhes. Aparentemente, um
agente infeccioso é o responsável, embora nenhum tenha sido identificado.
Doenças de ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos)
Intoxicação por cobre
Em ruminantes, especialmente ovinos, o cobre pode acumular-se dentro do fígado
durante um certo período de tempo em função do excesso ou insuficiência de
molibdênio para antagonizar a biodisponibilidade de cobre.
Febre do vale Rift
Essa é uma doença viral zoonótica, aguda, transmitida por artrópode (mosquito) e
que acomete principalmente os ruminantes, causando alta mortalidade em bezerros e
cordeiros, e aborto em ovelhas e vacas. O vírus causador é um membro da família
Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. 
Doença de Wesselsbron
A doença de Wesselsbron dos ovinos é causada pelo vírus Wesselsbron, um flavivírus,
e, como a febre do Vale Rift, é uma doença viral transmitida pelo artrópode
zoonótico (mosquito) que ocorre na África. O vírus pode causar doença em cordeiros
recém-nascidos e aborto em ovelhas, mas os adultos raramente têm sinais clínicos
aparentes. Os cordeiros afetados têm áreas multifocais de petéquias generalizadas,
hemorragia intestinal, e um fígado aumentado de cor pálida ao laranja. Pode se
desenvolver icterícia.
Hemoglobinúria bacilar
A hemoglobinúria bacilar é uma doença aguda e altamente fatal de bovinos e ovinos
que ocorre em várias áreas do mundo e pode ser endêmica especialmente naquelas
regiões onde a infecção por trematódeo hepático (Fasciola hepatica) também ocorra.
Esporos de Clostridium haemolyticum, o agente causador da hemoglobinúria bacilar,
são ingeridos e passam a residir no interior das células de Kupffer, mas proliferam
somente em áreas de baixa tensão de oxigênio. A migração de trematódeos hepáticos
imaturos ou, menos comumente, de outros parasitas.
Hepatite infecciosa necrótica
Também conhecida como doença negra, a hepatite necrótica infecciosa é mais
comum em ovinos e bovinos, mas também ocorre em suínos e equinos. Essa doença é,
em parte, análoga à hemoglobinúria bacilar, uma vez que esporos dormentes do
Clostridium — neste caso, Clostridium novyi (tipo B) — germinam em áreas de baixa
tensão de oxigênio e liberam exotoxinas, que produzem discretos focos de necrose de
coagulação e hemorragia no fígado, hemólise e, eventualmente, causam a morte do
hospedeiro.
Doença do fígado branco
A doença do fígado branco tem esse nome por conta do fígado gorduroso, pálido, que
se desenvolve em ovinos após deficiência nutricional causada por ingestão
insuficiente de cobalto. Os animais acometidos são aqueles que pastam em solo
deficiente em cobalto, seja por deficiência natural ou por uso prévio da área para
plantações, como de batatas, que deixam o solo escasso em cobalto.
Hepatose dietética
A hepatose dietética (necrose hepática nutricional) é uma síndrome de necrose
hepática aguda que ocorre em suínos jovens de crescimento rápido. Essa é uma das
manifestações de uma variedade de distúrbios que provavelmente são, pelo menos
em parte, causados pela deficiência de vitamina E e/ou de selênio.
Doenças de caninos
Hepatite crônica canina (hepatite crônica ativa)
A hepatite crônica em cães é pouco compreendida. A terminologia dessa doença,
usada em função do processo inflamatório, tem sido um tópico constante de
discussão. Hepatite crônica ativa é um termo descritivo que tem sido usado para
identificar um padrão particular de inflamação no fígado humano.
Hepatite lobular dissecante
A hepatite lobular dissecante é uma forma de cirrose geralmente observada em cães
jovens. A doença é frequentemente fatal e sua causa não é conhecida. Os fígados
afetados tendem a ser lisos e pequenos, diferentemente dos fígados multinodulares
vistos na cirrose típica.
Intoxicação por cobre
O cobre continua a se acumular no fígado dos Bedlington Terriers que apresentam
uma mutação (deleção do éxon 2) ou outras mutações no gene CMMD1, o qual
codifica uma proteína chaperona envolvida na excreção de cobre pelos hepatócitos.
O cobre acumula-se nas regiões centrolobulares do fígado e provoca necrose contínua.
Degeneração hepatocelular induzida por glicocorticoide
(hepatopatia esteroidal)
A degeneração hepatocelular induzida por glicocorticoide é um distúrbio específico
caracterizado por acúmulo hepático excessivo de glicogênio.
Hepatite infecciosa canina
A hepatite infecciosa canina, como o nome infere, é uma infecção viral do fígado de
cães e outros canídeos, incluindo raposas e coiotes, que produz necrose e inflamação
agudas. A doença é causada pelo adenovírus canino 1. A maioria das infecções é
assintomática, e as infecções que resultam em doença podem não ser fatais.
Doenças de felinos
Colangite linfocítica
A colangite linfocítica, uma doença relativamente comum nos gatos, é lentamente
progressiva e crônica. Em geral, os animais acometidos têm mais de 4 anos de idade
e apresentam icterícia em consequência de colestase intra-hepática. Distúrbios da vesícula biliar e dos ductos biliares extrahepáticos
Anomalias do desenvolvimento
As anomalias do desenvolvimento da vesícula biliar podem ser mais comuns nos
felinos; podem ocorrer vesículas bilobadas e, ocasionalmente, trilobadas.
Geralmente, estas anomalias não são de significância clínica, mas raramente podem
ser associadas com colecistite ou colelitíase.
Colelitíase
Colélitos, ou cálculos biliares, como são comumente chamados, ocorrem raramente em
todas as espécies domésticas, mas são especialmente bem descritos nos ruminantes.
Colecistite
A colecistite é a inflamação da vesícula biliar e pode ser aguda ou crônica. A
inflamação aguda da vesícula biliar pode ser produzida por infecções virais, como a
febre do Vale Rift em ruminantes e a hepatite infecciosa canina, e produz edema e
hemorragia característicos na vesícula biliar. 
Trombose e infarto da vesícula biliar
Ocasionalmente, o infarto sem significativa inflamação da vesícula biliar pode ser
visto nos cães. Os trombos podem ser encontrados nas artérias da parede muscular
das vesículas biliares acometidas.
Mucocele da vesícula biliar
A mucocele da vesícula biliar refere-se a uma síndrome em cães caracterizada por
vesícula biliar distendida, preenchida com muco, que está frequentemente associada a
sinais de obstrução biliar e pode ocasionalmente levar à ruptura da vesícula biliar.
Lesões hiperplásicas e neoplásicas
Hiperplasia Cística Mucinosa da Vesícula Biliar
A hiperplasia cística mucinosa da vesícula biliar foi relatada somente em caninos e
ovinos. Não há anormalidades evidentes no exterior da vesícula

Outros materiais