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1 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 REVISÃO: ANATOMIA E FISIOLOGIA ........................................................... 5 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ......................................................................... 10 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA ........................................................... 14 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA .......................................................... 23 ARRITMIAS ................................................................................................... 31 ANEXOS ........................................................................................................ 46 CHOQUE CARDIOGÊNICO .......................................................................... 54 ANGINA INSTÁVEL / INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO SEM SUPRADESNÍVEL DE ST ........................................................................................ 63 ANEXO .......................................................................................................... 72 CRISE HIPERTENSIVA ................................................................................ 73 ANEXO .......................................................................................................... 78 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ............................................................. 79 ANEXO .......................................................................................................... 86 ABORDAGEM HOSPITALAR DA DOR TORÁCICA ..................................... 87 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 100 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Mais de 82% dos atendimentos cardiológicos são de emergência Principais pacientes são homens acima dos 60 anos Os atendimentos de emergências cardiovasculares nos hospitais do Brasil são 82,2% maiores do que aqueles em que uma cirurgia ou procedimento é agendado com antecedência. A conclusão está no levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A pesquisa mostra que os homens, acima dos 60 anos, predominam nos atendimentos. No ano passado, houve 1.130.692 de internações por doenças cardiovasculares, das quais 929.528 (82,2%) foram de urgência. A incidência de pacientes do sexo masculino é maior: 84% foram internados em caráter de emergência, enquanto o mesmo tipo de procedimento envolveu 79% de mulheres. Para o coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC, Sergio Timerman, há uma demanda excessiva nos atendimentos hospitalares. 4 “Não podemos esquecer que uma pessoa que entra num hospital de forma emergencial, normalmente, fica hospitalizada por um tempo maior.” Faixa etária A pesquisa mostra que há um aumento no número de atendimentos, conforme a idade avança e uma porcentagem maior nos atendimentos de emergência. “[Há] um pico nos atendimentos entre 60 e 69 anos”, disse o cardiologista. Essa faixa etária somou 235 mil atendimentos de urgência em 2017. Outro dado do levantamento da SBC aponta que a taxa de mortalidade aumenta, em média, quatro vezes nos atendimentos emergenciais em comparação aos eletivos, sem contar as milhares de pessoas que morrem em casa, sem chegar aos hospitais. Segundo a SBC, o Brasil registra 360 mil mortes por doenças cardiovasculares todos os anos, sendo a principal causa de mortes no país. Investimentos “Precisamos investir em prevenção cardiovascular e ainda ampliar o número de profissionais de saúde e de pessoas leigas em conhecer as manobras de ressuscitação. Menos de 2% das vítimas chegam com vida aos hospitais”, diz Timerman, em nota. O médico afirmou ainda que muitos pacientes não sobrevivem no caminho de casa até o hospital. “Elas acabam morrendo no caminho ou na própria residência, sem atendimento até a chegada da ambulância. Em muitas cidades americanas, com treinamento e atendimento adequado, esse índice de sobrevida passa dos 70%.” O cardiologista orienta que o atendimento via 192 é a melhor alternativa quando há suspeita de parada cardíaca para iniciar as manobras de ressuscitação imediatamente. "São 10 minutos entre a vida e a morte. Uma pessoa com parada cardíaca, a cada minuto sem atendimento, perde 10% de chance de sobreviver." Publicado em 15/09/2018 - 07:30 Por Agência Brasil* - Brasília/Edição: Carolina Pimentel 5 REVISÃO: ANATOMIA E FISIOLOGIA Iniciaremos pela anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular. Ao entendermos como funciona esse sistema, ficará muito mais simples compreender as alterações do mesmo. Então vamos lá: ANATOMIA O coração possui aproximadamente o tamanho de um punho fechado, cerca de 12 cm de comprimento, 9 cm de largura, e 6 cm de espessura. Seu peso médio é de 250 g em mulheres na fase adulta e de 300 g em um homem adulto. Sua posição anatômica é: repousado sobre o diafragma, no mediastino, que é uma região anatômica definida do esterno até a coluna vertebral, da primeira costela até o diafragma entre os pulmões. 6 O coração possui uma membrana que o envolve, chamada de pericárdio. Essa membrana permite uma liberdade para o coração se contrair, mas também realiza sua limitação anatômica. O pericárdio é dividido em fibroso, e seroso. O fibroso é superficial e é formado de tecido conjuntivo denso, já o seroso é mais profundo e forma uma camada dupla em torno do coração. Há entre as lâminas do pericárdio seroso o líquido pericárdico, que reduz o atrito entre as membranas do coração durante a contração. O coração possui três camadas: o epicárdio, o miocárdio e o endocárdio. O EPICÁRDIO, também conhecido como camada visceral do pericárdio seroso, é a mais externa e fina camada composta por tecido conjuntivo. O MIOCÁRDIO é a camada intermediária e corresponde a 95% do coração e é o responsável pela contração cardíaca. O ENDOCÁRDIO é a camada mais interna composta de endotélio sobreposta de uma camada de tecido conjuntivo. Proporciona um revestimento para as câmaras do coração e recobre as valvas cardíacas. 7 O coração possui quatro câmaras, dois átrios e dois ventrículos. O átrio direito (AD) recebe sangue através de três veias: cava superior, cava inferior e seio coronário. O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito através da valva tricúspide. O sangue passa do ventrículo direito (VD) para a artéria tronco pulmonar que se divide em direita e esquerda,e leva o sangue para a circulação pulmonar. O átrio esquerdo (AE) transporta o sangue para o ventrículo esquerdo (VE) através da valva mitral. O sangue passa do ventrículo esquerdo para a aorta ascendente, onde uma parte desse sangue vai para os ramos coronários que irrigam o próprio coração. O restante vai para a circulação corpórea. IMPULSO ELÉTRICO NO CORAÇÃO E CICLO CARDÍACO 8 O impulso elétrico no coração segue um caminho para ordenar os batimentos cardíacos. Esse impulso começa no nó sinusal/sinoatrial onde de lá o impulso segue para os átrios causando sua contração. Em seguida o impulso chega no nó atrioventricular onde ele sofre um leve retardo. Após isso ele chega até o feixe de his que se divide em ramo direito e esquerdo direcionados para os ventrículos. Na sequência o impulso chega aos ventrículos através das fibras de purkinje causando a sístole ventricular (contração), ejetando o sangue para fora sendo o ventrículo direito para a circulação pulmonar e o ventrículo esquerdo para a circulação sistêmica! O ritmo cardíaco normal, ou ritmo sinusal, é mantido através desse impulso elétrico bem organizado. Qualquer situação que altere isso causa uma arritmia! O ciclo cardíaco são todos os eventos associados a um batimento cardíaco e ele acontece em etapas: sístole e diástole dos átrios e sístole e diástole dos ventrículos. Sabemos que: Sístole (despolarização da membrana) = Contração Diástole (repolarização da membrana) = Relaxamento 9 Vamos destrinchar o Ciclo Cardíaco? Tente se lembrar do caminho do impulso elétrico falado anteriormente, vai ser útil: 1) ocorre a despolarização do nó sinusal que causa sístole atrial (ONDA P NO ECG); 2) Sangue passa dos átrios para os ventrículos por suas respectivas valvas (AD VD Valva Tricúspide e AE VE Valva Mitral) 3) A sístole atrial adiciona 25 mL de sangue ao ventrículo que já tem 105 mL totalizando 130 mL no final da sístole atrial. O final da sístole atrial é o final da diástole ventricular! Esse sangue citado acima é chamado de Volume diastólico final! 4) começa aqui o início da despolarização ventricular (COMPLEXO QRS NO ECG). 5) A despolarização ventricular causa a sístole ventricular, e o fechamento das valvas tricúspide e mitral, esse fenômeno é chamado de contração isovolumétrica. 6) Agora temos a ejeção ventricular, ou seja, o sangue sai dos ventrículos e ganham a circulação (VD 7) Restam aproximadamente 60 mL de sangue nos ventrículos chamado de volume sistólico final. 8) após a ejeção ventricular, vem a fase de relaxamento. Esse relaxamento altera a pressão dentro das câmaras causando o enchimento dos ventrículos (ONDA T) e o início de um novo ciclo. Fim do nosso resumo! Aproveitou? Vamos relacionar bastante as condições fisiopatológicas com a fisiologia para facilitar! 10 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Definimos Insuficiência Cardíaca (IC) como um conjunto de sinais e sintomas (síndrome), em que o coração se encontra em um estado de incapacidade de oferecer um fluxo sanguíneo adequado para os tecidos por redução ou limitação para se aumentar o débito cardíaco. Geralmente isso é causado por disfunções estruturais e funcionais do coração. Ela pode ser classificada de acordo com vários parâmetros, como: duração (aguda, subaguda e crônica), localização (IC de ventrículo direito, esquerdo ou mista), débito cardíaco (alto ou reduzido), estágios (A,B,C ou D. *ver figura abaixo) e perfil hemodinâmico (presença de congestão e hipoperfusão). Temos como fatores de risco: a idade, obesidade, sexo feminino, HAS, DM, doenças coronarianas, doença renal e estenose aórtica. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A IC pode ser a manifestação inicial ou final de diversas doenças. Ela pode ser secundária a doenças cardiovasculares (IAM, aterosclerose), cardiomiopatias, pericardiopatias ou endocardiopatias. Para entendermos a fisiopatologia, é importante relembrar dos conceitos que trabalhamos no nosso resumo, você lembra do ciclo cardíaco? Aonde teremos uma 11 série de eventos que vai culminar a ejeção ventricular que leva o fluxo sanguíneo para o corpo? Sim? Então vamos continuar. Antes vamos trabalhar um conceito IMPORTANTÍSSIMO aqui, que ao entendermos ele o resto fica moleza: O entendimento da fisiologia nos permite compreender com muita facilidade as fisiopatologias. Quando ocorre essa queda da função cardíaca os mecanismos adaptativos vão ser ativados com o objetivo de manter o fluxo adequado para órgãos vitais, como cérebro por exemplo. Em caso de o dano ser pequeno esses mecanismos são suficientes para manter a função cardíaca adequada. O primeiro mecanismo a ser ativado é o Frank-Starling. Nos casos onde o comprometimento é mais grave, esses mecanismos são insuficientes para manter a fisiologia, e a sua continua estimulação provoca deterioração do coração e consequentemente da função cardíaca agravando e determinando a insuficiência cardíaca. SINAIS E SINTOMAS Os sinais e sintomas não são específicos, podem ser encontrados isoladamente ou em conjunto com outras doenças e situações. Porém as mais frequentes são: 12 Detalhe: você se lembra da classificação da IC certo? A IC quando a congestão for à esquerda, as características de sinais e sintomas vão ser predominantemente pulmonares (dispneia, tosse noturna, estertores e etc.). Quando for à direita, os sinais e sintomas vão ser sistêmicos, como estase jugular, edema, ascite, Hepatomegalia e etc. Ambas podem apresentar baixo débito. DIAGNÓSTICO Pode ser feito com exames como ECG, ecocardiograma, radiografia de tórax, exames complementares para investigar a associação a outras doenças e possíveis complicações. Pode ser feita também utilizando os sinais e sintomas como base: em 13 caso de da presença de dois critérios maiores, ou um maior e dois menores já serve para diagnosticar a IC. TRATAMENTO Terapias não medicamentosas envolvem, restrição hídrica e de sódio, respeitando sempre os níveis plasmáticos necessários. Entre as classes medicamentosas para tratamento da IC estão os diuréticos, betabloqueadores, IECA e bloqueadores dos receptores de angiotensina. Isso para pacientes portadores de IC CRÔNICA! Ainda se tem o tratamento cirúrgico que envolve transplante cardíaco, implantação de cardiodesfiibriladores e revascularização miocárdica. No caso da IC AGUDA, o paciente precisa ser internado pelo risco de óbito. Temos como objetivo inicial a estabilização clínica com oxigênio, para reduzir a sintomatologia e manter a perfusão. Medicamentos opioides, como morfina, são utilizados para melhorar o conforto e diminuir a ansiedade. As classes de medicamentos utilizados aqui são os vasoativos, podendo ser: inotrópicos, vasoconstritores ou vasodilatadores. Uma coisa importante é manter o paciente em posição sentada, ou Fowler, isso ajuda a diminuir o desconforto. 14 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA 1. INTRODUÇÃO A insuficiência cardíaca (IC) aguda descompensada, que resulta em hospitalização, acarreta problemas específicos. Primeiro: a IC aguda marca uma mudança fundamental na história natural da progressão da doença. As taxas de mortalidade no ano seguinte à internação por IC são mais elevadas do que naqueles que não foram internados, e a hospitalização por IC permanece como um dos fatores de risco mais importantes para mortalidade. Segundo: a internação por IC aguda por si gera mais hospitalização, com taxas de re-hospitalização de 50% dentro dos 12 meses após alta hospitalar. Terceiro: a internação por IC continua a ser a grande responsável por mais de trinta bilhões de dólares usados anualmente para o custeio dos cuidados a esses doentes. Assim, qualquer redução nessas internações pode resultar em ganhos econômicos substanciais e melhora clínica dospacientes. A incidência da IC tem aumentado no mundo e no Brasil. Vários fatores são apontados como causas desse cenário no nosso pais. A cardiopatia isquêmica ultrapassou a doença de Chagas como etiologia mais frequente de IC no Brasil. Muitos avanços ocorreram no diagnostico e nos tratamentos clinico e cirúrgico da doença cardiovascular, além do rápido envelhecimento populacional no Brasil, devido principalmente ao adiamento da mortalidade em função dos avanços da medicina e dos meios de comunicação. 2. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 2.1. Definição A insuficiência cardíaca aguda é definida como inicio rápido ou mudança clinica dos sinais e sintomas de IC, resultando na necessidade urgente de terapia. A IC aguda pode, ainda, ser nova ou decorrente da piora de uma IC pré-existente (IC crônica descompensada). 2.2. Classificação 15 Dentre as classificações atuais, adotaremos a de Gheorghiade. 1) IC aguda com pressão arterial elevada: pressão arterial elevada, com sintomas que aparecem rapidamente. Em geral, costuma ser o primeiro episódio de IC aguda, ou o paciente era assintomático, ou foi pouco sintomático por um longo período. Ocorre aumento da pressão capilar pulmonar e a redistribuição dos líquidos sistêmicos para o pulmão. 2) IC aguda com pressão arterial normal: pressão arterial normal, com história prévia de piora dos sintomas de IC crônica. Os sinais e sintomas desenvolvem-se gradualmente, em questão de dias, e, além da congestão pulmonar, há edema periférico. A fração de ejeção (FE) é usualmente reduzida. O tratamento é mais difícil e muitos pacientes mantêm os sintomas, apesar da terapia otimizada. 3) IC aguda com pressão arterial baixa: segundo os registros publicados, apresenta-se em menor percentagem, com sinais e sintomas de hipoperfusão tecidual, pressão arterial baixa ou choque cardiogênico. 2.3. Causas e fatores precipitantes de IC aguda • Ingestão excessiva de sal e água. • Falta de aderência ao tratamento e/ou falta de acesso ao medicamento. • Sobrecarga de volume não detectada (falta de controle do peso diário). • Sobrecarga de líquidos intravenosos durante internação. 16 • Fibrilação atrial (FA) aguda ou outras Taquiarritimias. • Bradiarritimias. • Hipertensão arterial sistêmica. • Tromboembolismo pulmonar. • Isquemia miocárdica. • Infecções (especialmente pneumonia). • Anemia e carências nutricionais. • Fístula AV. • Disfunção tireoidiana. • Diabetes descompensado. • Consumo excessivo de álcool. • Insuficiência renal. • Gravidez. • Depressão e/ou fatores sociais (abandono, isolamento social). • Uso de drogas ilícitas (cocaína, crack, ecstasy, entre outros). • Fatores relacionados a fármacos: – intoxicação digitálica; – drogas que retêm água ou inibem as prostaglandinas: AINE, esteroides, estrógenos, andrógenos, clorpropamida, minoxidil, glitazonas; – drogas inotrópicas negativas: antiarrítmicos do grupo I, antagonistas de cálcio (exceto anlodipino), antidepressivos tricíclicos; – drogas cardiotóxicas: citostáticos, como adriamicina, trastuzumab; – automedicação, terapias alternativas. 17 3. DIAGNÓSTICO 3.1. Diagnóstico clínico a) Sintomas: O sintoma mais comum da IC aguda é a dispneia, que também está presente em outras patologias, como infecções pulmonares, tromboembolismo pulmonar, etc. A história prévia de IC e o relato de dispneia paroxística noturna ou dispneia de decúbito aumentam a especificidade do sintoma. Outros sintomas comuns são cansaço aos esforços, fadiga e sintomas digestivos (sensação de plenitude, anorexia, etc.). b) Sinais: Devem ser observados sinais de aumento de pressão de ventrículo esquerdo (presença de terceira bulha), congestão venosa pulmonar (estertores pulmonares), congestão venosa sistêmica (edema ascendente de membros inferiores, ascite) e de baixo débito cardíaco (extremidades frias, enchimento capilar lentificado, hipotensão arterial, oligúria, alteração de consciência). 3.2. Exames complementares a) Eletrocardiograma: É incomum que um paciente com IC aguda tenha o ECG normal, o que confere a ele um poder preditivo negativo próximo a 90% para afastar disfunção sistólica de VE. Os achados mais comuns no ECG são alterações isquêmicas, fibrilação atrial e bloqueio de ramo esquerdo. b) Radiografia de tórax: Todo paciente com IC aguda deve realizar radiografia de tórax. A presença de sinais de congestão venosa pulmonar, especialmente associada a derrame pleural, indica sobrecarga de ventrículo esquerdo. 18 Cardiomegalia pode estar presente, aumentando a especificidade dos demais achados clínicos, mas paciente com IC pode ter RX de tórax normal. O RX de tórax ajuda, ainda, a identificar infecções pulmonares como causa de descompensação. c) Exames laboratoriais: Todo paciente com IC aguda deve realizar hemograma completo, bioquímica (glicemia, sódio, potássio, ureia e creatinina). Na presença de Hepatomegalia ou ascite, avaliar transaminases, proteínas séricas e TAP. Pacientes com desconforto respiratório e/ou sinais de baixo débito devem realizar gasometria arterial. Embora pequenas elevações de troponina possam ocorrer em IC aguda, estas devem ser avaliadas em caso de suspeita de síndrome coronariana aguda. O peptídeo atrial natriurético (BNP) auxilia na avaliação de casos duvidosos pelo seu poder preditivo negativo: uma dosagem < 100 exclui a descompensação cardíaca e valores > 400 a tornam provável. Pacientes com insuficiência renal e clearance de creatinina < 60 ml/min tendem a ter níveis mais elevados de BNP. d) Ecocardiograma: Todo paciente com IC aguda deve ter avaliação ecocardiográfica para auxiliar na definição diagnóstica e orientar a terapêutica. 3.3. Identificação da causas de descompensação Após a avaliação médica inicial, deve-se tentar identificar a causa da descompensação do paciente utilizando o acrônimo CHAMP como forma de lembrar as cinco causas mais comuns: C – insuficiência Coronariana H – Hipertensão Arterial A – Arritmias M – Mecânica (disfunção valvar, rutura cardíaca, trauma, dissecção aórtica) P – Embolismo Pulmonar 4. TRATAMENTO 19 Visando a abordagem uniforme, utiliza-se o mnemônico A B C D E F G H. A) Avaliação Clínica/ Hemodinâmica com classificação do paciente Para orientar a terapêutica, todo paciente com IC aguda deverá ser classificado conforme a presença ou ausência de congestão visceral e/ou periférica em “congesto” ou “seco”, e conforme a perfusão periférica em “quente” ou “frio”, o que leva a quatro formas de apresentação da IC aguda: A - “Quente – seco”: paciente sem congestão e sem baixo débito; B - “Quente – congesto”: paciente com congestão e sem baixo débito; L - “Frio – seco”: paciente sem congestão e com baixo débito; C - “Frio – congesto”: paciente com congestão e com baixo débito; A presença de congestão acarreta pior prognóstico, sendo de mau prognóstico a apresentação “Frio – congesto”. Pacientes com insuficiência respiratória e/ou choque cardiogênico exigem tratamento imediato com suporte ventilatório e inotrópico. Pacientes congestos: Em pacientes com IC crônica descompensada, há acúmulo de líquido intersticial com Hipervolemia, enquanto os pacientes com IC aguda apresentam congestão pulmonar por redistribuição de fluxo, estando habitualmente euvolêmicos. Dessa forma, os primeiros têm maior benefício com o uso de diuréticos e os segundos, de vasodilatadores. Pacientes com baixa perfusão: Habitualmente, os pacientes com baixa perfusão deverão necessitar de vasodilatadores e/ou inotrópicos. Em caso de baixa perfusão sem congestão, avaliar reposição volêmica. B) Boa ventilação com Oxigenioterapia e suporte ventilatório não invasivo Todo paciente com hipoxemia (SaO2 < 90%) deverá receber suplementação de oxigênio. Pacientes dispneicos são elegíveis para ventilação não invasiva (CPAP),a fim de aliviar desconforto e reduzir risco de entubação traqueal. Pacientes com acidose respiratória, hipercarbia ou hipoxemia refratários à ventilação não invasiva devem ser submetidos à entubação traqueal e colocados em suporte ventilatório mecânico. C) Circulação (Perfis L ou C): avaliar reposição volêmica D) Diuréticos 20 Deve-se utilizar diurético injetável, sendo disponível em nosso meio a furosemida. Pacientes com uso prévio de furosemida necessitam de doses maiores (em torno de 2,5 x a dose habitual) que pacientes sem uso prévio de diurético. Furosemida: – apresentação: ampola 20 mg; – dose inicial: 10 a 40 mg IV; – dose de manutenção: 10–20 mg a cada 6, 8 ou 12 horas. E) ECG Visando isquemia, arritmia, bloqueios. F) FC muito alta/muito baixa (avaliar e tratar, se necessário) G) Garantir Medicações H) Heparina (Profilaxia de TV P/TEP) 4.1. Outras medicações Vasodilatadores Agem reduzindo a pré e a pós-carga ventricular e aumentando a ejeção ventricular. Especialmente importantes nos pacientes hipertensos. Devem ser utilizados com cautela em pacientes com estenose mitral ou aórtica importantes. a) Nitroprussiato de sódio (vasodilatador arterial) Dose: 0,25–10 mcg/kg/min; Diluição: 1 frasco (50 mg) + 248 ml SG 5% (200 mcg/ml); Início de ação: imediato; Duração: 1–2 minutos; Efeitos adversos: intoxicação por cianeto. b) Nitroglicerina (vasodilatador venoso) Dose: 10–200 mcg/min; Diluição: 5 ml + 245 ml SG 5% (6 ml/h = 10 mg/min); 21 10 ml + 240 ml SG 5% (3 ml/h = 10 mcg/min); Início de ação: 2–5 minutos; Duração: 5–10 minutos; Efeitos adversos: cefaleia, taquicardia, vômitos. Vasopressores Agem por estimulação adrenérgica, com vasoconstrição periférica, realizando a redistribuição da circulação para os órgãos vitais. Acarretam, entretanto, aumento da resistência periférica e da pós-carga ventricular. Noradrenalina Apresentação: ampola 8 mg/4ml. Diluição: 40 mg + 80 ml SF 0,9% (200 mcg/ml). Dose: 0,2–1,0 mcg/kg/min. Inotrópicos Os inotrópicos aumentam a contratilidade miocárdica, e a fração de ejeção. Devem ser reservados para pacientes com baixo débito, afastando a hipovolemia como causa. Inotrópicos que atuam por estimulação adrenérgica (dobutamina, dopamina) podem induzir aumento de frequência cardíaca e precipitar isquemia coronariana. A levosimendana, por não atuar sobre receptores adrenérgicos, tem indicação em pacientes com cardiopatia isquêmica conhecida e naqueles em uso prévio de betabloqueadores; por seu efeito vasodilatador só pode ser usada em pacientes hipotensos associada a um vasopressor. a) Dobutamina Apresentação: ampola com 250 mg/20 ml; Diluição: 40 ml + 210 ml SG 5% (2000 mcg/ml); Dose: 2–20 mcg/kg/min. b) Levosimendana 22 Apresentação: frasco com 5 ml ou 10 ml (2,5 mg/ml); Diluição: 10 ml + 500 ml SG 5% (0,05 mg/ml); Dose: 0,05–1,0 mcg/kg/min; Evitar uso em pacientes com clearance de creatinina < 30 ml/min ou insuficiência hepática grave. Tromboprofilaxia Todos os pacientes com IC aguda devem ter profilaxia para eventos tromboembólicos, exceto na presença de contraindicação ou se já estiverem em uso prévio de anticoagulação adequada. Choque cardiogênico O choque cardiogênico é definido como hipotensão (PAS < 90 mmHg) associada à baixa perfusão na ausência de hipovolemia. Pacientes em choque cardiogênico devem ser, no mais breve tempo, admitidos em setor de terapia intensiva (CTI ou UNICOR). Requerem monitorização contínua de ECG, oximetria e pressão arterial (preferencialmente invasiva). A base do tratamento farmacológico do choque cardiogênico é o uso de inotrópicos e vasopressores, além de diuréticos de alça em caso de congestão importante. Pacientes com IC aguda e choque cardiogênico por isquemia coronariana têm indicação de cineangiocoronariografia de urgência. 6. ANEXO Protocolo De Atendimento À Insuficiência Cardíaca Aguda 23 SÍNDROME CORONARIANA AGUDA A Síndrome Coronariana Aguda (SCA), é um conjunto de sinais e sintomas clínicos compatíveis com isquemia do miocárdio, onde temos como exemplo a angina instável/estável e o infarto agudo do miocárdio (IAM). A angina instável é caracterizada por dor ou desconforto torácico ocorrendo em repouso ou aos mínimos 24 esforços, com mais de 10 minutos de duração, mas também pode ir se agravando e a dor e o tempo de duração irem aumentando. No quadro estável da angina, ocorre alívio ao repouso. O IAM, também gera dor e desconforto torácico, associado a elevação de marcadores de necrose miocárdica e alterações eletrocardiográficas, havendo elevação ou não do segmento ST! ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA É uma doença multifatorial que tem como fatores de risco: tabagismo, HAS, DM, hipercolesterolemia (dislipidemia), histórico familiar, cardiopatias, obesidade e sedentarismo. Apesar de ser multifatorial, todos os fatores de risco contribuem para uma doença aterosclerótica que é a principal causa. O processo acontece assim: devido aos diversos fatores citados, se forma uma placa aterosclerótica que causa 25 uma obstrução impedindo o fluxo de sangue adequado. Essa placa pode sofrer uma ruptura formando um trombo devido a lesão endotelial causada e a consequente agregação plaquetária no local. Além disso, essa instabilidade da placa aterosclerótica pode desencadear fatores bioquímicos anticoagulantes, pró- coagulantes e fibrinolíticos que vão agregar ainda mais a esse processo trombótico oclusivo! Toda essa disfunção endotelial ainda pode causar espasmos vasculares que vão contribuir também para a redução desse fluxo sanguíneo. SINAIS E SINTOMAS O sintoma mais clássico é a dor precordial que GERALMENTE irradia para o braço esquerdo. Ela costuma aparecer após um episódio de exercício ou estresse. Apesar da dor precordial ser clássica, dores epigástricas, na mandíbula ou pescoço não podem ser ignoradas. No caso de idosos, diabéticos e mulheres, a isquemia pode vir acompanhada de sintomas atípicos como dispneia, náusea, vômitos e sudorese intensa, então não se deve ignorar esse sinais e sintomas também! 26 “Professor estou confuso! Não estávamos falando de Síndrome Coronariana? Agora já é IAM como assim? ” Vamos esclarecer porque pode estar sendo confuso essa mistura: A Síndrome Coronariana Aguda se divide em angina e IAM, ok? Beleza, agora temos que entender que o processo fisiopatológico é o MESMO! E que os sinais de sintomas dessa síndrome também são o mesmo, pois são de origem isquêmica! No IAM temos algumas diferenças como mostra a tabela abaixo para simplificar: 27 Ficou claro? Durante a aula estamos falando da SCA, mas quando for oportuno vamos diferenciando a angina do IAM certo? DIAGNÓSTICO Bom como mencionado acima, um paciente que apresente a síndrome deve ser submetido rapidamente a um eletrocardiograma para se constatar alterações elétricas que indiquem lesão ou necrose miocárdica, e os marcadores também devem ser feitos. No eletrocardiograma que mostrar uma alteração no segmento ST o diagnóstico provável é de IAM com supradesnivelamento de ST! Se não houver alteração no segmento de onda ST, o exame de marcadores enzimáticos vai dizer se o diagnóstico da síndrome é de uma angina (em caso de não elevação), ou de IAM sem supradesnivelamento de ST em caso de aumento dos marcadores enzimáticos! Vamos falar sobre os marcadores enzimáticos. Estamos falando de um coração que teve seu fluxo sanguíneo diminuído devido a uma obstrução correto? Bioquimicamente, o metabolismo aeróbico vai ser 28 interrompido e se dará início ao metabolismo anaeróbico e isso vai acarretar em vários prejuízos e alterações importantes. Na falta de glicose pela interrupção do metabolismo aeróbico pelo fluxo inadequado de sangue, ocorre a necrose miocárdica liberandosuas macromoléculas na circulação que vão ser os marcadores para o IAM e são elas: Creatina-quinase (CK); Aspartatoaminotransferase (AST); Lactatodesidrogenase (LD); Troponina T e Troponina I (TnT e TnI) e Mioglobina. Uma observação importante, é que a troponina pode ficar elevada por mais tempo, até 3 semanas. Mas o que o aumento das enzimas quer dizer? As enzimas aumentam a velocidade de uma reação química, são catalisadores. No caso de morte de um tecido, elas vão para o plasma pois não tem mais função já que o tecido em que ela realiza suas ações de catálise morreu! Logo servem para diagnosticar algumas doenças! A determinação dos níveis séricos de CK é o diagnóstico de primeira escolha por ser mais específico ao infarto agudo do miocárdio. TRATAMENTO O tratamento da SCA tanto da angina, quanto do IAM vão visar restabelecer o fluxo sanguíneo que está prejudicado graças a obstrução! Ela pode acontecer através de medicamentos vasodilatadores (nitrato para tratar angina), fibrinolíticos/trombolíticos e também da intervenção coronária percutânea (tratar IAM). O uso da terapia fibrinolítica/trombolítica é um procedimento simples de ser realizado e seguro, e tem sido comprovadamente eficaz na diminuição da mortalidade e das complicações do IAM. Suas indicações são: dor precordial e ECG com alteração! Como contraindicações ABSOLUTAS temos: sangramento em atividade (exceto menstruação), suspeita de dissecção da aorta, história de AVE no último ano. E são contraindicações relativas: HAS descompensada mantida, ressuscitação cardíaca > 10 minutos, gravidez, trauma recente, doenças intracranianas, uso de anticoagulantes, neoplasias, úlceras gástricas e sangramento recente. 29 Os medicamentos fibrinolíticos/trombolíticos mais usados são: Estreptoquinase (SK) Alteplase (rt-PA) e Tenecteplase (TNK). A outra modalidade de tratamento a intervenção coronária percutânea (ICP) ou também conhecida como angioplastia transluminal coronária (ATC). Existem algumas modalidades de ICP: Primária: realizada nas primeiras 6-12 horas do IAM sem uso prévio de trombolíticos Resgate: após a terapia trombolítica não surtir efeito Imediata: realizada após o uso de trombolíticos Tardia: realizada entre 1- 7 dias antes da alta hospitalar com ou sem uso de trombolítico. Quando disponível, a melhor opção para se realizar a reperfusão do vaso ocluído é a ICP se realizada em até 90 minutos após o diagnóstico do IAM. Também é a opção de escolha se o paciente tem contraindicação para tratamento trombolítico. E como é feita a ICP? Vamos lá: Um cateter é introduzido por via femoral, radial ou braquial sendo a femoral utilizada em 90% dos casos no Brasil. Esse cateter viaja até o local da obstrução através de um “balão” presente nesse cateter, ele se enche causando a desobstrução. Após isso é colocado uma rede (stent) que serve para manter o lúmen do vaso dilatado. Com a imagem fica mais fácil visualizar o procedimento: 30 O procedimento de introdução é realizado por médico cardiologista ou da hemodinâmica. Porém a retirada pode ser realizada por Enfermeiro, que como cuidado principal ao retirar deve manter uma compressão por 10 minutos e se persistir o sangramento manter por mais 10 minutos. Outros cuidados de Enfermagem com o paciente em ICP são: Observar sinais e sintomas de débito cardíaco diminuído; Monitorar estado cardiovascular Orientar o paciente sobre a importância de relatar imediatamente qualquer desconforto no peito; Administração de medicamentos; Controle da Hipovolemia; Controle da dor; Monitorização respiratória; Monitorização hídrica; Monitorização de sinais vitais; Precauções contra sangramento; 31 Para finalizar vamos falar ainda no tratamento sobre um protocolo utilizado para abordagem do IAM que é o “MONABCH”. Como você viu na aula a abordagem clínica na SCA acontece da seguinte forma: ARRITMIAS As arritmias cardíacas são frequentes em serviços de urgência e emergência, e devemos ter uma atenção especial com elas, sabe porquê? Estamos falando de uma condição que rapidamente pode acabar com a hemodinâmica do paciente, e a avaliação inicial deve ser eficaz e rápida. As alterações no ritmo cardíaco (conceito de arritmia) podem tanto ser para mais ou para menos, caracterizando bradiarritmia ou taquiarritmia. Essa disfunção no ritmo altera o débito cardíaco, causa síncope, tontura e pode até mesmo levar a morte súbita! 32 BRADIARRITMIA A bradiarritmia é definida de duas formas: quando a frequência cardíaca (FC) estiver abaixo de 60 bpm, quando temos uma bradicardia ABSOLUTA, e quando a FC estiver acima de 60 bpm porém mesmo assim houver uma insuficiência metabólica! O diagnóstico vai depender do quadro clínico do paciente! A bradicardia pode trazer diversos prejuízos a homeostasia do organismo, mas o mais grave que leva a morte é a perfusão inadequada de órgãos vitais (coração e pulmão). As Bradiarritimias são classificadas em: Disfunção do nó sinusal/sinoatrial Bloqueios atrioventriculares ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Tanto a Disfunção do nó sinusal ou nó sinoatrial (DNS) quanto os bloqueios atrioventriculares, são causados por fatores intrínsecos e extrínsecos. Dentre as causas intrínsecas estão a degeneração muscular e fibrose causada pela idade avançada, isquemia miocárdica (IAM), doenças infiltrativas cardíacas (como a sarcoidose), lúpus, artrite reumatoide e chagas são exemplos de condições internas que podem causar tanto a DNS quanto os bloqueios atrioventriculares. As causas extrínsecas podem ser secundárias ao aumento do tônus vagal, uso de medicamentos, drogas, e desordens neurológicas que afetam a pressão intracraniana! 33 Vamos relembrar um pouco da eletrofisiologia cardíaca? Assim vai ficar fácil entender como ocorre as arritmias: O impulso elétrico no coração segue um caminho para ordenar os batimentos cardíacos. Esse impulso começa no nó sinusal/sinoatrial onde de lá o impulso segue para os átrios causando sua contração. Em seguida o impulso chega no nó atrioventricular onde ele sofre um leve retardo. Após isso ele chega até o feixe de his que se divide em ramo direito e esquerdo direcionados para os ventrículos. Na sequência o impulso chega aos ventrículos através das fibras de purkinje causando a sístole ventricular (contração), ejetando o sangue para fora sendo o ventrículo direito para a circulação pulmonar e o ventrículo esquerdo para a circulação sistêmica! O ritmo cardíaco normal, ou ritmo sinusal, é mantido através desse impulso elétrico bem organizado. Qualquer situação que altere isso causa uma arritmia! Simples certo? No caso das bradiarritmias que estamos falando nesse momento, são classificadas em disfunção do nó sinusal/sinoatrial e em bloqueios atrioventriculares lembra? Disfunções no nó sinusal/sinoatrial vão impedir o início do impulso elétrico, e disfunções no nó atrioventricular vão impedir a dissipação do impulso para os ventrículos, e ambas as condições vão alterar o ritmo cardíaco, se caracterizando assim como emergências cardiovasculares importantes! DIAGNÓSTICO É feita através de uma anamnese, exame físico e ECG. Exames complementares podem ajudar na descoberta da causa da bradiarritmia. O ECG define e diferencia as bradiarritmias sendo o principal exame a ser feito nesse caso. Os exames complementares são: marcadores de necrose cardíaca, sorologia para chagas, eletrólitos, exames imunológicos, TSH e T4. 34 TRATAMENTO A abordagem terapêutica inicial na bradiarritmia é feita da seguinte forma: o profissional deve avaliar se há sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica, e se o paciente apresentar um ou mais se deve instalar oxigênio suplementar, monitorização cardíaca, acesso venoso e realizar o ECG! Ou seja, é umaestabilização clínica, que como já vimos na aula de emergências neurológicas é SEMPRE o primeiro passo! O tratamento medicamentoso inclui o uso de drogas como: Atropina Dopamina Epinefrina Glucagon (Em caso de bradiarritmia causada por overdose de betabloqueador) A atropina é uma droga parassimpatolítica (reduz a ação do sistema parassimpático) que vai aumentar a automaticidade de iniciar a condução elétrica do nó sinusal/sinoatrial e melhor a condução atrioventricular. A dopamina é uma droga agonista adrenérgica que é percursora química da norepinefrina e causa estimulo nos receptores alfa e beta adrenérgicos. Estimula o aumento da contração cardíaca melhorando o débito cardíaco! 35 A Epinefrina é uma catecolamina que também tem atividades adrenérgicas nos receptores alfa e beta. Melhora a automaticidade do nó sinusal/sinoatrial também e aumenta a atividade elétrica miocárdica! O tratamento não medicamentoso inclui o uso de marcapassos, que podem ser instalados por via transcutânea ou transvenosa. A função destes é realizar estímulos cardíacos no coração em determinados pontos para regular o impulso elétrico e consequentemente manter os batimentos cardíacos e a fisiologia cardíaca de modo geral normal. Já falamos sobre as bradiarritmias agora vamos para as TAQUIARRITMIAS! TAQUIARRITMIA 36 Agora estamos falando de uma alteração rítmica no coração que ocasiona um aumento nos batimentos cardíacos, a FC está acima de 100 bpm. É tão grave quanto a bradicardia, só que tem complicações diferentes, a principal dela o nosso próximo tema da aula que é a parada cardíaca. Por definição, taquiarritmia é a frequência cardíaca maior ou igual a 100 bpm causada por ritmo não sinusal. Se a frequência cardíaca é inferior a 100 bpm, não há taquicardia e, mesmo que o ritmo de base não seja sinusal (p. ex.: fibrilação atrial), é improvável que esta seja a causa dos sintomas. O ritmo sinusal é diagnosticado pela presença de onda P positiva em D1, D2 e D3, negativa em aVR. Nas derivações precordiais, pode ser bifásica em V1, mas é positiva nas demais. A melhor derivação para sua análise é D2, pela maior amplitude. Se o ritmo é sinusal, não há arritmia e deve ser investigada a causa da taquicardia, sendo esta um sintoma da patologia de base. Habitualmente, Taquiarritimias com frequência inferior a 150 bpm não causam sintomatologia importante, exceto em presença de importante disfunção ventricular. Se o paciente apresenta-se com taquiarritmia e sinais de instabilidade hemodinâmica, está indicada a cardioversão elétrica sincronizada para sua reversão imediata, sendo, neste caso, indiferente a sua etiologia. Se o paciente não está em instabilidade hemodinâmica deve-se analisar o ECG para tentar o diagnóstico etiológico da arritmia e correlacioná-lo à(s) patologia(s) de base e ao uso de medicações; é importante afastar a isquemia coronariana aguda como causa da arritmia pela análise do intervalo ST e da onda T. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A forma com que a taquicardia se apresenta vai indicar o tipo de tratamento a ser realizado. Existem dois principais mecanismos com que isso ocorre: 37 AUTOMATISMO: sabe-se que as células cardíacas possuem a capacidade de se auto excitarem eletricamente falando, e quando essa capacidade anormalmente se aumenta, temos instalado ai uma taquicardia! Isso acontece secundário a alterações nervosas, eletrolíticas e farmacológicas. REENTRADA: ocorre uma duplicação da vida de circulação elétrica. Isso mesmo, aquele caminho que estudamos anteriormente é duplicado e logicamente teremos uma taquicardia instalada. DIAGNÓSTICO Novamente uma anamnese e um exame físico detalhado dando ênfase a avaliação hemodinâmica, são recomendadas (após estabilização clínica se o caso for instável). O diagnóstico é feito da mesma forma da bradiarritmia: ECG e exames complementares. Aqui temos que avaliar a clínica do paciente para podermos indicar o exame complementar a ser realizado, visto que a taquicardia pode ter inúmeras causas. Avaliação inicial Todo paciente admitido na Emergência com queixa de palpitação ou em que se verifique aceleração da frequência cardíaca deve ser avaliado para a presença ou não de ritmo sinusal, realizando-se: • levantamento de história clínica sucinta direcionada para os sintomas atuais, patologias pregressas e medicações em uso; • exame físico direcionado para o aparelho cardiovascular (aferição dos sinais vitais, ausculta pulmonar e cardíaca, pesquisa de sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica); • obtenção de acesso venoso; • ECG de 12 derivações e monitorização eletrocardiográfica. 38 Avaliação diagnóstica Para fins práticos, podemos dividir as Taquiarritimias em dois grandes grupos, que têm abordagem diferenciada: as Taquiarritimias com QRS estreito e as Taquiarritimias com QRS largo. Ao analisar o ECG, devemos olhar o QRS e medi-lo: se apresenta duração menor que 120 ms (três quadradinhos), o QRS é dito estreito; se maior ou igual a 120 ms, é dito largo. a) Classificação inicial das Taquiarritimias Se a taquiarritmia apresenta QRS largo: • se o ritmo é irregular, trata-se de Fibrilação Atrial (FA); • se o ritmo é regular, trata-se de Taquicardia Ventricular (TV) ou Taquicardia Supraventricular (TSV) com aberrância de condução. Se a taquiarritmia apresenta QRS estreito: • se o ritmo é regular (o intervalo R-R é regular), trata-se de Taquicardia Supraventricular (TSV); • se o ritmo é irregular (o intervalo R-R é irregular), pode tratar-se de Fibrilação Atrial (FA). b) Avaliação das Taquiarritimias com QRS largo: • se paciente hemodinamicamente estável, aplicar algoritmo de diagnóstico diferencial entre TV e TSV com aberrância; 39 • se paciente hemodinamicamente instável, tratar como TV. c) Avaliação das Taquiarritimias supraventriculares: • se é uma TSV, procurar a onda P; • se há onda P precedendo o QRS: – a relação P:QRS é > 1 (há mais de uma onda P por QRS) e a frequência de P é > 250 bpm: trata-se de Flutter Atrial; – a relação P:QRS é > 1 (há mais de uma onda P por QRS) e a frequência de P é < 250 bpm: trata-se de Taquicardia Atrial (TA); – a relação P:QRS é = 1 (há uma onda P para cada QRS): é uma taquicardia por reentrada (AV nodal ou via anômala), frequentemente com onda P negativa; – se o intervalo R-P (entre o início do QRS e a onda P seguinte) for até 140ms: é uma Taquicardia por Reentrada AV Nodal (TRAVN); – se o intervalo R-P estiver entre 140 e 200 ms, é uma Taquicardia por Reentrada por Via Anômala (TRVA); – se o intervalo R-P for maior que 200 ms, é uma Taquicardia Atrial; se houver mais de duas morfologias de P, trata-se de Taquicardia Atrial Multifocal (habitualmente com irregularidade de ritmo); • se não há onda P visível: – a frequência cardíaca é de 150 bpm: provavelmente, trata-se de Flutter Atrial; – se há Bloqueio Incompleto de Ramo Direito (r´ em V1) trata-se de Taquicardia por Reentrada AV nodal (TRAVN); – se há alternância elétrica (QRS de amplitude variável), trata-se de Taquicardia por Reentrada por Via Anômala (TRVA). TRATAMENTO Primeiro fazemos o que? Você já está craque nisso eu tenho certeza: ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA. 40 Lembra que eu disse que o quadro pode ser instável? O que torna ele instável é presença de: sinais de choque e má perfusão, alteração no nível de consciência, dor precordial e dispneia. Isso é importante pois se o quadro se apresentar instável devemos partir imediatamente para a cardioversão. A cardioversão é um procedimento para tratar a taquiarritmia (principalmente causada por reentrada, releia a parte de etiologia e fisiopatologia em caso de dúvida) que consiste em descarregar uma corrente elétrica sobre o tórax do paciente através de pás, que vai despolarizar todo o miocárdio, na tentativade restabelecer o ritmo. “Professor você está doido! Eu conheço esse procedimento e ele se chama desfibrilação!” Calma meu caro existe uma diferença: Na cardioversão a descarga elétrica é feita de forma SINCRONIZADA com o complexo QRS! Visa reorganizar o impulso elétrico. E a desfibrilação? Ela é feita de forma geral e visa REINICIAR o impulso elétrico cardíaco. A cardioversão possui contraindicações que são: taquicardia causada por intoxicação de medicação digitálica (digoxina), taquicardias repetitivas e de curta duração e hipertireoidismo. Os medicamentos usados para tratar essa emergência são para tratamento da dor (morfina ou fentanil) e sedação (propofol ou midazolam). A cardioversão é primordial em casos de taquicardia com sinais de instabilidade, na ausência desses sinais utiliza-se como tratamento os antiarrítmicos na tentativa de regressão do quadro e em caso de insucesso vamos para a cardioversão! 41 Taquiarritmia com QRS estreito Taquicardia por Reentrada (AV Nodal ou Via Anômala). A primeira opção é a realização de manobra vagal por meio de Massagem de Seio Carotídeo para aumentar o período refratário do Nódulo AV (NAV) e interromper o circuito da arritmia. Caso não haja sucesso, usa-se Adenosina EV em bolus na dose inicial de 6 mg (1 amp), que pode ser repetida em caso de insucesso após dois minutos com dose de 12 mg (2 amp). A Adenosina causa bloqueio atrioventricular fugaz (meia vida < 5 s), interrompendo o circuito da arritmia. Em caso de insucesso, está indicada a Cardioversão Elétrica Sincronizada (CVES). Por vezes, a manobra vagal, ou a adenosina, “abre” o traçado, revelando a presença de Flutter Atrial ou Fibrilação Atrial, que estavam mascarados pela frequência acelerada, devendo ser feito o tratamento específico. Flutter Atrial Por tratar-se de uma arritmia por reentrada que não utiliza o NAV no seu circuito, ela não é revertida por manobra vagal ou Adenosina. O sucesso da reversão farmacológica com antiarrítmicos é pequena, sendo a primeira opção a Cardioversão Elétrica Sincronizada. A opção de reversão do Flutter deve se basear no tempo de início. Se a arritmia teve início há < 48 h – cardioverter o paciente e, concomitantemente, iniciar anticoagulação plena com Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM). Se a arritmia teve início há > 48h ou tempo indeterminado – controlar a frequência cardíaca, iniciar anticoagulação plena com HBPM e programar Ecocardiograma 42 Transesofágico (ETE) para afastar trombo intra-atrial; a cardioversão será feita a posteriori. Taquicardia Atrial São Taquiarritimias que têm como substrato principal o aumento do automatismo de foco ectópico atrial que assume o controle do ritmo; frequentemente, estão associadas a distúrbio sistêmico que facilita seu início. São arritmias que não respondem a manobras vagais, Adenosina ou Cardioversão, sendo sua primeira opção de reversão o uso de antiarrítmicos. A presença de ondas P de diferentes morfologias configura a Taquicardia Atrial Multifocal, frequentemente associada à doença pulmonar, como DPOC, e de pobre resposta aos antiarrítmicos, sendo a primeira opção o controle da frequência cardíaca e o tratamento da doença de base. Para a reversão da arritmia, podem ser usados a Amiodarona, a Propafenona e o Verapamil. 43 Para controle da frequência cardíacas as principais opções são os Betabloqueadores e o Verapamil. Fibrilação Atrial Trata-se da mais comum causa de internação hospitalar por arritmia, tendo ainda uma prevalência aumentada nos pacientes idosos e nos cardiopatas. Se a frequência cardíaca é inferior a 100 bpm, não há indicação de tratamento de urgência, devendo ser feita avaliação posterior da necessidade de reversão da arritmia. Em presença de FA com frequência acelerada (> 100 bpm), a estratégia a seguir é determinada pelo tempo de início da arritmia: • se a FA teve início há < 48 horas, pode-se fazer a tentativa de cardioversão farmacológica ou por CVES, iniciando-se concomitantemente anticoagulação com HBPM. As drogas preferenciais para a cardioversão farmacológica são a Propafenona (se não houver contraindicação) e a Amiodarona; 44 • se a FA teve início há > 48 h ou tempo indeterminado, está contraindicada a cardioversão, sendo indicado, o controle da frequência cardíaca e a anticoagulação plena com HBPM. O controle da frequência cardíaca pode ser feito com Betabloqueadores, Verapamil, Digital (em presença de disfunção ventricular) e, em último caso, pela associação Digital + Amiodarona. Em pacientes portadores de Wolff-Parkinson-White que apresentem período refratário curto da via anômala, a ocorrência de FA leva a frequência cardíaca muito acelerada (> 180 bpm), com risco de degeneração para TV ou fibrilação ventricular, sendo indicada CVES imediata. Taquicardia com QRS largo Devem ser consideradas, até prova em contrário, como sendo Taquicardias Ventriculares pelo risco de degeneração para Flutter Ventricular ou Fibrilação Ventricular. Como já assinalado anteriormente, a presença de instabilidade hemodinâmica indica a CVES imediata, devendo-se deixar o diagnóstico etiológico da arritmia para depois. Se o paciente está hemodinamicamente estável, pode ser tentado o diagnóstico diferencial de TV e TSV com aberrância aplicando-se os critérios de Brugada: • caso se trate de TSV, o tratamento segue o já descrito anteriormente; • caso se trate de TV: 45 – utilizar Amiodarona EV para reversão e como droga de manutenção para prevenção de recorrências ou caso não haja resposta; – usar Lidocaína 2% EV na dose de 1 mg/kg (1 ml para cada 20 kg de peso); • se não houver reversão, realizar CVES. CUIDADOS APÓS REVERSÃO / CONTROLE DA TAQUIARRITMIA Em todos os casos, deve-se realizar: • hemograma e bioquímica, incluindo marcadores de injúria miocárdica; • ECG controle; • ecocardiograma. Manter sob monitorização eletrocardiográfica e aferição periódica de sinais vitais. Solicitar parecer à Cardiologia para a conduta de manutenção. SITUAÇÕES PARTICULARES a) Flutter e Fibrilação Atrial 46 Solicitar medida de TAP/INR tendo em vista manutenção de anticoagulação com Varfarina. Solicitar perfil tireoidiano para afastar hipertireoidismo. Investigar uso de medicações que possam induzir a crise (betamiméticos, anfetaminas, álcool, drogas ilícitas). b) Taquicardia por reentrada Avaliar ECG para sinais de pré-excitação ventricular (PR ≤ 100 MS, presença de onda Delta), indicativos de Wolff-Parkinson-White. c) Taquicardia atrial Investigar uso de medicações que possam induzir a crise (betamiméticos, anfetaminas, álcool, drogas ilícitas). Solicitar perfil tireoidiano para afastar hipertireoidismo. Em caso de DPOC, avaliar gasometria arterial e pesquisar infecção respiratória subjacente. d) Taquicardia com QRS largo Avaliar ECG para detectar sinais de Insuficiência Coronariana Aguda, especialmente IAM com supradesnível de ST, que justifiquem trombólise e/ou terapia anti-isquêmica e antitrombótica intensiva. Avaliar ECG para sinais de pré-excitação ventricular (PR ≤ 100 MS, presença de onda Delta), indicativos de Wolff-Parkinson-White. ANEXOS PROTOCOLO DE ATENDIMENTO A TAQUIARRITMIAS 47 TÉCNICA DE MASSAGEM DO SEIO CAROTÍDEO 1. Avaliar a presença de sinais de obstrução carotídea: auscultar carótidas para pesquisa de sopro carotídeo. Perguntar por diagnóstico prévio de obstrução carotídea. Caso presente, é contraindicação ao procedimento. 2. Manter o paciente sob monitorização cardíaca, com material para atendimento de bradicardia/PCR disponível. 48 3. Realizar leve hiperextensão do pescoço. 4. Palpar pulso carotídeo direito entre a cartilagem cricoide e o esternocleidomastóideo. 5. Realizar massagem circular firme durante,no máximo, 5 segundos, mantendo observação do ritmo no cardioscópio. 6. Em caso de insucesso, repetir o procedimento no seio carotídeo esquerdo. ROTINA DE CARDIOVERSÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA Preparo para o procedimento 1. Administrar Metoclopramida EV ou Bromoprida EV caso alimentação nas últimas 6 h. 2. Monitorização cardíaca contínua, oximetria de pulso e pressão não invasiva. 49 3. Manter material para entubação traqueal e suporte ventilatório e hemodinâmico à disposição. 4. Manter disponível reanimador manual conectado a enriquecimento de oxigênio. 5. Não aplicar loções ou cremes que possam prejudicar a condutividade elétrica ou a aderência dos eletrodos para a cardioversão. 6. Em portadores de marcapassos e/ou cardioversores/desfibriladores, deve- se posicionar as pás em situação ântero-posterior com 15 cm de distância da unidade geradora e, se possível, colocar um ímã sobre a mesma para manutenção do marcapasso em modo assincrônico. Técnica 1. Checar a monitoração e o funcionamento adequado do aparelho cardioversor. 2. Selecionar o modo de sincronização observando os marcadores na onda R, a fim de reduzir o risco de arritmias deflagradas no período vulnerável da repolarização ventricular. 3. Escolher a carga apropriada para o tipo de arritmia. 4. Utilizar os agentes de interface nas pás, como o gel condutor ou compressas úmidas com SF 0,9%. 5. Posicionar as pás em posição ântero-posterior ou apenas na face anterior do tórax, com uma pá localizada na região infraclavicular direita e outra na projeção do ápice cardíaco. 6. Fazer sedação com uso de : • Midazolan 3–15 mg EV associado a Propofol 0,5–1 ml/10 kg de peso. OU • Midazolan 3- 15 mg EV associado a Fentanil 50–100 mcg EV. Iniciar com as menores doses; checar nível de sedação pela resposta verbal e pelo estímulo álgico. 50 7. Garantir nível adequado de sedação e oxigenação. 8. Carregar as pás. 9. Evitar o contato com o leito e avisar ao restante da equipe que o choque será efetuado. 10. Aplicar de 11–13 kg de força sobre as pás. 11. Apertar os botões de descarga simultaneamente. 12. Analisar o ritmo pós-choque. 13. Avaliar o sucesso da reversão ou a necessidade de novo choque. 14. Acompanhar a recuperação do nível de consciência. 15. Realizar ECG de 12 derivações. 16. Garantir a estabilidade clínica do paciente após o procedimento. 17. Manter jejum e Oxigenioterapia suplementar até o despertar completo. Cargas de Cardioversão (cardioversor monofásico) 1. Flutter atrial: iniciar com 50 J; se preciso, repetir com 100 J. 2. Fibrilação Atrial: iniciar com 200 J; se necessário, repetir com 300 J e 360J. 3. Taquicardia por reentrada: iniciar com 50 J, se preciso, repetir com 100 J e 200 J. 4. Taquicardia ventricular: iniciar com 200 J; se necessário, repetir com 300 J e 360 J. Complicações 1. Indução de taquicardia/fibrilação ventricular. 2. Assistolia. 3. Depressão transitória da função ventricular por lesão miocárdica. 4. Lesão tópica (queimadura de pele pelas pás do cardioversor). 51 5. Acidentes com choque elétrico envolvendo profissionais da equipe. 6. Rabdomiólise. 7. Embolia. 8. Edema pulmonar. DROGAS ANTIARRÍTMICAS a) Amiodarona • Nome comercial: Ancoron, Atlansil, Miodon. • Apresentação: ampolas 150 mg/3 ml, comprimidos 200 mg. • Início de ação: 2–3 h. • Efeitos colaterais: bradicardia, hipotensão, piora de condução AV, prolongamento do QT, flebite em local de infusão. • Dose de ataque: 300 mg (02 amp) em 100 ml SG 5% EV em 20 min (pode- se repetir 50% da dose após 2 h, se necessário). • Manutenção: 900 mg (06 amp) em 500 ml SG 5% EV em 24 h. 52 b) Propafenona • Nome comercial: Ritmonorm. • Apresentação: ampolas 70 mg/20 ml; comprimidos 300 mg. • Início de ação: 2-3 h. • Efeitos colaterais: náuseas, bradicardia, piora de disfunção ventricular, Flutter atrial com resposta acelerada. • Contraindicações: disfunção ventricular esquerda, DPOC, asma. • Dose de ataque: 600 mg VO. • Manutenção: 450 a 900 mg VO/dia. c) Verapamil • Nome comercial: Dilacoron. • Apresentação: ampolas 2,5 mg/ml; comprimidos 80 mg e 240 mg (retard). • Início de ação: EV 3-5 min, VO 1-2 h. • Efeitos colaterais: bradicardia, piora de disfunção ventricular. • Contraindicações: insuficiência cardíaca, hipotensão severa. 53 • Dose: 10 mg diluídos EV em 5 min; se necessário, repetir 50% da dose após 30 min. • Manutenção: 160-240 mg VO/dia d) Betabloqueadores • Efeitos colaterais: hipotensão, bradicardia, piora de disfunção ventricular prévia, broncoespasmo. • Contraindicações: DPOC, ICC, insuficiência arterial periférica. – Metoprolol Nome comercial: Seloken. Apresentação: ampolas 5 mg/5 ml. Início de ação: 5-10 min. Dose: 5 mg EV em 3-5 min; se necessário, repetir dose após 15 min (dose máxima total: 15 mg). – Atenolol Nome comercial: Atenol, Ablok. Apresentação: comprimidos de 25, 50 e 100 mg. Dose: 25 a 150 mg/dia. – Propanolol Nome comercial: Inderal. Apresentação: comprimidos de 10, 40 e 80 mg. Dose: 30 a 240 mg/dia. e) Adenosina • Nome comercial: Adenocard. • Apresentação: ampolas 6 mg/2 ml. • Efeitos colaterais: indução de broncoespasmo, flush cutâneo. 54 • Início de ação: até 30 segundos. • Dose: 6 mg EV em bolus; se necessário, repetir 12 mg EV em bolus após 2 minutos. CRITÉRIOS DE BRUGADA PARA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE TV E TSV COM ABERRÂNCIA CHOQUE CARDIOGÊNICO Ocorre quando a capacidade do coração de se contrair e bombear o sangue está comprometida e o suprimento de oxigênio é inadequado para o coração e tecidos. Esse tipo de choque pode ocorrer por diversas causas que podem ser agrupadas didaticamente em: doenças cardíacas isquêmicas, doença cardíaca valvular, 55 arritmias e trauma. Em cada um desses tipos acontece alguma alteração que altere a pré ou pós carga e/ou a contratilidade cardíaca diminuindo assim o débito cardíaco. Figura: Tipos de Choque. Fonte: Internet 56 As manifestações clínicas são: dor anginosa, instabilidade hemodinâmica e pode- se desenvolver disritmias. Além destes: hipotensão arterial, oligúria, taquicardia, sudorese, pele fria e pegajosa, taquipnéia e confusão mental. O tratamento consiste em limitar o comprometimento miocárdico adicional e preservar o miocárdio saudável e melhorar a função cardíaca por aumentar a contratilidade cardíaca e/ou diminuir a pós carga ventricular. 57 Recentemente, a American Heart Association atualizou suas diretrizes para diagnóstico e tratamento do choque cardiogênico. A grande mudança no documento atual é o ganho progressivo de espaço dos dispositivos de assistência circulatória (DAV ou DAVE). Preparamos para vocês um esquema didático de abordagem ao paciente com choque cardiogênico. O choque cardiogênico (CC) não é a apresentação usual das doenças cardiovasculares, ocorrendo em menos de 10% dos pacientes com síndrome coronariana aguda. Todavia, quando presente, está relacionado com alta mortalidade, mesmo com o advento das terapias mais modernas. A principal causa de CC é o infarto agudo do miocárdio e a angioplastia primária foi o grande tratamento que, instituído, reduziu a mortalidade no CC de 80% para 40-60%!! Tabela 1: principais etiologias do choque cardiogênico 58 Isquemia / IAM 60-70% ICFER 30% Pós-operatório / pós-CEC 2-6% Miocardite 1-5% Valvar < 1% Pericárdio < 1% Arritmia < 1% Obstrutivo < 1% O CC apresenta-se em dois cenários típicos: Baixo débito: hipotensão, oligúria, elevação lactato, alteração do estado mental. Esteja especialmente atento ao paciente com sinais de má perfusão e pressão arterial aparentemente normal. O importante não é o valor absoluto da PA, mas sim os sinais perfusionais! Congestão: pulmonar e/ou sistêmica. Crepitaçãobibasal, tosse, asma cardíaca, hipoxemia, desconforto respiratório, hepatomegalia, edema periférico, ortopneia, dispneia paroxística noturna e turgência jugular são as principais alterações no exame clínico. A presença de muitos sinais de congestão sistêmica e pouco acometimento pulmonar é pista para falência predominante do VD, de pior prognóstico e mais difícil para tratar! Como vocês podem ver, os sinais de choque são inespecíficos. Como diferenciar então o CC das outras etiologias de choque? Os sinais de congestão são ótima dica, pois ocorrem mais comumente quando há causa cardiogênica, em comparação outros cenários. Mas a certeza dependerá da 59 análise do débito cardíaco (DC). No CC há, por definição, uma causa cardíaca primária como causa do choque. Na teoria, pode haver essa dúvida, mas na vida real a IC de alto débito não se apresenta como choque, e sim como síndrome hipercinética! Agora que você já avaliou o paciente e determinou a presença de sinais de baixo débito e/ou congestão associados à má perfusão, chegou o momento da monitorização hemodinâmica (MH). Reveja nossa reportagem recente para detalhes sobre o uso da MH no plantão. O que você espera da monitorização? 1. Determinar o DC. No CC, há redução do DC. 2. Avaliar a volemia. O padrão mais comum de CC é o frio/úmido, com congestão, mas 10-20% dos pacientes podem se apresentar como frio/seco. Isso é mais comum quando a causa não é SCA (síndrome coronariana aguda), como uma ICFER que recebeu diurético em excesso ou infectou. Paralelamente, é necessário investigar o fator descompensador. Como falamos, a causa mais comum é o IAM, para o qual o ECG é indispensável. Os pacientes com supraST deverão, então, ser encaminhados para revascularização miocárdica de emergência! A troponina e o BNP são biomarcadores importantes e podem se elevar em outras etiologias, como miocardite e ICFER. As funções renal e hepática são necessárias pois frequentemente estão acometidas na má perfusão. Gasometria arterial e lactato são parte dos parâmetros hemodinâmicos que você deve avaliar. Obs: e as IC de alto débito? 60 O ecocardiograma merece destaque especial, pois é exame indispensável no diagnóstico e no acompanhamento do paciente com CC. As informações mais importante são a função ventricular, estimativas de pré-carga, estruturas miocárdica / etiologia (ex: há tamponamento?) e exclusão de causas mecânicas na SCA/IAM. Veja na figura abaixo os principais itens da avaliação inicial pelos métodos complementares: Ao mesmo tempo em que você ganha informações sobre status hemodinâmico e causa do CC, o tratamento deve ser instituído o mais precocemente possível. Há dois braços de tratamento: compensar o baixo débito e tratar a etiologia. Vamos começar compensando o DC. No paciente seco, pode-se fazer um pouco de volume, sempre de olho na resposta das variáveis hemodinâmicas, como PVC, SvO2 e lactato. Mas na maioria dos pacientes de padrão úmido, o pilar do tratamento são os inotrópicos. Na fase inicial do CC, principalmente aquele do IAM/SCA, o paciente estará com IC reduzido e vasoconstrição periférica. A tendência é responder bem ao inotrópico, com aumento 61 da PA sistólica. Quando a perfusão melhorar, entra o diurético, para eliminar o excesso de água corporal. Milrinona e levosimendan são opções de inotrópico, mas são contraindicadas se houver hipotensão. Por outro lado, o paciente com ICFER e, principalmente, aquele infectado/séptico, pode apresentar um comportamento misto, com hipotensão/má perfusão persistentes a despeito do inotrópico. Neste caso, é necessário associar amina vasoconstrictora. Como na sepse, a nora é a amina de escolha, devendo ser associada com dobutamina. Pacientes que inicialmente estavam no padrão IC baixo + vasoconstrição periférica podem após algumas horas ou dias evoluir com vasodilatação e hipotensão. Há duas explicações: resposta inflamatória pela isquemia e má perfusão tecidual e infecção hospitalar. Na dúvida, provavelmente você terá que coletar hemoculturas e iniciar antibiótico empírico, pois é muito difícil diferenciar as duas hipóteses à beira do leito. Em relação ao tratamento da etiologia, o mais importante é a revascularização miocárdica. No caso de SCA/IAM não há dúvida: a angioplastia primária é muito superior e deve ser sua escolha. No Brasil temos uma situação difícil na rede pública, pois muitas cidades não têm serviço de hemodinâmica 24h. O que fazer? Apesar de haver pouco subsídio na literatura, a diretriz recomenda administrar trombólise e fazer a angioplastia assim que possível. Na figura abaixo, fizemos um esquema didático para abordagem ao paciente com choque cardiogênico: 62 Suponha agora que você fez tudo certinho: reconheceu o CC, diagnosticou o fator descompensador e a etiologia e instituiu tratamento da causa de base bem como suporte ao DC. Mas o paciente não melhorou… continua com má perfusão. E agora? A solução dependerá da causa. O mais comum é o CC após IAM/SCA. A angioplastia é seu tratamento principal. Só não espere que o paciente volte de sala andando e falando. O coração pode demorar a recuperar a força de contração: é o miocárdio atordoado. Pior, pode ser que tenha demorado e haja uma área de fibrose tão grande que a falência da bomba seja inevitável. Antigamente, a solução era a colocação do balão Intra-aórtico, que fornecia um suporte mecânico ao VE por 3 a 5 dias, até o miocárdio se recuperar. Contudo, um estudo recente mostrou que esta estratégia não aumenta a sobrevida. Quando o paciente deteriora apesar do tratamento da doença de base e do suporte com aminas, há três cenários: 63 1. Doença de base avançada, estágio terminal, expectativa de vida reduzida: hora de instituir tratamento paliativo. 2. A doença de base tem expectativa de melhorar no curto prazo: um dispositivo mecânico temporário é o ideal. A miocardite e o miocárdio atordoado pós-IAM são os melhores exemplos. As opções no Brasil, além do BIA, são ECMO (de escolha quando há comprometimento importante na troca gasosa), TandemHeart, Impella, CentriMag e EXCOR. 3. A doença de base é incurável, mas há boa expectativa de vida: coloca-se dispositivo de longo prazo e avalia o paciente ao longo do tempo. ICFER e fibrose extensa pós-IAM são os exemplos usuais. Avaliar o transplante cardíaco, melhor opção como terapia definitiva. Se não for possível, o dispositivo circulatório mecânico fica, pois sua utilização mostrou melhor sobrevida quando comparado ao tratamento clínico. As opções são no Brasil são HeartMate II (nos EUA, já há HeartMate III), Incor e HeartWare. ANGINA INSTÁVEL / INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO SEM SUPRADESNÍVEL DE ST INTRODUÇÃO Angina Instável (AI) é uma das principais causas cardiovasculares de atendimento em setores de emergência, sendo que um significativo percentual cursará com elevação de marcadores de injúria miocárdica, configurando Infarto Agudo do 64 Miocárdio sem Supradesnível de ST (IAMSSST). O complexo AI/IAMSSST possui apresentação variada e acarreta diversas morbidades, conforme o contexto clínico. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A principal forma de apresentação da AI/IAMSSST é a dor torácica, que deverá ser avaliada com prioridade, conforme o Protocolo de Dor Torácica. A Angina Instável se caracteriza pelo surgimento recente ou evolução acelerada de sinais e sintomas de isquemia miocárdica, enquanto o IAMSSST é caracterizado pela ocorrência de sinais e sintomas de isquemia miocárdica associados à elevação de marcadores bioquímicos, porém, sem a elevação do segmento ST. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA A abordagem diagnóstica da AI/IAMSSST inicia-se pela avaliação da dor torácica pelo respectivo protocolo e deve ser complementada pela classificação do evento, estratificação de risco cardiovascular, realização de exames seriadose determinação da indicação de estudo invasivo. CLASSIFICAÇÃO DO QUADRO E ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR Deverá ser realizada a classificação do quadro anginoso através da Classificação de Braunwald, e associando a estratificação de risco de eventos cardiovasculares maiores (óbito, reinfarto ou necessidade de revascularização de urgência através do escore TIMI). 65 A) Classificação de Braunwald Utiliza três critérios: a gravidade dos sintomas, as manifestações clínicas e a intensidade do tratamento. 1. Gravidade dos sintomas Classe I – Angina de início recente (menos de dois meses), frequente ou de grande intensidade (três ou mais vezes ao dia), acelerada (evolutivamente mais frequente ou desencadeada por esforços progressivamente menores). Classe II – Angina de repouso subaguda (um ou mais episódios em repouso nos últimos 30 dias, o último episódio ocorrido há mais de 48 horas). Classe III – Angina de repouso aguda (um ou mais episódios em repouso nas últimas 48 horas). 2. Circunstâncias das manifestações clínicas Classe A – Angina instável secundária (anemia, febre, hipotensão, hipertensão não controlada, emoções não rotineiras, estenose aórtica, arritmias, tireotoxicoses, hipoxemia etc). Classe B – Angina instável primária. Classe C – Angina pós-infarto do miocárdio (mais de 24 horas e menos de duas semanas). 3. Intensidade do tratamento Classe 1 – Sem tratamento ou com tratamento mínimo. Classe 2 – Terapia antianginosa usual. Classe 3 – Terapia máxima. B) Escore de risco TIMI Utiliza sete critérios, consignando um (1) ponto a cada: • idade ≥ 65 anos; • dor anginosa iniciada há < 24 h; 66 • uso de AAS nos últimos 7 dias; • infradesnível de ST> 0,5 mm; • elevação de marcadores de injúria miocárdica; • doença arterial coronariana (DAC) prévia; • três ou mais fatores de risco para DAC (HAS, DM, hipercolesterolemia, tabagismo, história familiar). Eletrocardiograma Todo paciente com AI/IAMSSST já deve ter o ECG realizado desde a admissão no setor de Emergência. O ECG deve ser repetido com intervalo de três horas do inicial nos pacientes em observação e/ou caso ocorram mudanças no quadro clínico (retorno de sintomas, hipotensão, etc.). A presença de infradesnível de ST ≥ 0,5 mm, bloqueio completo de ramo esquerdo (BRE), taquicardia ou bradicardia comportam pior prognóstico. Todo paciente com AI/IAMSSST deve ser mantido sob monitorização contínua de ECG. Marcadores bioquímicos Devem ser realizados de forma seriada: a) CKMB massa: apresenta maior sensibilidade e especificidade que a CKMB atividade, pois inicia a elevação após 4 h da injúria miocárdica. Pode apresentar falso positivo em torno de 4% dos casos em virtude de lesões musculares, trauma, ou presença de macromoléculas de creatinoquinase. b) Troponina I: mais específica que a CKMB massa, mantém-se elevada além das 24 h do evento. O diagnóstico de IAMSSST será feito caso ocorra a elevação de CKMB massa em duas medidas consecutivas ou uma medida com nível duas vezes superior ao limite 67 máximo da normalidade. No caso da Troponina I, o diagnóstico de IAMSSST será feito pela elevação acima do limite superior do normal. Caso ocorra elevação de CKMB massa com Troponina I normal, a decisão clínica baseia-se nesta última. A elevação isolada de Troponina I com CKMB massa normal não indica IAMSSST, mas AI de alto risco. Ecocardiograma O Ecocardiograma Transtorácico (ECOTT) permite a avaliação estrutural e funcional do coração, auxiliando no diagnóstico diferencial com patologias de aorta, pericárdio e valvulopatias. Embora um ECOTT normal em repouso não afaste AI/IAMSSST, a presença de alterações de motilidade segmentar aumenta a probabilidade de causa isquêmica. A avaliação da performance cardiovascular, tanto pela Fração de Ejeção ventricular (FE) quanto pela análise subjetiva da contratilidade, permite melhor orientação da terapêutica medicamentosa. Figura: Ecocardiograma Transtorácico. Fonte: Internet Angiotomografia coronariana A Angiotomografia Coronariana (ATC) tem demonstrado valor na estratificação de risco nas síndromes isquêmicas agudas em virtude de seu valor preditivo negativo alto. Tem indicação nos pacientes com escore de risco baixo / intermediário que apresentem ECG inconclusivo e marcadores de injúria miocárdica normais. 68 Figura: Angiotomografia coronariana. Fonte: Internet Cineangiocoronariografia Nos pacientes com AI/IAMSSST, a realização de Cineangiocoronariografia (CAT) deve ser realizada em até 48 horas naqueles com escore de risco intermediário a alto (TIMI ≥ 3), já que a estratégia de estratificação invasiva evidenciou melhor relação custo-eficácia. Além do escore de risco TIMI ≥ 3, são considerados indicadores de alto risco, justificando CAT em caráter urgente, os seguintes: • angina ou isquemia recorrente, a despeito de terapia otimizada; • níveis elevados de troponina; • nova depressão de segmento ST; • angina ou isquemia recorrente associada a sinais de insuficiência cardíaca; • disfunção ventricular subjacente (FE< 40%); • instabilidade hemodinâmica; • taquicardia ventricular sustentada; • intervenção coronariana nos últimos 6 meses; • cirurgia prévia de revascularização miocárdica. 69 TRATAMENTO Princípios gerais Todo paciente com risco intermediário ou alto deverá ser internado na Unidade Coronariana assim que possível. Os pacientes com risco intermediário ou alto são elegíveis para realizar investigação por cineangiocoronariografia (CAT) em até 48 horas do início dos sintomas, a não ser que apresentem comorbidades importantes (p.ex. Insuficiência hepática), baixa expectativa de vida ou que a priori recusem a possibilidade de tratamento de revascularização miocárdica. Pacientes com risco baixo devem ter sua investigação realizada em até 24 horas para definir-se alta ou internação hospitalar. Oxigenioterapia A suplementação de oxigênio deve ser realizada nos pacientes com risco intermediário ou alto e mantida até 4 h após a cessação dos sintomas, exceto se houver queda persistente de oxigenação em ar ambiente. Dose: 2–4 L/min. 70 Analgesia Indicada nos casos de dor persistente ou recorrente, a despeito do uso de nitratos. Deve ser realizada com doses seriadas para evitar depressão respiratória e hipotensão, mantendo-se aferição frequente de pulso e pressão arterial. Morfina: 2–4 mg IV diluído a cada 5 minutos, até máximo de 25 mg. Em caso de alergia a morfina: Meperidina (Dolantina) 20–50 mg IV. Nitratos Devem ser utilizados para controle da dor anginosa, especialmente nos pacientes de risco intermediário ou alto. A administração sublingual ou intravenosa tem igual eficácia, sendo a última preferida para manutenção do efeito nos casos de dor recorrente ou para auxiliar o controle da hipertensão arterial. É contraindicada em pacientes com hipotensão (PA sistólica < 100 mmHg ou que fizeram uso de sildenafil ou similares nas últimas 24 h). • Dinitrato de isossorbida 5 mg: 1 cp SL a cada 5 minutos (até máximo de 15 mg). • Nitroglicerina: 10 a 200 mcg/min – diluição: – 1 ampola de 5 ml + 245 ml SG 5% ou SF 0,9% (6 ml/h = 10 mcg/min); – 1 ampola de 10 ml + 240 mL SG 5% ou SF 0,9% (3 ml/h = 10 mcg/min). Betabloquadores Atuam reduzindo primariamente a frequência cardíaca, podendo diminuir a pressão arterial e o consumo de oxigênio miocárdico e potencializar o efeito anti-isquêmico dos nitratos. São contraindicados em pacientes com hipotensão, bradicardia e sinais de disfunção ventricular esquerda (presença de terceira bulha, crepitações pulmonares, etc.). A preferência é para a via oral, iniciando com a menor dose, a fim de manter a FC em torno de 60 bpm. A via endovenosa pode ser usada, com cautela, em caso de dor 71 isquêmica persistente
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