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Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) Autor: Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos 09 de Fevereiro de 2023 04722208107 - Aline Pires Lira Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Normas Gerais de Finanças Públicas (art. 163 - art. 164-A, CF/88) 3 ..............................................................................................................................................................................................2) Orçamento Público (art. 165; art. 167 - art. 169, CF/88) 7 ..............................................................................................................................................................................................3) Processo Legislativo Orçamentário (art. 166 e art. 166-A, CF/88) 24 ..............................................................................................................................................................................................4) Ajuste Fiscal e Regime Extraordinário Fiscal (art. 167-A - art. 167-G, CF/88) 33 ..............................................................................................................................................................................................5) Questões Comentadas - Finanças Públicas e do Orçamento - FGV 36 ..............................................................................................................................................................................................6) Lista de Questões - Finanças Públicas e do Orçamento - FGV 51 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 2 58 NORMAS GERAIS DE FINANÇAS PÚBLICAS A Constituição Federal de 1988 reservou um Capítulo inteiro (Capítulo II do Título VI) para tratar das “finanças públicas”. Na concepção constitucional, as finanças públicas dizem respeito às matérias relacionadas à despesa, à receita e ao crédito público. As normas gerais de finanças públicas estão previstas no art. 163 e art. 164, da CF/88. O art. 163 relaciona uma série de matérias relativas às finanças públicas que deverão ser objeto de lei complementar. Vejamos: Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: a) indicadores de sua apuração; b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida; c) trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos em legislação; d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante da dívida. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII do caput deste artigo pode autorizar a aplicação das vedações previstas no art. 167-A desta Constituição. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 3 58 Uma dúvida que surge, a partir da leitura do art. 163, é se todas as matérias nele relacionadas devem ser objeto de uma única lei complementar ou se, alternativamente, é possível que várias leis complementares tratem desses temas. O STF, chamado a apreciar o assunto, considerou que as matérias constantes do art. 163 podem ser reguladas por lei complementar de maneira fragmentada. Não há necessidade de que a referida lei complementar discipline o teor do art. 163 por inteiro (STF,ADI 2.238-MC, DJ de 06.10.2000). O termo “finanças públicas”, ao qual se faz menção no inciso I, é bastante abrangente. Nesse sentido, todos os demais incisos podem ser considerados abrangidos por esse termo. Atualmente, a Lei Federal nº 4.320/64 é que estatui normas gerais sobre finanças públicas. Apesar de ser uma lei ordinária, reconhece-se que ela foi recepcionada pela CF/88 com o status de lei complementar. Vale pontuar que o inciso VIII do art. 163 foi acrescentado pela Emenda Constitucional nº 109/2021. Essa emenda, que veicula importantes aspectos pertinentes ao Direito Financeiro, teve sua edição motivada pelo cenário de deterioração das contas públicas motivada, principalmente, pela pandemia do vírus Sars-CoV-2 e da doença por ele provocada (Covid-19). Dentre outros aspectos, a Emenda possibilita a decretação de estado de calamidade pública de âmbito nacional, conforme se verifica no art. 49, inciso XVIII, e no art. 84, inciso XXVIII. Em relação ao acréscimo feito no art. 163, nota-se que o endividamento público deve se mostrar sustentável - ou seja, que seja algo "pagável" e compatível ao cenário fiscal. As alíneas do inciso VIII trazem alguns parâmetros que devem ser especificados a fim de demonstrar a citada sustentabilidade. Com tudo isso, o dispositivo constitucional visa a evitar a existência de dívidas públicas "impagáveis" ou inviáveis do ponto de vista fiscal. Portanto, uma lei complementar deve ser editada pelo Congresso Nacional para regulamentar o fato de que a política fiscal deve manter a dívida pública em níveis sustentáveis, respeitando os parâmetros delineados pelo inciso VIII (indicadores da sua apuração e os níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida, por exemplo). Repare que a alínea "e" autoriza o planejamento da alienação de ativos a fim de diminuir o montante da dívida pública. Ou seja, as entidades públicas podem se desfazer de alguns de seus bens para reduzir o endividamento. Segundo o parágrafo único do art. 163, a mesma lei complementar editada para regulamentar o inciso VIII poderá autorizar a aplicação das vedações previstas no art. 167-A da CF/88, que veremos mais à frente. Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, de forma a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a publicidade dos dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. O art. 163-A, introduzido pela Emenda Constitucional nº 108/20, veio apenas para aperfeiçoar, em nível constitucional, a já existente obrigação de publicidade e transparência dos dados atinentes às contas públicas Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 4 58 por parte dos entes federativos. Estes devem viabilizar o fornecimento de informações contábeis, orçamentárias e fiscais em meio eletrônico de amplo acesso público. O art. 164, por sua vez, trata do Banco Central. Para entender melhor esse dispositivo, vale mencionar que é competência exclusiva da União emitir moeda (art. 21, VII). Essa competência é exercida exclusivamente pelo Banco Central. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.§ 1º - É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. § 2º - O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. O § 1º determina que é vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. Antes da CF/88, o banco central podia fazer empréstimos ao Tesouro Nacional, o que trazia fortes pressões inflacionárias.1 Destaque-se que, ao vedar a concessão de empréstimos ao Tesouro Nacional, a CF/88 reforçou o papel do banco central enquanto autoridade monetária. O § 2º estabelece que o banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros (art. 164, § 2º, CF). Ao comprar títulos do Tesouro Nacional, o banco central coloca mais dinheiro em circulação e, em consequência, aumenta a oferta de moeda, desvalorizando-a. O § 3º, por sua vez, determina que as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central. Por outro lado, as disponibilidades de caixa dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. O valor subjacente a essa norma (cláusula de depósito compulsório nas instituições financeiras oficiais) é, segundo o STF, a moralidade administrativa (STF ADI. 2661-MC, DJ de 23.08.2002). 1 A possibilidade de concessão de empréstimos ao Tesouro Nacional poderia fazer com que o BACEN emitisse mais moeda quando lhe fosse solicitado. Com o aumento de moeda em circulação no mercado, esta acaba se desvalorizando e a inflação aumenta. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 5 58 ==e3223== As disponibilidades de caixa dos Estados, DF, Municípios e dos órgãos ou entidades públicas são depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Essa ressalva abre, nesses casos, a possibilidade de que as disponibilidades de caixa sejam depositadas em instituições financeiras não oficiais, desde que haja previsão em lei. Segundo o STF, esta deverá ser uma lei ordinária editada pela União, de caráter nacional. Por isso, considera o STF que não podem as Constituições ou as leis estaduais dispor sobre a matéria2. Art. 164-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem conduzir suas políticas fiscais de forma a manter a dívida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar referida no inciso VIII do caput do art. 163 desta Constituição. Parágrafo único. A elaboração e a execução de planos e orçamentos devem refletir a compatibilidade dos indicadores fiscais com a sustentabilidade da dívida. No mesmo contexto do inciso VIII do art. 163, o art. 164-A foi introduzido no texto constitucional pela Emenda nº 109/2021. Reforça-se a necessidade de que a política fiscal deve envidar esforços para manter a dívida pública em níveis sustentáveis. O parágrafo único assemelha-se à alínea "b" do inciso VIII, em que a elaboração e a execução dos planos de governo e dos orçamentos devem refletir a compatibilidade dos indicadores fiscais com a sustentabilidade da dívida. (Advogado UFC – 2014) É permitido ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. Comentários: Segundo o art. 164, § 1º, CF/88, “é vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira”. Questão errada. 2 STF. ADI 2.600-MC, DJ de 25.10.2002; ADI 2.661, DJ de 23.08.2002; ADI 3.075-MC, DJ de 18.06.2004. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 6 58 ORÇAMENTO PÚBLICO Os instrumentos de planejamento e orçamento na Constituição Federal de 1988: A Constituição Federal prevê 3 (três) importantes instrumentos de planejamento e orçamento: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Trata-se das chamadas “leis orçamentárias”, que regulam o planejamento e o orçamento dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Essas leis orçamentárias, segundo o § 16 do art. 165, devem observar, no que couber, os resultados do monitoramento e da avaliação das políticas pública previstos no § 16 do art. 37. O art. 165, § 9º, prevê que deverá ser editada lei complementar acerca desses instrumentos de planejamento e orçamento. Até hoje, essa lei não foi editada, motivo pelo qual ainda hoje é utilizada a Lei Federal nº 4.320/64, que, todavia, não é mais suficiente para atender às necessidades do orçamento e planejamento governamental. § 9º - Cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166. O Plano Plurianual (PPA) se destina ao planejamento de médio prazo do Governo Federal. Essa lei, de iniciativa do Poder Executivo (art. 165, CF/88), estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada (art. 165, § 1º, CF/88). A elaboração regionalizada do PPA busca promover o desenvolvimento equilibrado das diversas regiões do Brasil, tendo como fundamento, em última análise, a isonomia. Lembre-se: o PPA está relacionado às diretrizes, objetivos e metas. As iniciais dessas palavras formam a sigla “DOM”, que você deve memorizar! Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 7 58 Destaca-se que, segundo o art. 167, § 1o, CF/88, nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. Tem-se aqui o princípio da plurianualidade das despesas de investimento. Uma observação em relação aos investimentos: segundo o § 15 do art. 165, compete à União organizar e manter um registro centralizado de projetos de investimento contendo, por Estado ou Distrito Federal, pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos e informações sobre a execução física e financeira. A vigência do PPA é de 4 (quatro) anos, não coincidindo com o mandato presidencial. É que, segundo o ADCT (art. 35, § 2º, I), o início da vigênciado PPA é no segundo exercício financeiro do mandato do Chefe do Poder Executivo; o término da vigência, por sua vez, será no fim do primeiro exercício financeiro do mandato subsequente. Assim, o primeiro ano do mandato presidencial tem como base o PPA elaborado por seu antecessor. Segundo o ADCT (art. 35, § 2º, I) o PPA deverá ser encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até 4 (quatro) meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. Assim, o Poder Executivo deverá encaminhar o PPA ao Congresso até 31 de agosto do primeiro exercício financeiro. Sendo o PPA aprovado, o início de sua vigência começará no segundo exercício financeiro do mandato presidencial. O art. 165, § 4º, da Constituição, determina ainda que os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. Isso porque o PPA estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é o elo entre o planejamento estratégico (representado pelo PPA) e o operacional (representado pela LOA). Com isso, possibilita que as diretrizes e os objetivos delimitados pelo PPA sejam respeitados no orçamento. De acordo com a Constituição (art. 165, § 2º), a LDO: a) compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal; b) estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória sustentável da dívida pública; PPA DIRETRIZES OBJETIVOS METAS Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 8 58 c) orientará a elaboração da lei orçamentária anual; d) disporá sobre as alterações na legislação tributária e; e) estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Guarde a informação: a LDO compreende as metas e prioridades da Administração Pública. Muitas questões tentarão confundir você, trocando as competências da LDO e do PPA. A LDO tem como função, ainda, autorizar: a) a concessão de vantagens ou aumentos de remuneração; b) a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras; c) a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta. Isso é o que se depreende a partir da leitura do art. 169, § 1º, CF/88: Art. 169 (...) § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; LDO Compreenderá as METAS E PRIORIDADES da administração pública federal Estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, atentando-se à trajetória sustentável da dívida pública Orientará a elaboração da LOA Disporá sobre as alterações na legislação tributária Estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 9 58 II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Segundo o art. 165, § 12, da CF/88, deve ainda integrar a LDO o anexo com previsão de agregados fiscais e a proporção dos recursos para investimentos que serão alocados na lei orçamentária anual para a continuidade daqueles em andamento. Isso vale para o exercício financeiro a que se refere a LDO e para os 2 exercícios subsequentes. Esse anexo se aplica exclusivamente aos orçamentos fiscal e da seguridade social da União. A Lei Orçamentária Anual (LOA), por seu vez, é o orçamento propriamente dito. Consiste em instrumento pelo qual o Poder Público realiza a previsão de receitas e a fixação de despesas para o exercício seguinte. Tem como objetivo dar concretude aos objetivos e metas estabelecidos no PPA, em conformidade com o que foi estabelecido na LDO. A Lei Orçamentária Anual (LOA) é uma lei apenas em sentido “meramente formal”, pois apenas autoriza gastos, não obrigando o administrador público a executá-los. Falta-lhe os requisitos de generalidade e abstração. Em razão disso, é considerada uma lei de efeitos concretos. Apesar disso, o entendimento atual do STF é de que é possível o controle abstrato de constitucionalidade de leis orçamentárias. Segundo a Corte Suprema, “o STF deve exercer sua função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto”. 1 De acordo com a Constituição (art. 165, § 5º), a LOA conterá o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o orçamento de investimento das empresas estatais: § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Segundo o art. 165, § 7º, CF/88, os orçamentos fiscais e de investimentos das estatais, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo 1 ADI 4.048-MC. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento em 14.05.2008 Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 10 58 critério populacional. Cuidado! O examinador tentará confundir você, dizendo que o orçamento da seguridade social tem essa função! Segundo o art. 165, § 6º, da CF/88, o projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. Ou seja, todo tipo de benefício fiscal deve vir acompanhado de estimativa de impacto orçamentário e financeiro. Nesse sentido, o STF entendeu ser inconstitucional lei estadual que concede benefício fiscal sem a prévia estimativa de impacto orçamentário e financeiro2. Acerca disso, veja o que dispõe o art. 113 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias): ADCT, Art. 113. A proposição legislativa que crie ou altere despesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser acompanhada da estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro. (TELEBRAS – 2022) A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, de acordo com trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual,disporá sobre as alterações na legislação tributária e, ainda, estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Comentários: A questão vai ao encontro do art. 165, § 2º, da CF/88, transcrevendo corretamente os assuntos a serem veiculados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias. Questão correta. (TCE-RJ – 2022) A lei orçamentária anual deve compreender o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Comentários: Nota-se que a questão reproduz adequadamente o art. 165, § 2º, inciso II, da CF/88. Questão correta. (TJ-PB – 2015) A lei de iniciativa do presidente que instituir o plano plurianual estabelecerá, entre outros temas, as metas da administração federal, incluindo-se as despesas de capital para o exercício seguinte e as orientações para a elaboração da lei orçamentária anual. Comentários: É a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que irá contemplar as metas e prioridades da administração pública federal. Questão errada. 2 ADI 6303/RR, Rel. Min. Roberto Barroso. Julgamento em 11.03.2022. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 11 58 (TCM-RJ – 2015) O Plano Plurianual compreenderá as metas e prioridades da Administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Comentários: Essas são as funções da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e não do PPA. Questão errada. (TRT 8a Região – 2015) Caberá à lei ordinária dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual. Comentários: Segundo o art. 165, § 9º, cabe à lei complementar dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual. Questão errada. (TRT 24a Região – 2014) Cabe à lei que instituir o plano plurianual estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes e metas da Administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Comentários: O PPA estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada (art. 165, § 1º, CF/88). No entanto, o estabelecimento da política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento é matéria prevista na LDO. Questão errada. Conceito de Orçamento e Princípios Orçamentários: A Constituição Federal, com o objetivo de disciplinar as finanças públicas, criou o instituto jurídico do orçamento. Trata-se de lei que contempla a previsão das receitas e a fixação das despesas para um determinado período, com o objetivo de permitir o adequado funcionamento do Estado. O Brasil adotou o orçamento-programa na organização do sistema-orçamentário. Trata-se de espécie de orçamento que tem como objetivo programar e planejar a ação governamental e a atividade econômica. São estabelecidos objetivos e metas, bem como os custos necessários à sua realização. Integra-se, assim, planejamento e orçamento. A Carta Magna prevê vários princípios referentes ao orçamento. São os chamados princípios orçamentários, de que trataremos a seguir: a) Princípio da legalidade: O princípio da legalidade determina que todas as leis orçamentárias devem ser aprovadas pelo Poder Legislativo. Veja o que a Carta Magna dispõe a respeito: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 12 58 II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. (...) Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. b) Princípio da Universalidade ou Globalização: O princípio da universalidade ou da globalização impõe que o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas referentes à Administração Direta e à Indireta. Esse princípio não se aplica ao Plano Plurianual, pois essa norma não contempla todas as receitas e despesas. O princípio da universalidade se revela no art. 165, § 5º, CF/88, que mostra que a LOA compreenderá o orçamento fiscal, o orçamento de investimento das empresas estatais e o orçamento da seguridade social: § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. c) Princípio da Anualidade: O princípio da anualidade determina que o orçamento deve se referir ao período de um ano. Segundo o art. 167, §1º, “nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.” Em outras palavras, os investimentos cuja execução ultrapassem um exercício financeiro deverão ser incluídos no plano plurianual. A previsão do Plano Plurianual, com duração de quatro anos, não é uma exceção ao princípio da anualidade. O Plano Plurianual (PPA) tem objetivo estratégico, necessitando da Lei Orçamentária Anual para sua operacionalização. Uma exceção ao princípio da anualidade que foi introduzida pela Emenda nº 102, de 2019, está prevista no § 14 do art. 165 da CF/88. Segundo esse dispositivo, a lei orçamentária anual poderá conter previsões de Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 13 58 despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos investimentos plurianuais e daqueles em andamento. As bancas examinadoras, tentando confundir os candidatos, adoram dizer que a anterioridade é um princípio orçamentário. Isso está ERRADO! A anterioridade é um princípio tributário. d) Princípio da Unidade: Pelo princípio da unidade, o orçamento deve ser uno; em outras palavras, cada ente federativo deverá ter um único orçamento. Uma pergunta importante de se fazer é a seguinte: será que a existência do orçamento fiscal, do orçamento de investimentos e do orçamento da seguridade social viola o princípio da unidade? A resposta é negativa. Não há violação ao princípio da unidade. Para José Afonso da Silva, o princípio da unidade orçamentária não se preocupa com a unidade documental. O que é relevante é que esses documentos estejam subordinados a uma unidade de orientação política. e) Princípio da Exclusividade: O princípio da exclusividade ou da pureza orçamentária também tem previsão constitucional. Esse princípio determina que o orçamento não poderá conter matéria estranha à previsão das receitas e à fixaçãodas despesas. Há, contudo, duas importantes exceções: (art. 165, § 8º) o a autorização para abertura de créditos suplementares e; o autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. No sistema orçamentário brasileiro, há 3 (três) tipos de créditos adicionais. 1) Créditos suplementares: consistem em um reforço de dotação orçamentária. Suponha que uma determinada Ação Orçamentária tenha uma dotação orçamentária de R$ Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 14 58 30.000.000,00. Caso esse valor seja insuficiente, podem ser solicitados os créditos suplementares. A dotação orçamentária será reforçada, por exemplo, para R$ 32.000.000,00. 2) Créditos especiais: são créditos que se destinam a despesas que não possuem uma dotação orçamentária específica. Suponha que o Ministério da Fazenda queira, ao longo do exercício financeiro, criar uma nova Ação Orçamentária, para a qual não havia dotação prevista na LOA. Isso poderá ocorrer mediante os créditos especiais. 3) Créditos extraordinários: são os créditos destinados a despesas urgentes e imprevisíveis, como no caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública. São abertos por medida provisória. É importante destacar que somente os créditos suplementares, por determinação da Constituição, podem ter sua abertura autorizada pelo orçamento (a lei orçamentária anual). Só eles é que são exceção ao princípio da exclusividade. Os especiais e os extraordinários não! Para melhor entendimento das exceções ao princípio da exclusividade, cabe elucidarmos o conceito de operações de crédito. Trata-se de operações semelhantes a empréstimos, podendo ser contraídas pelo Poder Público com o objetivo de cobrir suas despesas. No caso de operações de crédito por antecipação de receita, esses empréstimos são, em regra, saldados no mesmo exercício financeiro. Por meio do princípio da exclusividade, busca-se impedir a inclusão, no orçamento, de dispositivos sem qualquer relação com a matéria orçamentária, como por exemplo, previsões referentes a direito penal ou civil. f) Princípio da Quantificação dos créditos orçamentários: Outro importante princípio orçamentário é o da quantificação dos créditos orçamentários. Por esse princípio, veda-se a concessão ou a utilização de créditos ilimitados. Veja como se dá sua previsão pela Carta Magna: Art. 167. São vedados: (...) VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE O orçamento deve conter apenas previsão de receitas e fixação de despesas Exceções Autorização para operações de crédito, mesmo que por antecipação de receita Abertura de créditos suplementares Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 15 58 g) Princípio da proibição do estorno: O princípio da proibição do estorno, também previsto pela Constituição, determina que o Poder Público não pode transpor, remanejar ou transferir recursos sem autorização. Havendo falta de recursos, deve-se recorrer à abertura de crédito adicional ou solicitar ao Legislativo a transposição, remanejamento ou transferência de recursos. Busca-se, com isso, evitar a deformação do orçamento pelo Executivo, ou seja, a modificação de tudo aquilo que foi determinado pelo legislador. Veja como a Constituição trata dessa matéria: Art. 167. São vedados: (...) VI – a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa. Os conceitos de transposição, remanejamento e transferência de recursos deveriam ser disciplinados, conforme a doutrina, por lei complementar. Tal lei ainda não foi editada. Com base no texto da Constituição, percebe-se que eles constituem formas de destinação de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro. Com a EC nº 85/2015, foi inserido o § 5º no art. 167, estabelecendo que a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, mediante ato do Poder Executivo. Assim, não haverá necessidade de autorização legislativa para a transferência de recursos no âmbito dessas atividades. h) Princípio da não-vinculação de receitas ou da não-afetação: O princípio da não vinculação de receitas ou da não afetação determina que nenhuma receita de impostos poderá ser reservada para atender a um gasto específico, salvo aquelas com destinação prevista pela Constituição. Esse princípio é previsto pela Constituição no art. 167, IV: Art. 167. São vedados: (...) IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2.º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8.º, bem como o disposto no § 4.º deste artigo. Busca-se, com isso, conferir flexibilidade ao planejamento, evitando-se que determinadas despesas se tornem obrigatórias. Assim, os recursos estatais podem ser usados de maneira mais livre pelo legislador, Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 16 58 conforme as necessidades verificadas naquele momento. Destaca-se que, respeitadas suas peculiaridades, os demais entes federativos poderão estabelecer as mesmas vinculações previstas para a União na CF/1988. É inconstitucional, por violação à cláusula constitucional da não afetação da receita oriunda de impostos e à autonomia municipal, norma estadual que determina a forma de aplicação dos recursos destinados ao município em razão da repartição constitucional de receitas3. i) Princípio da Programação: Pelo princípio da programação, o orçamento deverá evidenciar os programas nacionais, regionais e setoriais; associa-se, assim, o orçamento ao atingimento da finalidade do plano plurianual. Em outras palavras, o orçamento deverá apresentar os objetivos da ação governamental. O § 10 do art. 165 da CF/88 deixa claro que a administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os meios e as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade. O § 11 estabelece alguns aspectos em relação à obrigatoriedade de execução das programações orçamentárias: § 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias: I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que estabeleçam metas fiscais ou limites de despesas e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicionais; II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente justificados; III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias. Frise-se que os §§ 10 e 11 se aplicam exclusivamente aos orçamentos fiscal e da seguridade social da União. 3 ADI 2355/PR, Rel. Min. Nunes Marques, julgamento virtual finalizado em 16.9.2022 (sexta-feira), às 23:59. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br04722208107 - Aline Pires Lira 17 58 (Procurador de Curitiba – 2015) Nenhuma despesa cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciada sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. Comentários: Os investimentos cuja execução ultrapassem um exercício financeiro deverão ser incluídos no plano plurianual. Questão errada. (TJDFT – 2015) Segundo o STF, é inconstitucional a abertura de crédito extraordinário por meio de medida provisória, ainda que em virtude de calamidade pública, por ofender o princípio da legalidade, que rege a organização do orçamento público. Comentários: Os créditos extraordinários serão abertos por medida provisória. Questão errada. (TCM-SP – 2015) A Lei Orçamentária Anual não pode conter autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita. Comentários: Pelo princípio da exclusividade, a LOA não poderá conter matéria estranha à previsão das receitas e à fixação das despesas. Entretanto, há duas exceções: a) a autorização para abertura de créditos suplementares e; b) a autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. Assim, a LOA poderá conter autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita. Questão errada. Vedações Orçamentárias: A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 167, diversas vedações relacionadas à matéria orçamentária. Sobre algumas delas, nós já comentamos anteriormente, pois são verdadeiros princípios orçamentárias. Outras, porém, serão novidade em seu estudo. Art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; O Plano Plurianual (PPA), como sabemos, tem a vigência de 4 anos; logo, os programas e projetos nele previstos devem ser executados ao longo desse período. Assim, é plenamente possível que um programa ou projeto previsto no PPA não seja incluído na Lei Orçamentária Anual (LOA). No entanto, um programa ou projeto que não seja incluído na LOA não poderá ser iniciado. Para seu início, ele deve constar da LOA. II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; Esse dispositivo está relacionado à necessidade de manutenção do equilíbrio orçamentário. Por esse princípio, as despesas autorizadas não poderão ser superiores à previsão de receitas. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 18 58 III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; Essa é a “regra de ouro” das finanças públicas. Segundo esse dispositivo, o endividamento (mediante a realização de operações de crédito) somente poderá ser admitido para a realização de investimentos (despesas de capital). Em outras palavras, não se admite o endividamento para que se possa arcar com despesas correntes. A CF/88 estabelece, todavia, uma exceção a essa regra: é possível a realização de operações de crédito se o Poder Legislativo aprovar (por maioria absoluta) créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa. Não podem ser realizadas junto a instituições financeiras estatais operações financeiras com a finalidade de obtenção de crédito para pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionista, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios (ADI 5683/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20/4/2022). O § 6º do art. 167 estabelece que, no que diz respeito às operações de crédito efetuadas para a gestão da dívida pública mobiliária federal, somente serão consideradas as receitas realizadas no mesmo exercício financeiro em que for realizada a respectiva despesa. Ou seja, não podem ser confrontadas receitas e despesas de exercícios financeiros diferentes no que diz respeito à gestão da dívida pública mobiliária federal. IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; Esse é o princípio da não-afetação. Em regra, não pode haver vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. As exceções a esse princípio são as seguintes: a) Repartição constitucional do produto da arrecadação dos impostos (art. 158 e art. 159). b) Destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde; c) Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 19 58 d) Destinação de recursos para a realização de atividades da administração tributária; e) Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita. f) Prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta (art. 167, § 4º). V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; Os créditos suplementares e especiais são autorizados por lei. Dada a autorização legislativa, eles serão abertos mediante decreto do Poder Executivo. VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; Esse é o princípio da proibição do estorno, sobre o qual já comentamos anteriormente. VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; Esse é o princípio da quantificação dos créditos orçamentários. Também já falamos sobre ele anteriormente. VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; O orçamento fiscal e o orçamento da seguridade social somente poderão ser utilizados para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos mediante autorização legislativa específica. IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa; A criação de fundos de qualquer natureza será feita mediante lei. X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Esse dispositivo estabelece que é vedada a entrega voluntária de recursos ou a concessão de empréstimos por um ente da federação a outro para pagamento de despesas de pessoal (ativo, inativo e pensionista). XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 20 58==e3223== As contribuições sociais previstas no art. 195, I e II, estão vinculadas às despesas com pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a utilização de recursos de regime próprio de previdência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo fundo vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento; A Reforma da Previdência (EC nº 103/2019) previu que lei complementar federal irá estabelecer normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade na gestão de regimes próprios de previdência social. Como forma de a CF/88 também garantir a responsabilidade na gestão de regimes previdenciários pelos entes federativos, o art. 167, XII, proibiu que os recursos de regimes próprios de previdência social sejam utilizados para a realização de despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários e de despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento. Assim, em outras palavras, os recursos destinados aos regimes próprios de previdência social têm uma finalidade definida: o pagamento de benefícios previdenciários. É justamente nisso que esses recursos devem ser utilizados. XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias e as subvenções pela União e a concessão de empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de organização e de funcionamento de regime próprio de previdência social. Caso os Estados, o Distrito Federal e os Municípios descumpram as regras gerais de organização e de funcionamento de regime próprio de previdência social, as quais são instituídas por lei complementar federal, eles deverão, de algum modo, ser penalizados. É isso o que prevê o art. 167, XIII, CF/88, segundo o qual é vedada a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias e as subvenções pela União e a concessão de empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais aos entes federativos que estiverem descumprindo as regras gerais de organização e de funcionamento do RPPS. XIV - a criação de fundo público, quando seus objetivos puderem ser alcançados mediante a vinculação de receitas orçamentárias específicas ou mediante a execução direta por programação orçamentária e financeira de órgão ou entidade da administração pública. O inciso XIV, que foi introduzido pela Emenda Constitucional nº 109/2021, mostra que não se pode criar fundo público se os objetivos pretendidos com essa criação puderem ser atingidos por vinculação de receitas orçamentárias específicas ou pela execução direta por programação orçamentária e financeira de órgão ou entidade da administração pública. A criação de fundos públicos se mostra, portanto, algo residual e não uma regra geral. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 21 58 (Procurador Autárquico-Manausprev - 2015) A Constituição da República, em matéria orçamentária, veda a realização de quaisquer operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital. Comentários: O art. 167, III, CF/88, estabelece que é vedada “a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Assim, nota-se que é possível a realização de operações de crédito se o Poder Legislativo aprovar (por maioria absoluta) créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa. Questão errada. (TJ-PB – 2015) É vedada a concessão de empréstimos pelas instituições financeiras públicas para pagamento de despesas com pessoal ativo e inativo dos estados, do DF e dos municípios. Comentários: É isso mesmo! O art. 167, X, CF/88, veda a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Questão correta. A Emenda Constitucional nº 128, de 22 de dezembro de 2022, introduziu o § 7º no art. 167 da CF/88, cuja redação é a seguinte: § 7º A lei não imporá nem transferirá qualquer encargo financeiro decorrente da prestação de serviço público, inclusive despesas de pessoal e seus encargos, para a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios, sem a previsão de fonte orçamentária e financeira necessária à realização da despesa ou sem a previsão da correspondente transferência de recursos financeiros necessários ao seu custeio, ressalvadas as obrigações assumidas espontaneamente pelos entes federados e aquelas decorrentes da fixação do salário mínimo, na forma do inciso IV do caput do art. 7º desta Constituição. O § 7º traz uma norma de responsabilidade fiscal, vedando previsão legal de transferência de qualquer encargo financeiro (obrigação de pagamento) decorrente de prestação de serviço público sem que haja previsão de fonte orçamentária e financeira ou sem previsão de transferência dos recursos necessários. Para exemplificar, não pode a União ou o Estado-membro editarem lei que atribua a um Município a obrigação de pagar pela prestação de determinado serviço público sem que sejam assegurados recursos ao Município para que este possa realizar o mencionado pagamento. Excetuam-se dessa regra do § 7º as obrigações assumidas espontaneamente pelos entes federados e aquelas que decorrem da fixação do salário mínimo. Por fim, a Emenda nº 109/21 introduziu dois parágrafos no art. 168 da CF/88. Este tratava apenas dos duodécimos (1/12 avos dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual) que devem ser repassados pelo Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 22 58 Poder Executivo aos demais Poderes, ao Ministério Público e à Defensoria Pública até o dia 20 de cada mês. Os parágrafos acrescentados vedam que os recursos financeiros oriundos dos repasses duodecimais sejam transferidos a fundos e preveem que o saldo financeiro ("sobras de recursos") decorrente dos recursos entregues por duodécimos deve ser restituído ao caixa único do Tesouro do ente federativo, ou então será deduzido das primeiras parcelas duodecimais do exercício seguinte: Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. § 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses duodecimais. § 2º O saldo financeiro decorrente dos recursos entregues na forma do caput deste artigo deve ser restituído ao caixa único do Tesouro do ente federativo, ou terá seu valor deduzido das primeiras parcelas duodecimais do exercício seguinte. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 23 58 1 PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO O PPA, a LDO e a LOA são leis de iniciativa do Poder Executivo (art. 165, CF), devendo ser apreciadas pelas duas Casas do Congresso Nacional,nos parâmetros do regimento comum (art. 166, CF). Seu processo legislativo apresenta várias peculiaridades, conforme veremos a seguir. O art. 165, § 9º, da Constituição Federal de 1988 determina que: Art. 165, § 9.º Cabe à lei complementar: I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166. Como essa lei ainda não foi editada, é a Lei Federal nº 4.320/64, recepcionada como lei complementar, que prevê as normas gerais de direito financeiro para os entes federados. O processo legislativo se inicia com a elaboração da proposta legislativa. As leis orçamentárias são, conforme o art. 165 da Constituição Federal, de iniciativa do Poder Executivo. Na esfera federal, essa iniciativa é de competência privativa do Presidente da República (art. 84, XXIII, CF). Trata-se de iniciativa vinculada, uma vez que deve ser exercida obrigatoriamente pelo seu titular em determinado período, por disposição constitucional e legal. Nesse sentido, o art. 85 da Constituição Federal determina que são crime de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a lei orçamentária. Destaca-se que a Constituição Federal assegurou a autonomia administrativa e financeira tanto ao Poder Judiciário quanto ao Ministério Público (art. 99 c/c art. 127, CF). Tanto os tribunais (art. 99, § 1º, CF) quanto o Ministério Público (art. 127, § 3º, CF) elaborarão suas propostas orçamentárias, dentro dos limites estabelecidos na LDO. Os prazos para o ciclo orçamentário, no âmbito federal, são determinados pelo art. 35, § 2º, I a III, do ADCT: Art. 35, § 2.º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9.º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 24 58 2 encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II – o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III – o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. Note que o texto constitucional prevê dois prazos, para cada uma das leis orçamentárias: um para encaminhamento da proposta e outro para devolução. O primeiro consiste na data limite para o Executivo enviar ao Legislativo os projetos de lei orçamentária. Já o segundo corresponde à data limite para que o Poder Legislativo envie os projetos para a sanção do Chefe do Executivo. Esquematizando: Os prazos referentes ao ciclo orçamentário dos Estados e dos Municípios constam das respectivas Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas. A fase de discussão se subdivide em proposição de emendas (emendamento), voto do relator, redação final e proposição em Plenário. Nela, os parlamentares debatem sobre a proposta legislativa. A apreciação dos projetos das leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) é feita pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum (art. 166, CF). No que se refere à fase de emendamento, determina a Constituição que as emendas aos projetos de leis orçamentárias serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. Essa comissão, como o nome nos faz imaginar, é composta de deputados e senadores (art. 166, § 2º, CF/88). As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso (art. 166, § 3º, CF/88): PPA • Encaminhamento: até 4 meses antes do encerramento do 1.° Exercício financeiro (31.08). • Devolução: até o encerramento da sessão legislativa (22.12). LDO • Encaminhamento: até 8 meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro (15.04). • Devolução: até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa (17.07). LOA • Encaminhamento: até 4 meses antes do encerramento do exercício financeiro (31.08). • Devolução: até o encerramento da sessão legislativa (22.12). Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 25 58 3 a) Sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; b) Indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre dotações para pessoal e seus encargos ou serviço da dívida, ou, ainda, sobre transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; c) Sejam relacionadas com a correção de erros ou omissões ou com os dispositivos do texto do projeto de lei. A fase de emendamento do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias também é objeto de limitações pela Lei Fundamental. Reza a Carta Magna (art. 166, § 4º) que as emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. É importante destacar o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que embora a iniciativa dos projetos de leis orçamentárias seja de competência reservada do Chefe do Poder Executivo, podem os membros do Legislativo oferecer emendas aos mesmos. Isso porque o poder de emendar projetos de lei é prerrogativa de ordem político-jurídica inerente ao exercício da atividade legislativa (ADI 1.050-MC, DJ de 23.04.2004). Também é importante ressaltar que o STF entende que o plano plurianual não pode ser modificado para aumentar as despesas (ADI 2.810, DJ de 25.04.2003 e ADI 1.254-MC, DJ de 18.08.1995). No que se refere à fase de deliberação, a regra é a não rejeição das leis orçamentárias. Nesse sentido, dispõe a Constituição que a sessão legislativa não deverá ser interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art. 57, § 2º, CF). Há, contudo, uma exceção à regra. É possível a rejeição do projeto de LOA, o que se infere a partir do art. 166, § 8º: Art. 166, § 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. No processo legislativo orçamentário, a mensagem presidencial é o instrumento usado na comunicação entre o Presidente da República e o Congresso Nacional. A mensagem serve para encaminhar os projetos do PPA, da LDO e da LOA e também pode ser enviada para propor modificação nesses projetos, enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta (art. 166, § 5º, CF). (TRT 21a Região – 2015) Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelasduas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 26 58 4 Comentários: A apreciação dos projetos das leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) é feita pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum (art. 166, CF). Questão correta. (TCM-RJ – 2015) O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos de leis orçamentárias enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. Comentários: A mensagem presidencial pode ser enviada ao Congresso Nacional com o objetivo de propor modificação nos projetos de leis orçamentárias enquanto não iniciada a votação, na Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta. Questão correta. Emenda Constitucional nº 86/2015 – A PEC do Orçamento Impositivo: O orçamento público tem a característica de ser autorizativo, e não impositivo. O Poder Executivo não está obrigado a executar as despesas previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA), possuindo mera autorização para fazê-lo. Por exemplo, suponha que a LOA destine R$ 5 bilhões para a Segurança Pública. Desse valor, nem tudo precisa ser gasto, ou seja, nem tudo precisa ser executado. Isso sempre levou a uma intensa negociação política entre Poder Executivo e o Poder Legislativo. Você já ouviu falar do “toma lá, dá cá”, não é? Pois bem. Os parlamentares sempre tiveram a prerrogativa de apresentar emendas parlamentares para alteração da LOA, mas o Poder Executivo não era obrigado a executá-las. O Poder Executivo, então, só executava as emendas parlamentares daqueles congressistas que “votassem com o governo”. Por outro lado, os parlamentares que não apoiassem o governo, não tinham suas emendas executadas, ficando em “maus lençóis” com sua base de apoio. Foi por essa razão que se começou a trabalhar na Emenda Constitucional nº 86/2015, que ficou conhecida como “PEC do Orçamento Impositivo”. Vamos entender o porquê desse nome. Quando se fala em “orçamento impositivo”, a referência que se faz é à obrigatoriedade de que ocorra a execução das despesas previstas na LOA. Em outras palavras, os gestores públicos deverão efetivamente gastar aquilo que está previsto no orçamento. É diferente da ideia de “orçamento autorizativo”, segundo a qual a LOA apenas autoriza despesas, sem impor ao gestor público que lhes execute. Mas o que isso tudo tem a ver com a Emenda Constitucional nº 86? Na verdade, a EC nº 86/2015 poderia ser chamada de “PEC das Emendas Parlamentares Impositivas” (e não PEC do Orçamento Impositivo!). Explico.... As despesas previstas na LOA continuam sendo uma mera autorização para o gasto pelos gestores públicos. Todavia, estabeleceu-se que as emendas parlamentares individuais serão obrigatoriamente executadas. Esse é um dos pontos centrais dessa Emenda Constitucional nº 86/2015. Mas não é só isso... Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 27 58 5 Com a EC nº 86/2015, os parlamentares (considerando-se o universo total de Deputados e Senadores!) tinham direito a apresentar emendas individuais à LOA em um montante total de 1,2% da receita líquida prevista no projeto de lei orçamentária encaminhada pelo Poder Executivo. Ocorre que, com a Emenda Constitucional nº 126/2022, esse número passou a ser de 2% da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto. Algumas observações relevantes: a) As emendas parlamentares são alterações da Lei Orçamentária Anual. Até a EC nº 86/2015, não se sabia exatamente o valor dos recursos a serem destinados às emendas parlamentares individuais. Com as Emendas Constitucionais, o valor das emendas parlamentares individuais passa a ser um valor certo, definido em 2% da Receita Corrente Líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto da lei orçamentária. b) Do total previsto para as emendas parlamentares individuais, metade (ou seja, 1% da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto) será destinada a ações e serviços públicos de saúde. c) Do limite de 2% da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto, 1,55% caberá às emendas de Deputados e 0,45% às de Senadores. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que observe critérios objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria, observada a divisão de percentuais entre Deputados e Senadores citadas neste tópico. d) As programações orçamentárias efetuadas com base nas “emendas parlamentares impositivas” somente não serão de execução obrigatória nos casos de impedimentos de ordem técnica. e) Para os orçamentos dos Estados, o STF decidiu que a norma estadual não pode estabelecer limites para aprovação de emendas parlamentares impositivas em patamar diferente do imposto pelo art. 166 da CF/88. Com isso, metade dos recursos das emendas parlamentares individuais devem ser destinados a ações e serviços públicos de saúde1. A EC nº 86/2015 definiu também um percentual mínimo para os gastos da União com ações e serviços públicos de saúde. Agora, segundo o art. 198, §2º, I, a União deverá aplicar, pelo menos, 15% da sua Receita Corrente Líquida em ações e serviços públicos de saúde. Emenda Constitucional nº 100/2019 – Emendas de bancada impositivas: As emendas à LOA representam uma forma de o Poder Legislativo influenciar na alocação dos recursos públicos. Elas podem ser de 4 (quatro) diferentes tipos: individuais, de bancada, de comissão e da relatoria. Para o nosso estudo, é interessante saber apenas a diferença entre as emendas individuais e as emendas de bancada. 1 ADI 6670 MC/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 30.4.2021. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 28 58 6 As emendas individuais são apresentadas por cada Deputado ou Senador, individualmente. As emendas de bancada, por outro lado, são coletivas, sendo apresentadas pelas bancadas estaduais ou regionais. A EC nº 86/2015 tratou das emendas individuais à LOA, determinando que elas se tornassem impositivas, ou seja, de execução obrigatória. As EC nº 100/2019, por outro lado, tem como escopo as emendas de bancada. Art. 166 (...) § 12 A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações incluídas por todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no montante de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior. Assim, as emendas de bancada, aprovadas no montante de até 1% da Receita Corrente Líquida (RCL) do exercício anterior, são de execução obrigatória. Em outras palavras, as emendas de bancada passam a ser impositivas. Cabe destacar que, havendo impedimentos de ordem técnica, as emendas de bancada, assim como as individuais, não serão executadas. O STF decidiu que, anteriormente às Emendas Constitucionais nº 86/2015 e 100/2019, não havia orçamento impositivo. Logo, dispositivos de Constituições Estaduais que abordavam o tema antes das emendas à CF/88 citadas são inconstitucionais.2 Após a promulgação das Emendas nº 86/2015 e 100/2019, as Constituições Estaduais podem estipular normas de orçamento impositivo em âmbito estadual. (TRT 21a Região – 2015) As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadasno limite de 2,4% (dois inteiros e quatro décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado 2 ADI 6308/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 03.06.2022. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 29 58 7 pelo Poder Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde. Comentários: As emendas individuais ao projeto de lei orçamentárias serão aprovadas no limite de 1,2% da receita corrente líquida (antes da EC nº 126/2022) e de 2% da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto (após EC nº 126/2022). Desse valor, metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde. Questão errada. (Procurador de Curitiba – 2015) As emendas parlamentares ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo o total desse montante destinado a ações e serviços públicos de saúde. Comentários: Metade do total previsto para as emendas parlamentares individuais deverá ser destinado para ações e serviços públicos de saúde. É bom lembrar também que, após a EC nº 126/2022, o percentual passou a ser de 2%. Questão errada. Emenda Constitucional nº 105/2019 – Emendas individuais de Deputados Federais e Senadores ao Orçamento Federal A Emenda nº 105/2019 acrescentou o art. 166-A à Constituição Federal. Esse dispositivo trata das emendas individuais impositivas à Lei Orçamentária Anual que acarretam na transferência de recursos do orçamento da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios. Lembre-se que as emendas individuais já foram objeto de atenção do reformador constituinte por ocasião da promulgação da Emenda nº 86/2015. As emendas individuais impositivas podem levar ao repasse de recursos da União por meio de duas espécies de transferências financeiras (ou repasses de recursos): ➢ Transferência especial; ➢ Transferência com finalidade definida. Os recursos da transferência com finalidade definida estão vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar e devem ser aplicados nas áreas de competência constitucional da União. Logo, essa modalidade de transferência é um "recurso carimbado", que só pode ser utilizado em áreas previamente especificadas. Já os recursos da transferência especial são repassados diretamente ao ente beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou de instrumento congênere. Eles pertencem ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira e poderão ser aplicados em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do ente federativo beneficiado. Note que o ente beneficiado pela transferência especial tem maior liberdade para empregar os recursos recebidos quando se compara com os recursos da transferência com finalidade definida, em que os recursos só podem ser empregados em áreas de competência constitucional da União e vinculados à programação Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 30 58 8 estabelecida na emenda parlamentar. Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências especiais devem ser aplicadas em despesas de capital. O ente federativo que recebe a transferência especial pode firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da execução orçamentária na aplicação dos recursos. Destacadas as diferenças entre as espécies de transferências financeiras, vamos agora tratar daquilo que há de comum entre elas. Independentemente da espécie, os recursos transferidos aos Estados, Distrito Federal e Municípios não poderão ser empregados para o pagamento de: i) despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e ii) encargos referentes ao serviço da dívida. Outro aspecto importante é que os recursos transferidos NÃO integrarão a receita dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com pessoal ativo e inativo e do endividamento do ente federado. Como se nota, essas transferências financeiras feitas a partir das emendas parlamentares individuais possuem regras específicas e se distinguem das demais espécies de repasses ou repartições existentes no texto constitucional. Emenda Constitucional nº 109/2021 – PEC Emergencial A emenda estabelece uma espécie de "cláusula de calamidade", a ser decretada exclusivamente pelo Congresso Nacional após proposta do Presidente da República. Art. 167-A. Apurado que, no período de 12 (doze) meses, a relação entre despesas correntes e receitas correntes supera 95% (noventa e cinco por cento), no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, é facultado aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e à Defensoria Pública do ente, enquanto permanecer a situação, aplicar o mecanismo de ajuste fiscal de vedação da: [...] Temos a regra de que os gatilhos elencados nos incisos do art. 167-A são acionados quando os gastos do poder público atingirem o patamar de 95% das despesas totais. Quando esse patamar for atingido, devem ser adotadas as medidas descritas no art. 167-A, dentre as quais podemos citar a vedação à concessão de aumento aos servidores públicos, a concessão de novos incentivos fiscais e a realização de concursos públicos (podendo ser realizados apenas para a reposição de vacâncias). Com a decretação de calamidade pública, adota-se o que a Constituição chama de Regime Extraordinário Fiscal, Financeiro e de Contratações. Em razão do contexto, uma série de regras constitucionais passam a ser flexibilizadas. Por exemplo, a chamada "regra de ouro" prevista no art. 167, inciso III, fica dispensada de ser observada durante todo o exercício financeiro em que vigorar a calamidade pública (art. 167-E). No mesmo sentido, Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 31 58 ==e3223== 9 podem ser adotados processos simplificados de contratação de pessoal, em caráter temporário e emergencial, e de obras, serviços e compras que assegurem, quando possível, competição e igualdade de condições a todos os concorrentes (art. 167-C). Nestas últimas hipóteses, as medidas valem apenas com o propósito exclusivo de enfrentamento da calamidade pública e de seus efeitos, no seu período de duração. Equipe Direito Constitucional Estratégia Concursos Aula 08 MRE (Oficial de Chancelaria) Direito Constitucional - 2023 (Pré-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 04722208107 - Aline Pires Lira 32 58 Ajuste Fiscal e Regime Extraordinário Fiscal O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Em função das restrições de circulação de pessoas e das demais medidas de biossegurança que atenuam a propagação da doença provocada pelo vírus, houve uma sensível redução da atividade econômica no Brasil e em outros países. Com isso, as contas públicas também foram bastante afetadas, levando ao aumento do déficit primário. A título comparativo, conforme os resultados publicados pelo Tesouro Nacional, em 2019 o déficit primário foi da ordem de R$ 95 bilhões, ao passo que, em 2020, o resultado negativo atingiu o patamar de R$ 743 bilhões. Nesse contexto, uma medida que foi vista como necessária e providencial foi a criação de um auxílio emergencial às pessoas mais vulneráveis e mais afetadas
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