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sescsp.org.br/ead Material de apoio sescsp.org.br/ead 1 BREVE HISTÓRICO 1877 – O fonógrafo de Edson. Esse aparelho, po- de-se dizer, foi o primeiro gravador da história. Usava um processo mecânico em que uma agu- lha de aço percorria os sulcos gravados em um cilindro de chumbo. 1880 – Alexandre Graham Bell inova ao substituir os cilindros por discos planos semelhantes aos atuais. 1885 – Surge um segundo tipo de fonógrafo in- ventado por Chichester Bell e Charles Tainter, chamado grafofone. 1888 – Emile Berliner inventa um terceiro tipo de fonógrafo, também chamado de gramofo- ne. Esse aparelho fazia a leitura horizontal dos discos (os anteriores eram verticais). Ao mesmo tempo, também criou uma técnica de produ- ção de cópias em massa, usando vulcanite de borracha a partir de uma máster de zinco. An- tes disso, para fazer dez discos, o cantor tinha que cantar dez vezes. 1902 – Surge o primeiro gravador magnético chamado telegrafone, inventado por Valdemar Poulsen. A gravação era feita em um fio de ara- me. Surgem os discos de dois lados inventados na América do Sul. 1906 – Surge o primeiro fonógrafo fechado dentro de uma caixa, fabricado pela Victor Talking Machine Company, de nome “victro- la”. A campanha de publicidade na época foi tão grande que, depois de um tempo, qual- quer fonógrafo doméstico passou a ser cha- mado de victrola. Aula 01: HISTÓRIA DA GRAVAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE ÁUDIO sescsp.org.br/ead 2 1913 – Edson adere aos discos planos e começa a fabricá-los. Tinham uma superfície de plástico 6,35 mm de espessura. 1925 – A inglesa Electric & Musical industries (EMI) inventa a gravação estereofônica gravando discos de 78 RPM. 1935 – Surge o primeiro gravador de fita magné- tica, chamado magnetofone e criado pela BASF/ AEG. 1948 – A gravaçao multipista em mais de dois canais foi inventada pelo músico e inventor Les Paul. A primeira gravação multipista foi feita em sua garagem nesse ano. Surgem os long plays (LP) com 30 cm de diâ- metro e 33,3 RPM.Tinham muito mais fidelidade que os discos de 78 RPM. 1958 – Surgem os LPs estereofônicos, iniciando a era da alta fidelidade, Porém eram frágeis e su- jeitos a riscos. É um formato que se mantém no mercado até os dias atuais. 1965 – O compact audio cassete (K7) é introduzi- do no mercado pela Philips, com 30 e 45 minu- tos de estéreo de cada lado. 1969 – Sistema Dolby de redução de ruídos. 1982 – Surgimento do compact disc (CD). 1989 – Criação do MP3 (MPEG Layer III) na Alema- nha. Criação do mini-disc (Sony). Ambos usam o sistema de compressão de áudio. 1998 – Surgimento do DVD-audio, com qualida- de melhor que a do CD, e também do Super Au- dio CD. sescsp.org.br/ead 3 Com o surgimento da internet, foram criados ou- tros formatos de áudio com e sem compressão de dados que, segundo especialistas, farão o CD desaparecer. No entanto, os discos de vinil volta- ram a se tornar populares entre os consumidores. NOÇÕES BÁSICAS DO SOM Definição de Som Toda propagação de energia mecânica resultan- te de um corpo vibrando, em um meio sólido, lí- quido ou gasoso, e que é percebido pelo ouvido humano, pode ser chamado de som. Essas variaçoẽs são chamadas de ondas de pres- são sonora. Meios de Propagação e Velocidade O som se propaga em todas as direções nos meios gasoso, líquido e sólido, porém em veloci- dades diferentes em cada um desses meios. • No ar: +/- 340 m/s • Na água: +/- 1.500 m/s • No aço: +/- 5.000 m/s Onde m/s = metros por segundo. Essa diferença acontece porque, quanto mais denso for o material, menor a distância entre as moléculas, aumentando assim a velocidade de propagação. O som se propaga em forma de ondas, através do movimento e do choque de moléculas do meio físico em que se encontra a fonte sonora. A propagação acontece com o pequeno mo- vimento das moléculas. (como vagões de um trem ligados com molas entre si). O primeiro va- sescsp.org.br/ead 4 gão comprime a primeira mola, que empurra o próximo vagão, que por sua vez empurra o próxi- mo e assim por diante. Uma vez comprimida a primeira mola, assim como todas as outras, ela tende a voltar ao es- tado inicial, provocando um movimento de vai e vem. As moléculas vibram nesse movimento, mas permanecem no mesmo lugar. Essas vibra- ções das moléculas provocam variações periódi- cas na pressão atmosférica e são chamadas de ondas de pressão sonora. Vale notar que essas variações são idênticas às medidas por um serviço de meteorologia, po- rém as mudanças de pressão captadas pelo ou- vido humano são muito menores. As moléculas do ar são elásticas e podem ser comprimidas, como em um pneu de um carro ou em um balão. Um bom exemplo da propagação do som pelo ar pode ser demonstrado pelo estouro de um ba- lão. Se estourarmos um balão em um ambiente com uma pressão estável e silencioso, teremos um ruído sonoro alto e repentino. Isso acontece porque as moléculas de ar, que estavam comprimidas dentro do balão sob alta pressão, empurram as moléculas vizinhas, que empurram as próximas, ao se moverem para áreas de pressão mais baixa. Essa variação de pressão repentina provoca uma onda sonora de volume alto. Quando vibramos uma corda de violão, uma cor- da vocal ou colocamos corrente elétrica em um alto-falante, teremos uma massa de ar empur- rando as moléculas de ar para frente e para trás. Quando esse movimento é para fora, causa um aumento da pressão atmosférica e é chamado sescsp.org.br/ead 5 de compressão. Quando o movimento é para dentro, no sentido contrário, acontece uma re- dução de pressão que é chamada de rarefação. Isso faz com que a onda sonora tenha uma parte positiva e outra parte negativa. As ondas sonoras se movem pela atmosfera atra- vés desse movimento, que é conhecido como propagação sonora. A Forma de Onda e suas Principais Características A onda sonora é formada por um ciclo positivo e um negativo e possui as seguintes características: • amplitude; • frequência; • velocidade; • comprimento de onda; • fase; • envelope. As principais características são amplitude e fre- quência. sescsp.org.br/ead 6 Amplitude Tomando-se como exemplo uma onda senoidal pura, a sua amplitude será a maior distância aci- ma ou abaixo da linha central. Quanto maior for essa distância, maior será o ní- vel de pressão ou do sinal elétrico. Para sinais que variam com o tempo, como os sinais senoidais, os sinais da voz ou a música, é necessário ter um parâmetro que indique os va- lores médios e de pico para as voltagens, corren- tes e potências envolvidas no sinal. O nível de sinal máximo de uma onda sonora, seja ele do ciclo positivo ou negativo, é chamado de valor de pico. Quando medimos a distância entre os dois picos (positivo e negativo), teremos o valor pico a pico. Esses valores de tensão podem ser medidos de duas maneiras: • tensão RMS; • tensão de pico. O valor RMS (root-mean-square) mede o nível médio mais significativo de uma onda ao longo de um espaço de tempo. O RMS possibilita uma medida mais real das amplitudes de um sinal de áudio e mais compatível com a percepção do ouvido humano. O valor RMS é obtido elevando-se ao quadrado amplitudes ao longo da forma de onda e, em seguida, tirando-se a média dos resultados ob- tidos. O valor de pico mede o maior pico de tensão do sinal, em um determinado espaço curto de tem- po, sendo assim uma medição menos confiável. sescsp.org.br/ead 7 A amplitude está diretamente ligada à intensi- dade da onda sonora, ou seja, quanto maior a amplitude, maior será o volume do som. Simplificando, pode-se dizer que o tamanho da amplitude do som que sai das suas caixas acústi- cas é que vai fazer o seu vizinho reclamar ou não do barulho. Frequência É o fenômeno físico que se repete sempre da mesma maneira em um determinado espaço de tempo. como ir à escola cinco vezes por se- mana, tomar banho uma vez por dia etc. Em áudio, a frequência se refere à quantidade de ciclos de amplitude positiva e negativaQUE uma onda sonora completa por segundo. É me- dida em Hertz ou CPS (ciclos por segundo) nos equipamentos mais antigos. Um ciclo pode ser representado ao longo de um eixo de 360˚ de um círculo. sescsp.org.br/ead 8 A faixa de áudio que o ouvido humano consegue perceber vai de 20 Hz a 20 kHz, onde k = 1.000. Portanto, 20 kHz é igual a 20.000 Hz. Quanto mais baixa for a frequência (quantida- de de ciclos dentro de um segundo), mais grave será o som e maior será o comprimento de onda. Frequências mais altas produzem sons mais agudos e têm comprimento de onda menor. Isso é o que chamamos de altura do som. Por- tanto, a altura do som é um conceito ligado à fre- quência do som, dentro da faixa de áudio, e não ao volume. • Som alto ou baixo = amplitude = volume. • Som grave ou agudo = frequência = altura. Faixa Região 20 a 60Hz Subgraves 60 a 250Hz Graves 250Hz a 2kHz Médio-graves 2 a 6kHz Médio-agudos 6 a 20kHz Agudos Regiões de audição divididas por faixas de freqüência sescsp.org.br/ead 9 Velocidade Como já foi dito anteriormente, o som viaja pelo ar a uma velocidade aproximada de 340 m/s. Essa ve- locidade varia de acordo com mudanças de tem- peratura a uma taxa de 0,6 m/s por grau Celsius. Comprimento de Onda O comprimento de uma forma de onda é a dis- tância física total medida em um ciclo completo. É representado pela letra grega lambda (ƛ). Podemos calcular o comprimento de onda utili- zando a seguinte fórmula: ƛ = V / f , onde V é a velocidade do som e f é a fre- quência (em hertz). Se o som se propaga no ar a +/- 340 m/s, basta dividir esse valor pela frequência desejada. Por exemplo, para se calcular o comprimento de uma onda de 60 Hz, basta dividir 340 por 60. O resultado será 5,66 metros de comprimento. É importante notar que, quanto maior (ou mais alta) for a frequência, menor será o seu com- primento de onda. Da mesma maneira, frequ- ências menores terão comprimentos de ondas maiores, o que se deve à quantidade de ciclos por segundo. sescsp.org.br/ead 10 Resposta de Frequência É a curva de resposta que se pode obter na saída de qualquer equipamento de áudio. Essa curva possibilita que se crie um gráfico ou medida que mostrará como esse dispositivo se comporta e altera uma determinada faixa de frequência. Dispositivos de áudio, como pré-amplificadores, equalizadores e compressores, quando de boa qualidade, costumam ter resposta de frequên- cia muito ampla e plana, não causando defor- mações e perdas no sinal de áudio. Reflexão do Som A onda sonora, semelhante a uma onda de luz, é refletida de maneira diferente em variadas su- perfícies. Fase Toda forma de onda sonora tem uma parte positi- va e outra negativa. A relação dessas polaridades entre duas ou mais formas de onda, em um de- terminado período de tempo, é chamada de fase. Quando duas ondas sonoras idênticas iniciam seu ciclo, ou chegam a um ponto qualquer, exa- tamente ao mesmo tempo, elas estarão “em fase”. Quando existe algum atraso de tempo en- tre essas duas ondas, costuma-se dizer que es- tão fora de fase. Diferenças de fase entre duas ondas sonoras po- dem causar o que chamamos de cancelamento de fase. O cancelamento de fase provoca, como o nome diz, o cancelamento de algumas frequ- ências podendo chegar ao total cancelamento do som dependendo do atraso existente. A fase de uma forma de onda, como vimos ante- sescsp.org.br/ead 11 riormente, é medida em graus, de 0 a 360, e um atraso de 180 graus equivale à exata inversão do sinal e ao máximo cancelamento. Então, quando somamos duas formas de onda idênticas de mesma amplitude em fase, tere- mos como resultante o dobro da amplitude. Se elas estiverem fora de fase em 180 graus, tere- mos o cancelamento total do sinal de áudio . Diferenças de fase parciais terão aumento em alguns pontos da onda e diminuição em outros. O cancelamento de fase pode ser evitado redu- zindo-se o vazamento entre os microfones e refle- sescsp.org.br/ead 12 xões indejadas, sempre que possível. O som de uma única fonte pode gerar cancela- mento quando captado por dois microfones em distâancias diferentes, ou por um único microfo- ne captando um som direto e um som refletido que chega atrasado na cápsula deste. Além das ondas sonoras simples que foram mos- tradas até agora, existem as ondas complexas, que são a maioria dos sons que encontramos na natureza, na música, na fala etc. Toda onda com- plexa contém uma frequência fundamental e seus respectivos harmônicos. A soma dessas frequências e seus harmônicos juntos são chamados de timbre. Timbre É a característica física da forma de onda que nos faz perceber o som de um instrumento, seja um piano, um violão ou uma voz. Instrumentos diferentes, como um piano e um violão emitindo a mesma nota ou frequência, um Lá por exemplo, terão timbres completamente diferentes em razão de sua construção física, har- mônicos e o envelope gerado pelo instrumento. sescsp.org.br/ead 13 Envelope O envelope, em conjunto com o timbre, é uma variação que ocorre ao longo do tempo de uma nota tocada e sua duração. O envelope do som é composto de quatro mo- mentos: - Ataque – tempo que a nota leva para che- gar ao seu máximo volume no instante em que é tocada. - Decay – tempo que o som leva para chegar ao nível de sustentação da nota depois do ataque. - Sustain – tempo no qual a nota vai se man- ter soando após o tempo de decay. - Release – tempo que o som levará para parar de soar depois que sair do tempo de sustain. Observe que todos os parâmetros estão ligados ao tempo de duração da nota. O envelope tam- bém é chamado de ADSR. Em uma gravação, deve-se sempre buscar ao máximo a perfeita captação da fonte sonora, para que seja mantido o seu timbre natural. No entan- to, às vezes é comum usar diferentes tipos de mi- crofones e equalizações para se alterar o timbre de maneira criativa conforme desejado. Loudness Loudness é um conceito que está diretamente ligado à intensidade de volume percebida pelo ouvido humano. Em volume mais baixo, a nossa audição tende a ouvir menos as baixas e as altas frequências. Isso acontece por conta de uma curva natural do ou- vido humano, que é mais sensível às frequências médias, ou seja, nossos ouvidos não são lineares. sescsp.org.br/ead 14 Em 1933, dois cientistas, Fletcher e Munson, cria- ram uma curva que leva seus nomes e demons- traram como a nossa audição se comporta em diferentes níveis de volume. Alguns aparelhos de som mais antigos possuíam um botão de loudness que, ao ser acionado, reforçava essas frequências para se ouvir em baixo volume. Isso também acontece nos aparelhos modernos, em geral com o nome de megabass. Importante: dois sons com a mesma amplitude (volume) mas com frequências diferentes po- dem ser percebidos com intensidade diferente pelos nossos ouvidos. O nível ideal de monitoração (mixar uma música em um estúdio, por exemplo) é +/- 85 dB spl. A curva anterior mostra que, nesse volume, o ou- vido tem resposta mais plana. Esse nível de vo- lume também diminui o risco de lesões auditi- vas. Uma boa regra é: se você estiver no estúdio mixando, o volume do monitor deve permitir que você consiga conversar entendendo o que os outros falam. Se isso não for possível, deve-se abaixar um pouco o volume. Curvas Fletcher-Munson sescsp.org.br/ead 15 Batimentos Quando há dois sons de amplitude próxima, mas pequena diferença entre suas frequências, acontece um efeito chamado batimento. Isso causa uma variação de volume repetida, que diminui e desaparece se as duas frequências se igualarem. O efeito de batimento é muito usado para afinação de instrumentos de corda. Localização Espacial É a capacidade que o ouvido tem de perceber de qual direção vem o som. Isso seria impossível se não tivéssemos dois ouvidos. Quando recebe- mos um som vindo do lado direito, ele chegará com intensidade maior no ouvido direito do que no ouvido esquerdo. Essa diferença se chama in- tensidadeinterauricular, e é isso o que nos dá a percepção de direção auditiva. Em frequências baixas, essa percepção diminui em função dos comprimentos de onda maiores. Em ambientes muito reflexivos e reverberantes, como uma igreja, por exemplo, torna-se mais di- fícil perceber de onde partem as ondas sonoras. Efeito Hass/Precedência Foi descoberto em 1949 pelo físico Helmut Hass, que comprovou que atrasos de até 35 milisse- gundos de um mesmo som, quando chegam ao ouvido humano, são entendidos pelo cérebro como um só. A audição humana só consegue distinguir o atraso (eco) acima desse valor. Essa é uma habilidade que desenvolvemos desde que nascemos e que nos ajuda a perceber de que di- reção o som está vindo. E mais: mesmo que o som atrasado, por ser uma reflexão, chegue ao ouvido com volume mais alto que o som direto, sempre vamos nos orientar pela direção de onde parte o som direto. Por isso esse efeito também é sescsp.org.br/ead 16 chamado de efeito de precedência. Ou seja, em atrasos de até 35 ms, o ouvido hu- mano sempre irá se orientar pelo som que che- ga primeiro a ele, mesmo que uma reflexão atra- sada tenha um volume maior, e não vai perceber o atraso. Exemplo de aplicação do efeito Hass: em proje- tos acústicos de teatros, as placas colocadas no teto refletem e amplificam o som que vem do palco, porém a plateia tem a sensação de estar ouvindo apenas o som direto do palco. Decibel [dB] O decibel não é uma unidade de medida defini- da. Trata-se apenas de uma medida logarítmica que estabelece a diferença de intensidade entre dois níveis. A abreviatura de decibel é dB. Os nossos ouvidos trabalham com intervalos de energia muito amplos, e seria muito difícil ex- pressá-los em termos numéricos. O decibel usa uma escala logarítmica que foi adotada para re- duzir esses valores muito grandes em números menores, facilitando a maneira de observá-los. Em outras palavras, o logaritmo é uma função matemática que reduz valores numéricos gran- des para números menores. A escala em decibéis é a melhor maneira de re- presentar as sensações físicas do ouvido humano. Esses níveis podem ser expressos com várias uni- dades de medida. Em áudio, as mais comuns são: • nível de pressão sonora – SPL (sound pres- sure level); • tensão – V (volts); • potência – W (wats). sescsp.org.br/ead 17 Quando acompanhados de alguma unidade de medida, passam a ter valores de referência esta- belecidos. Representação Grandeza 0 dBW Potência elétrica 0 dBm Potência elétrica 0 dBV Tensão elétrica 0 dBu ou 0 dBv Tensão elétrica 0 dBfs Bits Referência 1 W 1 mW 1 V 0,775 V 0 dB SPL Nível de pressão sonora. Limiar da audição humana Importante: - dBu é uma medida que não leva em con- ta o valor de impedância do circuito. Impli- ca que o valor de impedância não é especi- ficado e que provavelmente será alto. - dBv e dBm medem a mesma tensão que dBu desde que a impedância do circuito seja de 600 omhs, que costumava ser o valor de carga dos antigos circuitos telefô- nicos. Como os circuitos modernos traba- lham com impedâncias muito mais altas, adotou-se o dBu, e o dBv (minúsculo) não é mais usado. Então ficamos assim : 0dBu = 0,775 volts AC e não leva em conta a impedância do circuito 0dBv = 0,775 volts AC em circuitos com im- pedância de 600 ohms. 0dBm = 1 mili watt e 0,775 volts AC se a im- pedância do circuito for 600 ohms. sescsp.org.br/ead 18 Nível de pressão sonora é o nível de pressão acús- tica dentro de um espaço físico definido. Quanto mais alto o SPL, maior será o volume (amplitude do som). Os níveis de pressão sonora são expressos através de uma escala que usa como valor de referência (0 dB SPL ref) o limiar da audição, que é o nível de volume mais baixo para a audição humana. 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sirene 50 Hp (30m) Decolagem de um jato (60m) Rebitadora Serra elétrica Martelo pneumático Britadeira (15m) Industria têxtil Trem metrô (6m) Trem de carga (30m) Aspirador de pó (3m) Fala (0,3m) Transformador de grande porte (60m) Sussuro suave (1,5m) Limiar da audição juventude 1 k - 4 kHz Área de fundição de metal Calderaria Sala de caldeiras Ruído em uma rodovia Grandes lojas Dentro de um carro esportivo a 80 km/h Escritório comercial privado Tráfego leve (30m) Residência média Estúdio (fala) Estúdio de música Níveis sonoros típicos expressos em dB na escala de referência A: 20uN/m2 sescsp.org.br/ead 19 Onde: 0 dB SPL = LIMIAR DA AUDIÇÃO (MÍNIMO VOLUME POSSÍVEL) 118 dB SPL = DESCONFORTO AUDITIVO 140 dB SPL = LIMIAR DA DOR Fonte: Modern Recording Techniques, de David Miles Huber e Robert E. Runstein. Se dobrarmos a distância da fonte sonora, tere- mos uma diminuição de 6 dB SPL. Se reduzir- mos a distância pela metade, teremos um au- mento de 6 dB SPL. Vale dizer que, embora acusticamente a pressão sonora esteja diretamente ligada ao volume, o ouvido humano é mais sensível à pressão que ao volume em si. Quanto mais perto da fonte so- nora, maior será a sensação de pressão auditiva, ao passo que, se nos afastarmos da fonte sono- ra, sentiremos a diminuição da pressão mais do que a sensação de volume. O aparelho mais co- mum para se medir SPL é o decibelímetro. IMPORTANTE A cada 3 dB teremos o dobro de volume, mas, mesmo que dobremos o nível do sinal, ele tam- bém não será percebido tão claramente pelos nossos ouvidos. Isso também acontecerá se di- minuirmos o sinal em 3 dB: não sentiremos que o volume caiu pela metade. Por isso, quando alguém pedir para aumentar o sinal em 20 dB, tenha sempre em mente o que isso significa. Ao olharmos para o fader de uma console, precisamos pensar mais no resultado auditivo do que em números. Tensão A tensão, também chamada de voltagem, mede a força exercida sobre os elétrons em um fio elétrico. sescsp.org.br/ead 20 Para se estabelecer um fluxo ordenado de elé- trons em um condutor (corrente elétrica), é ne- cessária uma pressão externa vinda de uma fon- te de alimentação. Em decibéis, é geralmente expressa em dBV ou dBu, e mede determinados níveis de tensão comparando-se com um nível de referência. Potência Potência é a medida do fluxo de energia ou cor- rente elétrica por um período de tempo. É uma unidade de medida muito frequente em alguns equipamentos de áudio. Em decibéis, é geral- mente expressa em dBW e dBm. Impedância É a resistência ou oposição que um circuito ou material faz à passagem de corrente elétrica. Todo material tem um valor de impedância. Con- dutores e fios de cobre têm impedância muito baixa, por isso deixam passar corrente elétrica. Materiais isolantes possuem impedância alta. A impedância é representada pela letra Z e está ligada aos níveis do sinal de áudio. Em uma gravação, o início da cadeia do áudio é formado basicamente por dois níveis de sinais: • Sinais de baixa impedância (Low Z) – São basicamente os sinais gerados pelos micro- fones. Microfones podem ter diferentes ní- veis de saída, mas em geral esses níveis são sempre baixos. • Sinais de alta impedância (HI Z) – São os si- nais provenientes de instrumentos elétricos como guitarras, baixo, teclados e samplers. Após o sinal ser captado, seja ele de baixa ou alta impedância, é necessário aumentá-lo antes de en- sescsp.org.br/ead 21 viá-los para o sistema de gravação, qualquer que seja ele. Para isso, usa-se um pré-amplificador, que dará um ganho de 30 a 70 dB ao sinal. Esses cir- cuitos podem estar incorporados em uma mesa de som ou ser externos dentro de racks individuais. Com o advento da gravação digital, muitos es- túdios, principalmente os de pequeno porte, dispensaram o uso de mesas de som, optando apenas por prés externos. Vale dizer que os pré- -amplificadores têm um papel muito importante na qualidade do som que vai ser gravado e são aparelhos que podem custar muito caro. Tipos de Ligação – Balanceada e Desbalanceada Ligação desbalanceada: consiste em um circuito elétrico que usa apenas dois condutores.Um para o positivo, e outro para o negativo e o terra juntos. Esse tipo de ligação está sujeito a interferências e ruídos, sendo seguro apenas até +/- 5 metros. Ligação balanceada: possui três condutores in- dependentes, sendo um positivo, um negativo e um terceiro para o terra. Isso torna o circuito sescsp.org.br/ead 22 muito mais imune a interferências e seguro até +/- 300 metros, garantidos por alguns fabrican- tes de microfone. Vale dizer que isso depende- rá da qualidade dos cabos, conectores e tipos de circuito, portanto 300 metros é um valor de comprimento teórico. Em sua maioria, os equipamentos profissionais trabalham com ligações balanceadas. Os equipamentos de áudio trabalham geral- mente com dois níveis: -10 dBV para equipa- mentos domésticos e +4 dBu para equipamen- tos profissionais. Em alguns equipamentos, principalmente os mais modernos, é possível encontrar chavea- mento para os dois níveis de operação. Medição de Sinal Analógico O nível de operação de uma mesa de som, gra- vadores de fita, equalizadores e compressores profissionais é o 0 dB VU, que equivale ao nível +4 dBu (1,23v), mas pode representar -10 dBV (0,316v) em equipamentos domésticos. Como podemos perceber, o 0 dB VU é uma unidade de medida cujo valor pode mudar de acordo com o sescsp.org.br/ead 23 tipo de equipamento. O VU é normalmente um medidor analógico de ponteiro que mede unidades de volume (daí o nome VU) e enxerga apenas os níveis médios de sinal. Além dos medidores de VU, existem os medidores de pico ou peak, que são mais rápi- dos e costumam usar barramentos de led. Esses medidores vão medir transientes muito rápidos do sinal (picos) que a inércia dos VUs de ponteiro não consegue ler. A maioria das mesas e periféricos analógicos pro- fissionais podem suportar níveis de 15 a 20 dB acima do 0 VU sem apresentar distorção, o que os torna muito confiáveis mesmo trabalhando-se com níveis muito altos. Nos gravadores de fita, essa margem é bem menor, mas, ainda assim, pode-se gravar de 3 dB a 5 dB acima do zero sem grandes riscos. Portanto, em equipamentos ana- lógicos, o 0 VU pode ser ocasionalmente ultrapas- sado sem comprometimento do sinal de áudio. Medição do Sinal Digital É importante notar que o 0 dB analógico não equivale ao 0 dB digital porque usam escalas e medidas diferentes. Os sistemas digitais utilizam uma escala cham- da dBfs - de full scale (escala cheia ou completa). Ao contrário do zero analógico, o zero digital não pode nunca ser ultrapassado. Tudo o que ultra- passar o zero digital será ruído (distorção). Aqui é importante notar que a relação entre o zero analógico e o zero digital é relativa, e po- dem-se adotar vários padrões de equivalência. Por exemplo, 0 dB VU pode ser equivalente a +/- -18 dBfs, e esse talvez seja o padrão mais usado nos estúdios, mas isso pode variar um pouco. sescsp.org.br/ead 24 • -20 dBFS é o padrão de referência Digital AES. • -18 dBFS é o padrão de referência EBU di- gital. • -14 dBFS é comumente usado na pós-pro- dução e em certas situações de masteriza- ção. É muito importante que se dê atenção a esses pa- râmetros, já que, cada vez mais, se utilizam equi- pamentos analógicos e digitais juntos tanto em estúdios grandes como em estúdios domésticos. Ganho Pode ter vários significados. O mais comum é para representar o incremento de potência dado a um sinal expresso em dB. Também pode ser definido como a relação entre o sinal de saída e o sinal de entrada de um amplificador. Por exemplo: se um aparelho de amplificação so- nora individual tem um ganho de 40 dB, signi- fica que todos os sinais que entram no aparelho serão acrescidos de 40 dB ou, ainda, a corrente elétrica gerada pelo microfone de entrada será aumentada de 104 vezes. Alto-Falantes São componentes que transformam sinais elé- tricos em energia mecânica. Também são chamados de transdutores de energia. Os alto-falantes geralmente estarão no fim da cadeia do sinal de áudio, seja na monitoração de um estúdio, seja em um sistema de P.A. durante um show ao vivo. sescsp.org.br/ead 25 Gravação Analógica Em gravação, o termo analógico significa que o sinal elétrico que chega ao gravador será im- presso na fita com a mesma característica física, principalmente em termos de amplitude e fre- quência, ou seja, análogo. A gravação analógica é sempre linear, por ser registrada ao longo de uma fita passando sobre cabeças magnéticas que imprimem o sinal elé- trico (som) nesta. Les Paul – Uma Lenda do Áudio Les Paul foi uma das pessoas mais importantes na história do áudio e da gravação. Músico e in- ventor, foi responsável por várias inovações na in- dústria da música. Começou a estudar eletrônica muito cedo e, ainda na adolescência, construiu um torno para corte de discos na oficina mecâ- nica do pai usando apenas peças automotivas. Além de ser um grande guitarrista, foi o criador da guitarra Gibson Les Paul, icônico instrumento que leva seu nome. Nos anos 1950, fazia dupla com sua esposa, Mary Ford, e viajava pelos Esta- dos Unidos fazendo shows, levando um estúdio portátil no porta-malas de um Cadilac. Costu- mava gravar os discos da dupla nos quartos dos hotéis, já sabendo de alguma forma os que te- riam o melhor som. Les Paul foi o inventor da gravação multipista, criando um gravador de oito canais na sua pró- pria garagem. A gravação multipista permite que se grave a música em partes, em vários ca- nais separados, adicionado-se novos canais ao material que já está gravado. Aula 02: GRAVAÇÃO ANALÓGICA X GRAVAÇÃO DIGITAL sescsp.org.br/ead 26 A partir daí, essa tecnologia foi evoluindo para um maior número de canais tanto nos gravado- res como nas mesas de som. O maior formato de gravação multipista analógi- ca e também o último antes da entrada dos siste- mas digitais usava uma fita de 2 polegadas e gra- vava em 24 canais. Podia ser sincronizado com outro gravador igual para se chegar a 48 canais. Gravação Digital No começo da década de 1990 começaram a surgir os primeiros gravadores digitais. A empresa Alesis lançou o Adat, um padrão di- gital que usava uma fita de super VHS e grava- va até oito canais. Podia ser sincronizado com outros Adats, aumentando o número de canais para mais de 32. O Adat imediatamente passou a substituir as máquinas de 2 polegadas e tor- nou-se o padrão por um tempo. Logo em seguida, apareceram as primeiras DAW (Digital Audio Workstation), estações baseadas em computadores e softwares que se tornaram o padrão que se segue até hoje, utilizando grava- ção não linear (HDs). Os primeiros sistemas digi- tais gravavam em 8 e 16 bits. Bits e Bytes Todo equipamento digital trabalha com um sis- tema binário. Assim como uma estrada se mede em quilômetros, as unidades de medida nos meios digitais são os bits e os bytes. O bit é a abreviação de dígito binário (binary di- git), que funciona alternando sequências de 0 e 1. O byte é uma sequência de 8 bits. Uma ou várias palavras de 8 bits podem representar uma ima- gem, um caractere, um texto ou um som, enfim, sescsp.org.br/ead 27 tudo o que é relacionado com o meio digital usa combinações de zero e um. Conversores São os dispositivos que transformam o áudio analógico em digital e vice-versa. Esse tipo de dispositivo pode ser um conversor A/D (analógico-digital), ou um conversor D/A (di- gital-analógico). São diretamente responsáveis pela qualidade do áudio que será conseguida, onde a qualidade está diretamente ligada ao preço. Bons conversores custam muito caro! Amostragem A gravação digital consiste basicamente na con- versåo do sinal analógico para a linguagem de zeros e uns por meio da amostragem do sinal analógico. O conversor digital tira amostras do sinal analógico (como se fossem fotos), em uma velocidade (frequência) muita alta. Por exemplo, a taxa de amostragem usada no CD é de 44,1 kHz, ou seja, o sinal é mostrado 44.100 vezes por segundo. Esse tipo de dispositivo é chamado de conversorA/D (analógico- dDigital). sescsp.org.br/ead 28 As taxas de amostragem mais comuns são 44,1, 48, 96 e 192 kHz. Quantização Cada amostra retirada do sinal analógico terá o seu respectivo valor de tensão. A quantização é responsável pelo “arredonda- mento” desses níveis de tensão para valores intei- ros que sejam os mais próximos possíveis do real. A quantidade de níveis de volume aplicados na quantização das amostras que vão compor esse sinal digital vai depender do número de bits usa- do na conversão. As taxas de bits (bit rate) mais usadas na indús- tria são: 16, 24 e 32 bits. Quanto maior o número de bits do sinal amos- trado, maior será o detalhamento dos níveis de volume e, consequentemente, haverá maior profundidade dinâmica e melhor resolução. 8 bits = 256 níveis 16 bits = 65.536 níveis 20 bits = 1.048.576 níveis 24 bits = 16.777.216 níveis 32 bits = 4.294.967.296 níveis sescsp.org.br/ead 29 Como podemos observar na tabela acima, à me- dida que se aumenta a taxa de bits da conver- são, teremos um aumento muito significativo no número de níveis de volume. Margem Dinâmica É a distância entre o nível mais baixo e o mais alto do sinal. Quanto maior for essa distância, maior será a margem dinâmica. • Fita cassete: 80 dB • CD: 96 dB • DVD: 140 dB O ouvido humano tem margem dinâmica de +/- 120 dB. Os equipamentos digitais trabalham com um tipo diferente de escala. A gravação digital utiliza outro tipo de medição. Como vimos, o zero digi- tal é chamado de 0 dB fs (full scale) e, ao contrá- rio do 0 dB analógico, não pode ser ultrapassado. Tudo o que ultrapassar o zero digital será ruído. Por isso, recomenda-se que na gravação digital se utilizem no máximo níveis com picos em tor- no de -6 dB, para que se tenha uma margem de segurança. No entanto, se você gravar muito abaixo disso, haverá perda de bits e, consequentemente, de resolução. A cada 6 dB de nível não aproveitado, perde-se 1 bit. Todo sistema digital trabalha com um relógio in- terno (clock) que organiza o fluxo das informações dentro de uma unidade de tempo. Sem esse re- lógio, a gravação digital para de funcionar. O clo- ck é uma parte importantíssima do áudio digital, podendo interferir drasticamente na qualidade do áudio. Estúdios profissionais costumam usar clocks externos que controlam todo o sistema e, por serem de alta qualidade, costumam ser mui- sescsp.org.br/ead 30 to caros, assim como os conversores. Uma vez feita a conversão para digital, o sinal é armazenado em um sistema não linear de me- mória, normalmente HDs de alto desempenho. É aconselhável que se utilizem HDs específicos para armazenar o áudio separadamente do HD que gerencia o software, o que evitará sobrecar- ga do sistema. Formatos de Arquivos Os primeiros arquivos digitais usavam uma tec- nologia chamada PCM (modulação por código de pulso). Essa tecnologia é usada até hoje e não apli- ca compressão no arquivo digital que é gerado. A conversão de áudio digital pode gerar diferen- tes tipos de arquivos: • Wave (Waveform Audio File Format) – É o formato criado pela IBM e Microsoft, não tem compressão (formato PCM) e é o mais usado pela indústria fonográfica. Pode ser codificado para outros formatos, como MP3. • Aiff – Formato padrão para Macintosh, funciona de maneira muito parecida com o wave. Pode ser comprimido, mas normal- mente é usado sem compressão (PCM). • SD 2 – Desenvolvido pela Digidesign, du- rante um tempo foi padrão para aplicativos de Mac e para softwares de áudio como Pro Tools e Logic. • MP3 (Motion Pictures Experts Group – Au- dio Layer III) – O mais popular dos formatos de áudio usados atualmente. É um arqui- vo 90% menor que um arquivo wave, mas consegue isso por meio de compressão do áudio, o que gera perda de qualidade. Mes- mo assim, tornou-se popular no uso em ce- lulares e players. A melhor taxa de bits do MP3 é 320 Kbps. Mas também podem ser sescsp.org.br/ead 31 usadas taxas de 256, 192, 128 Kbps e até me- nos que isso. O MP3 cobra taxa de licenciamento e pode ser: • MP3 CBR (Constant Bit Rate) – Contém uma taxa de bits constante, ou seja, todos os segundos da música terão exatamente o número de bits da taxa escolhida. • MP3 VBR (Variable Bit Rate) – Esse arquivo reconhece os segundos com mais e menos informação, e varia a taxa de compressão de acordo com a necessidade. Não comprime todos os segundos da mesma maneira. • AAC (Advanced Audio Coding) – Muito usa- do no YouTube, iTunes, IPhones, iPads etc. Embora use compressão, possui qualidade superior ao MP3, usando o mesmo tama- nho de arquivo. É livre, não paga taxa de li- cenciamento. Também disponível em taxas de bits fixas ou variáveis. • FLAC (Free Lossless Audio Codec) – Tem compressão, mas nenhuma perda de qua- lidade. É totalmente aberto, pode ser usado por qualquer pessoa. • ALAC (Apple Lossless Audio Codec) – Exata- mente igual ao Flac, usado para dispositivos Apple. • OGG VORBIS – Muito parecido com o MP3 e o AAC quanto à compressão. É totalmente livre e tem arquitetura aberta. Bem pouco usado em players domésticos. Softwares O Pro Tools foi um dos primeiros softwares de grande capacidade do mercado e se tornou um padrão nos estúdios profissionais, substituindo os gravadores de fita. No entanto, atualmente- existem várias outras opções muito utilizadas, como Logic, Nuendo, Harrison, Reaper e Adobe Audition. sescsp.org.br/ead 32 Dither ou Dithering É um ruído aleatório que, ao ser adicionado ao sinal de áudio (digital), mascara ruídos e dis- torções do processo de quantização nas partes mais baixas da música durante a redução de bits e ajuda a preservar a margem dinâmica original. No processo da masterização, o dither geral- mente é usado na conversão final de 24 para 16 bits, mas pode ser usado também durante a gra- vação e a mixagem. Nunca faça a redução de bits sem usar um dither. Padrões de comunicação digital São protocolos desenvolvidos para a comunica- ção entre os equipamentos e os sistemas digitais. Veja a seguir alguns dos mais conhecidos: • S/PDIF – conectores RCA • S/PDIF – OPTICO • AES/EBU – conectores XLR, voltagem maior, melhor som. • ADAT/OPTICO – Alesis, 8 canais, virou pa- drão entre outras interfaces. • TDIF – interface digital Tascam, conector múltiplo. • DANTE – protocolo multicanal (até 1024 canais por link), sem compressão, sem per- da de qualidade e latência zero. Seguro até 100 metros, usa um cabo de rede de bai- xíssimo custo (CAT5). O Sistema Dante tem substituído os multicabos analógicos em shows e gravações. Monitoração Os monitores de um estúdio são como uma ja- nela para o engenheiro de som. Por meio deles é que se tomam as decisões a respeito de uma gravação, mixagem ou masterização. Por isso, sescsp.org.br/ead 33 é importante que sejam planos e tenham boa resposta de frequência. Atualmente existe no mercado uma grande variedade de modelos e marcas muito eficientes a um preço bem aces- sível. Também são usados cada vez mais os do tipo near field, que são pequenos e não sofrem muita interferência da acústica da sala, uma vez que estão próximos do ponto de audição. Os monitores devem estar equidistantes aos ouvidos do engenheiro, formando um triângulo equilátero. sescsp.org.br/ead 34 Definição Os microfones, ao contrário dos alto-falantes, transformam energia mecânica (ondas sonoras) em energia elétrica. Estão divididos em vários tipos e modelos para cada modo específico de aplicação. Tipos de Microfone Os tipos de microfone mais utilizados profissio- nalmente são: Aula 03: MICROFONES E TÉCNICAS DE MICROFONAÇÃO Dinâmicos – Pode-se dizer que os microfones dinâmicos funcionam como um alto-falante ao contrário, onde um diafragma é preso a uma bobina móvel que, por sua vez, se movimenta dentro de um conjunto magnético. Sempre que uma forma de onda atinge o diafragma, aconte- ce um movimento em conjunto com a bobina que é proporcional à amplitude e à frequência do sinal. A bobina se movimentaatravés das li- nhas do campo magnético do ímã. As alterações causadas no campo magnético geram um sinal elétrico análogo à forma de onda que é induzido na bobina, colocando em sua saída um sinal de áudio analógico. O nome desse conceito é indu- sescsp.org.br/ead 35 ção eletromagnética. Os microfones dinâmicos são normalmente mais “duros” (menos sensíveis), porém costu- mam ser bem resistentes. Condensadores ou condensers – Possuem uma cápsula com duas placas, uma fixa atrás e outra móvel na frente que consiste em um diafragma muito fino. Esse sistema funciona como um ca- pacitor por meio de uma tensão que é aplicada nas placas. Quando a distância entre as placas varia, acontece uma mudança de capacitância entre elas. Essa variação é transmitida em for- ma de corrente elétrica e pré-amplificada em um circuito dentro do microfone. Os microfones condensadores necessitam de alimentação ex- terna (48 v), que vem pelo próprio cabo de sinal e, por isso, é chamada de phantom power (ali- mentação fantasma). Possuem resposta muito plana, boa sensibilidade e suportam bem altos níveis de pressão sonora. De fita/Ribbon – Esses microfones têm uma cáp- sula diferente, porém também funcionam por indução eletromagnética (como os dinâmicos). Possuem uma fita metalizada muito fina presa a um conjunto magnético. A pressão sonora apli- sescsp.org.br/ead 36 cada à fita altera o campo magnético, induzindo nela uma corrente muito pequena, bem menor que o sinal gerado pelos microfones dinâmicos, e que precisa ser corrigida por um casador de impedância incorporado ao microfone. São microfones muito frágeis, mas com sensibi- lidade bastante alta. Piezoelétricos – São microfones que utilizam cápsulas de cristal (sal de rochelle) ou cerâmi- ca piezoelétrica. Esses elementos geram sinal elétrico quando sofrem deformação por conta da pressão sonora. São relativamente baratos, mas pouco usados em estúdios profissionais por não possuírem boa qualidade de som. Tam- bém são muito sensíveis a choques físicos e à umidade, porém ainda são muito usados como captadores de alguns instrumentos musicais, como violões. PZM – Este microfone consiste em uma pe- quena cápsula condenser montada sobre uma placa de metal. Pode ser fixado a uma super- f ície plana e tem como característica anular problemas de fase (comb filter), pois capta o som direto e os sons refletidos na mesma fase e volume. O PZM é um microfone usado para sescsp.org.br/ead 37 captação de ambiente. Importante Cápsulas menores captam melhor os sons agu- dos. Já as cápsulas maiores são melhores para sons graves. Os microfones podem ter impedâncias de saída diferentes. De 50 a 250 ohms (baixas) e de 20 a 50 Kohms (altas). É sempre aconselhável que se utilizem ligações balanceadas para manter o si- nal livre de ruídos. É necessária uma pré-amplificação para elevar o sinal do microfone ao que chamamos de nível de linha operacional (pré-amplificadores). Como dito anteriormente, o nível de linha dos equipa- mentos de áudio está entre -10 dBV e +4 dBu. Muitos profissionais usam prés valvulados no in- tuito de “esquentar” e dar colorido ao som. Diagramas polares Os microfones podem ser contruídos para cap- tar som de diferentes direções. Essas caracterís- ticas de captação são chamadas de diagramas polares, que podem ser: • Omnidirecionais – Captam som de todas as direções. • Cardioides – Captam apenas sons fron- tais, menos sensíveis nas laterais e rejeitam sons na parte de trás. • Supercardioides e hipercardioides – São respectivamnete mais direcionais que os cardioides, porém com um pequeno vaza- mento na parte traseira. • Bidirecional ou figura de oito – Captam igualmente sons frontais e traseiros e rejei- tam os laterais. sescsp.org.br/ead 38 Técnicas de Microfonação • Existe uma série de orientações básicas quanto ao tipo e ao posicionamento de microfones, mas elas não são absolutas e podem ser alteradas em função do resultado desejado. • Uma boa gravação começa com uma boa cap- tação do som. Deixar problemas que precisam ser resolvidos para a hora da mixagem costuma não dar bons resultados. Portanto, é preciso um esforço para se conseguir o melhor som possível antes de gravá-lo. Isso vai possibilitar uma mixa- gem mais tranquila, onde o tempo a ser gasto será usado apenas com a parte criativa, e não com a solução de problemas. • Vale lembrar que, para se chegar a um ótimo re- sultado, existe toda uma cadeia de equipamen- tos que precisam ser de boa qualidade. Além de bons microfones, bons pré–amplificadores, ca- bos, monitores etc., boas condições acústicas e instalações também fazem parte dessa cadeia e também são importantes. • O som captado por um microfone é o menor e mais delicado sinal de áudio dentro dessa cadeia do processo da gravação. • E o principal: ao se perguntar por onde come- çar a captação de determinado instrumento, use o bom senso e parta de um ponto que seja ra- sescsp.org.br/ead 39 zoável. A partir daí, faça as alterações que forem necessárias para conseguir melhores resultados. • E não esqueça: muitas vezes, menos é mais. Em algumas situações, é melhor usar poucos microfones bem posicionados do que muitos mal posicionados. • Quanto maior o número de microfones na sala, maior a possibilidade de cancelamento de fase. • O cancelamento de fase altera a resposta do que está sendo captado e pode provocar um efeito chamado comb filter, em que determinada frequ- ência e seus harmônicos sofrem um cancelamen- to abrupto. Pode acontecer quando um mesmo microfone, além do sinal direto, recebe também reflexões da sala que chegam na cápsula em tem- pos diferentes ou quando os sons de dois ou mais microfones chegam ao mesmo ponto atrasados entre si, na mesa de som, por exemplo. • Existe uma regra básica para se evitar o cancel- mento de fase. Essa regra é conhecida como 3:1. A distância entre dois microfones que estejam pró- ximos deve ser três vezes maior que a distância deles para suas respectivas fontes sonoras. sescsp.org.br/ead 40 Os tipos de captação podem ser inicialmente di- vididos, quanto à distância da fonte, em: próxi- ma, distante e de ambiente. Captação Próxima Parte normalmente de se colocar o microfone a um palmo de distância da fonte (ou um pouco mais). Essa técnica permite que apenas o som direto da fonte seja gravado, eliminando-se as- sim problemas acústicos do ambiente e vaza- mentos entre os outros microfones. Partindo dessa distância básica, peça para al- guém mover o microfone, variando um pouco a distância da fonte, até achar o som ideal. Esse tipo de experimentação é muito importante. Cuidado: o excesso de proximidade da fonte sonora pode causar alteração na característica sonora do instrumento, além de ruídos indese- jáveis. Captação Distante Consiste em se colocar um ou mais microfones a pelo menos 2 metros da fonte sonora, podendo- -se aumentar a distância, dependendo do tama- sescsp.org.br/ead 41 nho da sala. Muito usada na captação de corais, grupos musicais grandes e orquestras. Além do som direto, esse tipo de captação acrescentará um pouco do ambiente acústico proveniente da sala de gravação. Isso resultará em um som mais vivo e colorido, mas essa técnica deve ser usada com cuidado em lugares com problemas acústi- cos, como igrejas e ginásios. Às vezes, ao se usar uma captação distante para uma orquestra, por exemplo, torna-se necessá- rio um microfone mais próximo de algum ins- trumento solo, que garantirá a sua presença e qualidade tonal. Essa técnica possibilita acen- tuar apenas aquele instrumento quando neces- sário. A distância desse microfone não deve ser muito próxima da fonte, e sim um pouco maior para que se mantenha também a sonoridade do instrumento na sala. Captação Ambiente Esse tipo de captação serve principalmente para se adicionar na mixagem apenas o som da sala e também da plateia, se houver. É uma maneira de recriar o ambiente acústico do local onde a gravaçãoacontece. É muito usada em gravações de shows ao vivo. Nesse caso, os mi- crofones são direcionados para plateia, utilizan- do-se técnicas de captação estéreo descritas a seguir, mas também são muito usadas em gra- vações no estúdio. Técnicas de Microfonação em Estéreo Essas técnicas permitem que se faça uma gra- vação em estéreo a partir de apenas dois micro- fones. Devem ser usados de preferência microfones de mesma fabricação e modelo para se ter uma imagem estereofônica bem balanceada. As fá- sescsp.org.br/ead 42 bricas costumam fornecer pares de microfones exatamente iguais, com mesma resposta e ca- racterísticas idênticas, que são chamados de pa- res casados. Pares casados são perfeitos para as técnicas descritas a seguir. X-Y Consiste em usar dois microfones cardioides com suas cápsulas muito próximas em um ân- gulo de 90 a 130 graus. Essa técnica evita que haja cancelamento de fase, uma vez que as cápsulas estão próximas uma da outra, e o som chegará a elas praticamente ao mesmo tempo. Essa técnica cria uma ótima imagem estereo- fônica. M-S (Middle Side) Essa técnica, que também utiliza um posiciona- mento coincidente, utiliza um cardioide sobre um bipolar (figura de oito) que vai fazer a ima- gem direita/esquerda. Deve-se posicionar o panorâmico do cardioide no meio, duplica-se o figura de oito e desloca- -se um para cada lado com as fases invertidas entre si. sescsp.org.br/ead 43 Par Espaçado Usam-se dois cardioides distantes e posiciona- dos em frente à fonte sonora. Essa técnica produz uma sensação esterofônica maior, porém é mais crítica em relação a cance- lamento de fase. ORTF (Side-Other-Side) Dois microfones cardioides abertos em um ân- gulo de 110 graus, de preferência condensado- res. Essa técnica foi criada na França, na década de 1960. sescsp.org.br/ead 44 Existem outras técnicas de captação estéreo, mas essas são as mais utilizadas. Captando o Som dos Instrumentos Existe uma infinidade de microfones e marcas disponíveis no mercado. Os mics sugeridos a se- guir são de preferência deste autor. >> Sopros • Trompete – Pode produzir altos níveis de pressão sonora, em torno de 120 dB SPL. Posicionar o microfone a 30 cm +/- deslo- cado do centro da campana. Às vezes é ne- cessário o uso de uma espuma anti-puf por conta do vento. Mics sugeridos: Sennheizer 421, Electro voi- ce RE20, Shure SM-57. • Trombone – Posicionar de 10 a 30 cm da fonte, também ligeiramente deslocado da campana para evitar pufs. Mics sugeridos: Sennheizer 421, Electro voi- ce RE20, Shure SM-57, SM-58. • Tuba – O mais grave dos instrumentos de sopro. A distância ideal está em torno de 50 cm deslocado da campana para se conse- guir um grave definido. Mics sugeridos: Sennheizer 421, Electro voi- ce RE20, Shure SM-57, SM-58. • Saxofone – Existem vários tipos e modelos desse instrumento, mas, em geral, usa-se o microfone a 20 cm da campana. Em alguns casos, podem ser utilizados 2 mics, um na campana e outro no meio do corpo do in- trumento. Mics sugeridos: Sennheizer 421, SM-57, SM- 58, AKG 414, DPA 4099S. • Trompa – Posicionar a 30 cm da campa- na, variando-se a distância para equilibrar a resposta de graves. Mics sugeridos: Sennheizer 421, Electro voi- ce RE20, SM-57. SM-58. sescsp.org.br/ead 45 Observação: naipes de metais, assim como outros grupos de instrumentos, podem ser captados por microfonação a distância e em estéreo, se for o caso. >> Violão Existem vários posicionamentos possíveis. O mais normal é um condensador na boca a 20 cm. Nessa posição, se colocado incli- nado de cima para baixo, teremos um som mais grave. Invertendo-se a posição, o som será mais agudo. Além da boca, pode-se posicionar o mic no 12o traste ou no cavale- te, que é o ponto de maior ressonância do instrumento. Outra opção é usar alguma das técnicas estéreo sugeridas anteriormente. O par espaçado costuma ser bastante comum nesse caso. Costumo, sempre que possível, gravar tam- bém o som da linha. Pode ser muito útil mais tarde. Mics sugeridos: Neumann KM-184, U-87, DPA-4099, AKG 414, SM-81 SM57. >> Guitarra Pode ser ligada em linha, mas em geral usa-se um amplificador microfonado. Ou pode-se utilizar as duas coisas. Uma posição básica pode ser um mic no centro do alto-falante, podendo-se deslocar o eixo um pouco para o lado para um som menos agressivo. Pode-se também usar um dinâ- mico para sons distorcidos ou um conden- ser para sons limpos ou até mesmo a com- binação de dois ou mais. Um mic em posição oposta, captando a par- te de trás do amplificador, vai produzir um som bem grave para somar com o da frente. Sempre que você usar um microfone opos- to ao principal, deve inverter a fase deste. Use sempre um condenser a 2 metros ou sescsp.org.br/ead 46 mais para acrescentar um pouco do som da sala. • Dica 1: cantos de sala são amplificadores de graves naturais. Você pode usar esse truque posicionando o amplificador estra- tegicamente caso precise de um som mais grave. • Dica 2: além dos posicionamentos de mics sugeridos, pode-se captar o som da palhe- ta colocando-se um mic perto da mão do guitarrista. Esse som, somado ao dos ou- tros microfones, costuma ajudar a conse- guir um resultado mais real. Mics sugeridos: SM-57, SM-58, Sennheiser 441, AKG-414, RE-20. >> Baixo Elétrico É muito comum gravar o baixo em linha, di- reto no pré-amplificador ou por meio de um direct-box. Porém, assim como as guitarras, pode-se captar o som do amplificador. Nes- se caso, o ideal para mim é um microfone em um alto-falante de 10 polegadas para uma resposta de graves controlada. Mics sugeridos: SM-57 (sempre!), mas você pode tentar outros tipos, como um con- denser, dependendo da situação. >> Piano Existe uma grande variedade de captações para esse instrumento. Use de preferência a tampa totalmente aberta. O básico: • Um condenser sobre as cordas, procu- rando-se o melhor equilíbrio tonal. Essa técnica resulta em um bom som mono. • Dois condensers em X/Y ou par espa- çado a 60 cm sobre as cordas, próximo aos martelos. Essa distância pode ser al- terada para fora da tampa para se captar mais o som da sala. • Você pode adicionar mais um mic no sescsp.org.br/ead 47 meio do piano para um som mais com- pacto e também no fim da cauda para um pouco mais de graves. Dependendo da situação, adicionar mi- crofones de ambiência pode ser uma boa opção. Mics sugeridos: Neumann U 87, KM 184, DPA 4099, AKG 414, SM 81. Dica: • O SM-81 da Shure, que é um microfone relativamente barato, costuma dar óti- mos resultados na captação de piano. • Às vezes um microfone de contato (AKG-411) colado na tábua harmônica pode complementar o som dos outros microfones, realçando a definição do som principalmente em gravações de música pop e rock. Muito útil em shows ao vivo também. >> Teclados e Sintetizadores Na grande maioria das vezes, esses instru- mentos são ligados em linha, mas podem também ser ligados em amps e microfona- dos exatamente como as guitarras. Mics sugeridos: SM-57, Sennheizer 441,421, AKG 414. >> Bateria e Percussão Mais uma vez, temos uma variedade de opções. Uma bateria pode ser captada em mono apenas com um microfone conden- ser sobre ela a +/- 3 metros de altura, po- dendo-se adicionar um outro no bumbo. Essa técnica era muito comum na Inglater- ra na década de 1970, quando os engenhei- ros usavam nas bandas de rock as mesmas técnicas de captação das orquestras. Um bom exemplo desse tipo de captação pode ser ouvido nos discos do Led Zeppelin. Também são comuns as técnicas de micro- fonação estéreo, sobre a bateria. sescsp.org.br/ead 48 Os arranjos X/Y são muito usados para cap- tação sobre a bateria. É preciso tomar cui- dado com a distância para que os microfo- nes não sejam atingidos pelas baquetas do baterista. O lendário engenheiro e produtor inglês Glyn Johns criou uma técnica de captação de bateria muito interessante e que tam- bém foi muito usada na década de 1970. Essa técnica usa um mic no bumbo e dois overs,ambos com a mesma distância da caixa (use uma fita métrica). Isso fará com que a caixa soe sempre no meio quando os dois overs forem abertos no panorâmico. O cancelamento de fase será próximo do zero, produzindo um som bastante claro e real. Foi nos Estados Unidos, onde foi inventada a gravação multipista, que se começou a usar microfonação próxima para todas as peças. Por fim, também é possível fazer a micro- fonação por peça e usando par espaçado sobre o kit. Essa técnica é provavelmente a mais usa- da atualmente, tanto em shows quanto em gravações. Aqui também é muito importante que os microfones em cima da bateria (overs) es- tejam exatamente na mesma distância da caixa, podendo-se medir essa distância com uma fita métrica. O microfone que está embaixo da caixa deve ter sua fase in- vertida para evitar cancelamento de fase. Seguem algumas sugestões de microfones para captação de bateria: • Bumbo – Shure SM-91 (dentro) Beta 52 (dentro ou fora). • Caixa – SM-57, Beta-57. • HH – SM-81, AKG 451. • Tons – Sennheiser 421, SM-57, Akg 418, SM-98. • Overs – SM-81, AKG 451, AKG-414, Neu- mann KM-184, U87. sescsp.org.br/ead 49 Existe uma infinidade de mics e marcas à dis- posição no mercado. Estou sugerindo aqui alguns dos mais comumente encontrados. Em instrumentos de percussão com pe- les (congas, tambores), em geral são usa- dos microfones dinâmicos bem próximos. É comum a utilização de overs sobre o kit, como na bateria. Normalmente, dois con- densadores. Para instrumentos com afinação (xilofone, marimba), um par espaçado com dois con- densadores de diafragma pequeno costu- mam dar um bom resultado. >> Instrumentos de Corda Para toda a família de instrumentos de cor- da, deve-se usar microfones de alta sensibi- lidade, condensadores ou ribbon. Para violinos e violas, a distância pode variar de 50 cm a 1,5 m, dependendo da quanti- dade de instrumentos e do som desejado. Para violoncelos e baixos, o microfone deve ser posicionado de frente para a boca do mesmo à distância de +/- 20 cm. Mics sugeridos: SM-81, AKG 451, AKG-414, Neumann KM-184, U87. Também nos instrumentos de corda, po- dem-se usar microfones com microcapsu- las, como o DPA 4099V. >> Voz e Vocais Antes de falar dos microfones, vamos falar dos problemas: • Controle da dinâmica: a voz humana possui um intervalo dinâmico muito grande. Determinados artistas às vezes alternam momentos de sussurros e gri- tos. Isso pode ser facilmente resolvido se você pedir ao cantor para se afastar do microfone nas partes mais altas. Se isso não resolver, adicione um compressor para controlar a dinâmica. sescsp.org.br/ead 50 • Sibilância: ocorre quando o cantor tem um nível excessivo nos “s” e “ch”. Para cor- rigir isso, use um de-esser, que nada mais é do que um compressor com frequência ajustada para a região dos agudos. Às ve- zes é possível corrigir esse problema ape- nas mudando o modelo do microfone. • Efeito proximidade: é uma característica dos microfones direcionais (cardioides), que aumentam a resposta de graves quando muito próximos da fonte sono- ra. Normalmente costuma ser um efeito agradável na gravação, mas, se estiver excessivo, basta aumentar a distância en- tre a fonte e o microfone, até que se en- contre a posição desejada. Se isso não for suficiente, mude o diagrama polar para omnidirecional, e o grave diminuirá. A voz pode ser captada de várias maneiras, partindo-se de uma posição básica. Nor- malmente um microfone cardioide, a um palmo de distância, com um filtro de puffs, já é um bom começo. Não existe uma regra para a escolha do microfone. Sempre co- meço com um condenser, mas no último álbum que gravei e produzi, do guitarrista André Christovam, usei um Shure SM-7 di- nâmico, gravando direto na técnica com o vazamento dos monitores, e o resultado fi- cou muito bom. É preciso experimentar e buscar a melhor opção para cada situação. Você pode também usar dois tipos de mi- crofone na mesma posição e ter mais ma- terial para trabalhar na mixagem. Às vezes também coloco um ou mais mics na sala, para dar mais colorido ao som e captar am- biência. E o principal é: confie nos seus ou- vidos, e eles te guiarão. É preciso também encontrar o melhor lu- gar na sala para a captação da voz e às ve- zes é necessário criar um ambiente acús- sescsp.org.br/ead 51 tico usando biombos, para obter uma voz mais presente. Backing vocals podem ser captados em grupos e à distância ou com um bidirecio- nal, se houver dois cantores. Nesse caso, o indicado é o uso de condensadores. Mics sugeridos: Neumann U87, AKG 414, AKG C1000, Groove tubes, SM-7, SM-58 e qualquer outro que esteja à mão e que se queira expe- rimentar. Por fim, não despreze nenhum mi- crofone barato sem antes ouvir o resultado. Às vezes você pode se surpreender. sescsp.org.br/ead 52 Com a chegada e popularização da gravação di- gital, os chamados plugins (processadores virtu- ais) foram substituindo os equipamentos físicos. Isso possibilitou, além dos processadores mais comuns, o surgimento de uma infinidade de processadores novos para as mais diversas uti- lidades, como afinadores de voz e instrumentos, correções rítmicas etc. Aqui vamos nos ater aos principais e mais anti- gos tipos de processadores. Vale dizer que o funcionamento básico de qual- quer um deles será sempre igual, ou seja, não importa qual o plugin utilizados, todos funciona- rão dentro da mesma lógica. Podemos dividir os processadores em três tipos básicos: Equalizadores, compressores/limiters e processadores de efeito. Equalizadores São circuitos que podem controlar, por meio de filtros, a resposta de frequência do sinal de áudio. Esses circuitos estão espalhados por todos os lugares no mundo do áudio, desde equipamentos domésticos até estúdios pro- fissionais. Servem para fazer correções no som relacionadas a problemas acústicos em uma sala, ou no resultado do programa que está sendo gravado, mixado ou simplesmente ouvi- do. Os equalizadores também podem e devem ser usados de maneira criativa para criar sono- ridades desejadas. Os equalizadores são armas poderosas nas mãos de um engenheiro treina- do, mas podem causar resultados desastrosos em mãos inexperientes. Os equalizadores po- dem se apresentar de várias maneiras: Aula 04: PROCESSADORES DE SINAIS sescsp.org.br/ead 53 Filtros Shelving São filtros com frequência fixa ou variada, onde se pode variar apenas o ajuste de ganho. Alte- ram toda a faixa acima ou abaixo da frequência de corte, por isso o nome shelving (prateleira). Muito comuns nos aparelhos domésticos, mas também podem ser encontrados como parte de um equalizador de uma mesa profissional. Filtros Passa Baixa e Passa Alta (LPF e HPF) Esses filtros permitem que determinadas faixas de frequência permaneçam intactas, enquanto atenuam outras. Filtros Passa Baixa (LPF) deixa- rão passar baixas frequências e vão atenuar tudo que estiver da frequência de corte para cima. Filtros Passa Alta (HPF) funcionam da mesma maneira, deixando passar frequências altas e fil- trando o que estiver mais abaixo. A frequência de corte pode ser fixa ou variável. Semiparamétricos Possuem ajustes de ganho e de frequência que podem ser fixos ou variáveis, permitindo, nesse caso, escolher qual parte do espectro se quer al- terar. Não possuem ajuste de largura de faixa (Q). Paramétricos Possuem três ajustes variáveis: ganho, frequ- ência e largura de faixa (Q), que permite que se controle também a largura da faixa da frequên- cia que está sendo alterada. O termo paramétri- co está ligado ao número de parâmetros. Gráficos Possuem vários filtros frontais onde se pode al- terar o ganho de várias frequências simultanea- mente. Podem ter de 10 a 31 bandas (1/3 de oitava) sescsp.org.br/ead 54 nos modelos mais profissionais. São chamados de gráficos porque os controles permitem uma leitura gráfica da equalização.São mais usados em correções acústicas de salas e estúdios. Dicas de Equalização • A filtragem é muito importante em uma mixagem. Procure deixar a baixa frequência soar apenas nos canais que realmente pre- cisam, como bumbo e baixo, por exemplo, limpando os demais com filtros disponíveis. • Por exemplo, em instrumentos agudos, como um bandolim, você pode aplicar um filtro passa alta (HPF) de 100 Hz ou mais. • Tenha sempre em mente que, ao aumen- tar o ganho de determinada frequência, você estará aumentando também o seu vo- lume e vice-versa. Isso vai alterar o resultado da mixagem. Portanto, saiba que você pode aumentar ou abaixar o volume de um ins- trumento apenas mexendo no equalizador. • Às vezes, você poderá agrupar vários ca- nais, como os de uma bateria, e equalizar esse grupo, alterando o timbre de todos os canais agrupados. • Importante: a primeira equalização de uma gravação começa no posicionamen- to e nos tipos de microfones a serem ado- tados, ou seja, antes de ligar o equalizador para um determinado instrumento, procu- re encontrar a melhor posição do microfo- ne e, se preciso, experimente tantos mode- los quanto forem necessários. Compressores São processadores cujo circuito serve para con- trolar a amplitude do sinal de áudio, mantendo a dinâmica dentro de níveis operacionais acei- táveis. sescsp.org.br/ead 55 Principais controles Threshold – Estabelece o nível necessário na en- trada para que o compressor comece a atuar e determina a intensidade da compressão. Ratio – Determina a taxa de compressão que será usada (o quanto o compressor será “duro” com o sinal). Uma taxa de 2:1 significa que, a cada 2 dBs que ultrapassarem o threshold na entrada, ele deixará passar 1 dB na saída. Em uma taxa de 5:1, serão necessários 5 dBs acima do threshold para ele deixar passar 1. Quando usamos uma taxa muito alta, o compressor vai se comportar como um limiter, não deixando passar nada aci- ma do nível estabelecido pelo threshold. Attack – Determina o tempo que o compressor levará para começar a atuar quando o nível do threshold for ultrapassado. Release – Determina o tempo que o compressor leva para sair da compressåo. Output ou Make-up – Serve para aumentar o ní- vel do sinal na saída para compensar o volume perdido na compressão. Noise Gates São circuitos que, como o próprio nome diz, funcionam como uma porta eletrônica, deixan- do passar apenas sinais com nível acima de um threshold preestabelecido. Principais controles: Threshold – Como no compressor, estabe- lece o nível que será necessário para abrir o gate. Attack – Determina o tempo necessário para abrir o gate. Release ou hold – Determina o tempo de fechamento do gate após a queda do sinal abaixo do nível do threshold. Alguns compressores, assim como alguns gates, sescsp.org.br/ead 56 possuem filtros passa altas e baixas para ajudar a eliminar frequências indesejáveis. Limiters São compressores preajustados com uma taxa muito alta, que permitem drásticos aumentos de volume, porém sem deixar que este ultrapas- se o nível estabelecido. Muito usados em maste- rização. Expanders Ao contrário do compressor, a partir de um nível presselecionado, vai aumentar o ganho, quando o sinal estiver acima dele, e diminuir, quando es- tiver abaixo. Dicas de Compressão • Quando quiser acrescentar mais boost em algum instrumento, use taxas mais al- tas (5 ou 6:1). • Limiters aplicados direto em um instru- mento podem ajudar muito a ganhar vo- lume e presença. Use-os com moderação. • Excessos de compressão na mixagem po- dem fazer com que a sua mix soe saturada no final. Cuidado! • Tempos de attack altos aumentam a per- cussividade de um bumbo ou de uma cai- xa. Use isso em uma bateria de rock e você terá mais punch. • Tempos de release mais longos possibili- tam uma compressão mais suave. DELAY, REVERB E EFEITOS Os processadores de efeito servem para dar es- pacialidade na mixagem, criando imagens tridi- mensionais e aumentando a sensação de realida- sescsp.org.br/ead 57 de sonora. Eles fazem isso processando alterações em relação ao tempo e à fase do sinal gravado. Os processadores de tempo mais importantes são: reverb, delay, phaser, flanger e chorus. Os primeiros efeitos de atraso (delay) eram con- seguidos por meio de gravadores de fita de rolo, alterando-se a distância entre as cabeças de gra- vação e reprodução, ou com dois gravadores to- cando juntos a mesma música e atrasando um em relação ao outro. Em 1979, foi inventado um tipo de processador chamado de DSP (Digital Sound Processor) e, a partir daí, houve uma revolução no mundo dos efeitos no áudio. Os DSPs possibilitaram a simulação de efeitos muito mais complexos, que não eram possíveis antes deles. REVERB Simula ambientes de vários tamanhos e tipos de acústica diferentes. Desde uma sala muito pe- quena até uma enorme catedral. Esse processa- dor consegue esse efeito simulando as várias re- flexões de uma sala viva. Essas reflexões chegam aos nossos ouvidos em grande quantidade, em tempo e intensidade diferentes. Podem ser do tipo: • Hall – Salas de grande porte. • Church – Igrejas. • Room – Salas menores de vários tamanhos. • Plate – Simula os antigos reverbs mecâni- cos de placa. • Spring – Simula as unidades de mola. • Chamber – Simula pequenas cabines an- tigas de reverberação, muito comuns nos sescsp.org.br/ead 58 estúdios antigos. Principais controles Size – Simula o tamanho da sala. Pré-Delay – Distância entre a fonte sonora e as reflexões iniciais. Early Reflections – Determina o nível das primeiras reflexões que serão ouvidas. Diffusion – Define a complexidade das su- perfícies da sala. Decay – Controla o tempo que o reverb le- vará para retornar ao silêncio. DELAY O delay é um circuito que produz uma cópia do sinal atrasado em determinado período de tem- po. O sinal é misturado com o som original, pro- duzindo o efeito de eco. Pode-se redirecionar o som dessa cópia atrasada para a entrada do cir- cuito, produzindo-se repetições. Com o tempo, os delays analógicos foram divi- dindo espaço com os delays digitais e com os samplers, que permitem que se grave sons em uma memória interna. Principais controles Delay time – Determina o tempo de atraso do sinal. O quanto o sinal vai ser atrasado em relação ao sinal original. Feedback – Determina o número de repe- tições que serão geradas ao se reintrodu- zir o sinal atrasado de volta na entrada do circuito. Quando ajustado no mínimo valor, teremos apenas uma repetição. Quanto maior o feedback, mais repetições teremos no efeito. Mix effect – Determina a mistura de sinal sescsp.org.br/ead 59 original com o sinal atrasado. FLANGER O flanger simula o efeito de dois gravadores de rolo tocando juntos a mesma música com um leve atraso entre eles. O circuito cria uma cópia idêntica do sinal original, ligeiramente atrasada em +/- 20 ms. Esse sinal atrasado passa por um oscilador de baixa frequência (LFO), que provoca pequenas variações de tempo. Devido ao comb filter gerado, algumas frequências são realçadas e outras canceladas aleatoriamente. O flanger conta ainda com um controle de feedback no qual o sinal volta a passar pelo circuito causando uma acentuação no efeito. Principais controles Rate – Determina a frequência de modula- ção do LFO (oscilador de baixa frequência) sobre o sinal atrasado. Depht – Determina o tamanho da varredu- ra entre o delay mínimo e o máximo do si- nal atrasado. Feedback – Determina o quanto do sinal processado será reintroduzido no circuito, aumentando a intensidade do efeito. PHASER O phaser também cria uma cópia com atraso muito pequeno, +/- em 10 ms, por meio de uma série de filtros em série (all pass filters) que são modulados por um LFO. O LFO vai variar a res- posta dos filtros, causando um efeito comb filter aleatório. Rate – Determina a velocidade/frequência da modulação do LFO (oscilador de baixa sescsp.org.br/ead 60 frequência) sobre determinadafaixa de frequência dos filtros. Depht – Controla a largura da faixa de fre- quência a ser modulada pelo LFO. Feedback – Determina o quanto do sinal processado será reintroduzido no circuito, aumentando o processamento do sinal. CHORUS Novamente é feita uma cópia do sinal original, em geral em estéreo, e atrasada em um tempo maior (30 ms), o que provoca uma sensaçåo de dobra. Os sinais dessas dobras passam por dois LFOs que desafinam levemente o som atrasado, acentuando ainda mais o efeito de dobra. O cho- rus não usa repetições do sinal atrasado. Principais controles Rate – Determina a frequência de modula- ção dos LFOs (oscilador de baixa frequên- cia) sobre os dois sinais atrasados. Depht – Determina o tamanho da varredu- ra entre o delay mínimo e o máximo do si- nal atrasado. Dicas de Efeitos • Você pode usar os reverbs e os delays para criar uma sensação de ambiente real, colo- cando a música que está sendo mixada em uma sala maior ou menor. • Delays curtos com cerca de 30 ms podem ser usados para criar dobras em vocais ou violões, aumentando o tamanho da sua mix. • Procure sempre conferir o resultado dos efeitos em mono. Às vezes pode haver can- celamento de fase. • Reverbs curtos aumentam a presença, sem necessariamente ficarem evidentes. sescsp.org.br/ead 61 Aula 05: MIXAGEM A mixagem é, na minha opinião, a parte mais artística do processo. É nessa hora que o enge- nheiro se torna uma espécie de pintor da gra- vação, aplicando cores e texturas, usando toda a sua habilidade para conseguir o melhor resulta- do auditivo. Mixar quer dizer misturar, ou seja, é o processo de juntar todos os canais gravados, acertando volumes, panorâmicos, equalização, efeitos e compressão. E, a partir dessa mistura, cria-se um arquivo final em estéreo no qual a música estará pronta para a masterização. Um arquivo estéreo também costuma ser chamado de 2.0. Existem outros formatos de mixagem multica- nal, e o mais comum é o 5.1, que se consolidou com os DVDs. Nele, temos três canais frontais (L/R/centro), dois canais traseiros e um canal para o subwoofer, que reproduzirá os graves. Além do 5.1, existem outras variações, como 6.1, 7.1, 10.1 e 10.2 etc. Nesta aula, falamos da mixagem estéreo (2.0). É difícil definir exatamente o processo da mixa- gem porque, na minha opinião, não existe uma regra absoluta a ser seguida. Isso varia de acor- do com o tipo de música e, principalmente, para qual parte da indústria fonográfica essa música será direcionada. Existem, inclusive, segmentos específicos de profissionais para os vários tipos de música. No entanto, podemos apresentar alguns concei- tos básicos. Normalmente, quando se mixa uma música, há cinco principais variáveis: sescsp.org.br/ead 62 • Volume: a intensidade que cada instru- mento ou voz terá no resultado final. • Pan: define qual o lugar entre os dois ca- nais (L/R) determinado instrumento irá ocupar, além do tamanho do espaço este- reofônico. • Profundidade: qual a distância na qual cada instrumento estará em relação à frente des- se palco imaginário. Diretamente ligada à aplicação de efeitos como reverb e delays. • Altura: o conteúdo de frequência que a mix vai ter. • Foco: gosto de pensar na definição e na clareza que uma boa mix deve ter. Quando isso não acontece, eu me sinto como um míope tentando enxergar sem os óculos. Uma boa mix, para mim, é aquela que soa tridi- mensional. Isso causa uma impressão de realida- de ao ouvinte e uma sensação de prazer auditivo. Vou descrever agora as etapas que utilizo no meu processo de mixagem: Conheça o artista Sempre que começo um novo trabalho, procuro conhecer um pouco a respeito do artista, princi- palmente se ele já tiver outros trabalhos edita- dos. Isso me ajuda a entender a concepção mu- sical e artística da pessoa. Procure ouvir os discos anteriores e converse com o artista sobre seu gosto musical e sobre as expectativas em relação ao trabalho que será feito. Também ajuda mostrar a ele alguns traba- lhos que você já fez. Organize a sua sessão Tente ser o mais organizado possível. Atualem- nte, a maioria das mixagens é feita usando-se sescsp.org.br/ead 63 um software instalado em um computador. Essa tecnologia permitiu que se criem mixagens de mais de cem canais com muitos efeitos e canais auxiliares. Portanto, é muito importante criar uma rotina para que você não se perca no final do trabalho, quando haverá muitos tracks tocan- do ao mesmo tempo. Procure colocar os instrumentos em uma ordem que seja lógica para você. Eu sempre começo pela bateria e percussão, se houver, depois o baixo, te- clados, guitarras, sopros, backing vocais e vozes principais. E, claro, essa ordem pode variar de acor- do com o tipo de música e os instrumentos da mix. Em seguida, coloco as voltas de efeito-começo sempre com quatro processadores em quatro canais auxiliares estéreo. Feito isso, sempre crio um bus stereo para cada instrumento e os uso como subgrupos. Esses subgrupos são endere- çados para um bus stereo auxiliar que, por sua vez, irá para um canal estéreo que vai gravar o resultado da mix. Quando a sessão estiver montada, separo os intru- mentos e canais auxiliares por cor. Isso ajuda a ter uma visão bem clara dos canais e sua localização. sescsp.org.br/ead 64 Ouvindo os Canais Depois de carregar os áudios, ouço várias vezes o material gravado para conhecer a música e como ela está soando na minha sala. Faço isso ouvindo o material sem nenhum processamento. Totalmen- te flat e sem efeitos. A essa altura, já tenho uma mix bruta levantada, que eu gravo no meu canal de mix estéreo e que vai ser muito importante ao longo do processo. Ela vai servir como referência quando a mixagem estiver adiantada com pro- cessadores e efeitos, para verificar o quanto a mix “cresceu” e se estou indo no caminho certo. Subgrupos Como expliquei anteriormente, cada instrumen- to é endereçado para um bus stereo;em cada um, coloco três plugins, nesta ordem: um equali- zador, um compressor (normalmente valvulado) e um limiter com a saída ajustada em -0.2 dB. Esses subgrupos são endereçados a um bus au- xiliar (MIX#) que, por sua vez, vai para o canal da mix, onde a mixagem será gravada. Os subgru- pos são muito úteis para controlar a mix durante todo o processo, mas principalmente no final. sescsp.org.br/ead 65 Roteamento dos Processadores de Sinal Existem duas maneiras básicas de se ligar pro- cessadores ou plugins, seja em uma mesa de som ou em uma sessão no computador. Por roteamento direto, quando insertamos o plu- gin direto no canal desejado, e por roteamento paralelo, quando mandamos uma parte do si- nal que se quer processar para o canal de volta de efeitos através de um bus auxiliar. Reverbs, delays e efeitos de ambiência podem ser mais bem controlados por roteamento paralelo, quando se tem o sinal limpo do instrumento e a soma do efeito sendo dosada pelo bus au- xiliar. Equalizadores e compressores são nor- malmente insertados direto no canal, porque em geral se quer alterar o som do instrumento como um todo. No entanto, isso não é uma regra e pode ser alte- rado, dependendo da situação. Procure sempre pensar de maneira criativa. Importante: cuidado com a quantidade de plu- gins. Com o tempo, fui percebendo que, quase sempre, menos é mais. Principalmente no uni- verso digital onde, além da grande quantidade e dos tipos disponíveis, um mesmo plugin pode ser usado em vários canais ao mesmo tempo, coisa que não acontecia na época do áudio ana- lógico. Em mãos inexperientes, isso pode arrui- nar o trabalho. Iniciando a Mixagem Depois de criar a sessão e ouvir várias vezes a música, começo a levantar a mix, agora valen- do. Sempre escolho um instrumento para co- meçar, normalmente a bateria, principalmente em se tratando de música pop, mas isso varia muito, dependendo do tipo de música e de quem está mixando. sescsp.org.br/ead 66 Importante: sempre começo a mixagem com os faders em -5 dB (abaixo
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