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Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO DEFEITOS NA COAGULAÇÃO O equilíbrio hemostático é feito por meio de fatores pró-coagulantes e anticoagulantes. O que são coagulopatias? São doenças hemorrágicas hereditárias (não possuem cura) ou adquiridas decorrentes da deficiência de proteínas (fatores) da coagulação. A sua principal manifestação clínica: ● Hemorragias (em qualquer local do corpo) O tratamento requer uso contínuo (profilático ou sob demanda) de infusão de concentrados de fator deficiente ou de hemocomponentes. Principal problema do hemofílico são as artropatias hemofílicas. Coagulopatias Hereditárias ● Deficiência de fibrinogênio (fator I) que subdivide-se em: ○ Afibrinogenemia ○ Hipofibrinogenemia ○ Disfibrinogenemia ● Deficiência de protrombina (fator II) ● Deficiência de fator V ● Deficiência de fator VII ● Deficiência de fator VIII (Hemofilia A) ● Deficiência de fator IX (Hemofilia B) ● Deficiência de fator XI ● Deficiência de fator XII ● Deficiência do fator estabilizador da fibrina (XIII) ● Deficiência conjugada de FV + FVIII / FVII + VXII ● Doença de von Willebrand Hemofilia: doença hemorrágica hereditária, decorrente da diminuição ou ausência de uma proteína (fator) da coagulação do plasma. ● Hemofilia A - deficiência do fator VIII (hemofilia clássica) corresponde a 80% ● Hemofilia B - deficiência do fator IX (doença de Christmas) Genética ● Herança recessiva ligada ao sexo, como resultado de mutações nos genes que codificam os fatores VII ou IX da coagulação localizados no braço longo do cromossomo X ● Em cerca de 30% dos casos, NÃO há relatos de casos semelhantes na família: novas mutações que podem ocorrer tanto em mulheres quanto em mulheres ● Quase que exclusiva indivíduos do sexo masculino (XhY), por não possuírem o alelo X normal ● Portadora (XhX), clinicamente sem doença; presença do alelo X materno normal; rara como doença na mulher (XhXh) Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO HEMOFILIA A (MUTAÇÃO DO GENE DO FATOR VIII) A hemofilia A consiste em mutações do gene do fator VIII que resultam na deficiência ou alteração funcional do fator VIII. ● Atualmente, são mais de 1.000 associadas à hemofilia A envolvendo substituições, deleções e inserções distribuídas por todo o gene ● Mutações específicas, a inversão do íntron 22 e a inversão do íntron 1, são encontradas em cerca de 50% e 5% dos casos de hemofilia A grave HEMOFILIA B (MUTAÇÃO DO GENE DO FATOR IX) A hemofilia B consiste em mutações do gene do fator IX que resultam na deficiência ou alteração funcional do fator IX. ● >1.000 mutações descritas ● Mutações de ponto envolvendo troca de CG para TG ou CA ● Mutação na região promotora ○ Hemofilia B Leyden (fenótipo melhora após adolescência), enquanto nas crianças sangra muito Classificação Clínica das hemofilias e frequência das manifestações hemorrágicas Clínica Manifestações hemorrágicas comuns: ● Hemartroses (83%) ○ Joelho ○ Tornozelo ○ Cotovelos ○ Quadril ○ Ombro ● Hematomas musculares (53%) Outras: ● Gengival/nasal (39%) ○ Epjstaxe ● Pele/subcutâneo (19%) ● Urinário (16%) ○ Hematúria ● Gastrointestinal (6.6%) ○ Hematêmese ○ Melena ○ Varizes esofágicas ● SNC (2,5%) ○ Pico na infância (RN) e aos 50 anos; sintomas podem aparecer dias/semanas após o trauma Sempre investigar cefaleia superior a quatro horas em hemofílicos (TC de crânio) Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO OBS: O aumento de volume em membros pode cursar com compressão de membros e gerar síndrome compartimental. História clínica História de sangramentos nos indivíduos do sexo masculino da família materna. Período neonatal ● Sangramento: 10-50% pacientes ● Hemorragia intracraniana (HIC) - 1-4% ● Lesões iatrogênicas frequentes Após 1 ano ● Sangramento de partes moles (marcha) ● Hemartroses e hematomas musculares (↑atividade física) Adultos ● Hemartroses e hematomas ● Hemofílicos leve e moderado: o diagnóstico pode ser tardio Complicações: as hemartroses de repetição, quando não tratadas adequadamente, estão associadas à degeneração articular, chamada de artropatia hemofílica, tendo como consequência dor, deformidades articulares e impotência funcional grave. ● Hemartroses repetidas ○ Hipertrofia da sinóvia ○ Lesão da cartilagem ○ Lesão óssea ● Artropatia hemofílica Diagnóstico ● Histórico familiar e pessoal de hemorragias* ● Hemograma normal ou anemia (sangramentos); plaquetas: normal ● Avaliação da coagulação ○ Tempo de sangramento (TS), retração do coágulo (RC) = normais ● TAP (via extrínseca) = normal ● TT = normal ● Tempo de coagulação = normal ou aumentado ● TTPa (via intrínseca - FVII e FIX) = anormal (PROLONGADO)* ● Definitivo: Dosagem de FVII e FIX que estarão diminuídos ou ausentes* Tratamento ● Reposição de fator deficiente (demanda) ● Demanda ● Profilaxia primária: reposição contínua, regular e prolongada de fator em crianças <2 anos de idade, iniciado após a primeira hemartrose ou antes de qualquer sangramento evidente. Recebe o fator entre 3-6 meses até os 18 anos; toma por 48sem/ano. ● Profilaxia secundária: secundária à trauma, cirurgias, fisioterapia ● Profilaxia terciária: serve para fornecer qualidade de vida (ex. musculação); sequelados para evitar sangramentos Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO Na vigência do sangramento, é aplicado o concentrado de fator de coagulação específico. Dependendo da localização e extensão do sangramento será programada a continuidade do tratamento. ● Não há cura ● Depende da gravidade do sangramento e grau da hemofilia (UI/kg) ○ FVIII = peso x % / 2 ○ FIX = peso x % ● Produtos: concentrado liofilizado FVIII e FIX (terapia de substituição) ● Gelo local + imobilização + fisioterapia ● Evitar gesso ● Desmopressina (DDAVP): libera fator VIII e fator de von Willebrand das células endoteliais em hemofilia A leve ● Antifibrinolíticos (ex. ácido tranexâmico, ácido épsilon-aminocapróico) para sangramentos de mucosas, exceto em caso de hematúria ● Analgésicos: paracetamol, codeína, dextropropoxifeno (adultos) ● Anti-inflamatórios: ibuprofeno, naproxeno ● Corticoides: prednisona ● Proteção gástrica: omeprazol O maior objetivo do tratamento da hemofilia é a prevenção das hemartroses, visto que a artropatia hemofílica é a maior causa de morbidade nesses pacientes. OBS: Medicamentos contendo AAS são evitados por causa da ação antiplaquetária. DOENÇA DE VON WILLEBRAND Doença hemorrágica hereditária autossômica dominante, causada por defeitos na concentração, estrutura ou função do fator de von Willebrand. É a coagulopatiamais comum no mundo. O fator de von Willebrand é importante para a adesão plaquetária; ele está no endotélio vascular, dentro da plaqueta, circulando e é um cofator do fator VIII. Exames laboratoriais ● TS aumentado ● TTpa aumentado (deficiência parcial do fator VIII) ● Baixa agregação com ristocetina ○ Dosagem de fator de von Willebrand ○ Dosagem de cofator da ristocetina Clínica ● Sangramentos (leve/moderado) dependendo a intensidade da doença ● Hematomas ● Sangramentos menstruais prolongados ● Sangramentos nasais ● Sangramentos excessivos após pequenos cortes ● Gengivorragia ● Equimoses OBS: A falta do fator causa sangramento! Classificação ● Tipo 1 é o mais comum (60-80%); defeito quantitativo, no qual a concentração de fator de von Willebrand fica entre 20-50% do Marcos Vinicius Dantas - FAMETRO valor normal. Causa sangramentos leves/moderados, podendo sangrar até intraútero. (PROVA) ● Tipo 2 é um defeito qualitativo (20-30%) ○ 2A - mais comum, FvW ligação as plaquetas diminuída e deficiência dos multímeros de peso alto e intermediário ○ 2B - FvW tem grande afinidade de união as plaquetas, reduzindo a circulação livre de FvW, faz aglomerado e não se ligam ao fator VIII ○ 2M - redução da função de ligação às plaquetas; multímeros de alto peso em número normal ○ 2N - FvW perde capacidade de ligar ao fator (sangra muito) ● Tipo 3 é o mais grave = deficiência total do FvW (sangramentos severos) Diagnóstico ● Sintomas ● História familiar ● Estudo laboratorial ● Dosarfator VIII ● Dosar FvW ● Dosar cofator ristocetina ● Agregação Para fechar o diagnóstico preciso dos multímeros! Tratamento ● Antifibrinolíticos (ex. ácido tranexâmico, ácido épsilon-aminocapróico) para sangramentos de mucosas, exceto em caso de hematúria ● Desmopressina (DDAVP): libera fator VIII e fator de von Willebrand das células endoteliais em hemofilia A leve – NA DOENÇA DE VW TIPO ● Concentrado do de FVW ● Estrógeno (mulheres)