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Concurso de Pessoas Definição Cometimento de uma infração penal por mais de um agente. Admitido em crimes unissubjetivos ➜ aqueles que basta uma pessoa para cometer o delito, mas quando há mais de um agente configura- se concurso de pessoas. Teorias Unitária: quem concorre para a prática de um crime, praticando condutas diversas um do outro, e obtendo um só resultado, incorre no mesmo tipo penal, respondendo pelo menos crime, mas recebendo penas proporcionais à sua colaboração. Pluralista: quando mais de um agente concorre para a prática de um crime, praticando condutas diversas um do outro, mesmo obtendo um só resultado, cada um responderá por um delito. Dualista: quando mais de um agente concorre para a prática de um crime, com diversidade de condutas, obtendo um só resultado, serão divididos em coautores e partícipes, e cada grupo responderá por um delito. Coautoria e Participação Autor é aquele que pratica a conduta descrita no tipo. Partícipe é aquele que colabora com a prática da conduta. A conduta do partícipe é acessória em relação à conduta do autor ➜ só será punido se o autor for. Autoria Mediata: o agente usa de pessoa não culpável ou que atua sem dolo ou culpa ➜ valer-se de inimputável, coação moral irresistível, obediência hierárquica. Concurso Impróprio: se o inimputável quis participar do resultado, de será co-autor e o concurso será impróprio ➜ um agente é penalmente responsável e o outro não. Autoria Colateral: dois agentes querem obter o mesmo resultado, mas um desconhece a vontade do outro. Autoria Colateral não é concurso de pessoas, pois não há nexo de causalidade entre as ações e o resultado. Participação Participação por Omissão: quando a pessoa tem o dever legal de agir para evitar o resultado, mas não age. Pode ocorrer coautoria (duas pessoas juntas praticam) e autoria colateral (duas pessoas separadas praticam) ➜ ex.: omissão de socorro. Participação por Conveniência: quando a pessoa não tem o dever de agir, nem quis obter o resultado ➜ não age ativamente nem participa ➜ não é autor nem partícipe ➜ concurso absolutamente negativo. Requisitos Presença de mais de um agente. Nexo de causalidade entre as condutas realizadas e o resultado obtido. Reconhecimento do mesmo delito para todos os agentes. Art. 29 Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Se a participação for de menor importância, a pena é reduzida de um sexto a um terço. Se um dos concorrentes quis participar de crime menos grave, será aplicada a ele a pena deste crime menos grave. Pode ser aumentada até a metade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Incomunicabilidade As condições e circunstâncias pessoais não se transferem aos demais agentes do crime, salvo se elementares do tipo. Circunstâncias pessoais: podem ser uma situação pessoal, como confissão espontânea, que atenua a pena somente de quem confessou; podem ser qualidades da pessoa, como menoridade e reincidência. Cúmplice Quem auxilia na prática de um crime é cúmplice, seja coautor ou partícipe, seja conduta culposa ou dolosa. Alguém que só planejou um crime não é cúmplice. Impunibilidade Art. 31, CP: o ajuste (acordo), a determinação (decisão), o auxílio ( assistência) e a instigação (estímulo) só serão puníveis se o crime tiver sido, pelo menos, tentado, salvo disposição em contrário. Teoria Geral da Pena Conceito É a sanção imposta pelo Estado ao criminoso, através da ação penal, com a finalidade de retribuição ao delito praticado ( pagar pelo crime que cometeu), prevenção a novos crimes e readaptação do condenado ao convívio social. Pena= castigo + intimidação + reafirmação do DP + recolhimento do condenado + ressocialização Caráter Retributivo: pagar pelo crime que cometeu. Preventivo: evitar que novos crimes sejam praticados. Geral Negativo: intimidação para que a sociedade não cometa crimes. Geral Positivo: reafirmar a existência e efetividade do Direito Penal. Especial Negativo: intimidar o condenado para que não cometa mais crimes. Especial Negativo: promover a readaptação do condenado ao convívio social. Penas O juiz deve ficar a pena de modo a ser necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime ➜ Art. 59, CP. Penas Admitidas: privação de liberdade; restrição de direito; perda de bens; multa; prestação social alternativa; suspensão ou interdição de direitos. Vedadas: para evitar que determinados limites sejam extrapolados ➜ proíbe penas desumanas e degradantes, trabalho forçado, pena perpétua, banimento do brasileiro e penas cruéis. Fundamentos da Pena Preventivo: intimida os cidadão para não cometerem ilícitos penais, pois sofrerão sanções ➜ prevenção geral. Aplicar a pena para evitar que o criminoso cometa novos delitos ➜ prevenção especial. Retributivo: a pena é um castigo ao condenado de forma proporcional ao mal que causou ➜ pagar pelo crime que cometeu. Reparatório: compensar a vítima ou seu parentes pelas consequências do crime. Readaptação: reeducação e readaptação do criminoso ao convívio social. Teorias da Punição Abolicionismo Penal: descriminaliza algumas condutas e despenaliza a prática de certas condutas, como solução para o caos do sistema penitenciário. Direito Penal Máximo: modelo de direito penal com excessiva severidade, para garantir que nenhum culpado fique imune. Garantismo Penal: adotada pelo Código Penal, baseia no princípio da legalidade, visando regular as condutas sem penas extremas e não deixar impunidades. Há a degradação de delitos. Tem como finalidade minimizar a violência e impor limites à punição do Estado. Cominação das Penas As penas podem ser aplicadas de diferentes formas: Isoladamente: uma pena prevista ao agente. Cumulativamente: aplicar mais de uma espécie de pena em conjunto ➜ ex: reclusão ( privativa de liberdade) e multa. Paralelamente: opção entre duas modalidades da mesma pena ➜ ex: reclusão ou detenção (privativas de liberdade). Alternativamente: opção entre duas espécies de pena diferentes ➜ ex: reclusão (privativa de liberdade) ou multa. Princípios da Pena Personalidade: a pena não pode passar da pessoa do delinquente. Legalidade: a pena não pode ser aplicada sem lei anterior que a defina. Inderrogabilidade: se ocorreu a prática da infração penal, a pena não pode deixar de ser aplicada. Proporcionalidade: a pena deve ser proporcional ao crime. Individualização da Pena: para cada criminoso deve ser aplicada uma pena, sem existir uma pena-padrão. Humanidade: é vedada a aplicação de penas desumanas e degradantes, devendo respeitar- se a integridade do condenado. Espécies de Penas Penas Privativas de Liberdade: reclusão, detenção e prisão simples. Penas Restritivas de Direitos: prestação pecuniária, perda de bens e valores, serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, limitação de fim de semana. Multa. Cumprimento da Pena Artigo 33, CP §1º: Estabelecimentos Prisionais. a- penitenciária. b- voltada para ressocialização por meio do trabalho. Ex.: antigo CEPAE (Centro Penitenciário Agroindustrial). c- Casa de Albergado. §2º: Tempo de Pena. a- regime fechado: superior a 8 anos. b- regime semiaberto: de 4 a 8 anos (não reincidente). c- regime aberto: até 4 anos (não reincidente). Observações REINCIDENTE: aquele que foi condenado em trânsito julgado anteriormente. ANTECEDENTES: histórico de passagens criminais do agente. Nunca desaparecem e não são contados para a dosagem da pena. • Se a pessoa cumpriu a pena, extinguiu a punibilidade e passou 5 anos sem cometer um novo delito, ela volta a ser primária. A dosagem da pena começa pela pena média (pena máxima + pena mínima dividido por 2). Somam-se os agravantes e diminuem- se os atenuantes. Regime Progressivo de Cumprimento de Pena a) individualização legislativa: fixação do mínimo e do máximo para a pena na criaçãoda norma penal. b) individualização judicial: momento de concretização da sanção penal na sentença. c) individualização executória: fase de aplicação efetiva da pena em estágios. A progressão de regime é um incentivo à proposta estatal de reeducação e ressocialização do sentenciado. As penas mais graves devem ser cumpridas em primeiro lugar, para que haja progressão de regime. Cumpre-se primeiramente a pena de reclusão e, na sequência, se houver, a pena de detenção (art. 69, caput, CP). Tipos de Regimes REGIME FECHADO: Artigo 34, CP. Trabalho durante o dia dentro do estabelecimento prisional e repouso noturno. Excepcionalmente, permite-se que o trabalho ocorra em serviços ou obras públicas fora do presídio, ou para entidades privadas, desde que conte com a concordância expressa do preso. Cumprimento da pena na penitenciária, em cela individual, contendo dormitório, aparelho sanitário e lavatório, REGIME SEMIABERTO: Artigo 35, CP. Trabalho durante o dia em empresa agrícola ou industrial e repouso noturno em alojamento coletivo. É cumprido em colônia penal agrícola ou industrial. O trabalho externo é admissível, em caráter excepcional. Saídas temporárias: feitas para estudo, devendo o preso comprovar frequência, e para visitas à família, ou para participação em atividades de retorno ao convívio social, preferencialmente em datas comemorativas. As saídas devem ser, no máximo, 5 por ano, com intervalo mínimo de 45 dias entre elas. A autorização depende de comportamento adequado do sentenciado, cumprimento mínimo de um sexto da pena (se primário) ou de um quarto (se reincidente) e compatibilidade do benefício com os objetivos da pena (art. 123, LEP). REGIME ABERTO: Artigo 36, CP. O condenado deve recolher-se, durante o repouso noturno, à Casa do Albergado, ou estabelecimento similar, sem rigorismo de uma prisão, desenvolvendo atividades laborativas externas durante o dia. Nos dias de folga (feriado e fim de semana), deve ficar recolhido o dia todo. A Casa do Albergado deve ser um prédio situado em centro urbano, sem obstáculos físicos para evitar fuga, com aposentos para os presos e local adequado para cursos e palestras (arts. 93 a 95, LEP). Regressão do Regime Aberto para um mais rigoroso a- Prática de Crime Doloso: basta o indiciamento do suspeito. Se for condenado, consolida-se a regressão. Sendo absolvido, o regime será retomado. b- Falta Grave: deixando de trabalhar ou se ausentando da Casa do Albergado durante o repouso noturno. O condenado é considerado foragido e irá regredir de regime. c- Condenação por Crime Anteriormente Praticado: desde que torne a soma das penas incompatível com o regime (ex.: cumprindo três anos de reclusão em prisão albergue domiciliar, o condenado recebe nova pena de seis anos. Não poderá permanecer no regime aberto, devendo ser transferido). Observações PROIBIDO: Progressão per salto ➜ o condenado não pode passar do regime fechado para o aberto. Deve ser em sequência: regime fechado, depois semiaberto, depois aberto. PERMITIDO: Regressão per salto ➜ o condenado pode regredir do regime aberto para o fechado. Penas Privativas de Liberdade Espécies • reclusão. • detenção. • prisão simples. Poderiam ser unificadas sob a denominação de pena de prisão. A reclusão tem regime mais severo do que a detenção, e ambas são destinadas ao crime. Prisão Simples Destinada às contravenções penais. Comporta apenas regime semiaberto e aberto. Cumprimento sem rigor penitenciário. Pena até 15 dias: trabalho facultativo. Só será condenado a cumprir pena de prisão simples se for reincidente, pois existem inúmeras medidas despenalizadoras a fim de evitá-la ( contravenções penais são infrações de menor potencial ofensivo). Reclusão Aplicada a condenações mais severas ➜ infrações mais graves, como homicídio, lesão grave, furto, roubo, estelionato, estupro, associação criminosa, corrupção. Regime de cumprimento: fechado, semiaberto ou aberto. Normalmente cumprida em estabelecimentos de segurança média ou máxima. Admite o regime inicial fechado. Detenção Aplicada a condenações mais leves ➜ infrações menos graves, como lesões corporais leves, crimes contra a honra, ameaça, violação de domicílio, dano, ato obsceno, desacato. Cumprida em regime semiaberto, em colônias agrícolas, industriais ou similares, ou em regime aberto, nas Casas de Albergado. Não admite regime inicial fechado. Diferenças entre Reclusão e Detenção Reclusão: cumprida inicialmente nos regimes fechado, semiaberto ou aberto. A detenção somente pode ter início no regime semiaberto ou aberto. Reclusão: pode acarretar como efeito da condenação a incapacidade para o exercício do pátrio poder (poder familiar), tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos a esse tipo de pena, cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, filho, filha ou outro descendente ou tutelado ou curatelado. destituir o poder familiar ➜ extingue os vínculos de pai e filha ➜ os poderes que o familiar tem sobre o filho. Ex.: em casos de crimes sexuais do pai contra a filha; maus tratos da mãe com o filho. Reclusão: propicia a internação nos casos de medida de segurança. A detenção permite a aplicação do regime de tratamento ambulatorial como medida de segurança. Os semi imputáveis e os inimputáveis recebem medida de segurança, enquanto os imputáveis recebem penas. Reclusão: prevista para crimes mais graves. Detenção: reservada para os mais leves, motivo pelo qual, no instante de criação do tipo penal incriminador, o legislador sinaliza à sociedade a gravidade do delito. É cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (pena alternativa), supondo-se que o réu seja primário. Penas Restritivas de Direitos Requisitos para a Concessão a) objetivos: • aplicação de pena privativa de liberdade não superior a quatro anos, quando se tratar de crime doloso; • crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; • réu não reincidente em delito doloso; b) subjetivo: condições pessoais favoráveis: 1) culpabilidade; 2) antecedentes; 3) conduta social; 4) personalidade; 5) motivos; 6) circunstâncias. Duração da pena aplicada: restrição de quatro anos nos crimes dolosos. Os culposos não possuem limite. Reincidência: aplicação da pena restritiva de direitos somente ao reincidente por crime doloso, embora com exceção. Requisitos estabelecidos em lei para a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao condenado reincidente por crime doloso: a) ser socialmente recomendável, o que é de análise extremamente subjetiva. Não é socialmente recomendável encarcerar um sujeito que tenha duas penas leves a cumprir, podendo ficar em liberdade, prestando serviços à comunidade, por exemplo. b) não ter havido reincidência específica, ou seja, não pode reiterar o mesmo crime ( idêntico tipo penal). Os dois requisitos são cumulativos, e não alternativos. Momentos para a Conversão O mais comum é a conversão na sentença condenatória, segundo o art. 44 do Código Penal. Ainda existe essa possibilidade durante a execução da pena, segundo o art. 180 da Lei de Execução Penal: a) pena privativa de liberdade não superior a 2 anos; b) cumprimento da pena em regime aberto; c) ter cumprido pelo menos 1/4 da pena; d) antecedentes e personalidade do condenado indicarem ser conveniente a conversão. Exigências para a Conversão Art. 44, § 2º, do Código Penal. a) condenação à pena privativa de liberdade igual ou inferior a um ano pode ser substituída por uma restritiva de direitos ou multa. b) condenação superior a um ano, a substituição será por duas penas restritivas de direitos ou uma restritiva e uma multa. Reconversão da Pena Restritiva de Direitos em Privativa de Liberdade Trata-se de um incidente na execução penal.Não cumprindo as condições impostas pelo juiz, poderá o sentenciado perder o benefício concedido, retornando à pena original (voltando à privativa de liberdade). O descumprimento das condições pode ocorrer nos seguintes casos: a) na prestação de serviços à comunidade e na limitação de fim de semana: quando o condenado não for encontrado ou deixar de atender à intimação por edital; quando não comparecer, sem justo motivo, à entidade assistencial para prestar o serviço ou deixar de se recolher no fim de semana; quando o sentenciado recusar-se, sem motivo válido, a prestar o serviço que lhe foi imposto ou a participar das atividades determinadas pelo juiz; quando praticar falta grave; quando for condenado por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução, não suspensa, tornar incompatível o cumprimento da restritiva de direitos (art. 181, LEP). b) na interdição temporária de direitos: quando o condenado exercer o direito interditado, sem motivo justo; quando o sentenciado não for localizado para cumprir a restrição ou desatender à intimação por edital; quando sofrer condenação por crime sujeito à pena privativa de liberdade incompatível com a restrição. c) na prestação pecuniária e na perda de bens ou valores: caso deixe de efetuar o pagamento da prestação fixada ou deixe de entregar os bens ou valores declarados de maneira voluntária. OBS.: Quando a prestação pecuniária não for paga por absoluta impossibilidade financeira do condenado, bem como deixar de ser entregue ao Estado o bem declarado perdido por ter perecido ou estar deteriorado, ou por motivo de força maior, é preciso aplicar o disposto no art. 148 da Lei de Execução Penal. O juiz da execução pode, entendendo ser cabível, aplicar outra pena restritiva de direitos. Feita a reconversão, conforme o caso, o sentenciado cumprirá a pena privativa de liberdade pelo restante da restritiva de direitos. Quando houver nova condenação, durante o gozo de pena restritiva de direitos, a reconversão não é automática (art. 44, § 5º, CP). O juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. É impossível o cumprimento cumulativo das penas (restritiva de direitos + privativa de liberdade). Assim, se a segunda pena, apesar de privativa de liberdade, for cumprida no regime aberto, nada impede que o condenado execute, concomitantemente, a restritiva de direitos, consistente em prestação de serviços à comunidade, por exemplo. Peculiaridades Prestação Pecuniária: Independe de consenso ou aceitação da parte beneficiária. Fixação de um valor variável de 1 a 360 salários mínimos a ser pago à vítima ou seus dependentes. Não existindo parte ofendida definida, é destinado o pagamento à entidade assistencial. A prestação pecuniária pode ter conotação de indenização civil. Quando for destinada à vítima do delito ou aos seus dependentes, o valor pago será devidamente descontado, evitando-se o enriquecimento sem causa por parte do ofendido. Entretanto, se for destinado integralmente à entidade pública ou privada com destinação social, a pena não tem qualquer conotação civil. Perda de Bens ou Valores: Para que o bem seja objeto de uma relação jurídica será preciso que apresente os seguintes caracteres: a) idoneidade para satisfazer um interesse econômico; b) gestão econômica autônoma; c) subordinação jurídica ao seu titular ou tudo aquilo que pode ser apropriado. Trata-se de uma sanção penal, de caráter confiscatório, levando à apreensão definitiva por parte do Estado de bens ou valores de origem lícita do indivíduo. A perda deve recair sobre patrimônio de origem lícita do sentenciado, justamente para ter o caráter aflitivo de pena. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas: O condenado fica sujeito a recolher-se em entidades públicas ou privadas, durante determinadas horas da sua semana, para atividades predeterminadas. Exige-se o piso mínimo de seis meses para a aplicação da pena de prestação de serviços à comunidade. Devem-se atribuir ao sentenciado tarefas conforme a sua aptidão, pois não se pode admitir que a pena de prestação de serviços à comunidade, por meio da reeducação pelo trabalho, transforme-se em medida humilhante ou cruel. O legislador optou por um sistema de hora- tarefa, devendo o condenado cumprir uma hora-tarefa por dia de condenação. É preciso converter a pena em dias para se ter noção do número de horas que devem ser prestadas pelo sentenciado, inclusive porque ele pode pretender antecipar o cumprimento. Prestará, pois, sete horas por semana. Interdição temporária de direitos: Proíbe-se o sentenciado de exercer cargo, função ou atividade pública. A proibição de frequentar lugares. Limitação de fim de semana: Nas comarcas onde não houver Casa do Albergado ou local específico para reter o condenado por cinco horas aos sábados e domingos, ministrando-lhe palestras ou cursos, deve ser essa pena evitada, para não gerar franca impunidade. Não se admite que seja cumprida no domicílio, por falta de fiscalização e adequação às finalidades da pena. Pena de Multa Conceito e Características É pena pecuniária ➜ imposição ao condenado da obrigação de pagar ao fundo penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada na forma de dias- multa, atingindo o patrimônio do condenado. Pode ser prevista como: • punição isolada, a exemplo da Lei de Contravenções Penais. • cumulativamente com a pena privativa de liberdade. • alternativamente com a pena de prisão, a exemplo do crime do Art. 130, cominando pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. Quando a multa é punição única ou nos casos em que ela encontra-se cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação, será obrigatória a sua aplicação. Nos casos em que a pena de multa estiver cominada de forma alternativa com a pena privativa de liberdade, o magistrado, terá uma discricionariedade para escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Todas as vezes que o magistrado estiver fazendo a aplicação da pena de multa, seja ela isolada, cumulada ou alternativamente aplicada, deve seguir os limites legais, ou seja, a expressão “multa” deve ser entendida como sendo de 10 a 360 dias- multas. Artigo 49, CP: “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 ( trezentos e sessenta) dias-multa”. Fixação da Pena de Multa Deve ser feita em duas fases ➜ bifásico. 1ª Fase: o juiz levará em conta para fixar entre 10 a 360 dias-multa, as circunstâncias judiciais (à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima), 2ª Fase: deverá o magistrado dar um valor a cada dia-multa, que não poderá ser inferior a um trigésimo (1/30) do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário. O valor de cada dia-multa será aplicado pelo juiz que deverá atender, principalmente, à situação econômica do réu (art. 60, caput, do CP). OBS.: O valor máximo pode ser multiplicado por 3, se o juíz perceber que, em virtude da situação econômica do réu, seja ineficaz para reprovação e prevenção do crime. Cobrança da Pena de Multa Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. O procedimento da cobrança da pena de multa se dá de acordo com o disposto na Lei de Execução Penal: Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatóriacom trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora. Execução da Pena de Multa A LEP ainda prevê a execução da multa em casos de pena cumulada (privativa de liberdade + multa): Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumulativamente com pena privativa da liberdade, enquanto esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada mediante desconto na remuneração do condenado (artigo 168). Circunstâncias Judiciais Conceito É o método judicial de discricionariedade juridicamente vinculada visando à suficiência para prevenção e reprovação da infração penal. O juiz, dentro dos limites da pena mínima e máxima, deve eleger o quantum ideal, valendo-se do seu livre convencimento ( discricionariedade), embora com fundamentada exposição do seu raciocínio ( juridicamente vinculada). É a fiel aplicação do princípio constitucional da individualização da pena, evitando-se a sua indevida padronização. Observações O crime é formado pelos elementos componentes do tipo básico (elementares); faltando um só deles, altera-se a figura típica ou não haverá delito. O tipo derivado compõe-se, portanto, das circunstâncias do delito (qualificadoras, privilégios, causas de aumento e diminuição). Existem outras circunstâncias para preencher o delito que não estão no tipo, mas na Parte Geral do Código Penal, como as agravantes e atenuantes. Elas influem somente na aplicação da pena. Nesse cenário, incluem-se as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. Elas são residuais a todas as outras, isto é, se não encontrarmos a circunstância como causa de aumento/diminuição ou como agravante/atenuante, pode o juiz inserí-la como circunstância formadora da pena-base, no contexto do art. 59, CP. Em suma, as circunstâncias judiciais são elementos que não afetam a existência do delito, mas que influem na fixação da pena. Pena-Base É a primeira eleição do quantum da pena feito pelo magistrado, fundado nas circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal. Será dosada após a 1ª e a 2ª fase da dosimetria da pena. É firmada entre a pena mínima e a máxima. 1ª Fase: circunstâncias judiciais ➜ art. 59, CP. 2ª Fase: atenuantes e agravantes. Pena-Base. 3ª Fase: causas de aumento e diminuição da pena ➜ a pena pode ir aquém da pena mínima (menor) e além da pena máxima ( maior). Art. 68, CP. Elementos do Art. 59 CULPABILIDADE: Reprovação social que o crime e o autor do fato merecem. ANTECEDENTES: Histórico criminal do agente. Nunca desaparecem. Súmula 444 do STJ: veda o uso de inquérito policial e ação penal para agravar a pena- base ➜ o antecedente só pode ser usado para agravar a pena se houver condenação criminal anterior transitada em julgado. Súmula 636 do STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente para comprovar os maus antecedentes e a reincidência”. CONDUTA SOCIAL: É o papel do réu na comunidade, inserido no contexto da família, do trabalho, da escola, da vizinhança, etc. Por isso, a importância das perguntas ao acusado e às testemunhas ➜ a fim de saber se o réu merece uma pena maior ou menor. É um dos principais fatores de individualização da pena. PERSONALIDADE: Conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada e parte adquirida. Exemplos: agressividade, frieza emocional, rispidez, emotividade, etc. É imprescindível, no entanto, haver uma análise do meio e das condições onde o agente se formou e vive, pois o bem- nascido que tende ao crime deve ser mais severamente apenado do que o miserável que tenha praticado uma infração penal para garantir sua sobrevivência. MOTIVOS DO CRIME: Precedentes que levam ao crime. POR QUE O CRIME FOI COMETIDO? Quando o motivo configura/qualifica o crime, não pode ser usado como circunstância judicial, para não agravar a pena 2x pelo mesmo elemento. Se houver 2 ou mais qualificadoras, só uma será usada para qualificar o crime e as outras poderão contar como circunstância negativa na 1ª fase. O motivo, cuja forma dinâmica é o móvel, varia de indivíduo a indivíduo, de caso a caso, segundo o interesse ou o sentimento. Todo crime tem um motivo, que pode ser mais ou menos nobre ou repugnante. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME: São os elementos acidentais do delito que não participam do tipo penal. COMO O CRIME FOI PRATICADO? Elementar do tipo, componente que configura o crime, não é circunstância do crime. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME: Constituem o mal causado pelo crime ➜ o que gerou na vida de outras pessoas. COMPORTAMENTO DA VÍTIMA: É o modo de agir da vítima que pode levar ao crime. Como a vítima agiu no crime ➜ ela provocou ou foi atacada?
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