Buscar

Direito da Familia, Criança e Adolescente e Sucessão

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 1/46
Noções gerais do Direito de Família
Prof. Gilberto Fachetti Silvestre
Descrição
Abordagem conceitual e prática dos requisitos mais importantes das relações de parentesco e amparo de
pessoas incapazes civilmente.
Propósito
Essa é uma das principais matérias das quais resultam demandas discutidas em ações judiciais, sendo,
portanto, um assunto de grande viés prático e operabilidade para o exercício das profissões jurídicas.
Preparação
Tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará consultá-lo para compreender como é a
disciplina jurídica da matéria.
Objetivos
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 2/46
Módulo 1
Princípios do Direito de Família, �liação e relações de
parentesco
Reconhecer os conceitos básicos de parentesco.
Módulo 2
Reconhecimento dos �lhos, guarda, tutela e curatela
Analisar o reconhecimento dos filhos, poder familiar, guarda, tutela, curatela e tomada de decisão
apoiada.
Módulo 3
Adoção
Identificar as consequências da adoção de uma pessoa como filho.
Introdução
A filiação e o parentesco são instituições de maior importância porque estão na base das entidades
familiares e, como família que são, constituem a célula da sociedade. Daí a importância de compreender em
detalhes como se dá a constituição do vínculo entre pais e filhos e entre parentes e, também, quais suas

08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 3/46
características, pois as consequências sociais e jurídicas que podem advir dessas situações servem de
campo fértil para o desenvolvimento profissional do aluno em formação.
A filiação também pode resultar da adoção. Por esse motivo, este instituto foi trabalhado demonstrando a
relação de pai e filho entre adotado e adotante e o vínculo que se cria entre o filho adotado e os parentes do
adotante.
Paralelamente a isso, filiação e parentesco implicam uma consequência prática e alguns conceitos próprios
e peculiares que permitem melhor compreender como funcionam essas entidades familiares e como
problemas deles decorrentes devem ser resolvidos.
Por fim, será apresentado o regime jurídico dos elementos essenciais da filiação, do parentesco, da adoção,
da guarda, da tutela, da curatela e da tomada de decisão apoiada, de modo a resumir e sistematizar as
principais regras sobre a matéria.
1 - Princípios do Direito de Família, �liação
e relações de parentesco
Ao �m deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos básicos
de parentesco.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 4/46
Conceito de família
O que é família?
O Direito de Família é um conjunto de normas jurídicas (regras e princípios) que rege as relações familiares,
ou seja, o vínculo (e suas as consequências) entre pessoas de uma mesma família.
Entende-se por família um vínculo de vida comum, em que todos os membros se relacionam afetivamente
para alcançar objetivos comuns, patrimoniais ou não. Assim, a família é vista como um ambiente de
convivência afetiva, fundada em relações consanguíneas ou de outros tipos.
O Direito brasileiro reconhece a existência de três tipos de famílias:
Família matrimonial
Resultante do casamento.
Família convivencial
Resultante da união estável.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 5/46
Família monoparental
Resultante do vínculo entre ascendente e descendente.
Casamento e união estável não se fundamentam mais na diversidade de sexos, ou seja, não são exclusivos
de um homem com uma mulher. Admite-se a família homoafetiva, constituída a partir do casamento entre
pessoas do mesmo sexo.
Observe que a família, hoje, é definida para além do que tradicionalmente foi considerada, fortalecendo o
aspecto afetivo que leva à sua formação e manutenção.
Princípios do Direito de Família
Princípios do Direito de Família na prática
Confira agora os princípios do Direito de Família, trazendo exemplos de sua aplicação prática.
O Direito de Família se fundamenta nos seguintes valores essenciais:

08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 6/46
É um princípio que rege toda e qualquer situação vivenciada por uma pessoa, não sendo específico
do Direito de Família. Esse princípio exige que o respeito ao próximo quanto aos aspectos essenciais
de sua personalidade: físico, psicológico, espiritual, moral e intelectual. Fala-se, assim, em um dever
de incolumidade, para que a pessoa não seja lesada nesses aspectos fundamentais. Por esse
princípio, não só os familiares devem respeitar a dignidade de seus parentes, mas também terceiros
(como o Estado) devem garantir a integridade das pessoas de uma família. Assim, por exemplo: um
idoso (avô) não pode ser maltratado por seus parentes; um filho não pode ser abandonado
afetivamente pelo seu pai; os cônjuges devem se respeitar mutuamente, sem agressões físicas e
psicológicas; a criança não pode ser submetida a castigos severos.
A família, hoje, não é mais vista como um núcleo produtivo econômico, um ambiente de trabalho e
crescimento patrimonial ou uma relação para procriar. A família é um ambiente de afeto em que os
familiares colaboram mutuamente para a realização dos objetivos lícitos de cada um. Pela
afetividade, não necessariamente se fala em amor, mas em empatia, boa convivência, atenção e
sinergia. Segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ausência desse elemento na relação entre
pai e filho é considerada “abandono afetivo”, o que é causa de dano moral.
Como consequência da afetividade, os familiares devem ser solidários entre si, ou seja, um colaborar
para o bem e o crescimento do outro. Observe que não é somente entre cônjuges e companheiros,
mas entre todos os familiares. Significa que os familiares devem construir um ambiente de
reciprocidade e cooperação.
É uma exigência de que os familiares sejam honestos entre si nos assuntos comuns da família, ou
Dignidade humana 
Afetividade 
Solidariedade 
Boa-fé objetiva 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 7/46
seja, os familiares devem agir com lealdade.
Existe um interesse social sobre a família, pois ela é o primeiro ambiente de formação da pessoa que
se integrará à sociedade e será um futuro cidadão. Por isso, se diz que a família é a “célula da
sociedade”, porque é o primeiro espaço de convivência da pessoa, o que influenciará sobre como o
sujeito conviverá na sociedade. Assim, existem situações em que o Estado interfere na família,
visando justamente ajustar essa “célula da sociedade”. Exemplos: obrigar os pais a matricular e
enviar filhos à escola; cuidado com idosos; medidas para coibir a violência doméstica.
Sendo a família a “célula da sociedade”, os pais devem garantir a melhor criação de seus filhos, para
que sejam bons e responsáveis futuros cidadãos.
Aqui, não intervenção não significa que o Estado não pode, absolutamente, interferir nas famílias. A
administração e as relações familiares são livremente ajustadas entre os parentes, mas se
ilegalidades ocorrerem, o Estado pode sim intervir. Por exemplo: os pais não têm a liberdade de não
colocar seu filho na escola; por isso, o Estado (por meio do Conselho Tutelar ou do Ministério
Público) poderá intervir para que tal criança seja posta na escola. Então, a família é livre para
administrar seu dia a dia, desde que não descumpra normas essenciais.
A decisão de ter filhos e quantos compete aos cônjuges e aos companheiros, sendo proibida a
intromissão do Estado quanto a estas decisões. O Estadotambém não pode gerir a vida patrimonial
do casal. Enfim, o Estado não pode decidir sobre como será a vida familiar, exceto se verificar
alguma ilegalidade nas decisões dos cônjuges e dos companheiros.
Função social da família 
Paternidade/maternidade responsável 
Liberdade (autonomia) ou não intervenção estatal 
Planejamento familiar 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 8/46
Até antes da Constituição da República de 1988, somente se considerava família aquela que
resultasse do casamento, ou seja, para que uma união entre homem e mulher e seus filhos fosse
considerada família, homem e mulher deviam se casar. As outras uniões não eram consideradas
famílias para fins jurídicos e, por isso, não recebiam tutela estatal. Com a Constituição, não só o
casamento gerava uma família, mas também a união estável e a relação monoparental. Com o
reconhecimento da união estável e do casamento homoafetivo houve um fortalecimento da ideia de
existência de vários tipos de família.
Entre os cônjuges e os companheiros deve existir uma relação tal de fidelidade em que é proibido
que eles constituam uma segunda família com possível amante. No casamento e na união estável
deve existir exclusividade de cônjuges e companheiros. É proibida a constituição de duas ou mais
famílias paralelas.
Cônjuges e companheiros são iguais em poderes para chefiar e administrar a família, diferentemente
do que ocorria antes da Constituição da República de 1988, em que somente o marido-pai tinha
poderes de decisão, cabendo à esposa e aos filhos a submissão à chefia marital.
Como consequência da primazia do homem na chefia do lar, existia o chamado pátrio poder (pátrio
de “pai”). Hoje em dia, como consequência da igualdade jurídica dos cônjuges e companheiros, fala-
se em poder familiar, revelando que tal poder de administração é comum a ambos os cônjuges e os
companheiros. Esse princípio significa, também, que ambos devem contribuir para o sustento do lar,
dentro das suas capacidades pessoais e patrimoniais.
Pluralismo familiar 
Monogamia 
Igualdade dos cônjuges e companheiros 
Igualdade na chefia familiar 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 9/46
Também antes da Constituição da República de 1988, os filhos eram tratados de modo diferenciado
e discriminado, inclusive no momento de partilhar a herança. Eram filhos legítimos e recebiam
tratamento privilegiado aqueles que nasciam do casamento. Filhos havidos fora do casamento ou de
uma união estável eram considerados “ilegítimos” (por vezes chamados de “bastardos”,
nomenclatura atualmente proibida) e recebiam um tratamento excepcional e discriminatório.
Também os filhos adotivos recebiam tratamento diferenciado, inferior aos “filhos de sangue”
(legítimos). Atualmente, as diferenças de tratamento não existem mais. Todos os filhos, decorrentes
ou não de um casamento, terão os mesmos direitos.
Filho menor é a criança e o adolescente, ou seja, os menores de 18 anos. Esse princípio impõe à
família o dever de assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227 da Constituição
da República).
Observe que a afetividade (cuidado recíproco) e o cuidado com os filhos menores são um verdadeiro
resumo de todos esses princípios.
Filiação
Filiação, na linguagem jurídica, é a relação de ascendência e descendência direta entre duas pessoas.
Significa que alguém é pai ou mãe de um filho. Trata-se de uma relação, ou seja, um vínculo jurídico, além de
moral. Esse vínculo não necessariamente se baseia na consanguinidade, pois pode decorrer de outros
fatores, como a adoção e a afetividade, conforme o art. 1.593 do Código Civil: “O parentesco é natural ou
civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”.
Desde a Constituição da República de 1988, não existe mais diferença de tratamento entre os filhos havidos
no casamento e os filhos havidos fora do casamento ou adotados. Hoje, todos são iguais, têm os mesmos
Igualdade dos filhos 
Melhor interesse do menor 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 10/46
direitos e recebem o mesmo tratamento.
No caso da maternidade, existe o princípio do mater semper certa est, ou seja, a mãe é sempre a mulher que
deu à luz, embora hoje as técnicas de reprodução assistida tenham abalado tal conclusão.
Quanto à paternidade, existem duas maneiras de ser reconhecida:
Mesmo não havendo qualquer distinção entre filhos, existem tipos diferentes quanto à origem da filiação.
Assim, tem-se:
Voluntariamente
O próprio pai reconhece que uma pessoa é seu filho(a). Isso pode acontecer no ato de
registro do nascimento ou posteriormente, por meio de escritura (pública ou particular) ou
testamento.
Judicialmente
Ocorre em uma ação de reconhecimento de paternidade. Trata-se de uma investigação para
averiguar se existe ou não a consanguinidade entre um possível pai e um passível filho. Se um
exame de DNA, por exemplo, comprovar a paternidade, o juiz determinará que conste no
registro no filho o nome do pai.
Filiação consanguínea
Quando existe o vínculo biológico entre pais e filhos.
Filiação civil ou adotiva
Quando os pais adotam alguém como filho. Não há, necessariamente, exigências de idade
(por exemplo, que o adotado seja criança), bastando que exista uma diferença de 16 anos
t d t t d t d
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 11/46
Relações de parentesco
O parentesco é uma relação jurídica baseada em um ancestral em comum, ou seja, é um vínculo entre
pessoas que descendem de um mesmo tronco.
Existem duas linhas de parentesco:
Linha reta
De acordo com o art. 1.591 do Código Civil, são parentes em linha reta as pessoas que estão umas para
com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Assim, o parentesco em linha reta é aquele entre
ascendestes e descendentes. Exemplo: bisavô, avô, pai, filho, neto, bisneto etc.
Linha colateral
De acordo com o art. 1.592 do Código Civil, são parentes, em linha colateral ou transversal, as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Aqui, o parentesco é determinado porque
esses parentes têm um ascendente comum. Exemplo: irmão, sobrinho, tio, primo, “tio-avô” etc.
Se compararmos o parentesco a uma árvore, o tronco seria o parentesco em linha reta e os galhos o
parentesco na linha colateral.
De acordo com o art. 1.593, o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra
origem. Logo, existem três tipos de relações de parentesco:
Parentesco consanguíneo ou natural
entre adotante e adotado.
Filiação socioafetiva
Quando é constituído um forte vínculo afetivo entre alguém e uma pessoa que criou este
alguém. Ocorre, na maioria das vezes, entre padrastos/madrastas e enteados.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 12/46
Quando existe o vínculo biológico, ou seja, o parentesco baseado no sangue. Aqui, os parentes descendem
geneticamente de um ancestral comum.
Parentesco por a�nidade
Quando se constitui um casamento ou uma união estável, o cônjuge e o companheiro se tornam parentes
dos parentes do seu cônjuge ou companheiro. Exemplo: sogro, cunhado.
Parentesco civil
Chamado de “parentesco de outra origem” é todo vínculo que não é parentesco consanguíneo ou por
afinidade. Exemplos: adoção e paternidade socioafetiva.
Dentro do parentesco, existem grausde proximidade e de distância usados para determinar o número de
gerações. Esse dado é relevante para fins de fixação de alimentos e de sucessão legítima. Por exemplo, no
caso de herança: entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos; na classe dos
ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto; se não houver cônjuge sobrevivente, serão
chamados a suceder os colaterais até o 4º grau. Daí a importância de saber qual o grau de proximidade
entre os parentes.
Para calcular o grau de parentesco entre dois parentes, deve-se:
Encontrar o ascendente comum
Colocar as gerações entre o parente comum e o parente que se
quer determinar o grau
Contar as gerações; cada geração corresponde a um grau
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 13/46
Veja o grau de parentesco entre pais e filhos: para descobrir qual o grau de parentesco do filho para com seu
pai:
Parentesco de 1º grau.
Veja, agora como determinar o grau de parentesco entre avós e netos. Observe que entre avô e neto existe
uma geração intermediária (o pai do neto/filho do avô). Essa geração intermediária computará no cálculo do
grau:
Parentesco de 2º grau.
Veja, agora, como calcular o grau de parentesco entre primos: toma-se o parente comum entre ambos, qual
seja, o avô; colocam-se as gerações intermediárias (pai e tio); colocam-se os primos em posição de
descendência na geração intermediária; conta-se a geração. Pronto: primos são parentes de 4º grau.
Inclusive, é possível perceber que entre tios e sobrinhos o parentesco é de 3º grau. Veja a imagem:
Parentesco de 3º e 4º graus.
Veja, agora, o cálculo dos graus entre parentes distantes:
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 14/46
Vários graus de parentesco.
O parentesco na linha reta (ascendentes e descendentes) é infinito e ilimitado; já na linha colateral, o
parentesco irá somente até o 4º grau (primos). Isso tem um efeito na herança, pois, de acordo com o art.
1.839, se não houver ascendestes, descendentes e cônjuge ou companheiro sobrevivente, serão chamados
a suceder os colaterais até o 4º grau.
No caso do parentesco civil (adoção), aplicam-se as mesmas regras dos graus de parentesco
consanguíneo, afinal, a adoção incorpora a pessoa à família como se fosse filho de sangue, sem
discriminação. Já no caso do parentesco por afinidade, quando cada cônjuge ou companheiro é vinculado
aos parentes do outro, ele se limita aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou
companheiro. Ou seja, não atinge tios e primos.
Com o fim da união estável ou do casamento (por morte, dissolução ou divórcio), o parentesco por afinidade
na linha colateral (cunhados) é extinto; na linha reta, porém, a afinidade não se extingue, ou seja, não existe
“ex-sogra” e “ex-enteado” (§ 2º do art. 1.595 do Código Civil).
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 15/46
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
É um princípio do Direito de Família:
A pluriparentalidade.
B poligamia.
C melhor interesse dos pais.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 16/46
Parabéns! A alternativa E está correta.
Hodiernamente, a família não é mais vista como núcleo de produção econômica, ambiente de trabalho,
criação hereditária ou relações reprodutivas. A família é um ambiente afetivo no qual os membros da
família cooperam uns com os outros para alcançar seus respectivos objetivos legítimos. Por meio da
emoção não se trata necessariamente de amor; trata-se de empatia, boa convivência, atenção e
sinergia.
Questão 2
João é filho de Maria, que é irmã de Pedro, que tem um neto chamado José. Entre João e José existe
um parentesco de:
Parabéns! A alternativa C está correta.
D pátrio poder.
E afetividade.
A 3º grau.
B 4º grau.
C 5º grau.
D 6º grau.
E 7º grau.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 17/46
Basta seguir a seguir a regra do ancestral comum: João – Maria – Pai de Maria – Pedro (tio de João) –
Filho de Pedro (pai de José) – José. Cada travessão (“–”) é um grau de parentesco. Mas, lembre-se: de
acordo com o art. 1.592, são parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau. Assim, nesse
exercício, juridicamente falando, João e José não são parentes.
2 - Reconhecimento dos �lhos, guarda,
tutela e curatela
Ao �m deste módulo, você será capaz de analisar o reconhecimento dos
�lhos, poder familiar, guarda, tutela, curatela e tomada de decisão
apoiada.
Reconhecimento dos �lhos

08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 18/46
Reconhecimento dos �lhos e suas espécies
Confira agora o que é o reconhecimento de filho, assim como sobre as espécies de reconhecimento.
Reconhecimento de filho é o ato no qual um homem reconhece ser pai de uma pessoa ou, então, uma
mulher reconhece ser mãe de uma pessoa. Geralmente, ocorre nos casos de nascimento de filhos fora do
casamento. É mais comum na hipótese de homem reconhecer paternidade sobre um filho, mas também
pode ocorrer com mães.
Existem quatro tipos de reconhecimento de filhos:
Por registro do nascimento
Quando pai e mãe, voluntariamente, se dirigem ao Cartório de Registro da Pessoa Natural
para declarar o nascimento do filho e se declaram pais da criança para constar no registro.
Por presunção
Existe a presunção mater semper certa est, pela qual mãe é aquela que gestou a criança e deu
à luz, e a presunção pater is est, pela qual pressupõem-se que o pai da criança é o marido ou
o companheiro da mãe.
Por ato voluntário
Quando o pai ou mãe, por meio de um documento (escritura pública, documento particular ou
testamento), declaram que reconhecem que determinada pessoa é seu filho. Quanto a esta
hi ót li t filh h id f d t d iã tá l h id
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 19/46
O reconhecimento de um filho pode ser feito nos seguintes momentos:
antes do nascimento do filho;
durante a vida do filho;
posteriormente ao falecimento do filho, somente se ele deixar descendentes.
E quanto ao filho reconhecido, qual seu papel nesse processo? Existem duas respostas, dependendo da
idade do filho:
Filho maior de idade
Não pode ser reconhecido sem o seu consentimento.
hipótese, salienta-se que o filho havido fora do casamento ou da união estável, reconhecido
por um dos cônjuges ou companheiros, não poderá residir no lar do casal sem o
consentimento do outro cônjuge ou companheiro. Qualquer pessoa que tenha um interesse
legítimo pode, judicialmente, tentar revogar este reconhecimento paternidade ou
maternidade.
Por sentença judicial
Quando há resistência do pai ou da mãe em reconhecer que alguém é seu filho e este propõe
uma ação judicial na qual, se houver prova do vínculo genético, haverá a declaração em
sentença da existência do vínculo de filiação e paternidade. Nesses casos, a sentença que
julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento.
Qualquer pessoa que tenha um interesse legítimo pode contestar a ação de investigação de
paternidade ou maternidade. Em exemplo: um filho havido no casamento pode contestar a
ação proposta por um suposto filho originado de caso extraconjugal; neste caso, um interesse
que ele pode ter é quanto à herança.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 20/46
Filho menor de idade
Seu consentimento é irrelevante, porém pode rejeitar o reconhecimento nos quatro anos que se seguiremà
sua maioridade ou à sua emancipação.
Quanto ao reconhecimento, prevalece o princípio da irrevogabilidade, pelo qual o reconhecimento não pode
ser revogado, nem mesmo por testamento. Somente judicialmente é que se pode anular o reconhecimento
se comprovado erro, ou seja, que o filho reconhecido não é filho biológico daquele que o reconheceu. Mas,
veja, irrevogabilidade é a proibição de voltar atrás no ato que reconheceu alguém como filho. Isso não
impede, porém, uma anulação do ato de reconhecimento, caso se comprove que o pai que reconheceu foi
induzido ao erro ou praticou alguma fraude.
Poder familiar
Poder familiar é o poder-dever que os pais têm de gerir a vida dos filhos menores de 18 anos. Fala-se em
poder-dever porque os pais devem exercer esse poder, nas melhores condições para a vida do menor. Daí
porque hoje a doutrina tem preferido se referir a este poder como “autoridade parental”. Assim, os pais têm
direito de gerir a vida dos filhos menores, mas, ao mesmo tempo, têm o dever de exercer esses direitos.
O poder familiar é exercido igualmente entre os pais, caso sejam ambos vivos. Se um é morto, o outro
genitor exercerá sozinho tal poder. Assim, conforme o art. 1.631 do Código Civil, durante o casamento e a
união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá
com exclusividade.
Comentário
Não confunda poder familiar e guarda. O fato de um dos pais ter a guarda não retira o poder familiar do
outro genitor. Mesmo não tendo a guarda, ele permanece tendo poderes de decidir a vida do filho,
obviamente que em conjunto com o outro genitor.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 21/46
O art. 1.634 do Código Civil traz a abrangência do poder familiar, ou seja, sobre quais circunstâncias da vida
do menor incide o poder familiar. Tais circunstâncias da vida são:
criação e a educação;
exigir obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição;
guarda (unilateral ou compartilhada);
conceder ou negar o consentimento para:
- casamento;
- viagem ao exterior;
- mudança de residência permanente para outro município;
nomear tutor por testamento ou documento autêntico (Obs.: somente se o outro dos pais não lhe
sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar);
representação judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil;
assistência, dos 16 aos 18 anos, nos atos em que o menor for parte, suprindo-lhe o consentimento;
reclamá-los de quem ilegalmente os detenha.
Quando houver divergência entre os pais quanto às decisões inerentes ao poder familiar, qualquer dos pais
poderá recorrer ao juiz para a solução do desacordo. Nesse caso, o juiz decidirá qual dos pais tem razão
(parágrafo único do art. 1.631 do Código Civil).
O poder familiar será extinto para os pais nas seguintes hipóteses:
morte de ambos os pais ou do filho;
emancipação do filho maior de 16 anos (parágrafo único do art. 5º do Código Civil);
maioridade do filho (18 anos);
adoção (Obs.: aqui, será extinto o poder familiar para os pais biológicos, mas será criado o poder familiar
para os pais adotivos);
perda determinada por decisão judicial, nos casos de:
- castigo imoderado contra o filho;
- abandono;
- prática de atos contrários à moral e aos bons costumes;
- entrega irregular do filho a terceiros para fins de adoção;
- praticar contra o outro titular do poder familiar:
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 22/46
homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte; e
estupro ou outro crime contra a dignidade sexual;
- praticar contra filho, filha ou outro descendente:
homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte;
estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual.
Existem, ainda, hipóteses de suspensão do poder familiar. As hipóteses anteriores são de extinção de pleno
direito. As seguintes hipóteses são de suspensão, ou seja, o poder não se extingue, mas os pais não
poderão exercê-lo. Pode o juiz, posteriormente, revogar a suspensão e os pais poderão voltar a exercê-lo, ou,
então, o juiz pode determinar a extinção definitiva do poder. O poder familiar será suspenso quando:
os pais faltarem com os deveres a eles inerentes;
abuso de autoridade pelo pai ou pela mãe ou por ambos;
os pais arruinarem os bens dos filhos, mal administrando o patrimônio;
o pai ou a mãe são condenados com trânsito em julgado, por crime cuja pena exceda a dois anos de
prisão (Obs.: com a soltura, o poder familiar é restaurado);
Guarda
Características gerais
A guarda tem a ver com a proteção da pessoa dos filhos, ou seja, é a função que alguém exerce de cuidas
de um menor de idade em seus cuidados pessoais.
A guarda pode ser exercida por:
Ambos os pais
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 23/46
O genitor que não tem a guarda do filho terá o direito de visita, ou seja, poderá visitá-lo e tê-lo em sua
companhia, seguindo acordo feito com o outro cônjuge ou segundo o que for fixado pelo juiz.
Esse direito de visita, contudo, também se estende aos avós, sejam estes os pais do genitor que não tem a
guarda, sejam os pais daquele que tem a guarda. Ou seja, tanto os avós paternos quanto os maternos têm
esse direito, independentemente de qual dos genitores ou outra pessoa esteja com a guarda. Veja o
parágrafo único do art. 1.589 do Código Civil: “O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério
do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente”.
O genitor que não tem a guarda também tem o direito de fiscalizar como ocorre a criação e a educação do
filho. Isso ocorre porque o genitor que não tem a guarda mantém o poder familiar sobre o filho, ou seja,
continua tendo o direito de tomar decisões quanto ao filho e gerir a vida do filho.
O pai que não tem a guarda tem o dever de continuar a exercer seu
poder familiar, exceto se o perder ou o tiver suspenso
Assim, nesses casos, o pai ou a mãe que não tenham a guarda são obrigados a supervisionar os interesses
dos filhos. Para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar
informações e prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou
indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.
Um parente (por exemplo, um avô)
Um dos genitores (o outro genitor não existe ou existe, mas o juiz
não concedeu a guarda)
O tutor (para casos de menores cujos pais faleceram ou foram
destituídos do poder familiar)
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 24/46
Espécies de guarda
A guarda pode ser de dois tipos (art. 1.583 do Código Civil):
A guarda pode ser estabelecida:
Guarda unilateral
A guarda do menor é atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua. O
substituto, que pode ser outro parente ou um terceiro, faz-se necessário quando o juiz
verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe. Nesse caso, o juiz
concederá a guarda a outra pessoa, preferencialmente a quem revele compatibilidade com o
exercício da guarda, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de
afinidade e afetividade.
Guarda bilateral
A responsabilidade de criar o filho é conjunta do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo
teto. Ambos exercem os direitos e os deveres, concernentes à criação dos filhos comuns.
Portanto, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a
mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. A
guarda compartilhada deve ser estimulada pelo juiz em audiência, na açãoque discute a
guarda. Assim, na audiência de conciliação, o juiz informará aos genitores:
o significado da guarda compartilhada e a sua importância;
a semelhança e a reciprocidade de deveres e direitos atribuídos aos genitores;
as sanções pelo descumprimento das cláusulas da guarda.
Esta modalidade de guarda é a regra, ou seja, deve-se tentar de todos os modos.
Consensualmente
O it l t i t ã d di ó i d di l ã d iã tá l
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 25/46
Comentário
É um mito achar que a mãe tem pleno direito à guarda quando de um divórcio ou de uma dissolução de
união estável. Essa preferência não mais existe. O juiz defere a guarda em favor do genitor que tem
melhores condições de cuidar do filho, ou seja, o critério é o melhor interesse do menor.
De acordo com o art. 1.588 do Código Civil, se o pai ou a mãe que tem a guarda se casar novamente ou
constituir nova união estável não perderá o direito de ter os filhos consigo. Porém, poderá ser destituído da
guarda e ter o filho retirado do seu poder se for provado que o menor não é tratado adequadamente. Neste
caso, a perda somente ocorrerá por ordem judicial.
Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada
A incapacidade e sua superação
A tutela e a curatela são formas de amparo às pessoas absoluta ou relativamente incapazes (art. 3º e art. 4º
do Código Civil).
Os genitores, voluntariamente, na ação de divórcio ou de dissolução de união estável ou,
ainda, em medida cautelar, entram em acordo quanto ao tipo de guarda que será exercida
(unilateral ou bilateral) ou quem terá a guarda unilateral. Contudo, esse acordo precisa ser
fiscalizado e homologado pelo juiz, que pode desconsiderá-lo se perceber que o acordo não
atende ao melhor interesse do menor.
Judicialmente
Cabe ao juiz fixar o tipo de guarda que será exercida (unilateral ou bilateral) ou quem terá a
guarda unilateral. Essa decisão é tomada em uma ação de guarda ou, então, na ação de
divórcio ou de dissolução de união estável ou, ainda, em medida cautelar. O juiz decide de
acordo com o que considera ser o melhor para o filho, independentemente da vontade dos
pais.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 26/46
A tomada de decisão apoiada, por sua vez, é um amparo às pessoas com deficiência (especialmente
aquelas com deficiência mental ou intelectual), uma vez que o Estado da Pessoa com Deficiência
determinou que ninguém pode ser considerado relativa ou absolutamente incapaz por causa de deficiência.
As incapacidades, após o Estatuto da Pessoa com Deficiência, são:
INCAPACIDADE ABSOLUTA INCAPACIDADES RELATIVAS
Art. 3º do Código Civil Art. 4º do Código Civil
• Menores de 16 anos de
idade.
• Os maiores de 16 anos e 18 anos de idade;
• Os ébrios habituais (alcoolizados);
• Os viciados em tóxico;
• Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade;
• Os pródigos.
Tabela: Incapacidades no Brasil.
Gilberto Fachetti Silvestre.
Para suprir essas incapacidades e representar ou assistir o incapaz, existem as figuras da tutela e da
curatela. Elas caberão nas seguintes hipóteses:
Tutela
Se dá para menores de 18 anos que não têm pais, seja porque os pais morreram, seja porque são
desconhecidos, ou seja porque os pais foram destituídos do poder familiar.
Curatela
Aplica-se para relativamente incapazes maiores de 18 anos, ou seja, que foram interditados por causa de
algumas das causas do art. 4º do Código Civil.
Existe, ainda, no art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, uma curatela excepcional da pessoa com
deficiência, especialmente aquela com deficiência mental ou intelectual. Nessa curatela da pessoa com
deficiência, não há interdição por incapacidade absoluta ou relativa e o modelo de proteção do curatelado é
exclusivamente patrimonial e não atinge a capacidade da pessoa com deficiência de decidir sobre questões
que envolvam os direitos existenciais (ex.: casar, constituir união estável, divorciar, reconhecer filho etc.).
Assim, a curatela do art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência é diferente da curatela tradicional dos
arts. 1.767 a 1.783 do Código Civil e dos arts. 747 a 763 do Código de Processo Civil.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 27/46
Tutela
A tutela no Direito de Família
A tutela é um modo de amparar o menor de 18 anos que não está submetido ao poder familiar. Assim, a
tutela substitui o poder familiar. Crianças e adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou que
tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar terão, a critério do juiz:
tutores nomeados pelo juiz; ou
serão incluídos em programa de colocação familiar previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Os pais podem nomear um tutor para o filho por meio de testamento. Se no testamento forem nomeados
mais de um tutor, aquele cujo nome aparece primeiro será o tutor, exceto se o testamento indicar uma
ordem de preferência. Se este falecer ou não puder exercer a tutela, o segundo nome será o novo tutor. Se
não houver um tutor nomeado, a tutela caberá aos parentes consanguíneos do menor, na seguinte ordem:
Aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto. São ascendentes os avós, os
bisavós, os trisavós. Para fins de tutela, o ascendente de grau mais próximo tem preferência em
relação aos de grau mais remoto. Por exemplo: o avô tem preferência para exercer a tutela em relação
ao bisavô e este tem preferência em relação ao trisavô.
Aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau,
os mais velhos aos mais novos. Por exemplo: um irmão tem preferência em relação a um tio e um
irmão mais velho tem preferência em relação a um irmão mais novo.
Seja como for, o juiz deve escolher entre os parentes aquele que for o mais apto a exercer a tutela em
benefício do menor, conforme art. 1.737: “Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar
a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la”.

08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 28/46
E se não houver tutor nomeado em testamento ou se o menor não tem parentes que possam exercer a
tutela? Nesse caso, o juiz deverá nomear um terceiro para ser tutor.
Saiba mais
Em se tratando de irmãos menores que ficaram órfãos, deve-se nomear o mesmo tutor para todos eles, para
que não sejam criados separadamente.
A tutela tem prazo de dois anos, mas pode o mesmo tutor continuar no exercício da tutela após esse prazo,
se o juiz julgar conveniente ao menor.
É possível que a tutela seja atribuída a uma pessoa e a guarda do menor a outra pessoa. Nesse caso, o
guardião cuida da criação pessoal e cuida da pessoa do menor, enquanto o tutor se responsabiliza por
cuidar dos assuntos patrimoniais do menor.
Não podem ser tutores:
pessoas que não podem administrar nem seus próprios bens (ex.: pessoas interditadas);
aqueles que, no momento do deferimento da tutela:
têm obrigação para com o menor (ex.: devem pensão alimentícia);
tiverem direitos contra o menor e precisam cobrar (ex.: o menor tem dívidas para aquele que
poderia ser tutor);
têm pais, filhos ou cônjuge com demanda contra o menor (ex.: o filho daquele que seria tutor está
processando o menor);
inimigos do menor ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;
condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou
não cumprido pena;
pessoas de mau procedimento ou falhas em probidade;
pessoas culpadas de abuso em tutorias anteriores;
aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela (ex.: diplomata
que devehabitar em outros países).
Caso um tutor tenha sido nomeado e se enquadra ou passa a se enquadrar nessas hipóteses de
impedimento, deverá ser exonerado da tutela.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 29/46
A nomeação de parente para a tutela não pode ser recusada pelo tutor. Existem, porém, exceções, em que o
tutor nomeado pode, se desejar, escusar-se da tutela. São as seguintes hipóteses:
mulher casada;
idoso, ou seja, os maiores de 60 anos;
aquele que tem mais de três filhos sob sua autoridade;
aquele que tem enfermidade que prejudica o exercício da tutela;
quem habitar longe do lugar onde deve ser exercida a tutela;
aquele que já exercer tutela ou curatela de outra pessoa;
militar em serviço.
A tutela será extinta nas seguintes hipóteses:
maioridade do tutelado;
emancipação do menor;
restabelecimento do poder familiar dos pais do menor;
adoção do tutelado;
reconhecimento de paternidade ou maternidade.
Atenção!
Não confunda extinção da tutela com extinção da condição de tutor. Na primeira, não haverá mais tutela; e
na segunda, a tutela continua, porém com outro tutor.
Cessam as funções do tutor quando:
expirar o termo de tutela, ou seja, foi cumprido o prazo de dois anos e não houve renovação da função;
sobrevir escusa legítima, isto é, passam a existir situações que o impedem de ser tutor;
for removido ou destituído, o que acontece quando for negligente, prevaricador ou incapaz.
Um tutor tem os seguintes poderes e deveres em relação ao menor no exercício da tutela:
defender o menor;
receber as rendas e pensões do menor;
receber as dívidas a que o menor tem direito;
alienar os bens do menor que devem ser vendidos;
prestar alimentos, conforme suas condições financeiras;
assistir o menor entre 16 anos e 18 anos nos atos em que for parte;
representar o menor nos atos da vida civil até que complete 16 anos;
receber remuneração proporcional à importância dos bens administrados;
indenizar os prejuízos que, por culpa (sem intenção) ou dolo (com intenção), causar ao tutelado;
promover, mediante preço justo, o arrendamento de bens imóveis (p. ex.: alugar imóveis do menor);
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 30/46
cumprir deveres que normalmente cabem aos pais (Obs.: neste caso, deve ouvir a opinião do menor, se
este já contar 12 anos de idade);
vender os imóveis, com autorização do juiz, desde que não haja prejuízo patrimonial para o menor; os
imóveis pertencentes aos menores sob tutela somente podem ser vendidos quando houver manifesta
vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do juiz;
dirigir a educação do menor;
cumprir seus deveres com zelo e boa-fé;
fazer as despesas de subsistência e educação;
pagar as dívidas do menor, com autorização do juiz;
corrigir o menor em suas falhas, com autorização judicial;
ser pago pelo que gastar dos recursos próprios no exercício da tutela;
administrar os bens do tutelado em proveito deste, sob a inspeção do juiz;
fazer as despesas de administração, conservação e melhoramentos dos bens do menor;
vender os bens móveis, cuja conservação traz prejuízos ao menor, desde que autorizado pelo juiz;
aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos, desde que previamente
autorizado pelo juiz;
propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim
como defendê-lo nos processos contra ele movidos;
Mesmo que haja autorização judicial, é proibido ao tutor:

Adquirir, por si ou por interposta pessoa (um “laranja”), bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor.

Dispor dos bens do menor a título gratuito, ou seja, não pode dispor de bens do menor sem que haja
retribuição pecuniária (ex.: doação, o tutor não pode doar bens do menor).

Constituir-se cessionário de crédito ou de direito contra o menor, isto é, não pode adquirir uma dívida que o
menor tenha com outra pessoa, para depois o tutor exigir pagar a si mesmo com os bens do menor.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 31/46
Curatela
A curatela no Direito de Família
A curatela é um modo de amparar o maior de 18 anos interditado porque se tornou:
pródigo;
ébrio habitual;
viciado em tóxico; ou
impossibilitado de exprimir sua vontade, seja por causa transitória, seja por causa permanente.
Excepcionalmente, o nascituro poderá ter um curador, se o pai falecer estando grávida a mulher e esta tiver
sido destituída do poder familiar. O cônjuge ou companheiro, desde que não separado, será o curador do
outro interditado. Na falta de cônjuge ou companheiro, será curador o pai ou a mãe do interditado. Não
existindo pais, será nomeado curador o descendente do interditado que se demonstrar mais apto. (Obs.:
entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos, ou seja, filhos têm preferência em
relação a netos e estes têm preferência em relação a bisnetos).
Na falta de cônjuge, companheiro, pais e descentes, o juiz escolherá um curador. A autoridade do curador se
estende à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado.
De acordo com os arts. 1.774 1.781 do Código Civil, aplicam-se à curatela as disposições concernentes à
tutela. Assim, quando não há regra específica na curatela sobre determinada situação, mas existe uma regra
na tutela, aplica-se esta última à curatela. Isso ocorre, por exemplo, com os poderes e deveres do curador,
que serão os mesmos do tutor.
Tomada de decisão apoiada
Quanto à tomada de decisão apoiada, ela é um sistema de proteção das pessoas com deficiência,
especialmente aquelas com deficiência mental ou intelectual.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 32/46
O Estatuto da Pessoa com Deficiência atribuiu capacidade civil (o poder de exercer por si mesmo os direitos
e praticar atos da vida civil, como casar, celebrar contratos, constituir família etc.) às pessoas com
deficiência mental ou intelectual. Assim, essas pessoas não mais se submetem à curatela.
Mas essa decisão do Estatuto poderia causar um problema de desamparo. Assim, a tomada de decisão
apoiada se origina a partir da atribuição da capacidade civil plena aos indivíduos com deficiência. Surgiu
para não os deixar desamparados. O Estatuto da Pessoa com Deficiência, com vistas a garantir auxílio e
proteção a essas pessoas sem que sua autonomia fosse reduzida, introduziu a possibilidade de se recorrer
à tomada de decisão apoiada (art. 116 da Lei nº 13.146/2015 c/c art. 1.783-A do Código Civil). Esse
instituto adentra ao ordenamento jurídico brasileiro como instrumento de exercício da capacidade civil, na
medida em que faculta à pessoa com deficiência a possibilidade de ter dois (ou mais) apoiadores que, nos
limites do termo firmado, irão auxiliá-lo na prática dos atos da vida civil, fornecendo ao apoiado (pessoa
com deficiência) as informações e elementos que eventualmente venha a necessitar quando estiver
praticando atos jurídicos em sua vida civil, especialmente os negociais.
A tomada de decisão apoiada é caracterizada como um negócio jurídico, na medida
em que é um acordo de vontades, cujos efeitos são planejados pelas partes
envolvidas, quais sejam, o apoiado (pessoa com deficiência) de um lado e os
apoiadores de outro.
A tomada de decisão apoiada recai apenas sobre os direitos patrimoniais. Já sobre os direitos existenciais
(ex.: casamento e cessão da imagem) os apoiadores não podem exercer qualquer orientação e influência.
Atenção!
A tomada de decisão apoiada se diferencia da tutela e da curatela na medida em que não impõe limitações
ou barreiras à manifestação de vontade do apoiado. Diferentemente do tutor e do curador, o apoiador não
substitui a vontade do apoiado, que permanece tendo o poder de decisão final.A tomada de decisão apoiada é um ato de vontade da própria pessoa com deficiência que será apoiada,
sem diminuição de sua capacidade durante a vigência deste processo de auxílio. Afinal, a pessoa tem seu
poder decisório mantido no decorrer de todo o tempo em que está sob apoio.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 33/46
Excepcionalmente, quando o negócio jurídico puder trazer risco ou prejuízo à pessoa com deficiência e haja
divergência entre o apoiado e um de seus apoiadores, prevalecerá a decisão do juiz, de modo a se relativizar
a autonomia do apoiado, conforme o § 6º do art. 1.783-A do Código Civil.
Contudo, os §§ 1º, 3º e 4º do art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência também preveem,
excepcionalmente, a possibilidade de se submeter o sujeito a uma curatela especial, diferente da tradicional
curatela dos arts. 1.767 a 1.783 do Código Civil e dos arts. 747 a 763 do Código de Processo Civil. Nessa
curatela da pessoa com deficiência, não há interdição por incapacidade absoluta ou relativa e o modelo de
proteção do interditado é exclusivamente patrimonial, ou seja, voltado para interesses pecuniários, ficando
preservada a aptidão da pessoa com deficiência para decidir sobre questões que envolvam os direitos
existenciais.
Ocorre que, nessa curatela especial, não há interdição da pessoa com deficiência, pois ela não perde ou tem
limitada sua capacidade civil. Objetiva-se, tão-somente, a constituição de um assistente para dar validade
aos atos patrimoniais. Já na tomada de decisão apoiada, distinguindo-se da curatela, o apoiado tem
reconhecida sua capacidade de se autodeterminar e exercer uma posição de protagonismo e centralidade
no ato da vida civil a ser realizado.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 34/46
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre o poder familiar, assinale a alternativa correta:
A
O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, perde, quanto
aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar.
B
O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, não perde,
quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, passando a
exercê-lo com a participação do novo cônjuge ou companheiro.
C
Em se tratando de mãe solteira, o casamento cria para seu cônjuge o poder familiar
sobre o filho da primeira.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 35/46
Parabéns! A alternativa E está correta.
Segundo o inciso V do art. 1638 do CC, entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de
adoção é causa de extinção do poder familiar.
Questão 2
A nomeação de parente para a tutela não pode ser recusada pelo tutor. Existem, porém, exceções, em
que o tutor nomeado pode, se desejar, escusar-se da tutela.
Marque a opção que autoriza a recusa do tutor.
Parabéns! A alternativa A está correta.
D
O pai que praticar atos contrários à moral e aos bons costumes terá seu poder familiar
suspenso.
E
Os pais que entregarem o filho de forma irregular a terceiros, para fins de adoção,
perderão o poder familiar.
A Idoso, ou seja, os maiores de 60 anos.
B Aquele que tenha alguém sob sua autoridade.
C Aquele que tem enfermidade que não prejudica o exercício da tutela.
D Aquele que já exerceu tutela ou curatela de outra pessoa.
E Militar dispensado.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 36/46
A legislação, como maneira de proteção da saúde do idoso, é expressa ao autorizar o idoso a recusar a
nomeação da tutela.
3 - Adoção
Ao �m deste módulo, você será capaz de identi�car as consequências da
adoção de uma pessoa como �lho.
A adoção
De�nição

08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 37/46
O que é adoção?
Confira agora o conceito de adoção e seus requisitos.
A adoção é um ato jurídico que cria um vínculo fictício de filiação para suprir a ausência de vínculo de
parentesco consanguíneo. Assim, a adoção cria um vínculo de parentesco civil entre adotante e adotado e
entre adotado e os parentes do adotante.
A adoção torna o adotado um filho do adotante. Ele terá os mesmos direitos e deveres que filhos biológicos,
inclusive direitos de herança e de alimentos.
Pela adoção, o adotado é desligado de seu vínculo com os pais e demais parentes biológicos, exceto nos
casos de impedimentos matrimoniais. Nesse sentido, o art. 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz
o seguinte:
A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmo direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 38/46
parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
(ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, n.p.)
É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes,
descendentes e colaterais até o 4º grau.
Requisitos da adoção
São requisitos para a adoção de um filho:
O adotante deve ter, no mínimo, 18 anos de idade;
O adotando deve ter, no máximo, 18 anos de idade, excepcionalmente se admitindo a adoção de maiores
de idade. Tal possibilidade é admitida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ);
Diferença mínima de 16 anos de idade entre adotante e adotado;
Casamento ou união estável entre adotantes, para os casos de adoção conjunta. Porém, casais
divorciados ou separados (ex-cônjuges) ou ex-companheiros poderão adotar um filho, desde que
obedeçam aos seguintes requisitos:
o estágio de convivência da criança com a família ocorreu ainda enquanto estavam casados ou em
união estável;
haja acordo entre os “ex” quanto à guarda e à visita do adotando;
Concordância dos pais biológicos, exceto se:
o não se tratar de pessoa com pais desconhecidos; ou
o adotando com pais destituídos do poder familiar;
O adotante não pode já ser ascendente do adotado;
Adotante e adotado não podem ser irmãos;
A concordância do adotante, se este for maior de 12 anos;
Estágio de convivência prévio. Trata-se de colocação do adotando na convivência do lar do(s)
adotante(s). É uma guarda provisória. Esse estágio é obrigatório, exceto se:
adotante tem a guarda do adotando; ou
adotante é o tutor do adotando;
Existe a adoção post mortem, que é a adoção de alguém após a morte do adotante, desde que antes do
falecimento:
já tenha ocorrido a convivência entre adotando e adotante;
o adotante manifestou inequivocamente sua vontade em adotar aquele adotando;
Vantagens para o menor adotando;
Instauração de um processo judicial (“ação de adoção”);
Trânsito em julgado da sentença que defere a adoção.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 39/46
Porém, não basta preencher requisitos formais para o deferimento da adoção. A adoção será deferida
quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos, especialmente
quando se tratar de menor de 18 anos, por causa do princípio do Direito de Família chamado “melhor
interesse do menor”
Para a adoção, adotante e adotado devem ser pessoa natural (pessoa física), pois não existe adoção por
pessoa jurídica e nem de pessoa jurídica.
Formas de adoção
Formas de adoção praticadas no Brasil
No Brasil, são reconhecidas as seguintes formas ou tipos sobre como adotar uma pessoa:
Quando os adotantes são um homem e uma mulher, ou seja, a pessoa adotada terá um pai e uma
mãe. Assim, a adoção é bilateral, ou seja, feita por duas pessoas. Em se tratando de adoção
conjunta, os adotantesdevem ser casados ou constituir união estável, conforme § 2º do art. 42 do
Estatuto da Criança e do Adolescente: “Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família”.
Quando há somente um adotante, que pode ser só um homem ou só uma mulher.
Consequentemente, o adotado terá somente pai ou mãe. Não há casal de adotantes, mas somente
uma pessoa que adota. Nesse caso, não se exige que o adotante seja casado ou constitua união
estável, bastando ser maior de 18 anos e ter uma diferença de idade de 16 anos em relação ao
adotando.
Adoção conjunta 
Adoção unilateral 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 40/46
Nascituro é o gestando, ou seja, a pessoa que está sendo formada no ventre materno e que está por
nascer. Pode vir a nascer vivo e se tornar pessoa ou, então, ser um natimorto. O nascituro não é
pessoa, conforme o art. 2º do Código Civil: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, o nascituro é a
expectativa de vir a existir uma pessoa. O mesmo se diga dos embriões, uma condição inferior à do
nascituro, pois são fecundados, porém se encontram congelados, enquanto os nascituros já estão
em fase contínua de desenvolvimento e gestação. Um dos requisitos para a adoção é que tanto o
adotante quanto o adotado sejam pessoas naturais (físicas). Ora, se nascituro (e o embrião) não é
pessoa, ainda, então, não pode ser adotado. Outrossim, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no
Código Civil, na Lei nº 12.010/2009 e na Lei nº 13.509/2017 somente se fala em adoção de crianças
(entre 0 e 12 anos) e de adolescentes (entre 12 e 18 anos) ou de maiores de 18 anos (Código Civil).
Não há previsão de adoção de nascituro. Não há casos práticos para serem exemplos e que
confirmem essa possibilidade, pois o processo é tão demorado, que dá tempo para a criança nascer.
No caso de embriões, porém, a situação é mais facilitada, pois existe a possibilidade de fecundação
heteróloga, feita com a doação de gametas de terceiros (inciso V do art. 1.597 do Código Civil e
Resolução nº 2.168/2017 do Conselho Federal de Medicina – CFM). Logo, não precisa adotar; basta
obter uma doação de material genético.
Ocorre quando um casal homoafetivo (homem + homem ou mulher + mulher), em razão da
impossibilidade de gerar filho comum, interessa-se em adotar uma criança para ser o filho comum.
Porém, no Judiciário, vigora um entendimento de que ninguém pode ser adotado por duas pessoas,
salvo se forem marido e mulher ou companheiros. Por isso, são raros e minoritários os casos em
que é deferida a adoção por casais do mesmo sexo. Não confundir essa situação quando o casal
homoafetivo doa seu material genético para fecundação com material genético de terceiro.
Posteriormente, pode-se utilizar uma “barriga de aluguel” para a gestação. Nesse caso, o filho é
biológico-heterólogo, e não adotivo.
Adoção de nascituro e de embriões 
Adoção homoafetiva 
Adoção à brasileira 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 41/46
Consiste na prática do crime tipificado no art. 242 do Código Penal, qual seja, registrar como seu o
filho de outrem: “Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-
nascido. Art. 242 – Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar
recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena –
reclusão, de dois a seis anos. Parágrafo único – Se o crime é praticado por motivo de reconhecida
nobreza: Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena”. Essa adoção
é caracterizada pela informalidade: os adotantes, ao invés de passarem por todo o procedimento
oficial administrativo e judicial da adoção, simplesmente registram no Cartório de Registro da
Pessoal Natural uma criança como se ela tivesse nascido dos adotantes. Esse registro (ou seja, esta
“adoção”) pode ser cancelado a qualquer momento, pois é nulo. Consequentemente, o vínculo de
filiação deixará de existir. Uma de suas formas é a chamada “adoção forjada”, na qual um casal
interessado em adotar acompanha a gestação de uma mãe que deseja entregar o filho quando este
nascer. A mãe biológica “dá o filho” para outras pessoas. Estes interessados em adotar registram a
criança em seu nome ou, então, procuram oficializar a adoção pelas vias administrativas e judiciais.
Não irão conseguir, porém, e terão a criança retirada de seu poder, pois, no Brasil, é obrigatório
respeitar a lista nacional de adoção.
É aquela deferida em favor de pessoa que reside em outro país e está interessado em adotar uma
criança brasileira. O interessado em adotar poderá ser estrangeiro ou brasileiro que vive no exterior.
Nesse caso, os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de
adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro. A criança brasileira será levada para
conviver com a nova família no país dos novos pais. De acordo com o § 1º do art. 51 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, a adoção internacional é medida excepcional e somente ocorrerá se:
a adoção por estrangeiro é a solução adequada ao caso concreto;
foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família
adotiva brasileira;
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança ou
adolescente;
em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado.
Adoção internacional 
Adoção dos filhos do outro cônjuge ou companheiro 
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 42/46
Nos casos de enteado cujo pai o abandonou afetivamente, não o registrou em seu nome ou é
desconhecido, pode o cônjuge ou companheiro do genitor do enteado adotá-lo para se tornar seu
filho. Esse é um tipo de adoção socioafetiva, baseada na relação de afeto entre enteado e
padrasto/madrasta (filiação de fato).
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 43/46
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Marque a opção que corresponda a um requisito para a adoção de um filho.
Parabéns! A alternativa E está correta.
É preciso instaurar um processo judicial para efetivar a adoção.
Questão 2
Assinale a alternativa correta acerca da adoção:
A O adotante deve ter, no mínimo, 16 anos de idade.
B Diferença mínima de 12 anos de idade entre adotante e adotado.
C A concordância do adotante, se este for maior de 10 anos.
D Vantagens para o adotante.
E Instauração de um processo judicial.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 44/46
Parabéns! A alternativa B está correta.
Como um requisito objetivo da adoção, o adotante há de ser, pelo menos, 16 anos mais velho que o
adotando, segundo o § 3º do art. 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Considerações �nais
Este conteúdo foi destinado a demonstrar como são os requisitos essenciais da relação de parentesco, em
especial a filiação, e seus modos de constituição e suas consequências.
A partir daí, demonstrou-se como devem ser constituídas essas entidades familiares e quais as
consequências da sua constituição. A abordagem realizada apresentou não somente aspectos teóricos,
mas, também e principalmente, os aspectos práticos.
É preciso ter em mente que os requisitos constituintes são matérias discutidas em ações judiciais. Logo, é
um campo fértil de atuação profissional.
A A adoção não pode modificar o prenome do adotado.
B O adotante há de ser, pelomenos, 16 anos mais velho que o adotando.
C
Os nomes dos avós adotivos só constarão no novo registro do adotado se eles
autorizarem.
D Podem adotar os maiores de 16 anos, independentemente do estado civil.
E O maior de 18 anos pode adotar, desde que seja casado ou constitua união estável.
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 45/46
Podcast
Ouça agora as questões fundamentais do Direito de Família.

Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências. Brasília, 1990.
DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. vol. 5 – Direito de Família. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil. vol. 6 – Famílias. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro. vol. 6 – Direito de Família. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
ROMERO, L. D. Divórcio unilateral extrajudicial. Instituto Brasileiro de Direito de Família. Publicado em: 11
nov. 2021.
Explore +
Para aprofundar-se no assunto, consulte os seguintes artigos, disponíveis no site do Instituto Brasileiro de
Direito de Família:
08/04/2023, 15:17 Noções gerais do Direito de Família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03178/index.html# 46/46
FLORENZANO, B. P. Princípio do melhor interesse da criança: como definir a guarda dos filhos? 24 fev.
2021.
O artigo é importante porque expõe o princípio do melhor interesse da criança com o recorte nos tipos de
guarda regularizado pelo ordenamento jurídico, demonstrando o conceito, fazendo a distinção entre os tipos
de guardas, seus efeitos e aplicação.
GAGLIANO, P. S.; BARRETTO, F. C. L. Responsabilidade civil pela desistência na adoção. 27 jul. 2020.
Os autores defendem que a desistência que ocorre após o estágio de convivência, durante período de
guarda provisória e antes da sentença transitada de adoção, pode se configurar abuso do direito (de
desistir), daí emergindo a responsabilidade civil.
ROSENVALD, N. A guarda de fato como terceira via entre a curatela e a TDA. 28 out. 2019.
O autor trabalha com uma interpretação sistemática do art. 1.590 do Código Civil para realizar um
alargamento do conceito de guarda, no trato das relações verticais entre ascendentes e descendentes,
sejam os vínculos biológicos, afetivos ou registrais.
TARTUCE, F. A lei 14.138-21 e o exame de DNA dos parentes na ação de investigação de parentalidade.
28 abr. 2021.
O autor analisa a nova sistemática da produção de provas a partir do exame de DNA.

Continue navegando