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ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS E O DESIGN ORGANIZACIONAL AULA 4 Prof. Julio Cezar Bernardelli 2 CONVERSA INICIAL Olá, pessoal. Sejam bem-vindos à quarta aula de OSM e o Design Organizacional. Neste encontro, vamos conversar sobre os seguintes temas: 1. Gráficos: usos e definições; 2. Resolvendo problemas e fazendo análises graficamente; 3. Simbologia dos elementos de representação; 4. A organização piramidal; 5. A organização matricial. Na rota anterior, estudamos os componentes e estrutura organizacional formal e informal, conhecemos a complexidade organizacional, vimos a formalização das organizações, falamos sobre centralização na empresa e fechamos nosso encontro com comunicação organizacional. Nesta aula, estudaremos os gráficos: usos e definições, veremos como resolver problemas e fazer análises graficamente, conheceremos a simbologia dos elementos de representação, entenderemos a organização piramidal e a organização matricial. Aristóteles disse: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”. Vamos, então, saborear mais um pouco desse fruto? CONTEXTUALIZANDO Existem diversas maneiras de transmitirmos informações. Podemos escrever, falar, enviar mensagens pelo celular, fazer gestos e até mesmo enviar uma carta pelos Correios. Talvez você ache isso um pouco antigo ou antiquado, porém, mais antigo do que a carta, são os desenhos. Nos tempos das cavernas, o homem usava símbolos (desenhos) para representar a natureza, suas caças e seu modo de vida. Podemos saber muito sobre nossos antepassados apenas analisando os desenhos que eles nos deixaram. Veja este exemplo. 3 Figura 1 – Pintura rupestre em uma caverna Crédito: gerasimov_foto_174/Shutterstock. Nos dias atuais ainda usamos “desenhos” para nos comunicar e eles cumprem muito bem o seu papel, transmitindo a mensagem de forma clara e objetiva, quando bem empregados. As logomarcas das empresas são “desenhos” que reconhecemos facilmente e sabemos o que eles representam, que tipo de produto podemos encontrar por de trás daquela marca. Veja estes “desenhos” a seguir e diga se você sabe qual a mensagem que eles querem passar. Figura 2 – Placas de sinalização Crédito: bytedust/Shutterstock. 4 Tenho certeza que você reconheceu a maioria desses símbolos e sabe exatamente o que eles estão indicando. Da mesma forma que esses símbolos nos passam informações inteligíveis, existem representações gráficas que são utilizadas pelas empresas para demonstrar sua organização e seus fluxos de processos de maneira que qualquer pessoa possa compreendê-los. TEMA 1 – GRÁFICOS: USOS E DEFINIÇÕES Confúcio, filósofo chinês (551-479 a.C.) em sua grande sabedoria dizia: “Uma imagem vale por mil palavras” (Rocha, 1995). Os gráficos constituem-se em um dos mais importantes recursos técnicos a que as empresas de hoje podem recorrer para atuar dentro das concepções da moderna administração (Rocha, 1995). Figura 3 – Exemplos de diagramas Crédito: Filishin Peter/Shutterstock. Apesar de o conceito dado por Rocha (1995) não ser tão atual, os gráficos continuam tendo papel relevante no processo organizacional. Existem diversos tipos de diagramas que utilizamos na administração, por exemplo, as representações gráficas que demonstram a estrutura organizacional e os fluxos de atividades e processos da organização. As representações gráficas mais utilizadas para demonstrar os níveis de hierarquia e o caminho que os processos percorrem são o organograma e o fluxograma respectivamente. Simcsik (2001) define fluxograma como “um método gráfico que procura facilitar a análise de dados, informações e sistemas completos e que possui alto grau de detalhamento visual, pondo em evidência os inúmeros fatores que intervêm num processo produtivo ou administrativo qualquer. É conhecido também como flow-chart”. Veja o exemplo a seguir para compreender melhor. 5 Figura 4 – Exemplo de fluxograma Fonte: Fontinele, 2018. Llatas (2010) diz que organograma é uma fotografia da hierarquia empresarial, capaz de facilitar a visualização das relações de autoridade e subordinação. É uma síntese dos níveis hierárquicos da organização. Que tal um exemplo para ilustrar? Veja o modelo a seguir. Figura 5 – Exemplo de Organograma Os fluxogramas são bastante utilizados para identificar o fluxo de trabalho e atividades dentro da organização. Em virtude da riqueza de detalhes, facilitam 6 a visualização de cada etapa e, consequentemente, a identificação de gargalos e pontos críticos, possibilitando o ajuste e a melhoria do processo. O fluxograma é apenas uma das sete ferramentas da qualidade. Veremos as outras seis logo adiante. Organograma é a representação formal dos níveis hierárquicos da organização. Nele podemos visualizar a relação entre departamentos e identificar o nível de autoridade de cada responsável por esses setores. Quanto menor o organograma, possivelmente será mais centralizada a tomada de decisão da empresa. Saiba mais Existem diversos tipos e modelos de organogramas, dê uma olhada nesse link para conhecer alguns: ÁVILA, R. Modelos de organogramas. Luz, 22 jul. 2015. Disponível em: <http://blog.luz.vc/o-que-e/modelos-de-organogramas/>. Acesso em: 11 fev. 2018. Outros gráficos que aparecem para auxiliar nos trabalhos das organizações são, por exemplo, o eventograma, o infograma e o funcionograma. O infograma é um conjunto de atividades que facilita a coleta de dados, análise e conclusão com confiabilidade. O funcionograma descreve as tarefas e responsabilidades de cada cargo apontando as competências necessárias para desenvolvê-las. O eventograma diz respeito a um evento específico, a um acontecimento pontual ou algo corriqueiro como uma reunião ou uma festa na empresa. É uma forma de preparação prévia para minimizar os riscos de algum problema na hora da realização. Há também os gráficos utilizados para ajudar a solucionar problemas na organização, são ferramentas que contribuem para levantamento do problema, análise das possibilidades e escolha da melhor opção, ajudando os administradores e profissionais de OSM na tomada de decisão. São as chamadas ferramentas da qualidade. Alguns desses gráficos você já deve conhecer ou ter ouvido falar. Histograma; Carta de controle; 7 Diagrama de Pareto; Folhas de verificação; Diagrama de dispersão; Diagrama de Ishikawa ou dos 6 Ms (diagrama causa – efeito). Saiba mais Entenda melhor como eles funcionam lendo este artigo. MAGALHÃES, J. M. As 7 ferramentas da qualidade. Disponível em: <http://www.aprendersempre.org.br/arqs/9%20- %207_ferramentas_qualidade.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2018. No próximo tema, veremos como essas ferramentas podem ser úteis na organização. TEMA 2 – RESOLVENDO PROBLEMAS E FAZENDO ANÁLISES GRAFICAMENTE Quando você tem um problema, e não consegue resolver sozinho, você procura um amigo, um parente ou alguém que lhe ajude a achar uma solução. Nesse momento, você fornece informações sobre o que está acontecendo, escuta palpites até de quem você não pediu opinião, mas procura ouvir, analisar e tentar achar a melhor saída para o problema. Em uma organização os problemas também surgem e precisam ser relatados, apurados, analisados, discutidos, confrontados e estruturados para serem solucionados. A organização pode fazer uso de algumas das ferramentas que já citamos e que você já compreende melhor, afinal, já leu o artigo indicado anteriormente. É necessário conhecer essas ferramentas para saber a melhor a ser utilizada quando um problema surge. O analista de OSM precisa ser detentor desse conhecimento e ter a habilidade técnica para empregá-lo, pois não basta levantar o problema, é preciso analisá-lo e buscar a melhor solução para eliminá-lo, assim,o uso correto dessas ferramentas pode facilitar esse trabalho. 8 Figura 6 – Exemplo de histograma Histograma nada mais é que um conjunto de barras que “permite a comparação de quantidades de dados relativas a categorias diferentes de sorte a promover a visão sobre a dessemelhança” (Araujo, 2010). Observe no exemplo que podemos identificar o número de alunos que há em cada faixa etária e, com esses dados em mãos, algumas ações podem ser tomadas, se necessário. Figura 7 – Exemplo de carta de controle Cada ponto marcado na carta de controle representa um momento em determinado processo. A linha central é a linha média que assinala que quanto mais próximo dessa linha melhor o processo. A linha de cima é a LSC (linha superior de controle) e a de baixo é a LIC (linha inferior de controle). As marcações acima e abaixo dessas linhas indicam processos fora dos padrões e são objetos de estudos para que se possa identificar as causas e corrigir os desvios. 9 Figura 8 – Exemplo de diagrama de Pareto Observe que no diagrama há diversas possibilidades para que estejam ocorrendo defeitos na fabricação do parafuso, mas os principais problemas estão em apenas duas classificações (80% das causas). Nesse caso, devemos concentrar nossos esforços para solucionar o problema nesses itens. Figura 9 – Exemplo de folhas de verificação Essa ferramenta fornece uma lista de itens a serem conferidos por meio dos quais se consegue a coleta rápida de dados para análise quantitativa. Essas folhas, normalmente, são utilizadas para se obter dados sobre números de itens defeituosos, localização e causa dos defeitos (Araujo, 2010). 10 Figura 10 – Exemplo de diagrama de dispersão Fonte: Balducci, 2018. Araujo (2010) diz que o diagrama de dispersão “permite que se avalie dois fatores influenciadores a um só tempo, determinando a força existente em relações identificadas”. Figura 11 – Diagrama de Ishikawa ou dos 6 Ms (diagrama de causa –efeito ou diagrama espinha de peixe) Fonte: Damazio, 2013. Figura 12 – Outro exemplo de diagrama de Ishikawa ou dos 6 Ms (diagrama de causa –efeito ou diagrama espinha de peixe) 11 Não é necessário explicar por que esse diagrama é conhecido como espinha de peixe. Basta olhar. Esse diagrama “identifica os seis itens principais que preocupam OSM” (Simcsik, 2001). É uma representação gráfica de relacionamentos entre um efeito (problema) e sua causa potencial. Esta é uma ferramenta extremamente útil em processos de planejamento, ajudando a estimular raciocínio sobre determinado tema, favorecendo a organização de pensamentos de maneira racional e gerando discussões produtivas. (Araujo, 2010) TEMA 3 – SIMBOLOGIA DOS ELEMENTOS DE REPRESENTAÇÃO Preste atenção nestes símbolos: Figura 13 – Símbolos de super-heróis Crédito: tanuha2001/Shutterstock; dean bertoncelj/Shutterstock; dean bertoncelj/Shutterstock; charnsitr/Shutterstock. Você já deve ter visto a maioria deles em algum lugar. Por isso você já sabe que na primeira linha os símbolos representam na ordem em que estão: o Homem de Ferro e o Batman. Já na segunda linha estão representados: Homem Aranha e Mulher Maravilha. Correto? Com certeza você deve estar admirado com as bobagens que acabamos de falar. Afinal, você sabe que não são esses os heróis que cada símbolo representa. Mas como você consegue identificar os heróis pelos símbolos? Você possivelmente já assistiu aos filmes, leu as revistas, comprou camisetas com os símbolos do seu herói favorito ou já ouviu falar tanto dele que memorizou. 12 Agora, basta olhar o símbolo e você já sabe quem é o herói. Talvez tenha algum símbolo nesse quadro de heróis que você não conheça, principalmente se você não liga muito para heróis. Ou talvez porque eles não apareçam tanto nas histórias e telas de cinemas. Com a simbologia do fluxograma é a mesma coisa. Alguns símbolos você vai lembrar o que significam de imediato ao visualizar, outros, que não são utilizados com tanta frequência, talvez você demore um pouco mais a memorizar. Assim como em algumas situações de perigo nos filmes, você deve imaginar que esse ou aquele herói seria o mais indicado para salvar o mundo ou a situação, conforme os poderes que possui. No fluxograma também temos símbolos que são os mais indicados para aquele momento ou aquela atividade a ser representada. Se, na hora de pedir ajuda ao Batman, o comissário Gordon projetasse nos céus de Gotham City o símbolo do Homem-Aranha, talvez ele não fosse atendido. No fluxograma, se você trocar a simbologia, por exemplo, em vez de utilizar o símbolo de processo (retângulo), que indica uma atividade a ser realiza, usar o símbolo de decisão (losango), quem estiver visualizando o fluxograma não vai entender, achará que está faltando um caminho a ser desenhado, pois no símbolo de decisão nós temos, normalmente, uma pergunta ou ao menos duas opções e dependendo da escolha o fluxo toma um caminho ou outro. O fluxograma é a representação gráfica dos trabalhos desenvolvidos na organização. Para que possa ser interpretado corretamente por todos os envolvidos, é necessário que se faça uso de simbologias padronizadas e conhecidas no mundo da administração. A simbologia mais utilizada é a padrão American National Standards Institute (ANSI – literalmente traduz-se como "Instituto Nacional Americano de Padrões"). É um padrão americano que foi adotado por muitos países. Olhe o quadro a seguir e conheça alguns dos símbolos usados nos fluxogramas de processos. 13 Quadro 1 – Símbolos utilizados nos fluxogramas Cada símbolo identifica uma tarefa, uma ação a ser tomada, uma etapa do processo. A utilização errada desses símbolos pode gerar uma leitura errada do processo e, consequentemente, não será possível a interpretação e execução do que se pretende realizar. E aqui uma explicação mais detalhada sobre alguns desses símbolos: Quadro 2 – Descrição dos símbolos utilizados nos fluxogramas (continua) 14 (continuação do Quadro 2) Saiba mais Quer saber como usar esses símbolos? Assista ao vídeo a seguir. FLUXOGRAMA. Recurso visual para elaboração e organização de tarefas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KOUSadHbIhU>. Acesso em: 11 fev. 2018. Um bom exemplo para entender melhor o fluxograma é imaginar que você está dirigindo por uma rodovia bem sinalizada. O fluxo dos veículos pode ser bom, a velocidade que você utiliza para se deslocar está dentro dos limites permitido, mas pode ser que em um cruzamento você tenha que parar e esperar o fluxo da outra pista passar e, mais à frente, você chega a uma rotatória com diversas possibilidades de saída; você sabe que cada saída dessa rotatória te leva a caminhos diferentes, e você terá que fazer uma escolha, não poderá ficar girando nela infinitamente. Percebe a semelhança com o desenho de um fluxograma? TEMA 4 – A ORGANIZAÇÃO PIRAMIDAL Você conhece uma pirâmide, já deve ter visto uma, mas, se não se lembra, veja a imagem a seguir e vamos conversar sobre ela. 15 Figura 15 – Exemplo de pirâmide Se essa pirâmide fosse a casa de um rei, onde você acha que seriam os aposentos reais? Podemos imaginar que seriam na parte mais alta da pirâmide, pois de lá o rei teria uma melhor visão de tudo o que acontece e pode ver mais longe. Logo abaixo, no segundo pavimento, poderíamos imaginar que ficariam as pessoas mais próximas ao rei, pessoas que lhe dariam conselhos e o avisariam de possíveis problemas e, por fim, no último nível teríamos os funcionários operacionais do reino, trabalhadores que executam as tarefas do dia a dia. Observe que na parte mais alta da pirâmide o espaço é menor e não cabe muita gente, mas, conforme vamos descendo os “andares”, o espaço aumentae, consequentemente, o número de pessoas pode ser maior. Em uma organização com sistema piramidal de controle e distribuição de responsabilidades a ideia é a mesma. A pessoa com maior poder de decisão deve ocupar o topo da pirâmide e deve ter a visão de toda a empresa para definir o melhor caminho a ser trilhado por todos para se atingir o objetivo da organização. Quando vemos um organograma piramidal, já imaginamos que quem está ocupando a parte mais alta é quem manda mais e quem está localizado na parte mais baixa manda menos, ou nem manda. Araujo (2010) explica o que acontece nesse tipo de organização: Nesse tipo de configuração, temos como característica a reunião de pessoas na empresa em níveis distintos que se superpõem, de sorte a criar o todo organizacional numa escala hierárquica verticalizada. Outra característica importante da organização convencional é o afunilamento, ou seja, na base da estrutura organizacional encontra-se um número proporcionalmente maior de unidades que nos níveis 16 superiores, mas, à medida que subimos rumo ao topo, nota-se a diminuição do número de unidades e de pessoas. Percebe-se, facilmente, que essa configuração favorece a concentração de poder nas mãos de poços e com justificada razão, pois nesse número menor de unidades estariam concentradas as pessoas com maior saber e maior competência. Figura 16 – Organização piramidal Araujo (2010) diz que um dos grandes problemas desse tipo de organização é o que ele chama de ruído na comunicação. Como são muitos os níveis hierárquicos entre a base e o topo da estrutura, é comum existirem as seguintes situações, segundo Whitaker (2001): A base não consegue passar adiante, até os altos cargos diretivos, informações por vezes vitais para a saúde empresarial; O topo não consegue tornar suas ordens e instruções inteligíveis para a base. Quando a comunicação é falha “a organização pode sofrer graves danos, à medida que o ruído pode influenciar em sua capacidade de adaptação e resposta às mudanças no ambiente externo à empresa” (Araujo, 2010). Um grande problema que aparece nesse tipo de estrutura é a baixa participação da maioria dos colaboradores nos planejamentos e tomadas de decisão. O não envolvimento das pessoas pode gerar desmotivação e a empresa deixar de encontrar soluções para alguns problemas por não ouvir quem está diretamente envolvido com os processos. Andreoli (2015) diz que, de maneira geral, são três os níveis hierárquicos mais comuns nas organizações: nível estratégico, tático e operacional. A autora enfatiza que “além da questão hierárquica, esses três níveis se distinguem basicamente em termos de tempo e escopo ou competência”. 17 Figura 17 – Níveis hierárquicos em uma organização Fonte: Mattes, 2015. No nível estratégico, são elaborados os planejamentos de longo prazo, geralmente pensados para cinco anos, assim, podemos considerar que o escopo nesse nível é bastante amplo, pois deve abranger toda a estrutura organizacional. No nível tático, o escopo é um desmembramento do nível estratégico e apresenta um detalhamento melhor das funções para um período mais curto, em torno de um ano. No nível operacional, as atividades são mais detalhadas ainda, uma vez que é nesse nível que elas são executadas e as decisões são tomadas por períodos bem mais curtos que no nível tático e estratégico. Geralmente são decisões diárias, semanais ou mensais. Na organização vertical ou piramidal “há uma unidade de comando centralizada, que concentra toda a responsabilidade pelas ações e decisões, bem como um engessamento formal das relações e comunicações, de acordo com o escopo de atuação: subordinados se reportam apenas a quem devem e superiores mandam apenas em quem podem” (Andreoli, 2015). TEMA 5 – A ORGANIZAÇÃO MATRICIAL Para entender o que é uma organização matricial, vamos ver primeiro a definição do que é um projeto. Projeto é um empreendimento único que deve apresentar um início e um fim claramente definidos e que deve ser conduzido por pessoas para que possa atingir seus objetivos respeitando os parâmetros de prazo, custo e qualidade (Menezes, 2001). 18 Segundo Heldman (2006), projeto é um empreendimento temporário, com datas de início e término definidas, que tem por finalidade criar um bem ou serviço único e que está concluído quando suas metas e objetivos foram alcançados e aprovados pelos stakeholders. Para Vargas (2009), projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade. Os autores citados deixam claro que projeto tem início, meio e fim, por esse motivo, muitas empresas não acham viável manter uma equipe de projetos por tempo integral, pois o tempo de espera entre um projeto e outro pode manter essa equipe ociosa gerando gastos desnecessários. A organização matricial busca unir a organização departamental com a organização por projetos. Figura 18 – Estrutura matricial de uma organização Fonte: Estrutura..., 2018. Observe que nas linhas temos uma estrutura departamental e nas colunas temos a divisão por projetos. Os pontos em amarelo representam quantos colaboradores de cada departamento estão alocados em cada projeto. Perceba que os colaboradores estão subordinados a duas chefias, a de projeto e a seu chefe direto no departamento de origem. Quando o projeto termina, os colaboradores voltam ao seu setor de origem, evitando, desta forma, a ociosidade e os custos desnecessários. 19 “Assim, se fundirmos esses dois modelos, será possível aproveitar melhor os recursos ao promover uma distribuição de atividades temporária e permanente ao mesmo tempo” (Llatas, 2010). O autor complementa o raciocínio sobre a junção desses dois modelos de organização dizendo que: Por um lado, a estrutura é permanente, porque todos os funcionários são alocados dentro de um departamento fixo... (como artes, software e áudio). Por outro lado, paralelamente, a divisão de trabalho também é temporária, porque os mesmos funcionários desempenham funções em um projeto, no qual atuam com integrantes de outros departamentos. Isso resulta na dupla subordinação dos empregados, que passam a ser supervisionados por um gerente funcional e um de projetos. Esse tipo de estrutura favorece a integração dos setores, pois a troca de informações se faz necessária, uma vez que o envolvimento dos colaboradores é fundamental para o sucesso do projeto. Os gerentes de departamentos devem colocar à disposição dos líderes de projetos, pelo tempo de duração necessário, um número de pessoas com as qualidades e competências desejadas para o desenvolvimento dos projetos e a direção da empresa deve revestir o gerente de projetos da autoridade e responsabilidade necessárias para coordenar o projeto e a equipe, podendo tomar as decisões cabíveis, sejam sobre recursos, pessoas ou atividades em todas as etapas do projeto, respondendo integralmente pelo seu êxito ou fracasso. Há inúmeras vantagens de se adotar essa organização matricial. Llatas (2010) apresenta algumas delas quando fala que: Graças ao modelo matricial, muitas empresas já conseguem combinar o que há de melhor na departamentalização funcional e na distribuição por projetos. Com essa combinação, elas podem adaptar-se mais facilmente diante de novos projetos, o que favorece o cumprimento de prazos e a prestação de serviços personalizados sem que seja necessário abrir mão de uma estrutura fixa. Outro ponto positivo diz respeito ao aproveitamento da mão de obra; afinal, esse tipo de departamentalização ajuda a erradicar a ociosidade, na medida em que o profissional ganha duas funções – ou ele está envolvidocom tarefas relacionadas ao projeto, ou cuidando de suas atividades no órgão funcional a que pertence. O único problema é que a subordinação do mesmo funcionário à autoridade de dois gerentes pode gerar conflitos de poder. O grande mal a ser evitado é o, já citado, conflito de poder. Chiavenato (1987) define conflito: Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, coordenação, resolução, unidade, 20 consentimento, consistência, harmonia, deve-se lembrar de que essas palavras pressupõem a existência ou eminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, dissensão, desentendimento, incongruência, discordância, inconsistência, oposição. A comunicação constante e a definição prévia das áreas de autoridade e responsabilidade de cada gestor podem evitar danos maiores ao projeto e à equipe. TROCANDO IDEIAS Agora, acesse o fórum da disciplina, que está disponível no AVA, e debata com seus colegas de UTA sobre os benefícios de se criar e utilizar o fluxo de processos dentro da organização. Participe e veja o que seus colegas pensam sobre esse tema. NA PRÁTICA Vamos resolver uma questão, adaptada, que caiu em uma prova de concurso do INSS em 2008 (Cespe), para revisarmos alguns tópicos abordados nessa aula: Uma empresa em processo de reestruturação elaborou um documento contendo um desenho gráfico que mostra a disposição de cada integrante da empresa e sua vinculação a uma área específica. Nesse documento, ficou evidente que a autoridade é funcional e fundamentada em projetos e também que existe uma integração entre as diversas áreas funcionais. Com base no texto, marque (C) – certo ou (E) – errado para as afirmações a seguir: 1. O documento gráfico citado no texto é o fluxograma da empresa. ( ) 2. A estrutura informal da empresa está descrita, obrigatoriamente, nesse documento. ( ) 3. A estrutura organizacional de uma empresa deve descrever relações formais de hierarquia e amplitude de controle. ( ) 4. A estrutura organizacional descrita no documento do caso em questão é a estrutura matricial. ( ) 5. Uma das desvantagens da estrutura descrita no documento é a possibilidade de dupla subordinação, que gera um clima de ambiguidade de papéis e relações. ( ) 21 FINALIZANDO Nesta aula, estudamos os gráficos: usos e definições, vimos como resolver problemas e fazer análises graficamente, conhecemos a simbologia dos elementos de representação, entendemos a organização piramidal e a organização matricial. 22 REFERÊNCIAS ARAUJO, L. C. G. de. Organização sistemas e métodos: e as tecnologias de Gestão Organizacional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BALDUCCI, I. Correlação linear de Pearson (r). Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/45222/>. Acesso em: 11 fev. 2018. CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração: abordagens descritivas e explicativas. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. DAMAZIO, T. Melhore seu negócio, 11 nov. 2013. Disponível em: <https://melhoreseunegocio.blogspot.com.br/2013/11/quando-nos-deparamos- com-um-problema.html>. Acesso em: 11 fev. 2018. ESTRUTURA matricial. The Business Zoom. Disponível em: <http://www.thebusinesszoom.com/estrutura-matricial.html>. Acesso em: 11 fev. 2018. FONTINELE, C. Fluxograma Shostack: saiba como criar um fluxograma para serviços. ADM Brasil. Disponível em: <http://www.administracaobrasil.com/2014/04/fluxograma-shostack-saiba- como-criar-um.html>. Acesso em: 11 fev. 2018. HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3. ed. (Revisada e Atualizada). Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. LLATAS, M. V. OSM: uma visão contemporânea. São Paulo: Pearson, 2010. MATTES, J. Planejamento estratégico. Mattes Insights, 3 mai. 2015. Disponível em: <http://jonatasmattes.blogspot.com.br/2015/05/planejamento- estrategico.html>. Acesso em: 11 fev. 2018. MENEZES, L. C. de M. Gestão de projetos. São Paulo: Atlas, 2001 ROCHA, L. O. L. da. Organização e métodos: uma abordagem prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1995. SIMCSIK, T. OSM: organização, sistemas e métodos. 2. ed. São Paulo: Futura, 2001. VARGAS, R. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 7. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. 23 WHITAKER, F. Rede: uma estrutura alternativa de organização. Disponível em: <http://www.rits.org.br/redes/rd_estruturalternativa.cfm>. Acesso em: 7 mar. 2010. 24 RESPOSTAS 1. Errado – o documento é um organograma. 2. Errado – estrutura informal não aparece em organograma. 3. Certo – esse é o papel do organograma. 4. Certo – o texto fala de autoridade é funcional e fundamentada em projetos. 5. Certo – nessa estrutura tem o chefe do setor e o do projeto mandando no mesmo funcionário.
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