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SOLUÇÃO DE CONFLITOS JURÍDICOS Eduardo Zaffari Revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna Bacharel em Direito Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional e em Direito Público Mestre em Direito Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin — CRB 10/2147 Z17s Zaffari, Eduardo Kucker. Solução de conflitos jurídicos / Eduardo Kucker Zaffari, Martha Luciana Scholze ; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 166 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-522-6 1. Direito. I. Scholze, Martha Luciana. II.Título. CDU 34 Solucoes de Conflitos Juridicos_BOOK.indb 2 15/08/2018 10:35:32 Processo de mediação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância da mediação como forma de resolução de conflito. Explicar o funcionamento do processo de mediação. Esquematizar o processo de mediação. Introdução A mediação ganhou importância no ordenamento jurídico brasileiro a partir da compreensão de que o Poder Judiciário não conseguia dar conta de suas demandas sem alternativas à Justiça formal. A incapacidade do Judiciário de reestabelecer vínculos rompidos pela falta de comunicação faz com que a Justiça tradicional nem sempre seja a mais adequada. Dessa forma, a mediação se constitui como meio alternativo de so- lução de conflito, que reestabelece a comunicação e permite, na maior parte das vezes, que os conflitantes se tornem responsáveis pelo conflito e componham seu litígio. Neste capítulo, você vai estudar a importância da mediação como forma de resolução de conflitos. Você vai também verificar esquematica- mente como a mediação funciona e identificar as principais características de cada fase, a serem observadas não apenas pelo mediador, mas por todos os envolvidos. Importância da mediação como forma de resolução de conflito O conceito de Justiça tem variado ao longo do tempo, conforme recorda Cappelletti (1988) — nos Estados liberais “burgueses” dos séculos anteriores, os procedimentos judiciais refl etiam uma fi losofi a essencialmente individu- alista dos direitos. O acesso à Justiça era eminentemente formal, porque se entendia que bastava ao Estado garantir a possibilidade de acesso ao Poder Judiciário e que a parte confl itante tinha o dever de acusar ou defender-se de forma privada. Dessa forma, o acesso à Justiça era apenas para aqueles que detinham condições de custear os dispendiosos processos judiciais. Os países cuja formação jurídica decorrem da tradição romana herdaram o caráter privado, que era praticado na defesa dos direitos pelo pragmatismo romano. À medida que as sociedades evoluíram para a valorização dos direitos humanos e dos relacionamentos, o caráter individualista foi dando espaço para o caráter coletivo, reconhecendo-se os direitos e deveres dos Estados na realização dos direitos ao trabalho, saúde, segurança, educação e proteção contra todas as espécies de discriminação. Nesse sentido, o efetivo acesso à Justiça passa a ser valorizado e considerado um direito humano, concretizado em muitas Constituições como direito fundamental. Altera-se o paradigma de acesso à Justiça formal para o de acesso à Justiça material, em que se faz necessária a garantia do efetivo acesso ao Poder Judiciário. O Estado brasileiro reconhece como direito fundamental e cláusula pétrea o acesso à Justiça, como consta na Constituição Federal de 1988, art. 5º, XXXV, que estabelece que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário le- são ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988), o que garante não apenas o acesso ao Poder Judiciário a todo cidadão, mas impõe ao Estado o dever de garantir que os jurisdicionados tenham os seus conflitos pacificados pela máquina estatal. Entretanto, a crescente demanda de jurisdição e um Estado cada vez mais incapaz de atender aos processos judiciais, em razão da falta de recursos humanos e financeiros, leva a uma crescente insatisfação. O Poder Judiciário não consegue atender ao aumento das demandas. Dessa forma, compreendendo o legislador que diferentes conflitos podem ser tratados de diferentes formas, adotando um novo paradigma de atendi- mento ao jurisdicionado e confiando na capacidade de restabelecimento da comunicação, quando valorizada a autonomia de vontade dos conflitantes, há a busca de novos meios para a resolução dos litígios. Nos dizeres de Cappelletti (1988, p. 11-12): Os juristas precisam, agora, reconhecer que as técnicas processuais servem a funções sociais; que as cortes não são a única forma de solução de conflitos a ser considerada e que qualquer regulamentação processual, inclusive a criação ou encorajamento de alternativas ao sistema judiciário formal tem um efeito importante sobre a forma como opera a lei substantiva — com que frequência é executada, em benefício de quem e com que impacto social. Processo de mediação2 A Resolução nº. 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (BRASIL, 2010), introduziu no País a política judicial em favor dos meios alternativos para a solução dos conflitos, apresentando as seguintes diretrizes: institui a política pública de resolução adequada dos conflitos (art. 1º); define o CNJ como organizador dessa política junto ao Poder Judiciário (art. 4º); impõe aos Tribunais o dever de criar centros de solução de conflitos e cidadania (art. 7º); regulamenta a atuação dos conciliadores e dos mediadores, impondo um Código de Ética (art. 12 e anexo); determina a criação, mantença e publicidade de estatísticas dos resul- tados dos Centros de Conciliação (art. 13); define o currículo mínimo para os cursos de capacitação de mediadores e conciliadores. A Resolução nº. 125/2010 do CNJ traz os deveres éticos e as obrigações do mediador e do conciliador, estabelecendo, no anexo III, o Código de Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais. A Lei nº. 13.140, de 26 de junho de 2015 (BRASIL, 2015a), constituiu o marco legal da mediação, posto que dispôs da mediação como meio adequado para a solução de conflitos entre particulares e entre estes e a Administração Pública. Incorporando os Projetos de Lei do Senado nº. 517/2011, nº. 443/2011 e nº. 405/2013, abarcou quase toda a matéria sobre mediação. O CPC de 2015 (BRASIL, 2015b) estabelece, entre as chamadas normas fundamentais do processo civil, as quais irradiam as suas prescrições para todo o sistema processual, no art. 3º, que “A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”. Dedica, ainda, uma seção inteira sobre conciliação e mediação. Há expressa opção legislativa na implantação e observância de métodos alternativos para a resolução dos conflitos. 3Processo de mediação O termo mediação procede do latim mediare, que significa mediar, in- tervir, dividir ao meio. A palavra mediação evoca a ideia de centro, de meio, de equilíbrio, em que há alguém entre os conflitantes, não sobre eles. Na mediação, conforme Didier Junior (2015, p. 276), o terceiro imparcial, deno- minado mediador, deve: [...] servir como veículo de comunicação entre os interessados, um facilitador do diálogo entre eles, auxiliando-os a compreender as questões e interesses em conflito, de modo que eles possam identificar, por si mesmos, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Na técnica da mediação, o mediador não propõe soluções aos interessados. Trata-se de um meio autocompositivo em que os conflitantes buscarão reestabelecer a comunicação por meio de técnicas específicas, que permitirão a identificação das melhores alternativas para a solução do conflito. Como refere Didier Junior (2015, p. 276), a mediação é: [...] mais indicada nos casos em que exista uma relação anteriore permanente entre os interessados, como nos casos de conflitos societários e familiares. A mediação será exitosa quando os envolvidos conseguirem construir a solução negociada do conflito. A mediação é um importante meio de resolução dos conflitos familiares, empresariais, sucessórios e de relações de propriedade, como nos direitos de vizinhança. Tartuce (2018, p. 467) esclarece que “o mediador estimula a criatividade e fomenta a elaboração de propostas pelos envolvidos; ele não as cria nem as apresenta, reservando a autoria e o protagonismo de cada um”. Isso porque o mediador busca levar os conflitantes a se responsabilizarem pelo litígio, para que, por meio de uma comunicação de sucesso e uma ética de alteridade, possam os litigantes aparar as divergências e compreender que emoções reprimidas podem impedir que os interesses envolvidos sejam atendidos. Por essa razão, o CPC de 2015 (BRASIL, 2015b) e a Lei de Mediação (BRASIL, 2015a) estabelecem os princípios norteadores da mediação, os Processo de mediação4 quais deverão ser observados para o sucesso desse meio alternativo como forma de pacificação social: 1. imparcialidade do mediador; 2. isonomia entre as partes; 3. oralidade; 4. informalidade; 5. autonomia da vontade das partes; 6. busca do consenso; 7. confidencialidade; 8. boa-fé. Observe que os meios usuais de resolução de conflitos pelo Poder Judiciário podem ser, em alguns momentos, opressivos e confrontadores. Isso porque o processo judicial tem uma série de ritos, expressões e usos que podem ser, para o leigo, intimidadores. Os meios alternativos de solução de conflitos devem ser acolhedores, tendo em vista reestabelecer a comunicação e permitir que os conflitantes se responsabilizem pelo conflito e busquem a alternativa que melhor lhes convém. Mesmo diante das vantagens do processo mediativo — decorrentes da autocomposição —, no qual as partes têm a condição de se sentirem prota- gonistas na solução do conflito, há ainda resistências que têm sido vencidas aos poucos, como: o fato de ser um instrumento novo de resolução de conflitos, carecendo de aceitação cultural; a falta de regulamentação em alguns países; a mudança de paradigma para uma perspectiva de verdade consensual, diferentemente de uma verdade processual, e de uma responsabilidade que não gera sanção, o que, por ser de escolha das partes, evoca nos juristas a ideia de uma Justiça privada. Funcionamento da mediação O reestabelecimento da comunicação e a convergência de interesses se tornam difíceis quando os confl itantes estão com os sentimentos muito acirrados em relação aos outros confl itantes. Nesse contexto, o mediador tem que atuar 5Processo de mediação como facilitador do diálogo, observando etapas e técnicas que permitam viabilizar o entendimento entre as partes. Observe que a mediação poderá ser judicial ou extrajudicial, sendo indicada aos conflitantes que tenham um vínculo anterior. A identificação dos interesses facilitará a criação de soluções para a resolução do conflito. A possibilidade de o processo mediativo ser realizado judicial ou extrajudicialmente, aliada ao princípio da informalidade, que deverá atuar como diretriz norteadora, determinam a flexibilização procedimental. Ou seja, embora a mediação tenha uma série de atos que podem ser seguidos pelo mediador, este não está obrigado a segui-los e, com o tempo, poderá desenvolver suas próprias técnicas. A possibilidade de adoção, pelo mediador, de um tom informal não dispensa uma técnica e, eventualmente, um roteiro a ser seguido. Tartuce (2018, p. 260) afirma que “[...] embora certas vertentes defendam um modo mais livre de atuação, pode ser interessante que o mediador conte com uma sequência lógica de iniciativas para abordar as diferenças entre as pessoas na gestão dos conflitos”. As etapas a serem seguidas pelo mediador servirão como linhas mestras, que deverão ser flexibilizados sempre que o mediador compreender que a adoção de outros meios seja necessária para o reestabelecimento da comunicação. Há que se considerar, ainda, que as diferentes concepções sobre o conflito e as suas complexidades obrigam que o seu tratamento seja realizado de forma interdisciplinar, fazendo uso da psicologia, da filosofia, da matemática, da sociologia, da antropologia e de diversas outras ciências que possam, cada uma à sua maneira, auxiliar no reestabelecimento da comunicação e permitir que os conflitantes busquem o consenso. Não há dúvidas de que a mediação é única, consistindo em um meio de resolução adequado do conflito que, pela complexidade e variedade dos problemas envolvidos, se desdobrará em diversas formas de enfoque e escolas de abordagem. A mediação pode ter diferentes abordagens, conforme a escola adotada. Segundo Bacellar (2016), em Mediação e arbitragem, as principais são mediação da Escola de Harvard, mediação circular-narrativa, mediação transformativa e mediação avaliadora. Processo de mediação6 De forma abrangente, a mediação pode ser dividida em dois momentos: a pré-mediação e a mediação em si. Já na forma sequencial, a mediação divide-se em pré-mediação, abertura, investigação, agenda, criação de opções, escolha de opções e solução. Na pré-mediação, os conflitantes, acompanhados ou não de seus advoga- dos, encaminham-se à mediação, encontrando-se para definir o procedimento e verificar como este ocorrerá, bem como definir as atribuições de cada um, o local e a distribuição dos custos, quando se tratar de mediação em uma câmara privada. Nessa etapa, que poderá contar com reuniões individuais ou conjuntas, os conflitantes são informados sobre as suas responsabilidades e explanam o que desejam e esperam da mediação, permitindo que se estabeleçam os primei- ros laços de confiança. Caso as partes estejam representadas por advogados, poderão apenas estes representar os conflitantes na pré-mediação. Essa etapa é fundamental para que as partes conflitantes, cientes do procedimento e de como este funcionará, decidam participar voluntariamente. Caso, nessa fase pré-mediativa, as partes constatem que o procedimento ou a forma de solução não lhes interessa, podem desistir da mediação antes mesmo de seu início. A segunda etapa da mediação, em que as partes ingressam na mediação propriamente dita, divide-se nas fases de abertura, investigação, agenda, cria- ção de opções, escolha de opções e solução. Tartuce (2018, p. 262) considera as seguintes fases da mediação, as quais equivalem às anteriores: I) declaração de abertura; II) exposição das razões das partes; III) identificação de questões, interesses e sentimentos; IV) esclarecimento acerca das questões, interesses e sentimentos; e V) resolução das questões. Na fase de abertura, há o momento em que os conflitantes e o mediador se apresentam e se saúdam, ocasião em que o mediador explicará qual é o seu papel, o que espera da mediação e quais os resultados possíveis. Nesse momento, o mediador explicará como se dará a mediação, caso não tenha havido a pré-mediação, ou não tenham os conflitantes participado da primeira etapa (apenas seus advogados, por exemplo), e explicará aos mediandos os princípios informadores da mediação, principalmente os princípios da confidencialidade, da autonomia e da isonomia. 7Processo de mediação O princípio da confidencialidade apenas é excepcionado para os casos de reconheci- mento de crime de ação pública e para a prestação de informações à Receita Pública, conforme o art. 30, §§ 3º e 4º, da Lei nº. 13.140/2015 (BRASIL, 2015b). Os conflitantes têm autonomia para desistir de participar do procedimento em qualquer momento e devem ser tratados com igualdade procedimental, isto é, isonomia. Na fase seguinte, de investigação ou exposição das razões das partes, os conflitantes dizem as suas impressões de como chegaram ao conflito. Recomenda-se que, nesse momento, o conflitante seja orientado a falar sempre na primeira pessoa, desfocando o outro e colocando-secomo protagonista do conflito, explanando seus sentimentos e impressões. O mediador deve estimular que a outra parte demonstre interesse e faça perguntas adequadas e sinceras para reconhecer as questões envolvidas, tomando o cuidado para não externar sua opinião. Observe que o mediador deve oportunizar a todos os conflitantes que exponham da mesma forma e durante o mesmo tempo, preferencialmente combinado previamente. A partir desse momento de exposição, as partes conflitantes deverão ser incentivadas a auxiliar na identificação dos interesses e das questões envol- vidas. Tudo o que for, de fato, controvertido, deve ser identificado e isolado das pessoas envolvidas, para que os problemas se direcionem para a questão em si, não para a outra parte conflitante. É possível, para que as questões se tornem objetivas, que as partes façam uma listagem de questões, colocando no papel o que poderá ser solucionado a partir da construção de decisões. Identificada a agenda de questões a serem sanadas, as partes podem passar para a próxima etapa. Para que as partes possam construir uma solução, deverão criar alternativas. Os conflitantes deverão criar, por si próprios, alternativas ao problema comum. Nessa fase da mediação, as partes usarão técnicas para criar alternativas, como o brainstorming (técnica na qual as partes falarão livremente alternativas), dentre outras, para que surjam condições de possibilidade para a solução do conflito. O mediador não deverá opinar sobre o mérito do conflito ou das propostas criadas, apenas interferindo se as alternativas propostas sejam ine- xequíveis ou submetam alguma das partes demasiadamente. Propostas ilegais ou imorais não devem ser admitidas como alternativas, podendo o mediador, nesses casos, suspender a mediação por sua impossibilidade. Processo de mediação8 As duas fases seguintes consistem na escolha das soluções mais adequadas para a resolução do problema, descartando-se todas aquelas hipóteses que não servem para a solução das questões. Diante da identificação dessas questões, as partes conflitantes poderão pactuar a solução do conflito. A celebração do acordo será, preferencialmente, por escrito, e deverá constar apenas o que as partes concordarem que seja escrito. O acordo, que poderá ser sobre o total do conflito ou apenas sobre parte da controvérsia, deverá identificar as obrigações de cada conflitante, sendo claro e objetivo. Não deverá constar no termo de acordo nada que seja ilegal ou imoral, tampouco termos que exponham as partes demasiadamente. Passadas todas as etapas e não se chegando ao consenso, poderá ser lavrada uma ata, na qual deverá constar apenas que os conflitantes se reuniram para a mediação, não se chegando a uma solução. Não se fará constar nada do que se tratou na mediação, propostas ou alegações, estando as informações protegidas pelo princípio da confidencialidade. Esquema da mediação O processo de mediação é dividido em duas etapas macro: a pré-mediação e a mediação. Confi ra a seguir em que consiste e o papel do mediador em cada uma delas. Pré-mediação Na reunião prévia: 1. ouvir o relato dos conflitantes, ou dos seus advogados, caso não estejam as partes presentes, para identificar a questão; 2. conversar igualmente com todos os conflitantes, pelo mesmo tempo e da mesma forma, explicando o procedimento; 3. pactuar as regras que serão adotadas no procedimento; 4. certificar que todos os envolvidos tenham a compreensão das informações; 5. questionar sobre o interesse dos conflitantes em participar da media- ção, marcando o momento para o seu início, caso haja real interesse na participação. 9Processo de mediação Mediação Quando da apresentação do mediador: 1. apresentar-se e pedir para que as partes se apresentem; 2. explicar seu papel e suas expectativas; 3. explicar o procedimento da mediação e seus princípios informadores, principalmente quanto à confidencialidade do procedimento; 4. confirmar o interesse dos conflitantes em participar do procedimento de mediação; 5. explicar o papel dos advogados na mediação; 6. dar início ao procedimento de mediação. Na exposição, pelas partes, das razões e identificação das questões, o mediador deve: 1. reiterar sobre o compromisso da confidencialidade; 2. escutar ativamente os conflitantes; 3. fazer anotações sobre as questões importantes; 4. avaliar constantemente as percepções; 5. auxiliar as partes conflitantes para a identificação das questões; 6. construir, com os conflitantes, as questões discutidas. Quando da criação e escolha de opções: 1. os conflitantes devem, à vista das questões envolvidas, sugerir alter- nativas de solução do problema; 2. as alternativas propostas devem ser anotadas, de forma resumida e objetiva; 3. o mediador não deve opinar sobre o mérito, apenas auxiliando que os conflitantes construam suas propostas; 4. as alternativas devem ser selecionadas, descartando-se a opções ine- xequíveis, ilegais ou imorais; 5. deverá ser escolhida, existindo consenso, a melhor alternativa entre as criadas. Processo de mediação10 Na resolução do conflito (encerramento): 1. redigir o acordo em que conste a alternativa livremente escolhida pelos conflitantes; 2. redigir com termos claros, objetivos e apenas com o que for realmente necessário para a solução do conflito; 3. não utilizar termos, expressões ou situações que possam constranger ou expor qualquer dos conflitantes; 4. deve-se fazer uma redação única do acordo; 5. não havendo acordo entre os conflitantes, apenas fazer constar em termo a participação dos conflitantes e a inexistência do acordo, sem qualquer outra referência. 1. O processo de mediação surge como uma alternativa à Justiça geralmente administrada pelo Estado. Quais fatores foram determinantes para a implantação desse meio no Brasil? a) A morosidade do Poder Judiciário e a possibilidade de reestabelecer laços entre os conflitantes. b) A mediação foi adotada no Brasil aleatoriamente, pois trata-se de um meio de solução de conflitos desnecessário. c) A morosidade não foi o que motivou a implantação da mediação; apenas a questão do custo judicial. d) O custo dos processos motivou a adoção da mediação, que não tinha como objetivo reestabelecer a comunicação entre os conflitantes. e) A mediação foi implantada por não ser um processo que visa a reestabelecer a comunicação. 2. A mediação ingressou no ordenamento jurídico brasileiro e está em pleno uso. Sobre a mediação no ordenamento jurídico, é correto afirmar que: a) é prevista apenas pela matriz de princípios constitucionais. b) não necessita de lei específica ou resolução para a sua implementação. c) foi prescrita no chamado marco legal da mediação, mas ainda falta a sua regulamentação pelo CNJ. d) é prevista apenas na Lei de Mediação e na Lei de Arbitragem. e) é prevista na Lei de Mediação, na Resolução do CNJ e no CPC de 2015. 3. A mediação, para ser versátil, é flexível em termos procedimentais. Entretanto, recomendam-se etapas para facilitar o processo de mediação, que são: 11Processo de mediação a) pré-mediação, abertura, investigação, agenda, imposição de opções, escolha de opções e solução. b) pré-mediação, abertura, investigação, agenda, criação de opções, escolha de opções e solução. c) pré-mediação, abertura, investigação, agenda, criação de opções, decisão pelo mediador e solução. d) pré-mediação, abertura, investigação, agenda e solução. e) abertura, investigação, agenda, criação de opções, escolha de opções e solução. 4. A confidencialidade é importante e deve ser ressaltada pelo mediador, já no início do procedimento de mediação, porque: a) as partes podem querer confessar algum crime de ação pública. b) a lei diz que sim, embora esse princípio seja um resquício do passado. c) dará liberdade para os conflitantes e gerará confiança entre todos. d) o mediador está obrigado à confidencialidade, os conflitantes não. e) apenas os conflitantesestão obrigados à confidencialidade, embora o mediador não esteja obrigado, conforme prescreve a Lei de Mediação. 5. Carmela e Vicente estão discutindo em razão da vaga de estacionamento do prédio em que residem. Por que a mediação é mais indicada? a) Porque se usa a mediação para a discussão sobre vagas de estacionamento. b) Porque o Poder Judiciário não poderia decidir sobre o assunto. c) Apenas porque o custo para solucionar o conflito é menor. d) A mediação não é o meio mais indicado, preferindo-se sempre o Judiciário. e) Porque os laços anteriores entre os vizinhos podem ser restabelecidos, além de o problema ser solucionado. BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2016. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº. 125, de 29 de novembro de 2010. Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Diário da Justiça do Conselho Nacional de Justiça, Brasília, DF, n. 219, 1º dez. 2010, p. 1-14. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579>. Acesso em: 26 mai. 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti- tuicao/constituicao.htm>. Acesso em: 3 ago. 2018. Processo de mediação12 http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti- BRASIL. Lei Federal nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de processo civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 mar. 2015b. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 25 jul. 2018. BRASIL. Lei Federal nº. 13.140, de 26 de junho de 2015. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 jun. 2015a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/ lei/l13140.htm>. Acesso em: 25 jul. 2018. CAPPELLETTI, M. Acesso à justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988. DIDIER JUNIOR, F. Curso de Direito Processual Civil: introdução ao Direito Processual Civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. v. 1. TARTUCE, F. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense, 2018. Leituras recomendadas SPENGLER, F. M. Mediação de conflitos: da teoria à prática. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017. WANBIER, T. A. A.; DIDIER JUNIOR, F.; TALAMINI, E. Breves comentários do Código De Processo Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. 13Processo de mediação http://www.planalto.gov/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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