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DIREITO_PENAL_ESPELHO_CORRECAO_S2


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Seção 2 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
 
 
DIREITO 
PENAL 
Seção 1 
DIREITO PENAL 
 
 2 
 
 
 
O principal ponto a ser ressaltado é qual peça deverá ser manejada ao início do processo para 
restituir a liberdade de alguém. In casu, a peça cabível é a revogação da prisão preventiva decretada 
anteriormente por ocasião da audiência de custódia, lembrando que, com o Pacote Anticrime e suas 
disposições legais que alteraram o Código de Processo Penal, toda a sistemática das prisões sofreu 
alterações relevantíssimas. 
Alerte-se que é indispensável que o juiz fundamente bem suas decisões, tendo em vista o 
mandamento constitucional do princípio da presunção de inocência, insculpido no art. 5º, LVII, CF, 
sendo salutar citar, ao início, pelo menos algum artigo da Constituição. 
Doravante, deve atentar-se para análise dos requisitos legais previstos no art. 312, CPP, de forma a 
analisar, exaustivamente, se foram preenchidos, uma vez que se trata de uma medida restritiva de 
liberdade, devendo ser estudada com bastante atenção pelo magistrado. Cumpre ressaltar que a 
genérica e corriqueira citação de que a garantia da ordem pública precisa ser resguardada não é 
suficiente, devendo ser explicitado o real motivo pelo qual se imporá uma medida restritiva de 
liberdade de tamanha importância. 
Nesse diapasão, é a visão jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça. Cita-se o pensamento 
daquele Augusto Tribunal: 
EMENTA 
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO 
PREVENTIVA. 
FUNDAMENTAÇÃO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. RISCO DE REITERAÇÃO 
DELITIVA. REINCIDÊNCIA. DECRETO DEVIDAMENTE MOTIVADO. MEDIDAS 
CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO. SUFICIÊNCIA. 
1. Preliminarmente, não há óbice ao conhecimento do writ, pois "a superveniência de 
sentença penal condenatória, na qual se nega o apelo em liberdade com os mesmos 
fundamentos utilizados anteriormente para justificar a prisão preventiva, sem agregar 
fatos novos, não conduz à prejudicialidade da ação constitucional de habeas corpus 
ou do recurso ordinário em habeas corpus dirigidos contra decisão antecedente de 
constrição cautelar" (AgRg no RHC n. 119.723/RO, relatora Ministra LAURITA VAZ, 
Sexta Turma, julgado em 16/6/2020, DJe 29/6/2020). 
2. A prisão preventiva revela-se cabível tão somente quando estiver concretamente 
comprovada a existência do periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de 
alguém ao cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da 
medida extrema, previstos na legislação processual penal. Nessa linha, esta Corte 
firmou orientação de ser indispensável, por ocasião da prolação da sentença 
condenatória, que o magistrado fundamente, com base em dados concretos 
Na prática! 
 
 3 
extraídos dos autos, a necessidade de manutenção ou imposição de segregação 
cautelar. 
3. No caso, verifica-se que a negativa de recurso em liberdade se deu com base na 
manutenção dos requisitos da custódia cautelar demonstrados quando da prolação 
do decreto prisional. Nesse cenário, observa-se que o periculum libertatis encontra-
se evidenciado por ter sido registrada a existência de risco de reiteração criminosa, 
uma vez que o agente, no momento da sua prisão em flagrante, seria reincidente, 
tendo a pena sido recentemente extinta pelo cumprimento. 
4. Todavia, verifica-se suficiente, para os fins acautelatórios pretendidos, a imposição 
de medidas outras que não a prisão, notadamente porque não se trata da apreensão 
de elevada quantidade de entorpecentes, mas, sim, de cerca de 50g (cinquenta 
gramas) de maconha, 0,2g (dois decigramas) de haxixe e 19g (dezenove gramas) de 
ecstasy. Outrossim, quanto à existência de risco de reiteração delitiva em relação ao 
agente, observa-se que seria configurado por outro processo criminal, já transitado 
em julgado, pela prática do delito previsto no art. 129, § 9º, do CP, cuja respectiva 
pena corporal consistiu em três meses de detenção, em regime aberto, já extinta pelo 
seu cumprimento. 
5. Assim, as particularidades do caso, sobretudo a quantidade de droga apreendida, 
demonstram a suficiência, a adequação e a proporcionalidade da fixação das 
medidas menos severas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, em 
observância à regra de progressividade das restrições pessoais disposta no art. 282, 
§§ 4º e 6º, do Código de Processo Penal, o qual determina que apenas em último 
caso será decretada a custódia preventiva, ou seja, quando não for cabível sua 
substituição por outra cautelar menos gravosa. 
6. Ordem parcialmente concedida para substituir a custódia preventiva do paciente 
por medidas cautelares diversas da prisão, as quais deverão ser fixadas pelo Juízo 
de primeiro grau. (HC 717072 / SP) 
 
Ainda no sentido de que a prisão preventiva deve ser fundamentada em elementos concretos nos 
autos, o mesmo Superior Tribunal de Justiça já entendeu que: 
EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. 
REQUISITOS. ESPECIAL GRAVIDADE DA CONDUTA. QUANTIDADE DE DROGA 
APREENDIDA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONDIÇÕES PESSOAIS 
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA, NO CASO. ALEGADA DESPROPORÇÃO ENTRE 
A PRISÃO CAUTELAR E A PENA ADVINDA DE EVENTUAL CONDENAÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO. AGRAVO DESPROVIDO. 
1. A prisão preventiva, para ser legítima à luz da sistemática constitucional, exige que 
o Magistrado, sempre mediante fundamentos concretos extraídos de elementos 
constantes dos autos (arts. 5.º, LXI, LXV e LXVI, e 93, inciso IX, da Constituição da 
República), demonstre a existência de prova da materialidade do crime e de indícios 
suficientes de autoria delitiva (fumus comissi delicti), bem como o preenchimento de 
ao menos um dos requisitos autorizativos previstos no art. 312 do Código de 
Processo Penal, no sentido de que o réu, solto, irá perturbar ou colocar em perigo 
(periculum libertatis) a ordem pública, a ordem econômica, a instrução criminal ou a 
aplicação da lei penal. 
 
 4 
2. Hipótese em que a necessidade da segregação cautelar do Acusado foi justificada 
no decreto prisional com base na gravidade concreta da conduta, evidenciada pela 
expressiva quantidade de droga apreendida, o que, nos termos da jurisprudência 
desta Corte, justifica a prisão provisória como forma de garantia da ordem pública. 
Precedentes. 
3. A existência de condições pessoais favoráveis não tem o condão de, por si só, 
desconstituir a custódia antecipada, caso estejam presentes um dos requisitos de 
ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretação da medida extrema, como 
ocorre, na espécie. 
4. Nessa fase processual, não há como prever a quantidade de pena que 
eventualmente poderá ser imposta, caso seja condenado o Agravante, menos ainda 
se iniciará o cumprimento da reprimenda em regime diverso do fechado, de modo 
que não se torna possível avaliar a arguida desproporção da prisão cautelar. 
5. Agravo desprovido. (AgRg no RHC 157460/SP) 
 
É importante atentar-se para as novas disposições impostas pelo Pacote Anticrime, devendo ser 
citado o artigo 316, CPP, em que se determina a revisão das prisões preventivas decretadas no 
período de 90 dias, sob pena de ela tornar-se ilegal, na forma transcrita a seguir: 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva 
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela 
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão 
revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante 
decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (BRASIL, 1941, 
[s. p.]). 
 
Inclusive, essa é a mais nova orientação dos Tribunais Superiores, servindo como bússula aos 
magistrados acerca da revisão dos fundamentos das prisões preventivas decretadas,nos termos 
seguintes: 
 EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. 
AGRAVANTE CONDENADO À PENA DE9 ANOS E 8 MESES DE RECLUSÃO. 
EXCESSO DE PRAZO PARA O JULGAMENTO DA APELAÇÃO. NÃO 
CONFIGURADO. RAZOABILIDADE. 
EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO. PRAZO NONAGESIMAL PARA REVISÃO DA 
NECESSIDADE DE SEGREGAÇÃO CAUTELAR. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 
INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A DESCONSTITUIR A 
DECISÃO IMPUGNADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
 
 5 
I - Quanto ao aventado excesso de prazo para o julgamento do recurso de apelação 
contra sentença condenatória prolatada, em 17/6/2019, tenho que, por ora, não está 
configurado o alegado excesso de prazo para a análise do referido recurso; eis que, 
no que tange à hipótese aventada, é preciso registrar que a jurisprudência deste 
Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a análise do excesso de prazo para 
o julgamento da apelação deve levar em consideração o quantum da pena aplicada 
pela sentença condenatória que, in casu, totalizou 9 (nove) anos e 8 (oito) meses de 
reclusão, no regime fechado. Logo, a espera por cerca de aproximadamente 1 (um) 
ano e 5 (cinco) meses, desde o envio do recurso à eg. Corte a quo, em 08/7/2020, 
não se me afigura desproporcional. 
II - No que toca à tese acerca da ocorrência de excesso de prazo na prisão, 
mormente, no ponto em que aduz que "o advento da Lei nº 13.964/19, em vigor desde 
23.01.2020, passou-se a exigir a revisão, a cada noventa dias, da necessidade de 
manutenção de prisão preventiva decretada, sob pena de tornar a prisão ilegal, nos 
exatos termos do art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal", verifico 
que a quaestio não comporta conhecimento, haja vista que não foi apreciada pelo eg. 
Tribunal de origem, o que impede a manifestação desta Corte Superior, sob pena de 
indevida supressão de instância. 
III - É assente nesta Corte Superior que o agravo regimental deve trazer novos 
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de 
ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos. Precedentes. 
Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 706626/PE) 
 
Ainda, deve ser demonstrado o princípio da eventualidade, bem como a ideia de ser a prisão a ultima 
ratio, devendo apontar para a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, com fundamento 
no artigo 319, CPP, nesses termos: 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, 
para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer 
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;IV - 
proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou 
necessária para a investigação ou instrução; 
 
 6 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica 
ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações 
penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com 
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos 
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência 
injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. (BRASIL, 1941, [s. p.]). 
 
Como se trata de peça envolvendo a Lei nº 11.343/06, cumpre ressaltar que o aluno deverá explicitar 
os artigos pertinentes envolvendo prazo de conclusão de inquérito policial para réu preso, bem como 
a necessidade de existência de dois laudos periciais para a satisfação do devido processo legal, na 
forma dos artigos 50 a 52. 
Quanto ao prazo, inexiste qualquer orientação, uma vez que, quando se trata de liberdade, não há 
prazo para pedir que ela seja prontamente restabelecida. 
Quanto à competência, tendo em vista que o fato ocorreu na comarca de São Paulo/SP, será 
endereçada a peça ao juiz dessa jurisdição, que foi quem determinou a prisão preventiva por ocasião 
da audiência de custódia. 
Após demonstrar a fundamentação constitucional e legal da peça consubstanciada na revogação da 
prisão preventiva, o aluno deverá pedir a liberdade do acusado com expedição de alvará de soltura, 
apontando o flagrante descumprimento ao artigo 316, CPP, cujo período de revisão de 90 dias não 
fora atendido, aos fundamentos do artigo 312, CPP, bem como ao desatendimento do que consta 
dos artigos 50 a 52 da Lei nº 11.343/06. Por fim, com base no princípio da eventualidade, requerer a 
aplicação subsidiária das medidas cautelares do artigo 319, CPP. 
Colocar local, data, assinatura e OAB na peça, mas tomando muito cuidado para não inventar dados, 
já que isso identificaria a questão e desclassificaria o candidato do certame. 
 
 
EXMO SR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP 
Questão de ordem! 
 
 7 
Fulano de tal, já qualificado nos autos, vem por meio de seu advogado (procuração anexa), 
apresentar REVOGAÇAO DE PRISÃO PREVENTIVA, com fundamento no 316 do Código de 
Processo Penal, pelos seguintes fatos e fundamentos: 
 
 
 
 
DOS FATOS 
 
Conforme ocorrência policial já inserida nos autos, o acusado foi flagrado dentro de sua residência 
com vários comprimidos de ecstasy. Também chamado de droga do amor, o ecstasy é uma droga 
psicoativa, conhecida quimicamente como 3,4-metilenodioximetanfetamina e abreviada por MDMA. 
Os policiais civis que estavam fazendo a investigação, lastreada em denúncia anônima, entraram em 
sua residência sem mandado judicial, valendo-se do conceito de que o crime é classificado como 
permanente, podendo o flagrante ser dado a qualquer momento e sem autorização judicial. Ademais, 
ingressaram na residência sem qualquer consentimento do morador. 
Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado para a audiência de custódia que fora 
realizada um mês depois do fato. O fato se deu na comarca de São Paulo/SP. 
Foi requerido o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma 
legal, uma vez que se descumpriu o art. 310, caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua 
realização, bem como não estavam presentes os requisitos da prisão preventiva, forte, ainda, que a 
investigação foi lastreada em denúncia anônima e o flagrante foi feito sem observar os balizamentos 
jurisprudenciais de consentimento do morador. 
Todavia, o magistrado entendeu por bem decretar a prisão preventiva, afirmando que o prazo de 24 
horas é considerado impróprio e não merece ser seguido à risca, além disso corroborou as 
declarações do Ministério Público de que o acusado é rico e isso pode ensejar a prisão com base na 
garantia da ordem pública, bem como ele poderia fugir do país e ameaçar testemunhas, em razão 
da sua excelente condição financeira. 
Por fim, o magistrado entendeu que por tratar-se de crime permanente, o flagrante poderia ser dado 
a qualquer tempo, independentemente de autorização judicial, bem como que a inexistência de 
consentimento do morador para o ingresso em sua residência constitui mera irregularidade. 
 
 8 
 
Dessa forma, o réu foi preso preventivamente na cidade de São Paulo/SP, enviando-se os autos 
para o Delegado de Polícia responsável, tendo sido o feito distribuído para o juiz da 1ª Vara Criminal 
da Capital. 
Cumpre ressaltar que até o presente momento não houve indiciamento, já se ultimando90 dias de 
investigação, ultrapassando-se o prazo previsto no artigo 51 da Lei nº 11.343/06. 
Além disso, a autoridade policial não requereu a realização do laudo definitivo e nem procedeu à 
oitiva de testemunhas, inexistindo, assim, sequer um indiciamento do acusado. 
Assim, vem requerer a liberdade do acusado, de acordo com os fundamentos a seguir expostos. 
 
DOS FUNDAMENTOS 
DA INEXISTENCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312, CPP 
 
Inicialmente, deve ser alertado o mandamento constitucional de que ninguém deve ser considerado 
culpado, senão depois do trânsito em julgado de uma sentença condenatória, com base no artigo 5º, 
LVII, CF. 
Além disso, destaca-se que o artigo 312, CPP deveria ter sido preenchido de forma exaustiva, o que 
nem de longe ocorrera no presente feito. 
Ora, a prisão preventiva deve ser decretada quando houver a existência de periculum libertatis e 
fumus comissi delicti, como bem preleciona o Professor Avena, in verbis: 
 
Como qualquer medida cautelar, a preventiva pressupõe a existência de periculum 
in mora (ou periculum libertatis) e fumus boni iuris (ou fumus comissi delicti), o 
primeiro significando o risco de que a liberdade do agente venha a causar prejuízo à 
segurança social, à eficácia das investigações policiais/apuração criminal e à 
execução de eventual sentença condenatória, e o segundo, consubstanciado na 
possibilidade de que tenha ele praticado uma infração penal, em face dos indícios de 
autoria e da prova da existência do crime verificados no caso concreto. (AVENA, 
2020, p. 1054) 
Por sua vez, o art. 312 do CPP demonstra os requisitos indispensáveis para a realização da prisão 
preventiva, verbis: 
 
 9 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
(BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
Assim, antes de analisar os requisitos necessários à decretação da prisão preventiva, o juiz deverá 
ter certeza da existência do crime e indícios suficientes de autoria, pressupostos fundamentais para 
a sua imposição. No escólio de Nestor Távora e Osmar Rodrigues: 
 
Temos a necessidade de comprovação inconteste da ocorrência do delito, seja por 
exame pericial, testemunhas, documentos, interceptação telefônica autorizada 
judicialmente ou quaisquer outros elementos idôneos, impedindo-se a segregação 
cautelar quando houver dúvida quanto à existência do crime. Quanto a autoria, são 
necessários apenas indícios aptos a vincular o indivíduo à prática da infração. Não 
se exige a concepção de certeza, necessária para uma condenação. A lei se 
conforma com o lastro superficial mínimo vinculando o agente ao delito. (TÁVORA; 
ALENCAR, 2019, p. 980) 
 
O Código de Processo Penal estabelece no art. 312 os pontos necessários para fundamentação da 
prisão preventiva, pois, além de ser necessária a prova da existência do crime e indícios suficientes 
de autoria, a decretação deverá motivar-se em um dos seus requisitos, sob pena de ilegalidade da 
prisão. 
O primeiro requisito consiste na garantia da ordem pública. A doutrina majoritária critica esse 
requisito autorizador da medida cautelar, pois o conceito de tal expressão é bastante amplo. Para 
alguns doutrinadores, como Leonardo Barreto: 
[...] violam a ordem pública: aqueles que afetam a credibilidade do judiciário; os que 
contam com a divulgação pela mídia (não confundir com sensacionalismo, clamor 
público); os crimes cometidos com violência ou grave ameaça ou com outra forma de 
execução cruel; se o agente delitivo possui longa ficha de antecedentes etc. (ALVES, 
2019, p. 117) 
Nessa linha de pensamento, o Superior Tribunal de Justiça entende que a prisão preventiva 
decretada para garantir a ordem pública não pode basear-se em dados abstratos, como, a título de 
exemplificação, estar o indivíduo submetido a processo criminal ou já ter sido condenado por outro 
crime, bem como o fato de a capacidade econômica dele ser elevada e isso, por si só, já configurar 
elemento suficiente para consubstanciar-se na chamada na garantia da ordem pública. 
No caso concreto deve ser demonstrado exaustivamente que a liberdade do indivíduo coloca a ordem 
pública em perigo, por ser uma exceção tal prisão, não pode basear-se em fatos abstratos. Nesses 
termos, é o pensamento do Superior Tribunal de Justiça: 
 
 10 
 
 
 EMENTA 
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO 
PREVENTIVA. 
FUNDAMENTAÇÃO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. RISCO DE REITERAÇÃO 
DELITIVA. REINCIDÊNCIA. DECRETO DEVIDAMENTE MOTIVADO. MEDIDAS 
CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO. SUFICIÊNCIA. 
1. Preliminarmente, não há óbice ao conhecimento do writ, pois "a superveniência de 
sentença penal condenatória, na qual se nega o apelo em liberdade com os mesmos 
fundamentos utilizados anteriormente para justificar a prisão preventiva, sem agregar 
fatos novos, não conduz à prejudicialidade da ação constitucional de habeas corpus 
ou do recurso ordinário em habeas corpus dirigidos contra decisão antecedente de 
constrição cautelar" (AgRg no RHC n. 119.723/RO, relatora Ministra LAURITA VAZ, 
Sexta Turma, julgado em 16/6/2020, DJe 29/6/2020). 
2. A prisão preventiva revela-se cabível tão somente quando estiver concretamente 
comprovada a existência do periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de 
alguém ao cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da 
medida extrema, previstos na legislação processual penal. Nessa linha, esta Corte 
firmou orientação de ser indispensável, por ocasião da prolação da sentença 
condenatória, que o magistrado fundamente, com base em dados concretos 
extraídos dos autos, a necessidade de manutenção ou imposição de segregação 
cautelar. 
3. No caso, verifica-se que a negativa de recurso em liberdade se deu com base na 
manutenção dos requisitos da custódia cautelar demonstrados quando da prolação 
do decreto prisional. Nesse cenário, observa-se que o periculum libertatis encontra-
se evidenciado por ter sido registrada a existência de risco de reiteração criminosa, 
uma vez que o agente, no momento da sua prisão em flagrante, seria reincidente, 
tendo a pena sido recentemente extinta pelo cumprimento. 
4. Todavia, verifica-se suficiente, para os fins acautelatórios pretendidos, a imposição 
de medidas outras que não a prisão, notadamente porque não se trata da apreensão 
de elevada quantidade de entorpecentes, mas, sim, de cerca de 50g (cinquenta 
gramas) de maconha, 0,2g (dois decigramas) de haxixe e 19g (dezenove gramas) de 
ecstasy. Outrossim, quanto à existência de risco de reiteração delitiva em relação ao 
agente, observa-se que seria configurado por outro processo criminal, já transitado 
em julgado, pela prática do delito previsto no art. 129, § 9º, do CP, cuja respectiva 
pena corporal consistiu em três meses de detenção, em regime aberto, já extinta pelo 
seu cumprimento. 
5. Assim, as particularidades do caso, sobretudo a quantidade de droga apreendida, 
demonstram a suficiência, a adequação e a proporcionalidade da fixação das 
medidas menos severas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, em 
observância à regra de progressividade das restrições pessoais disposta no art. 282, 
§§ 4º e 6º, do Código de Processo Penal, o qual determina que apenas em último 
caso será decretada a custódia preventiva, ou seja, quando não for cabível sua 
substituição por outra cautelar menos gravosa. 
6. Ordem parcialmente concedida para substituir a custódia preventiva do paciente 
por medidas cautelares diversas da prisão, as quais deverão ser fixadas pelo Juízo 
de primeiro grau. (HC 717072 / SP) 
 
 
 11 
O segundo requisito consiste na garantia da ordem econômica. In casu, deve ficar comprovado que 
a liberdade do acusado possa gerar um grave abalo à ordem econômica.Todavia, essa forma de 
prisão cautelar é totalmente genérica e de difícil constatação no caso concreto, muito em razão de 
ser bem parecida com a garantia da ordem pública. 
A título de exemplo, citam-se os crimes de sonegação fiscal com cifras exponenciais, lavagem de 
capitais praticada por meio de uma avançada engenharia econômica de forma a ocultar valores 
estratosféricos desviados de empresas públicas ou graves fraudes em licitações públicas que 
possam comprometer toda a estabilidade social local. 
No sentido da inocuidade do requisito, Nestor Távora e Osmar Rodrigues prelecionam: “[...] afinal, 
havendo temor da prática de novas infrações, afetando ou não a ordem econômica, já haveria o 
enquadramento na expressão maior, que é a garantia da ordem pública” (TÁVORA; ALENCAR, 2019, 
p. 984). 
O terceiro requisito consiste na garantia da instrução criminal. Nesse caso, a lei prevê a possibilidade 
de prisão preventiva de alguém que esteja colocando em xeque a produção probatória, ameaçando 
testemunhas ou destruindo provas. Cumpre ressaltar que tais fatos devem estar exaustivamente 
apontados concretamente nos autos. 
Além disso, a prisão pode ser decretada para garantia da aplicação da lei penal. In casu, a 
possibilidade de prisão preventiva diz respeito àquela situação em que o agente evade e reste difícil 
o cumprimento da penalidade a ele imposta no final do processo. 
Lado outro, a jurisprudência e a doutrina majoritárias entendem que o simples fato de o agente 
possuir condição financeira abastada não é suficiente para presumir que ele irá fugir, ou seja, não 
pode isoladamente ser fundamento necessário para a decretação de sua prisão preventiva. Como é 
cediço, é necessário que se comprove fatos concretos que demonstrem a impossibilidade de 
aplicação da lei penal, por exemplo, fretamento de algum avião para sair do país. Por todos, segue 
pensamento pretoriano: 
 
 EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. 
REQUISITOS. ESPECIAL GRAVIDADE DA CONDUTA. QUANTIDADE DE DROGA 
APREENDIDA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONDIÇÕES PESSOAIS 
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA, NO CASO. ALEGADA DESPROPORÇÃO ENTRE 
A PRISÃO CAUTELAR E A PENA ADVINDA DE EVENTUAL CONDENAÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO. AGRAVO DESPROVIDO. 
1. A prisão preventiva, para ser legítima à luz da sistemática constitucional, exige que 
o Magistrado, sempre mediante fundamentos concretos extraídos de elementos 
constantes dos autos (arts. 5.º, LXI, LXV e LXVI, e 93, inciso IX, da Constituição da 
República), demonstre a existência de prova da materialidade do crime e de indícios 
suficientes de autoria delitiva (fumus comissi delicti), bem como o preenchimento de 
ao menos um dos requisitos autorizativos previstos no art. 312 do Código de 
Processo Penal, no sentido de que o réu, solto, irá perturbar ou colocar em perigo 
(periculum libertatis) a ordem pública, a ordem econômica, a instrução criminal ou a 
aplicação da lei penal. 
2. Hipótese em que a necessidade da segregação cautelar do Acusado foi justificada 
no decreto prisional com base na gravidade concreta da conduta, evidenciada pela 
expressiva quantidade de droga apreendida, o que, nos termos da jurisprudência 
 
 12 
desta Corte, justifica a prisão provisória como forma de garantia da ordem pública. 
Precedentes. 
3. A existência de condições pessoais favoráveis não tem o condão de, por si só, 
desconstituir a custódia antecipada, caso estejam presentes um dos requisitos de 
ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretação da medida extrema, como 
ocorre, na espécie. 
4. Nessa fase processual, não há como prever a quantidade de pena que 
eventualmente poderá ser imposta, caso seja condenado o Agravante, menos ainda 
se iniciará o cumprimento da reprimenda em regime diverso do fechado, de modo 
que não se torna possível avaliar a arguida desproporção da prisão cautelar. 
5. Agravo desprovido. (AgRg no RHC 157460/SP) 
 
Assim, meras conjecturas de que o acusado é rico e irá fugir ou enquadrar-se em um dos requisitos 
do artigo 312, CPP são insuficientes para a imposição dessa medida cautelar. 
 
DO DESCUMPRIMENTO DO MANDAMENTO LEGAL PREVISTO NO 
ART. 316, CPP 
 
De acordo com o artigo 316, CPP, assim transcrito: 
 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva 
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela 
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão 
revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante 
decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (BRASIL, 1941, 
[s. p.]) 
 
No caso em tela, o magistrado que decretou a prisão preventiva ainda não se manifestou, mesmo 
após o período de 90 dias, acerca da necessidade ou não de manutenção da prisão preventiva, 
sendo que até a presente data inexiste decisão nesse sentido. 
Ora, o Pacote Anticrime, com a novel disposição legal, veio com o intuito de impedir as famigeradas 
prisões sem prazo determinado, em que o acusado era esquecido nas masmorras estatais e 
entregue a sua própria sorte. 
Assim, torna-se obrigatório ao magistrado rever se os fundamentos da prisão preventiva ainda 
persistem, o que não é o caso do presente processo, conforme exaustivamente demonstrado no item 
anterior. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 13 
Corroborando a tese aqui exposta, tem-se decisão do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: 
 
 EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. 
AGRAVANTE CONDENADO À PENA DE9 ANOS E 8 MESES DE RECLUSÃO. 
EXCESSO DE PRAZO PARA O JULGAMENTO DA APELAÇÃO. NÃO 
CONFIGURADO. RAZOABILIDADE. 
EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO. PRAZO NONAGESIMAL PARA REVISÃO DA 
NECESSIDADE DE SEGREGAÇÃO CAUTELAR. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 
INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A DESCONSTITUIR A 
DECISÃO IMPUGNADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
I - Quanto ao aventado excesso de prazo para o julgamento do recurso de apelação 
contra sentença condenatória prolatada, em 17/6/2019, tenho que, por ora, não está 
configurado o alegado excesso de prazo para a análise do referido recurso; eis que, 
no que tange à hipótese aventada, é preciso registrar que a jurisprudência deste 
Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a análise do excesso de prazo para 
o julgamento da apelação deve levar em consideração o quantum da pena aplicada 
pela sentença condenatória que, in casu, totalizou 9 (nove) anos e 8 (oito) meses de 
reclusão, no regime fechado. Logo, a espera por cerca de aproximadamente 1 (um) 
ano e 5 (cinco) meses, desde o envio do recurso à eg. Corte a quo, em 08/7/2020, 
não se me afigura desproporcional. 
II - No que toca à tese acerca da ocorrência de excesso de prazo na prisão, 
mormente, no ponto em que aduz que "o advento da Lei nº 13.964/19, em vigor desde 
23.01.2020, passou-se a exigir a revisão, a cada noventa dias, da necessidade de 
manutenção de prisão preventiva decretada, sob pena de tornar a prisão ilegal, nos 
exatos termos do art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal" , verifico 
que a quaestio não comporta conhecimento, haja vista que não foi apreciada pelo eg. 
Tribunal de origem, o que impede a manifestação desta Corte Superior, sob pena de 
indevida supressão de instância. 
III - É assente nesta Corte Superior que o agravo regimental deve trazer novos 
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de 
ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos. Precedentes. 
Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 706626 / PE) 
 
Com essas considerações, torna-se de relevante justiça que seja o acusado colocado em liberdade 
de forma imediata, a uma, por inexistir a presençado art. 312, CPP, a duas, por descumprimento 
flagrante do prazo de revisão de 90 dias que já fora superado. 
 
DA APLICACAO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA 
PRISAO- ART. 319, CPP 
 
 
 14 
Caso não se entenda que seria justa a restituição integral da liberdade do acusado, pugna sejam 
aplicadas medidas cautelares diversas da prisão, na forma do artigo 319, CPP, nestes termos: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, 
para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer 
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente 
ou necessária para a investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica 
ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações 
penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com 
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos 
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência 
injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. (BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
Portanto, antes de decretar a prisão preventiva, o Magistrado deverá analisar a possibilidade de 
decretação de medida cautelar diversa da prisão, isolada ou conjuntamente, desde que adequada 
ao caso concreto, devendo determinar o encarceramento do agente apenas se as demais cautelares 
se mostrarem insuficientes. 
 
DO DESCUMPRIMENTO DAS DISPOSIÇOES PREVISTAS NOS 
ARTIGOS 50 E SEGUINTES DA LEI N. 11.343/06 
 
Deve ser ressaltado como inobservância do princípio do devido processo legal que não se cumpriram 
as disposições previstas na lei própria de regência. 
Ora, o prazo legal para o encerramento de um inquérito policial estando o réu preso é de 30 dias, o 
que já fora ultrapassado e permite a ideia de excesso de prazo, devendo a liberdade ser restituída 
 
 15 
de forma imediata. Além disso, não houve qualquer indiciamento até o presente momento e o 
acusado segue preso sem previsão de encerramento das investigações. 
Não obstante, por motivo de já deixar a matéria prequestionada, inexistem os laudos periciais 
pertinentes para o correto processamento de alguém nos moldes da Lei nº 11.343/06, sendo caso 
patente de ausência de materialidade. 
De forma a explicitar a matéria tratada nesse tópico, traz-se ao conhecimento de Vossa Excelência 
a redação legal, com o fito de facilitar a compreensão, in verbis: 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto 
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) 
horas. 
 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade 
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
 
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará 
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. 
 
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição 
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente 
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade 
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas 
referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, 
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 
2014) 
 
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em 
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da 
data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. 
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014). (BRASIL, 2006, [s. p.]) 
 
 
 16 
Destarte, houve flagrante descumprimento daquilo que consta da legislação específica e pertinente 
da matéria. 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, respeitosamente, requer a revogação da prisão preventiva, haja vista que: 
a) Não foram preenchidos, de forma concreta, os requisitos do art. 312, CPP, pois não se demonstrou 
com elementos hábeis a presença da garantia da ordem pública ou qualquer outro elemento 
autorizador. 
b) Não se cumpriu o mandamento legal do art. 316 do CPP, inexistindo razão para o seu 
descumprimento, uma vez que trata de imposição legislativa, bem como não se atenderam aos 
dispositivos legais previstos na Lei nº 11.343/06, artigos 50 e seguintes. 
c) Requer, caso não seja revogada a prisão preventiva, pelo princípio da eventualidade, a aplicação 
das medidas cautelares diversas da prisão, conforme prudente arbítrio de Vossa Excelência, na 
forma do art. 319, CPP. 
c) Requer, ainda, a imediata expedição de alvará́ de soltura em nome do acusado, para que ele 
possa, em liberdade, defender-se no curso da ação penal, comprometendo-se a comparecer a todos 
os atos processuais. 
d) Por fim, seja ouvido o ilustre representante do Ministério Público. 
 
Nesses termos, pede-se deferimento 
 
São Paulo, 
Assinatura 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
 
Referências 
AVENA, N. Processo Penal. São Paulo: Grupo GEN, 2020, p. 1054. [Minha Biblioteca]. 
BRASIL. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1941. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 3 jun. 2022. 
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, 
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para 
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá 
outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2006 Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 4 jun. 
2022.